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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E VOCACIONAL PARA A EJA
NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE SEGUNDO SEGMENTO DE
XERÉM.
Por: Samantha Pinheiro Cardoso
Orientadora
Profª Flávia Cavalcanti
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E VOCACIONAL PARA A EJA
NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE SEGUNDO SEGMENTO DE
XERÉM.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Orientação Educacional e
Pedagógica.
Por: Samantha Pinheiro Cardoso
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AGRADECIMENTOS
À professora Flávia Cavalcanti que me orientou durante todo o processo de desenvolvimento do projeto e da monografia.
A todos os professores da AVM que muito contribuíram para minha formação.
Aos amigos Camila Pereira, Vinícius Pimentel e Zilda Santos por todos os momentos alegres que passamos juntos nas tardes de sábado durante o curso.
Aos que participaram da pesquisa por mim elaborada o meu profundo agradecimento.
5
Os objetivos desta monografia são: pesquisar e esmiuçar a realidade
atual da Educação de Jovens e Adultos de Xerém (distrito da cidade de Duque
de Caxias), quais os maiores desafios encontrados pelos docentes e discentes
desta modalidade de ensino, desvelar as dificuldades de atuação dos
orientadores educacionais no que se refere à orientação profissional dos
discentes da EJA e apresentar possibilidades viáveis para atuação dos
orientadores educacionais frente aos desafios encontrados.
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METODOLOGIA
Para desenvolver o presente trabalho utilizamos inúmeros livros como
material de apoio e embasamento teórico, que estão devidamente citados na
bibliografia, recorremos à internet em busca de material de apoio, como
artigos, por exemplo. Para somar-se a isso, desenvolvemos questionários que
foram preenchidos por discentes da EJA de algumas escolas de Xerém.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Educação de Jovens e Adultos: esmiuçando a realidade. 10
CAPÍTULO II - Orientação Educacional: desafios e oportunidades. 20
CAPÍTULO III – A Orientação Vocacional: atuação dos Orientadores Educacionais na escola. 28
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 39
ANEXOS 41
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho surge da visível carência de muitos jovens e adultos
que concluem o Ensino Fundamental no que se refere à definição de um
projeto profissional para suas vidas, muitas vezes nem mesmo a curto prazo
para os dois próximos anos, ou quando apresentam algum, nota-se claro
desconhecimento dos caminhos necessários para se obter tal objetivo e muitas
vezes não se trata de um objetivo e sim um sonho, com o qual os alunos se
identificaram porque está na moda ou ainda porque os ascendentes assim
determinaram.
Para somar-se a isso, inúmeros alunos da Educação de Jovens e
Adultos desconhecem as possibilidades profissionais existentes e sequer
sabem quais são suas vocações lançando-se a primeira oportunidade que
aparece, mesmo que não haja identificação com a carreira escolhida, fato que
pode gerar frustrações futuras.
Em relação aos orientadores, apesar de fazerem tentativas, muitos não
têm conseguido despertar o interesse dos discentes para a formulação de um
projeto de vida.
Acrescendo-se a isso, notamos que há claro esvaziamento do papel do
orientador dentro da escola, que muitas vezes não tem seu trabalho
reconhecido ou sequer conhecido por muitos. Juntamente com este fato, nota-
se o excesso de trabalho atribuído ao orientador, que muitas vezes atua como
uma espécie de “bombeiro” na escola, “apagando incêndios”, ou seja,
intermediando conflitos de sala de aula (que devem fazer parte da atuação do
orientador, mas não como única ou principal função deste profissional) e ou
ainda, ficando engessado pelo excesso de trabalho burocrático a que fica
submetido.
Os objetivos desta monografia são: pesquisar e esmiuçar a realidade da
EJA atualmente (quais os maiores desafios encontrados pelos docentes e
discentes desta modalidade de ensino), desvelar as dificuldades de atuação
dos orientadores educacionais no que se refere à orientação profissional dos
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discentes da EJA e apresentar possibilidades viáveis para atuação dos
orientadores educacionais frente aos desafios encontrados.
Com relação à metodologia adotada neste trabalho gostaríamos de
destacar que dialogaremos com autores como: Freire (1996), Giacaglia e
Penteado (2010), Lima (2007), Bohoslavsky (1998), Müller (1988), dentre
outros, citando e analisando suas obras. Além disso, trabalharemos com a
pesquisa que realizamos por meio de questionários aplicados a discentes das
escolas de Xerém entre os meses de novembro e dezembro de 2012.
Desta forma, no primeiro capítulo trataremos da realidade da Educação
de Jovens e Adultos. Buscaremos responder a questões como: O que mudou
nos últimos anos? Quais as reais possibilidades de atuação do profissional
docente? Os jovens e adultos tem projeto de vida definido? Existem diferenças
relacionadas à faixa etária dos alunos no momento da definição de sua
carreira, ou seja, será que os mais maduros decidem em menor tempo estas
questões? O que os professores podem fazer para auxiliar estes alunos e o
trabalho do Orientador Educacional? Enfim, com base na análise de dados
coletados nas escolas buscaremos responder a essas perguntas.
No segundo capítulo, trataremos da atuação do orientador educacional
propriamente dita. Analisaremos as obras de autores que tratam da atuação
dos orientadores educacionais para saber quais são os maiores desafios
encontrados por eles no que tange à orientação profissional de Jovens e
adultos.
No terceiro e último capítulo, exporemos algumas propostas para
atuação dos orientadores educacionais dentro das escolas com vistas a
subsidiar o trabalho de facilitador que este profissional pode ter dentro do
ambiente escolar, uma vez que o mesmo deve trabalhar como uma ponte entre
os alunos, professores e as famílias, possibilitando a este discente mais
chance de optar pela carreira adequada com suas aptidões e anseios.
CAPÍTULO I
A Educação de Jovens e Adultos: esmiuçando a realidade.
10
Neste capítulo, trataremos da realidade da Educação de Jovens e
Adultos (EJA) no Ensino Fundamental brasileira com ênfase tecida às escolas
de Xerém, distrito do município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro.
Dedicamos alguns meses a um trabalho empírico da dita modalidade de
ensino, apresentamos questionários a serem respondidos pelos alunos, como
metodologia para entender a atualidade.
Ao nos debruçarmos sobre esta questão, não poderíamos deixar de
mencionar o grande trabalho de Freire (1996, p. 23-24) que dedicou anos de
sua vida a estudar e escrever sobre a EJA. De acordo com Paulo Freire
Do ponto de vista democrático em que me situo [...], ensinar é algo mais que um verbo transitivo-direto. Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. (Freire, 1996, p. 23-24).
Esperamos que todo o corpo docente das escolas, os orientadores e os
diretores, e, mais ainda a comunidade escolar na sua totalidade entenda estas
brilhantes palavras e realmente respeite os discentes com toda a bagagem
cultural trazida pelos mesmos à unidade escolar. Os alunos trazem saberes
que não devem ser desconsiderados e isso fica mais evidente na EJA,
inclusive pelo fato de a experiência de vida dos alunos ser maior do que dos
alunos do horário diurno.
Acreditamos plenamente nestas palavras, pois a razão da existência dos
professores, até da escola em si, são os alunos, é para eles e por eles que
fazemos todo nosso trabalho, sendo assim, consideramos que eles devem ser
respeitados, ouvidos e atendidos nas suas necessidades educativas e também
afetivas, uma vez que o processo de ensino-aprendizagem carrega um
componente afetivo importantíssimo.
O aluno deve ser entendido como um sujeito ativo de seu processo
histórico capaz de produzir conhecimento e conduzir sua vida escolar, pessoal,
profissional, etc. Destacamos isso, para nos contrapor àquela visão da
Educação Tradicional em que o aluno era visto como um receptáculo de
conhecimento no qual o docente depositaria o seu conhecimento, educação
11
esta criticada por Freire (1996) que a denominava de ensino bancário em
contraponto com a educação desenvolvida por ele chamada de libertadora.
Aprofundando este referencial teórico apresentaremos algumas ideias
com as quais nos identificamos.
