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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
QUAL A INFLUÊNCIA QUE O COORDENADOR PEDAGÓGICO TEM ENQUANTO AGENTE ARTICULADOR NO CURSO DE FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
Por: Fernanda Christina da Silva de Azevedo Moreira
Orientador
Prof. Edla Trocoli
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
QUAL A INFLUÊNCIA QUE O COORDENADOR PEDAGÓGICO TEM ENQUANTO AGENTE ARTICULADOR NO CURSO DE FORMAÇÃO
PROFESSORES
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em orientação educacional e coordenação pedagógica.
Por: Fernanda Christina da Silva de Azevedo Moreira.
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AGRADECIMENTOS
Quero agradecer a Deus. E, aos meus pais, a minha
família e amigos pelo incentivo de fazer o Curso de pós-
graduação. A minha orientadora Edla Trocoli e aos
professores do Curso.
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DEDICATÓRIA
Dedico esta pesquisa a minha família, a todos os
amigos e a minha orientadora que me auxiliou na
pesquisa.
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RESUMO
Esta pesquisa explora questões que têm como eixo a historicidade do processo de feminização do magistério no sistema de ensino primário, atual primeiro segmento do Ensino Fundamental, no Brasil, sendo analisado como o trabalho docente foi, progressivamente, passando de masculino a feminino, entre os séculos XIX e XX. A investigação se ateve ao contexto do estabelecimento da legislação que afirmou o processo de feminização do magistério primário na década de 1940. Questões relacionadas à identidade profissional do “ser professora” e pretende contribuir na análise de questões presentes, contradições, conflitos e possíveis transformações. E, também como o coordenador pedagógico atua nos curso de formação de professores. Palavras-Chave: Magistério – Gênero – Legislação – Coordenador pedagógico.
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METODOLOGIA
Para a compreensão do trabalho docente é de extrema importância
perceber como a profissão, ao longo do tempo, tornou-se um trabalho feminino.
Para isto, tem-se que lançar o olhar no passado, buscando na história da
educação brasileira pistas e vestígios que possibilitarão entender este fenômeno.
Este trabalho foi realizado a partir de estudos bibliográficos, sobre alguns
aspectos da função do professor e do coordenador pedagógico, buscando
compreender sua organização, funções e contribuições do coordenador para com
o professor no processo ensino-aprendizagem. O trabalho educacional necessita
de um esforço compartilhado, que é feito em conjunto. Através da participação
coletiva e integrada de educadores e de todos os segmentos das unidades de
trabalho.
Na escola, o coordenador pedagógico é um dos profissionais que faz parte
da equipe da gestão escolar. E, faz parte dessa equipe: o diretor escolar,
supervisor e orientador. O coordenador pedagógico faz um trabalho diretamente
com os professores, auxiliando-os em seu desenvolvimento pessoal, em conjunto
com os professores, ajudando-os a melhorar no processo ensino-aprendizagem e
nas relações entre aluno e professor. Na instituição escolar, o coordenador está
envolvido na organização e realização da proposta pedagógica, orientando,
ouvindo e dialogando com os professores.
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SUMÁRIO
Introdução...........................................................................................................................08
CAPÍTULO I- Trajetória de Feminização do Magistério......................................................10
CAPÍTULO II- A Formação de Professores na Corte Brasileira e o Início da Feminização
do Magistério Primário........................................................................................................18
CAPÍTULO III- Lei Orgânica do Ensino Normal.................................................................24
CAPÍTULO IV- O Coordenador Pedagógico Também é Visto como um Educador..........31
Conclusão...........................................................................................................................40
Referências Bibliográficas..................................................................................................43
Webgrafia...........................................................................................................................45
Índice..................................................................................................................................46
Folha de avaliação.............................................................................................................47
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Introdução
Este trabalho está dividido em quatro capítulos: O primeiro capítulo
descreve a trajetória da feminização do magistério, a partir do século XIX, o lugar
das mulheres brasileiras na sociedade; a criação da lei que regulamentava a
criação do ensino público gratuito; o tipo de mulheres que frequentavam a escola;
inicialmente o magistério primário era visto como uma profissão para homens; e o
estabelecimento da educação mista para as mulheres no ano de 1879.
No segundo capítulo a formação de professores na Corte Brasileira é o
assunto em questão, tendo como destaque o início da feminização do magistério
primário. A frequência de meninos era maior do que a das meninas, o incentivo à
frequência das mulheres às escolas normais partiu do ideário das políticas
públicas, com o objetivo de uma missão civilizatória e patriótica. E o surgimento da
sociedade republicana, as mulheres viam o magistério como uma oportunidade de
alcançar um lugar no espaço público.
O terceiro capítulo destaca a criação da Lei Orgânica para o Ensino Normal,
na década de 40, descreve como a educação profissional técnica de nível médio
foi integrada ao ensino médio. Podendo-se destacar que após a Reforma
Capanema, a educação brasileira ficou dividida em dois níveis: educação básica e
educação superior. O Instituto de Educação como lugar de formação de
professores; destacando-se o seu regimento interno, em que somente o sexo
feminino poderia estudar. O contexto da possibilidade de aproximação entre o
curso secundário (científico e clássico) e os cursos profissionalizantes de nível
médio e da legalização da feminização.
E, no quarto capítulo descreve as funções do coordenador pedagógico na
aprendizagem, sua dinâmica na relação com professores e demais membros
escolares; e relata a relação interpessoal na influência da aprendizagem dos
alunos.
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É o coordenador pedagógico, que tem que ir além do conhecimento
teórico, pois para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é
necessário percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos
e professores, tendo que se manter sempre atualizado, buscando fontes de
informações e refletindo sobre sua prática como nos fala Nóvoa (1992: 36) “a
experiência não é nem formadora nem produtora. É a reflexão sobre a experiência
que pode provocar a produção do saber e a formação”. Com esse pensamento
ainda é necessário destacar que o trabalho deve acontecer com a colaboração de
todos, assim, o coordenador pedagógico deve estar preparado para mudanças e
sempre pronto para motivar a sua equipe.
A atribuição essencial do coordenador pedagógico está associada ao
processo de formação em serviço dos professores.
Este estudo teve como problema a seguinte questão: A articulação que o
coordenador pedagógico desenvolve na escola, como contribui para o processo
de formação de professores.
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CAPÍTULO I
Trajetória de feminização do magistério
A fim de compreender o lugar da mulher no magistério em geral e primário,
em particular, o ponto de partida foi situar o lugar da mulher na sociedade
brasileira a partir do século XIX quando foram criadas as primeiras Escolas
Normais, sem desconhecer a existência da educação feminina no período colonial.
1.1 – O lugar das mulheres na sociedade brasileira Até o século XIX, o Brasil era um país tipicamente agrário cuja organização
social era dividida, basicamente, em duas classes sociais: senhores e escravos.
Nesta sociedade, as mulheres eram excluídas de qualquer ligação com a esfera
pública. A colonização portuguesa impusera suas leis e costumes, no território
brasileiro. Em relação à religião, a católica era imposta com a força da coroa e das
armas. No campo da educação se destaca a ação dos padres jesuítas, que
tiveram a função de trazer para a colônia os valores dessa ideologia religiosa
através da catequese. Por outro lado, a cultura indígena, foi praticamente
destruída. A velha mentalidade patriarcal da Metrópole reproduziu-se no Brasil.
Uma estrutura de poder pautada nos modelos medievais, que estavam em
decadência na Europa, submetia as mulheres das diferentes classes sociais a
uma perpétua tutela masculina: do pátrio poder à proteção do marido.
