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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
ATENÇÃO E DÉFICIT DE ATENÇÃO: UM OLHAR ENTRE A
PSICOPEDAGOGIA E A PSICANÁLISE.
FÁTIMA ARAÚJO DO VALLE ALVES SILVA
Trabalho monográfico apresentado ao curso
de Pós-graduação em Psicopedagogia da
AVM Faculdades Integradas como requisito
para obtenção do título.
Orientador : Profº: Drº. Vilson Sérgio de Carvalho
Niterói
2014
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SUMÁRIO:
INTRODUÇÃO..............................................................................................4
CAPÍTULO I – Atenção e Déficit de Atenção................................................8
1.1- Atenção ................................................................................................8
1.2- Déficit de Atenção................................................................................11
CAPÍTULO II Perspectivas Histórica sobre a Educação............................18
2.1-Educação : Desafios e Metas................................................................20
2.2- Fracasso Escolar ..................................................................................22
2.3- Inclusão Escolar...................................................................................24
2.4- Psicopedagogia e Aprendizagem........................................................27
CAPÍTULO III – Psicopedagogia e Psicanálise: Abordagem Integradora em
Winnicott.......................................................................................................33
CONCLUSÃO.............................................................................................37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................39
ÍNDICE.........................................................................................................42
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RESUMO
O estudo trata de uma reflexão sobre a atenção e déficit de atenção
numa abordagem psicanalítica e psicopedagógica. Pretende enfatizar que a
partir das relações primárias o processo aprendizagem pode ocorrer de forma
satisfatória ou deficitária, neste sentido procura através da psicanálise
Winnicotiana mostrar que a importância na relação materna na primeira
infância pode ser determinante na formação do ser humano. A educação inicia-
se no contexto familiar e estende-se para o social impreterivelmente a escola, e
quando há falhas, o reflexo aparece na aprendizagem. A psicopedagogia pode
tornar-se fundamental no resgate desta criança. O estudo tem como objetivos:
Descrever sobre atenção, seus conceitos e seus reflexos na vida familiar e
educacional da criança, relacionando com a psicopedagogia, busca formas de
intermediar neste processo, apontando informações dentro da educação,
correlacionando com a psicanálise de winnicott. Sendo o ser humano
biopsicossocial, precisa ser visto em sua totalidade. Como método optamos
pela pesquisa bibliográfica, através de sites, artigos científicos, livros
contemplando autores que ampliam a compreensão do tema, destacamos os
seguintes núcleos temáticos; Atenção e Déficit de atenção, Perspectivas
históricas sobre educação, seus desafios e metas, Um olhar entre a
psicopedagogia e a psicanálise. Concluimos, que apesar dos avanços na
educação, o déficit de atenção é uma realidade devendo ser avaliado a partir
de um olhar diferenciado, logo uma visão integral do ser humano, levando-se
em conta seu contexto biopsicossocial pode contribuir para uma aprendizagem
favorável.
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1- INTRODUÇÃO
A motivação para desenvolver este trabalho abordando temas
relacionados com a psicopedagogia e a psicanálise ocorreu a partir de uma
demanda significativa de pais no consultório com diagnóstico de Transtorno e
Déficit de Atenção, buscando tratamento psicológico e medicamentoso para
seus filhos. Percebemos através de avaliações que a falta de atenção
principalmente materna ocorria de forma frequente no discurso dos pais,
demonstrando na historia da criança ausências constantes e habituais na
relação interpessoal anterior ou posterior ao seu nascimento, além de
impaciência e falta de qualidade nos cuidados com a criança, por motivos
diversos. Logo, surgiram questionamentos: As primeiras relações vivenciadas
pela criança podem ser determinantes no processo aprendizagem? Crianças
que recebem atenção materna de qualidade apresentam déficit de atenção?
Sabemos que todos os pais fazem o melhor que conseguem pelos filhos.
A qualidade seria no modo de proporcionar a criança uma sensação agradável
em todos os sentidos, no pegar, no tocar, durante as mamadas, na presença
saudável, isto realizado de forma natural e prazerosa, e não obrigatoriamente.
Estando o foco voltado para o transtorno verificamos que a “falta de atenção”
familiar em especial à materna acaba sendo escamoteada prevalecendo o
déficit, tudo isto se reflete na escola e, em consequência na aprendizagem.
Winnicott,(1982, p.229): “as crianças transportarão para situação escolar as dúvidas e
suspeitas que fazem parte de seu próprio caráter e experiências, que constituem uma
parcela integral das distorções sofridas pelo próprio desenvolvimento emocional.”
Entendemos que tanto a escola como a família enfrentam desafios
inerentes a aprendizagem, principalmente quando a criança escapa do
considerado “normal” para escola. Neste momento toda responsabilidade recai
sobre o aluno como se todos os “déficits”, pertencessem exclusivamente a ele.
Cobranças em todos os âmbitos, pois os pais se excluem muitas
vezes da responsabilidade exigindo da escola resultados satisfatórios,
cobrando que a mesma eduque seus filhos, e encaminhe para profissionais
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quando acharem necessário com intuito de que essas crianças sejam
medicadas e os sintomas desapareçam como que um “milagre".
Através de atendimentos percebemos o sofrimento dessas crianças
vitimadas muitas vezes por diversas e singulares historias familiares, e é
através da dificuldade ou mesmo do transtorno que todos se deparam com
seus limites, ou seja, o aluno, a família, e a instituição.
Para Winnicott,(1982,p.258):
”Uma criança normal se tem confiança nos pais,
no inicio precisa viver um circulo de amor e
força. Se o lar não corresponder ao que a
criança precisa torna-se inquieta, angustiada. Se
a criança cujo lar não conseguir dar-lhe um
sentimento de segurança, tem ainda a
esperança nos avós, tios, amigos da família e
escola. segundo ele, a criança aufere nas suas
relações e na escola aquilo que lhe faltou no
verdadeiro lar”.
Deste modo, qual o olhar do psicopedagogo no acolhimento desta
criança e como intervir de forma eficiente seja em relação à pedagogia ou a
psicanalise?
Sabemos que o professor necessita prestar suporte pedagógico e
metodológico, sendo a escola uma instituição receptora de pessoas
diversificadas, tanto profissionais como alunos, precisam trabalhar todo tempo
com as diferenças, cabe ao educador orientar e estabelecer rotinas, pois é ele
quem vai marcar esta criança em sua aprendizagem, neste sentido tanto os
pontos positivos como negativos serão muitas vezes determinantes na vida
desta criança.
A sala de aula é uma troca, o professor observa o aluno ao mesmo
tempo em que é observado, logo o comportamento de ambos irá influenciar na
absorção da aprendizagem.
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Winnicott, (1982, p. 222), diz que “É no ambiente escolar que a criança vai
aprender a conviver com pessoas alheias a sua família, além de estabelecer trocas de
experiências tanto individuais como em grupos”.
É preciso entender e respeitar todas as fases do desenvolvimento
infantil, ao mesmo tempo proporcionar ambiente prazeroso, criando condições
essenciais para uma boa atenção.
A dificuldade de atenção, ou ate mesmo atenção em demasia pode
estar sinalizando algo importante.
Para Morin, (2008), O pensamento integral, permite ao homem concretizar
uma meditação mais pontual. A pedagogia atua fracionando o saber, levando o
homem a entender o universo em que vive de forma facciosa.
Neste segmento Morin, (2008), estabelece os sete saberes, indispensável
para edificação do futuro da educação. Dentre eles destacam–se três como
importantes para o entendimento deste tema, são eles:
O primeiro saber fala sobre a cegueira do conhecimento deve-se
valorizar o erro enquanto instrumento de aprendizagem.