Destacaremos a autora Acácia Zeneida Kuenzer, que ao ser
entrevistada teceu comentários sobre a educação, os quais poderemos
observar que se encaixa no perfil de educação almejado para a EJA, vejamos:
O nosso desafio, em face da crise no mundo do trabalho, que precariza a escola pública e a formação dos professores, é desenvolver um projeto competente, segundo o novo princípio educativo do trabalho, para os trabalhadores e excluídos, não para ajustá-los às demandas da acumulação flexível, mas para torná-los aptos para destruir as condições de exclusão e construir uma sociedade em que todos possam usufruir dos benefícios da produção social, segundo seu desejo e suas necessidades. (KUENZER, 2000).
Também gostaríamos de destacar algumas ideias da tendência
pedagógica crítico-social dos conteúdos: a escola pode ajudar ao se colocar
como um agente transformador da realidade, pois os conteúdos são
trabalhados com os alunos de forma crítica. Sendo assim o arcabouço teórico
dominado pelas elites também deve ser oferecido às camadas desfavorecidas
economicamente, não deixando de contextualizá-lo, de modo que todos
tenham acesso ao saber formal e que a partir do domínio deste possam
diminuir as contradições sociais e aumentar a democracia deste país. Dentro
desta linha analítica citamos José C. Libâneo que afirma:
No Brasil a pedagogia crítico-social é uma das correntes da pedagogia crítica que propõe uma educação vinculada à realidade econômica e sócio-cultural dos educandos, ligando ensino e ação transformadora da realidade, ação e reflexão, prática e teoria. Sustenta a ideia de que o conhecimento está comprometido com a emancipação das pessoas, com a liberdade intelectual e política. Por isso, associa as tarefas do ensino a uma análise crítica sócio-histórico-cultural do contexto em que as pessoas vivem.
A pedagogia crítico-social defende, com muita determinação, que o papel da escola é o de formação cultural, de difusão do conhecimento científico. Formula princípios e orientações para a conversão do saber cientifico em saber escolar. Entende que a ação pedagógica está carregada de intencionalidade e que o
12
ensino da ciência pressupõe interesses que são sociais, políticos, daí a ideia de aprender uma cultura crítica.
Na prática, significa uma abordagem crítica dos conteúdos, crítica no sentido de tratar os conteúdos escolares dentro de uma análise concreta das relações econômicas, sociais, culturais que envolvem a prática escolar. A pedagogia crítico-social quer contribuir efetivamente para a formação sujeitos pensantes e críticos. Por isso, compreende que o ensino cria modos e condições para o desenvolvimento da capacidade do sujeito para colocar-se ante a realidade a fim de pensá-la e nela atuar, visando à transformação. Ensinar a pensar criticamente é fazer a ação docente incidir sobre a capacidade do aluno de apropriar-se de forma crítica dos objetos de conhecimento, a partir de um enfoque totalizante da realidade e de sua problematização. (LIBÂNEO, s. d., p.2).
Sendo assim, deixamos clara nossa visão de escola em que
consideramos importantíssima a participação dos discentes no processo de
ensino-aprendizagem, mas não descartamos, muito pelo contrário, a
apropriação crítica dos conteúdos formais valorizados socialmente, ou seja,
destacamos que a Educação de Jovens e Adultos exige um preparo
diferenciado do professor que, ao estar conectado com a realidade, irá
proporcionar a estes discentes um ensino transformador capaz de torná-los
indivíduos críticos, agentes de transformação social, mas que também
proporcionará a aquisição dos conteúdos formais (necessários para sua
inserção no mercado de trabalho e em níveis educacionais mais elevados -
como a universidade por exemplo), pois acreditamos que a aprendizagem
destes conteúdos pode colaborar para inserir estes indivíduos socialmente e
diminuir as desigualdades do Brasil tornando este país mais democrático
Após esta breve explanação sobre nossa posição frente ao referencial
teórico por nos adotado, gostaríamos de responder a alguns questionamentos
que levantamos na introdução deste trabalho.
Começaremos pelo seguinte: o que mudou nos últimos anos na EJA?
Com o passar do tempo, a EJA passou a contar cada vez mais com
alunos jovens, processo este denominado por Carrano de “juvenilização da
EJA” (s/ data) e também Brunel (2004, p. 32) chama a atenção para este
fenômeno quando afirma que “o rejuvenescimento da população que opta pela
EJA vem chamando a atenção dos educadores que trabalham nesta área”.
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Notamos que em Xerém estas características também foram observadas: A
Educação de Jovens e Adultos passou por transformações nos últimos anos
contando com a presença forte de jovens, até mesmo superando a de adultos.
Este fator tem gerado conflitos, que abordaremos com maior afinco no capítulo
seguinte.
Passemos então para a análise da pesquisa.
Nossa pesquisa se concentrou em três escolas que possuem EJA em
Xerém, 4° distrito de Duque de Caxias (Rio de Janeiro, Brasil). Aplicamos
questionários para os alunos que serão nosso objeto de análise neste capítulo.
Foram as escolas: Escola Municipal Dr. Ely Combat (onde se concentrou a
maior parte de nossa pesquisa), Escola Municipal Santo Agostinho e Escola
Municipal Embaixador Oswaldo Aranha.
Para os discentes, nas três escolas aplicamos o primeiro questionário
(vide anexo I) e na E. M. Dr. Ely Combat trabalhamos com dois, ver o segundo
no anexo II.
No cabeçalho do questionário, além de informações básicas como nome
da escola e do aluno, perguntamos a idade, pois gostaríamos de comparar se
há ou não diferenças com relação a estes alunos de faixa etária diferente. Para
efeito de análise falaremos dos resultados das três escolas trabalhando com
dois grupos etários: os alunos até 21 anos e aqueles que possuem de 22 anos
diante.
Nas três escolas, 96 alunos responderam ao questionário, sendo 31
maiores de 21 anos e 65 alunos que tem até 21 anos das etapas IV e V da
EJA ( o equivalente do 6° ao 9°anos do 2° segmento do Ensino Fundamental).
A primeira pergunta feita foi: O que você pretende fazer na sua vida nos
próximos dois anos? Justifique. Levantamos este questionamento para saber
se eles possuíam para um futuro próximo, algum projeto de vida? Para nossa
surpresa e felicidade ficou evidente que possuíam, pois dos 96 apenas 2 não
apresentaram nenhum projeto. Isso nos surpreendeu bastante, uma vez que
começamos o nosso trabalho imaginando que muitos jovens não tem projeto
de vida, e, ao menos neste grupo, observamos que eles pretendem alguma
coisa, o que consideramos um enorme avanço.
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Dentre as respostas que mais apareceram estavam: estudar e trabalhar.
Outra satisfação, pois sabemos que grande parte dos alunos atualmente no
Brasil não conclui o Ensino fundamental e estes já planejando estudar no
Ensino Médio apresentando conscientização da importância do estudo, tão
desvalorizado em nossa sociedade.
Passemos para as outras perguntas (que colocamos como número 2):
onde você pretende estudar no ano que vem? Por que tomou esta decisão? As
respostas que mais nos interessam nesta pergunta dizem respeito aos alunos
concluintes, de modo a saber se eles pretendem continuar estudando no
Ensino Médio e se o farão em alguma escola técnica. Portanto, neste caso
somente analisaremos as respostas destes alunos da última etapa do Ensino
Fundamental e que tenham respondido às duas perguntas.
Colocamos os dados em um gráfico. (Vide anexo III).
Notamos que apenas uma aluna respondeu que não pretende estudar, o
que nos leva a crer que a grande maioria reconhece a importância de estudar
em alguma escola. Doze alunos demonstraram que não sabem onde vão
estudar (talvez até pelo fato de não ter saído o resultado das opções que
fizeram ao se inscrever nas escolas estaduais).
Outra questão importante a considerar é que destes 51 alunos que
responderam a pesquisa, todos os que já se decidiram por alguma escola
optaram por escolas de Xerém, não se atreveram a escolher escolas mais
distantes, talvez porque estas sejam escolas com uma boa qualidade de
ensino ou pelo fato de estarem mais próximas de suas residências.
Mergulhemos então na continuidade das respostas.