Durante o século XIX, necessidades econômicas, políticas e sociais deram
início a um processo de urbanização em várias regiões brasileiras. Com a
instalação da Corte portuguesa no Rio de Janeiro, em 1808, e a abertura dos
portos, que foi realizada pelo príncipe regente D. João, alguns fatores importantes
para a urbanização da cidade, na medida em que proprietários de terras de todas
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as capitanias, em especial, do Rio de Janeiro, no desejo de estar perto da família
real, buscavam residência na cidade do Rio de Janeiro, resultando em uma maior
mobilidade entre o campo e a cidade. E, nas cidades, as famílias, embora
mantivessem o poder de seu chefe, que era algo inquestionável, quebravam seu
isolamento.
O universo sócio cultural das famílias da classe dominante se expandiu e
juntamente houve um maior espaço de mobilização de suas mulheres. E, as
mulheres que pertenciam às classes populares ganhavam o espaço público como
trabalhadoras no comércio e nos serviços. (DIAS, 1984)
Neste período o Brasil viu surgir, também, em função do desenvolvimento
da vida urbana, uma estratificação social mais complexa. A presença de uma
camada intermediária tornou-se cada vez mais visível. Sua participação na vida
social passou a ser ativa, não tanto pelas atividades produtivas ligadas à
mineração, artesanato, o pequeno comércio, a burocracia, sobretudo, como
esclarece Sodré, pelo envolvimento político. (SODRÉ, 1970) Esse processo de
urbanização permitiu, também, a penetração de diferentes credos e ideologias
filosóficas oriundas do continente europeu, onde a industrialização se expandia a
largos passos. O pensamento escolástico, originário de Portugal e até aquele
momento hegemônico no Brasil, passava a sofrer oposição.
O positivismo integrava os ideais republicanos e passava a ter grande
influência no Brasil. Em sua idealização do papel da família, os fervorosos
representantes dos princípios doutrinários de Comte faziam coro da ideologia
vitoriana em franca expansão na Europa, dando destaque ao papel da mulher. De
acordo com esses princípios ideológicos, as mulheres, pela sua sensibilidade e
pela superioridade de suas virtudes morais e espirituais, deveriam responsabilizar-
se pelo bem estar físico, moral e espiritual de suas famílias e de sua pátria.
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Essa missão civilizatória que foi atribuída às mulheres, fez com que
aumentasse o debate sobre a educação nacional e, em particular, das meninas,
que praticamente não existia, e o papel das mulheres como condutoras morais da
ordem social.
Novos meios de transporte e comunicação se desenvolveram com a
Revolução Industrial, o que fez com que diminuísse as distâncias entre o Brasil e
os outros continentes. Quando a industrialização dos meios de produção se
encontrava sedimentada e em expansão em várias regiões da Europa, na
segunda metade do século XIX, a força de trabalho feminino não se fazia mais tão
necessária aos donos do capital. Era necessário encontrar mecanismos sociais
que restabelecessem os velhos valores da ideologia patriarcal fragilizados pelos
interesses da produção e do lucro.
Um ideal cristão de feminilidade foi instituído, embora diferenciado para as
mulheres das diferentes classes sociais, como indica Purvis. O trabalho
filantrópico tornava-se assim uma forma legítima de atividade feminina,
caracterizado como um trabalho não pago, de caráter moral e religioso, que
proporcionava a oportunidade das mulheres de classe média se movimentarem na
esfera pública. Enquanto isso, num movimento inverso, as mulheres das classes
trabalhadoras sofriam uma retração na participação no mercado de trabalho
assalariado, quer nas indústrias, quer no campo. Aparentemente contraditórias,
essas duas ações - uma no plano ideológico e moral, outra no plano econômico e
social - eram na verdade convergentes. (PURVIS, 1991)
De acordo com os representantes do poder oficial, o lar era considerado o
local de maior influência da mulher. Porém a mulher não deveria ficar restrita
somente a esse espaço; elas deveriam ter um efetivo papel na sociedade, como
por exemplo, cuidando da saúde física e moral da nação.
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Nos países europeus foram fortes os motivos ideológicos e econômicos
que recorriam para o trabalho obrigatório de caridade das mulheres: como o
avanço da Revolução Industrial, a transformação do modelo econômico mundial, a
expansão do mercado capitalista, o movimento anti-escravista, a presença de uma
forte crise social e a necessidade de expansão de sistemas nacionais de
educação. Apelos constantes começaram a ser feitos às mulheres, com destaque
para os seus diferentes papéis familiares como filhas, irmãs, esposas e mães,
destacando-se suas responsabilidades para com o bem estar de suas famílias e
de sua pátria.
1.2- As relações de gênero na construção do sistema de ensino público.
No Brasil, no ano de 1827, foi sancionada a primeira lei que regulamentava
a criação do ensino público e gratuito. O ato adicional à Constituição do Império de
1834 encaminhava a descentralização do sistema de instrução pública. Para as
províncias foi transmitido o direito de regulamentar e promover a educação pública
primária e secundária em seus territórios, até então sob a responsabilidade do
governo central. Devido às suas condições históricas, o sistema de educação
pública no Brasil surgiu debaixo de circunstâncias bastante desfavoráveis. Como
por exemplo, o número de escolas era menor que o número de habitantes
escolarizáveis, estando longe de satisfazer as necessidades de uma população
dispersa numa grande extensão territorial. O Estado não assumia as garantias
mínimas que pudessem favorecer o ensino para o povo. Não havia nenhum
incentivo para investir em relação a capacitação de professores, prédios e
materiais escolares, também aos métodos pedagógicos e currículo. Vale lembrar
que a alfabetização não era pré-requisito para o exercício do direito de voto, de
acordo com as duas primeiras Constituições brasileiras (1824, 1891), exclusivo
dos homens. Nesse sentido, a educação não era tratada como uma necessidade
nacional, como um direito do povo, mesmo considerando povo exclusivamente
aquele nos plenos exercícios de direitos civis e políticos. Desse modo, a educação
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era vista como uma admissão para muitos, como um modelo a ser copiado, mas
não como um instrumento necessário para a preparação de seu povo.
O regime político brasileiro, tendo suas bases de sustentação fortemente
implantadas no poder local das províncias não conseguia organizar um sistema de
ensino capaz de executar suas diretrizes culturais. Não havia uma política
educacional definida e unificada para toda a nação. Com tudo isso os
representantes oficiais lamentavam a falta de recursos que pudessem promover o
desenvolvimento do sistema público de educação. Este sistema de ensino aceita
para desde as suas origens um caráter excludente, deixando à margem do direito
à escolarização, a maioria de seus cidadãos.
Com este sistema de ensino surgiram as primeiras vagas para o
sexo feminino na escola pública, pois as mulheres só tinham acesso à educação
religiosa, em locais de recolhimento espiritual e conventos. Devido a motivos
morais e religiosos que impediam a co-educação, foi determinado que professores
fossem do mesmo sexo de seus alunos. Seguindo tal orientação, as aulas de
rapazes e moças deveriam ser dadas em espaços separados. As meninas só
podiam frequentar a escola primária. E, o currículo escolar dava ênfase aos
trabalhos de costura. Além, da desigualdade quanto ao currículo escolar as
meninas estavam em desvantagem em relação ao número de estabelecimentos
escolares.
Como por exemplo, pode-se citar que em Minas Gerais, no ano de 1837,
havia 129 escolas públicas para meninos, sendo que 100 eram de ensino primário
e 29 de secundário; com uma frequência total de 4.857 alunos. Já, para as
meninas o número total de instituições escolares era de apenas 14 escolas de
primeiro grau, com uma frequência de 352 alunas.
Pode-se concluir que o número de meninas que frequentavam a escola
pública, indica a pouca quantidade de professoras neste mesmo sistema de
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ensino e reflete a posição social secundária ocupada pelas mulheres, e o pouco
valor dado à educação das meninas, quer pelas famílias, quer pelo poder público.
As meninas que tinham acesso a qualquer tipo de instrução eram aquelas
de classe social privilegiada, aprendiam em casa com professores contratados ou
em escolas particulares, dirigidas por estrangeiros ou congregações religiosas. O
ensino destas meninas, no entanto, restringia-se à aprendizagem das seguintes
atividades: canto, dança, francês e algumas habilidades manuais. Para as
mulheres a leitura não era recomendada, a não ser para o uso dos livros de
orações.