O segundo saber se relaciona ao conhecimento próprio, a unir os
mais diversos campos do conhecimento para combater a fragmentação.
O terceiro saber é “ensinar a condição humana, transmitir ao aluno
que o homem é um ser multidimensional, assim a pedagogia do amanhã
necessita antes de tudo, privilegiar a compreensão da natureza do humano”.
Quando a escola por algum motivo, não percebe realmente a
dificuldade do aluno para uma intervenção adequada juntamente com a família
ou através de profissionais capacitados, intra ou extra escolar cria-se uma
lacuna no desenvolvimento deste sujeito, que será evidenciado no futuro.
“A prática da psicanálise nos ensina que uma dor intensa sempre nasce de um
transtorno do eu, mesmo momentâneo; e que uma vez ancorada no inconsciente, ela
reaparecerá transfigurada em acontecimentos penosos e inexplicados da vida”’
(Nasio,2008.p.11).
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Pesquisas recentes do Ministério da Saúde (2013), revelam que
70% dos adolescentes que apresentam o diagnóstico de Transtorno Déficit de
Atenção, enquanto crianças, o mantém na vida adulta.
Diante da procura desenfreada dos pais por atendimento para os
filhos com diagnósticos de déficit de Atenção e, consequentemente dificuldade
de aprendizagem além do relato em relação à falta de atenção familiar, remete-
nos a refletir: Estaria o Déficit de Atenção relacionado à falta de atenção na
primeira infância?
A partir destas questões selecionamos o Transtorno Déficit de
Atenção e à atenção materna como objeto de estudo, como tentativa em
relacioná-los com a psicopedagogia e a psicanálise, principalmente em relação
ao olhar de Winnicott, numa abordagem integradora do ser humano. Diante de
tais questões traçamos os seguintes objetivos:
Descrever sobre atenção e déficit de atenção, seus conceitos e seus reflexos
na vida familiar e educacional da criança.
Demonstrar como a psicopedagogia pode intermediar no processo
aprendizagem
Buscar correlação entre a educação e a psicanálise
Descrevemos aqui uma síntese descritiva do que pretendemos
desenvolver neste estudo. Na introdução, a motivação, as questões e objetivos
para o desenvolvimento deste trabalho. A metodologia especifica o método
adotado.
No primeiro momento abordaremos a atenção e o Transtorno Déficit de
Atenção, suas descrições, seus conceitos e seus reflexos na aprendizagem, o
segundo capítulo busca demonstrar a importância da educação, seus desafios,
metas e, como a psicopedagogia e sua influencia como mediadora no processo
ensino-aprendizagem pode contribuir. Em contraponto busca-se uma
compreensão do déficit de atenção partindo de um olhar psicanalítico conforme
a teoria do desenvolvimento de Winnicott.
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CAPÍTULO I
ATENÇÃO E DÉFICIT DE ATENÇÃO
1.1- Atenção
O nome atenção corriqueiramente significa alerta, cuidado, entre
outros, ouvimos todo tempo pessoas enfatizando estas palavras como
importantes. “você não deu atenção”, “precisa ficar atento”, “ele precisa de
atenção”, afinal o que significa?
A atenção pode ser definida como a direção da consciência, o
estado de concentração da atividade mental sobre determinado objeto.
(Culivier,1937).
Um individuo adquiri conhecimentos durante a sua vida, logo
necessita de uma boa interação com o adulto para o alcance de uma melhor
percepção das pessoas, dos símbolos, modulando conhecimentos e
habilidades no decorrer do seu desenvolvimento.
“as ideias das crianças sobre o mundo são construções que
envolvem estruturas mentais inatas e a experiência sociocultural.” (Piaget,
apud Dalgalarrondo, (2008).
O núcleo familiar realiza o papel de mediação entre a criança e a
sociedade, sendo o meio básico pelo qual a criança começa a estabelecer suas
relações com o mundo. (Souza,1997).
Conforme nos relata Dalgalarrondo, (2008), sobre Neuropsicologia
da atenção: Esta resulta da interação de diversas áreas do sistema nervoso,
sendo as principais o sistema reticular ativador ascendente que possibilita o
nível de consciência básico para os processos de atenção e de áreas corticais
principalmente pré-frontais.
E, prossegue: Além dos lobos frontais, diversas estruturas límbicas,
mesotemporais, envolvidas com o interesse afetivo, relativo à atração, a
motivação, participam dos mecanismos neuronais da atenção.
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O sujeito para perceber o mundo e alcançar uma aprendizagem em
seu entorno precisa estar em constante interação e, com um bom
desenvolvimento cognitivo. Para isto, necessita percepção, orientação,
atenção, e um convívio em ambiente saudável.
Dalgalorrondo,( 2008), diz que a natureza da atenção pode ser
discernida em dois tipos:
Atenção voluntaria que exprime a concentração ativa e intencional
da consciência sobre o objeto, e atenção espontânea que é aquele tipo de
atenção suscitado pelo interesse momentâneo despertado pelo objeto.
A atenção também pode ser direcionada externamente, voltada para
o mundo exterior, o corpo, sendo mais sensorial já que utiliza os órgãos dos
sentidos, e atenção interna, mais voltada para os processos mentais do
individuo, sendo mais reflexiva e, introspectiva. Também pode ser focal,
quando se mantem limitada e restrita a consciência, ou dispersa quando não se
concentra em um campo determinado.
Quando há uma seleção de estímulos e objetos específicos
determinando uma orientação, um estado de concentrações das funções
mentais denomina-se atenção seletiva, já a sustentada ocorre devido à
manutenção da atenção seletiva sobre determinado estímulo, permitindo a
execução de tarefas especificas e obtenção de objetos fixados.
Aspectos familiares causam impactos significativos sobre o
desenvolvimento cognitivo infantil, a estimulação ambiental recebida pela
criança pode ser determinante nesta dinâmica.
Interações conjugais conflituosas podem influenciar a criança
diretamente por meio de um processo de modelação, ou indiretamente por
práticas inconsistentes. Regala, (2007).
Dentre as anormalidades da atenção, encontram-se conforme
Dalgalarrondo,( 2008):
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Hipoprosexia; diminuição global da atenção, perda básica da
capacidade de concentração. Ocorre geralmente devido a fadigabilidade, o que
compromete a percepção dos estímulos.
Aprosexia; total abolição da capacidade de atenção.
Hiperprosexia seria um estado da atenção exarcebada.
A distração não é um sinal de déficit, mais de superconcentração
ativa da atenção sobre determinados objetos, já a distraibilidade ao contrário
da distração é um estado patológico, que se exprime por instabilidade
marcante. Neste caso a atenção é muito facilmente desviada de um objeto.
“o ambiente fornece constantemente informações sensoriais ao organismo,
que por intermédio delas, autorregula-se e organiza suas ações voltadas à
sobrevivência ou a interação social.” Dalgalarrondo, (2008, P.81).
A memória se relaciona com o nível de consciência, com a atenção
e com o interesse afetivo, os processos relacionados à aprendizagem
dependem intimamente desta capacidade de memorização.
De acordo com (Ferreiro, 1979), é a atenção às propriedades
sonoras do significante que faz com que a criança descubra que as partes da
escrita (suas letras), podem corresponder a outras tantas partes da palavra
escrita (suas silabas).
A neurociência precisa entender o que passa na cabeça do aluno, o
que acontece, de que maneira o cérebro processa a informação, pensamos,
logo a essência do aprendizado é notar que um conjunto de informações dá
sentido para o cérebro.
O distúrbio de aprendizagem se caracteriza por várias combinações de
déficits na percepção, conceituação, linguagem, memória, atenção e função motora.
