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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOS EXTENSIONISTAS RURAIS
EM RELAÇÃO AOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA EXTENSÃO RURAL, ESLOC. RONDON DO
PARÁ/EMATER-PA.
Por: Abdianne de Macedo Cavalcanti
Orientadora: Profª. Mariana de Castro Moreira
Conceição do Araguaia-PA
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOS EXTENSIONISTAS RURAIS
EM RELAÇÃO AOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA EXTENSÃO RURAL, ESLOC. RONDON DO
PARÁ/EMATER-PA.
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Educação Ambiental.
Por: Abdianne de Macedo Cavalcanti.
2
AGRADECIMENTOS
Além de Deus, que continuamente nos
dá força e faz com que surjam
momentos únicos em nossas vidas,
temos muitas pessoas a agradecer em
razão da ajuda, da acolhida, do
incentivo, das criticas e sugestões que
nos deram. Algumas em especial.
Aos meus pais Abdias e Benedita, ao
meu esposo Luiz Flávio e a toda minha
família, cujo amor e apoio significam
muito para mim.
Aos extensionistas rurais do Esloc.
Rondon do Pará-PA.
Aos Professores Leonardo Silva da
Costa e Mariana de Castro Moreira.
Agradeço a todos que com seu
exemplo me ensinaram a nunca desistir
dos meus sonhos e acreditar sempre
que é possível.
3
DEDICATÓRIA
Ao meu esposo e extensionista rural Luiz
Flávio, pela alegria de compartilharmos
este momento.
4
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar como a educação ambiental
vem sendo interpretada pelos agentes da extensão rural e como ela reflete na
prática destes extensionistas rurais. Identificando as práticas pedagógicas
ambientais presentes no desenvolvimento da educação ambiental pelos
extensionistas do Esloc. Rondon do Pará/EMATER-PA. A adoção de um
modelo de extensão rural como processo educativo voltado ao capital trouxe
grandes prejuízos para o país, rendendo criticas não só do ponto de vista
educacional, como também ambiental e socioeconômico. No entanto todas
essas criticas fizeram com que a extensão rural sofresse algumas redefinições,
começando a inserir a problemática ambiental em seus discursos, baseando-se
nos princípios de agroecologia, constituindo um novo ideário ambiental no
espaço rural, comprometido com o desenvolvimento rural sustentável.
Concluímos com esta pesquisa que falta a esses profissionais uma orientação
institucional clara para o tema e propostas de práticas de educação ambiental.
5
METODOLOGIA
Este estudo tem como base uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo participante, visando alcançar os objetivos que foram propostos.
Inicialmente será feita uma revisão bibliográfica para descrever teorias que abordam a origem da extensão rural e suas práticas educativas e para apresentar aspectos teóricos da Educação Ambiental. A revisão bibliográfica será feita mediante uma leitura sistemática, com fichamento de cada obra, de modo a ressaltar os pontos pertinentes ao assunto em estudo abordados pelos autores.
A pesquisa de campo será realizada no Escritório Local de Rondon do Pará/EMATER-PA, e como instrumento de coleta de dados utilizar-se-á a aplicação de questionários que serão aplicados a 5 (cinco) Extensionistas Rurais, distribuídos no Escritório Local. Antes da entrega será explicada a importância da pesquisa e a necessidade de se obter respostas confiáveis para as questões.
O processo de análise dos dados coletados se dará através de uma abordagem qualitativa na busca de entender a natureza de fenômeno pesquisado dentro de sua complexidade social e analisar sua interação entre os atores envolvidos.
6 SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I - ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL
1.1 Como tudo começou no Brasil 12
1.2 O processo educativo na extensão rural 14
CAPÍTULO II - EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EXTENSÃO RURAL
2.1 Práticas dos extensionistas sem uma preocupação ambiental 20
2.2 O campo de atuação em educação ambiental 25
2.3 A educação ambiental na ação extensionista 28
CAPÍTULO III – CONTRIBUIÇÕES DA EXTENSÃO RURAL NA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL.
3.1 Práticas educativas ambientais na extensão rural, para o desenvolvimento
rural sustentável. 36
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 44
ANEXOS 46
7
INTRODUÇÃO
No Brasil os serviços de extensão rural surgiram na década de 40. Desde o seu surgimento a ação extensionista sempre esteve pautada pela função educativa.
Dessa forma, ocorreu uma expansão desse tipo de serviço em todo território nacional, tendo como pólo orientador a ACAR (MG), que possuindo assessoria americana formou os primeiros extensionistas-educadores. A estes era dada a tarefa de orientar e ministrar cursos sobre extensão rural para os novos extensionistas, e consistia em ensinar os métodos e as estratégias que deveriam ser utilizados para fazer com que os agricultores e suas famílias passassem a adotar inovações tecnológicas na agricultura.
A partir da adoção desse modelo, a Associação Brasileira de Crédito Agrícola (ABDCAR) passou a garantir a reprodução ideológica de seus princípios, como podemos observar:
O treinamento tem sido um dos fatores fundamentais para o desenvolvimento da Extensão Rural no Brasil, não somente pela uniformização dos seus princípios doutrinários, mas também pela oportunidade que tem dado a diversas pessoas de desenvolver suas potencialidades, capacitando-as à realização de um trabalho de educação extra-escolar. (ABDCAR, 1958, p.5)
A extensão rural surgiu como processo educativo voltado ao capital. O que causou uma grande contradição entre as propostas extensionistas e as exigências do sistema agrícola e econômico do país.
A adoção deste modelo de extensão rural e de desenvolvimento trouxe grandes prejuízos para o país, rendendo críticas não só do ponto de vista educacional, como também ambiental e socioeconômico. Os prejuízos ambientais foram ocasionados principalmente em decorrência do expressivo aumento no uso de agrotóxicos, de mecanização agrícola das lavouras e da pratica da monocultura, o que acelerou consideravelmente, o processo da degradação ambiental.
Feitas essas considerações iniciais é importante ressaltar que não pode existir educação que não seja também ambiental, ou seja, esse processo educativo se tornava inútil. Como afirma Carvalho (2002, p.36):
...desacompanhada da dimensão ambiental, a Educação perde parte de sua essência e pouco pode contribuir para a continuidade da vida humana.
No entanto todas essas criticas fizeram com que a extensão rural sofresse principalmente nos anos 80, algumas redefinições advindas do movimento conhecido com o “Repensar da Extensão”.
Foi também a partir desse momento que a extensão rural começou a inserir a problemática ambiental em seus discursos, tendo sua importância realmente reconhecida apenas nos anos 90, através da proposta de um novo modelo de agricultura e de desenvolvimento rural. Este modelo baseava-se nos princípios da agroecologia, correspondendo à passagem de um novo modelo
8 produtivista, constituindo um novo ideário ambiental no espaço rural, comprometido com o desenvolvimento rural sustentável.
Diante do exposto, buscamos analisar como a Educação Ambiental vem sendo entendida e realizada pelos extensionistas rurais; compreendendo as concepções e praticas dos extensionistas em relação a esse novo modelo.
Acredita-se na importância de se discutir a temática ambiental na sociedade atual, bem como a sua inserção no âmbito da extensão rural. Assim, a Educação Ambiental pode vir a possibilitar a construção de uma nova extensão rural comprometida com o desenvolvimento rural sustentável.
Em face dessa realidade, buscamos analisar como a Educação Ambiental vem sendo interpretada pelos agentes da Extensão Rural do Esloc. Rondon do Pará/EMATER-PA e como ela reflete na prática desses extensionistas rurais. Conhecendo a proposta de Educação Ambiental na EMATER-PA, identificando as práticas pedagógicas ambientais presentes na ação extensionista, apontando limites e possibilidades presentes no desenvolvimento da Educação Ambiental pelos extensionistas do Esloc. Rondon do Pará/EMATER-PA.
9
CAPÍTULO I
ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL
A atividade extensionista é praticada há muitos séculos e está
intimamente ligada ao desenvolvimento da agricultura do século XX. O
extensionismo de maior destaque como iniciativa de instituição pública, teve
origem nos Estados Unidos e surgiu por necessidade numa época em que
havia abundância de terras agricultáveis e o fator escasso era o elemento
humano capacitado para exercer a atividade agropecuária de forma produtiva
e, ao mesmo tempo lucrativa.
O serviço de Extensão Rural dos Estados Unidos pode ser contada
antes e depois de sua origem oficial em 1914, quando a Lei Smith-Lever foi
aprovada pelo Congresso Americano, provendo-lhe suporte governamental
(KELSEY e HEARNE, 1949,p.18). Seu sucesso levou-o a que, continuamente,
atualizasse seus métodos para desempenhar sua responsabilidade de “ajudar
o povo a ajudar-se”, base de sua filosofia.
O primeiro relato de uma ação extensionista nos Estados Unidos foi em
1961, quando um índio chamado Squanto demonstrou como plantar milho aos
primeiros colonos brancos. As instruções do índio foram anotadas pelo
reverendo Brandford e relatadas como se segue:
Meus bons amigos, o tempo de plantar chegou. Os gansos
deixaram o rio e baía, para seguir ao seu lar nas terras do norte.