Dos 38 alunos que já escolheram a escola onde vão estudar, 8 disseram
que sua opção de deveu ao fato de gostarem ou conhecerem a escola
escolhida, 8 afirmaram que a razão para a escolha foi a proximidade da escola
em relação a casa onde habitam, 19 justificaram a sua opção pela qualidade
do ensino da escola, 1 aluno alegou que é o fato de ter supletivo, ainda 1 outro
colocou a questão do ensino técnico como motivação para a escolha e 1
discente apresentou como justificativa o fato de a escola apresentar muitas
oportunidades.
15
Podemos então notar, com base na análise dos dados acima que a
proximidade em relação à residência apareceu em 8 respostas mesma
quantidade que apareceu na questão da empatia pela escola; 19 alunos
justificaram sua escolha pela qualidade da escola o que nos surpreendeu
positivamente, pois denota criticidade dos entrevistados em relação à escolher
o melhor para seu futuro. Somente uma aluna apresentou o curso técnico
como opção. Esta é uma questão que nos preocupa, este desinteresse pelos
cursos técnicos ou desconhecimento dos mesmos ou ainda falta oportunidades
nesta área,
Sigamos para a terceira pergunta do questionário: você já fez cursos?
Quais? Com esta enquete pretendíamos descobrir se os alunos tiveram acesso
ao saber formal fora da escola. Nesta questão não dividimos o resultado por
escola nem por faixa etária, pois consideramos que seria interessante pensar
nesta questão de forma mais abrangente: os alunos da EJA em Xerém já
realizaram cursos? Que cursos seriam estes? Estariam voltados para a
questão profissionalizante: veremos o resultado da pesquisa em gráfico
disponível no anexo IV deste trabalho.
Ao total foram 94 os alunos que responderam a esta pergunta destes,
como podemos observar no gráfico do anexo IV, 52% afirmaram nunca terem
feito qualquer curso. Este é um dado preocupante, pois percebemos que a
maioria dos entrevistados não teve acesso a qualquer curso profissionalizante
ou de qualquer outro tipo. Não sabemos se as causas são desinteresse, falta
de oportunidades, quiçá até outras, mas de qualquer forma é um dado que
merece atenção e pesquisas posteriores.
Agora passemos para o gráfico que aponta quais cursos os 45 alunos,
que responderam sim à pergunta, já realizaram. Vide anexo V.
Percebemos que a grande maioria fez curso de informática, 30 alunos.
O segundo curso mais procurado foi o de inglês.
O fato que chama a nossa atenção é que apenas 1 aluno tenha feito
curso de petróleo e gás, levando em consideração que Duque de Caxias tem
um polo de refinamento de petróleo (a REDUC) e ainda que poucos alunos
16
tenham tido acesso (ou interesse, não sabemos) pelos cursos voltados para
área industrial uma vez que Xerém possui um considerável parque industrial.
Estes dados mostram que se faz necessária a realização de um trabalho
de conscientização dos alunos para a importância da realização de cursos
voltados para o mercado de trabalho até mesmo aproveitando a vocação
industrial do distrito e do município como um todo e, se esta for a questão,
disponibilizar mais vagas de cursos em Xerém, próximo da residência destes
alunos para que os mesmos possam se especializar, uma vez que por ser um
distrito um pouco afastado do centro do município e o transporte não ser de
baixo custo pode ser um fator de afastamento destes discentes da realização
de cursos.
No penúltimo questionamento perguntamos: Na escola você tem
recebido informações sobre as profissões que existem? De que forma?
Trabalharemos apenas com os dados coletados na Escola Municipal Dr. Ely
Combat, por considerar que os dados coletados nas outras escolas foram
inconclusivos.
Passemos então para a análise dos dados coletados na Escola
Municipal Dr. Ely Combat, onde se concentrou a maior parte de nossa
pesquisa, 43 alunos responderam a estas perguntas do questionário. Vejamos
o anexo VI.
Como podemos observar na análise do gráfico do anexo VI, a grande
maioria dos alunos entrevistados demonstrou ter recebido informações sobre
as profissões existentes na escola onde estudam. Além disso, quando
perguntamos (dando prosseguimento à pergunta de número 4) de que forma
receberam estes conhecimentos? 100% afirmaram que estas informações
foram transmitidas pelos professores em suas aulas. Os discentes destacaram
em suas respostas as aulas de História e Geografia onde teriam tido mais
informações a respeito das profissões.
Prossigamos com nosso questionário, agora analisando a última
pergunta formulada aos alunos das três escolas: Que profissão você pretende
seguir?
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Nesta pergunta, juntamos as respostas das três escolas e destacamos
por faixa etária. Sendo assim temos o seguinte: dos alunos que responderam a
esta pergunta 61 são menores de 21 anos. Vejamos a seguir quais carreiras
apareceram mais e quantos ainda não sabem que carreira pretendem seguir.
Consultar o anexo VII.
Consideramos bastante revelador e positivo que apenas 22,95% dos
alunos tenham dito que ainda não sabem a carreira que pretendem seguir. Isso
mostra que os mesmos têm projetos para o seu futuro. Chamou-nos a atenção
que grande parte das profissões escolhidas seja de carreiras que exigem curso
superior. Fica um questionamento que responderei no transcorrer deste
capítulo em relação aos alunos da Escola Municipal Dr. Ely Combat: será que
eles sabem como conquistar a profissão escolhida?
Sigamos agora para a observação das entrevistas em que analisamos
as respostas daqueles que tem de 22 anos em diante. 25 foram os alunos
desta faixa etária que responderam a esta pergunta. Debruçaremo-nos sobre o
gráfico a seguir, ver anexo VIII.
Podemos perceber que apenas 2 dos 25 entrevistados não souberam
dizer que profissão pretendem seguir. Este é considerado por nós um ótimo
resultado tendo em vista que 92% dos entrevistados já possui um projeto de
vida profissional definido. Comparando com o gráfico anterior podemos afirmar
que realmente os alunos de 22 anos em diante já tem um projeto de vida mais
definido quando comparado aos de uma faixa etária mais baixa.
Seguiremos agora para última parte do nosso questionário
confeccionado para os alunos da E. M. Dr. Ely Combat. Com estes
questionamentos, objetivamos perceber se os alunos sabem o que precisam
fazer para conquistar a profissão almejada? Também separemos por faixa
etária as respostas.
Neste questionário, vide o anexo IX, colocamos um cabeçalho com
informações como nome da escola, nome do aluno, idade, turma e data. As
perguntas foram: Que profissão você pretende seguir? Por que você escolheu
esta profissão? O que você precisa fazer para conquistar a profissão
desejada?
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Da faixa etária dos 22 anos acima preencheram o questionário 14
alunos. Concentremo-nos nestas respostas agora. Ver anexo IX.
O que nos despertou a atenção neste questionário foi o
desconhecimento do que se faz necessário para conquistar a profissão
almejada, grande parte dos alunos respondeu que tem que estudar muito, mas
não especificou o que iria estudar ou quais meios seriam necessários para
atingir suas metas. Um ponto positivo a destacar diz respeito ao fato de 100%
dos discentes que responderam a esta pergunta já saber qual profissão
pretende seguir.
Vejamos agora a tabela correspondente aos alunos com idade até 21
anos. Disponível no anexo X deste trabalho.
A Análise dos dados acima nos surpreendeu sobremaneira, pois não
esperávamos que os mais jovens fossem demonstrar mais conhecimento
sobre o que se faz necessário para conseguir o que almejam. Ficamos
extremamente satisfeitos com o resultado desta pesquisa, uma vez que estes
alunos apresentaram considerável grau de conscientização sobre o seu futuro
profissional e porque poucos jovens disseram não saber o que querem.
Para concluir o capítulo, gostaríamos de destacar algumas questões
apontadas ao longo do mesmo. A pesquisa nos revelou que a EJA tem
passado por mudanças nos últimos anos, como o processo de “juvenilização”
apontado anteriormente, o que exige dos educadores, dos orientadores e da
comunidade escolar como um todo maior atenção para esta realidade e
disposição para lidar com os conflitos entre as diferentes gerações presentes
nesta modalidade de ensino.
Chamou-nos a atenção que muitos alunos da EJA não tenham feito
cursos fora da escola, esta é uma questão que merece ser melhor trabalhada,
pois o município de Duque de Caxias possui um parque industrial considerável,
presente inclusive em Xerém, e muitos discentes apresentam-se
despreparados para ocupar estas vagas.