Porém, essa educação feminina de elite guardava uma enorme distância
daquela recebida pelo sexo masculino; enquanto as meninas recebiam algum
conhecimento que as tornassem aptas a circular na sociedade e a preparar-se
para o papel social de esposas e mães, os filhos desta classe costumavam buscar
seus conhecimentos nas fontes de cultura europeia.
Em relação à profissão de professores(as) do ensino básico, as relações de
gênero também reforçavam as diferenças sobre os níveis salariais, as mulheres
ganhavam menos do que os homens, embora a legislação previsse que os
salários devessem ser iguais para ambos os sexos.
1.3- O magistério primário visto como ocupação para homens
Apesar do salário dos professores ser maior do que das professoras, isto
não significava que estes fossem profissionais valorizados pelo Estado. O corpo
de profissionais que integrava o sistema público de ensino, que eram conhecidos
como mestres-escola eram ex- profissionais autônomos que exerciam seu ofício
livremente como professores particulares escolhidos e pagos pelos pais e
freqüentemente dotados de longa experiência na função de ensinar. Esses
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profissionais formados no próprio trabalho e respeitados pelos pais e comunidade
foram passando à condição de empregados do Estado. As relações de trabalho
tinham sido concretamente redefinidas numa nova organização do processo de
trabalho, que passou a desprezar o saber do professor e a desvalorizar o seu
trabalho, pagando baixos salários pelos serviços prestados. O governo não
assumia o sistema de instrução pública como sua responsabilidade, transferindo
para os professores a culpa de todos os seus insucessos. Os baixos salários dos
professores chegavam a ser reconhecidos inclusive pelos representantes do
governo, como nos demonstra o relatório do presidente de Minas Gerais à
Assembléia Provincial, em 1879:
... sujeitar os professores às provas de capacidade
profissional que garantem as condições exigidas eram as
medidas instantaneamente reclamadas. Realizá-las,
conservando os vencimentos mesquinhos que afastam da
profissão as inteligências, e que encontrariam algures
aplicação mais lucrativa, seria difícil, senão impossível.
Quem dispondo de talento e habilitações científicas se
aventuraria a uma profissão mal retribuída, sem esperança
ao menos de estabilidade? (SAFFIOTI, 1986: 195-196)
Com o decorrer do tempo, de maneira gradativa, passou a ser feita uma
associação entre o magistério primário e o baixo prestígio profissional, a ponto de
ser visto como desonroso para o homem continuar atuando como profissional da
educação básica. A evasão de professores do sexo masculino do magistério
primário público passou a ser fato usual.
Porém, o movimento republicano crescia no país. Os republicanos sabiam
que uma república estável, se fundamenta sobre o consentimento e o consenso
do povo dos cidadãos. A ênfase na importância da instrução pública passou a ser
constante nos discursos de campanha do partido. Era evidente a necessidade de
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difusão do sistema de instrução pública básica para eliminar as altas taxas de
analfabetismo da nação.
1.4- A participação da mulher
Em 1879, foi estabelecido a educação mista, onde meninos e meninas
podiam frequentar uma mesma escola. Houve a equiparação salarial entre os
educadores tanto do sexo masculino quanto do feminino, em nível nacional.
Os apelos ao trabalho das mulheres surgem como uma oportunidade de se
alcançar o espaço público com aprovação social. Ser servidoras da pátria,
como professoras, passava a ser uma possibilidade de comunicação com o
espaço com um nível de aprovação social, antes só concedida pelo
casamento. Para um campo de trabalho abandonado, em que o
contingente masculino de professores ia gradativamente se esvaziando
eram as mulheres as substitutas ideais: virtuosas, econômicas, abnegadas,
e ainda mais, “vocacionadas” para o trabalho de ensinar. Outro ponto de
destaque na fala do presidente da província é que a as questões morais,
antes justificadoras da separação do sexo nas escolas, - e que tantas
desvantagens traziam para a educação das meninas – não mais
interessavam aos representantes do poder oficial. Se seriam as mulheres
as professoras ideais da infância, a educação das meninas precisava ser
incentivada. (CHAMON, 2005; p. 9)
Os homens estavam em busca de novas oportunidades de trabalho mais
bem remuneradas, as mulheres iam sendo chamadas, em nome de suas
qualidades morais superiores, para ocupar esse campo de trabalho que estava
ficando abandonado.
E, após iniciativas regionais, em 1880, o governo da Corte, no Rio de
Janeiro, toma a iniciativa de criar sua primeira Escola Normal.
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Capítulo II
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA CORTE BRASILEIRA E O INÍCIO DA FEMINIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO PRIMÁRIO
(1880-1889)
A partir da segunda metade do século XIX, houve uma formalização do
ensino e do currículo que culminou com a criação da Escola Normal da Corte, em
1880. Após experiência com a formação de professores primários em nível
superior (LOPES, 2006), foi promulgada a Lei Orgânica do Ensino Normal em
meados da década de 40 do século XX (Decreto-Lei 8530/46).
2.1- A Escola Normal da Corte
A Escola Normal da Corte, fundada na cidade do Rio de Janeiro por
Benjamim Constant em 5 de abril de 1880, destinava-se a formar professores de
ambos os sexos para a instrução primária. O seu currículo compreenderia as
matérias necessárias aos professores para atuar na instrução primária, sendo
pensado a fim de ultrapassar os conhecimentos dessas escolas e com especial
atenção à metodologia de ensino.
O curso normal funcionaria no turno da tarde e à noite, sendo que sua
frequência era permitida a alunos maiores de 15 anos (meninas) e de 16 anos
(meninos). As matérias do curso estavam divididas em seções e, para fazer a
matrícula, os candidatos precisavam provar que possuíam a idade mínima exigida,
boa moralidade e domínio dos conteúdos básicos. Para o último requisito, os
candidatos deveriam apresentar atestado oficial de aprovação nos exames da
instrução primária ou serem examinados na escola.
A escola de formação de professores era frequentada por alunos de ambos
os sexos, porém, cada um estudaria em ala própria, havendo aulas intercaladas e,
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em horários alternados. Assim, evitava-se que os alunos se encontrassem nos
corredores da escola, preservando a moralidade da instituição.
Quando este isolamento não era possível, ambos os sexos dividiriam o
local, mas com uma separação referente a cada lado da sala. Nesta instituição
eram ensinadas 19 matérias, separadas em cadeiras e divididas por seções. Em
adição a essas eram oferecidas mais seis disciplinas.
No entanto, apesar do currículo extenso proposto para a instituição e de
discursos elogiando a sua criação, a escola era uma experiência nova e, seu
funcionamento e resultados estavam sendo ainda testados. De modo que devido a
diversos fatores, como falta de professores e substitutos algumas cadeiras não
funcionaram regularmente no primeiro ano de funcionamento da escola, o que
acarretou mudanças no seu regulamento.
Assim, um decreto de 1881 reformou o seu ensino criando e suprimindo
normas para a sua ordenação. Este decreto não alterou radicalmente o
funcionamento da instituição e, a grande mudança que trouxe se referia à
organização do curso, separando-o em dois, de Ciências, Letras e Artes.
Segundo a nova arrumação alguns saberes foram suprimidos como
escrituração mercantil, princípios de lavoura e prática manual de ofícios,
acrescentados o estudo de elementos de mecânica e de astronomia e mantendo-
se os demais. O curso de artes foi composto pelas disciplinas avulsas previstas no
primeiro regulamento sem alterações. Em adição às modificações nos saberes da
escola, o diretor Benjamin Constant determinou que o ensino deveria se dar por
aulas diárias e, a frequência era obrigatória aos que se destinassem ao magistério
público. Ao concluir as duas primeiras séries do curso, os alunos aprovados
receberiam o título de habilitação para o magistério primário de primeiro grau e, ao
concluir as outras duas, o do primário de segundo grau.