Os pássaros retornaram das terras do sul e estão nidificando nas
árvores. O sol está quente e a lua é como uma sombra nas
nuvens. As primeiras flores da primavera perfumam o ar. Por estes
sinais e muitos outros, meu pai e meu avô aprenderam a conhecer
que o tempo adequado para plantar milho chegou. (apud. DI
FRANCO, 1958, p.60).
Este é um bom exemplo de um processo educacional, que faz a
diferença entre o velho e o novo sistema de levar as melhores técnicas
10 agrícolas aqueles que possam utilizá-las. É importante ressaltar que nos
Estados Unidos, a extensão nasceu com duas preocupações básicas,
voltando-se para os aspectos cooperativos e universitário, quando no primeiro
caso se preocupou com uma ação materializada em práticas de forma
interativa, com a instrução sobre os temas básicos de interesse da sociedade
rural, onde se inseriam as noções necessárias de agricultura, com as
demonstrações práticas e sobre aspectos voltados para economia doméstica.
Havia duas fontes onde os produtores podiam conseguir informações e
conhecimentos. As duas, contudo, tornaram-se mais eficazes para estender
seus serviços educacionais com a criação do Serviço Cooperativo de Extensão
Rural (BLISS, 1952, p.43). As informações, as habilidades e as práticas
levadas pelos imigrantes para o novo mundo não eram suficientes para a nova
agricultura local. Era necessário improvisar, valer-se de tentativas e erros,
enfim, encontrar soluções para os problemas de aberturas de novas terras.
Isto levou à criação e aceitação dos colégios agrícolas e das agências
governamentais. O sucesso foi atestado pelo fato de que os Estados Unidos se
desenvolveram como uma das mais ricas, progressivas e eficientes áreas
agrícolas do mundo. A razão desse sucesso está no fato de que as agências
governamentais de apoio à agricultura criada nunca deixaram de assistir às
necessidades dos produtores rurais. Isto explica também porque, pouco tempo
depois, ficou evidente que a pesquisa e a experimentação eram funções vitais
de instituições educacionais. O congresso dos Estados Unidos aprovou a Lei
Hatch em 1887, alocando cada colégio de agricultura os fundos necessários
para estabelecer permanentemente fazendas experimentais, chamadas depois
de estações experimentais.
Com o desenvolvimento dessas estações experimentais, muita
informação nova tornou-se disponível aos produtores rurais. E com uma maior
demanda, houve a necessidade de se trabalhar com grupos maiores. E como
resultado dessa procura, foram criados os Institutos dos Fazendeiros,
tornando-se época, as atividades sociais mais importantes. Este fator social
contribuiu para o crescimento do movimento extensionista.
11
Este movimento, ligado aos colégios de agricultura, tornou-se tão
imenso e difundido pelos Estados Unidos que em 1905 foi criado um comitê do
trabalho extensionista pela Associação Americana de Colégios Agrícolas e
Estações Experimentais. Três anos mais tarde, o trabalho de extensão rural
dos colégios agrícolas foi considerado de tal magnitude e importância que
deveria ser levado ao mesmo nível da pesquisa e do ensino. A recomendação
foi que as três atividades tivessem uma só coordenação. Este foi um dos
eventos mais significativos visando fazer do Serviço de Extensão Rural uma
organização permanente e bem sucedida.
O serviço de Extensão Rural foi flexível bastante para mudar a ênfase de
seu programa de “mais produção” para uma “produção mais eficiente e melhor
comercialização”, tornado a vida rural mais auto-suficiente, melhorando as
condições do meio rural para manter o produtor rural em sua propriedade.
Houve uma mudança substancial na troca da assistência individual pela
assistência a grupos comunitários.
A utilização de lideres locais não foi só uma conseqüência natural do
trabalho de Extensão Rural, como também uma necessidade. Este
procedimento tornou possível prover o máximo de assistência técnica para um
público maior, através dos extensionistas.
Com o passar do tempo o serviço de Extensão Rural dos Estados
Unidos foi se expandido e se modernizando, à medida que as condições do
ambiente se modificavam, e hoje existe um Serviço de Extensão Rural em cada
unidade da federação americana.
O interesse maior do serviço de extensão era habilitar o agricultor e seus
familiares a obter maior produtividade resultante do trabalho realizado através
do uso correto dos fatores de produção, principalmente quanto aos novos
insumos, à mecanização e ao crédito. A extensão nasceu, e continua sendo,
como um instrumento de ensino e educação informal, fora dos moldes da
escola básica, precisamente para que os agricultores, as donas de casa e os
jovens rurais tenham oportunidade de se instruir sem prejudicar as lides rurais
ou domesticas cotidianas, ou mesmo, abandoná-las.
12
1.1 - COMO TUDO COMEÇOU NO BRASIL
A história da extensão rural no Brasil foi referenciada na extensão norte-
americana e iniciou-se no ano de 1948 em Santa Rita do Passa Quatro, em
São Paulo, como serviço experimental, que nesse momento foi objeto de
grande fracasso. Em seguida no mesmo ano, surgiu em Minas Gerais,
mediante convênio firmado entre o governo daquele estado e a American
Internacional Associations (AIA), a Associação de Crédito e Assistência
Rural (ACAR), que se voltava para pequenos produtores e visava elevar o
padrão de renda da comunidade e aumentar a sua produção e
produtividade, tendo como suporte básico o crédito rural supervisionado.
Posteriormente, no ano de 1956, foi instituído um órgão de Coordenação
Nacional, denominado Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural
(ABDCAR), com base em um modelo difusionista-inovador.
Após sua criação, ocorreu uma expansão desse tipo de serviço em todo
o território nacional. Esse crescimento teve como pólo orientador a ACAR
(MG), que possuindo assessoria americana formou os primeiros
extensionistas-educadores. A estes era dada a tarefa de orientar e ministrar
cursos sobre a extensão rural para os novos extensionistas que eram
contratados.
Na década de 50, a Associação Brasileira de Crédito Agrícola
(ABDCAR) elaborou uma política de treinamento permanente. Após a
fixação dessa política e o crescimento das filiadas à ABCAR, passaram a
ser criados outros centros de treinamentos, como: CETREINO (Nordeste),
CETREISUL (RS), CEE (Viçosa, MG), CETRE (Florianópolis, SC), entre
outros.
O modelo difusionista utilizado para persuadir a população rural pode ser
identificado no “Manual do Extensionista” da Emater (RS), onde aparece o
ideário de Everett Rogers acerca da comunicação, vejamos:
É por isso que Rogers define estratégias de comunicações como
um plano para mudar o comportamento humano em ampla escala
13
através da transferência de novas idéias (EMATER, RS, Manual,
cap.19, p.2).
Ao contrário do que era proposto, a extensão rural que deveria ser
dirigida para a agricultura como um todo – incluindo os créditos e a extensão
rural – foi direcionada para os médios e grandes produtores, enquanto a
agricultura familiar se mantinha marginalizada. A proposta de extensão rural,
no caminho contrário desconsiderava qualquer outra forma de conhecimento
que não a produzida nas universidades e centros de pesquisa, criando um
abismo entre o técnico e o tradicional. Para a extensão rural, o saber dos
agricultores era tido como atrasado e deveria ser combatido.
Na década de 70, o governo do presidente Ernesto Geisel “estatizou “o
sistema implantado no país o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e
Extensão Rural (Sibrater), – que inicialmente foi implantada como um serviço
privado ou paraestatal, na década de 50 – coordenado em nível nacional pela
Empresa Brasileira de Assistência técnica e Extensão Rural (Embrater) e
executado nos estados pelas Empresas de Assistência Técnicas e Extensão
Rural (EMATER).
Essas fundamentações da extensão rural fizeram com que surgissem
críticas a esse modelo de extensão, como as críticas de Paulo Freire.
Para Freire (2006), o agrônomo trabalha para a transferência de
tecnologia, sem levar em conta o saber de seu público. É esta prática
extensionista – difusionista proposta por Rogers e seguida pela extensão rural
no Brasil que leva Freire a concluir que:
(...) parece claro o equívoco ao qual nos pode conduzir o conceito
de extensão: o de estender um conhecimento técnico até os
camponeses, em lugar de (plena comunicação eficiente) fazer do
fato concreto ao qual se refira o conhecimento (expresso por
signos lingüísticos) objeto de compreensão mútua dos
camponeses e agrônomos. (FREIRE, 2006, p.70).
14
Freire (Ibid) identifica essa prática como uma espécie de “adestramento”
técnico dos agricultores e suas famílias.
Sem ter o poder para mudar, as informações transmitidas pela Extensão
Rural passam a não significar algo de positivo para os produtores rurais e a
atitude predominante destes será de aversão à mudança. Para criar propensão
á mudança em seu significado mais completo, é necessário não só grande
habilidade profissional por parte dos extensionistas, como também dispor de
poder para mudança.
Para definir a “nova extensão rural” é preciso identificar rumos, conhecer
os agricultores e agricultoras e suas formas de organização, sua dinâmica, sua
lógica, seus valores, suas experiências, sua história e, por que não, suas
pretensões. É imprescindível reconhecer que os agricultores têm experiências
acumuladas, embora não sistematizadas. É preciso reconhecer a importância
de tais experiências para iniciar qualquer diálogo. Este reconhecimento e
valorização não podem ser artificiais; o extensionista precisa estar convencido
desta premissa.