Com relação aos dados quantificados gostaríamos de destacar que
apesar de os alunos que tem de 22 anos em diante apresentarem maior
clareza em relação ao projeto de futuro, nos surpreendemos ao perceber que
19
os alunos até 21 anos demonstrem maior conhecimento sobre o que se faz
necessário para alcançar suas metas, o que denota claro conhecimento e
conscientização dos mesmos.
Veremos a seguir, no capítulo 2, a atuação dos orientadores
propriamente dita, seus desafios e oportunidades.
CAPÍTULO II Orientação Educacional: desafios e oportunidades.
O presente capítulo se apresenta como central em nosso trabalho uma
vez que será neste em que traremos à baila da discussão as atribuições do
orientador educacional, a realidade do trabalho de OE em âmbito nacional
tecendo ênfase aos desafios enfrentados pelos mesmos e as possibilidades de
atuação.
O ato de orientar, no sentido de instruir, é algo que surgiu praticamente
junto com as formações sociais mais antigas há milhares de anos atrás,
juntamente com a educação informal, feita pelos parentes ou membros da
20
comunidade na qual o indivíduo estava inserido. Conforme afirmam Giacaglia e
Penteado:
entre os humanos, tem-se notícia de que, desde priscas eras, existiu a necessidade, por parte das gerações mais velhas, não só de prover como também de socializar e instruir as gerações mais novas, utilizando-se para tanto, a princípio, da educação e da orientação informais e, mais tarde, da instrução formal via escolarização. Nos primeiros tempos, e ainda hoje em civilizações menos sofisticadas, toda socialização era feita de maneira informal, se bem que dentro dos parâmetros de tradições bem estruturadas, ficando, tal educação, circunscrita ao ambiente familiar ou próximo a ele. Geralmente era levada a efeito pelos pais, ou por outros parentes próximos e/ou até pessoas conhecidas na comunidade. Tal tarefa, ou parte dela, era confiada a essas pessoas, ainda que de maneira informal, graças às suas habilidades, interesse, possibilidade ou autoridade para o exercício desse papel. (GIACAGLIA E PENTEADO 2010, página: 3).
Mas profissionalmente a Orientação Educacional propriamente dita teve
sua origem ligada à Revolução Industrial. Nas palavras de Giacaglia e
Penteado, temos:
embora a educação, desde os primórdios da civilização, sempre pressupusesse orientação, de tal forma que, por estarem ambas intimamente associadas, ficaria difícil, nessa época, separar uma da outra ou diferenciá-las, a OE apenas iria surgir, formalmente e no ambiente escolar, após e por causa da Revolução Industrial. (GIACAGLIA E PENTEADO 2010, página: 6).
A função de orientador educacional surgiu dentro deste contexto de
formação das indústrias, pois era preciso ter mão de obra especializada,
formada pela escola, formação esta que necessitava de todo apoio de um
profissional específico: o orientador educacional.
Sendo assim, a Orientação Educacional e a Orientação Vocacional
estão imbricadas na sua origem, pois conforme afirmam Giacaglia e Penteado
(2010, página: 6) a “OE com essas [...] finalidades de orientação vocacional e
profissional, teve início em fins do século XIX. Ela surgiu primeiramente nos
EUA, [...] estendendo-se mais tarde a outros países, inclusive ao Brasil”.
21
Com o passar do tempo, a Orientação Educacional foi ampliando sua
atuação dentro e fora do ambiente escolar. Mas nossa abordagem se
restringirá ao ambiente escolar.
Passemos então para a temática deste capítulo propriamente dita.
Começaremos por um panorama das atribuições dos orientadores
educacionais brasileiros.
Atualmente, tem sido bastante abrangente a atuação dos orientadores
educacionais nas escolas. Vejamos então algumas das atribuições
desempenhadas pelos orientadores. Na escola, o orientador faz parte da
equipe técnico-pedagógica, na qual também estão inseridos outros
profissionais da área de pedagogia.
No que se refere propriamente aos orientadores educacionais, cabe
ressaltar a importância de os mesmos serem bem formados e informados de
modo a conseguirem desenvolver adequadamente suas funções, não deixando
a desejar naquilo que lhe competem e nem, por outro lado, encharcar-se de
trabalho que não seja da sua competência.
Sendo assim, torna-se importante o orientador conhecer a lei que
regulamenta a sua profissão, Lei n° 5.564/1968 mais especificamente nos
artigos 8° e 9° do Decreto n° 72.846/1973, para desenvolver adequadamente
seu trabalho. Vejamos os artigos do Decreto acima citado.
Art. 8° São atribuições privativas do Orientador Educacional: a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do
Serviço de Orientação Educacional em nível de:
1 – Escola; 2 – Comunidade. b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do
Serviço de Orientação Educacional [...] c) Coordenar a orientação vocacional do educando [...] d) Coordenar o processo de sondagem de interesses,
aptidões e habilidades do educando. e) Coordenar o processo de informação educacional e
profissional com vistas à orientação vocacional. f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações
necessárias ao conhecimento global do educando. g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos,
encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial.
h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar.
22
i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional [...]
j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional. k) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação
Educacional.
Art. 9° Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições: a) Participar no processo de identificação das características
básicas da comunidade; b) Participar no processo de caracterização da clientela
escolar; c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da
escola; d) Participar na composição, caracterização e
acompanhamento de turmas e grupos; e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos
alunos; f) Participar no processo de encaminhamento dos alunos
estagiários; g) Participar no processo de integração escola-família-
comunidade; h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação
Educacional. (GIACAGLIA E PENTEADO 2010, páginas: 66-67).
Com base na análise das atribuições dos orientadores citadas
acima podemos perceber que os papéis do dito profissional estão
relacionados ao aluno e a comunidade principalmente, no entanto não
se pode perder de vista o forte articulador que o orientador pode e deve
ser dentro da unidade escolar uma vez que participa do planejamento e
execução de atividades centrais dento do contexto escolar, como por
exemplo, sistematizar informações que levem ao conhecimento global
do aluno, seus anseios, suas dificuldades, de modo a facilitar o
processo de ensino-aprendizagem.
Também não se pode deixar de destacar a relevância do preparo
adequado deste profissional, pois uma de suas atribuições diz respeito
ao encaminhamento de alunos que apresentarem alguma necessidade
específica. Mas este encaminhamento exige conhecimento, esmero
para encaminhar o aluno ao profissional adequado e também na
conscientização do responsável por acompanhar este educando neste
tratamento.
23
Para somar-se a isso, notamos que existe destaque para a
questão de o orientador conhecer e interagir com a comunidade escolar
onde atua, pois será ele o principal motor desta interação entre escola-
família-comunidade, parceria tão importante para um bom andamento
do processo de ensino-aprendizagem.
A parte relativa à orientação vocacional trataremos no capítulo
seguinte.
Passemos neste momento para os desafios que os orientadores
educacionais têm encontrado no seu trabalho nas escolas em que atuam.
Mencionamos acima que o orientador deve ser um profissional bem preparado,
estudioso, pois deve estar sempre atento às novas teorias, à realidade que o
cerca. Desta forma poderá facilitar seu trabalho, pois o desconhecimento
poderia levá-lo a desempenhar papéis que não são de sua alçada. Isso tem
acontecido em algumas escolas brasileiras que tem equipes pedagógicas
pequenas, com poucos profissionais, em que ora contratam somente
orientador educacional, ou então somente um orientador pedagógico, este
problema não encontramos nas escolas públicas de Xerém, pois a Prefeitura
de Caxias tem disponibilizado equipes pedagógicas bem completas nas
unidades escolares, mas esta não é a regra em muitos lugares. Conforme
vemos nas palavras de Lopes:
apesar de vários municípios como Duque de Caxias, Búzios, Cabo Frio e Mesquita, por exemplo, terem orientadores educacionais em suas redes de ensino, algumas cidades ainda não possuem. Apesar de sua importância, já que funciona como um elo entre a escola, a família e os alunos, muitas instituições de ensino, principalmente públicas, não contam com este profissional em seus quadros. (LOPES, 2011).