Fonseca (2006).
O trabalho do psicopedagogo pode ser a possibilidade de
encaminhar a criança, professores, e pais para o tratamento. Deve estar
sempre interferindo neste processo, com objetivo de elucidar questões
relacionadas com a aprendizagem.
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1.2- Déficit de Atenção
Diversas pessoas buscam orientar-se sobre o Transtorno e Déficit
de Atenção, devido ao aumento significativo de crianças diagnosticadas, deste
modo o interesse visa uma compreensão mais ampla que facilite a convivência
com tal dificuldade.
“conhecer as próprias limitações e características de si mesmo pode
fortalecer o estado de felicidade e bem viver.” Peres,(2013,P.13).
Sabemos que o espaço escolar é o palco das primeiras experiências
sociais do individuo. Onde a criança aprende a exercer suas habilidades, seus
valores, seus modelos de comportamentos além de demonstrarem suas
dificuldades.
Pais e professores enfrentam questões relacionadas a tais
dificuldades. Quando se trata da atenção, surgem questionamentos em relação
ao aluno, ao professor ou aos métodos pedagógicos, ocorre geralmente um
descaso em relação ao diagnóstico, tudo recai sobre o aluno, e é ele quem vai
parar nos consultórios assumindo toda a problemática.
Nenhum conjunto isolado de sugestões e estratégias funciona sem
uma inter-relação de todos os fatores, neste sentido sempre é necessário que a
partir de um problema seja déficit de atenção ou não, ocorra um ajuste nas
combinações em todas as esferas terapêuticas, cognitivas, comportamentais
para o alcance do sucesso escolar.
Transtorno Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), é um
tema vasto. Entender como funciona o cérebro de uma pessoa com tdah, ajuda
a identificar e estimular o desenvolvimento dela. Este conhecimento torna-se
necessário tanto para os pais, como para os professores.
O cérebro contém bilhões de neurônios, cada neurônio individual
com seus axônios e dentritos, faz conexões com outros e, a partir de diversas
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conexões sinápticas, formam a unidade funcional do cérebro através de
circuitos neuronais.
A migração dos neurônios no período fetal do tubo neural para o
destino final ocorre sob controle genético direto. Outro aspecto importante é a
mielinização, posto que a bainha de mielina permita uma condução neuronal
muito mais rápida, potencializando em grau maior as funções cerebrais
(Pally,1997)
A neurologia explica que a porção posterior do cérebro, Incluindo os
lobos occipitais, parietais e temporais contém as áreas sensoriais primárias (da
visão, audição, tato, olfato, gustação), as áreas secundárias adjacentes e
funcionalmente relacionadas às áreas primárias, além de uma extensa área
terciaria de associação, a saber: a grande área associativa da encruzilhada
temporo-parieto-occipital. Essa porção posterior relaciona-se mais intimamente
a recepção, identificação e ordenação do ambiente em relação ao individuo. É
a porção do cérebro que recebe o mundo.
Tais áreas participam de tarefas ativas e motoras do individuo sobre
o meio, mas seu funcionamento mais característico refere-se à percepção do
mundo, e organização dessa percepção em unidades organizadas e
integradas, na codificação, decodificação e recodificação em níveis de
complexidade crescentes de todos os elementos sensoriais e finalmente em
uma configuração e representação coerente da realidade. Pally, (1997).
Tudo que ocorre no corpo depende do funcionamento dos
neurônios, qualquer atividade cerebral precisa ser intensa, precisamos estar
sempre alimentando o cérebro com qualquer informação. O neurônio troca
além de informações, nutrientes. Quanto mais giros, maior o tecido nervoso,
logo maior a capacidade de fazer sinapse. Nós somos de acordo com a
neurociência, o que os nossos genes permitem que sejamos. Os genes se
expressam de forma diferente, o que nos faz diferentes.
A presença de gordura garante a velocidade de transmissão do
impulso nervoso. Tal impulso ao entrar em contato com a bainha de mielina
salta para o espaço desmielinizado (nódulo de Ranvier).
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A aprendizagem vai ocorrer por conta destes estímulos em todo
corpo. Existe um circuito da emoção no cérebro, toda aprendizagem necessita
de estímulos, logo aprender é um ato emocional. A aprendizagem precisa ter
significação, importância para que o aluno possa internalizar a informação.
Turekis, (2003) apud, Peres, (2013): “A única coisa que se pode
dizer é que nestas siglas se unem diversos comportamentos difíceis, evidentes
desde a primeira infância, mas ainda ninguém descobriu um gene do tdah.”.
São intensas as investigações sobre o tema e devido a sua
complexidade, o diagnóstico é clínico, baseado fundamentalmente em
questionários, testes psicométricos, avaliação clínica.
“Sabe-se que até o presente, não existe nenhuma prova ou análise
de laboratório especifica nem bioquímica, eletrofisiológica, anatômica, genética,
que permita diagnosticar de forma eficiente” Soprano, (2006) apud, Peres,
2013).
Desde a década de 70, a psiquiatria biológica, a ciência genética e a
psicofarmacologia, participam da constituição do que os autores chamam de
identidades somáticas, flexíveis, manipuláveis em sua própria biologia.
O Distúrbio Déficit de Atenção (DDA) surgiu como uma categoria
psiquiátrica (DSMIII). O antigo diagnóstico confuso e problemático do
transtorno de hiperatividade era redefinido como uma desordem da atenção.
Caliman (2009).
Sabemos que o tdah é um dos principais tema envolvido no
problema da aprendizagem e, em consequência, no fracasso escolar.
Na década de 60 e 70, a patologia da hiperatividade foi amplamente
analisada e estudada, estando no centro do debate médico. Seu diagnóstico
impreciso e subjetivo foi preciso construir uma nova categoria diagnóstica, com
signos mais unificados e objetivos claras. Neste contexto o déficit de atenção
passou a ser considerado definidor do transtorno. Caliman, (2009).
Através da atenção filtra-se informações relevantes, ou seja,
seleciona -se e, mantém o foco para as informações desejadas.
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A investigação genética, o estudo neurofisiológico atual teve sua
aparição oficial ao ser incluído no DSM IV, pub. 1994. Em um artigo de 1990
publicado pela Heritage Foundation, Mary Eberstady, 1999, descrevia o cenário
do tdah e a ritalina, o mundo presenciou a explosão publicitária. Caliman(2009).
Assim durante a década de 80 e 90, que o tdah, que era
considerado um diagnostico infantil, passou a ser visto como uma desordem do
desenvolvimento que continua na vida aduta como um quadro crônico e
incurável.
O psicopedagogo institucional ao se deparar com crianças com este
transtorno pode compartilhar neste processo ajudando no apontamento de
estratégias que estimule o desenvolvimento desses alunos envolvidos neste
contexto, para que se sintam motivados e não assustados e incapazes.
“tantas vezes empobrecidas da espontaneidade criadora que é essencial
do ser humano, para se vir fantasiadas de robôs disciplinados e tristes, amedrontadas
diante de professores que deveriam lhe prestar serviço”. Manoni e Dolto, (1980, P.26).
O sistema escolar obedece a métodos educacionais nem sempre
adequados para uma educação de qualidade, para isto incluiria principalmente
a qualificação dos profissionais envolvidos para lidar com “pessoas”
independentes da sua problemática.
Manoni e Dolto 1980, p.26, descreve que: “A escola não é para
todas as crianças um lugar de alegria e o refúgio para as tensões familiares, e
diz que deveria ser um lugar vivo e atraente.
