documento protegido pela lei de direito autoral · especificamente sobre seu conceito,...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PRINCIacutePIO DA VEDACcedilAtildeO Agrave REFORMATIO IN PEJUS
E HIPOTESES DE RELATIVIZACcedilAtildeO EM SEDE DE APELACcedilAtildeO
DE RECURSO INOMINADO E DE REEXAME OBRIGATOacuteRIO
Por Aline Mariacutelia de Andrade
Orientador
Prof Dr Joseacute Roberto
Rio de Janeiro
2013
DOCU
MENTO
PRO
TEGID
O PEL
A LE
I DE D
IREIT
O AUTO
RAL
2
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PRINCIacutePIO DA VEDACcedilAtildeO Agrave REFORMATIO IN PEJUS
E HIPOTESES DE RELATIVIZACcedilAtildeO EM SEDE DE APELACcedilAtildeO
DE RECURSO INOMINADO E DE REEXAME OBRIGATOacuteRIO
Apresentaccedilatildeo de monografia agrave Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenccedilatildeo do grau de especialista em Direito
Processual Civil
Por Aline Marilia de Andrade
3
3
AGRADECIMENTOS
agravequeles que me inspiram e foram
fundamentais na minha vida agravequeles
que me auxiliaram nesta etapa e
agravequeles que soacute torceram por mim
4
4
DEDICATOacuteRIA
ao meu pai Joseacute Antocircnio que sempre
me apoiou e me fez herdar o gosto pela
leitura e pelos estudos agrave minha matildee
Jilvanda pelo exemplo de garra e
determinaccedilatildeo e por me ensinar como
fazer acontecer aquilo que se quer ao
meu irmatildeo Alberto a quem eu devo uma
infacircncia maravilhosa e com quem aprendi
o lado suave e feliz da minha
personalidade
5
5
RESUMO
O presente trabalho pretende demonstrar hipoacuteteses nas quais o
princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus eacute excetuado Por meio de pesquisa
histoacuterica conceito exemplos doutrinaacuterios e jurisprudenciais delimita os
institutos processuais apresentamos a regra geral e especificamos as
exceccedilotildees Ao final expomos a explicaccedilatildeo ofertada pela doutrina e pela
jurisprudecircncia como justificativa para estas exceccedilotildees
6
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada tem por escopo delinear o estudo de forma
objetiva explicitando aspectos relevantes acerca do tema como conceituaccedilatildeo
das espeacutecies apresentaccedilatildeo estruturada de informaccedilotildees antes de confrontar o
ponto controvertido
Vale consignar a exibiccedilatildeo de casos praacuteticos coletados atraveacutes de
jurisprudecircncias obtidas em nossos Tribunais de forma a exemplificar e elucidar
as questotildees apresentadas fazendo um paralelo entre os preceitos doutrinaacuterios
e a realidade
Segue-se a leitura de livros informativos textos e artigos cujo teor foi
devidamente sintetizado objetivando apreciar definiccedilotildees e posicionamentos
sobre temas atuais e interessantes de forma clara e objetiva com espeque em
diversificada pesquisa bibliograacutefica
7
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
21
28
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
35
40
33 Reexame obrigatoacuterio
331 Conceito de reexame obrigatoacuterio
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
42
42
44
34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na
hipoacutetese de Recurso Inominado
48
CONCLUSAtildeO 55
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 58
ANEXOS 60
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
8
8
INTRODUCcedilAtildeO
Os recursos satildeo certamente um dos temas mais abrangentes em
Processo Civil Dentre os recursos previstos em nosso ordenamento a
apelaccedilatildeo surge como um dos mais antigos e ateacute por isso um dos mais
conhecidos e utilizados recursos Relativamente agrave apelaccedilatildeo trazemos um
estudo sobre sua origem histoacuterica conceito peculiaridades e pressupostos
A apelaccedilatildeo como todo recurso encontra-se submetida aos
princiacutepios basilares do sistema recursal Destes destacamos a analise do
chamado princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus discorrendo
especificamente sobre seu conceito caracteriacutesticas e aplicaccedilatildeo e explicitando
institutos agrave ele vinculados
Apoacutes oferecer um estudo sobre a apelaccedilatildeo e sobre o princiacutepio da
vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus adentramos ao cerne da questatildeo ou seja agrave
relativizaccedilatildeo do princiacutepio trazendo hipoacuteteses nas quais o mesmo eacute excetuado
Outro recurso utilizado como objeto de pesquisa no presente
trabalho eacute o Recurso Inominado Criado por intermeacutedio da recente Lei
909995 trata-se do meio utilizado para submeter agrave reapreciaccedilatildeo as
sentenccedilas proferidas em sede de Juizado Especial Este estudo mostra as
caracteriacutesticas inerentes ao Recurso Inominado e apoacutes analisa hipoacutetese onde
tambeacutem se observa a relativizaccedilatildeo do princiacutepio na vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus
Por derradeiro adentramos na anaacutelise do chamado ldquoReexame
Obrigatoacuteriordquo onde conceituamos o instituto e apoacutes passamos a sopesar
quanto a abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus nas hipoacuteteses de aplicaccedilatildeo do reexame obrigatoacuterio
9
9
Deste modo a proposta do presente trabalho eacute a demonstraccedilatildeo de
que haacute previsatildeo legal quanto agrave relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus indicando exemplos onde esta exclusatildeo se observa e trazendo a
justificativa doutrinaacuteria e jurisprudencial agrave estas excepcionais hipoacuteteses
10
10
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio in Pejus
Inicialmente antes de embrenharmo-nos no estudo de nossa
proposta compete analisarmos doutrinariamente o instituto da reformatio in
pejus buscando melhor compreender os posicionamentos a serem adotados
Para definir o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus faremos
uso da mesma metodologia utilizada quando da conceituaccedilatildeo do recurso de
apelaccedilatildeo ou seja montaremos o conceito deste instituto atraveacutes do uso de
explicaccedilotildees e informaccedilotildees que por loacutegica mais do que somente conduzir ao
conceito traratildeo o real entendimento acerca do tema
Inicialmente faz-se necessaacuterio traduzir o nome do princiacutepio que traz
em seu bojo um vocaacutebulo em latim A expressatildeo ldquoreformatio in pejusrdquo significa
reformar para pior Assim o princiacutepio seria o da vedaccedilatildeo agrave reforma para pior
Mas que reforma Em que sentido de que em que circunstacircncia e por
quem
A proibiccedilatildeo de reformatio in peius ou da reforma para pior traduz-se
na proibiccedilatildeo da desfiguraccedilatildeo da decisatildeo que tenha sido proferida com
sucumbecircncia parcial para as partes de forma a piorar a situaccedilatildeo daquele que
recorreu Desta forma se num processo somente um dos interessados
interpotildee o recurso natildeo eacute dado ao juiz ou tribunal que o julgaraacute o direito de
desviar a decisatildeo recorrida em prejuiacutezo daquele que recorreu Em outras
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
2
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O PRINCIacutePIO DA VEDACcedilAtildeO Agrave REFORMATIO IN PEJUS
E HIPOTESES DE RELATIVIZACcedilAtildeO EM SEDE DE APELACcedilAtildeO
DE RECURSO INOMINADO E DE REEXAME OBRIGATOacuteRIO
Apresentaccedilatildeo de monografia agrave Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenccedilatildeo do grau de especialista em Direito
Processual Civil
Por Aline Marilia de Andrade
3
3
AGRADECIMENTOS
agravequeles que me inspiram e foram
fundamentais na minha vida agravequeles
que me auxiliaram nesta etapa e
agravequeles que soacute torceram por mim
4
4
DEDICATOacuteRIA
ao meu pai Joseacute Antocircnio que sempre
me apoiou e me fez herdar o gosto pela
leitura e pelos estudos agrave minha matildee
Jilvanda pelo exemplo de garra e
determinaccedilatildeo e por me ensinar como
fazer acontecer aquilo que se quer ao
meu irmatildeo Alberto a quem eu devo uma
infacircncia maravilhosa e com quem aprendi
o lado suave e feliz da minha
personalidade
5
5
RESUMO
O presente trabalho pretende demonstrar hipoacuteteses nas quais o
princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus eacute excetuado Por meio de pesquisa
histoacuterica conceito exemplos doutrinaacuterios e jurisprudenciais delimita os
institutos processuais apresentamos a regra geral e especificamos as
exceccedilotildees Ao final expomos a explicaccedilatildeo ofertada pela doutrina e pela
jurisprudecircncia como justificativa para estas exceccedilotildees
6
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada tem por escopo delinear o estudo de forma
objetiva explicitando aspectos relevantes acerca do tema como conceituaccedilatildeo
das espeacutecies apresentaccedilatildeo estruturada de informaccedilotildees antes de confrontar o
ponto controvertido
Vale consignar a exibiccedilatildeo de casos praacuteticos coletados atraveacutes de
jurisprudecircncias obtidas em nossos Tribunais de forma a exemplificar e elucidar
as questotildees apresentadas fazendo um paralelo entre os preceitos doutrinaacuterios
e a realidade
Segue-se a leitura de livros informativos textos e artigos cujo teor foi
devidamente sintetizado objetivando apreciar definiccedilotildees e posicionamentos
sobre temas atuais e interessantes de forma clara e objetiva com espeque em
diversificada pesquisa bibliograacutefica
7
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
21
28
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
35
40
33 Reexame obrigatoacuterio
331 Conceito de reexame obrigatoacuterio
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
42
42
44
34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na
hipoacutetese de Recurso Inominado
48
CONCLUSAtildeO 55
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 58
ANEXOS 60
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
8
8
INTRODUCcedilAtildeO
Os recursos satildeo certamente um dos temas mais abrangentes em
Processo Civil Dentre os recursos previstos em nosso ordenamento a
apelaccedilatildeo surge como um dos mais antigos e ateacute por isso um dos mais
conhecidos e utilizados recursos Relativamente agrave apelaccedilatildeo trazemos um
estudo sobre sua origem histoacuterica conceito peculiaridades e pressupostos
A apelaccedilatildeo como todo recurso encontra-se submetida aos
princiacutepios basilares do sistema recursal Destes destacamos a analise do
chamado princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus discorrendo
especificamente sobre seu conceito caracteriacutesticas e aplicaccedilatildeo e explicitando
institutos agrave ele vinculados
Apoacutes oferecer um estudo sobre a apelaccedilatildeo e sobre o princiacutepio da
vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus adentramos ao cerne da questatildeo ou seja agrave
relativizaccedilatildeo do princiacutepio trazendo hipoacuteteses nas quais o mesmo eacute excetuado
Outro recurso utilizado como objeto de pesquisa no presente
trabalho eacute o Recurso Inominado Criado por intermeacutedio da recente Lei
909995 trata-se do meio utilizado para submeter agrave reapreciaccedilatildeo as
sentenccedilas proferidas em sede de Juizado Especial Este estudo mostra as
caracteriacutesticas inerentes ao Recurso Inominado e apoacutes analisa hipoacutetese onde
tambeacutem se observa a relativizaccedilatildeo do princiacutepio na vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus
Por derradeiro adentramos na anaacutelise do chamado ldquoReexame
Obrigatoacuteriordquo onde conceituamos o instituto e apoacutes passamos a sopesar
quanto a abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus nas hipoacuteteses de aplicaccedilatildeo do reexame obrigatoacuterio
9
9
Deste modo a proposta do presente trabalho eacute a demonstraccedilatildeo de
que haacute previsatildeo legal quanto agrave relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus indicando exemplos onde esta exclusatildeo se observa e trazendo a
justificativa doutrinaacuteria e jurisprudencial agrave estas excepcionais hipoacuteteses
10
10
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio in Pejus
Inicialmente antes de embrenharmo-nos no estudo de nossa
proposta compete analisarmos doutrinariamente o instituto da reformatio in
pejus buscando melhor compreender os posicionamentos a serem adotados
Para definir o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus faremos
uso da mesma metodologia utilizada quando da conceituaccedilatildeo do recurso de
apelaccedilatildeo ou seja montaremos o conceito deste instituto atraveacutes do uso de
explicaccedilotildees e informaccedilotildees que por loacutegica mais do que somente conduzir ao
conceito traratildeo o real entendimento acerca do tema
Inicialmente faz-se necessaacuterio traduzir o nome do princiacutepio que traz
em seu bojo um vocaacutebulo em latim A expressatildeo ldquoreformatio in pejusrdquo significa
reformar para pior Assim o princiacutepio seria o da vedaccedilatildeo agrave reforma para pior
Mas que reforma Em que sentido de que em que circunstacircncia e por
quem
A proibiccedilatildeo de reformatio in peius ou da reforma para pior traduz-se
na proibiccedilatildeo da desfiguraccedilatildeo da decisatildeo que tenha sido proferida com
sucumbecircncia parcial para as partes de forma a piorar a situaccedilatildeo daquele que
recorreu Desta forma se num processo somente um dos interessados
interpotildee o recurso natildeo eacute dado ao juiz ou tribunal que o julgaraacute o direito de
desviar a decisatildeo recorrida em prejuiacutezo daquele que recorreu Em outras
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
3
3
AGRADECIMENTOS
agravequeles que me inspiram e foram
fundamentais na minha vida agravequeles
que me auxiliaram nesta etapa e
agravequeles que soacute torceram por mim
4
4
DEDICATOacuteRIA
ao meu pai Joseacute Antocircnio que sempre
me apoiou e me fez herdar o gosto pela
leitura e pelos estudos agrave minha matildee
Jilvanda pelo exemplo de garra e
determinaccedilatildeo e por me ensinar como
fazer acontecer aquilo que se quer ao
meu irmatildeo Alberto a quem eu devo uma
infacircncia maravilhosa e com quem aprendi
o lado suave e feliz da minha
personalidade
5
5
RESUMO
O presente trabalho pretende demonstrar hipoacuteteses nas quais o
princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus eacute excetuado Por meio de pesquisa
histoacuterica conceito exemplos doutrinaacuterios e jurisprudenciais delimita os
institutos processuais apresentamos a regra geral e especificamos as
exceccedilotildees Ao final expomos a explicaccedilatildeo ofertada pela doutrina e pela
jurisprudecircncia como justificativa para estas exceccedilotildees
6
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada tem por escopo delinear o estudo de forma
objetiva explicitando aspectos relevantes acerca do tema como conceituaccedilatildeo
das espeacutecies apresentaccedilatildeo estruturada de informaccedilotildees antes de confrontar o
ponto controvertido
Vale consignar a exibiccedilatildeo de casos praacuteticos coletados atraveacutes de
jurisprudecircncias obtidas em nossos Tribunais de forma a exemplificar e elucidar
as questotildees apresentadas fazendo um paralelo entre os preceitos doutrinaacuterios
e a realidade
Segue-se a leitura de livros informativos textos e artigos cujo teor foi
devidamente sintetizado objetivando apreciar definiccedilotildees e posicionamentos
sobre temas atuais e interessantes de forma clara e objetiva com espeque em
diversificada pesquisa bibliograacutefica
7
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
21
28
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
35
40
33 Reexame obrigatoacuterio
331 Conceito de reexame obrigatoacuterio
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
42
42
44
34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na
hipoacutetese de Recurso Inominado
48
CONCLUSAtildeO 55
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 58
ANEXOS 60
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
8
8
INTRODUCcedilAtildeO
Os recursos satildeo certamente um dos temas mais abrangentes em
Processo Civil Dentre os recursos previstos em nosso ordenamento a
apelaccedilatildeo surge como um dos mais antigos e ateacute por isso um dos mais
conhecidos e utilizados recursos Relativamente agrave apelaccedilatildeo trazemos um
estudo sobre sua origem histoacuterica conceito peculiaridades e pressupostos
A apelaccedilatildeo como todo recurso encontra-se submetida aos
princiacutepios basilares do sistema recursal Destes destacamos a analise do
chamado princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus discorrendo
especificamente sobre seu conceito caracteriacutesticas e aplicaccedilatildeo e explicitando