Outro desafio encontrado pelos orientadores, que trabalham em escolas
que possuem EJA diz respeito aos conflitos entre jovens e adultos da EJA
(fenômeno que penso merecer atenção de autores em estudos posteriores),
pois conforme afirma Carrano
Alguns professores (e também alunos mais idosos) parecem convencidos de que os jovens alunos da EJA vieram para perturbar e desestabilizar a ordem “supletiva” escolar. Outros demonstram sua vontade em aprofundar processos de
24
interação, mas reconhecem seus limites para despertar o interesse desses. (CARRANO, s/ data).
Estes conflitos devem ser trabalhados com atenção pelos docentes e
orientadores, pois muitas vezes podem gerar evasão escolar, uma vez que os
adultos não se identificam com esse perfil de escola, com mais liberdade e,
naturalmente, mais agitada do que aquela da qual saíram há anos atrás e
muitos adolescentes e jovens também têm se mostrado intolerantes frente à
falta de paciência dos adultos. Considero que um trabalho de respeito às
diferenças seja necessário para que tenhamos ainda os alunos que
abandonaram a escola há muito tempo de volta à sala de aula e também os
adolescentes que se adaptaram melhor ao horário noturno estudando juntos
em harmonia.
Outra dificuldade encontrada por muitos orientadores diz respeito à
família atual. O perfil familiar do século XXI se alterou profundamente se
comparado às últimas décadas do século passado. Atualmente, muitas
famílias são comandadas por mulheres, muitos pais são ausentes, por vezes
as mães tem que passar a semana inteira fora trabalhando como babá ou
cuidadora de idosos, e somente tem contato com os filhos esporadicamente.
Existem também os alunos que moram em abrigos, formando uma família com
seus amigos, há ainda os jogadores de futebol que ficam longe de sua família,
morando num alojamento de clube sendo cuidados por um responsável do
time de futebol e aguardando para aonde irão na próxima temporada,
sonhando com o tão esperado passe para algum time europeu que pague
fortunas.
Sobre esta nova realidade das famílias brasileiras atuais, apresentamos
a visão de Giacaglia e Penteado:
no que se refere à família, deve-se lembrar que a necessidade cada vez maior de a mulher se ausente de casa a fim de trabalhar contribuem para que os genitores ou responsáveis tenham menos condições e disponibilidade para a orientação das crianças e dos adolescentes. Em razão desta situação ou por algum sentimento de culpa, quando não totalmente ausentes na educação de seus filhos, tornam-se excessivamente permissivos e complacentes com a criação deles, deixando para a escola a tarefa de discipliná-los, o que torna mais
25
difícil a tarefa de educá-los de forma conveniente. (GIACAGLIA E PENTEADO 2010, página: IX).
Não queremos com isso assumir a atitude de culpabilizar as famílias.
Como se tivéssemos de procurar culpados para as situações em vez de
analisar a realidade e enxergar possibilidades dentro das dificuldades, encarar
que a situação muda a cada dia e temos que estar preparados para lidar com
esses novos desafios do século XXI.
Outra questão a ser levantada diz respeito ao fato de a escola ter
perdido um pouco de sua importância social nas últimas décadas. Numa
sociedade que prima pelo presenteísmo, pelos resultados instantâneos, que se
alimenta de fast food e anda velozmente, torna-se difícil falar em resultados a
longo prazo, em projeto de vida. Mas este não deve de forma alguma se
transformar num empecilho para o trabalho do orientador e de todos os atores
do processo de ensino-aprendizagem que poderão fazer um trabalho de
conscientização com toda a comunidade escolar a respeito do papel de
destaque que a escola pode ter na formação do futuro dos discentes.
Outra questão que muitos orientadores têm de enfrentar diz respeito à
falta de estrutura de muitas escolas, públicas e ou privadas. O orientador pode
buscar, juntamente com toda a equipe da escola, solicitar que sejam supridas
as demandas da unidade escolar, no entanto na impossibilidade de serem
atendidos deverão continuar o seu trabalho de modo que os discentes não
sejam prejudicados. Como exemplo podemos citar a realização de uma
amostra cultural na escola, que já estava prevista desde o início do ano.
Solicitaram o material para a confecção de trabalhos, mas não foi enviado na
totalidade. O que fazer? Cancelar o evento que já estava previsto e vinha
sendo preparado pelo corpo docente e discente da escola? Ou será que
poderia ser feita uma reprogramação do evento utilizando material
reaproveitado, como caixas de leite, latinhas de molho de tomate, garrafas
pet? Acreditamos que a mudança nos planos deveria ocorrer, adaptar o
material utilizado, mas não cancelar o evento.
Observamos também que em muitas escolas existe um esvaziamento
da presença de responsáveis nas reuniões escolares e nos eventos de modo
26
geral. Sabemos que muitos responsáveis não demonstram interesse pela vida
escolar do aluno, outros não podem comparecer por motivo de trabalho,
doença e inúmeras situações que nem conhecemos. No entanto, também nos
questionamos até que ponto a escola tem feito o seu papel de atrair os
responsáveis para essas reuniões? Será que poderiam ser feitas reuniões
mais interessantes, com temáticas mais objetivas? Acreditamos que sim.
Também pensamos que seria interessante chamar o responsável para
elogiar a conduta dos discentes e não somente para criticá-los, pois a escola
tem atentado demais para os aspectos negativos e muitas vezes se esquece
de destacar os feitos positivos desses alunos, que são tantos.
Poderiam igualmente ser aproveitados os eventos como festa da
cultura, festa da mãe e pai (que poderia se transformar na festa da família) e
tantos outros eventos para buscar a aproximação com a família que se faz tão
necessária neste processo de ensino-aprendizagem.
Com vistas à conclusão deste capítulo, gostaríamos de ressaltar a
importância de o Orientador Educacional ser um profissional bem preparado,
que busque uma formação continuada de modo a estar sempre atualizado, e
conheça bem suas funções dento da escola. Desta forma, o trabalho do
mesmo irá facilitar o processo de ensino-aprendizagem dos discentes, nesta
escola poderá ocorrer maior sensibilização de todos para a importância da
escola na vida destes alunos e os responsáveis procurarão se fazer presentes
pois verão sentido na sua participação na vida escolar do aluno e ainda a
escola estará mais integrada com a comunidade. Sendo assim, podemos
perceber o quão necessário pode ser o orientador educacional dentro da
escola, onde muitas vezes nota-se que a sua função se encontra
desvalorizada.
No próximo capítulo, trataremos da Orientação Vocacional, e das
possibilidades de atuação dos Orientadores Educacionais a respeito desta
questão.
27
CAPÍTULO III A Orientação Vocacional: atuação dos Orientadores
Educacionais na escola.
Este terceiro e último capítulo de nosso trabalho carrega capital
importância, pois aqui trataremos de questões fundamentais de nosso tema
ligado à possibilidade de os Orientadores Educacionais fornecerem
informações profissionais aos discentes da EJA, nosso foco nesta pesquisa, o
que não significa dizer que seja menos importante aos alunos do horário diurno
ou ainda que a metodologia aplicada não possa ser adaptada para este
horário, mas nos concentraremos na EJA por ser o foco de nossa análise.
Começaremos então por explicar o porquê do título do capítulo se referir
a Orientação Vocacional. Assim o fizemos, pois optamos por um termo que
Giacaglia e Penteado afirmam ser o preferido dos profissionais que atuam
nesta área. No entanto, acreditamos que não existe uma vocação para a
maioria das profissões, talvez com raras exceções como a vida religiosa por
exemplo, antes pensamos que existem algumas carreiras a que poderíamos
nos dedicar por uma questão de identificação e oportunidades (sendo esta até
bem mais decisiva na atualidade).
Para complementar nossa visão a respeito de vocações utilizaremos as
palavras de Lia Giacaglia e Wilma Penteado
28
uma questão que foi colocada, então, era sobre a possível existência de vocações para determinadas profissões. Sabe-se que tal vocação não existe, a não ser, talvez, para a vida religiosa. As pessoas têm, em geral, a possibilidade de exercer mais de uma profissão. Muitas profissões aparecem e desaparecem com o decorrer do tempo e com as modificações sociais. Como ficariam, então, as pessoas cujas vocações seriam para profissões desaparecidas? E quem exerceria novas profissões? (GIACAGLIA E PENTEADO 2010, páginas: 231-232).