Segundo Russel,(2010):
“As crianças com tdah têm grandes dificuldades
de ajustamento diante de demandas escolares. Um
terço ou mais de crianças portadoras de tdah
ficarão para traz na escola, no mínimo uma serie
durante sua carreira escolar, e até 35% nunca
completará o ensino médio. As notas e pontos
acadêmicos conseguidos estão significativamente
abaixo de seus colegas de classe.”
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Entre 40% a 50% dessas crianças acabarão por receber algum grau
de serviços formais através de programas de educação especial, como sala de
recursos e até 10% poderá passar mais tempo nestes programas.
Pesquisas revelam que estão propensas a desenvolver o tdah,
filhos de pais hiperativos(50%), irmãos(5ª7%), gêmeos (55 a 92%). Alguns
pesquisadores acreditam que a hereditariedade possa ser algum desequilíbrio
cerebral, e que a Hiperatividade pode estar relacionada à ansiedade, a
frustração e a depressão.
Ainda que a maioria dos sujeitos tenham sintomas de desatenção
com hiperatividade-impulsividade, há um predominante entre esses padrões:
tipo 1- tdah com predomínio de déficit de atenção(F98.8),2- com predomínio
hiperativo-impulsivo(F90.0), e tipo 3 combinado(F90.0). Barkley,(2008) apud
Peres,(2013).
Os alunos com tdah precisam ser motivados, isto lhe ajudará na
concentração. Cientes das diversas dificuldades encontradas pelos educadores
nas instituições de ensino, tais como professores mal remunerados,
desmotivados, turmas com excesso de alunos, crianças especiais, entre outros,
faz-se necessário que haja um olhar mais abrangente para lidar com estes
alunos, pois pais, professores, diretores possuem uma tendência em vê-los
como desobedientes e desinteressados.
Peres, (2013,p.37):
“A dificuldade dos adultos para aceitar e
ajustar-se ao desenvolvimento das crianças e, a
presença de atitudes inadequadas e reações
emocionais perturbadoras dos pais são aspectos
fundamentais que interferem profundamente no
desenvolvimento comunicativo das crianças que
vivem este transtorno.”
Tal comportamento faz com que valorizem apenas a transmissão do
conhecimento e a produção do trabalho escrito, preocupando-se mais com a
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quantidade em detrimento da qualidade. A partir de iniciativas que promovam
estímulos favorecendo a aprendizagem torna-se fundamental dispositivos que
contribuam para um melhor desempenho social, pedagógico e intelectual.
Luzuriana, (1981).
Peres,(2013,p.20): “Um transtorno são processos psicológicos
implicados para a compreensão da linguagem falada ou escrita que pode se
manifestar como uma inadequada capacidade para escutar, falar, ler, escrever.
E, prossegue dizendo que: “Os transtornos de aprendizagem tem
base linguística e origem neurobiológica. As operações mentais são conjuntos
de ações interiorizadas, organizadas, fontes de estimulação.”
Os transtornos se dão na leitura, na ortografia e na expressão
escrita, (dislexias e disgrafias, nas matemáticas (discalculia), na linguagem
oral(dislalia), na atenção, na resposta sem haver escutado a pergunta.
Peres,(2013).
A comissão de educação aprovou em junho de 2013, a proposta que
obriga o poder publico a manter o programa de acompanhamento integral do
tdah para estudante do ensino básico da rede publica e privada. O texto é
substitutivo ao projeto de lei 7081/10.
No período compreendido entre 2005 a 2010, o aumento do uso de
cloridrato de metilfenidato, princípio ativo de remédios como ritalina, cresceu
45% no estado de São Paulo, conforme levantamento do CRP,.SP com
informações de 287 municípios.
Peres, (2013, p. 37):
“O tdah é uma disfunção biológica
que se manifesta na pessoa devido à uma
anormal regulação de certos neurotransmissores
do cérebro, neste sentido o tratamento
farmacológico é uma forma de preparar o
cérebro para que seja logo reabilitado como o
trabalho do professor do psicólogo e do
pedagogo”.
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Apesar de diversas definições na literatura, todas consideram que à
aprendizagem é um processo que ocorre através da integração de diversas
funções do sistema nervoso e o meio.
Bossa,(2011,P.31), diz que a aprendizagem apresenta tamanha
complexidade que tem a dimensão da própria natureza humana.
Essa dimensão descrita denota algo distante e imenso, o que
representa a dificuldade pra lidar com tais questões.
Para Peres,(2013): O melhor tratamento, é a compreensão dos pais,
a paciência das pessoas envolvidas na sua educação e um bom
acompanhamento, principalmente com equipe multidisciplinar.
Parece unânime a concepção de todos os autores, ao tratarem
sobre o tema, darem ênfase as questões relacionadas as relações familiares
como prioridade para melhoria do sujeito.
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CAPÍTULO II
Perspectivas Históricas sobre a Educação
Historicamente a educação é parte da cultura e, está diretamente
ligada a visão de homem no mundo. Ela passou por diversos momentos em
diferentes países.
Historiadores inferem que a educação entre os grupos primitivos
ocorria de forma espontânea. As crianças ou jovens aprendiam por imitação
aos mais velhos. Também por observações aos fenômenos metereológicos,
rituais sagrados entre outros. Com o passar dos séculos desenvolvidos por
povos já civilizados, a escrita sistematizada no oriente, associada à
organização social que se estabeleceu levou a criação de escolas e mestres.
Luzuriaga,(1981).
No Egito, as crianças frequentavam a escola a partir dos 06 ou 07
anos, sendo escolas elementares, aprendiam a ler, escrever, contar para o
povo, escolas superiores ou eruditas. Aprendiam também astronomia,
matemática, musica, poesia, entre outros. A educação Ocidental fora
desenvolvida entre os séculos V ac e V dc.
No sec. XVI surge a reforma religiosa. A educação católica pós-
renascença foi marcado por um movimento conhecido por contrareforma. Os
Jesuítas ministraram a educação durante séculos.
Rosseau, apud Luzuriaga,(1981), diz que a educação naturalista
teve influencia decisiva na educação moderna.
Segundo ele, são pressupostos para a educação: a liberdade, a
atividade pela experiência, a diferença entre mente da criança e do adulto, logo
a criança passa a ser vista como um ser em desenvolvimento.
Neste sentido a educação ampliou seus segmentos ao longo dos
séculos. Atualmente o acesso ao conhecimento é fundamental nas sociedades,
tendo a escola papel predominante em suas tarefas atuais vem empenhando –
se para lidar com questões relacionadas à aprendizagem. Pode ser um meio
de instrumento de transformação social, sendo formadora de opinião atua nos
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condicionantes sociais interferindo no mundo e na relação humana. Ela
engloba todo processo ensinar e aprender, sendo um fenômeno observado em
todas as sociedades, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir
da transposição, as gerações, dos modos de ser estar e agir, funcionando
como processo de socialização.
No Brasil a educação é regulamentada pela lei de diretrizes bases
da educação, pelo fundo de manutenção e desenvolvimento da educação
básica e pelo fundo de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental
e de valorização do magistério.
A escola é uma instituição concebida para o ensino de alunos sob a
direção de professores. Funcionam como espaços organizados propostos para
a aprendizagem.
Winnicott (1982, p.237), diz : Grande
parte dos professores acham natural a
existência em classe de alunos mais
inteligentes e menos brilhantes, deste
modo adaptam-se e adaptam seus
métodos de ensino as diversas variáveis
condições com que se defrontam.
Importante que a instituição como um todo possa avaliar seus
métodos .
Para Peres, (2013, P.21), “ A aprendizagem é resultado de nossas tentativas por dar
sentido ao mundo. As formas com que pensamos as situações, junto com nossos
conhecimentos, expectativas, sentimentos e relações com os demais e com o entorno
influem no que aprendemos e na maneira como fazemos.