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20
2.2- O funcionamento da Escola Normal
Durante a primeira década de funcionamento da Escola Normal, podem ser
observados discursos que questionavam os resultados trazidos pela instituição, no
entanto, este modelo se legitimou com o passar do tempo, havendo o aumento
gradual de alunos que procuravam a escola, o que pode ser observado por meio
do quantitativo da matrícula. Ao longo dos primeiros cinco anos, contava-se 1166
alunos inscritos na primeira série. Dentre estes, mais de 700 eram mulheres, o
que indica a sua forte presença na escola. (LOPES e MARTINEZ, 2007). Uma
maior presença feminina nas escolas primárias pode também ser observada a
partir da década de 70 deste século, gerando a necessidade da inserção de
mulheres neste oficio. Nesse sentido, o aumento gradual de mulheres no quadro
docente, a procura feminina pela Escola Normal, dentre outros fatores modificou
as representações acerca desta ocupação. Estes números apontam para um
processo que vinha se afirmando no final deste século em diversas províncias do
Império, o da feminização do magistério primário. Assim, pode-se observar que a
questão da feminização do magistério primário estava ligada à presença das
meninas nas escolas primárias, devendo este espaço ser organizado para recebê-
las, tanto fisicamente quanto no que dizia respeito ao recrutamento e formação
das professoras que ocupariam tais instituições. A partir do ano de 1869, houve
um crescimento no número de mulheres no magistério, fato relacionado a vários
fatores como o incentivo das políticas educacionais à presença das mulheres em
sala de aula; aumento da quantidade de meninas matriculadas nas escolas
primárias; mudanças na cultura escolar, dentre outros.
Pode ser observada a construção da ideia de que as mulheres deveriam
entrar para o magistério e, uma representação que ligava o magistério primário à
maternidade e, portanto, a uma função feminina. As escolas normais tiveram, pelo
menos enquanto formadoras de professoras, participação bastante relativa, uma
vez que a quantidade de mulheres não normalistas que entraram para a docência
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era em alto número. Fato semelhante à realidade da Corte, uma vez que a Escola
Normal se estabeleceu somente nas últimas décadas daquele século.
Deste modo, é possível observar, na Corte, medidas que se relacionam ao
processo de feminização do magistério. Como exemplo uma lei anterior a criação
da Escola Normal, de 1879, permitia que as mulheres ensinassem também aos
meninos, dessa maneira, valorizando sua inserção na instrução primária.
Discursos em defesa deste oficio para elas se justificavam por suas características
maternais, suas habilidades para a organização do espaço escolar, inclusive da
Escola Normal pensando na co-educação dos sexos, entre outros. (LOPES e
MARTINEZ, 2007).
Contudo, como pesquisas apontam é importante observar que este
processo não ocorreu de forma homogênea, não possuindo uma causa única
capaz de explicar este fenômeno, uma vez que homens e mulheres resistiram e se
apropriaram de normas e regras frente aos seus interesses.
2.3- Incentivo à frequência as escolas normais para as mulheres
O incentivo à frequência das escolas normais partia do ideário das políticas
públicas, que pedia auxílio para que fosse realizada uma missão civilizatória e
patriótica das mulheres como mães e educadoras. Por outro lado, a oportunidade
de ter um maior acesso ao espaço público, quer frequentando as escolas normais
quer atuando como servidoras da pátria no sistema de ensino elementar,
constituía uma nova possibilidade para as mulheres poderem ter uma
oportunidade nessa sociedade que era patriarcal.
Nesta época o controle do comportamento das mulheres era intenso, essa
oportunidade de continuar os estudos possibilitava a incorporação a um processo
de socialização diferente da vida doméstica.
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O número de Escolas Normais aumentou; (LOPES e MARTINEZ, 2007) e,
após, 1882, houve um aumento do número de escolas. Porém, as péssimas
condições materiais e de organização, em que se foi construindo a pouca
instrução que chegava ao povo, não foram alteradas. Muitos professores pagavam
o aluguel das “casas de escola” e enfrentavam grandes distâncias para terem
acesso ao local de trabalho, tudo isso somado aos escassos pagamentos de seus
salários. Os jovens formados nas Escolas Normais, alguns não se dispunham a
enfrentar as duras condições de trabalho que lhes eram oferecidas. Enquanto
muitos professores do sexo masculino buscavam novas oportunidades de trabalho
que surgiam quer no setor público quer no privado, apelos ao trabalho de ensinar
foram chegando às mulheres, normalistas ou não, para quem o trabalho na esfera
pública surgia como uma concessão. Educar crianças seria apenas uma extensão
da função maternal, que poderia ser cumprida fora dos limites da vida doméstica,
consideradas as qualidades “naturais” das mulheres, quer pela prática cultural do
silêncio frente ao espaço público, quer pelo fato de carregarem consigo a tradição
de trabalhadoras desprofissionalizadas.
No ano de 1889, foi instaurada a República, considerado um período
importante para a compreensão do processo de democratização no Brasil. O
regime republicano estabeleceu a necessidade social da escola, e a educação
popular adquiriu uma ênfase política como nunca tivera antes no país. Neste
período era considerado imprescindível para a cidadania; meio necessário para a
consolidação da nova ordem social. Durante esse período, houve uma ampla
discussão sobre a escolarização obrigatória que se instalou e fez surgir a defesa
de diferentes propostas pedagógicas para as diferentes classes sociais: aos
privilegiados, uma formação geral e científica, com objetivo de fortalecimento
intelectual de uma elite projetada para a direção dos destinos da nação; e ao povo
uma formação elementar com o objetivo de disciplinar estava direcionada para o
trabalho assalariado.
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2.4- A sociedade brasileira republicana
A sociedade brasileira que surgia com a República era mais complexa do
que a recém-liberta sociedade escravocrata. Uma maior concentração urbana ia
se estabelecendo, e novas camadas sociais emergiam, diversificando interesses,
origens e posições sociais da heterogênea composição social popular. Havia uma
expectativa de que a escola moldasse o cidadão-trabalhador.
O Brasil era um país onde a maior parte da população era composta por
analfabetos, o que podia ser identificado que havia uma quase ausência de um
sistema público de ensino básico, e que precisava ser no mínimo moralizado. O
povo precisava ser “civilizado”, para atender melhor aos interesses dominantes,
preparando-se para a disciplina do trabalho, quer no campo, ou nas zonas
urbanas; neste período também começavam a surgir as primeiras indústrias.
Enfim, o mundo capitalista precisava de trabalhadores técnicos para
promover o seu desenvolvimento. E, em torno desse sistema, vão somando-se
inúmeras mulheres, originárias de classe média, que viam no magistério uma
possibilidade de alcançar o espaço público, com uma aprovação da sociedade.
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Capítulo III
A Legislação e a Feminização do Magistério Primário
A década de 1940, sobretudo o período após a Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), foi marcada por mudanças na situação das mulheres no Brasil e no
mundo ocidental em geral. Evidências desse novo lugar das mulheres na
sociedade repercutem no cinema e na imprensa, entre outros campos da vida
cultural e social. Em O cinema hollywoodiano na mídia brasileira nas décadas de
1940 e 1950, Cristina Meneguello destacou: “professora, enfermeira e secretária
[como] tipos femininos insistentemente trabalhados, inclusive pela cinematografia
americana. (MENEGUELLO, 1996) De acordo com esta mesma autora:
É notável como a mídia impressa brasileira das décadas de 1940 e 50 fez um
investimento maciço na figura feminina. Não que tal figura estivesse ausente
das publicações anteriores (como nos folhetins dos anos 20), mas nessas
décadas filmes e revistas, pressupondo seu público, constituíam distintas
figuras de mulher. (MENEGUELLO, 1996).