Assim sendo, acreditamos mesmo que haja interesse da burguesia
deste país em criar um mito a respeito de vocações para que as pessoas de
classes menos favorecidas acreditem que não possam conseguir atuar em
determinadas áreas porque não tem vocação para isso e deste modo serviriam
como empregadas desta classe abastada e votariam em representantes de
seus interesses na política. Muitos acabam por acreditar nesta visão
reconhecendo-se em sua baixa autoestima, tão bem trabalhada pelos meios
de comunicação através de novelas ou mesmo de jornais, pensando que não
podem conseguir, que não nasceram para aquela profissão. Resumindo:
pensamos haver um projeto das elites econômicas deste país para manter as
coisas e as pessoas no mesmo status quo, perpetuando as mesmas famílias
no poder, sucateando a educação e saúde públicas e dominando os meios de
comunicação para influenciar as pessoas a interiorizar estas ideias.
Para corroborar com nossa visão acerca desta questão citaremos a
autora Rosa Milet que afirma:
a quem interessa reproduzir a distribuição desigual da riqueza e do saber em uma sociedade capitalista? É evidente que aos mesmos a quem interessa conservar esta sociedade injusta que concede privilégios a quem já os detém e nega condições básicas de viver a quem muito trabalha e pouco ou nada consegue obter. (MILET. In GARCIA 2011, página: 39)
Tendo contextualizado nosso posicionamento acerca do termo
Orientação Vocacional (OV) passemos então para as atribuições do Orientador
Educacional (OE) no que se refere a OV.
Retomaremos agora apenas uma parte do que foi analisado no capítulo
anterior sobre as atribuições do OE, justamente a parte que trata do assunto
deste capítulo. Conforme está escrito no art. 8°do decreto do Decreto n°
29
72.846/1973 que regulamenta a lei n° 5.564/1968 a qual trata das atribuições
do OE fica expresso que configura atribuição privativa do Orientador
Educacional:
a) Coordenar a orientação vocacional do educando [...] b) Coordenar o processo de sondagem de interesses,
aptidões e habilidades do educando. c) Coordenar o processo de informação educacional e
profissional com vistas à orientação vocacional. (GIACAGLIA E PENTEADO 2010, página: 66).
Fica clara então a necessidade da atuação do OE no processo de
orientação profissional deste aluno, pois a lei que regulamenta a profissão do
OE tem três de seus artigos dedicados a este tema, tendo em vista tamanha
importância do mesmo.
Além do aspecto legal reconhecemos a importância deste tema na vida
do discente, pois uma escolha profissional poderá acompanhá-lo por toda a
sua vida e se for feita adequadamente poderá gerar autorrealização já por
outro lado, caso não seja bem sucedido nesta escolha poderá ficar frustrado.
Não queremos com isso colocar a questão como fatalista ou dizer que
aquilo que decidir na escola terá de seguir por toda a vida, mas acreditamos
que o papel da escola é importante no sentido de informar sobre as carreiras
existentes, abrir os horizontes dos alunos que na família não conseguem obter
este conhecimento ou ainda quando tem é de forma direcionada para aquela
profissão que o ascendente deseja que ele siga.
Para somar-se a isso, não podemos perder de vista que muitos alunos
da EJA já se encontram inseridos no mercado de trabalho e podem enxergar
nestas oportunidades uma forma de reorientação profissional, tão importante
para aquele que se encontra insatisfeito com a carreira que escolheu, com a
qual não se identifica ou considera que agrega uma remuneração inferior ao
esperado para o desempenho da função.
Assim sendo, caberá ao OE, se possível contando com apoio de outros
profissionais da Equipe Pedagógica e direção juntamente com corpo docente,
ampliar os olhares destes alunos. Mas para isso, este orientador deverá estar,
mais uma vez voltamos a este enfoque, atento às mudanças da realidade,
informando-se acerca das profissões que existem e das novas que estão
30
surgindo, o que é necessário fazer para ter formação nesta ou naquela área?
Pois como poderia orientar sem conhecer?
A orientação dedicada pelo OE aos discentes deve, segundo Giacaglia e
Penteado (2010), se basear “em um tripé constituído pelo autoconhecimento,
conhecimento do mundo do trabalho e maturidade para a escolha” (página:
234). Deste modo fica claro que não devemos esperar do jovem que decida de
imediato o que quer fazer profissionalmente por toda a sua vida, pois pode ser
que o mesmo ainda não apresente maturidade para esta escolha. Mas isso
não coloca em xeque o trabalho do orientador, muito pelo contrário, pois o
mesmo (e toda a escola) poderá contribuir para que este aluno se conheça,
conheça melhor o mundo em que vive e consiga paulatinamente alcançar esta
maturidade que permita a este tomar decisões em relação a sua vida
profissional. Pois conforme afirma Rodolfo Bohoslavsky
chega a surpreender que, em meio a uma crise tão intensa, o adolescente consiga realizar tarefas tão importantes como as que têm que concluir: definir-se ideológica, religiosa e eticamente, e definir sua identidade ocupacional. (BOHOSLAVSKY, 1977, P. 54).
Visando então a auxiliar estes adolescentes e adultos da EJA,
destacaremos a partir de agora algumas ideias que poderão auxiliar o trabalho
do OE ao atuar no campo de Orientação Vocacional na escola. Começaremos
então pela necessidade premente de o orientador desenvolver um
planejamento de seu trabalho com objetivos bem traçados, contextualizado, de
modo a atender aos anseios e a realidade da comunidade na qual está
inserido.
Tendo planejado adequadamente, o orientador poderá desenvolver
melhor algumas atividades, que poderão ser: eventos como um período
dedicado às profissões, uma espécie de encontro das profissões onde poderão
comparecer pessoas ligadas a diversas áreas para ministrar palestras e dar
mais noções sobre a realidade das profissões. Poderiam ser chamados alguns
ex-alunos para falar de sua trajetória profissional e também pais de alunos, e
alunos da EJA, inseridos no mercado de trabalho.
31
Poderiam ser feitos também eventos voltados para vocações artísticas
em parceria com os professores de diversas áreas, mas principalmente de
Educação Artística, onde poderiam ser despertadas muitas aptidões nesta
área. Também seria interessante que os alunos que tocam algum instrumento,
saibam cantar ou que desenvolvem trabalhos em outros campos da arte
possam expor seus trabalhos. Além de despertar a vocação de muitos iria
colaborar para desenvolver a autoestima dos que participarem.
Outro evento que poderia render bons frutos seria um ligado às
questões ambientais: evento cultural com exposição de objetos desenvolvidos
com material reaproveitados (vaso de garrafa pet, bolsas com anéis de lata,
porta-lápis de lata de molho, etc.) e alimentos feito com o que seria descartado
(como suco de cascas de frutas). Este projeto integraria todos os professores
da escola que nele agregariam conhecimento e disposição. Daqui poderiam
surgir vários talentos para pessoas que trabalham com artesanato, mais uma
vez a sugestão de expor trabalhos confeccionados pelos alunos, e para somar-
se a isso ajudaria a preservar o meio ambiente, na medida em que
conscientizaria o coletivo escolar acerca da importância e viabilidade desta
tarefa.
Outra medida a ser facilmente adotada e altamente eficiente poderia ser
a criação de um quadro de profissões: um mural afixado na parede, em local
bem visível, onde poderiam constar informações sobre diversos cargos,
cursos, e ainda anúncios de jornais sobre empregos. Isso despertaria a
atenção dos discentes e introduziria a temática no cotidiano dos mesmos, pois
o objetivo não é realizar apenas um evento isolado por ano e depois não tocar
no assunto, o mais adequado é que seja algo presente na rotina dos alunos,
alguns eventos e muitas informações.
Algumas técnicas também poderiam ser trabalhadas pelos orientadores
para facilitar o autoconhecimento dos alunos e a disposição para saber em
quais carreiras gostariam de atuar.
Uma técnica bastante simples de sondagem seria um questionário
aplicado pelo Orientador Educacional aos alunos. Esta técnica tem a vantagem
de ser de baixo custo e, caso haja concordância dos professores, facilitaria se
32
fosse aplicada em sala de aula, utilizando aproximadamente vinte minutos.