O sistema de ensino precisa se adequar as diversas situações
existentes e também outras tantas que surgem ao longo dos tempos, deste
modo os desafios e metas não se esgotam.
As alterações no aprender, o fracasso escolar e as diferentes formas
sob as quais o problema de aprendizagem se apresenta em alta proporção na
população, requer uma análise cuidadosa. Bossa, (2011).
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2.1- A educação: Seus desafios e metas
A educação passou por uma grande evolução ao longo dos séculos
e continua sofrendo modificações na atualidade. O ser humano evoluiu graças
ao seu conhecimento. A história da educação é parte da cultura do homem
com o mundo.
Tanto a escola como a família enfrentam desafios, principalmente
quando se tratam de questões inerentes a aprendizagem e suas dificuldades.
Necessitam de uma conexão para realizarem um trabalho eficiente.
A educação é o processo pelo qual são transmitidos ao sujeito os
conhecimentos e atitudes necessárias para que tenha socialização e desta
forma integrar-se a sociedade.
A família é a primeira aprendizagem, é nela que são oferecidas
formas diversas e distintas de conhecimentos. Cada qual ensina de forma
muito singular, seus valores, seus limites, logo desempenham papeis diferentes
fazendo com que a aprendizagem ocorra de forma natural. Na escola ocorre a
socialização intelectual na criança.
A escola também irá receber pessoas diversificadas com
dificuldades, transtornos, ou seja, diferentes situações e deverá se adequar
conforme sua necessidade.
“A educação na escola maternal exige que o professor esteja pronto
a exercer restrições e controle fornecendo instrumentos e oportunidades para
pleno desenvolvimento intelectual da criança." Winnicott, (1982, P.224).
O educando deve estar atento , pois é no momento inicial que os
pilares são reforçados, e o aluno está aberto para receber tudo que lhe é
passado.
21
“considerando a aprendizagem como base nos pilares cognitivos o
processo ensino-aprendizagem é efetivado na interação professor-aluno.”
Sassi, (2006).
A escola quando admite o seu limite, admite eticamente a forma do
seu trabalho. É neste ambiente que a criança experimenta trocas de
experiências individuais e em grupo.
“A criança enfrenta esse choque mediante o desenvolvimento de
outra capacidade, ou seja, a de relações pessoais com outras pessoas além da
mãe.” Winnicott, (1982, p.222).
A criança ao ingressar numa escola experiência algo exterior, isto
pode gerar inquietações tanto na criança quanto na mãe, neste sentido o
professor assume um papel fundamental direcionando e ajudando a promover
importantes contribuições para o desenvolvimento psicológico da criança.
Os desafios enfrentados pela educação são degraus que vão sendo
galgados. Cada caso deve ser avaliado isoladamente, e ao mesmo tempo no
todo. Cada problema surgido no contexto se não avaliado e tratado, termina
por desenvolver todos os outros.
22
2.2- Fracasso Escolar
“Nada é mais enganador na avaliação dos métodos educativos que
o simples êxito ou fracasso acadêmico.” WIinnicott,(1982, P.233).
As causas e consequências do fracasso escolar têm levado
profissionais da educação e da saúde a buscar respostas através de
pesquisas, debates, reuniões pedagógicas entre outros, com o intuito de
amenizar tal questão e garantir progressos na vida escolar.
“criar contextos educacionais capaz de ensinar a todos os alunos,
demanda uma reorganização no trabalho escolar." Sales e Silva, (2009).
Deste modo torna-se primordial que as escolas façam uma releitura
no fracasso escolar, desenvolvendo atividades que promovam a criatividade, e
despertem interesses nos alunos, buscando amenizar a evasão escolar.
“A dificuldade de aprendizagem muitas vezes vai além dos
problemas da criança. Este fracasso é do próprio sistema de ensino.” Bossa,
(2011).
Ferreiro, (1979, P.41), concorda e especifica que “temos uma
imagem empobrecida da criança que aprende: a reduzimos a um par de olhos,
um par de ouvidos, uma mão que pega um instrumento para marcar e um
aparelho fonador que emite sons. Atrás disso há um sujeito cognoscente,
alguém que pensa, que constrói interpretações.”
Sales e Silva,(2009),relatam que alguns dos motivos para o fracasso
escolar são: condições estruturais da escola, falta de compromisso dos
educadores e educando, e falta de apoio da família.
23
Neste sentido tanto a educação em casa como na escola precisam
de qualidade. Ficar muito tempo com os pais sem qualidade no afeto é o
mesmo que ter quantidade de hora/aulas.
“a fronteira entre a percepção e a afeição, entre a sensação e o
sentimento, entre o saber e o sentir é a mesma fronteira entre o eu e o não eu.”
Dalgalarrondo, (2008, P.100).
O ser humano precisa sentir-se inteiro, para isto faz necessário
perceber-se, para a construção de um verdadeiro self.
Para Dolto, (1980,p.25):
“O grave é que se as crianças atuais aceitam
cada vez menos essa mentira mutiladora das
suas forças vivas e vão engrossar as categorias
de disléxicos, discalcúlicos e retardados
escolares, são então os pais que por angustia do
futuro, querem impor a lepra dos deveres
obrigados, das lições engolidas, vangloriam-se
das boas colocações da criança e sentem-se
deprimidos com as notas más”.
Dentro do sistema de ensino existe uma diversidade de fatores
envolvidos na questão da aprendizagem
“para que um aluno tenha um bom desempenho na escola são
necessários desde alimentação saudável até a condição emocional e cultural
para que o mesmo possa levar a escola com seriedade”. BOSSA, (2011).
O fracasso escolar é algo extremamente comum e complexo, alvo
de frequentes discussões nas reuniões pedagógicas, pois envolve questões
biopsicossociais, ou seja, o contexto familiar, social e politico. A escola com
suas exigências de que os alunos apresentem comportamentos iguais ou
semelhantes, e aprendam da mesma forma os mesmos conteúdos, mostra o
despreparo do corpo docente.
As crianças numa classe escolar necessitam serem vistas como
únicas. Cada qual apresentam suas necessidades que variam conforme seu
24
ambiente e, suas influencias familiares. Não devem ser formatadas como se
todos aprendessem ao mesmo tempo e da mesma maneira.
‘’A educação é pobre de conteúdo, mesmo quando os assuntos são bem
ensinados, se essa lição objetiva dar e receber estiverem ausentes ou for anulada pelo
domínio de uma personalidade sobre a outra”.WINNICOTT,(1982, P.230) .
Percebe-se o quanto a troca professor aluno, é necessária nesta concepção
do autor. A preocupação destes profissionais precisa estar focada tanto para a
variável capacidade intelectual de seus alunos, com para as suas distintas
necessidades emocionais.
2.3- InclusãoEscolar
O tema educação inclusiva tem despertado angustias e
entusiasmos. Todo processo de transformação constitui mudança de
paradigma. Aranha (2002).
Sabemos que é muito difícil para família quando um filho é apontado
como incômodo. Quando isto ocorre o aluno precisa ser inserido no trabalho
pedagógico e no social. Não somente com o aluno em situação de inclusão
como também com o aluno normal.
A inclusão escolar propõe o acolhimento de todas as pessoas, sem
exceção. O termo é associado mais comumente à inclusão educacional de
pessoas com deficiência física e mental. E recusar crianças com necessidades
especiais é crime. A transformação destas práticas obriga a escola a redefinir o
papel do professor e a dinâmica das relações sociais dentro e fora da sala de
aula.
A partir de um trabalho realizado em Portugal.1989, Mantoan, iniciou
uma defesa pela educação inclusiva no Brasil. Crítica convicta das chamadas
escolas especiais, para ela, inclusão é interação com os outros.