institutos agrave ele vinculados
Apoacutes oferecer um estudo sobre a apelaccedilatildeo e sobre o princiacutepio da
vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus adentramos ao cerne da questatildeo ou seja agrave
relativizaccedilatildeo do princiacutepio trazendo hipoacuteteses nas quais o mesmo eacute excetuado
Outro recurso utilizado como objeto de pesquisa no presente
trabalho eacute o Recurso Inominado Criado por intermeacutedio da recente Lei
909995 trata-se do meio utilizado para submeter agrave reapreciaccedilatildeo as
sentenccedilas proferidas em sede de Juizado Especial Este estudo mostra as
caracteriacutesticas inerentes ao Recurso Inominado e apoacutes analisa hipoacutetese onde
tambeacutem se observa a relativizaccedilatildeo do princiacutepio na vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus
Por derradeiro adentramos na anaacutelise do chamado ldquoReexame
Obrigatoacuteriordquo onde conceituamos o instituto e apoacutes passamos a sopesar
quanto a abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus nas hipoacuteteses de aplicaccedilatildeo do reexame obrigatoacuterio
9
9
Deste modo a proposta do presente trabalho eacute a demonstraccedilatildeo de
que haacute previsatildeo legal quanto agrave relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus indicando exemplos onde esta exclusatildeo se observa e trazendo a
justificativa doutrinaacuteria e jurisprudencial agrave estas excepcionais hipoacuteteses
10
10
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio in Pejus
Inicialmente antes de embrenharmo-nos no estudo de nossa
proposta compete analisarmos doutrinariamente o instituto da reformatio in
pejus buscando melhor compreender os posicionamentos a serem adotados
Para definir o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus faremos
uso da mesma metodologia utilizada quando da conceituaccedilatildeo do recurso de
apelaccedilatildeo ou seja montaremos o conceito deste instituto atraveacutes do uso de
explicaccedilotildees e informaccedilotildees que por loacutegica mais do que somente conduzir ao
conceito traratildeo o real entendimento acerca do tema
Inicialmente faz-se necessaacuterio traduzir o nome do princiacutepio que traz
em seu bojo um vocaacutebulo em latim A expressatildeo ldquoreformatio in pejusrdquo significa
reformar para pior Assim o princiacutepio seria o da vedaccedilatildeo agrave reforma para pior
Mas que reforma Em que sentido de que em que circunstacircncia e por
quem
A proibiccedilatildeo de reformatio in peius ou da reforma para pior traduz-se
na proibiccedilatildeo da desfiguraccedilatildeo da decisatildeo que tenha sido proferida com
sucumbecircncia parcial para as partes de forma a piorar a situaccedilatildeo daquele que
recorreu Desta forma se num processo somente um dos interessados
interpotildee o recurso natildeo eacute dado ao juiz ou tribunal que o julgaraacute o direito de
desviar a decisatildeo recorrida em prejuiacutezo daquele que recorreu Em outras
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
4
4
DEDICATOacuteRIA
ao meu pai Joseacute Antocircnio que sempre
me apoiou e me fez herdar o gosto pela
leitura e pelos estudos agrave minha matildee
Jilvanda pelo exemplo de garra e
determinaccedilatildeo e por me ensinar como
fazer acontecer aquilo que se quer ao
meu irmatildeo Alberto a quem eu devo uma
infacircncia maravilhosa e com quem aprendi
o lado suave e feliz da minha
personalidade
5
5
RESUMO
O presente trabalho pretende demonstrar hipoacuteteses nas quais o
princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus eacute excetuado Por meio de pesquisa
histoacuterica conceito exemplos doutrinaacuterios e jurisprudenciais delimita os
institutos processuais apresentamos a regra geral e especificamos as
exceccedilotildees Ao final expomos a explicaccedilatildeo ofertada pela doutrina e pela
jurisprudecircncia como justificativa para estas exceccedilotildees
6
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada tem por escopo delinear o estudo de forma
objetiva explicitando aspectos relevantes acerca do tema como conceituaccedilatildeo
das espeacutecies apresentaccedilatildeo estruturada de informaccedilotildees antes de confrontar o
ponto controvertido
Vale consignar a exibiccedilatildeo de casos praacuteticos coletados atraveacutes de
jurisprudecircncias obtidas em nossos Tribunais de forma a exemplificar e elucidar
as questotildees apresentadas fazendo um paralelo entre os preceitos doutrinaacuterios
e a realidade
Segue-se a leitura de livros informativos textos e artigos cujo teor foi
devidamente sintetizado objetivando apreciar definiccedilotildees e posicionamentos
sobre temas atuais e interessantes de forma clara e objetiva com espeque em
diversificada pesquisa bibliograacutefica
7
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
21
28
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
35
40
33 Reexame obrigatoacuterio
331 Conceito de reexame obrigatoacuterio
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
42
42
44
34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na
hipoacutetese de Recurso Inominado
48
CONCLUSAtildeO 55
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 58
ANEXOS 60
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
8
8
INTRODUCcedilAtildeO
Os recursos satildeo certamente um dos temas mais abrangentes em
Processo Civil Dentre os recursos previstos em nosso ordenamento a
apelaccedilatildeo surge como um dos mais antigos e ateacute por isso um dos mais
conhecidos e utilizados recursos Relativamente agrave apelaccedilatildeo trazemos um
estudo sobre sua origem histoacuterica conceito peculiaridades e pressupostos
A apelaccedilatildeo como todo recurso encontra-se submetida aos
princiacutepios basilares do sistema recursal Destes destacamos a analise do
chamado princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus discorrendo
especificamente sobre seu conceito caracteriacutesticas e aplicaccedilatildeo e explicitando
institutos agrave ele vinculados
Apoacutes oferecer um estudo sobre a apelaccedilatildeo e sobre o princiacutepio da
vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus adentramos ao cerne da questatildeo ou seja agrave
relativizaccedilatildeo do princiacutepio trazendo hipoacuteteses nas quais o mesmo eacute excetuado
Outro recurso utilizado como objeto de pesquisa no presente
trabalho eacute o Recurso Inominado Criado por intermeacutedio da recente Lei
909995 trata-se do meio utilizado para submeter agrave reapreciaccedilatildeo as
sentenccedilas proferidas em sede de Juizado Especial Este estudo mostra as
caracteriacutesticas inerentes ao Recurso Inominado e apoacutes analisa hipoacutetese onde
tambeacutem se observa a relativizaccedilatildeo do princiacutepio na vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus
Por derradeiro adentramos na anaacutelise do chamado ldquoReexame
Obrigatoacuteriordquo onde conceituamos o instituto e apoacutes passamos a sopesar
quanto a abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus nas hipoacuteteses de aplicaccedilatildeo do reexame obrigatoacuterio
9
9
Deste modo a proposta do presente trabalho eacute a demonstraccedilatildeo de
que haacute previsatildeo legal quanto agrave relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus indicando exemplos onde esta exclusatildeo se observa e trazendo a
justificativa doutrinaacuteria e jurisprudencial agrave estas excepcionais hipoacuteteses
10
10
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio in Pejus
Inicialmente antes de embrenharmo-nos no estudo de nossa
proposta compete analisarmos doutrinariamente o instituto da reformatio in
pejus buscando melhor compreender os posicionamentos a serem adotados
Para definir o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus faremos
uso da mesma metodologia utilizada quando da conceituaccedilatildeo do recurso de
apelaccedilatildeo ou seja montaremos o conceito deste instituto atraveacutes do uso de
explicaccedilotildees e informaccedilotildees que por loacutegica mais do que somente conduzir ao
conceito traratildeo o real entendimento acerca do tema
Inicialmente faz-se necessaacuterio traduzir o nome do princiacutepio que traz
em seu bojo um vocaacutebulo em latim A expressatildeo ldquoreformatio in pejusrdquo significa
reformar para pior Assim o princiacutepio seria o da vedaccedilatildeo agrave reforma para pior
Mas que reforma Em que sentido de que em que circunstacircncia e por
quem
A proibiccedilatildeo de reformatio in peius ou da reforma para pior traduz-se
na proibiccedilatildeo da desfiguraccedilatildeo da decisatildeo que tenha sido proferida com
sucumbecircncia parcial para as partes de forma a piorar a situaccedilatildeo daquele que
recorreu Desta forma se num processo somente um dos interessados
interpotildee o recurso natildeo eacute dado ao juiz ou tribunal que o julgaraacute o direito de
desviar a decisatildeo recorrida em prejuiacutezo daquele que recorreu Em outras
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
5
5
RESUMO
O presente trabalho pretende demonstrar hipoacuteteses nas quais o
princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus eacute excetuado Por meio de pesquisa
histoacuterica conceito exemplos doutrinaacuterios e jurisprudenciais delimita os
institutos processuais apresentamos a regra geral e especificamos as
exceccedilotildees Ao final expomos a explicaccedilatildeo ofertada pela doutrina e pela
jurisprudecircncia como justificativa para estas exceccedilotildees
6
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada tem por escopo delinear o estudo de forma
objetiva explicitando aspectos relevantes acerca do tema como conceituaccedilatildeo
das espeacutecies apresentaccedilatildeo estruturada de informaccedilotildees antes de confrontar o
ponto controvertido
Vale consignar a exibiccedilatildeo de casos praacuteticos coletados atraveacutes de
jurisprudecircncias obtidas em nossos Tribunais de forma a exemplificar e elucidar
as questotildees apresentadas fazendo um paralelo entre os preceitos doutrinaacuterios
e a realidade
Segue-se a leitura de livros informativos textos e artigos cujo teor foi
devidamente sintetizado objetivando apreciar definiccedilotildees e posicionamentos
sobre temas atuais e interessantes de forma clara e objetiva com espeque em
diversificada pesquisa bibliograacutefica
7
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
21
28
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
35
40
33 Reexame obrigatoacuterio
331 Conceito de reexame obrigatoacuterio
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
42
42
44
34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na
hipoacutetese de Recurso Inominado
48
CONCLUSAtildeO 55
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 58
ANEXOS 60
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
8
8
INTRODUCcedilAtildeO
Os recursos satildeo certamente um dos temas mais abrangentes em
Processo Civil Dentre os recursos previstos em nosso ordenamento a
apelaccedilatildeo surge como um dos mais antigos e ateacute por isso um dos mais
conhecidos e utilizados recursos Relativamente agrave apelaccedilatildeo trazemos um
estudo sobre sua origem histoacuterica conceito peculiaridades e pressupostos
A apelaccedilatildeo como todo recurso encontra-se submetida aos
princiacutepios basilares do sistema recursal Destes destacamos a analise do
chamado princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus discorrendo
especificamente sobre seu conceito caracteriacutesticas e aplicaccedilatildeo e explicitando
institutos agrave ele vinculados
Apoacutes oferecer um estudo sobre a apelaccedilatildeo e sobre o princiacutepio da
vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus adentramos ao cerne da questatildeo ou seja agrave
relativizaccedilatildeo do princiacutepio trazendo hipoacuteteses nas quais o mesmo eacute excetuado
Outro recurso utilizado como objeto de pesquisa no presente
trabalho eacute o Recurso Inominado Criado por intermeacutedio da recente Lei
909995 trata-se do meio utilizado para submeter agrave reapreciaccedilatildeo as
sentenccedilas proferidas em sede de Juizado Especial Este estudo mostra as
caracteriacutesticas inerentes ao Recurso Inominado e apoacutes analisa hipoacutetese onde
tambeacutem se observa a relativizaccedilatildeo do princiacutepio na vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus
Por derradeiro adentramos na anaacutelise do chamado ldquoReexame
Obrigatoacuteriordquo onde conceituamos o instituto e apoacutes passamos a sopesar
quanto a abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus nas hipoacuteteses de aplicaccedilatildeo do reexame obrigatoacuterio
9
9
Deste modo a proposta do presente trabalho eacute a demonstraccedilatildeo de
que haacute previsatildeo legal quanto agrave relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus indicando exemplos onde esta exclusatildeo se observa e trazendo a
justificativa doutrinaacuteria e jurisprudencial agrave estas excepcionais hipoacuteteses
10
10
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio in Pejus
Inicialmente antes de embrenharmo-nos no estudo de nossa
proposta compete analisarmos doutrinariamente o instituto da reformatio in
pejus buscando melhor compreender os posicionamentos a serem adotados
Para definir o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus faremos
uso da mesma metodologia utilizada quando da conceituaccedilatildeo do recurso de
apelaccedilatildeo ou seja montaremos o conceito deste instituto atraveacutes do uso de
explicaccedilotildees e informaccedilotildees que por loacutegica mais do que somente conduzir ao
conceito traratildeo o real entendimento acerca do tema
Inicialmente faz-se necessaacuterio traduzir o nome do princiacutepio que traz
em seu bojo um vocaacutebulo em latim A expressatildeo ldquoreformatio in pejusrdquo significa
reformar para pior Assim o princiacutepio seria o da vedaccedilatildeo agrave reforma para pior
Mas que reforma Em que sentido de que em que circunstacircncia e por
quem
A proibiccedilatildeo de reformatio in peius ou da reforma para pior traduz-se
na proibiccedilatildeo da desfiguraccedilatildeo da decisatildeo que tenha sido proferida com
sucumbecircncia parcial para as partes de forma a piorar a situaccedilatildeo daquele que
recorreu Desta forma se num processo somente um dos interessados
interpotildee o recurso natildeo eacute dado ao juiz ou tribunal que o julgaraacute o direito de
desviar a decisatildeo recorrida em prejuiacutezo daquele que recorreu Em outras
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
6
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada tem por escopo delinear o estudo de forma
objetiva explicitando aspectos relevantes acerca do tema como conceituaccedilatildeo
das espeacutecies apresentaccedilatildeo estruturada de informaccedilotildees antes de confrontar o
ponto controvertido
Vale consignar a exibiccedilatildeo de casos praacuteticos coletados atraveacutes de
jurisprudecircncias obtidas em nossos Tribunais de forma a exemplificar e elucidar
as questotildees apresentadas fazendo um paralelo entre os preceitos doutrinaacuterios
e a realidade
Segue-se a leitura de livros informativos textos e artigos cujo teor foi
devidamente sintetizado objetivando apreciar definiccedilotildees e posicionamentos
sobre temas atuais e interessantes de forma clara e objetiva com espeque em
diversificada pesquisa bibliograacutefica
7
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
21
28
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
35
40
33 Reexame obrigatoacuterio
331 Conceito de reexame obrigatoacuterio
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
42
42
44
34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na
hipoacutetese de Recurso Inominado
48
CONCLUSAtildeO 55
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 58
ANEXOS 60
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
8
8
INTRODUCcedilAtildeO
Os recursos satildeo certamente um dos temas mais abrangentes em
Processo Civil Dentre os recursos previstos em nosso ordenamento a
apelaccedilatildeo surge como um dos mais antigos e ateacute por isso um dos mais
conhecidos e utilizados recursos Relativamente agrave apelaccedilatildeo trazemos um
estudo sobre sua origem histoacuterica conceito peculiaridades e pressupostos
A apelaccedilatildeo como todo recurso encontra-se submetida aos
princiacutepios basilares do sistema recursal Destes destacamos a analise do
chamado princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus discorrendo
especificamente sobre seu conceito caracteriacutesticas e aplicaccedilatildeo e explicitando
institutos agrave ele vinculados