3.1- O Brasil no ano de 1940
No Brasil dos anos 1940, ainda durante a ditadura do Estado Novo (1937-
1945), a legislação reenquadrou as mudanças ocorridas no sistema de ensino, no
caso da formação de professores primários, desde 1939 com o fim da Escola de
Professores da Universidade do Distrito Federal que funcionavam no Instituto de
Educação. (LOPES, 2006) Após a promulgação da Lei Orgânica do Ensino
secundário, através do Decreto-lei 4244 de 09/04/1942, este seria reorganizado.
Após a experiência da Escola de Professores do Instituto de Educação
entre 1932 e 1939, curso superior em dois anos, mencionado acima (LOPES,
2006) Algumas razões justificam o decreto de 1942, por exemplo, padronizar o
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Curso Normal para todo o país; porém, pouco tempo depois este curso foi
especialmente contemplado, reenquadrado, através da Lei Orgânica do Ensino
Normal. O decreto tinha o objetivo de ordenar essa confusão. E, assim, terminou
com essa legislação heterogênea, o que resultou das múltiplas e sucessivas
reformas que o curso de formação de professores passou.
A Lei Orgânica do ensino secundário introduziu alguns requisitos que
impuseram algumas modificações na legislação do Instituto, o que foi obrigatória a
adaptação do mesmo a referida lei.
Planejava-se que antes de os educandos realizarem as matérias
pedagógicas do curso de formação de professores, deveria ser realizada algumas
matérias básicas, constituídas pelas disciplinas que integram o curso ginasial.
Também era interessante que o Instituto mantivesse os cursos clássico e científico
do ensino secundário, com o objetivo de ampliar sua cultura geral.
3.2- A educação profissional técnica integrada ao ensino médio
Até o século XIX não existem registros de iniciativas sistemáticas que
possam ser caracterizadas como pertencentes à educação profissional. O que
existia era uma educação propedêutica para as elites, que estava voltada para a
formação de futuros dirigentes do país.
Havia uma relação de dualidade entre a educação básica e profissional no
Brasil. A partir de 1809, surgiram os primeiros indícios do que hoje se pode
caracterizar como as origens da educação profissional.
No início do século XX, houve uma organização para a educação
profissional, modificando a preocupação mais nitidamente assistencialista, para a
preparação de operários para o exercício profissional.
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Os anos 30 e 40 foram marcados por grandes transformações políticas,
econômicas e educacionais na sociedade. E, esse processo de industrialização e
modernização das relações de produção exigiu um posicionamento mais efetivo
das camadas dirigentes com relação à educação nacional. Assim, como parte das
respostas a essas demandas, foram promulgados diversos Decretos-Lei como
meio de normatizar a educação.
Este conjunto de decretos ficou conhecido como as Leis Orgânicas da
Educação Nacional – a Reforma Capanema, conhecida pelo nome do ministro da
Educação Gustavo Capanema. Os principais decretos foram os seguintes:
Decreto nº 4244/42 – Lei Orgânica do Ensino Secundário; Decreto nº 4073/42 –
Lei Orgânica do Ensino Industrial; Decreto nº 6141/43 – Lei Orgânica do Ensino
Comercial; Decreto nº 8529/46 – Lei Orgânica do Ensino Primário; Decreto nº
8530/46 – Lei Orgânica do Ensino Normal e; Decreto nº 9613/46 – Lei Orgânica do
Ensino Agrícola; e, o Decreto-lei nº 4048/1942 – cria o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI) que deu origem ao que hoje se conhece como
sistema “S”.
Esses decretos evidenciam a importância que a educação passou a ter
dentro do país e, especialmente a educação profissional, pois foram definidas leis
específicas para a formação profissional em cada ramo da economia e para a
formação de professores em nível médio.
Assim, após a Reforma Capanema, a educação brasileira ficou estruturada
em dois níveis: educação básica e a educação superior. A educação básica ficou
dividida em duas etapas, o curso primário e o secundário, este subdividido em
ginasial e colegial.
A parte final do ensino secundário era constituída pelos cursos normal,
industrial técnico, comercial técnico e agrotécnico; eram os cursos
profissionalizantes realizados na parte final do ensino secundário. Todos com o
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mesmo nível e duração do colegial, porém não habilitavam para o ingresso no
ensino superior.
É nesse contexto que por meio de exames de adaptação, surge a
possibilidade de aproximação entre o ramo secundário propedêutico (o colegial,
com suas variantes científico e clássico) e os cursos profissionalizantes de nível
médio.
3.3- Lei Orgânica do Ensino Normal – Decreto-Lei 8530/46
De acordo com a Lei Orgânica do Ensino Normal, o curso de formação
de professores pertencia ao ensino do segundo grau e tinha por finalidade, formar
professores habilitados para lecionar nas escolas primárias; habilitar
administradores escolares destinados a atuarem nas mesmas escolas; e,
desenvolver e propagar os conhecimentos e técnicas relativas à educação da
infância.
O ensino normal deveria ser ministrado em dois ciclos. O primeiro ciclo
seria o curso de regentes de ensino primário, em quatro anos, e o segundo, o
curso de formação de professores primários, em três anos. No ensino normal,
também havia cursos de especialização para professores primários, e curso de
habilitação para administradores escolares do primeiro grau.
No capítulo III da Lei Orgânica do Ensino Normal, ficou regulamentado os
tipos de estabelecimentos do ensino normal. Assim, no artigo 4°, descreve que
haverá três tipos de instituições para o ensino normal, como o curso regional, a
escola normal e o instituto de educação.
§ 1º Curso normal regional será o estabelecimento destinado a
ministrar tão somente o primeiro ciclo de ensino normal.
§ 2º Escola normal será o estabelecimento destinado a dar o curso
de segundo ciclo desse ensino, e ciclo ginasial do ensino
secundário.
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§ 3º Instituto de educação será o estabelecimento que, além dos
cursos próprios da escola normal, ministre ensino de
especialização do magistério e de habilitação para administradores
escolares do grau primário.
§ 4º Os estabelecimentos de ensino normal não poderão adotar
outra denominação senão as indicadas no artigo anterior, na
conformidade dos cursos que ministrarem.
Parágrafo único. É vedado a outros estabelecimentos de ensino o
uso de tais denominações, bem como o de nomes que incluam as
expressões normal, pedagógico e de educação.
Nesta lei estava previsto que todos os estabelecimentos de ensino normal
deveriam ter escolas primárias anexas para demonstração e prática de ensino. E,
assim, ficou estabelecido da seguinte forma: cada curso normal regional deveria
ter no mínimo duas escolas primárias isoladas. Cada escola normal deveria
manter um grupo escolar; e, cada instituto de educação teria um grupo escolar e
um jardim de infância.
Além, das escolas primárias, cada escola normal e cada instituto de
educação deveria ter um ginásio, de acordo com o regime de reconhecimento
oficial. Enfim, este Decreto-Lei foi criado com o objetivo de regulamentar o curso
de formação de professores.
A Escola Normal era vista como o melhor local de formação de professores
para o ensino primário, pois, era o local que estava de acordo com as finalidades
específicas dos estabelecimentos para a formação do professor primário.
O curso normal no qual se ingressava após o ginásio deveria ser feito em três
séries, a primeira destinada a completar os estudos iniciadas no curso ginasial e
as outras estavam relacionadas as próprias matérias do ensino normal. A principal
função era formar professores primários para atender as escolas públicas do
Distrito Federal, que de certa maneira tinha sido afetada, uma vez que o curso
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normal agora oferecido tinha o caráter profissional que lhe conferira a reforma de
1932. Em relação ao tempo de estudos, este era curto, de um ano apenas; assim,
ocorreram algumas transformações na ideia inicial do curso.
Assim, o Instituto de Educação passaria a ser uma opção para as moças de
classe média, que desejavam continuar seus estudos, e ainda tinham a opção de
um ensino clássico ou científico.