A inclusão não admite nenhum tipo de discriminação. A escola
precisa fornecer adaptação física, além de atendimento educacional de
qualidade, promovendo a interação dentro e fora da escola.
25
Saviani, (1991), diz que a função da escola é estender a todos o
conhecimento elaborado e sistematizado, fundamental para que as pessoas
tenham maior liberdade de ação pela assimilação e internalização do
conhecimento à partir do processo ensino- aprendizagem.
O art. 208 da constituição especifica que é dever do estado garantir
atendimento educacional especializado. Preferencialmente na rede regular de
ensino
No âmbito da educação, a opção política pela construção de um sistema
educacional inclusivo vem coroar um movimento para assegurar a todos, a
possibilidade de aprender, administrar a convivência digna e respeitosa numa
sociedade complexa e diversificada. Aranha, (2002).
O professor enquanto mediador necessita desenvolver técnicas para que
consiga observar e atuar com cada aluno dentro do seu contexto e de sua
especificidade. O estado deve oferecer apoio técnico e financeiro para que o
aluno seja atendido em toda rede publica.
É na escola que a criança vai projetar oralmente ou ludicamente o
que vivencia em sua vida seus sentimentos, suas frustrações, suas alegrias,
entre outros.
“‘quando perceber um desvio de atenção do aluno, use a
proximidade física para estimular sua atenção.” Peres,(2013, P.103).
Importante que o aluno seja percebido como um sujeito total, pois
somente assim esta criança será realmente entendida e ajudada no
desempenho de suas potencialidades para alcançar um direcionamento
correto.
A construção de uma sociedade inclusiva é fundamental, a exigência
de educação continuada vem se acentuando desde 1996, com a promulgação
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
26
O incômodo sentido pelos profissionais faz com que haja uma
reflexão para melhorar o seu trabalho como também repensar seu papel na
sociedade.
O plano nacional de educação estabelece normas e levanta
questões nesta relação professor-aluno. Buscam-se estratégias para lidar com
as situações diversas.
O psicopedagogo precisa funcionar como mediador, logo é
fundamental atuar tanto com o professor como com o aluno. O trabalho com
crianças especiais inicia-se a partir do que elas trazem.
O professor necessita desenvolver recursos para lidar com a aprendizagem. O
lúdico é um dos caminhos para despertar o interesse da criança.
“No processo de construção de uma classe inclusiva, as relações entre
professor e aluno surgem como elemento de fundamental importância já que neste
contexto as reações de respeito e atenção pedagógica flexível e individualizada
precisam ser efetuadas.” Aranha (2002).
O psicopedagogo precisa funcionar como mediador, sendo
fundamental atuar tanto com o professor como com o aluno. O trabalho com
crianças especiais inicia-se a partir do que elas trazem. Torna-se fundamental
desenvolver técnicas que esclareçam tais questões até mesmo para intervir em
situações onde a escola especial também possa apresentar-se como
fundamental, fazendo com que os alunos desenvolvam suas potencialidades
com crianças que apresentem as mesmas problemáticas que a sua.
“Quantos distúrbios sérios de caráter poderiam ser evitados se a
aprendizagem dos signos que permitem a comunicação cultural, a leitura e a
escrita, e depois a aprendizagem das combinações aritméticas só viessem
depois da conquista e do desabrochar da linguagem veicular falada e da
motricidade lúdica livre, totalmente dominada. “Manoni e Dolto,1980,P.2
27
2.4- Psicopedagogia e Aprendizagem:
O mundo globalizado juntamente com a velocidade tecnológica
fornece informações instantâneas e exige conhecimentos acerca de assuntos
diversificados. Dentre estes, se encontra a aprendizagem, suas dificuldades,
seus distúrbios e transtornos.
Tais dificuldades estão intimamente relacionadas ao enfoque
interativo: vivências, contextos familiares, escolares, entre outros, sendo desta
forma compreendidas entre fatores intra e extra escolares, logo, os transtornos
de aprendizagem se encontram na base da aprendizagem.
BOSSA, (2007, P.24), afirma que; “A psicopedagogia trabalha com uma
concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um
equipamento biológico, com disposições afetivas e intelectuais que interferem na
forma da relação do sujeito com o meio.”
Nesta relação biológica, constata-se que a riqueza do cérebro
humano está relacionada à capacidade de receber, armazenar e elaborar
informações que dependem das conexões neuronais via sinapses.
A percepção, a memória, as emoções, e mesmo o pensamento
surgem em conexão com a atividade desses circuitos neuronais. O
desenvolvimento desses circuitos baseia-se em parte em uma programação
genética.
Pally, 1997, diz que: as partes mais primitivas do cérebro são o
tronco cerebral e o diencéfalo, responsáveis pelas funções vitais como
respiração, batimentos cardíacos, temperatura corporal e o ciclo sono-vigília.
Segundo ele, Cerca da metade do genoma humano é dedicada à
produção do cérebro. Em relação ao desenvolvimento ortogenético, pode-se
afirmar que o cérebro “nasce prematuro”. Muito do seu desenvolvimento ocorre
após o nascimento até o período adulto.
28
Diante do exposto percebemos que aprender e memorizar são
atos continuo, logo o aprendizado esta diretamente relacionado à cognição e
memória. O ser humano necessita do outro como interação para que possa
existir. É exatamente a troca de aprendizagem que ocorre a principio como
fundamental para que alcance um bom funcionamento sóciocultural.
A partir das relações iniciais estabelecidas em seu desenvolvimento
infantil, esta, se propaga para novas relações, assim, se espera um
funcionamento compatível levando-se em conta a idade cronológica e o
coeficiente intelectual da criança.
A família é o primeiro grupo social, onde a criança começa interagir,
aprender e, onde busca as primeiras referências em termos de valores
culturais, emocionais, entre outros. Fiale,(2003).
É no ambiente escolar que a instituição e a família se encontram, e o
foco é a criança com dificuldades, onde o “fracasso escolar” aparece
comprometendo o continuo desenvolvimento do indivíduo.
“A frustração do professor não termina com o reconhecimento de que o
ensino é sempre imperfeito, um bom ensino exige do professor uma tolerância das
frustrações em sua espontaneidade de dar frustrações que podem ser sentidas.”
Winnicott,(1982, P. 229)
A criança passa boa parte da sua vida dentro da instituição de
ensino , logo sua função é proporcionar-lhe formação educacional, desenvolvê-
lo como cidadão juntamente com a sociedade e a família de forma competente
no desempenho da sua função.
“As crianças que recebem um bom estímulo de casa, são ajudadas
no dever, os pais que comparecem as reuniões, tendem a obter um melhor
desempenho escolar." Fiale, (2003).
Essa demonstração de apoio aponta para um resultado satisfatório,
pois é na infância que esta autoestima precisa ser mantida, para que o futuro
adulto possa ao olhar para si, sentir esta autoconfiança.
29
“A inteligência emocional tem a competência de interferir em todas
as capacidades do ser humano e seu ponto principal consiste em tomar
consciência dos sentimentos no momento em que eles ocorrem.
(Goleman, 2001), apud (Peres,2013).
A motivação contribui para o aprendizado, ela facilita este
processo, desta forma ativar o sistema de recompensa libera dopamina e
estimula a sensação prazer, assim a satisfação do acerto leva ao prazer e
estimula a motivação.
O sistema de recompensa é ativado por antecipação através da
motivação. Uma avaliação bem sucedida aponta para o aluno o que ele ainda
não aprendeu e procura encontrar uma forma de motivá-lo a aprender o que
está faltando.