Apoacutes oferecer um estudo sobre a apelaccedilatildeo e sobre o princiacutepio da
vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus adentramos ao cerne da questatildeo ou seja agrave
relativizaccedilatildeo do princiacutepio trazendo hipoacuteteses nas quais o mesmo eacute excetuado
Outro recurso utilizado como objeto de pesquisa no presente
trabalho eacute o Recurso Inominado Criado por intermeacutedio da recente Lei
909995 trata-se do meio utilizado para submeter agrave reapreciaccedilatildeo as
sentenccedilas proferidas em sede de Juizado Especial Este estudo mostra as
caracteriacutesticas inerentes ao Recurso Inominado e apoacutes analisa hipoacutetese onde
tambeacutem se observa a relativizaccedilatildeo do princiacutepio na vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus
Por derradeiro adentramos na anaacutelise do chamado ldquoReexame
Obrigatoacuteriordquo onde conceituamos o instituto e apoacutes passamos a sopesar
quanto a abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus nas hipoacuteteses de aplicaccedilatildeo do reexame obrigatoacuterio
9
9
Deste modo a proposta do presente trabalho eacute a demonstraccedilatildeo de
que haacute previsatildeo legal quanto agrave relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus indicando exemplos onde esta exclusatildeo se observa e trazendo a
justificativa doutrinaacuteria e jurisprudencial agrave estas excepcionais hipoacuteteses
10
10
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio in Pejus
Inicialmente antes de embrenharmo-nos no estudo de nossa
proposta compete analisarmos doutrinariamente o instituto da reformatio in
pejus buscando melhor compreender os posicionamentos a serem adotados
Para definir o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus faremos
uso da mesma metodologia utilizada quando da conceituaccedilatildeo do recurso de
apelaccedilatildeo ou seja montaremos o conceito deste instituto atraveacutes do uso de
explicaccedilotildees e informaccedilotildees que por loacutegica mais do que somente conduzir ao
conceito traratildeo o real entendimento acerca do tema
Inicialmente faz-se necessaacuterio traduzir o nome do princiacutepio que traz
em seu bojo um vocaacutebulo em latim A expressatildeo ldquoreformatio in pejusrdquo significa
reformar para pior Assim o princiacutepio seria o da vedaccedilatildeo agrave reforma para pior
Mas que reforma Em que sentido de que em que circunstacircncia e por
quem
A proibiccedilatildeo de reformatio in peius ou da reforma para pior traduz-se
na proibiccedilatildeo da desfiguraccedilatildeo da decisatildeo que tenha sido proferida com
sucumbecircncia parcial para as partes de forma a piorar a situaccedilatildeo daquele que
recorreu Desta forma se num processo somente um dos interessados
interpotildee o recurso natildeo eacute dado ao juiz ou tribunal que o julgaraacute o direito de
desviar a decisatildeo recorrida em prejuiacutezo daquele que recorreu Em outras
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
7
7
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
21
28
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
35
40
33 Reexame obrigatoacuterio
331 Conceito de reexame obrigatoacuterio
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
42
42
44
34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na
hipoacutetese de Recurso Inominado
48
CONCLUSAtildeO 55
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 58
ANEXOS 60
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
8
8
INTRODUCcedilAtildeO
Os recursos satildeo certamente um dos temas mais abrangentes em
Processo Civil Dentre os recursos previstos em nosso ordenamento a
apelaccedilatildeo surge como um dos mais antigos e ateacute por isso um dos mais
conhecidos e utilizados recursos Relativamente agrave apelaccedilatildeo trazemos um
estudo sobre sua origem histoacuterica conceito peculiaridades e pressupostos
A apelaccedilatildeo como todo recurso encontra-se submetida aos
princiacutepios basilares do sistema recursal Destes destacamos a analise do
chamado princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus discorrendo
especificamente sobre seu conceito caracteriacutesticas e aplicaccedilatildeo e explicitando
institutos agrave ele vinculados
Apoacutes oferecer um estudo sobre a apelaccedilatildeo e sobre o princiacutepio da
vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus adentramos ao cerne da questatildeo ou seja agrave
relativizaccedilatildeo do princiacutepio trazendo hipoacuteteses nas quais o mesmo eacute excetuado
Outro recurso utilizado como objeto de pesquisa no presente
trabalho eacute o Recurso Inominado Criado por intermeacutedio da recente Lei
909995 trata-se do meio utilizado para submeter agrave reapreciaccedilatildeo as
sentenccedilas proferidas em sede de Juizado Especial Este estudo mostra as
caracteriacutesticas inerentes ao Recurso Inominado e apoacutes analisa hipoacutetese onde
tambeacutem se observa a relativizaccedilatildeo do princiacutepio na vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus
Por derradeiro adentramos na anaacutelise do chamado ldquoReexame
Obrigatoacuteriordquo onde conceituamos o instituto e apoacutes passamos a sopesar
quanto a abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus nas hipoacuteteses de aplicaccedilatildeo do reexame obrigatoacuterio
9
9
Deste modo a proposta do presente trabalho eacute a demonstraccedilatildeo de
que haacute previsatildeo legal quanto agrave relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus indicando exemplos onde esta exclusatildeo se observa e trazendo a
justificativa doutrinaacuteria e jurisprudencial agrave estas excepcionais hipoacuteteses
10
10
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio in Pejus
Inicialmente antes de embrenharmo-nos no estudo de nossa
proposta compete analisarmos doutrinariamente o instituto da reformatio in
pejus buscando melhor compreender os posicionamentos a serem adotados
Para definir o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus faremos
uso da mesma metodologia utilizada quando da conceituaccedilatildeo do recurso de
apelaccedilatildeo ou seja montaremos o conceito deste instituto atraveacutes do uso de
explicaccedilotildees e informaccedilotildees que por loacutegica mais do que somente conduzir ao
conceito traratildeo o real entendimento acerca do tema
Inicialmente faz-se necessaacuterio traduzir o nome do princiacutepio que traz
em seu bojo um vocaacutebulo em latim A expressatildeo ldquoreformatio in pejusrdquo significa
reformar para pior Assim o princiacutepio seria o da vedaccedilatildeo agrave reforma para pior
Mas que reforma Em que sentido de que em que circunstacircncia e por
quem
A proibiccedilatildeo de reformatio in peius ou da reforma para pior traduz-se
na proibiccedilatildeo da desfiguraccedilatildeo da decisatildeo que tenha sido proferida com
sucumbecircncia parcial para as partes de forma a piorar a situaccedilatildeo daquele que
recorreu Desta forma se num processo somente um dos interessados
interpotildee o recurso natildeo eacute dado ao juiz ou tribunal que o julgaraacute o direito de
desviar a decisatildeo recorrida em prejuiacutezo daquele que recorreu Em outras
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
8
8
INTRODUCcedilAtildeO
Os recursos satildeo certamente um dos temas mais abrangentes em
Processo Civil Dentre os recursos previstos em nosso ordenamento a
apelaccedilatildeo surge como um dos mais antigos e ateacute por isso um dos mais
conhecidos e utilizados recursos Relativamente agrave apelaccedilatildeo trazemos um
estudo sobre sua origem histoacuterica conceito peculiaridades e pressupostos
A apelaccedilatildeo como todo recurso encontra-se submetida aos
princiacutepios basilares do sistema recursal Destes destacamos a analise do
chamado princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus discorrendo
especificamente sobre seu conceito caracteriacutesticas e aplicaccedilatildeo e explicitando
institutos agrave ele vinculados
Apoacutes oferecer um estudo sobre a apelaccedilatildeo e sobre o princiacutepio da
vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus adentramos ao cerne da questatildeo ou seja agrave
relativizaccedilatildeo do princiacutepio trazendo hipoacuteteses nas quais o mesmo eacute excetuado
Outro recurso utilizado como objeto de pesquisa no presente
trabalho eacute o Recurso Inominado Criado por intermeacutedio da recente Lei
909995 trata-se do meio utilizado para submeter agrave reapreciaccedilatildeo as
sentenccedilas proferidas em sede de Juizado Especial Este estudo mostra as
caracteriacutesticas inerentes ao Recurso Inominado e apoacutes analisa hipoacutetese onde
tambeacutem se observa a relativizaccedilatildeo do princiacutepio na vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus
Por derradeiro adentramos na anaacutelise do chamado ldquoReexame
Obrigatoacuteriordquo onde conceituamos o instituto e apoacutes passamos a sopesar
quanto a abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in
pejus nas hipoacuteteses de aplicaccedilatildeo do reexame obrigatoacuterio
9
9
Deste modo a proposta do presente trabalho eacute a demonstraccedilatildeo de
que haacute previsatildeo legal quanto agrave relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus indicando exemplos onde esta exclusatildeo se observa e trazendo a
justificativa doutrinaacuteria e jurisprudencial agrave estas excepcionais hipoacuteteses
10
10
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio in Pejus
Inicialmente antes de embrenharmo-nos no estudo de nossa
proposta compete analisarmos doutrinariamente o instituto da reformatio in
pejus buscando melhor compreender os posicionamentos a serem adotados
Para definir o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus faremos
uso da mesma metodologia utilizada quando da conceituaccedilatildeo do recurso de
apelaccedilatildeo ou seja montaremos o conceito deste instituto atraveacutes do uso de
explicaccedilotildees e informaccedilotildees que por loacutegica mais do que somente conduzir ao
conceito traratildeo o real entendimento acerca do tema
Inicialmente faz-se necessaacuterio traduzir o nome do princiacutepio que traz
em seu bojo um vocaacutebulo em latim A expressatildeo ldquoreformatio in pejusrdquo significa
reformar para pior Assim o princiacutepio seria o da vedaccedilatildeo agrave reforma para pior
Mas que reforma Em que sentido de que em que circunstacircncia e por
quem
A proibiccedilatildeo de reformatio in peius ou da reforma para pior traduz-se
na proibiccedilatildeo da desfiguraccedilatildeo da decisatildeo que tenha sido proferida com
sucumbecircncia parcial para as partes de forma a piorar a situaccedilatildeo daquele que
recorreu Desta forma se num processo somente um dos interessados
interpotildee o recurso natildeo eacute dado ao juiz ou tribunal que o julgaraacute o direito de
desviar a decisatildeo recorrida em prejuiacutezo daquele que recorreu Em outras
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
9
9
Deste modo a proposta do presente trabalho eacute a demonstraccedilatildeo de
que haacute previsatildeo legal quanto agrave relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus indicando exemplos onde esta exclusatildeo se observa e trazendo a
justificativa doutrinaacuteria e jurisprudencial agrave estas excepcionais hipoacuteteses
10
10
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio in Pejus
Inicialmente antes de embrenharmo-nos no estudo de nossa
proposta compete analisarmos doutrinariamente o instituto da reformatio in
pejus buscando melhor compreender os posicionamentos a serem adotados
Para definir o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus faremos
uso da mesma metodologia utilizada quando da conceituaccedilatildeo do recurso de
apelaccedilatildeo ou seja montaremos o conceito deste instituto atraveacutes do uso de
explicaccedilotildees e informaccedilotildees que por loacutegica mais do que somente conduzir ao
conceito traratildeo o real entendimento acerca do tema
Inicialmente faz-se necessaacuterio traduzir o nome do princiacutepio que traz
em seu bojo um vocaacutebulo em latim A expressatildeo ldquoreformatio in pejusrdquo significa
reformar para pior Assim o princiacutepio seria o da vedaccedilatildeo agrave reforma para pior
Mas que reforma Em que sentido de que em que circunstacircncia e por
quem
A proibiccedilatildeo de reformatio in peius ou da reforma para pior traduz-se
na proibiccedilatildeo da desfiguraccedilatildeo da decisatildeo que tenha sido proferida com
sucumbecircncia parcial para as partes de forma a piorar a situaccedilatildeo daquele que
recorreu Desta forma se num processo somente um dos interessados
interpotildee o recurso natildeo eacute dado ao juiz ou tribunal que o julgaraacute o direito de
desviar a decisatildeo recorrida em prejuiacutezo daquele que recorreu Em outras
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
10
10
1 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio in Pejus
Inicialmente antes de embrenharmo-nos no estudo de nossa
proposta compete analisarmos doutrinariamente o instituto da reformatio in
pejus buscando melhor compreender os posicionamentos a serem adotados
Para definir o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus faremos
uso da mesma metodologia utilizada quando da conceituaccedilatildeo do recurso de
apelaccedilatildeo ou seja montaremos o conceito deste instituto atraveacutes do uso de
explicaccedilotildees e informaccedilotildees que por loacutegica mais do que somente conduzir ao
conceito traratildeo o real entendimento acerca do tema
Inicialmente faz-se necessaacuterio traduzir o nome do princiacutepio que traz
em seu bojo um vocaacutebulo em latim A expressatildeo ldquoreformatio in pejusrdquo significa
reformar para pior Assim o princiacutepio seria o da vedaccedilatildeo agrave reforma para pior
Mas que reforma Em que sentido de que em que circunstacircncia e por
quem
A proibiccedilatildeo de reformatio in peius ou da reforma para pior traduz-se
na proibiccedilatildeo da desfiguraccedilatildeo da decisatildeo que tenha sido proferida com
sucumbecircncia parcial para as partes de forma a piorar a situaccedilatildeo daquele que
recorreu Desta forma se num processo somente um dos interessados
interpotildee o recurso natildeo eacute dado ao juiz ou tribunal que o julgaraacute o direito de
desviar a decisatildeo recorrida em prejuiacutezo daquele que recorreu Em outras
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
11
11
palavras O oacutergatildeo julgador natildeo pode tornar pior a situaccedilatildeo daquele que
recorreu quando somente ele tenha recorrido Atente-se para o fato de que
para que possamos aplicar o princiacutepio da vedaccedilatildeo da reformatio in pejus a
decisatildeo recorrida deve conter sucumbecircncia parcial para as partes isto porque
por oacutebvio se a sucumbecircncia for total natildeo haacute como o juiz ou Tribunal a quem
foi direcionado o recurso piorar a situaccedilatildeo do recorrente
Desta forma pode-se dizer que a proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo
consiste na impossibilidade da instacircncia revisora modificar a decisatildeo judicial
atacada de forma a resultar numa situaccedilatildeo de piora para a parte recorrente O
princiacutepio tem por objetivo garantir agravequele que recorreu a manutenccedilatildeo daquilo
jaacute lhe foi concedido pelo juiacutezo a quo permitindo-se tatildeo somente ao oacutergatildeo
revisor negar provimento ao recurso confirmando o que jaacute foi concedido ou
reformar a decisatildeo recorrida beneficiando o recorrente Isto porque se a parte
contraacuteria agrave recorrente tinha por objetivo beneficiar-se com a modificaccedilatildeo do
julgado ela mesma deveria ter interposto seu proacuteprio recurso natildeo sendo justo
que aquele que pretendia a alteraccedilatildeo do julgado tenha por forccedila de seu
recurso uma piora em sua situaccedilatildeo em benefiacutecio daquele que natildeo recorreu
O princiacutepio da proibiccedilatildeo da ldquoreformatio in pejusrdquo decorre de outro
princiacutepio processual o princiacutepio da congruecircncia ou adstriccedilatildeo (CPC art 128 e
640) segundo o qual na fase recursal o oacutergatildeo revisor deve restringir sua
decisatildeo aos termos da suacuteplica constante das razotildees recursais nos mesmos
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
12
12
termos do que ocorre com a sentenccedila do juiacutezo monocraacutetico em relaccedilatildeo aos
pedidos constantes na peticcedilatildeo inicial
Vale destacar que o princiacutepio da reformatio in pejus vigora mesmo
em caso de interposiccedilatildeo de recurso adesivo Isto porque se ocorrer a