É preciso entender a extensão rural como um processo educativo que
propicia às famílias rurais assistência técnica, econômica e social, visando
ajudá-las a elevar sua qualidade de vida, com sustentabilidade e, sobretudo,
com o mínimo possível de dano ao meio ambiente. Tal objetivo requer
mudanças de atitudes, hábitos e habilidades por parte das famílias rurais. As
ações de um agente de extensão devem ser tecnicamente possíveis,
economicamente justificáveis, socialmente desejáveis, financeiramente viáveis,
politicamente aceitáveis, ecologicamente corretas e, sob todos os pontos de
vista mencionados, sustentáveis.
1.2 - O PROCESO EDUCATIVO NA EXTENSÃO RURAL
Sabemos que a Educação é um dos elementos fundamentais da
transformação. Não só a educação escolar, mas também a educação no seu
sentido amplo.
15
A palavra educar deriva da palavra latina educare, que significa “revelar
o que está dentro”, deixar florescer as habilidades e potencialidades, tornando
explicito os poderes inatos do homem.
Segundo Larroyo (1970, p.13),
a palavra educação (do latim educare, no grego paidagogein) tem
sentido humano e social. É um fato que se verifica desde as
origens da sociedade humana. Caracteriza-se como um processo
por obra do qual as gerações jovens vão adquirindo os usos e
costumes, as práticas e hábitos, as idéias e crenças, em uma
palavra, a forma de vida das gerações adultas. Nos povos mais
primitivos, a educação se manifesta com influência inconsciente
do adulto sobre a criança e o adolescente. Com o tempo, o
homem se apercebe da importância desse fato. O caçador inicia
seus filhos no penoso afã de capturar animais; nos povos
agrícolas, a mãe adestra os seus nas artes rudimentares do
cultivo, e assim por diante. Sobre esta educação primitiva, de
caráter geral e espontâneo, vai aparecendo com o correr dos
tempos, um conjunto de usos e instituições destinados a
desenvolver conscientemente a vida cultural dos jovens. Nesta
fase do processo, que antes era influência espontânea, agora
toma a forma de uma influência intencionada, isto é, realiza-se
voluntariamente, sobre as gerações jovens e são exercida por
pessoas especializadas, em lugares adequados e de acordo com
certos propósitos religiosos, políticos, econômicos. Embora a
educação intencionada signifique inegável progresso no
desenvolvimento da sociedade, nunca desaparece a educação
primitiva e espontânea. Ao lado da educação intencionada de
escola, existe atualmente a ação difusa do lar, da Igreja e do
poder público, além de outros fatores específicos como o livro, o
jornal, o teatro e assim por diante. Contudo, há um caráter comum
em todo o processo educativo: quer seja espontânea ou reflexiva,
a educação é fenômeno mediante o qual o individuo se apropria
em quantidade maior ou menor da cultura (língua, ritos religiosos e
funerários, costumes morais, sentimentos patrióticos,
conhecimentos da sociedade onde se desenvolve, adapta-se ao
estilo de vida a comunidade onde se desenvolve).
16
A educação é um instrumento especifico do ser humano por ser o
mesmo provido de racionalidade.
Pode-se dizer que a educação é um processo pelo qual são transmitidos
aos indivíduos os conhecimentos e atitudes necessárias para que ele tenha
condições de se integrar à sociedade. É através da educação que esses
indivíduos irão sobreviver numa sociedade que transformou radicalmente as
suas condições naturais de vida.
Conforme Chauchard (1967, p.21),
Só o homem pode ser livre, porque o progresso de sua
cerebrização transferiu ao cérebro superior às funções do cérebro
instintivo animal. [...] mas para ser verdadeiramente livre deve
fundar sua conduta numa decisão refletida, freqüentemente ele é
tão pouco livre quanto o animal, pois aquilo que toma por
espontaneidade humana nada mais é do que obediência cega,
simples conformismo a usos sociais, a hábitos que julga ser um
infalível e incoercível instinto. [...] ora, como não somos animais,
não possuímos instintos corretos aos quais conviria obedecer. O
homem não pode animalizar-se. Não fará senão desumanizar-se
toda vez que, em lugar de querer o que lhe convém, obedecer a
maus hábitos. [...]
(p.65-66) De nada serviria ao homem ter esse super cérebro, se
não fora também um ser de natureza social, isto é, que não pode
sozinho equilibrar-se, que tem necessidade dos outros. [...] O
homem nasce com um cérebro inacabado, que não é rico senão
em possibilidades, que aprenderá a desenvolver copiando aqueles
que com ele convivem.
Partindo do pressuposto de que a história é tempo de possibilidades, a
prática educativa deve ser, em si, um testemunho rigoroso de decência e de
pureza. Mulheres e homens, como seres histórico-sociais, se tornaram capazes
de valorizar e intervir, de escolher, decidir, romper e, por tudo isso, fizeram-se
éticos.
17
Instaura-se um novo tempo na educação. Um tempo em que o educador
que somos nós, é o mestre capaz de ensinar, direcionar e, ao mesmo tempo,
reconhecer-se como aprendiz, nutrindo o anseio permanente de aperfeiçoar-se
para crescer, sem a arrogância do saber, criando um clima de irmandade entre
todos. Vivenciamos uma educação que eleva que promove no indivíduo a
reflexão sobre as próprias identidades e realidade, onde a aprendizagem é
compartilhada tanto por quem ensina como por quem aprende, em uma
autêntica permuta de saberes que se perpetua enquanto durarem as situações
concretas de vivências práticas, inseridas na própria vida do grupo de
aprendizes e na realidade dinâmica que os fazem partilhar com o mundo e com
a vida. Portanto, a extensão rural pode ser definida como um processo
educativo não formal que há mais de sessenta anos está implantada no Brasil
e desenvolve no momento diversos programas educativos voltados para as
áreas da pequena produção agropecuária.
CAPÍTULO II
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EXTENSÃO RURAL
A Educação Ambiental vem sendo incorporada como uma prática
inovadora em diferentes âmbitos. Destaca-se, neste sentido, sua internalização
como objeto de políticas públicas em âmbito nacional quanto sua incorporação
num âmbito mais capilarizado, como mediação educativa, por um amplo
conjunto de práticas de desenvolvimento social.
O trabalho de Educação Ambiental deve ser desenvolvido a fim de
ajudar a todos os aprendizes a construírem uma consciência global das
questões relativas ao meio ambiente para que possam assumir posições
afinadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria. Para isso, é
importante que possam atribuir significado àquilo que aprendem sobre a
questão ambiental. E esse significado é resultado da ligação que se estabelece
18 entre o que se aprende e a sua realidade cotidiana, da possibilidade de
estabelecer ligações entre o que aprende e o que já conhece e, também, da
possibilidade de utilizar o conhecimento em outras situações. A perspectiva
ambiental oferece instrumentos para que se possa compreender problemas
que afetam a vida, a comunidade, o país e o planeta. Muitas das questões
políticas, econômicas e sociais são permeadas por elementos diretamente
ligados à questão ambiental. Nesse sentido, as situações de ensino devem se
organizar de forma a proporcionar oportunidades para que o aluno possa
utilizar o conhecimento sobre Meio Ambiente a fim de compreender a sua
realidade e atuar sobre ela.
O trabalho com a realidade local possui a qualidade de oferecer um
universo acessível e conhecido e, por isso, passível de ser campo de aplicação
do conhecimento. Grande parte dos assuntos mais significativos para os
aprendizes estão circunscritos à realidade mais próxima, ou seja, sua região. E
isso faz com que, para a Educação Ambiental, o trabalho com a realidade local
seja de grande importância.
As questões ambientais oferecem uma perspectiva particular por tratar
de assuntos que, por mais localizados que sejam, dizem respeito direta ou
indiretamente ao interesse do planeta como um todo. Isso determina a
necessidade de se trabalhar com o tema Meio Ambiente de forma não-linear e
diversificada. Portanto, para que todos possam compreender a complexidade e
a amplitude das questões ambientais, é fundamental oferecer-lhes, além da
maior diversidade possível de experiências, uma visão abrangente que englobe
diversas realidades e, ao mesmo tempo uma visão contextualizada da
realidade ambiental, o que inclui, além do meio ambiente físico, as suas
condições sociais e culturais.
Uma vez identificada a entrada da Educação Ambiental como parte dos
processos de transição ambiental e suas inúmeras interfaces com diferentes
campos de ação da extensão rural, cabe abrir um debate sobre as modalidades
desta prática educativa, suas orientações pedagógicas e suas conseqüências
como mediação apropriada para o projeto de mudança social e ambiental no
qual esta vem sendo acionada. Em primeiro lugar, caberia perguntar: existe
19 uma educação ambiental ou várias? Será que todos os que estão fazendo
educação ambiental comungam de princípios pedagógicos e de um ideário
ambiental comuns? A observação desta prática facilmente mostrará um
universo extremamente heterogêneo no qual, para além de um primeiro
consenso em torno da valorização da natureza como um bem, há uma grande
variação das intencionalidades sócio educativas, metodologias pedagógicas e
compreensões acerca do que seja a mudança ambiental desejada.