O distúrbio de aprendizagem se caracteriza por várias
combinações de déficits na percepção, conceituação, linguagem, memória,
atenção e função motora. Fonseca (2006).
O ser humano, em sua trajetória apresenta diversos
comportamentos, sejam eles geneticamente ou adquiridos, de acordo com a
estimulação do meio em que está inserido, desta forma, somos produtos do
meio. As relações que se estabelece durante todos os períodos do
desenvolvimento são determinantes para formação da personalidade. O
biológico, a família e o social sempre possuem papel fundamental para que o
ser possa existir como um todo.
Desenvolve diversos talentos e precisa potencializá-los. Tenta
reconhecê-los e nomeá-los; vai identificando-se com aquilo que reconhece
como talento ou virtude. Apresenta esta capacidade devido a outras pessoas
que compartilharem o seu desenvolvimento e apontarem ou reforçarem tal
talento.
A aprendizagem envolve um contexto biopsicossocial. Necessita de
um equilíbrio em todas as esferas para que o individuo possa desenvolver-se.
30
Neste sentido torna-se necessário um desenvolvimento neurológico, afetivo,
biológico e social saudáveis.
A realidade escolar tem desvelado um expressivo e preocupante
numero de crianças com dificuldades de aprendizagem, fazendo com que
surjam diversas pesquisas:
No século XIX, a escola passou por transformações tais que
possibilitaram sua universalização, adotando o princípio de que deveria atender
a todas as crianças da sociedade. Bock, (1999).
A educação vem sendo cada vez mais questionada, discutida em
vários âmbitos como fundamental e decisiva na trajetória do indivíduo. Parece
uma discussão que não se esgota.
Dentre os assuntos, o estatuto da criança e do adolescente (lei
8069/90), em seu artigo 4º, determina ser dever da família, da comunidade, da
sociedade em geral do poder público assegurar com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos como saúde, alimentação, educação.
Em seu art. 55, diz que os pais ou responsáveis possuem a
obrigação em matricular seus filhos na rede regular de ensino. MEC,(2001).
A influência familiar se destaca como fundamental no desempenho
do individuo, pois é a partir desta educação primaria que este irá demonstrar
seus sentimentos de valorização ou desvalorização, segurança ou
insegurança, produtividade ou desinteresse, é na escola que tudo isto vai
refletir com maior intensidade. Isto aparece muitas vezes como fracasso
escolar, e as causas são diversas.
A psicopedagogia surgiu da necessidade em contribuir na busca de
soluções para a difícil questão do problema da aprendizagem. (Bossa, 2011).
“O objeto central de estudo da psicopedagogia se estruturou em
torno do processo de aprendizagem humana, seus padrões evolutivos normais
e patológicos, bem como a influencia do meio em seu desenvolvimento.
”(kiguel, 1991,p.24)
31
O profissional deve compreender o que o sujeito aprende, não
aprende e como aprende. O psicopedagogo é o responsável por detectar e
tratar possíveis obstáculos neste processo da aprendizagem. Deve traçar
possíveis metas de intervenção através de orientação educacional, vocacional
e ocupacional tanto na forma individual como em grupo.
A instituição enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem é
objeto de estudo da psicopedagogia uma vez que são avaliados os processos
didático-metodológicos e a dinâmica institucional que interferem no processo
de aprendizagem
“A psicopedagogia não é um saber único e acabado, mas aberto, em
devir, que se constitui a partir de sua própria eficiência enquanto processo
prático”. (Severino,1994).
Devido aos entraves ocorridos nas escolas por diversos fatores que
refletiam na aprendizagem sentiu-se a necessidade de um melhor
conhecimento e um aprofundamento que avaliasse a complexidade de tais
questões. Maluf, (1991), afirma que do ponto de vista da atuação profissional, o
psicólogo educacional, o psicólogo escolar, e o psicopedagogo desempenham
papeis semelhantes.
A psicopedagogia é uma área de estudos recentes que em
articulação com outras disciplinas apresenta como compromisso a
transformação na realidade escolar, desta forma enfatiza-se como
interdisciplinar.
“a psicopedagogia foi utilizada indicando área de atuação que
apontava a inevitável interseção dos campos de conhecimentos da psicologia e
pedagogia”.(Neves,1992).
A partir desta interseção, surgiram a psicopedagogia como forma de
suprir o entendimento e atendimento as crianças consideradas inaptas ao
sistema educacional convencional.
32
Não pode recair no aluno a responsabilidade, pois se trata de um
contexto. À aprendizagem ocorre no processo de construção juntamente com
família, escola e sociedade.
Importante entender a aprendizagem em toda sua complexidade,
levando em conta o sujeito numa visão biopsicossocial. Necessita levar em
conta que o problema tem um sentido e que o sintoma é um “grito de socorro”.
“o psicopedagogo atua em conjunto com o educador no sentido de fornecer
subsídios para uma visão mais abrangente na condição de mediador do
conhecimento. Fiale,(2008).
Funcionando como mediador precisa manejar as situações diversas,
para isto faz-se necessário avaliar a situação de forma eficiente e traçar uma
linha de atuação visando uma melhor intervenção no processo pedagógico.
Dolto, 1980, P.24, diz que:
“O drama para essas crianças, em nosso
País e em nosso sistema, provém do estilo
de instrução passiva, nos horários e
programas obsessivos e que de modo algum
deixa a cada qual uma margem de acesso a
cultura.”
A psicopedagogia busca intervenções adequadas para aliviar o
problema causado pelo tdah. Tal problema afeta crianças na escola, em casa
prejudicando seu convívio social de maneira geral. (Machado e Cesar, 2008)
Apresentando como proposta um olhar diferenciado no processo
ensino-aprendizagem, leva em conta a afetividade entre o mediador e o
aprendiz, para que a partir da criação de oportunidades, estímulos, diferentes
métodos, haja um aumento da autoestima e o aluno possa acreditar no
alcance do seu sucesso.
33
CAPÍTULO III
Perspectivas entre a Psicopedagogia e a Psicanálise: Abordagem
Integradora em Winnicott
O desenvolvimento do ser humano é um processo contínuo. Tal
como no desenvolvimento do corpo, assim também da personalidade e no da
capacidade de relações. Winnicott,(1982,p.25).
Se neste percurso houver ruptura neste desenvolvimento toda
personalidade ficará fragmentada e, em consequência as relações.
Winnicott,(1982,P.95):
O conhecimento vai sendo alcançado
na construção do espaço do tempo, da
produção de objetos. Nenhuma fase pode
ser suprimida impedida sem efeitos
perniciosos. No desenvolvimento
emocional segundo ele, se não houver
entraves ou desvios no processo evolutivo
há saúde.
A criança precisa ampliar o mundo em que vive, as relações sociais
vão sendo inseridas em seu mundo. O contato, com outras pessoas, creches,
entre outros. Na maioria das vezes esta ampliação inicia-se no contexto familiar
através, das histórias que lhe são contadas, fortalecendo à afetividade.
“A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor a
todas as vivencias humanas. Sem afetividade a vida torna-se vazia ,sem
sabor”. Dalgalarrondo(,2008,P.100).
34
Em relação à questão psicológica, um bebê privado de contato
afetivo, esta voltado até certo ponto, à perturbações no seu desenvolvimento
emocional que se revelarão através de dificuldades pessoais, à medida que
crescer. .A psicanálise considera o sujeito no seu processo de constituição.
Para ela, um sintoma na aprendizagem pode estar alertando que algo não vai
bem.
“ inacabado fisiológico no nascimento, o ser humano esta exposto aos conflitos da
sua impotência fundamentalmente. O que funda o desejo, a principio de amor, e a
mediação simbólica atribuída pelo adulto as necessidades fisiológicas." Dolto,
(1980,P.10).