procedecircncia do pedido contido no recurso adesivo alterando a decisatildeo para
pior significa dizer que o recurso do primeiro interessado foi julgado
improcedente Nesta hipoacutetese observamos que quem recorreu inicialmente
obteve tatildeo somente a improcedecircncia de seu recurso e natildeo uma piora em sua
situaccedilatildeo O agravamento da decisatildeo deu-se na decisatildeo proferida no recurso
interposto por seu oponente ou seja no adesivo
Pelo talho do exposto podemos concluir que para que possamos
observar a aplicaccedilatildeo do princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave ldquoreformatio in pejusrdquo devemos
estar diante de hipoacutetese onde ocorra a sucumbecircncia reciacuteproca e o recurso
tenha sido interposto somente por uma das partes Neste caso o recurso natildeo
poderaacute ser julgado de forma a piorar a situaccedilatildeo de quem o interpocircs
A interposiccedilatildeo de recurso por somente uma das partes eacute relevante
porque se ambas as partes recorrerem e o juiz atender ao pedido do reacuteu
prejudicando o autor natildeo ocorre a reformatio in pejus o que ocorreu foi tatildeo
somente o acolhimento de um recurso em detrimento de outro Assim se ldquoArdquo
move accedilatildeo em face de ldquoBrdquo e nesta accedilatildeo requer a procedecircncia de seu pedido
para receber 100 O pedido eacute julgado parcialmente procedente e o Reacuteu ldquoBrdquorsquo eacute
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
13
13
condenado a pagar 80 Se o autor ldquoArdquo interpor recurso requerendo a reforma
da decisatildeo monocraacutetica e a majoraccedilatildeo da condenaccedilatildeo de 80 para 100 e ldquoBrdquo
interpotildee recurso pedindo a reforma da decisatildeo para que natildeo tenha que pagar
qualquer valor natildeo viola o principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus atender
ao pedido de ldquoArdquo e aumentar a condenaccedilatildeo para 100 Poreacutem se somente ldquoBrdquo
recorrer por respeito ao principio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus o juiz natildeo
poderaacute aumentar a condenaccedilatildeo para 100
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
14
14
2 RECURSO DE APELACcedilAtildeO
21 Origem Histoacuterica da Apelaccedilatildeo
Compulsando o material histoacuterico verificamos que inexiste na
antiguumlidade instituto similar agrave apelaccedilatildeo do qual se possa dizer que se tenha
inspirado a medida Existem poreacutem alguns antecedentes histoacutericos os quais
analisados podem explicar o aparecimento e o perfil do recurso como a
supplicativo romana a sopricaccedilatildeo portuguesa Assim encontramos o
nascedouro da essecircncia do recurso de apelaccedilatildeo no sistema processual
romano
Para cada etapa da histoacuteria de Roma encontramos um sistema
processual diferente podendo ser observado que na Monarquia o sistema
adotado correspondia ao das ldquoaccedilotildees da leirdquo (legis actiones) Durante a
Repuacuteblica utilizou-se o modelo denominado ldquoformulaacuteriordquo (per formulas)
Quando atingiu-se a fase do Impeacuterio adotou-se o sistema processual
ldquoextraordinaacuteriordquo (cognitio extraordinaria)
Haacute quem estabeleccedila a divisatildeo do processo civil romano em duas
fases processuais ao inveacutes de trecircs Neste caso denomina-se a primeira fase
de ordo judiciorum privatorum que na realidade corresponde agrave junccedilatildeo da
fase legis actiones com a fase per formulas em contraposiccedilatildeo agrave fase
posterior a da cognitio extra ordinem
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
15
15
Comum agrave ambas classificaccedilotildees a fase da cognitio extraordinaria
teve iniacutecio no seacuteculo III aC finalizando-se com as publicaccedilotildees ordenadas pelo
Imperador Justiniano (529 a 534 dC) que entre outros brindaram-nos com a
definiccedilatildeo de accedilatildeo segundo a qual a accedilatildeo nada mais eacute do que o direito de
perseguir em juiacutezo o que nos eacute devido (actio autem nihil aliud est quem ius
persequendi in iudicio quod sibi debetur) Eacute justamente nesta fase que
observamos o surgimento da supplicatio que definiria perfeitamente o caminho
a ser trilhado para o nascimento do instituto da apelaccedilatildeo delimitando sua
finalidade efeito e estrutura e pressupondo o duplo grau de jurisdiccedilatildeo
A supplicatio romana pode ser definida como uma medida que
possibilitava insurgir-se contra restriccedilotildees impostas ao direito de apelar sendo
dirigida ao Imperador ou ao Prefeito do Pretoacuterio Nos ensinamentos traccedilados
por Arruda Alvim a supplicatio ldquoteria tido lugar justamente contra as
irregularidades do procedimento constituindo-se exemplificativamente uma
delas a denegaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeordquo1
Durantes os primeiros seacuteculos do predomiacutenio barbaacuterico o instituto
da supplicatio foi preservado pelo direito canocircnico ateacute o retorno do direito
romano no seacuteculo XII Quando do renascimento do direito romano a
supplicatio foi introduzida no direito comum de paiacuteses como Itaacutelia Franccedila e
Alemanha Em Portugal sob a influencia do direito canocircnico o instituto
1 Joseacute Manoel de Arruda Alvim Correiccedilatildeo Parcial RT 45213
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
16
16
embrenhou-se ao tempo da instauraccedilatildeo da sua primeira monarquia ainda sob
a forma de queixas ao Rei Nesta eacutepoca as sopricaccedilotildees querimas ou
querimonias natildeo se caracterizavam exatamente como apelaccedilotildees mas
possuiacuteam a mesma finalidade destas
Nas ilustres palavras de Moacyr Amaral Santos nesta eacutepoca ()
sentenccedilas definitivas havia e natildeo poucas - quais as dos corregedores da
Corte dos juiacutezes das Iacutendias dos juiacutezes dos alematildees dos ingleses dos
franceses dos espanhoacuteis dos italianos dos conservadores da Universidade
de Coimbra bem como as do rei o qual atendendo agraves querimas ou
querimonias ainda em uso decidia em grau de recurso oposto contra as
sentenccedilas dos juiacutezes locais - que eram inapelaacuteveis Os inconformados com
decisotildees inapelaacuteveis se dirigiam agrave Corte implorando-lhe reparaccedilatildeo da injusticcedila
e isso tatildeo frequumlente se tornou que se estabeleceu a praxe de admitir-se o
agravo ordinaacuterio com a finalidade da supplicatio romana e por meio da qual os
vencidos reclamavam agrave Casa da Suplicaccedilatildeo a reforma daquelas decisotildees
Desde entatildeo distinguiam-se os dois recursos apelaccedilatildeo interponiacutevel contra a
generalidade de sentenccedilas definitivas ou interlocutoacuterias agravo ordinaacuterio
admitido nos casos previstos em lei 2
2 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 15 ed Satildeo
Paulo Saraiva 1995 3 v
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
17
17
Em 1289 eacute criada a Universidade em Portugal sendo determinado
pelo rei Diniz que ali fosse ensinado o direito romano que passou a influenciar
as instituiccedilotildees Em 1446 foram promulgadas as Ordenaccedilotildees Afonsinas e estas
inseriram a mateacuteria das apelaccedilotildees Esta mesma mateacuteria foi estendida agraves
Ordenaccedilotildees Manoelinas em 1521 e posteriormente para as Ordenaccedilotildees
Filipinas em 1602
As Ordenaccedilotildees Filipinas vigoraram no Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da
Repuacuteblica quando foi editado o Regnordm737 de 1850 que em seus artigos 639-
664 efetivamente disciplinou o recurso de apelaccedilatildeo sendo o mesmo reeditado
nos Coacutedigos estaduais de processo
Em 1939 entrou em vigor o Coacutedigo de Processo Civil regulando a
mateacuteria nos artigos 820 usque 832 egrave interessante observar que o aludido
coacutedigo concedia ao recurso de apelaccedilatildeo tratamento diferenciado do que hoje
conhecemos restringindo sua aplicaccedilatildeo agraves sentenccedilas definitivas com valor
igual ou inferior a duas vezes o salaacuterio miacutenimo vigente nas capitais respectivas
dos Territoacuterios e Estados Noutro giro o Coacutedigo de ritos em vigor ampliou o
campo de atuaccedilatildeo do recurso de apelaccedilatildeo sendo este oponiacutevel contra
sentenccedilas definitivas ou terminativas qualquer que seja o valor atribuiacutedo agrave
causa
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
18
18
22 Conceito da Apelaccedilatildeo
A melhor forma de entender o conceito de um determinado instituto
processual eacute formaacute-lo logicamente utilizando-se das informaccedilotildees que temos
sobre o tema Pois bem sabemos que apelaccedilatildeo eacute um recurso mas que tipo de
recurso Como eacute cediccedilo os recursos satildeo classificados sob diversos aspectos
mas quanto agrave natureza ou quanto agrave ldquofonte legalrdquo podem ser ordinaacuterios ou
extraordinaacuterios Seraacute ldquoordinaacuteriordquo quando se originar em lei processual e
ldquoextraordinaacuteriordquo quando derivar da Constituiccedilatildeo Federal Assim conclui-se que
a Apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio
Prosseguindo na ldquomontagemrdquo do conceito mostra-se imperioso
questionar para que serve a apelaccedilatildeo A interposiccedilatildeo de apelaccedilatildeo demonstra
um inconformismo da parte em relaccedilatildeo a um ato do Juiz a sentenccedila Assim
pode-se dizer que a apelaccedilatildeo serve para impugnar a sentenccedila Mais ainda ao
impugnar a sentenccedila a parte inconformada submete toda a mateacuteria tratada no
processo agrave reexame por um segundo oacutergatildeo julgador Assim podemos concluir
ainda que a presenccedila da apelaccedilatildeo como um dos recursos possiacuteveis no
processo civil brasileiro evidencia a adoccedilatildeo pelo nosso coacutedigo de ritos do
duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Desta forma somando-se as conclusotildees alcanccediladas anteriormente
podemos dizer que a apelaccedilatildeo eacute um recurso ordinaacuterio utilizado para impugnar
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
19
19
especificamente um ato do juiz a sentenccedila e que demonstra a adoccedilatildeo pelo
Brasil do duplo grau de jurisdiccedilatildeo
Apesar de real e coerente o conceito alcanccedilado por loacutegica natildeo eacute
capaz de traduzir com o mesmo brilhantismo a definiccedilatildeo de apelaccedilatildeo ofertada
por nossos doutrinadores Assim trazemos agrave baila o conceito de apelaccedilatildeo nas
palavras de grandes estudiosos do processo civil
Nos ensinamentos de Moacyr Amaral Santos ldquoApelaccedilatildeo eacute o recurso
que se interpotildee da sentenccedila de juiz de primeiro grau (Coacuted Proc Civil art513)
Por meio da apelaccedilatildeo impugna-se a sentenccedila provocando-se o reexame da
causa pelo oacutergatildeo judiciaacuterio de segundo grau para o fim de se obter deste a
reforma total ou parcial da sentenccedila impugnada Diga-se pois que a apelaccedilatildeo
eacute o recurso interposto para o juiacutezo superior da sentenccedila do juiz de primeiro
grau a fim de ser obtida a sua reforma total ou parcialrdquo 3
Nas palavras de Fredie Didier e Leonardo Joseacute Carneiro da Cunha
ldquoA apelaccedilatildeo eacute o recurso por excelecircncia porquanto eacute por meio dela que se
insurge contra a sentenccedila que eacute ato judicial que aprecia ou rejeita o pedido e
que concede ou nega a tutela jurisdicional postulada A apelaccedilatildeo a teor do
que estabelece o art 513 do CPC pode ser interposta contra toda e qualquer
sentenccedila tenha ou natildeo apreciado o meacuteritordquo 4
3SANTOS Moacyr AmaralPrimeiras Linhas de Direito Processual Civil 19 edSatildeo PauloSaraiva19972 v
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
20
20
Discorrendo sobre a Apelaccedilatildeo podemos afirmar que este recurso eacute
cabiacutevel quando se pretende investir contra o ato do juiacutezo monocraacutetico que
traduz eficaacutecia extintiva do processo ou seja quando o ato do juiacutezo de origem
encerra a relaccedilatildeo juriacutedica processual Desta forma eacute possiacutevel interpor recurso
de apelaccedilatildeo em processo de conhecimento cautelar ou executoacuterio eacute possiacutevel
ainda interpocirc-la independentemente do rito eleito podendo ser este comum
ordinaacuterio comum sumaacuterio ou especial sendo no uacuteltimo caso excepcionada
em caso de procedimento diverso previsto em lei especiacutefica como por exemplo
a Justiccedila do Trabalho e os Juizados Especiais
Quando mencionamos que a apelaccedilatildeo eacute oponiacutevel a ato de juiz
monocraacutetico pretendemos deixar claro a vinculaccedilatildeo deste recurso contra ato
praticado em primeira instacircncia Isto porque se o ato for proferido pelo tribunal
em sede de accedilatildeo de competecircncia originaacuteria como por exemplo a accedilatildeo
rescisoacuteria ou o mandado de seguranccedila natildeo eacute cabiacutevel a interposiccedilatildeo do recurso
de apelaccedilatildeo e sim conforme preceito contido em nossa Carta Magna o
recurso especial ou o recurso extraordinaacuterio
Assim sendo toda vez que nos deparamos com um ato proferido
por juiz de primeira instacircncia (federal ou estadual) dotado de potencialidade de
extinguir o feito seja este uma sentenccedila que entenda pela inadmissibilidade
da accedilatildeo em consequumlecircncia da falta de determinado pressuposto processual ou
de uma das condiccedilotildees da accedilatildeo ou que indefira a peccedila vestibular ou decida
4DIDIER JR Fredie CUNHA Leonardo Joseacute Carneiro da Curso de Direito Processual Civil 5 ed SalvadorJusPodivm20083 v
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
21
21
pelo arquivamento do feito face a ineacutercia do autor ou mesmo uma sentenccedila
definitiva desde aquela que reconhece a decadecircncia ou a prescriccedilatildeo ou
aquela que julga e extingue o processo por reconhecimento do pedido pelo
reacuteu ou mesmo a sentenccedila em que o juiz aceita ou recusa a suacuteplica apoacutes
sopesar o embasamento da accedilatildeo em todas essas hipoacuteteses caberaacute apelaccedilatildeo
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
22
22
33 Reexame obrigatoacuterio 331 Conceito de Reexame obrigatoacuterio
Antes de adentrarmos ao estudo aprofundado da mateacuteria proposta
faz-se necessaacuterio um breve esboccedilo histoacuterico e conceitual sobre o instituto do
reexame obrigatoacuterio
O ldquoreexame obrigatoacuteriordquo ou ldquoremessa necessaacuteriardquo nasceu em
Portugal sob o tiacutetulo de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Na eacutepoca vigorava o processo
inquisitoacuterio e a ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo traduzia-se numa forma de frear os
poderes conferidos aos magistrados
No Brasil o instituto foi introduzido pelo artigo 822 do Coacutedigo de
Processo Civil de 1939 Neste Coacutedigo instituto da remessa obrigatoacuteria
encontrava-se no capiacutetulo relativo aos recursos e recebia a denominaccedilatildeo de
ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo Vale consignar que por natildeo apropriada esta
denominaccedilatildeo foi amplamente atacada pelos doutrinadores agrave eacutepoca pois
gerava incerteza quanto agrave sua natureza juriacutedica sendo certo que alguns
entendiam tratar-se de recurso e outros natildeo tratando como instituto processual
de caracteriacutesticas distintas
Tal celeuma foi pacificada pelo Coacutedigo de Processo Civil atual que
alterou o nome iuris do instituto de ldquoapelaccedilatildeo ex officiordquo para ldquoremessa
necessaacuteriardquo ou ldquoreexame obrigatoacuteriordquo e modificou sua localizaccedilatildeo topograacutefica
dentro do Coacutedigo removendo tal instituto do capiacutetulo dos recursos
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
23
23
Atraveacutes do estudo do instituto conclui-se com total certeza que o
mesmo natildeo pode ser considerado como um recurso como eacute cediccedilo satildeo
caracteriacutesticas e pressupostos de admissibilidade de qualquer recurso
voluntariedade tipicidade dialeticidade interesse em recorrer legitimidade
tempestividade e preparo
Comparando as caracteriacutesticas antes arroladas e agravequelas relativas
ao reexame obrigatoacuterio temos que enquanto o recurso eacute voluntaacuterio ou seja eacute
preciso que o interessado demonstre vontade de recorrer a remessa
necessaacuteria eacute uma imposiccedilatildeo legal ou seja o juiz tem o dever de remeter os
autos agrave instacircncia superior Os recursos satildeo taxativamnte expressos no Coacutedigo
de Processo Civil sendo portanto numerus clausus Jaacute o reexame obrigatoacuterio