O Instituto de Educação tinha seu regulamento interno, e de acordo com
este regulamento, somente as moças poderiam ingressar neste local. Com este
regulamento, alguns segmentos mais conservadores da sociedade ficaram
satisfeitos, pois, o Ministro Capanema, garantiu esse princípio em seu projeto para
a educação das mulheres, expresso no Plano Nacional de Educação de 1937.
Apesar de este sistema paralelo de ensino não ter sido implementado, pois,
a Lei Orgânica do Ensino Secundário adotou um ensino único, mesmo tendo um
tratamento diferenciado para o sexo feminino e o sexo masculino. Porém,
prevaleceu uma das recomendações prevaleceu, a de que a educação secundária
das mulheres tivesse que ser realizada em institutos de exclusiva frequência
feminina.
O Instituto de Educação passava então a ter o jardim de infância, a escola
primária, um colégio secundário, uma escola Normal, além dos cursos de
especialização e aperfeiçoamento para os professores primários. Embora,
apresentasse poucas diferenças, o novo currículo proposto para o curso normal
apresenta-se, como evidência material, que complementada por outras, de caráter
simbólico ou legal, revela indícios de estratégias deliberadamente impostas com
objetivo de desestruturar a reforma de 1932 que resultou na reforma da antiga
Escola Normal em Instituto de Educação. (LOPES, p.281).
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A ideia proposta pelo decreto de 1943 entrou em vigor na Instituição
naquele mesmo ano, sendo que foram feitas algumas adaptações aos estudos.
Silva destacou ainda que “o Regimento Interno do Instituto de Educação, de
março de 1945, também limitava ao sexo feminino o acesso ao ginásio
preparatório “para o ingresso no Curso Normal”. (Regimento Interno do I.E., 1947)
(SILVA, 2010) A mesma autora:
A co-educação ou escola mista, suprimida das escolas normais
por decreto em 1943, estava em discussão, em 1961, no projeto
da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No
final do ano, a primeira LDBEN restabeleceu a co-educação. Dos
anos 60 aos 80, na segunda onda do feminismo, “a preocupação
com a igualdade da lei aos costumes: a discriminação de gênero e
a sexualidade” (KNIBIEHLER, 2007: 10), pouco alterou a maciça
presença feminina na formação de professores e
consequentemente no magistério primário. (SILVA, 2010)
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Capítulo IV
O coordenador pedagógico também é visto como um educador
Todo coordenador pedagógico é um educador, assim como todo professor.
A função da educação é a mesma da coordenação, ou seja, possibilita a tomada
de consciência das potencialidades do professor, para que ele escolha e assuma
a direção do seu próprio destino.
Orienta-se o professor para que ele mesmo tenha condições de escolher
seu futuro ou se possa conduzir o educador a um rumo já determinado.
4.1- A função do coordenador pedagógico
Cabe ao coordenador pedagógico, em sua prática educativa com os
professores, assessorá-los no acompanhamento e compreensão de sua turma,
integrar-se as diversas disciplinas visando ao desenvolvimento de um trabalho
comum e à formulação das atividades didático-pedagógicas a serem
desenvolvidas com os alunos. Encaminhar e avaliar as relações entre os alunos e
a escola, bem como buscar uma ação integrada com a orientação educacional e
os professores, obtendo a melhoria do curso de formação de professores.
Conforme Carvalho (1979) o educando tem inúmeras possibilidades de se
desenvolver, contudo o coordenador pedagógico da instituição; juntamente com o
educador podem ajuda-lo a discernir por algo que possa engrandecê-lo a partir de
normas já determinadas. Somente escolhe-se entre opções que se conhece,
dessa forma, saber e liberdade estão unificados. Por sua vez, o ser ao qual se
educa toma, por meio do conhecimento, consciência do mundo que o rodeia e do
mundo cultural que gerações anteriormente construíram. Mas para que a escolha
aconteça, é necessário o conhecimento; este adquirido pela instrução, esta
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advinda por meio da educação, a qual propicia ao indivíduo compartilhar da
totalidade das coisas.
O coordenador pedagógico deve ser o agente de informação qualificada
para a ação nas relações interpessoais dentro da escola adotando a prática da
reflexão permanente com os professores. Esse profissional não deve assumir
posturas isoladas, pois a excelência de seu papel é a mediação qualificada. Sua
formação deveria ser precisa, mas na prática atuam vários tipos de profissionais.
A coordenação pedagógica aprece como aspecto humano formador dentro
da escola; por sua vez, o coordenador sozinho não conseguiria realizar esta
tarefa, pois a educação é um complexo global.
O coordenador pode ajudar na opção de escolha do educando, porém essa
escolha implica em autoconhecimento e a determinação de uma lei moral.
Esse conhecimento é obtido a partir de várias formas as quais não são
limitadas a uma determinada e padronizada atuação. Eis, que apoiar,
compreender são fatores decisivos para a atuação do coordenador junto daquele
que pretende auxiliar na sua determinação.
O coordenador pedagógico presta um serviço de assistência e auxílio ao
aluno no processo de aprendizagem. Ao coordenador, cabe conversas com os
professores que atuam no curso de formação de professores que enfrentam
inúmeras dificuldades para ensinar uma determinada matéria, ou em várias no
geral. Além, de resolver problemas pedagógicos, o coordenador pedagógico tem
como trabalho evitar a ocorrência desses problemas.
4.2- O coordenador pedagógico como mediador da escola
O coordenador pedagógico atualmente atua como intermediador de
conflitos escolares, como ajudar os professores a lidar com alunos com dificuldade
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33
de aprendizagem. Para que esta função tenha sucesso o coordenador precisa
construir uma relação de confiança que permite administrar os diferentes pontos
de vista, ter habilidades de negociar e prever ações.
Seu papel também é o de manter reuniões semanais com os professores a
fim de mapear os problemas, dar suporte aos professores com questões de
relacionamento e estabelecer parceria com a direção da escola.
4.3- Orientação permanente dos estudos
Conceição (2010), comenta que a educação no ensino médio ainda não
se volta para a construção do conhecimento, diferente do que ocorre na
universidade, onde esta tem como característica principal a permanente reflexão
sobre o conhecimento produzido, sendo uma das formas de avançar na
compreensão dos fenômenos. Relata também que o hábito de estudo dos alunos
é inconstante, especialmente porque a estimulação social cresce de forma
avassaladora. A falta de estudo permanente ocasiona o desespero e a corrida de
preparação às vésperas das provas e em seguida, estabelecendo-se o fracasso
dessa estratégia. Faz parte da escola ensinar ao aluno estudar de acordo com as
expectativas do segmento. É desejável também a criação de espaços
monitorados, paralelos e simultâneos ao momento pedagógico exercido em classe
e nas diferentes disciplinas.
Faz-se necessário aprimorar a reflexão e o debate coletivo dos jovens em
torno das questões práticas, as quais podem ser explicadas pela ciência;
mobilizando, assim, o aluno para problematizar o aprendizado escolar em função
da sua aplicabilidade na vida cotidiana. Despertar o interesse para ampliar seu
conhecimento, passa pela afirmação de que seu repertório é aplicável, útil e
desafiador para a busca de novas respostas. (CONCEIÇÃO, 2010).
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34
4.4- Relações interpessoais na escola
A escola como um espaço digno e acolhedor deve fazer com que os
educandos, alunos, família e comunidade sintam-se respeitados, valorizados,
incluídos e acolhidos. Antunes (2006, p.9) menciona que as relações interpessoais
estabelecem laços sólidos nas relações humanas. Cada pessoa é, e sempre será,
um verdadeiro universo de individualidades; suas ações, seus motivos, seus
sentimentos constituem paradigma único.
É necessário estar alerta para alguns fatos que estão presentes no
ambiente escolar, através de comportamentos opressivos em face da
preocupação de “dar conta dos conteúdos”, não tendo tempo o coletivo da escola
em trabalhar com valores, atitudes e procedimentos positivos de grande
importância para a construção do cidadão consciente e solidário de hoje e do
amanhã. (LIMA, 2007, p.12).