Winnicott concorda e, vai dizer que a historia de alguém começa
antes mesmo de nascer, uma pessoa que precisa ser reconhecida por alguém,
sendo assim, a qualidade no cuidado materno é essencial principalmente no
contato afetivo.
E complementa:
A função da escola não é ser substituta para uma
mãe ausente, mas suplementar e ampliar este
papel. A criança projeta na escola o que vivencia
no ambiente familiar, logo se torna importante que
o professor tenha um olhar diferenciado além do
conhecimento para perceber as fantasias
demonstradas na realidade interna.
(1964,1982,p.214).
Ao ser inserida na escola permanece por diversas horas sem
escolha sem muito entendimento, aos poucos vai sendo cobrada, logo
necessita conviver com pessoas a principio estranhas, não é fácil para ela. O
ambiente escolar precisa ser carregado de acolhimento e amor para que a
criança possa permanecer de forma mais natural. A capacidade de a criança
permanecer dependerá da relação estabelecida, o que favorece as
experiências realizadas.
35
Winnicott,(1964,1982,p.220) diz que: “No momento da entrada da
criança na escola pela primeira vez, as relações sinceras entre a professora e
a mãe servirão para suscitar um sentimento de confiança na mãe e de
tranquilidade na criança."
A criança no momento do pré-escolar vivencia questões conflituosas
da sua própria existência, questões estas relacionadas conforme a psicanalise
com o complexo de Édipo e complexo de castração. Aos poucos vai sendo
apresentada ao mundo da linguagem, mundo este de uma complexidade
imensa, sendo cobrada em todos os aspectos.
O professor deverá ser o regente, o grande maestro, necessitará de
uma boa interação, para perceber qual o acesso para atingir as
potencialidades, pois cada aluno apresenta um processo cognitivo diferente.
Assim como a mãe, o professor também serve de espelho para as
crianças. Muitos alunos que não conseguiram estabelecer uma relação com a
família, pode ter a chance de resgatar isto na escola.
“Diante da incompreensão do meio a sua volta, instalam-se reações
em cadeia de decepções mútuas intricadas de angustias reciprocas, processos
defensivos e reinvindicações insuportáveis “Dolto, (1980,P.15).
Para Winnicott, o estabelecimento de uma relação auxiliará o
professor a localizar e compreender melhor o aluno e suas perturbações.
A escola precisa ser um lugar de vida. O psicopedagogo, e o
professor precisam administrar a angústia de não controlar o outro, precisam
respeitar o caminho que o outro trilha.
O professor exerce controle e orientações necessárias para
assegurar o fornecimento de atividades lúdicas ajudando a criança a construir
canais para comunicação, além de habilidades para aprendizagem.
Winnicott,(1982,P.222).
A partir destas atividades torna-se possível uma melhor observação
das expressões desenvolvidas pela criança e, desta forma uma abertura para
uma melhor percepção do aluno.
36
Neste sentido, torna-se necessário que o profissional possa traçar
uma linha de atuação para melhor intervir no processo pedagógico.
Funcionando como mediador precisa manejar as situações adversas.
Conforme nos relata Winnicott,(1982,p224): Para que ocorra uma
aprendizagem adequada irá depender do florescimento das potencialidades
emocionais, sociais, intelectuais e físicas.
Quando uma criança demonstra-se triste significa que o meio social
esta aplaudindo tal comportamento, quando se sente incapaz vai esquivando-
se do processo da aprendizagem.
“Quantas energias sufocadas inutilmente e que poderiam ser deixadas
em liberdade, com um sistema escolar que confirmasse em vez de infirmar o
livre acesso as iniciativas e curiosidades inteligentes dos futuros cidadãos.”
(Dolto,1980,p.25).
Diante do exposto, percebemos que o sistema educacional, ainda insiste
em ditar regras, e mesmo diante dos avanços nas leis, apresenta uma rigidez
para atuar sabiamente apesar da diversidade de ferramentas trazidas pelos
alunos.
O professor tem de suportar seus desapontamentos e a criança tem de
suportar os acessos de humor e as dificuldades ou inibições de caráter do
professor. Winnicott, 1982, p.230
Neste contexto gostaríamos de enfatizar a importância da atenção
dispendida a criança seja no ambiente familiar ou social, demonstrando que
tanto a família como a escola tem papéis semelhantes, porém diferenciados e,
fundamentais no desenvolvimento emocional, afetivo e social do aluno.
37
CONCLUSÃO:
Ao longo do trabalho, através das pesquisas de diversos autores que
discorrem sobre aprendizagem, percebemos o quanto a educação, escola, e
família estão atreladas em todos os sentidos. O amor, a atenção, o estímulo, a
paciência, o reforço, ou seja, o contato físico direto ou indireto contribui para o
desenvolvimento integral do ser humano .A criança ao nascer inicia uma linha
evolutiva e progressiva, e para existir necessita de uma grande dose de amor.
“Não basta vacinas contra doenças do corpo, cumpre pensar em vacinar a
criança contra o desespero e a angústia solitária, em vez de deixá-la afundar-se nas
areias movediças, entregue aos seus instintos. Manoni e Dolto,(1980, P.28).
Percebemos que a educação vem avançando significativamente.
Diante das novas regras e métodos estabelecidos pelos governantes, a escola
precisou rever o seu papel, os professores buscam atualizar-se e repensarem a
sua prática e atuação.
O bom desempenho escolar é almejado, a escola ficou mais
acessível, porém a qualidade na educação e a evasão escolar ainda são uma
constante. Os problemas de aprendizagem também se apresentam em grande
proporção e requer uma análise minuciosa.
O Transtorno Déficit de Atenção também é uma realidade, apesar
das pesquisas continuarem avançando para a descoberta da verdadeira causa.
38
Constatamos que devemos estar em estado de alerta, o olhar
necessita estar direcionado para as deficiências não apenas dos alunos, mas
de todos envolvidos no processo.
A dificuldade de aprendizagem aponta para uma lacuna entre a
família e a escola, cabe ao psicopedagogo intervir de forma competente,
buscando novas maneiras de atuar e encaminhar. A psicoterapia pessoal pode
contribuir para que a criança possa completar o seu desenvolvimento
emocional.
Embora a psicopedagogia institucional venha emergindo nas
instituições de ensino, faz-se necessário o olhar integral e diferenciado.
Profissionais clinicamente capacitados são capazes de distinguir à atenção de
modo contextualizado.
Enfatiza a necessidade de mais pesquisas sobre o tema ressaltando
a importância no olhar para realização de um trabalho mais abrangente. O
meio onde a criança esta inserida é determinante. A interação professor aluno
demonstra avanços em relação á atenção pedagógica.
Concluímos que ao perceber o aluno como biopsicossocial, já
aponta para uma visão integral do ser humano, e desta forma o caminho a ser
percorrido.
39
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42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO......................................................................................1
RESUMO......................................................................................................3
INTRODUÇÃO..............................................................................................4.
CAPÍTULO I – Atenção e Déficit de Atenção................................................8
1.1- Atenção ................................................................................................8
1.2- Déficit de Atenção................................................................................11
CAPÍTULO II Perspectivas Histórica sobre a Educação............................18
2.1-Educação : Desafios e Metas................................................................20
2.2-Fracasso Escolar ..................................................................................22
2.3- Inclusão Escolar..................................................................................24
2.4- Psicopedagogia e Aprendizagem........................................................27
CAPÍTULO III – Psicopedagogia e Psicanálise: Abordagem Integradora em
Winnicott.......................................................................................................33
CONCLUSÃO............................................................................................. 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................39
ÍNDICE.........................................................................................................42