natildeo estaacute previsto no mesmo Diploma Legal como recurso carecendo desta
forma de tipicidade Os recursos satildeo dialeacuteticos deve ser observado o
princiacutepio do contraditoacuterio O reexame obrigatoacuterio por sua vez natildeo deduz
argumentaccedilatildeo alguma ateacute porque natildeo seria loacutegico o juiz que proferiu a decisatildeo
rebelar-se contra ela Eacute necessaacuterio que o interessado tenha sucumbido para
que este possa interpor recurso O juiz no caso da remessa obrigatoacuteria natildeo
sucumbe uma vez que natildeo se relaciona com a lide Satildeo partes legiacutetimas para
recorrer aquelas previstas no artigo 499 O juiz natildeo faz parte do rol elencado
em referido dispositivo legal O recurso deve ser tempestivo Jaacute na hipoacutetese de
remessa obrigatoacuteria natildeo haacute prazoo recurso depende do preparo sendo que o
reexame obrigatoacuterio eacute isento
Desta forma resta claro que o reexame obrigatoacuterio natildeo eacute um
recurso na realidade tem natureza juriacutedica de ldquocondiccedilatildeo de eficaacutecia da
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
24
24
sentenccedilardquo uma vez que somente apoacutes o exame da mateacuteria pelo Tribunal eacute que
a decisatildeo eacute dotada de eficaacutecia e passaraacute a produzir efeitos ou seja somente
apoacutes o exame pelo Tribunal ocorreraacute a coisa julgada
A remessa necessaacuteria visa resguardar o interesse de ordem puacuteblica
e surge exclusivamente na hipoacutetese de sentenccedila de meacuterito Apoacutes a remessa
necessaacuterias no Tribunal o procedimento dado eacute idecircntico ao do recurso de
apelaccedilatildeo
Assim podemos dizer que a remessa necessaacuteria traduz-se no dever
do juiz de nas hipoacutetese estabelecidas em lei ordenar a remessa dos autos ao
Tribunal independentemente da vontade ou da interposiccedilatildeo de recurso pela
partes envolvidas para reexame da mateacuteria A coisa julgada somente iraacute
ocorrer a partir da confirmaccedilatildeo da sentenccedila pelo Tribunal
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
Jaacute estudarmos o princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave reformatio in pejus
contudo antes de adentrarmos ao cerne do presente trabalho e enfrentarmos
as hipoacuteteses inerentes agrave relativizaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo deste princiacutepio se faz
necessaacuterio o estudo e conceituaccedilatildeo de outro instituto juriacutedico a ordem puacuteblica
Somente ao dominarmos a amplitude e a definiccedilatildeo das questotildees de ordem
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
25
25
puacuteblica eacute que poderemos confrontar-nos com a analise das exceccedilotildees posto
que intimamente ligadas
31 O conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
O conceito de ordem puacuteblica eacute obscuro impreciso indeterminado E
justamente esta indeterminaccedilatildeo do conteuacutedo da expressatildeo eacute que faz com que
o inteacuterprete assuma funccedilatildeo fundamental no ajuste e amplitude do significado
Como eacute cediccedilo o ordenamento paacutetrio adotou o chamado ldquosistema aberto de
normasrdquo o qual se constroacutei fundamentalmente sobre conceitos
indeterminados
Diante deste quadro se por um lado observamos a necessidade de
maior esforccedilo interpretativo por outro este processo de interpretaccedilatildeo ocasiona
um resultado social mais oportuno e contiacuteguo da realidade contextualizada
Esta indeterminaccedilatildeo do conceito pode levar inicialmente agrave uma ilusoacuteria
inseguranccedila juriacutedica dada a maior liberdade de argumentaccedilatildeo deferida ao
inteacuterprete mas melhor analisando observamos que a benesse obtida por esta
liberdade eacute maior que eventual inseguranccedila pois de forma cristalina
colhemos a eficiecircncia e o perfeito ajuste agrave historicidade dos fatos considerada
Nas saacutebias palavras de Fabio Ramazzini Bechara
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
26
26
ldquo Prosseguindo na definiccedilatildeo de ordem puacuteblica tem-se que ora ela eacute tratada
como sinocircnimo de convivecircncia ordenada segura paciacutefica e equilibrada a
dizer normal e proacutepria dos princiacutepios gerais de ordem expressados pelas
eleiccedilotildees de base que disciplinam a dinacircmica de um objeto de regulamentaccedilatildeo
puacuteblica e sobretudo de tutela preventiva contextual e sucessiva ou
repressiva
A ordem puacuteblica representa um anseio social de justiccedila assim caracterizado
por conta da preservaccedilatildeo de valores fundamentais proporcionando a
construccedilatildeo de um ambiente e contexto absolutamente favoraacuteveis ao pleno
desenvolvimento humano
Trata-se de instituto que tutela toda a vida orgacircnica do Estado de tal forma
que se mostram igualmente variadas as possibilidades de ofendecirc-la As leis de
ordem puacuteblica satildeo aquelas que em um Estado estabelecem os princiacutepios cuja
manutenccedilatildeo se considera indispensaacutevel agrave organizaccedilatildeo da vida social segundo
os preceitos de direito
()
A ordem puacuteblica nada mais eacute que o estado social que resulta da relaccedilatildeo que
se estabelece entre os representantes dos Poderes Legislativo Executivo e
Judiciaacuterio como governantes e os particulares como governados no sentido
da realizaccedilatildeo dos interesses de ambos A ordem puacuteblica eacute uma consequumlecircncia
da accedilatildeo de autoridade sobre os particulares para lhes regular ou modificar a
accedilatildeo Essa intervenccedilatildeo formando uma relaccedilatildeo origina um estado social que
eacute a ordem puacuteblica
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
27
27
()
A relaccedilatildeo de ordem puacuteblica constitui o paracircmetro para a interpretaccedilatildeo das leis
adaptando-as aos fatos sociais ou lhes modificando para esse mesmo fim a
respectiva inteligecircncia A ordem puacuteblica associa-se agrave ideacuteia de bem social jaacute
que este representa o desejo da autoridade que resulta da accedilatildeo sobre os
governados e cuja limitaccedilatildeo pode significar muitas das vezes ao indiviacuteduo
como um mal social
Eacute ainda a ordem puacuteblica expressatildeo da situaccedilatildeo de tranquumlilidade e
normalidade que o Estado assegura ndash ou deve assegurar ndash agraves instituiccedilotildees e a
todos os membros da sociedade consoante as normas juriacutedicas legalmente
estabelecidasrdquo 5
No dizer de Plaacutecido e Silva extraiacutemos
ldquoORDEM PUacuteBLICA Entende-se a situaccedilatildeo e o estado de legalidade normal
em que as autoridades exercem suas preciacutepuas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos as
respeitam e acatam sem constrangimento ou protesto Natildeo se confunde com a
ordem juriacutedica embora seja uma consequumlecircncia desta e tenha sua existecircncia
formal justamente dela derivadardquo 6
5 Faacutebio Ramazzini Bechara Prisatildeo Cautelar Satildeo Paulo Malheiros 2005 p 97 a 100 6 SILVA de Plaacutecido eVocabulaacuterio juriacutedico III e IV v 2ordf edRio de JaneiroForense1990 p291
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
28
28
Mostra-se relevante trazer a baila os ensinamentos de Andreacuteia
Lopes de Oliveira Ferreira que conceitua questotildees ordem publica como
ldquoaquelas em que o interesse protegido eacute do Estado e da sociedade e via de
regra referem-se agrave existecircncia e admissibilidade da accedilatildeo e do processo Trata-
se de conceito vago natildeo podendo ser preenchido com uma definiccedilatildeordquo e cita
Teacutercio Sampaio Ferraz para quem ldquoeacute como se o legislador convocasse o
aplicador para configuraccedilatildeo do sentido adequadordquo 7
Desta forma podemos concluir que a ordem puacuteblica relaciona-se agrave
condiccedilotildees adjuntas agrave mateacuteria ao espaccedilo e ao tempoou seja rationae
materiae dependendo da natureza das ocorrecircncia considerada (caraacuteter
funcional) ratione loci acoplado agrave referecircncias locais ou seja usos e
costumes o que lhe transmite diversidade ratione temporis sofrendo
intervenccedilatildeo da evoluccedilatildeo dos espiacuteritos e dos procedimentos (caraacuteter evolutivo)
Como por exemplo citamos a descriminalizaccedilatildeo do cheque sem fundo os
debates sobre a descriminalizaccedilatildeo do uso de droga o recuo da ordem puacuteblica
familiar Todas as hipoacuteteses traduzem a dialeacutetica entre o permitido e o proibido
A ordem puacuteblica eacute resguardada em pelo ordenamento paacutetrio no
artigo 17 da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil que preceitua as leis atos e
sentenccedilas de outro paiacutes bem como quaisquer declaraccedilotildees de vontade natildeo
7 Andreacuteia Lopes de Oliveira Ferreira Embargos infringentes e questotildees de ordem puacuteblica Disp
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841gt Acesso em 28 de fevereiro de 2006
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
29
29
teratildeo eficaacutecia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional a ordem
puacuteblica e os bons costumes (gn)
Dos ensinamentos do insigne mestre Joseacute Carlos Barbosa Moreira
no seu artigo Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo
65157 depreende-se que o dispositivo antes mencionado abarca o ldquosistema
de limites que abre ao STF em certa medida a possibilidade de examinar o
conteuacutedo da sentenccedila estrangeira embora para fim diverso daquele que se
tem em vista nos ordenamentos juriacutedicos em que se procede ao controle da
justiccedila ou injusticcedila do julgamento Aqui se visa tatildeo-somente a recusar a
colaboraccedilatildeo da Justiccedila nacional para o cumprimento de decisotildees
incompatiacuteveis com os princiacutepios poliacuteticos eacuteticos sociais que estatildeo na base
mesma da organizaccedilatildeo do Brasil como Estado 8
Portanto podemos delimitar a ordem publica como uma condiccedilatildeo
onde se observa um estado de legalidade normal onde as autoridades atuam
dentro de suas atribuiccedilotildees e os cidadatildeos reverenciam e consentem com esta
atuaccedilatildeo
8 Moreira Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais Revista de Processo 65157
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
30
30
Pode-se dizer desta forma que o conceito de ordem puacuteblica traduz-
se numa representaccedilatildeo dos valores de eacutepoca e cultura juriacutedica expeciacutefica ou
seja representa os valores considerados fundamentais pela moral em vigor em
nossa cultura juriacutedica Desta forma o que se mostrar oposto a essa
ldquoconformaccedilatildeo moral baacutesicardquo seraacute considerado contraacuterio agrave ordem puacuteblica e natildeo
deveraacute receber a chancela do Oacutergatildeo competente
Eacute de inteira sabenccedila que a concretizaccedilatildeo e a delimitaccedilatildeo do que
compotildee a ordem puacuteblica eacute tarefa a ser cumprida somente pelas Cortes
nacionais com rariacutessimas exceccedilotildees onde observamos que o proacuteprio legislador
se encarrega de conformaacute-la como por exemplo a hipoacutetese de prevista no
paraacutegrafo uacutenico do artigo 39 da Lei nordm 930796
Por tudo que foi exposto conclui-se que em sede de direito
processual a ordem puacuteblica objetiva tolher o anseio das partes para
salvaguardar e equilibrar o ordenamento juriacutedico conferindo seguranccedila aos
litigantes e o acesso agrave ordem juriacutedica justa Assim os considerados ldquoelementos
importantes do processordquo podem ser considerados como ldquoelementos de ordem
puacuteblicardquo Como exemplo as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a
coisa julgada e a legitimidade de partes
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
31
31
Vale ressaltar que as questotildees de ordem puacuteblica natildeo satildeo passiveis
de preclusatildeo Isto significa que podem ser revistas a qualquer momento ou
grau de jurisdiccedilatildeo nos exatos termos do que preceitua o sect 3ordm do art 267 do
CPC ldquoO juiz conheceraacute de ofiacutecio em qualquer tempo e grau de jurisdiccedilatildeo
enquanto natildeo proferida a sentenccedila de meacuterito da mateacuteria constante dos ns IV
V e VI todavia o reacuteu que natildeo alegar na primeira oportunidade em que lhe
caiba falar nos autos responderaacute pelas custas de retardamentordquo
Vecirc-se portanto que as mateacuterias de ordem puacuteblica dizem respeito agraves
condiccedilotildees da accedilatildeo e aos pressupostos de constituiccedilatildeo e de desenvolvimento
vaacutelido do processo E estes estatildeo umbilicalmente ligados aos requisitos de
admissibilidade da tutela jurisdicional Consigne-se ainda a possibilidade de
serem conhecidas ex officio pelo oacutergatildeo jurisdicional as mateacuterias de ordem
puacuteblica
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
32
32
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
Conforme mencionado no item anterior satildeo exemplos de mateacuterias
de ordem puacuteblica as nulidades absolutas a incompetecircncia absoluta a coisa
julgada e a legitimidade de partes
Nulidade absoluta
Como todo ato juriacutedico o ato processual deve apresentar sujeito
capaz objeto liacutecito e forma prescrita ou natildeo defesa em lei
Relativamente aos sujeitos ou partes processuais observamos a
necessidade de atender os seguintes requisitos materiais capacidade juriacutedica
atestada atraveacutes da maioridade assistecircncia ou representaccedilatildeo e a capacidade
postulatoacuteria com exceccedilatildeo da hipoacutetese prevista no art 36 do Coacutedigo de
Processo Civil
Com relaccedilatildeo ao objeto liacutecito temos inuacutemeros dispositivos legais a
determinar que o juiz sobrepuje qualquer ato que se oponha agrave dignidade da
justiccedila como eacute o caso do artigo 125 III do Coacutedigo de Processo Civil
No que tange agrave forma abre-se o campo onde mais se observa a
incidecircncia de nulidades Satildeo considerados absolutamente nulos os atos
processuais que apresentam sua condiccedilatildeo juriacutedica seriamente comprometida
por imperfeiccedilatildeo em seus requisitos essenciais A nulidade absoluta eacute
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
33
33
considerada viacutecio insanaacutevel e um ato maculado pela nulidade absoluta pode
ser invalidado ldquoex officiordquo ou seja por iniciativa do juiz independentemente de
provocaccedilatildeo da parte interessada
A nulidade absoluta pode ser arguumlida a qualquer tempo pois os atos
contaminados por este viacutecio satildeo insuscetiacuteveis de preclusatildeo Serve como
exemplo de ato eivado de nulidade absoluta a citaccedilatildeo com inobservacircncia das
prescriccedilotildees legais (CPC art 247) Neste caso a nulidade da citaccedilatildeo
acarretaraacute a nulidade da sentenccedila que vier a ser proferida no processo O ato
nulo natildeo eacute passiacutevel de ser sanado mas pode ser substituiacutedo por um ato vaacutelido
No exemplo anteriormente mencionado a citaccedilatildeo nula pode ser suprida pelo
ato vaacutelido de comparecimento espontacircneo do reacuteu
Vale ressaltar que toda nulidade depende de decretaccedilatildeo judicial
conforme preceitua o art 249 do Coacutedigo de Processo Civil A decretaccedilatildeo da
nulidade do ato processual traz como consequumlecircncia reputar-se sem efeito
todos os atos subsequumlentes que dele dependam nos termos do art248 do
Coacutedigo de Processo Civil
Conclui-se que a nulidade absoluta origina-se da violaccedilatildeo a
exigecircncias legais estabelecidas no interesse da ordem puacuteblica Eacute dever do juiz
distinguir ldquoex officiordquo a nulidade absoluta em qualquer fase do processo
Resumidamente pode-se dizer que a nulidade seraacute absoluta sempre que
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
34
34
houver violaccedilatildeo direta a princiacutepio constitucional como o da ampla defesa o do
contraditoacuterio e o do juiz natural
Incompetecircncia absoluta
Para que se possa entender o conceito de competecircncia absoluta se
faz necessaacuterio inicialmente relembrar o conceito de Competecircncia Segundo
Moacyr Amaral Santos competecircncia seria a medida da jurisdiccedilatildeo ou o limite
da jurisdiccedilatildeo ou o acircmbito dentro do qual pode o juiz exercer a jurisdiccedilatildeo
Como sabemos o juiz tem o dever de exercer a jurisdiccedilatildeo nos
limites de sua competecircncia Se o fizer aleacutem destes limites seraacute considerado
como juiz incompetente para o trato da mateacuteria Assim eacute o proacuteprio juiz ao