De acordo com Lima (2007, p.12), a escola na ânsia de preparar as
pessoas para o amanhã, inibe a dificuldade, a expansão da alegria, da criticidade
e da realização. A preocupação fundamental volta-se para a preparação do jovem
para o futuro, especificamente para o mercado de trabalho. Faz-se necessário
pensar a escola e o aluno no presente, analisar o que a instituição pode oferecer,
pois sua função não deve ser apenas preparar o aluno para o vestibular e para o
emprego futuro, mas possibilitar o crescimento de cidadãos críticos, capazes de
reconhecer, atuar e transformar a sua e as diversas realidades presentes no
contexto.
Pensar em formação de professores implica repensar modelos e atitudes
com relação a esse profissional. Formação não é somente acumular
conhecimentos em memória, é saber aplicá-los, questioná-los, revê-los e modificá-
los para a realidade da sala de aula de acordo com o nível de desenvolvimentos
dos alunos. Formação supõe, necessariamente, uma política estruturada, que
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considere os desejos, as necessidades e o contexto desse profissional. Não basta
pensar a formação do professor como problema, é necessário pensar e
operacionalizar ações efetivas que solucionem a questão. A formação do
professor deve corresponder às necessidades do profissional que tem como
objetivo maior transformar sua realidade por meio de uma práxis que leve em
conta um elo entre as necessidades acadêmicas e as sociais, que tenha como
objetivo auxiliar o aluno em seu processo de desenvolvimento como pessoa e
como cidadão. Lima (2008).
Por isso, é necessário que os responsáveis pela administração coletiva da
escola: diretor, supervisor, coordenador pedagógico, orientador educacional,
possibilitem a construção de um espaço rico de múltiplas vivências importantes,
na medida em que propiciem o autoconhecimento e a autocrítica das pessoas,
lidando com as tenções do dia-a-dia, exterminando sentimentos de importância e
de desilusão, ativando por outro lado, a indignação, a resistência, a luta e a
esperança.
4.5- Refletindo sobre o papel do coordenador pedagógico no processo de
articulação da formação continuada dos professores na escola
Muitos dos problemas enfrentados atualmente no exercício da coordenação
pedagógica, tem sua origem na configuração formal da função, associada ao
controle. A introdução da supervisão educacional traz para o interior da escola a
divisão social do trabalho, ou seja, a divisão entre os que pensam, decidem,
mandam, e os que executam; até então, o professor era o ator e autor de suas
aulas, a partir disto passa a ser expropriado de seu saber, colocando-se entre ele
e o seu trabalho a figura do técnico. Em função dessa origem profissional ligada
ao poder e controle autoritários, há necessidade de o coordenador assumir uma
postura diferenciada e conquistar a confiança dos educadores.
É importante lembrar que a coordenação pedagógica é exercida por um
educador, e como tal deve estar no combate a tudo aquilo que desumaniza a
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escola: a reprodução da ideologia dominante, o autoritarismo, o conhecimento
desvinculado da realidade, a evasão, a lógica classificatória e excludente, a
discriminação social na e através da escola.
O foco de atenção do coordenador no trabalho de formação é tanto
individual quanto coletivo: deve contribuir com o aperfeiçoamento profissional de
cada um dos professores e ajudar a constituí-los enquanto grupo. Sua práxis
comporta as dimensões: reflexiva, pois auxilia na compreensão dos processos de
aprendizagem existentes no interior da escola, é organizativa quando tenta
articular o trabalho dos diversos atores da escola, é também conectiva
possibilitando elos não só entre os professores, a direção, pais de alunos e
demais profissionais da educação, é interventiva quando o coordenador ajuda a
modificar práticas que estão enraizadas, que impede a reflexão e é também
avaliativa, pois exige que todo processo educativo seja repensado, visando à
melhoria. Neste sentido, o coordenador se afasta daquela postura de controle
burocrático, em direção à do educador.
A atuação da coordenação pedagógica se dá no campo da mediação, pois
quem está diretamente vinculado a tarefa de ensino, é o professor. O coordenador
relaciona-se com o professor visando sua relação diferenciada, qualificada com os
alunos. Neste contexto, é preciso atentar para a necessária articulação entre a
pedagogia da sala de aula e a pedagogia institucional, uma vez que, o que está
em questão é a mesma tarefa: a formação humana, ou seja, a formação dos
alunos, dos professores, da coordenação e dos pais.
Partindo do princípio de que, quem pratica quem gere a prática pedagógica
de sala de aula é o professor, a coordenação pode auxiliá-lo, estabelecendo uma
dinâmica de interação que facilite o avanço: Vasconcelos (2009; 91),
- Acolher o professor em sua realidade, em suas angústias;
dar “colo”: reconhecimento das necessidades e dificuldades. A
atitude de acolhimento é fundamental também como uma
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aprendizagem do professor em relação ao trabalho que deve
fazer com os alunos.
- Fazer a crítica dos acontecimentos, ajudando a compreender
a própria participação do professor no problema, a perceber
suas contradições e não acobertá-las;
- Trabalhar em cima da ideia de processo de transformação;
- Buscar caminhos alternativos; fornecer materiais; provocar o
avanço;
- Acompanhar a caminhada no seu conjunto, nas suas várias
dimensões.
O coordenador, ao mesmo tempo em que acolhe e engendra, deve ser
questionador, desequilibrador, provocador, animador e disponibilizando subsídios
que permitam o crescimento do grupo, tem um papel relevante na formação dos
educadores, ajudando a elevar o nível de consciência: tomada de consciência.
Freire (1996), passagem do senso comum à consciência filosófica. Saviane
(2003), ou a criação de um novo patamar para o senso comum. Boaventura
Santos (1995). Passar de uma supervisão para outra - visão.
O trabalho do professor coordenador é fundamentalmente um trabalho de
formação continuada em serviço. Ao auxiliar e organizar a reflexão dos
professores sobre as razões que justificam suas opções pedagógicas e sobre as
dificuldades que encontram para desenvolver seu trabalho, o coordenador
pedagógico está favorecendo a tomada de consciência dos professores sobre
suas ações e o conhecimento sobre o contexto escolar em que atuam. Ao
estimular o processo de tomada de decisão visando a proposição de alternativas
para superar esses problemas e ao promover a constante retomada da atividade
reflexiva, para reorganizar e aperfeiçoar as medidas implementadas, o
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coordenador pedagógico está propiciando condições para o desenvolvimento
profissional dos participantes, tornando-os autores de suas próprias práticas.
Esse trabalho é complexo e essencial, porque busca compreender a
realidade escolar e seus desafios, construir alternativas que se mostrem
adequadas e satisfatórias para os participantes, propor um mínimo de consistência
entre as ações pedagógicas, tornando-as solidárias e não isoladas ou em conflito
umas com as outras.
Diante dessas dificuldades percebe-se a importância do trabalho que pode
e precisa ser desenvolvido no Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo, pois é
nesse espaço coletivo que os professores, ao criarem propostas de ensino para
responder aos desafios de sua escola, estão construindo sua qualificação
profissional. É preciso investir nesse espaço, e isso significa que é preciso investir
na formação do coordenador pedagógico, na medida em que ele é o agente
estimulador e articulador desse processo. Para tanto, é preciso que o coordenador
tenha também um espaço coletivo e formador igualmente ao Horário de Trabalho
Pedagógico Coletivo, no qual possa apresentar suas dificuldades, partilhar suas
angústias, refletir sobre sua prática como coordenador, trocar experiências e
crescer profissionalmente, para exercer de forma plena sua função formadora e
promotora do projeto pedagógico. Como afirma Freire (1996), quem mais precisa
aprender é aquele que ensina.