Nesse sentido, a Educação Ambiental é um conceito que, como outros
da “família ambiental”, sofre de grande imprecisão e generalização. O problema
dos conceitos vagos é que acabam sustentando certos equívocos e, neste
caso, o principal deles é supor uma convergência tanto da visão de mundo
quanto das opções pedagógicas que informam o variado conjunto de práticas
que se denominam de Educação Ambiental.
Outras correntes pedagógicas antes das EAs também se preocupavam
em contextualizar os sujeitos no seu entorno histórico, social e natural.
Trabalhos de campo, estudos do meio, temas geradores, aulas ao ar livre, não
são atividades inéditas na educação. Estes recursos educativos, tomados cada
um por si, não são estranhos às metodologias consagradas na educação como
aquelas inspiradas em Paulo Freire e Piaget, entre outras. Assim, qual seria o
diferencial da Educação Ambiental? O que ela nos traz de novo que justifique
identificá-la como uma nova prática educativa?
Poderíamos dizer, numa primeira consideração, que o novo de uma
Educação Ambiental realmente transformadora, ou seja, daquela Educação
Ambiental que vá além da reedição pura e simples daquelas práticas já
utilizadas tradicionalmente na educação, tem a ver com o modo como esta
Educação Ambiental revisita esse conjunto de atividades pedagógicas,
reatualizando-as dentro de um novo horizonte epistemológico em que o
ambiental é pensado como sistema complexo de relações e interações da base
natural e social e, sobretudo, definido pelos modos de sua apropriação pelos
diversos grupos, populações e interesses sociais, políticos e culturais que aí se
estabelecem. O foco de uma educação dentro do novo paradigma ambiental,
portanto, tenderia a compreender, para além de um ecossistema natural, um
20 espaço de relações socioambientais historicamente configurado e
dinamicamente movido pelas tensões e conflitos sociais.
2.1 - PRÁTICAS DOS EXTENSIONISTAS RURAIS SEM UMA
PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL
Após a Segunda Guerra Mundial, a “agricultura moderna” passou a ter
como principal corrente a chamada “revolução verde”. Esta foi difundida
rapidamente, apoiada por órgãos governamentais, universidades, centros de
pesquisa agropecuários e pelas empresas produtoras de insumos (sementes
híbridas, fertilizantes sintéticos e agrotóxicos), além, é claro, do incentivo de
organizações mundiais como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (ABID), a United States Agency for Internacional
Development (USAID- Agencia Norte Americana para o Desenvolvimento
Internacional), a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO), dentre outras.
Conforme Weid (1997, p.28), no marco da “revolução verde”, que implica
o uso de insumos industriais, variedades melhoradas e híbridas e a
motomecanização, gerou-se uma conseqüente especialização da produção em
monoculturas, homogeneizando as propriedades e regiões em função de
produtos que tiveram vantagens competitivas no mercado e a perda dos
vínculos com as lógicas locais, voltadas para a reprodução das condições
sociais e ambientais que favorecem a sustentabilidade nos agroecossistemas.
Os métodos da intervenção da extensão oficial inicialmente eram
escancaradamente “dirigistas” e “enquadradores”, condicionando o crédito ao
uso dos “pacotes tecnológicos”.
O modelo agroindustrial começa a dar sinais de exaustão a partir da
década de 60: desflorestamento, diminuição da biodiversidade, erosão e perda
da fertilidade dos solos, contaminação da água, dos animais silvestres e dos
agricultores por agrotóxicos e maior resistência de pragas e doenças passaram
a ser decorrências quase inerentes à produção agrícola. A “revolução verde”
provocou ainda mais a concentração das terras nas mãos de fazendeiros e, por
21 conseqüência, o êxodo de famílias inteiras para os grandes centros, além da
perda de traços culturais no plantio, na criação e nas relações sociais.
Como observamos as práticas extensionistas estando alicerçadas no
modelo americano difusionista, a relação ensino-aprendizagem objetiva fazer
com que a população rural compreenda a necessidade do progresso.
Tomando como base o pressuposto de que o desenvolvimento é um tipo
de mudança social, a modernização das atividades agrícolas era essencial
para atingi-lo. Nesse sentido, era essencial educar o povo rural a fim de torná-
lo predisposto às mudanças.
Muitos foram os esforços da Empresa Brasileira de Assistência Técnica
e Extensão Rural (EMBRATER) para adequar as criticas feitas às práticas
educativas dos extensionistas, ela mantinha-se firme em sua base teórica
difusionista, uma vez que o tipo de profissional requerido por ela deveria estar
preparado para a transferência de tecnologia agropecuária por meio de
processos educativos. Processos esses que estão voltados para a mudança da
mentalidade do povo rural, a fim de que modernizasse as suas atividades.
Nessa perspectiva, as práticas educativas passam a ser instrumentos
pelos quais os técnicos despertam no povo rural a necessidade de mudança,
para mais tarde propor o caminho a ser seguido; indicando assim as
tecnologias agropecuárias e gerenciais que devem ser utilizadas para suprir as
necessidades criadas.
A educação ocorre mediante uma comunicação dirigida, unilateral,
autoritária, numa relação de sujeito/objeto, sem que haja a problematização
das tecnologias que estão sendo introduzidas.
A atuação do extensionista, no que diz respeito ao processo educativo,
foi e continua sendo muito questionada em diferentes momentos históricos.
Com o ressurgimento dos movimentos sociais no campo e nas cidades,
no final da década de 70, foi necessário que a extensão rural assumisse um
discurso em que deveria incluir a participação do público em suas atividades. O
mesmo ocorreu na década de 80, cuja nova bandeira do extensionismo era o
Planejamento Participativo.
22
Ainda que a EMBRATER tivesse incorporado a idéia do Planejamento
Participativo, disseminado-a para suas filiadas, cuja proposição é a utilização
“da pedagogia da libertação, desenvolvida por Paulo Freire” (EMATER, RS,
1982, p.3), suas práticas educativas continuaram a ser exercidas com os
mesmos propósitos difusionistas, sem desenvolver mecanismos capazes de
efetivamente transfomá-la em uma prática democrática.
Depois de 1985, ocorreu a primeira atitude concreta no sentido de
mudanças das práticas dos extensionistas, quando o presidente da
EMBRATER sinalizou para uma nova orientação, exigindo que o extensionista
fosse capaz de interpretar a realidade socioeconômica e cultural de forma
conjunta com os agricultores, suas famílias e organizações. Para mudar a
forma de atuação dos extensionistas, seria necessário modificar a sua política
de capacitação reafirmando o caráter educativo da extensão rural. A
EMBRATER orientou os capacitadores para uma nova concepção de educação
baseada no processo dialógico e participativo, assim com propunha Freire,
passando a trabalhar internamente no sentido de transformar seus propósitos
de mudanças em fatos concretos.
A partir da década de 90, sob uma nova orientação para o
desenvolvimento nacional (política do “Estado mínimo”, o governo do
presidente Fernando Collor de Melo extinguiu a EMBRATER, desativando a
SIBRATER, abandonando claramente alguns dos esforços antes realizados
para a existência de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER)
no país. Seria difícil, nesse quadro de semiabandono, a extensão rural apostar
na agricultura familiar como setor importante da economia na produção de
alimentos, uma vez que nem o Estado estava disposto a tal opção.
Os programas de ajuste estrutural, como a desobrigação do Estado de
algumas políticas públicas e a abertura das economias aos fluxos de mercado
internacional, impactaram de forma direta no sentido de desestruturar a
agricultura familiar. Ao contrário dos setores mais favorecidos esta se ressentia
mais rápido da crise ambiental provocada pela própria aplicação do modelo da
“revolução verde”. Um dos principais efeitos disso foi a exacerbação de
processos de concentração das melhores terras nas mãos de poucos,
23 empurrando a agricultura familiar para áreas marginalizadas, em ecossistemas
mais frágeis e com mínimas disponibilidades de terras. Isto provocou ainda
mais o êxodo rural, acirrando o inchaço nos grandes centros, fome, miséria e
violência.
Weid (1997, p.32), analisando os processos de desequilíbrios ambientais
e o agravamento da pobreza rural, destaca duas linhas no campo das
instituições internacionais voltadas para a cooperação, o desenvolvimento e o
financiamento. A linha dura do Banco Mundial, que insiste na política de
globalização e desmonte dos Estados nacionais, admitindo uma transição
dolorosa para o melhor dos mundos num futuro não definido, e a linha de
outras instituições, como Agência das Nações Unidas para a Agricultura a
Alimentação (FAO) e PNUD, num esforço de tentar conciliar os princípios
hegemônicos do neoliberalismo com a compreensão de que será preciso
adotar políticas compensatórias para garantir a sobrevivência de uma
agricultura familiar cuja desapropriação só faria engrossar as crises urbanas
nos países do sul e até mesmo nos do norte. Começou-se também a se
questionar a adaptabilidade do modelo da “revolução verde” para a agricultura
familiar e a necessidade de buscar aumentos de produtividade e renda com
tecnologias social, ecológica, cultural e economicamente apropriada às suas
condições.