conhecer da causa que procede a primeira anaacutelise de competecircncia sendo seu
dever se verificada sua incompetecircncia para a causa declarar-se
incompetente
A incompetecircncia pode ser absoluta ou relativa Diz-se da
incompetecircncia relativa aquela passiacutevel de ser prorrogada Assim um juiz
relativamente competente poderaacute proferir sentenccedila vaacutelida no processo se as
partes interessadas natildeo suscitarem sua incompetecircncia oportunamente Jaacute a
incompetecircncia absoluta traduz-se em viacutecio insanaacutevel impossiacutevel de ser
corrigido que acarreta a nulidade agrave sentenccedila de meacuterito
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
35
35
Coisa julgada
Apoacutes proferida sentenccedila eacute cabiacutevel interpor recurso objetivando a
reforma do julgado atraveacutes do reexame da mateacuteria por outro oacutergatildeo
jurisdicional Embora nosso ordenamento juriacutedico possua volumosa gama de
recursos a parte pode optar por natildeo recorrer ou recorrendo num dado
momento processual esgotam-se as possibilidades recursais Existe ainda a
hipoacutetese da cessaccedilatildeo da possibilidade recursal pela inobservacircncia do prazo
asseverado em lei para interposiccedilatildeo do recurso pretendido ou seja pela
intempestividade Em todas as hipoacuteteses observamos a ocorrecircncia da coisa
julgada
Segundo o Vocabulaacuterio Enciclopeacutedico de Tecnologia Juriacutedica e
Brocardos Latinos Folio Bound VIEWS Rio de Janeiro 1996 CD-ROM a
expressatildeo coisa julgada significa Diz-se da sentenccedila que se tendo tornado
irretrataacutevel por natildeo haver contra ela mais qualquer recurso firmou o direito de
um dos litigantes para natildeo admitir sobre a dissidecircncia anterior qualquer outra
oposiccedilatildeo por parte do vencido ou de outrem que se sub-rogue em suas
pretensotildees
A coisa julgada eacute um instituto previsto na Constituiccedilatildeo Federal em
seu artigo 5ordm inciso XXXVI a seguir transcrito a lei natildeo prejudicaraacute o direito
adquirido o ato juriacutedico perfeito e a coisa julgada Tambeacutem encontramos
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
36
36
previsatildeo quanto agrave coisa julgada no art 6ordm sect 3ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil que assim a define Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisatildeo
judicial de que jaacute natildeo caiba recurso
Valemo-nos dos ensinamentos de ilustres doutrinadores para
esclarecer ainda mais o conceito de coisa julgada Segundo Alexandre Freitas
Cacircmara a coisa julgada ldquo tornaria imutaacutevel a sentenccedila fazendo com que
aquele ato processual se tornasse insuscetiacutevel de alteraccedilatildeo em sua forma e
faria ainda imutaacutevel os seus efeitos (todos eles declaratoacuterios constitutivos e
condenatoacuterios)9
Para Nelson Nery Junior a formaccedilatildeo da coisa julgada ocorre da
seguinte forma Depois de ultrapassada a fase recursal quer porque natildeo se
recorreu quer porque o recurso natildeo foi conhecido por intempestividade quer
porque foram esgotados todos os meios recursais a sentenccedila transita em
julgado Isto se daacute a partir do momento em que a sentenccedila natildeo eacute mais
impugnaacutevel 10
Seguindo os ensinamentos de Celso Bastos temos que Coisa
julgada eacute a decisatildeo do juiz de recebimento ou de rejeiccedilatildeo da demanda da qual
9 10 NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora Revista dos Tribunais 1997
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
37
37
natildeo caiba mais recurso Jaacute segundo Vicente Greco Filho a coisa julgada
poderia ser definida da seguinte forma A coisa julgada portanto eacute a
imutabilidade dos efeitos da sentenccedila ou da proacutepria sentenccedila que decorre de
estarem esgotados os recursos eventualmente cabiacuteveis11
Desta forma podemos dizer que a coisa julgada mostra-se como a
outorga pelo Judiciaacuterio da tutela jurisdicional ao litigante eacute a derradeira
declaraccedilatildeo do oacutergatildeo julgador ao caso em exame finalizando a demanda e
solucionando as questotildees trazidas agrave contenda sendo esta decisatildeo irrecorriacutevel
e trazendo como consequumlecircncia a imutabilidade da decisatildeo judicialmente
expedida
Legitimidade das Partes
A legitimidade da parte ou legitimidade para a causa (ad causam)
pode ser definida nas palavras de Alfredo Buzaid em seu livro Do Agravo de
Peticcedilatildeo no Sistema do Coacutedigo de Processo Civil Satildeo Paulo Saraiva 1956
p89 como sendo a pertinecircncia subjetiva da accedilatildeo ou seja a legitimidade das
partes se refere ao aspecto subjetivo da relaccedilatildeo juriacutedica processual
Segundo Moacyr Amaral Santosrdquo o autor deveraacute ser titular do
interesse que se conteacutem na sua pretensatildeo com relaccedilatildeo ao reacuteu Assim agrave
legitimaccedilatildeo para agir em relaccedilatildeo ao reacuteu deveraacute corresponder a legitimaccedilatildeo
11 BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo Saraiva 2001
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
38
38
para contradizer deste em relaccedilatildeo agravequele Ali legitimaccedilatildeo ativa aqui
legitimaccedilatildeo passiva12
Com a propositura da accedilatildeo temos a formaccedilatildeo da triacuteade processual
autor reacuteu e Juiz Deve integrar esta relaccedilatildeo juriacutedica as mesmas partes que
formam a relaccedilatildeo juriacutedica de direito material da qual originou-se a lide Eacute esta a
regra geral prevista em nosso ordenamento juriacutedico Ou seja soacute seraacute
legitimado para ajuizar a demanda o titular do interesse levado a juiacutezo e soacute
seraacute legitimado agrave respondecirc-la aquele com que o titular do direito possui uma
relaccedilatildeo juriacutedica
Mostra-se cristalino que autor e reacuteu devem possuir uma relaccedilatildeo
juriacutedica de direito material unindo-os para que possam ser partes legiacutetimas na
relaccedilatildeo juriacutedica processual Noutro giro observamos que como exceccedilatildeo a
esta regra temos as hipoacuteteses de legitimaccedilatildeo extraordinaacuteria e de substituiccedilatildeo
processual Estas hipoacuteteses satildeo restritas e expressamente previstas em lei e
nestes casos uma parte pleiteia em nome proacuteprio pleiteia direito alheio
Como exemplo de legitimidade extraordinaacuteria podemos citar a legitimidade
extraordinaacuteria dos sindicatos para atuar em juiacutezo defendendo os interesses de
seus associados e como exemplo de substituiccedilatildeo processual a legitimidade
do Ministeacuterio Puacuteblico de propor accedilatildeo de investigaccedilatildeo de paternidade em
defesa de interesse de menor
12 SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil p167
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
39
39
32) Teoria da Causa Madura
321) Teoria da Causa Madura ndash conceito e aplicabilidade
Inicialmente apresentaremos o conceito e aplicabilidade da Teoria
da Causa Madura Explicitando sua definiccedilatildeo e discorrendo sobre a
controveacutersia sobre sua aplicabilidade em especial quanto a sentenccedilas
terminativas de demandas com discussatildeo faacutetica elucidada pelos documentos
juntados aos autos
Quando o Juiacutezo monocraacutetico extingue o processo sem julgamento
do meacuterito o faz por meio de sentenccedila com fulcro no art267 do Coacutedigo de
Processo Civil nos termos do artigo 162paraacutegrafo 1ordm tambeacutem do Coacutedigo de
Ritos
Neste tema vale ressaltar a distinccedilatildeo de tratamento dada agrave hipoacutetese
de extinccedilatildeo do feito por reconhecimento de prescriccedilatildeo ou decadecircncia Neste
caso a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico adentra ao meacuterito da
questatildeo embora o pedido formulado na peccedila vestibular natildeo tenha sido
formalmente atendido ou negado
Pressupondo uma extinccedilatildeo do processo por reconhecimento de
prescriccedilatildeo ou decadecircncia ou seja com julgamento do meacuterito antes mesmo da
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
40
40
alteraccedilatildeo trazida com a Lei n103522001 a doutrina e a jurisprudecircncia jaacute
admitiam que o Tribunal ao desconsiderar no exame do recurso a prescriccedilatildeo
ou a decadecircncia poderia prosseguir o julgamento do recurso adentrando agrave
anaacutelise do meacuterito da questatildeo
Pois bem com o advento da Lei n103522001 o tribunal passou
em sede recursal a poder adentrar no meacuterito da questatildeo e julgar o feito
tambeacutem nas hipoacuteteses de extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito desde
que se observe nos autos todos os elementos comprobatoacuterios suficientes ao
exame da questatildeo trazida pelo autor em sua peccedila vestibular ou ainda se a
causa versar sobre mateacuteria exclusivamente de direito
A terminologia mateacuteria exclusivamente de direito necessita ser
esclarecida A sua melhor definiccedilatildeo eacute aquela que natildeo a restringe agraves hipoacuteteses
em que o contexto seja meramente juriacutedico ateacute porque inexiste lide
exclusivamente juriacutedica
Na designada causa exclusivamente de direito natildeo observamos
polecircmica faacutetica Assim eacute possiacutevel incluir neste vocaacutebulo as hipoacuteteses nas
quais mesmo havendo controveacutersia sobre fatos todos os eventos estatildeo
devidamente comprovados por documentos A seguir elencamos algumas
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
41
41
situaccedilotildees de ldquocausa exclusivamente de direitordquo indicadas pelo Coacutedigo de
Processo Civil
a) Art 330 I Diz ele O juiz conheceraacute diretamente do pedido proferindo
sentenccedila quando a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito ou sendo de
direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir prova em audiecircncia
Analisando o teor do dispositivo legal observamos que a norma eacute aplicaacutevel agraves
causas onde a questatildeo de meacuterito for unicamente de direito (primeira
hipoacutetese) ou sendo de direito e de fato natildeo houver necessidade de produzir
prova em audiecircncia (segunda hipoacutetese)
Resta demonstrado portanto que a terminologia causa
exclusivamente de direito natildeo delimita de forma eficaz a mateacuteria passiacutevel de
apreciaccedilatildeo pelo oacutergatildeo a quo para julgamento do feito tendo em vista que natildeo
abrange as hipoacuteteses em que apesar de existir questionamento faacutetico inexiste
a necessidade de instruccedilatildeo probatoacuteria Conclui-se que eacute mais adequado adotar
o entendimento que permite ao magistrado o julgamento da lide
antecipadamente bastando para tanto que a causa esteja madura para
julgamento quer seja porque inexiste polecircmica faacutetica a ser debatida quer seja
porque] havendo a mateacuteria faacutetica encontra-se inegavelmente comprovada nos
autos (Nesse sentido STJ ndash 1ordf Turma ndash REsp nordm 403153SP ndash Rel Min Joseacute
Delgado ndash j 090903)
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
42
42
b) Art 515 sect 3ordm No que concerne ao direito recursal o sect 3ordm do art 515
determina a possibilidade de julgamento imediato do meacuterito pelo tribunal
quando a causa tiver sido julgada em primeira instancia por decisatildeo
terminativa Entretanto observamos que este dispositivo traduz uma restriccedilatildeo
indevida Vejamos sua escrita
Nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito (art 267) o
tribunal pode julgar desde logo a lide se a causa versar questatildeo
exclusivamente de direito e estiver em condiccedilotildees de imediato julgamento
Mesmo considerando a previsatildeo normativa que versa sobre
questatildeo unicamente de direito mostrar-se-ia insensato cometer tal restriccedilatildeo
Isto porque mesmo natildeo havendo controveacutersia sobre fatos se estes restarem
bem demonstrados ao tribunal seraacute permitida a aplicaccedilatildeo do artigo A respeito
cf Theotocircnio Negratildeo e Joseacute Roberto F Gouvecirca amparados em aresto do
STJ
Tendo em vista os escopos que nortearam a inserccedilatildeo do sect 3ordm no art 515
(celeridade economia processual e efetividade do processo) sua aplicaccedilatildeo
praacutetica natildeo fica restrita agraves hipoacuteteses de causas envolvendo unicamente
questotildees de direito Desde que tenha havido o exaurimento da fase instrutoacuteria
na instacircncia inferior o julgamento do meacuterito diretamente pelo tribunal fica
autorizado mesmo que existam questotildees de fato Assim lsquoestando a mateacuteria
faacutetica jaacute esclarecida pela prova coletada pode o Tribunal julgar o meacuterito da
apelaccedilatildeo mesmo que o processo tenha sido extinto sem julgamento do meacuterito
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
43
43
por ilegitimidade passiva do apeladorsquo (STJ - 4ordf T REsp 533980-MG rel Min
Ceacutesar Rocha j 21803 p 374) Nestes termos o pressuposto para a
incidecircncia do art 515 sect 3ordm eacute o de que a causa esteja madura para o
julgamento No mesmo sentido RT 829210 (Coacutedigo de Processo Civil e
legislaccedilatildeo processual em vigor p 628 nota 11d do art 515)
No mesmo sentido
O art 515 sect 3ordm do CPC incluiacutedo pela Lei nordm 103522001 veio para permitir
que o Tribunal nos casos de extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito
pudesse julgar desde logo a lide em se tratando de questatildeo exclusivamente
de direito ou quando devidamente instruiacutedo o feito (lsquocausa madurarsquo) (STJ ndash 2ordf
Turma ndash REsp nordm 722410SP ndash Rel Min Eliana Calmon ndash j 150805)
c) Art 740 paraacutegrafo uacutenico Relativamente ao processo executivo prevecirc o
Coacutedigo no paraacutegrafo uacutenico do art 740 Natildeo se realizaraacute a audiecircncia se os
embargos versarem sobre mateacuteria de direito ou sendo de direito e de fato a
prova for exclusivamente documental caso em que o juiz proferiraacute sentenccedila no
prazo de 10 (dez) dias
Depreendemos aqui a aplicaccedilatildeo de melhor teacutecnica que aquela
prevista no art 515 sect 3ordm pois nesta hipoacutetese natildeo se faz a anteriormente
criticada restriccedilatildeo abordando a teoria da causa madura Este preceito
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
44
44
normativo permite o julgamento antecipado mesmo quando haja controveacutersia
faacutetica Bastando para tanto a demonstraccedilatildeo cabal sobre os fatos narrados
d) Art 832 III Jaacute no processo cautelar preceitua o Coacutedigo em seu art 832
III O juiz proferiraacute imediatamente a sentenccedila () se a mateacuteria for somente de
direito ou sendo de direito e de fato jaacute natildeo houver necessidade de outra
prova
No mesmo sentido do artigo estudado no item anterior tambeacutem
nesta hipoacutetese visualizamos a ausecircncia de restriccedilatildeo do julgamento antecipado
agraves situaccedilotildees em que haja somente a controveacutersia juriacutedica Sabiamente este
artigo permite o imediato julgamento na hipoacutetese de existecircncia de controveacutersia
de fato sendo cabiacutevel somente a prova documental Assim sendo traz em si
tal como o art 330 I e o art 740 paraacutegrafo uacutenico a aplicaccedilatildeo da teoria da
causa madura
322) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo agrave
teoria da causa madura quando da apreciaccedilatildeo de mateacuteria de ordem
puacuteblica
Conforme jaacute esclarecemos com a aplicaccedilatildeo da teoria da causa
madura ocorre o ldquotransporterdquo ou seja a devoluccedilatildeo de toda a mateacuteria do
primeiro para o segundo grau inclusive as chamadas mateacuterias de ordem
puacuteblica
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
45
45
Pois bem passemos a analise da seguinte hipoacutetese O autor ldquoArdquo
distribui uma demanda em face do reacuteu ldquoBrdquo O juiacutezo monocraacutetico profere
sentenccedila e o processo eacute extinto sem julgamento do meacuterito por ilegitimidade da
parte autora Inconformado ldquoArdquo interpotildee recurso de apelaccedilatildeo e o processo eacute
encaminhado ao Tribunal Ao receber o recurso o tribunal reconhece a
legitimidade das partes e adentra no meacuterito da questatildeo procedendo o
julgamento pois consta nos autos todos os elementos comprobatoacuterios
suficientes ao exame da questatildeo trazida por ldquoArdquo Contudo ao proferir sua
decisatildeo o Tribunal julga improcedente o pedido de ldquoArdquo
O que se observa no exemplo eacute que devido agrave interposiccedilatildeo de seu
recurso a situaccedilatildeo de ldquoArdquo foi agravada Isto porque como eacute cediccedilo quando da