Neste questionário, seriam perguntadas informações básicas como: nome do
aluno, profissões dos ascendentes, atuação profissional do aluno (caso já
possua), profissão que pretende seguir no futuro próximo (daqui a cinco anos)?
Vide o modelo no anexo XI.
A partir deste questionário elaborado de forma bem simples já poderia o
orientador começar a analisar mais atidamente a realidade que o cerca e
estabelecer estratégias de acordo com algum interesse que tenha notado nas
respostas, perceber se as escolhas sofrem influência familiar e perceber se os
alunos já apontam alguma necessidade de reorientação profissional (quando
se pergunta sobre o projeto profissional para daqui a cinco anos).
Passemos então para outra técnica intitulada Árvore genealógica
profissional/vocacional ARGEVOC (Descrita por Müller, 1988, p. 44). Vide o
modelo no anexo XII.
Para colocar em prática esta técnica o orientador ou professor deverá
pedir ao aluno que utilize uma folha, lápis ou caneta e borracha.
No papel, o aluno deverá ser orientado a desenhar uma árvore e colocar
na mesma os seus parentes mais próximos (mãe, pai, avós, tios, primos), caso
os tenha conhecido ou saiba informações sobre os mesmos, e relacioná-los a
sua atividade profissional. Também poderão ser mencionados na árvore
amigos ou professores desde que estes tenham alguma influência na escolha
profissional deste discente.
A partir do uso desta técnica várias questões podem ser levantadas pelo
orientador, tais como: qual é a escolha profissional do aluno? A família exerceu
influência sobre esta escolha?
Além disso, outra vantagem da utilização desta técnica é o baixo custo
do material necessário e a facilidade de aplicação.
Outra ideia bastante interessante a ser utilizada para todas as faixas
etárias presentes na EJA, inclusive na reorientação profissional de muitos
adultos, é a técnica do gosto e faço (Descrita por Lucchiari, 1993). Vide anexo
XIII.
33
Deve ser solicitado ao discente que utilize uma folha, lápis ou caneta e
borracha. Esta folha deve ser dividida em quatro quadrantes de igual tamanho
e no canto superior de cada um deve ser escrito um dos termos a seguir (de
modo que todos os termos sejam utilizados e um em cada quadrante): gosto e
faço, não gosto e faço, gosto e não faço, não gosto e não faço. O aluno poderá
incluir atividades profissionais e outras do dia-a-dia.
Depois de concluída a atividade, o primeiro ponto a ser observado é
onde se concentraram mais atividades, caso tenha sido nos quadrantes gosto
e faço e não gosto e não faço significa que o aluno parece estar mais satisfeito
com suas atividades. Após esta primeira análise, investigar com o discente o
que pode ser feito para mudar a realidade sobre aquilo que o está tornando
insatisfeito e possivelmente frustrado (como o que for colocado na parte não
gosto e faço).
A partir da utilização desta técnica, inúmeras podem ser as questões
percebidas pelo orientador sobre a realidade deste aluno, pois provavelmente
ele colocará respostas sobre a sua vida profissional, onde se concentrará mais
a atenção da orientação vocacional, e também, caso considere necessário, o
OE poderá orientar quanto às dificuldades do cotidiano.
Pretendemos com este capítulo ter colaborado com o trabalho de
orientação vocacional a ser desenvolvido pelos orientadores educacionais
dentro das escolas e consideramos que a seriedade na realização desta tarefa
pode contribuir bastante para a felicidade de muitos jovens e adultos que
frequentam os cursos da EJA, pois conforme afirma Mariza Tavares Lima (ao
se referir à escolha feita por jovens no vestibular):
o jovem deve procurar fazer a melhor escolha dentro de sua realidade pessoal e social. Quanto maior a segurança na escolha, tanto maior tendem a ser as chances de aprovação, pois com isso, aumentam-se, naturalmente, as possibilidades de comprometimento e envolvimento da pessoa com essa escola. (LIMA, 2007, página 164).
Com isso, concluímos nosso capítulo ressaltando a importância de o
orientador orientar, apesar de parecer redundante consideramos muito
importante destacar este termo com vistas a destacar a função do OE, os
34
alunos naquilo que se mostrar necessário dentro da dinâmica de sua vida
escolar e profissional, visando à conscientização destes discentes para que
escolham adequadamente a carreira que mais se adequar ao seu projeto de
vida. Não pretendemos com isso dizer que o orientador deverá direcionar as
respostas, mas sim responder aos anseios destes alunos com respeito à
alteridade.
35
CONCLUSÃO
Passemos então para parte final de nosso trabalho onde ratificaremos
as posições por nós abordadas nos capítulos anteriores e por fim concluiremos
nossa análise acerca da orientação vocacional a ser desenvolvida por
orientadores educacionais.
Observamos que nos últimos anos a Educação de Jovens e Adultos
passou por profundas transformações alterando o perfil do aluno que frequenta
a escola no horário noturno. Aumentou consideravelmente o percentual de
jovens nesta modalidade que há décadas atrás atendia principalmente a
alunos adultos de mais idade que não tiveram acesso à escola ainda na
infância e ou adolescência ou ainda que tiveram de abandoná-la por inúmeras
razões, tais como trabalhar para ajudar a família. Assim sendo, assistimos
atualmente a um processo que Carrano (sem data) denominou de
“juvenilização da EJA” e Brunel (2004, p. 32) sugeriu que tem ocorrido “o
rejuvenescimento da população que opta pela EJA” e argumentamos ao longo
dos capítulos que este fato tem gerado maiores desafios aos orientadores
educacionais, pois muitos conflitos surgem com esta diferença etária presente
nas escolas. Colocamos também a necessidade de o orientador educacional
enxergar estas diferenças como possibilidades e não como problemas, de
modo a não ficar paralisado imaginando que não pode resolver os desafios
encontrados nas escolas.
Outra questão por nós analisada no primeiro capítulo, inclusive por meio
de questionários aplicados aos alunos de Xerém, diz respeito ao fato de muitos
jovens terem projeto de vida definido para os próximos anos, fato que nos
provocou satisfação, mas que muitos não sabem (isso foi até mais evidente
entre os alunos de mais idade) como alcançar seus objetivos, desconhecem os
meios necessários para chegar onde desejam.
Observamos também que ao ser questionados sobre a escola em que
estudariam no ano seguinte, os discentes citaram escolas de Xerém. Não
36
sabemos ao certo a razão para esta escolha, no entanto acreditamos que isso
se deva ao fato de Xerém ter boas escolas, mas também pelo distanciamento
existente entre o Xerém e os distritos mais próximos do centro da cidade.
Com relação à outra pergunta analisada (se os alunos já fizeram
cursos?) gerou-nos certa inquietação saber que dos 94 entrevistados 52%
afirmaram nunca ter realizado qualquer curso. Este fato preocupa porque
Duque de Caxias é um polo industrial, com destaque para o distrito de Xerém
onde a concentração industrial é notável, inclusive no setor de refinamento de
petróleo e percebemos que a maior parte dos entrevistados não tem acesso a
este desenvolvimento. Acreditamos que isso deva ser observado e revisto de
modo que a população local possa se beneficiar com todo este
desenvolvimento e ser incorporada, caso deseje, como mão de obra
qualificada destas indústrias, ou ao menos que tenha a chance de tentar, de se
especializar.
Passemos então para os temas tratados no capítulo II. Nossa
abordagem neste capítulo se concentrou mais nas atribuições do orientador
educacional na escola, quais desafios são encontrados pelos mesmos ao
atuar. Destacamos a importância de o orientador conhecer quais são suas
atribuições de modo a não deixar de cumprir adequadamente seu papel no
ambiente escolar e nem encharcar-se de trabalho desnecessário por
desconhecer sua função. Este problema pode acontecer em muitas escolas
onde há carência de profissionais da área técnico-pedagógica pelo fato de não
serem contratados orientadores educacionais e pedagógicos, optando-se por
um ou outro. Este problema não observamos em Duque de Caxias, pois lá
existem orientadores educacionais e pedagógicos. Mas esta não é a realidade
de outras localidades do Brasil.