Muita polêmica foi gerada em torno desse conceito de tecnologia
apropriada, que foi criticado, tanto pelos neoliberais como pelos marxistas,
como sinônimo de tecnologia subdesenvolvida. Mas antes que o debate se
resolvesse, um novo conceito ampliou esta definição ao aplicar o critério de
temporalidade ou durabilidade aos modelos de desenvolvimento. Chamado em
geral de sustentabilidade, este novo conceito, significou um duro golpe no
modelo agroquímico/motomecanizado/biotecnológico, possibilitando seu
questionamento, pois chama a atenção para o tempo limitado de uso de
recursos não renováveis e a necessidade de uma agricultura que preserve os
recursos naturais e o meio ambiente. Este conceito não golpeia apenas a
adaptabilidade do modelo da “revolução verde” para a agricultura familiar, mas
a própria sustentabilidade do modelo.
24
É necessário que o volume de produção e os índices de produtividade
cresçam justo nas terras atualmente consideradas não apropriadas para
utilização das técnicas disponíveis pela “revolução verde” e responsáveis por
ocasionar problemas ambientais. Para tanto, o modelo de desenvolvimento
produtivo deve ceder lugar a outro mais condizente com as necessidades
futuras. Contrariamente à busca de rendimentos máximos por produto
agropecuário com a utilização de insumos químicos, daqui para frente o foco
deverá ser colocado em sistemas globais de produção e suas composições
internas que substituam ditos insumos químicos, utilizem a engenharia genética
e a ecologia cientifica. Este novo paradigma consiste em melhorar os sistemas
de produção mais que os produtos, utilizando menos fertilizantes e inseticidas
que, além de caros, contribuem para a degradação ambiental. Conquanto
esses recursos sejam necessários para obter produção mais elevada, especial
atenção, de igual amplitude, deve ser dada à melhor utilização dos recursos
internos da unidade produtiva. Além de dominar os meios naturais, é preciso
conviver com sua diversidade. Com esta concepção, a modernização agrícola
deixa de passar por uma adaptação local de um paradigma global de
desenvolvimento técnico para ter capacidade de promover desenvolvimento
agrícola no contexto do meio natural.
A lógica da “revolução verde” era a de desenvolver novas técnicas,
antes de preocupar-se com as repercussões sócias e a degradação ambiental
que poderiam ocasionar.
As práticas de extensão rural não foram desprovidas de erros
ocasionais, de alguns poucos equívocos que requerem resgates, com os quais,
a extensão dos dias de hoje se preocupa em resolvê-los, levando-se em
consideração novos conceitos advindos da modernidade e da evolução
científica. Entre estes podemos nos referir a degradações no campo ecológico
em decorrência de práticas tecnologicamente aceitas no passado, por
ausências de políticas direcionadas ao setor ambiental e pela falta de um
sentimento ecológico inexistente à época, como obviamente pela ausência de
sua defesa na seara jurídica como elemento ainda não inserido nos direitos
fundamentais, como era a realidade, principalmente nas duas primeiras
25 décadas do serviço de extensão rural. Erros que foram cometidos por todos os
organismos estatais e não estatais que atuavam naquele momento histórico,
até mesmo pelos financiadores do sistema de extensão rural, entre eles o
próprio Banco Mundial, que inclusive avaliava os trabalhos dos extensionistas
que eram frutos do seu financiamento, e que por esse motivo se insere
também, aquele agente internacional, como co-responsável por diversas
situações que hoje se tenta contornar.
Em decorrência dos programas de trabalho, que durante alguns
momentos históricos funcionaram através de “pacotes tecnológicos”, o
extensionista foi determinado a colaborar de forma decisiva na venda e
propagação de bens industrializados, como agente emprestado ao setor
industrial, fugindo às formas não condizentes com os conhecimentos que hoje
temos e com o respeito que nos dias atuais se exige ao equilíbrio ambiental e à
verdadeira realidade da situação da pequena produção, no contexto político e
social da agricultura familiar.
2.2 - O CAMPO DE ATUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Sabemos que as práticas de Educação Ambiental, na medida em que
nascem da expansão do debate ambiental na sociedade e de sua incorporação
pelo campo educativo, estão atravessadas pelas vicissitudes que afetam cada
um destes campos. Disto resultam pelo menos dois vetores de tensão que vão
incidir sobre a Educação Ambiental: I) a complexidade e as disputas do campo
ambiental , com seus múltiplos atores, interesses e concepções e II) os vícios e
as virtudes das tradições educativas com as quais estas práticas se agenciam.
Surgem duas diferentes orientações que poderiam ser chamadas:
Educação Ambiental Comportamental e Educação Ambiental Popular.
Evidentemente que essa classificação resulta de um esforço de análise
que se propõe intencionalmente a distinguir e matizar as práticas de Educação
Ambiental de acordo com suas filiações pedagógicas.
26
Cabe lembrar que estas duas tendências não esgotam todo o campo da
Educação Ambiental, que é ainda muito mais diversificado.
A Educação Ambiental comportamental com o debate ambientalista
generaliza-se um certo consenso no plano da opinião pública, a respeito da
urgência de conscientizar os diferentes estratos da população sobre os
problemas ambientais que ameaçam a vida no planeta. Conseqüentemente, é
valorizado o papel da educação como agente difusor dos conhecimentos sobre
o meio ambiente e indutor da mudança dos hábitos e comportamentos
considerados predatórios, em hábitos e comportamentos tidos como
compatíveis com a preservação dos recursos naturais.
Embora todos os grupos sociais devam ser educados para a
conservação ambiental, as crianças são um grupo prioritário. As crianças
representam as gerações futuras em formação. Considerando que as crianças
estão em fase de desenvolvimento cognitivo, supõe-se que nelas a consciência
ambiental pode ser internalizada e traduzida em comportamentos de forma
mais bem sucedida do que nos adultos que, já formados, possuem hábitos e
comportamentos de difícil reorientação.
Surge uma Educação Ambiental que vai tomar para si, como meta
principal, o desafio das mudanças de comportamento em relação ao meio
ambiente. Esta Educação Ambiental partilha de uma visão particular do que
seja o processo educativo, a produção de conhecimentos e a formação de
sujeitos.
Já Educação Ambiental popular está associada com a tradição da
educação popular que compreende o processo educativo como um ato político
no sentido amplo, isto é, como prática social de formação de cidadania. A
Educação Ambiental popular compartilha com essa visão a idéia de que a
vocação da educação é a formação de sujeitos políticos.
Nesta perspectiva, não se apaga a dimensão individual e subjetiva, ou
seja, o individuo é sempre um ser social.
O foco de uma Educação Ambiental popular não são exclusivamente os
comportamentos. Embora em certa educação popular também existia uma
27 herança racionalista que se expressa principalmente no conceito de
conscientização.
Esta Educação Ambiental pode utilizar-se também de conceitos mais
complexos, como por exemplo, o de Ação Política, no sentido em que é
definido pela filosofia política de Arendt (1998, p.41):
O conceito de Ação Política é a expressão mais nobre da condição
humana. Os humanos se definem por seu agir entre seus pares,
influindo no destino do mundo comum. Esta capacidade de agir
em meio à diversidade de idéias e posições é à base da
convivência democrática, da liberdade e da possibilidade de criar
algo novo. Desta forma, o Agir humano é o campo próprio da
educação enquanto prática social e política que pretende
transformar a realidade.
Assim sendo, a Educação Popular entende que a transformação das
relações dos grupos humanos com o meio ambiente está inserida dentro do
contexto da transformação da sociedade.
O entendimento do que sejam os problemas ambientais passa por uma
visão do meio ambiente como um campo de sentidos socialmente construído e,
como tal, atravessado pela diversidade cultural e ideológica, bem como pelos
conflitos de interesse que caracterizam a esfera pública. A Educação Ambiental
popular propõe a transformação das relações com o meio ambiente dentro de
um projeto de construção de um novo ser social, baseado em valores
libertários, democráticos e solidários.
Existem várias experiências de Educação Ambiental popular,que
elegem, certos atores sociais como sujeitos prioritários da ação educativa
ambiental, como por exemplo, os grupos e organizações populares. Ou ainda,
destacam a importância de trabalhar com os grupos cuja interação com o meio
ambiente é mais direta, por exemplo, agricultores ou certas categorias de
trabalhadores urbanos como os recicladores e outros. De qualquer forma, não
há uma especial valorização da infância como faixa etária privilegiada para a
formação ambiental.
28
A educação popular tem sido grande parte uma educação de adultos.
Quanto à capacidade de uma educação promover valores ambientais, é
importante destacar que o processo educativo não se dá apenas pela aquisição
de informações, mas, sobretudo pela aprendizagem ativa, entendida como
construção de novos sentidos e nexos para a vida. Trata-se de um processo
que envolve transformações no sujeito que aprende e incide sobre sua
identidade e posturas diante do mundo. A internalização de um ideário
ecologista emancipatório não se dá apenas por um convencimento racional
sobre a urgência da crise ambiental, mas, sobretudo implica uma vinculação
afetiva com os valores éticos desta visão de mundo.
2.3 - A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA AÇÃO EXTENSIONISTA
O serviço de extensão rural era voltado à família agricultora e todos
participavam dos projetos executados. Através desse serviço a família recebia
novos conhecimentos sobre agricultura, pecuária, combate a doenças e pragas
das plantas, adubação do solo, épocas apropriadas de plantio, armazenagem,
uso correto de máquinas agrícolas, alimentação balanceada dos animais,
saneamento básico na propriedade, práticas de higiene pessoal, educação
alimentar, educação para a saúde, cuidados com os recém-nascidos,
melhoramento do lar, conservação de alimentos e outras práticas.