extinccedilatildeo do feito sem julgamento do meacuterito o autor pode intentar nova accedilatildeo
corrigindo o viacutecio que gerou a extinccedilatildeo e pleiteando o julgamento do meacuterito
pois natildeo haacute definiccedilatildeo quanto ao mesmo Jaacute na hipoacutetese ao recorrer ldquoArdquo que
ateacute entatildeo possuiacutea somente um processo extinto passou a ter uma sentenccedila
de improcedecircncia
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
46
46
332 Da abrangecircncia da aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio in
pejus em sede de reexame obrigatoacuterio
A abrangecircncia do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de
ldquoreexame obrigatoacuteriordquo natildeo eacute consenso em se tratando de error in judicando
hipoacutetese onde se observa equiacutevoco na decisatildeo ou erro no julgamento na
analise do direito material controvertido Trata-se na verdade de acerto ou
desacerto na analise da causa e natildeo de invalidade da decisatildeo Noutro giro
natildeo mais se discute a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor nas chamadas
questotildees de ordem puacuteblica na ocorrecircncia de erro in procedendo mesmo que
natildeo arguumlidas pelos interessados Isto eacute possiacutevel porque nesta hipoacutetese se
cogita a nulidade processual e natildeo de acerto ou desacerto na avaliaccedilatildeo da
causa
Analisaremos desta forma a alteraccedilatildeo da sentenccedila somente sob a
oacutetica do error in judicando Conforme entendimento firmado pelo Superior
Tribunal de Justiccedila (Suacutemula 45) e pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ
114913 e 1081266 RT 598260 584272 e 478229) o ldquoreexame obrigatoacuteriordquo
eacute estabelecido em favor do ente puacuteblico assim sendo natildeo poderia o Tribunal
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
47
47
agravar a situaccedilatildeo daquele como resultado da remessa oficial em face do
princiacutepio da proibiccedilatildeo da reformatio in pejus
Todavia doutrinariamente existe acalorada discussatildeo acerca do
tema Segundo Nelson Nery Juacutenior eacute possiacutevel o agravamento da situaccedilatildeo da
Fazenda Puacuteblica pelo Tribunal em sede de remessa necessaacuteria Pelos
]ensinamentos do insigne mestre tal agravamento natildeo poderia ser entendido
como reformatio in pejus pois tratar-se-ia tatildeo somente da ldquoincidecircncia do
interesse puacuteblico do reexame integral da sentenccedilardquo pela aplicaccedilatildeo do efeito
translativo ao qual se submetem as questotildees de ordem puacuteblica
Adotando tal entendimento eacute possiacutevel encontrar julgamentos
isolados que adotam a possibilidade de ser piorada a situaccedilatildeo da Fazenda
Puacuteblica em sede de remessa necessaacuteria Estes julgamentos trazem como
fundamentaccedilatildeo do julgado a orientaccedilatildeo de que tal agravamento natildeo
caracterizaria reformatio in pejus pois a remessa necessaacuteria eacute uma
manifestaccedilatildeo do princiacutepio inquisitoacuterio e desta forma o oacutergatildeo revisor estaria tatildeo
somente aperfeiccediloando a decisatildeo A piora na condenaccedilatildeo do ente puacuteblica
seria uma consequumlecircncia deste aperfeiccediloamento
Outro argumento utilizado por aqueles que defendem a possibilidade
da piora na condenaccedilatildeo do ente publico em sede de remessa necessaacuteria reza
no sentido de que o agravamento na condenaccedilatildeo eacute a reformatio in pejus e
esta eacute proibida somente para os recursos como a remessa necessaacuteria natildeo
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
48
48
possui natureza juriacutedica de recurso seria possiacutevel sua aplicaccedilatildeo Neste
dispasatildeo trazemos o ensinamento de Barbosa Moreira segundo o qual a
proibiccedilatildeo da reformatio in pejus eacute um instituto inerente aos recursos e natildeo
sendo a remessa obrigatoacuteria uma espeacutecie de recurso na sua seara natildeo haacute que
se falar em proibiccedilatildeo de reforma para pior
Tambeacutem Nelson Nery Juacutenior adota a mesma linha de raciociacutenio
segundo ele natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus em sede de remessa
oficial uma vez que o princiacutepio proibitivo da reformatio in pejus decorre
diretamente do princiacutepio dispositivo inerente aos recursos a remessa oficial
natildeo eacute espeacutecie recursal tanto que natildeo eacute informada pelo princiacutepio dispositivo e
sim pelo inquisitoacuterio em que ressalta a incidecircncia do interesse puacuteblico no
reexame integral da sentenccedila
Tem-se que a remessa necessaacuteria prevista no art 475 do Coacutedigo
do Processo Civil (CPC) e em outros diplomas normativos como por exemplo
Lei nordm 153351 (Lei da Accedilatildeo de Mandado de Seguranccedila) Lei 471765 (Lei da
Accedilatildeo Popular) e o Decreto-Lei nordm 7791969 (dispotildee sobre a aplicaccedilatildeo de
normas processuais trabalhistas) traduz-se como mais um dos injustificaacuteveis
privileacutegios processuais do Poder Puacuteblico violando a isonomia processual
Doutrina e jurisprudecircncia pacificam o entendimento que nega
natureza recursal agrave remessa necessaacuteria classificando-a como instituto sui
generis que objetiva o reexame da condenaccedilatildeo imposta por sentenccedila agrave
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
49
49
Fazenda Puacuteblica especialmente nas hipoacuteteses do art475 do CPC e a
proteccedilatildeo do interesse geral nas demais hipoacuteteses
Apesar de amplamente majoritaacuteria haja vista o respaldo na
jurisprudecircncia do Superior Tribunal de Justiccedila (STJ) e do Superior Tribunal
Federal (STF) no sentido da impossibilidade de piora da condenaccedilatildeo em
remessa necessaacuteria vez que que consistiria em afronta ao prestigiado
princiacutepio da non reformatio in pejus tem se debatido cada vez mais a
possibilidade de agravamento da condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica ou
ao interesse puacuteblico em caso remessa necessaacuteria crescendo o nuacutemero de
julgados adotando entendimento contraacuterio
34) A Exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus em relaccedilatildeo a
recurso inominado
Os Juizados Especiais foram criados pela Lei nordm 909995 a qual
consagrou princiacutepios como o da celeridade simplicidade informalidade e
economia processual possibilitando o julgamento raacutepido do litiacutegio quando este
jaacute natildeo falece na proacutepria audiecircncia de conciliaccedilatildeo
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
50
50
Uma das vantagens inerentes agraves demandas propostas em sede de
Juizados Especiais eacute a isenccedilatildeo inicial do pagamento de custas e a
facultatividade de assistecircncia (art 9ordf) bem como a inexistecircncia de condenaccedilatildeo
em honoraacuterios de sucumbecircncia em primeira instancia
Pautando pela celeridade nos Juizados Especiais existe somente a
previsatildeo legal de dois recursos o recurso inominado e os embargos de
declaraccedilatildeo O primeiro ou seja o recurso Inominado eacute aquele cabiacutevel contra a
sentenccedila proferida em sede de Juizados Especiais Consigne-se que em
hipoacuteteses excepcionais eacute possiacutevel ainda o manejo do mandado de seguranccedila e
da reclamaccedilatildeo
Nos interessa o estudo do recurso inominado ou melhor das
eventuais consequumlecircncias de sua interposiccedilatildeo que conforme demonstraremos
excetua o princiacutepio na non reformatio in pejus
Da leitura da lei depreende-se facilmente que o objetivo do
legislador eacute o desestiacutemulo ao recurso tanto pela isenccedilatildeo de custas somente
em primeira instancia quanto pela eventual condenaccedilatildeo em honoraacuterios de
sucumbecircncia em segunda
A sucumbecircncia somente em segunda instancia eacute a consequumlecircncia
dada agravequele que interpotildee recurso e natildeo obteacutem ecircxito ou seja com a
manutenccedilatildeo integral da sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico Como eacute
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
51
51
cediccedilo com a interposiccedilatildeo de recurso da-se iniacutecio agrave uma nova instacircncia com
evidente retardamento da prestaccedilatildeo jurisdicional Nesta nova fase a
constituiccedilatildeo de um advogado para patrociacutenio da causa eacute obrigatoacuteria e
independentemente do valor da causa
Com efeito aqui se observa uma das caracteriacutesticas do princiacutepio da
causalidade no Juizado Especial Civel Impotildee-se a condenaccedilatildeo em honoraacuterios
advocatiacutecios e despesas processuais agravequele que motivou atraveacutes da
interposiccedilatildeo de recurso a instauraccedilatildeo da lide judicial perpetuando o litiacutegio na
fase recursal poreacutem sem obter ecircxito
Neste diapasatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila vem admitindo a
sucumbecircncia ateacute nas hipoacuteteses em que ocorre a perda do objeto da accedilatildeo com
a extinccedilatildeo do processo sem julgamento do meacuterito conforme demonstramos
atraveacutes da jurisprudecircncia transcrita a seguir
ldquoRECURSO ESPECIAL ALIacuteNEA A ACcedilAtildeO DE IMISSAtildeO NA
POSSE SUPERVENIENTE PERDA DO OBJETO DA ACcedilAtildeO PELA
DESOCUPACcedilAtildeO VOLUNTAacuteRIA DO IMOacuteVEL COMPREENSAtildeO DO
PRINCIacutePIO DA SUCUMBEcircNCIA Agrave LUZ DO PRINCIacutePIO DA CAUSALIDADEEacute
consabido que o princiacutepio da sucumbecircncia deve ser compreendido sob o matiz
do princiacutepio da causalidade de modo que mesmo natildeo-evidente a parte
vencedora impotildee-se a condenaccedilatildeo de honoraacuterios advocatiacutecios e despesas
processuais agravequele que deu origem agrave instauraccedilatildeo da lide judicial infrutiacuteferaNo
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
52
52
particular a perda do objeto da accedilatildeo ocorreu em vista da desocupaccedilatildeo
voluntaacuteria do imoacutevel residencial pelo reacuteu cuja imissatildeo na posse pleiteava a
CEF em juiacutezo anterior agrave prolaccedilatildeo da sentenccedila de modo que se evidencia a
ausecircncia de interesse processual a implicar na extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito na forma do art 267 IV do CPCAgrave luz do princiacutepio da
causalidade (Veranlassungsprinzip) as despesas processuais e os honoraacuterios
advocatiacutecios recaem sobre a parte que deu causa agrave extinccedilatildeo do processo sem
julgamento do meacuterito ou agrave que seria perdedora se o magistrado chegasse a
julgar o meacuterito da causa Grifei
Trazemos agrave balia os ensinamentos de Luiz Guilherme Marinoni que
adota o mesmo entendimento ao comentar a Lei do Juizado Especial Civel
ldquoO acesso a essa instacircncia recursal depende do atendimento a certas
condiccedilotildees natildeo exigiacuteveis na instacircncia ordinaacuteria Assim devem as partes estar
assistidas por advogado (art 41 sect 2o da Lei 909995) A instacircncia recursal
depende ao contraacuterio do que ocorre em primeiro grau do pagamento das
despesas respectivas e mesmo daquelas atinentes agrave instacircncia ordinaacuteria
(ressalvada a hipoacutetese de assistecircncia juriacutedica gratuita) sendo que no juiacutezo
recursal o recorrente vencido deveraacute pagar honoraacuterios advocatiacutecios (art 42
sect 1o art 54 paraacutegrafo uacutenico e art 55 Lei 909995)rdquo (gn) 13
13 MARINONI Luiz Guilherme Manual do Processo de Conhecimento 3ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2004 p 762
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
53
53
Neste mesmo sentido posiciona-se Eduardo Sodreacute cujas palavras
transcrevemos a seguir
ldquo() Em outras palavras se o vencido
conformar-se com a derrota abdicando dos
instrumentos recursais ficaraacute isento do pagamento de
custas e honoraacuterios advocatiacutecios Caso recorra e natildeo
obtenha ecircxito arcaraacute com tais despesasrdquo (gn)
ldquoTrata-se de teacutecnica legislativa bastante louvaacutevel na
medida em que funciona como verdadeiro desestiacutemulo
ao manejo de recursos infundados ou meramente
protelatoacuteriosrdquo14 (gn)
Como jaacute mencionado anteriormente eacute possiacutevel o ajuizamento de
demanda em sede de Juizado Especial com a isenccedilatildeo inicial do pagamento
de custas e sem a necessidade do patrociacutenio da causa por advogado o que
confere ao autor a benesse de propor a accedilatildeo sem suportar qualquer ocircnus
Ocorre que sendo seu pedido julgado improcedente ou procedente
em parte e tendo o autor o desejo de interpor recurso este deveraacute proceder o
recolhimento das custas e a contrataccedilatildeo de patrono para sua interposiccedilatildeo Jaacute
vislumbramos na hipoacutetese que antes mesmo do julgamento do recurso a
14 SODREacute Eduardo Procedimentos Especiais Legislaccedilatildeo Extravagante O sistema recursal
dos Juizados Especiais Ciacuteveis Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 532
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
54
54
parte autora jaacute sofre um agravamento de sua situaccedilatildeo pois agora
obrigatoriamente teraacute que suportar tais gastos
Pois bem interposto o recurso inominado e sendo o mesmo natildeo
acolhido com a decisatildeo de manutenccedilatildeo da sentenccedila a parte recorrente que
lanccedilou matildeo isoladamente do recurso seraacute ainda condenada ao pagamento
dos honoraacuterios de sucumbecircncia
Isto porque por expressa disposiccedilatildeo legal somente natildeo haveraacute
sucumbecircncia no primeiro grau do Juizado Especial Ciacutevel ressalvadas as
hipoacuteteses de litigacircncia de maacute-feacute Contudo em segundo grau aquele que
interpocircs o recurso caso seja vencido em sua pretensatildeo pagaraacute as custas e
honoraacuterios de advogado que seratildeo fixados entre 10 e 20 do valor da
condenaccedilatildeo ou natildeo havendo condenaccedilatildeo sobre o valor corrigido da causa
(art 55)
A tiacutetulo de exemplo transcrevemos a seguir decisatildeo proferida pela
Turma Recursal Ciacutevel do Rio de Janeiro Na hipoacutetese o pedido autoral fora
julgado improcedente pelo juiacutezo monocraacutetico Insatisfeito com o resultado o
autor interpocircs recurso inominado Ao conhecer do recurso a Turma Recursal
negou provimento ao mesmo mantendo integralmente a sentenccedila e
condenando o recorrente nas custas e honoraacuterios advocatiacutecios
ldquoJuiz(a) MARCIO QUINTES GONCALVES
RELATOacuteRIO Vistos etc JOSEacute CARLOS DE OLIVEIRA CEacuteSAR LIMA ajuizou reclamaccedilatildeo em face de BANCO IBI - ADMINISTRAJORA E
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
55
55
PROMOTORA LTDA sob o argumento de que o fornecedor vem cobrando juros extorsivos a tiacutetulo de encargos contratuais o que eacute indevido Requereu a antecipaccedilatildeo da tutela para que o Recorrido se abstenha de incluir seu nome em cadastros de restriccedilatildeo ao creacutedito e confirmada a liminar sejam declaradas nulas as claacuteusulas abusivas limitados os juros a 12 (doze por cento) ao ano recalculado o deacutebito e a condenaccedilatildeo do banco no pagamento de indenizaccedilatildeo por danos morais O Banco IBI arguumliu preliminar de incompetecircncia do JEC eis que a causa eacute complexa a demandar a realizaccedilatildeo de prova pericial para o seu deslinde e no meacuterito que eacute liacutecita a cobranccedila dos encargos contratuais natildeo estando sujeito agrave limitaccedilatildeo de 12 (doze por cento) na cobranccedila de juros por ser instituiccedilatildeo financeira sendo liacutecita igualmente a claacuteusula mandato aleacutem de ser imprestaacutevel a planilha juntada pelo Recorrente-reclamante bem como incabiacutevel a condenaccedilatildeo no pagamento de danos morais O ilustre julgador de 1ordm grau rejeitou a preliminar pois natildeo eacute necessaacuteria a realizaccedilatildeo de periacutecia sendo que ir inclusive o consumidor juntou planilha contendo os valores cuja cobranccedila entende correta e julgou improcedente o pedido (fls 6369) tendo em vista que as claacuteusulas contratuais questionadas foram redigidas dentro dos paracircmetros exigidos pelo CPDC sendo vaacutelida a claacuteusula mandato aleacutem do que as instituiccedilotildees financeiras natildeo se sujeitam a limite de juros de 12 (doze por cento) ao ano e considerando que os Tribunais paacutetrios vecircm admitindo como liacutecito o repasse dos custos na captaccedilatildeo de recursos para a obtenccedilatildeo do financiamento em favor do consumidor natildeo estando o mesmo jungido ao referido percentual ritual Recurso do Reclamante agraves fls 97116 Sustenta a nulidade da claacuteusula mandato e cobranccedila abusiva de juros pois as administradoras de cartotildees de creacutedito natildeo integram sistema financeiro nacional Requer o provimento do recurso para que a sentenccedila seja reformada julgando-se procedente o pedido As contra-razotildees de fls 122126 prestigiam o julgado O recurso eacute adequado e tempestivo tendo sido deferida a gratuidade (cf fls 120) pelo que dele o conheccedilo Acordam os juizes que integram a Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Ciacuteveis de votos em conhecer do recurso e negar-lhe provimento para manter a sentenccedila por seus proacuteprios fundamentos sendo liacutecito o repasse dos custos pela obtenccedilatildeo do financiamento em prol do consumidor aleacutem do que o mandato natildeo eacute em tese outorgado no interesse da administradora de cartotildees de creacutedito constituindo o meio essencial para a viabilidade do negoacutecio ora em questatildeo Condenado o recorrente no pagamento das custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios fixados em 20 (vinte por cento) do valor da condenaccedilatildeo A presente suacutemula de julgamento fica valendo como acoacuterdatildeo na forma do art 46 da Lei nordm 909995rdquo (gn)