O coordenador não pode agir isoladamente na escola. É no seu local de
trabalho, que ele, juntamente com seus colegas constrói a profissionalidade
docente. Mas se a escola tem o seu contexto próprio, a escola precisa ser
organizada para criar condições de reflexividade individuais e coletivas. A escola
tem de se pensar a si própria, na sua missão e na forma como é organizada para
cumprir a sua função. Também ela, tem que ser reflexiva.
Falar de formação tanto inicial como continuada, é assumir que na relação
formador – formando, é preciso que haja espaço para que ambos se posicionem
como pessoa. É preciso que haja espaço para ser ouvido, para falar. É a partir do
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diálogo que as vivências são retomadas, são atribuídos um novo significado para
as histórias.
Nesse contexto, segundo Canário (1998 apud ALMEIDA, 2006: 86), o
professor precisa ser, “um analista simbólico, um artesão, um profissional da
relação e um construtor de sentido”. É para esse novo perfil de professor que os,
professores formadores, tem que estudar; o que significa assumir a própria
identidade – porque identidade é metamorfose – precisa se modificar para atender
as solicitações deste novo tempo.
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Conclusão Durante a primeira década de funcionamento da Escola Normal, podem ser
observados discursos que questionavam os resultados trazidos pela instituição, no
entanto, este modelo se legitimou com o passar do tempo, havendo o aumento
gradual de alunos que procuravam a escola, o que pode ser observado por meio
do quantitativo da matrícula. Ao longo dos primeiros cinco anos, contava-se 1166
alunos inscritos na primeira série. Dentre estes, mais de 700 eram mulheres, o
que indica a sua forte presença na escola.
Nesse sentido, o aumento gradual de mulheres no quadro docente, e a
procura feminina pela Escola Normal, dentre outros fatores modificou as
representações acerca desta ocupação. Estes números apontam para um
processo que vinha se afirmando no final deste século em diversas províncias do
Império, o da feminização do magistério primário.
Assim, pode-se observar que a questão da feminização do magistério
primário estava ligada à presença das meninas nas escolas primárias, devendo
este espaço ser organizado para recebê-las, tanto fisicamente quanto em relação
ao modo como era realizada a seleção e formação das professoras que ocupariam
tais instituições. Este processo vem sendo estudado em diferentes pesquisas na
historiografia recente. Pode-se observar que houve um crescimento no número de
mulheres no magistério, fato relacionado a vários fatores como o incentivo das
políticas educacionais à presença das mulheres em sala de aula; aumento da
quantidade de meninas matriculadas nas escolas primárias; mudanças na cultura
escolar.
Paralelamente construiu-se a ideia de que as mulheres deveriam entrar
para o magistério, pois havia uma representação de que o magistério primário
estava relacionado à maternidade e, portanto, a uma função feminina.
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As escolas normais tiveram, pelo menos enquanto formadoras de
professoras, participação bastante relativa, uma vez que a quantidade de
mulheres não normalistas que entraram para a docência tinha um alto índice. Fato
semelhante à realidade da Corte, uma vez que a Escola Normal se estabeleceu
somente nas últimas décadas deste século. Assim, é possível observar, na Corte,
medidas que se relacionam ao processo de feminização do magistério. Como
exemplos, observa-se a lei de 1879, a qual permite às mulheres o ensino a
meninos, valorizando a sua inserção na instrução primária; discursos em defesa
deste oficio para elas, pois, elas tinham características maternais; a organização
do espaço escolar, inclusive da Escola Normal pensando na co-educação dos
sexos, entre outros.
O magistério primário foi a única profissão, no período da primeira
República, possível as mulheres brancas e de classe média. A educação feminina
era diferente da masculina e as mulheres eram preparadas para o lar, deveriam
ser boa esposa e mãe, tendo essas qualificações, as senhoras estariam
preparadas para sua atuação como professoras.
As mulheres ingressavam no magistério por diversas razões, entre elas,
pelo fator familiar, pois a família precisava de dinheiro, outro fator seria por que a
profissão dava espaço para as mulheres atuarem como mãe, esposa, professora,
etc.
E, os homens se distanciavam do magistério em decorrência da
desvalorização da profissão, do atraso salarial, do desprestígio dado ao docente,
assim como a busca de áreas mais rentáveis que acompanhava o crescimento da
urbanização e industrialização.
Durante a pesquisa foi observado que a feminização do magistério na
escola elementar está diretamente vinculada ao processo de construção do
sistema de educação popular na sociedade brasileira. As insuficientes condições
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de trabalho e de salário, originárias do descaso do Estado para com o ensino
público determinaram o afastamento dos professores do sexo masculino do ensino
básico, pois, estes buscavam melhores salários. E, assim, as mulheres passaram,
então, a ser convocadas pelas políticas públicas a ocupar este espaço de trabalho
abandonado, que visavam muito mais a manutenção de princípios morais
conservadores do que a profissionalização das mulheres-professoras.
A feminilização do magistério ocorreu antes da feminização, ou melhor, a
feminização é consequência da feminilização, pois, se pensarmos que a profissão
docente tinha características similares às atribuídas as mulheres da época e que
isso facilitou o ingresso maciço das senhoras no ensino primário, veremos que a
feminilização antecedeu a feminização.
Contudo, algumas pesquisas apontam que é importante observar que este
processo não se deu de forma homogênea, não possuindo uma causa única
capaz de explicar este fenômeno, uma vez que homens e mulheres resistiram e se
apropriaram de normas e regras de acordo com seus interesses. Assim, esta
temática deve ser analisada a partir dos jogos de relações que a permeiam, pois
as mulheres tiveram uma participação, com maior ou menor grau, no processo de
feminização do magistério primário e, havendo também, no interior deste grupo,
posições conflitantes quanto à melhor forma de inserção neste ofício.
E, destacando-se nesta pesquisa a importância do coordenador
pedagógico como agente articulador, neste processo do curso de formação de
professores, pois, o coordenador pedagógico faz parte da equipe de gestão
escolar na escola e contribui para a formação desses futuros professores.
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43
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45
WEBGRAFIA
Lei Orgânica do Ensino Normal, 1946; http://www.soleis.adv.br/leiorganicaensinonormal.htm Acesso 21/4/2014.
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46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO......................................................................................02
AGRADECIMENTO......................................................................................03
DEDICATÓRIA.............................................................................................04
RESUMO......................................................................................................05
METODOLOGIA...........................................................................................06
SUMÁRIO.....................................................................................................07
INTRODUÇÃO..............................................................................................08
CAPÍTULO I- Trajetória de Feminização do Magistério..................................10
1.1- O lugar das mulheres na sociedade brasileira......................................10
1.2- As relações de gênero na construção do sistema de ensino público..13
1.3- O magistério primário visto como ocupação para homens...................15
1.4- A participação da mulher........................................................................17
CAPÍTULO II- A Formação de Professores na Corte Brasileira e o Início da Feminizaçãdo Magistério Primário..........................................................................18
2.1- A Escola Normal da Corte...............................................................................18
2.2- O Funcionamento da Escola Normal...............................................................20
2.3- Incentivo à freqüência as escolas normais para as mulheres..........................21
2.4- A sociedade brasileira republicana...................................................................23
CAPÍTULO III- Lei Orgânica do Ensino Normal......................................................24
3.1- O Brasil no ano de 1940.....................................................................................24
3.2- A educação profissional técnica de integrada ao ensino médio........................25
3.3- Lei Orgânica do Ensino Normal – Decreto- Lei 8530/461..................................27
CAPÍTULO IV- O Coordenador Pedagógico Também é Visto como um Educador...31
4.1- A função do coordenador pedagógico................................................................31
4.2- O coordenador educacional como mediador da escola.....................................32
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4.3- Orientação permanente dos estudos..................................................................33
4.4- Relações interpessoais na escola......................................................................34
4.5- Refletindo sobre o papel do coordenador pedagógico no processo de articulação da formação continuada dos professores na escola........................................35
CONCLUSÃO.........................................................................................................40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................43
WEBGRAFIA..........................................................................................................45
ÍNDICE....................................................................................................................46