As atividades realizadas consistiam em fornecer conhecimentos que
demonstrassem as vantagens dessas técnicas, que mudasse valores, para
assim obter condutas, as quais desenvolvessem uma “agricultura moderna”.
Porém, não se questionavam os problemas sócio-ambientais que esse novo
modelo de agricultura pudesse provocar. “As modernas práticas agrícolas
adotadas, não eram questionadas em si; e não consideravam, também, os
efeitos que essas práticas poderiam gerar sobre o meio ambiente.” (SEIFERT,
1990, p.100).
29
Seifert (1990, p.100), afirma ainda que, no inicio dos anos 80, a
modernização da agricultura brasileira, passa a ser criticada por duas
vertentes: a de estudiosos que passam a questionar os problemas sociais,
econômicos e políticos que se agravam a partir da “Revolução Verde”; e a de
estudiosos preocupados com a ecologia, já que, os problemas com a
contaminação com alimentos, a degradação do solo, a intoxicação de
trabalhadores rurais, e as alterações climáticas, que se agravam a partir da
modernização agrícola.
Dessa forma, pode-se observar que se fazia necessário uma nova
prática extensionista, onde existisse uma preocupação com o meio ambiente, a
partir de uma base agroecológica, que sustenta ações a serem desenvolvidas
no contexto da Educação Ambiental.
Atualmente, encontramos uma preocupação de aliar a extensão rural e
suas técnicas com a Educação Ambiental. A importância social da Educação
Ambiental está no fato de que nessa educação (formal, não formal, informal)
estão incluídos uma diversidade de aspectos que têm em comum um objetivo
central: a manutenção de um ecossistema sadio para a geração presente e
para as futuras, onde se valorize a vida.
A educação, neste sentido é entendida e fundamentada na humanização
dos homens inseridos no contexto das duas relações sociais na direção dos
interesses das camadas populares.
Sabe-se que a educação é um fenômeno próprio dos seres
humanos. Assim sendo a compreensão de educação passa pela
compreensão de natureza. (SAVIANI: 1992, p.19).
Nessas condições a ação extensionista como um trabalho educativo
ambiental deve abranger vários elementos além de aspectos puramente
ecológicos, biológicos, ou práticas ambientalistas desligadas de um processo
pedagógico mais amplo.
Genebaldo Freire Dias, pesquisador de Educação Ambiental da
Universidade Católica de Brasília, esclarece que “a abordagem ambiental é
30 mais integrada, pois além dos aspectos ecológicos, considera aspectos sociais,
econômicos e políticos, culturais e éticos”. (DIAS: 1998, p.122).
Diante disso, no caso da ação extensionista, a Educação Ambiental
popular parece ser uma das mediações educativas afinadas ao espírito de uma
extensão rural agroecologica tomada como
um processo de intervenção de caráter educativo e transformador,
baseado em metodologias de intervenção-ação participante que
permitem o desenvolvimento de uma prática social mediante a
qual os sujeitos do processo buscam a construção e
sistematização de conhecimentos que os levem a incidir
conscientemente sobre a realidade”. (CAPORAL E
COSTABEBER: 2002, P.33).
A semelhança da Educação Ambiental popular com o marco da nova
extensão rural remete à vocação de uma Educação Ambiental que pretende
promover mudanças nos níveis mais profundos das relações socioambientais.
Trata-se de uma escolha pedagógica e não de uma verdade auto-evidente
A extensão rural no ponto de vista jurídico se enquadra na mesma seara
legal do sistema educacional brasileiro, para efeitos dos benefícios dispostos
no inciso IV, do parágrafo único do art.22 da Lei Responsabilidade Fiscal (Lei
Complementar nº 101/ 2000).
Tem a Extensão Rural uma claríssima adequação no que dispõe o
art.205 da Carta Constitucional, in verbis: “A educação, direito de todos e dever
do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Conforme o entendimento do jurista Celso de Melo (apud. MORAES,
2006, p.2140), que enfatiza que educação “é mais compreensivo e abrangente
que a mera instrução. A educação objetiva propiciar a formação necessária ao
desenvolvimento das aptidões, das potencialidades e da personalidade do
educando. O processo educacional tem por meta: a) qualificação do educando
31 para o trabalho; b) prepará-lo para o exercício consciente da cidadania. O
acesso à educação é uma das formas de realização concreta do ideal
democrático”.
O art.206, II da Carta Magna refere-se ao fato de que:
O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: II –
Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o
pensamento, a arte e saber.
O art.187 da Constituição Federal estabelece a Assistência Técnica e
Extensão Rural como sendo um direito social positivo dos produtores e
trabalhadores rurais:
A política agrícola será planejada e executada na forma da lei,
com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo
produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de
comercialização, de armazenamento e de transportes, levando-se
em conta especialmente:
IV- a Assistência Técnica e Extensão Rural.
A lei 9384/96 (LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
NACIONAL) no seu capítulo III que trata de diretrizes sobre a educação
profissional, sendo regulamentada, a partir do §2º do art.36 e os artigos 39 a
42, pelo decreto n.2008 d 17 de abril de 1997, estabelece no seu art.2º que:
A educação profissional será desenvolvida em articulação com o
ensino regular ou em modalidades que contemplem estratégias de
educação continuada, podendo ser realizada em escolas de
ensino regular, em instituições especializadas ou nos ambientes
de trabalho.
O art. 3º do referido decreto regulamentador, divide a educação profissional em
níveis básico, técnico e tecnológico, diante do que caracteriza a importância da
32 educação não formal (tipo específico da extensão rural). No seu art.4º está
definido:
A educação profissional de nível básico é modalidade de
educação não formal e duração variável, destinada a proporcionar
ao cidadão trabalhador conhecimentos que lhe permitam
reprofissionalizar-se, qualificar-se e atualizar-s para o exercício de
funções desmandadas pelo mundo do trabalho, compatíveis com a
complexidade tecnológica do trabalho, o seu grau de
conhecimento técnico e o nível de escolaridade do aluno, não
estando sujeita a regulamentação curricular.
§1º As instituições federais e as instituições públicas e privadas
sem fins lucrativos, apoiadas financeiramente pelo poder público,
que ministram educação profissional, deverão, obrigatoriamente,
oferecer cursos profissionais de nível básico em sua programação,
abertos a alunos das redes públicas e privadas de educação
básica, assim como os trabalhadores com qualquer nível de
escolaridade.
§2º Aos que concluírem os cursos de educação profissional de
nível básico será conferido certificado de qualificação profissional.
Além disso, a Lei nº 9.795/1999, que dispõe sobre a educação
ambiental, no seu art.2º que “a educação ambiental é um componente
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de
forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em
caráter formal e não formal”.
Ressaltamos que a extensão rural tem como objetivo, em todos os seus
programas de capacitação e de assistência técnica, a educação ambiental
como um elemento de trabalho inserido em todas as suas metas.
33
CAPÍTULO III
CONTRIBUIÇÃO DA EXTENSÃO RURAL NA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Extensão rural, por Caporal (2003, p.86) é definido como uma deliberada
intervenção, de natureza pública ou privada, em um espaço rural dado
realizada por agentes externos ou por indivíduos do próprio meio, orientando à
realização de mudanças no processo produtivo agrosilvopastoril, ou em outros
processos socioculturais e econômicos inerentes ao modo de vida da
população rural implicada. Assim subentende-se que o principal objetivo da
extensão rural é a contribuição para o desenvolvimento rural sustentável, tendo
em vista a melhoria da qualidade de vida da população. O que possibilita obter
uma visão sólida sobre extensão rural no parâmetro público e social na
inserção de um passado recente onde a própria justificativa para a existência
de um serviço de extensão é estimular a população rural para que se
processem mudança desde a maneira de como realiza o seu trabalho no
campo, até na educação de seus filhos e, por fim, de trabalhar em favor da
própria comunidade.
A prática extensionista deve estar interligada a um desenvolvimento
sustentável, onde haja interdisciplinaridade integrando nos programas de
extensão a Educação Ambiental. Inserir a gestão participativa e de controle
social sobre o orçamento público e a construção de metodologia e instrumentos
de monitoramento para uma nova ATER. O extensionista passa a ser um
profissional, o facilitador, que deverá ter a capacidade de investigar, identificar
e fazer disponíveis aos agricultores e suas famílias um conjunto de opções
técnicas e não técnicas, compatíveis com as necessidades dos beneficiários e
com as condições ambientais. Um processo de intervenção de caráter
educativo e transformador, baseado em metodologias de investigação-ação
participante que permitam o desenvolvimento de uma prática social mediante a
qual os sujeitos do processo buscam a construção e sistematização de
conhecimentos que os leve a incidir conscientemente sobre a realidade, com o
34 objetivo de alcançar um modelo de desenvolvimento socialmente equitativo e
ambientalmente sustentável, adotando os princípios teóricos da Agroecologia
como critério para o desenvolvimento e seleção das soluções mais adequadas
e compatíveis com as condições especificas de cada agroecossistema e do
sistema cultural das pessoas implicadas em seu manejo.