Pela analise de todo o exposto e da leitura da hipoacutetese
trazida como exemplo resta evidente que o processamento e julgamento do
recurso inominado em sede de juizado especial pode gerar o agravamento da
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
56
56
situaccedilatildeo inicial do uacutenico recorrente traduzindo-se em evidente exceccedilatildeo ao
princiacutepio da non reformatio in pejus
CONCLUSAtildeO
A apelaccedilatildeo eacute um dos recursos previstos em nosso ordenamento
juriacutedico e possui suas origens no direito romano Utilizada com o objetivo de
reformar as sentenccedilas proferidas em primeira instancia submete-se como
qualquer outro recurso ao princiacutepio da non reformatio in pejus Segundo este
princiacutepio natildeo eacute possiacutevel agravar a situaccedilatildeo daquele que recorre isoladamente
em caso de sucumbecircncia parcial Isto porque natildeo seria justo admitirmos a
possibilidade da parte que se conformou com a sua sucumbecircncia parcial natildeo
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
57
57
interpondo recurso fosse beneficiada com o recurso interposto pela outra
parte
Contudo o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo eacute absoluto
Comprovamos no decorrer deste trabalho monograacutefico que existem hipoacuteteses
em que o recorrente tem sua situaccedilatildeo agravada pela interposiccedilatildeo exclusiva de
seu recurso
Egrave o que ocorre por exemplo quanto agrave possibilidade de serem
conhecidas de officio as questotildees de ordem puacuteblica relacionadas agraves hipoacuteteses
de error in procedendo Nesta hipoacutetese mostra-se evidente a possibilidade de
modificaccedilatildeo do julgado pois esta independe da manifestaccedilatildeo de qualquer dos
interessados natildeo sendo relevante quem seraacute prejudicado ou beneficiado com
a decisatildeo
Quando interposto o recurso de apelaccedilatildeo por forccedila do efeito
translativo a instacircncia superior passa a analisar o respectivo recurso tambeacutem
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Neste caso independentemente da
extensatildeo da impugnaccedilatildeo as questotildees de ordem puacuteblica satildeo transferidas ao
tribunal e esta nova analise pode causar a relativizaccedilatildeo do princiacutepio da non
reformatio in pejus Isto porque se temos o efeito translativo e com ele a
apreciaccedilatildeo das questotildees de ordem puacuteblica pelo tribunal as condiccedilotildees da accedilatildeo
e pressupostos processuais seratildeo reexaminados e caso se verifique que uma
condiccedilatildeo da accedilatildeo ou um pressuposto processual ausente e natildeo foi objeto de
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
58
58
verificaccedilatildeo no primeiro grau com o reconhecimento desta ausecircncia em
segundo grau teremos por vias de consequumlecircncia uma reforma a pior
Vale ressaltar que inexiste consenso quanto aos limites da
aplicabilidade do princiacutepio da non reformatio in pejus em sede de ldquoreexame
obrigatoacuteriordquo quando se observa error in judicando situaccedilatildeo assinalada por
equiacutevoco na decisatildeo ou em outras palavras erro no julgamento na anaacutelise do
direito material controvertido tratando-se destarte de acerto ou desacerto no
julgamento da lide e natildeo de invalidade No entanto na ocorrecircncia de erro in
procedendo mostra-se cristalina a possibilidade de atuaccedilatildeo do oacutergatildeo revisor
em relaccedilatildeo agraves questotildees de ordem puacuteblica Havendo erro in procedendo
mesmo que natildeo questionado pelas partes o oacutergatildeo julgador estaraacute livre para
analisar as questotildees de ordem publica e de decretar a nulidade processual
Outra exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus eacute a hipoacutetese
de interposiccedilatildeo de recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel
Neste caso sendo confirmada a sentenccedila proferida pelo juiacutezo monocraacutetico a
turma recursal faraacute constar em seu acoacuterdatildeo a condenaccedilatildeo ao pagamento das
custas processuais e fixaraacute percentual a ser pago a tiacutetulo de honoraacuterios
advocatiacutecios Desta forma quem interpocircs o recurso mesmo que isoladamente
seraacute onerado caso a sentenccedila seja mantida
Assim podemos dizer que o princiacutepio da non reformatio in pejus natildeo
eacute absoluto uma vez que observamos a possibilidade de relativizaccedilatildeo do
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
59
59
instituto quando da anaacutelise de mateacuterias de ordem puacuteblica e na hipoacutetese do
recurso inominado em sede de Juizado Especial Ciacutevel havendo ainda quem
admita a possibilidade de relativizaccedilatildeo do principio em sede de remessa
necessaacuteria
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BASTOS C R Curso de Direito Constitucional 22ordf Ediccedilatildeo Satildeo Paulo
Saraiva 2001 p 209
CAcircMARA Alexandre Freitas Liccedilotildees de Direito Processual Civil 16 ed vol1
Rio de Janeiro Lumen Juris 2007
DE Plaacutecido e Silva Vocabulaacuterio Juriacutedico Vols III e IV p 291
DIDIER JR Fredie CARNEIRO DA CUNHA Leonardo Joseacute Curso de Direito
Processual Civil 5 ed vol3 Bahia Juspodvm 2008
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
60
60
DONIZETTI Elpiacutedio Curso de Direito Processual Civil 7 ed Rio de Janeiro
Lumen Juris 2007
FUX Luiacutes Curso de Direito Processual Civil Rio de Janeiro Forense 2001
GRECO FILHO Vicente Direito Processual Civil Brasileiro 15 ed v 2 Satildeo
Paulo Saraiva 2002
MACHADO Antocircnio Claacuteudio da Costa Coacutedigo de Processo Civil Interpretado
5 ed Barueri-SP Manole 2006
MARINONI Luiz Guilherme ARENHART Seacutergio Cruz Manual do Processo de
Conhecimento Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2001
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Comentaacuterios ao Coacutedigo de Processo Civil
10 ed vol v5 Rio de Janeiro Forense 2002
MOREIRA Joseacute Carlos Barbosa Problemas relativos a litiacutegios internacionais
Revista de Processo 65157
NERY JR Nelson NERY Rosa Maria de Andrade Coacutedigo de Processo Civil
Comentado 7 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003
NERY JUNIOR N NERY R M A Coacutedigo de processo civil comentado e
legislaccedilatildeo processual civil extravagante em vigor 3ordf Ed Satildeo Paulo Editora
Revista dos Tribunais 1997 p 677
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 18 ed
v1 Saraiva 1995
SANTOS Moacyr Amaral Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 16 ed
v2 Saraiva 1995
THEODORO JUacuteNIOR Humberto Curso de Direito Processual Civil 10 ed v
1 Rio de Janeiro Forense 1992
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
61
61
www httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=867820052008
wwwboletimjuridicocombrdoutrinatexto 16052008
wwwpraetoriumcombr 02062003
httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=2841 28022006
ANEXOS - JURISPRUDEcircNCIA
Exemplos de jurisprudecircncia quanto agrave aplicaccedilatildeo do princiacutepio da non reformatio
in pejus
Processo
REsp 594461 RS RECURSO ESPECIAL 20030171273-9 Relator(a)
Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
07082007
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
62
62
Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 24092007 p 272 Ementa
PROCESSUAL CIVIL MANDADO DE SEGURANCcedilA AUTORIZACcedilAtildeO PARA A IMPRESSAtildeO DE DOCUMENTOS FISCAIS RECURSO DE APELACcedilAtildeO INTERPOSTO SOMENTE PELO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SITUACcedilAtildeO DO ENTE PUacuteBLICO AGRAVADA OFENSA AO PRINCIacutePIO DA NON REFORMATIO IN PEJUS INCIDEcircNCIA DA SUacuteMULA 45STJ 1 Incorre em ofensa ao princiacutepio da non reformatio in pejus o aresto que agrava a situaccedilatildeo do uacutenico recorrente Na hipoacutetese em que a sentenccedila concedeu a ordem e determinou a prestaccedilatildeo de garantia e natildeo havendo recurso da impetrante no que tange agrave ilegalidade da medida eacute defeso ao Tribunal excluiacute-la pois somente o Estado do Rio Grande do Sul recorreu 2 A Suacutemula 45 do STJ dispotildee que no reexame necessaacuterio eacute defeso ao Tribunal agravar a condenaccedilatildeo imposta agrave Fazenda Puacuteblica 3 Recurso Especial provido Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos estes autos acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila na conformidade dos votos e das notas taquigraacuteficas a seguir por unanimidade deu provimento ao Recurso nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Eliana Calmon Joatildeo Otaacutevio de Noronha Castro Meira (Presidente) e Humberto Martins votaram com o Sr Ministro Relator Resumo Estruturado
VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMACcedilOtildeES Referecircncia Legislativa
LEGFED SUM SUM(STJ) SUacuteMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA SUM000045 Veja
(REMESSA NECESSAacuteRIA - REFORMATIO IN PEJUS) STJ - RESP 713609-MT RESP 783537-RJ
Sucessivos
Documento 1
Iacutentegra do Acoacuterdatildeo
Acompanhamento Processual
Resultado sem Formataccedilatildeo ImprimirSalvar
Processo
EDcl no RMS 15188 MT EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA 20020100439-7
Relator(a)
Ministro HUMBERTO MARTINS (1130)
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
63
63
Oacutergatildeo Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento
22042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 05052008 p 1 Ementa
PROCESSUAL CIVIL ndash RECURSO ORDINAacuteRIO EM MANDADO DE SEGURANCcedilA ndash EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ndash REFORMATIO IN PEJUS ndash INEXISTEcircNCIA 1 Obscuridade reconhecida para esclarecer a questatildeo embargada no acoacuterdatildeo recorrido 2 Fundamentaccedilatildeo do acoacuterdatildeo embargado que natildeo significa inversatildeo do julgado decidido no Tribunal de origem mas tatildeo-somente retoacuterica para fundamentar a negativa de provimento do recurso ordinaacuterio em mandado de seguranccedila 3 Inexistente portanto a reformatio in pejus pois a decisatildeo proferida no Tribunal de origem natildeo foi por enquanto alterada Embargos de declaraccedilatildeo acolhidos sem efeitos modificativos apenas para aclarar o acoacuterdatildeo embargado
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade acolheu os embargos de declaraccedilatildeo sem efeitos modificativos nos termos do voto do(a) Sr(a) Ministro(a)-Relator(a) Os Srs Ministros Herman Benjamin Carlos Fernando Mathias (Juiz convocado do TRF 1ordf Regiatildeo) Eliana Calmon e Castro Meira votaram com o Sr Ministro Relator
Resumo Estruturado
Aguardando anaacutelise
Processo
EDcl no REsp 837235 DF EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO NO RECURSO ESPECIAL 20060082754-9
Relator(a)
Ministro FRANCISCO FALCAtildeO (1116) Oacutergatildeo Julgador
T1 - PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento
08042008 Data da PublicaccedilatildeoFonte
DJ 28042008 p 1 Ementa
EXECUCcedilAtildeO FISCAL EXCECcedilAtildeO DE PREacute-EXECUTIVIDADE CONDENACcedilAtildeO EM
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
64
64
HONORAacuteRIOS ADVOCATIacuteCIOS EMBARGOS DE DECLARACcedilAtildeO ERRO MATERIAL REFORMATIO IN PEJUS OU JULGAMENTO EXTRA PETITA INEXISTEcircNCIA I - Os embargos de declaraccedilatildeo constituem recurso de riacutegidos contornos processuais consoante disciplinamento imerso no art 535 do CPC exigindo-se para seu acolhimento estejam presentes os pressupostos legais de cabimento II - Inocorre a hipoacutetese de erro material do decisum tendo os embargantes apenas ressaltado o intuito de ver modificado o acoacuterdatildeo embargado no qual ficou explicitamente definido que eacute perfeitamente cabiacutevel na hipoacutetese de acolhimento parcial de exceccedilatildeo de preacute-executividade apresentada no executivo fiscal a condenaccedilatildeo do excepto ao pagamento da verba honoraacuteria proporcional agrave parte excluiacuteda da execuccedilatildeo ainda que o feito executoacuterio natildeo seja extinto uma vez que foi realizado o contraditoacuterio Precedentes Resp nordm 868183RS Rel p Ac Min LUIZ FUX DJ de 11062007 REsp nordm 306962SC Rel Min JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA DJ de 21032006 REsp nordm 696177PB Rel Min CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO DJ de 22082005 AgRg no REsp nordm 670038RS Rel Min JOSEacute DELGADO DJ de 18042005 e AgRg no REsp nordm 631478MG Rel Min NANCY ANDRIGUI DJ de 13092004 III- Natildeo haacute que se falar em reformatio in pejus ou julgamento extra petita pois o apelo especial foi submetido agrave apreciaccedilatildeo do Colegiado desta Colenda Corte tendo sido amplamente respeitados os princiacutepios do contraditoacuterio e da ampla defesa das partes uma vez que a decisatildeo monocraacutetica anteriormente proferida nos autos em epiacutegrafe foi tornada sem efeitos o que significa dizer que natildeo haacute reforma do decisum se este foi retirado do mundo juriacutedico IV - Embargos de declaraccedilatildeo rejeitados
Acoacuterdatildeo
Vistos relatados e discutidos os autos em que satildeo partes as acima indicadas acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiccedila A Turma por unanimidade rejeitou os embargos de declaraccedilatildeo nos termos do voto do Sr Ministro Relator Os Srs Ministros Luiz Fux Teori Albino Zavascki Denise Arruda (Presidenta) e Joseacute Delgado votaram com o Sr Ministro Relator
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
65
65
IacuteNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATOacuteRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMAacuteRIO 07
INTRODUCcedilAtildeO 08
1 Recuso de Apelaccedilatildeo
1 1 Origem histoacuterica da Apelaccedilatildeo
1 2 Conceito de Apelaccedilatildeo
09
09
09
2 O princiacutepio da vedaccedilatildeo agrave Reformatio In Pejus 13
3 Das hipoacuteteses de relativizaccedilatildeo ao princiacutepio da non
Reformatio in Pejus
17
31 Conceito de questatildeo de ordem puacuteblica
311 Mateacuterias de ordem puacuteblica
21
28
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
66
66
312 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non Reformatio in
Pejus em relaccedilatildeo agraves mateacuterias de ordem publica
35
32 Teoria da Causa Madura
321 Teoria da Causa Madura ndash conceito e
aplicabilidade
322 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in
pejus em relaccedilatildeo agrave Teoria da Causa Madura e
agraves mateacuterias de ordem publica
35
40
33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus
na hipoacutetese de Recurso Inominado
CONCLUSAtildeO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANEXOS
IacuteNDICE
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
67
67
FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
Nome da Instituiccedilatildeo
Tiacutetulo da Monografia
Autor
Data da entrega
Avaliado por Conceito
- AGRADECIMENTOS
- SUMAacuteRIO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 Reexame obrigatoacuterio
- 34 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
- 32 Teoria da Causa Madura
- 33 A exceccedilatildeo ao princiacutepio da non reformatio in pejus na hipoacutetese de Recurso Inominado
- CONCLUSAtildeO
- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
- ANEXOS
- IacuteNDICE
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-
- FOLHA DE AVALIACcedilAtildeO
-