Também no capítulo II abordamos outros desafios encontrados pelos
orientadores como: menor participação familiar na vida dos alunos.
Argumentamos que não devemos adotar uma postura de culpabilizar a família
pela ausência nas reuniões, etc e sim procurar entender a dificuldade de
muitos responsáveis que por terem de trabalhar não conseguem se fazer
presentes e ainda colocamos a necessidade de o orientador procurar atuar,
37
juntamente com corpo docente, direção e orientadores pedagógicos, no
sentido de tornar a ida do responsável à escola mais agradável, com reuniões
que façam sentido e por meios de festas em que toda a comunidade possa
participar estreitando os laços entre a família e a escola de modo que os
responsáveis sejam aliados neste processo de ensino-aprendizagem.
No último capítulo de nosso trabalho, nossa ênfase recaiu sobre a
orientação vocacional trabalhada pelos orientadores educacionais dentro das
escolas. Destacamos que além de ser uma das atribuições do OE trabalhar
esta questão nas escolas ela se faz muito importante pois a escolha
profissional de uma pessoa poderá influenciar toda a sua vida.
Citamos o fato de muitos jovens ainda encontraram-se indecisos no que
se refere à escolha profissional, fato que consideramos já esperado por conta
das incertezas próprias da idade, devendo o OE saber respeitar este processo
natural de amadurecimento do jovem e reconhecer que a função do orientador
é apresentar as várias possibilidades existentes em termos de profissão,
promover amostras, palestras e até utilizar algumas técnicas (apresentadas no
capítulo III) com esses jovens para auxiliá-los na escolha e ampliar os
horizontes dos mesmos.
Também colocamos a importância de atuar junto aos alunos que já se
encontram inseridos no mercado de trabalho, entretanto encontram-se
insatisfeitos com a carreira escolhida. Sendo assim o OE poderá auxiliá-lo com
uma espécie de reorientação profissional.
À guisa de conclusão gostaríamos de ressaltar as teorias que
defendemos no primeiro capítulo de nosso trabalho, quais sejam: esperamos
que todos os discentes tenham suas contribuições aceitas dentro da escola e
suas ideias respeitadas tendo em vista que são indivíduos ativos no processo
de construção do saber. Desta maneira acreditamos que a escola pode ser um
local democrático de construção do saber e de respeito às diferenças onde
todos devam ter voz e vez.
38
BIBLIOGRAFIA
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Paulo: Martins Fontes, 1977.
BRUNEL, Carmen. Jovens cada vez mais jovens na educação de jovens e
adultos. Porto Alegre: Mediação, 2004.
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Orientação Educacional na Prática: princípios, histórico, legislação, técnicas e
instrumentos. 6. Ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
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Profissional. In: LUCCHIARI, Dulce Helena Penna Soares. Pensando e
Vivendo a Orientação Profissional. 2. Ed. São Paulo: Summus, 1993.
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LIBÂNEO, José C. professor.ucg.br/SiteDocente. 19/02/2013 20:54
39
LOPES, Thiago. Caderno de Educação do Jornal Folha Dirigida. 13 a 19 de
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KUENZER, Acácia Zeneida. Entrevista de David Nogueira in: Revista Pensar a
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20/02/2013 11:35
40
ANEXOS
ANEXO I ESCOLA __________________________________________ ALUNO(A): _____________________ TURMA: ______ IDADE:_________ PROFISSÃO: ____________ DATA: __________ 1 – O que você pretende fazer na vida nos próximos dois anos? Justifique. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 – Onde você pretende estudar no ano que vem? Por que você tomou esta decisão? ______________________________________________________________________ 3 – Você já fez cursos? Quais? ______________________________________________________________________ 4 – Na Escola, você tem recebido informações sobre as profissões que existem? De que forma? ______________________________________________________________________ 5 – Que profissão você pretende seguir? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________
ANEXO II
41
ESCOLA M. DR. ELY COMBAT ALUNO(A): _____________________ TURMA: ______ IDADE:_________ DATA: __________ Questionário sobre profissão 1 – Que profissão você pretende seguir? _____________________________________________________ 2 – Por que você escolheu esta profissão? _____________________________________________________ _____________________________________________________ 3 – O que você precisa fazer para conquistar a profissão desejada? ______________________________________________________
ANEXO III
48
Que profissão você pretende seguir?
Por que você escolheu esta profissão?
O que você precisa fazer para conquistar a profissão desejada?
Enfermagem 2
Gosta de cuidar de pessoas. 2
• Cursar faculdade 1.
• Estudar. Músico Tem influência desde
criança.
• Ter instrumentos.
Secretária
Deseja mudar de trabalho.
• Estudar muito.
Professora
Gosta.
• Estudar.
Psicóloga
Para ajudar crianças carentes.
• Estudar muito.
Piloto Identificação com a carreira.
• Aprender a dirigir e tirar uma carteira específica.
Babá Gosta. • Ser responsável, dedicada e carinhosa.
Advogada Gosta. • Estudar. Musicista Gosta. • Estudar muito. Técnico de enfermagem Gosta de ajudar as
pessoas. • Não desistir de
estudar. Motorista Porque é uma profissão
boa. • Tirar habilitação.
Assistente social Porque gosta de ajudar as pessoas.
• Acabar os estudos.
Engenheira Porque gosta de estar em obras.
• Lutar muito,seguir em frente.
ANEXO X
49
Que profissão você pretende seguir?
Por que você escolheu esta profissão?
O que você precisa fazer para conquistar a profissão desejada?
Jogador de Handball Gosta. ü Precisa conhecer um grande clube.
Jogador de Futebol 5 - Gosta e quer ajudar a família. 2 - Gosta. - É o seu sonho. - Fazer o que sabe.
ü Objetividade e treinar bastante.
ü Trabalhar sério, ter dedicação e fé em Deus.
ü Estudar muito e jogar bem.
ü Dedicação. 2 Cabeleireiro 3 - Identificação com a
carreira. 2 - Gosta de lidar com cabelo.
ü Fazer curso profissionalizante. 3
Professor Gosta da área. ü Fazer faculdade.
Empresária Quer ter negócio. ü Fazer faculdade e investir em negócio.
Médica 2 - Quer ajudar as pessoas. - Identificação.
ü Fazer faculdade. 2
Engenheiro agrônomo Quer ganhar bem. ü Estudar muito. Bombeiro 4 -Sempre quis.
- Ajudar o próximo. 2 - É o sonho de sua vida.
ü Estudar bastante. 2
ü Fazer prova e passar. 2
ü Saber matemática.
Segurança do trabalho Vai ser bom para ele. ü Lutar para conseguir.
Engenheiro Admira a profissão. ü Dedicação aos estudos.
Está em dúvida entre medicina e psicologia.
Gosta das duas carreiras. ü Estudar e ter fé em Deus.
Está em dúvida entre ser secretária ou cabeleireira.
Gosta. ü Estudar muito e fazer cursos.
Estilista Gosta. ü Estudar muito. Enfermeira da Marinha Acha linda a profissão. ü Fazer o curso
pré-militar.
50
Engenheiro civil 2 Identificação com a profissão. 2
ü Dedicação. ü Estudar muito.
Analista de sistemas. Gosta da área. ü Fazer cursos. Fuzileiro naval Gosta. ü Passar no teste
do Exército. Paraquedista Identificação. ü Estudar muito. Advogada Identificação. ü Fazer
faculdade. Veterinária Gosta de cuidar de
animais. ü Terminar os
estudos. Não sabe Não sabe Não sabe Policial Rodoviário Federal
Para amenizar os acidentes em sua região.
ü Fazer faculdade em qualquer área.
Perito Gosta de desvendar mistérios.
ü Terminar os estudos.
Informática Gosta e tem muitas oportunidades.
ü Estudar muito.
ANEXO XI Escola Aluno(a) Turma Idade Data
51
Profissão da mãe: Profissão do pai: Você já trabalha? Em quê? Em qual profissão você pretende atuar daqui a cinco anos?
ANEXO XII
52
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.blogdajulieta.com.br 28/10/12 19:31
ANEXO XIII
Avô agricultor
Avô comerciante
Avó Agricultora
Avó doceira
Mãe costureira
Samantha Pai meta-lúrgico