Diante disso, percebe-se o enfoque ambiental direcionado para a ação,
para a busca da cidadania, pois ao tomar conhecimento dos problemas
ambientais, o extensionista identifica soluções, podendo assim tornar-se parte
das ações que conduzam a melhoria do ambiente através da participação
comunitária. Portanto, informação, percepção dos problemas e participação
são importantes recursos para o desenvolvimento da Educação Ambiental.
Pedrini (1997, p.266) propõe:
a consciência do problema que impede a qualidade de vida
desejada pelo grupo que desenvolve seu processo de Educação
Ambiental é favorecida pelo conhecimento da realidade local e
global, do contexto em que tal problema se situa, conhecimento
este produzido nos próprios caminhos teóricos e práticos seguidos
para a solução dos problemas.
Dessa forma, pode-se afirmar que através da extensão rural a Educação
Ambiental pode ser trabalhada de modo a atender às realidades brasileiras,
sempre observando as peculiaridades de cada região e levando o
entendimento aos agricultores e suas famílias de que a preservação ambiental
é a preservação da própria vida.
Trabalhar a Educação Ambiental na extensão rural constitui-se uma
questão de preservação da vida. A ação extensionista deve visar à formação
dos agricultores e sua família, proporcionando-lhe conhecimentos de que
necessitam para crescerem e atuarem como cidadãos conscientes na
sociedade.
Observar os ciclos da natureza permite-nos compreender como ela é
fundamental para a manutenção da vida e que não se limita ao tempo e ao
espaço, mas, para que os processos da natureza sejam realizados
35 satisfatoriamente, o ser humano precisa saber interagir com o meio ambiente.
Teixeira apud Novais (1993, p.43) afirma que a Educação Ambiental deve ser o
resultado de uma reorientação e articulação das diversas disciplinas e
experiências educativas que possam facilitar a visão integrada do meio
ambiente.
Vale ressaltar que o homem enquanto ser social depende do meio
ambiente para sua subsistência. Ele reconstrói, explora e se percebe o sujeito
desse meio. A relação do homem com a natureza envolve questões sociais e
políticas que vem atingindo o mundo todo, não só o Brasil.
Hoje, as autoridades estão preocupadas com as mais variadas atuações
que o homem vem tendo nos últimos anos nas florestas; citamos como
exemplo, a Amazônia, que é tida como a principal fonte de vida para o nosso
ecossistema. Existem vários olhares científicos para os avanços nocivos do
homem sobre a natureza. Desse modo a extensão rural deve ter consciência
das reais necessidades que envolvem a relação homem-natureza, procurando
equilibrar tecnologia e natureza, visando à preservação da vida.
Considerando a importância da Educação Ambiental e a visão integrada
de mundo, tanto no tempo como no espaço, à extensão rural deverá ampliar os
conhecimentos dos extensionistas, trabalhando a consciência crítica como
meio de transformação social, pois agricultores conscientes serão cidadãos
que se relacionarão com a natureza de forma harmoniosa.
A extensão rural através da Educação Ambiental deve contribuir
principalmente para o exercício da cidadania, estimulando a ação
transformadora, além de buscar aprofundar os conhecimentos sobre as
questões ambientais e as melhores tecnologias, estimular mudança de
comportamentos e a construção de novos valores éticos menos
antropocêntricos. A Educação Ambiental é fundamentalmente uma pedagogia
de ação. Não basta se tornar mais consciente dos problemas ambientais sem
se tornar também mais ativo, crítico e participativo. O comportamento dos
cidadãos em relação ao seu meio ambiente é indissociável do exercício de
cidadania.
36
3.1- PRÁTICAS EDUCATIVAS AMBIENTAIS NA EXTENSÃO RURAL, PARA
O DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL
Com sua evolução ao longo do tempo e no contexto de sua essência, a
Extensão Rural é caracterizada como processo metodológico de ação
educativa dialógico, constituindo-se como base para a construção coletiva do
conhecimento e na pedagogia do “aprender a aprender”. Está voltada para a
geração de processos participativos de desenvolvimento rural sustentado,
atuando junto aos produtores rurais de agricultura familiar, suas famílias, suas
formas associativas e suas comunidades. A ação da Extensão Rural tem com
principio fundamental o conhecimento da realidade rural no sentido mais
amplo, incluídas as necessidades e os desejos do homem rural.
Esse conceito reafirma mais uma vez o caráter essencialmente
educativo e permanente do processo, que se caracteriza por uma relação e
capacitação recíprocas e constantes dos extensionistas com os produtores
rurais, suas famílias e suas organizações. Adicionalmente, foi acrescentado o
compromisso da Extensão com o desenvolvimento rural, compreendido como a
elevação do nível de vida das famílias e comunidades, via incremento de sua
renda liquida, do aumento da produção e produtividade agropecuária, sem
agressão ao meio ambiente.
Dessa forma, executando uma educação não formal, é que para a
Extensão Rural se abre este espaço formidável de poder encarar com os
grupos comunitários as formas de superação de suas necessidades, mediante
ações sempre atreladas a procedimentos educativos e eminentemente
práticos, que no patamar mais alto reivindica a dignidade de vida necessária
aos agrupamentos humanos.
Como educação não formal, a Extensão Rural converge a sua
metodologia de ação para uma educação que possa da forma mais rápida
possível buscar soluções de melhoria de vida para a família rural.
37
A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER)
preconizada no momento histórico atual estabelece, conforme documento do
Ministério do Desenvolvimento Agrário- Departamento de Assistência técnica e
Extensão Rural (2004, p.3) que:
Esta nova responsabilidade ocorre justamente quando o
imperativo socioambiental, as novas exigências da sociedade e os
papéis que deve assumir o Estado, diante do desafio de apoiar
estratégias de desenvolvimento sustentável, determinam a
necessidade de implantação de uma renomada e duradoura
política de Assistência Técnica e Extensão Rural.
A nova ATER nasce a partir de análise crítica dos resultados
negativos da Revolução Verde e dos problemas já evidenciados
pelos estudos dos modelos convencionais de ATER baseados no
difusionismo, pois só assim o Estado poderá oferecer um
instrumento verdadeiramente novo e capaz de contribuir, decisiva
e generosamente, para a construção de outros estilos de
desenvolvimento rural e de agricultura, que além de sustentáveis
possam assegurar uma produção qualificada de alimentos e
melhores condições de vida para a população rural e urbana.
Para cumprimento desses desafios e compromissos, a Política
Nacional de ATER foi construída de forma participativa, em
articulação com diversas esferas do governo federal, ouvindo os
governos das unidades federativas e suas instituições, assim
como os segmentos da sociedade civil, lideranças das
organizações de representação dos agricultores familiares e dos
movimentos sociais comprometidos com esta questão. As
orientações metodológicas e dispostas no mesmo documento
(IBID, p.11) dispõem sobre a intervenção do extensionista, que
“deverá ocorrer de forma democrática, adotando metodologias
participativas e uma pedagogia construtivista e humanista, tendo
sempre como realidade o conhecimento local. [...]
[...] dessa forma, é necessário adotar-se um enfoque
metodológico, que gere relações de co-responsabilidade entre os
participantes, suas organizações, e as instituições apoiadoras ou
prestadoras de serviços, tanto na fase planejamento como na
execução, monitoramento e avaliação das ações [...].”
38
A definição dada acima é da maior pertinência para a
caracterização da extensão rural como processo educativo eficaz.
É interessante apresentar à conceituação de Caporal e Costabeber
(2004, p.151), que assim entendem a Extensão Rural no seu enfoque
agroecológico:
Como uma intervenção de caráter educativo e transformador,
baseado em metodologias de investigação-ação participante, que
permitam o desenvolvimento de uma prática social mediante a
qual os sujeitos do processo buscam a construção e
sistematização de conhecimentos que os leve a incidir
conscientemente sobre a realidade. Ela tem o objeto de alcançar
um modelo de desenvolvimento socialmente equitativo e
ambientalmente sustentável adotando os princípios teóricos da
Agroecologia como critério para o desenvolvimento e seleção das
soluções mais adequadas e compatíveis com as condições
especificas de cada agroecossistema e do sistema cultural das
pessoas envolvidas no seu manejo.
Nessas condições entende-se que a nova Extensão Rural torna
imprescindível a sua relação permanente com a agroecologia, para se efetivar
como uma prática educativa atualizada e comprometida com a nova realidade
que envolve todo o planeta e de grande repercussão no desenvolvimento
humano no que diz respeito a uma ação educativa permanente e continuada na
zona rural.
Não tem cabimento repetir os erros do passado. Para tanto, o foco
contemporâneo de qualquer discussão deverá estar centrado no que Raigrok e
Daven (1994, p.76) denominaram de “globalização”, que significa “agir
localmente e pensar globalmente”. Significa também deixar de insistir na
“globalização cega”, para atuar localmente, como sugere Michael Porter (1998,
p.57). Para ele, as vantagens competitivas duradouras baseiam-se, mais e
mais, em fatores locais como o conhecimento, o relacionamento e a motivação
que não são superados por competidores.
39
Pensar a Educação Ambiental na relação com o desenvolvimento
sustentável é pensar a partir da idéia de que o local, o território, pode ser
reinventado através das suas potencialidades, do reconhecimento dos seus
saberes, da riqueza da cultura e da diversidade.
A Extensão Rural deve estar preocupada não só com o futuro, como
também com o processo que permite construir esse futuro em bases
sustentáveis, pois essa construção, além de ter caráter social, deve ser
realizada coletivamente, por todos, a cada dia do ano. E por que a
preocupação? Porque não participar do processo de construção é aceitar fazer
parte de um futuro construído por outros, o que não assegura um futuro que
tenha compromisso com os sonhos, as necessidades e os desafios da
Extensão Rural.
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CONCLUSÃO
Esta pesquisa teve como objetivo principal analisar como a educação
ambiental vem sendo interpretada pelos agentes da extensão rural e como ela
reflete na prática destes extensionistas rurais. Através desta proposta
procuramos compreender a contribuição da extensão rural na educação
ambiental, investigando como a questão ambiental vem sendo entendida e
realizada por estes profissionais e como pode contribuir para o
desenvolvimento sustentável.
A história da extensão rural no Brasil sempre esteve marcada por
momentos de crise, sendo “repensada” conforme o momento histórico em que
estava passando. A existência destes serviços trouxe muitos benefícios ao
setor agrícola, precisando adaptar-se às novas configurações do rural
brasileiro.
Para atender às novas exigências da sociedade, atualmente é
imprescindível que a extensão rural transforme a sua prática convencional e
introduza algumas mudanças institucionais que permitam trabalhar com o
grande desafio aparente: o desenvolvimento rural sustentável.
A extensão rural deve estar preocupada não só com o futuro, como
também com o processo que permite construir esse futuro em bases
sustentáveis, pois essa construção além de ter caráter social, deve ser
realizada coletivamente por todos, a cada dia do ano. E por que a
preocupação? Por que não participar do processo de construção é aceitar fazer
parte de um futuro construído por outros, o que não assegura um futuro que
tenha compromisso com os sonhos, as necessidades e os desafios da
extensão rural. Para Caporal (2003), a extensão rural já está redefinindo
algumas de suas funções, tendo em vista o comprometimento exigido como
desenvolvimento sustentável baseado num enfoque sócio-ambiental.Conforme
podemos ver:
[...] a partir de agora ‘um importante papel da extensão rural será
fazer visível o estado do meio ambiente’, quer dizer alertar para os
41
problemas das práticas agrícolas convencionais, ajudando na
construção de práticas alternativas. Em segundo lugar,
considerando que a agricultura sustentável tem um caráter
localmente definido, é necessário que a extensão rural trabalhe de
forma participativa e em conjunto com os agricultores, fazendo uso
dos conhecimentos disponíveis entre eles. E, em terceiro lugar, a
nova extensão rural, mais que transferir tecnologias, deveria
ajudar os agricultores nos processos de aprendizagem. Assim, a
nova prática extensionista, mais que simplesmente ensinar algo a
alguém, como sempre se fez, será um processo conjunto de
‘aprendizagem sobre o mundo’, capaz de contribuir para a
transformação profunda de relações sociais que fazem com que o
modo de realizar a agricultura afete de forma negativa e
incontrolável a natureza (p.98-99).
Neste cenário, em que consideramos como desafio para a extensão
rural tanto o aspecto pedagógico da ação extensionista, bem como a busca
pelo desenvolvimento rural sustentável, é que percebemos a necessidade de
inserirmos a educação ambiental neste dialogo. A educação ambiental é uma
ferramenta importante para subsidiar esta nova extensão rural em suas
estratégias de promoção do desenvolvimento rural sustentável. Afinal, ela é
considerada como uma importante proposta de ação educativa para o
enfrentamento dos problemas atuais da humanidade, sendo vista como um
processo de construção da relação do homem com o ambiente, no qual se
encontram inseridos os princípios de responsabilidade, autonomia e
democracia.
Sobre a definição do termo educação ambiental, os extensionistas rurais
definiram como um processo educativo que visa à preservação do meio
ambiente, de forma sustentável e sem causar dano; com exceção de um dos
técnicos entrevistados que acredita ser a educação ambiental muita conversa e
poça ação.
De acordo com grande parte dos técnicos pesquisados a importância de
ter a educação ambiental na pratica extensionista se resume apenas à
orientações, conscientização durantes as visitas técnicas aos produtores rurais,
42 embora a minoria acredite que todo trabalho feito pelos extensionistas precisa
ser baseado na educação ambiental, por ser a extensão rural um processo
educativo.
Na avaliação dos extensionistas pesquisados, as praticas de educação
ambiental atualmente desenvolvido pelos técnicos ainda acontece de forma
lenta, segundo os técnicos não há uma linha de ação especifica para tal fim,
consideram os resultados obtidos através das práticas de educação ambiental
razoável, pois é desenvolvido de acordo com a concepção de cada técnico no
seu trabalho diário.
Segundo os sujeitos pesquisados, não há trabalho realizado pelos
extensionistas, com foco exclusivo em educação ambiental; e sugerem temas
que envolvem a gestão dos recursos naturais, tendo em vista a resolução de
problemas ambientais específicos, como é o caso dos trabalhos envolvendo
proteção de fontes de água, saneamento básico, coleta seletiva, entre outras.
Dentre as dificuldades enfrentadas na realização deste trabalho, os
extensionistas pesquisados salientaram a falta de linhas de ações especificas e
a consciência ambiental de todos os extensionistas que devem abordar o tema
com publico trabalhado; dificuldades na aplicação pratica dos conceitos e
princípios de educação ambiental, em função da falta de compreensão dos
agricultores, o imediatismo e a visão economicista das pessoas, a falta de
disciplinas voltadas para educação ambiental na grade curricular dos cursos
técnicos na época em que estudavam; a falta de apoio da empresa para
desenvolver este trabalho.
Como principais avanços na realização deste trabalho, os pesquisados
ressaltam que o tema é conhecido por todos e que há no papel a mudança de
visão da empresa no aspecto agroecologico.
Isto nos faz concluir que existe pouco conhecimento acerca da temática
ambiental, impossibilitando os extensionistas a desenvolverem nas suas ações
práticas pedagógicas ambientais. Assim podemos dizer que os extensionistas
não têm uma prática educativa associada a uma preocupação ambiental,
comprometida com os ideais do desenvolvimento rural sustentável, se
considerarmos, que vivemos um momento em que se fala a todo instante em
43 questões ambientais e percebemos, no entanto que falta a estes profissionais
uma orientação institucional clara para o tema, não há uma proposta de
educação ambiental e nem ações planejadas para serem desenvolvidas; o que
dificulta a conciliação do desenvolvimento econômico com o desenvolvimento
ambiental, sendo este considerado um dos maiores desafios para uma
extensão rural comprometida com o desenvolvimento rural sustentável.
Destacamos à necessidade da realização de trabalhos de educação
ambiental pela extensão rural, visto que entendemos ser este um dos principais
instrumentos capazes de auxiliar na construção de um desenvolvimento rural
mais sustentável. Com certeza não é o único caminho, mas é um dos
possíveis.
Como implicação desses resultados, propomos estratégias de
qualificação profissional e educação continuada que possa promover o
crescimento e o aperfeiçoamento do extensionista rural. Acreditamos que a sua
qualificação também é um dos pressupostos básicos para o desenvolvimento
rural sustentável.
Este estudo permitiu não só a reflexão sobre os referenciais teóricos,
práticos e metodológicos que envolvem a temática ambiental inserida no
contexto da extensão rural mas também para nos instigar tantas outras
questões que ficam em aberto, por exemplo: Será que os extensionistas rurais
estão realmente preparados para inserir nas suas ações, práticas educativas
ambientais , de forma a contribuírem para o desenvolvimento rural sustentável?
Enfim, há muito que se pensar e construir sobre a educação ambiental
na prática educativa da extensão rural.
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BIBLIOGRAFIA
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ANEXO 1
Universidade Candido Mendes Pós-Graduação em Educação Ambiental
Meu nome é Abdianne de Macedo Cavalcanti, sou pedagoga e estou cursando Pós - Graduação na UCAM. Neste curso estou realizando uma pesquisa sobre A Educação Ambiental na Extensão Rural que tem por objetivo analisar como ela pode contribuir com o trabalho extensionista e vice-versa. Minha análise abordará a percepção dos extensionistas rurais do Esloc. Rondon do Pará sobre esta questão. Para tanto solicito a sua colaboração no preenchimento deste questionário. Agradeço a sua colaboração.
Questionário:
1- Há quanto tempo você trabalha como extensionista rural na Emater/PA – Rondon do Pará? __________________________________________________________________________________________________________________________________
2- Qual cargo/função você exerce na Emater/PA – Rondon do Pará? ( ) engenheiro agrônomo ( ) técnico agrícola ( ) extensionista social ( ) médico veterinário (...) outro Especifique:______________________________________________
3- Para você, o que vem à cabeça quando ouve a expressão “educação ambiental”?
4- Em sua opinião, que importância pode ter a educação ambiental no trabalho extensionista? Explique.
5- Baseado em sua experiência, como você percebe a forma com que a educação ambiental está sendo trabalhada na extensão rural?
6- E como você avalia este trabalho? 7- Você poderia citar alguns trabalhos de educação ambiental que foram ou
poderia ser desenvolvidos no seu município? 8- O que você apontaria como limites ou dificuldades enfrentadas pela extensão
rural ao desenvolver trabalhos de educação ambiental? 9- Em sua opinião, que avanços já foram alcançados?