dor no ombro e sua relaÇÃo com a coluna cervicalbdtd.uftm.edu.br/bitstream/tede/844/5/dissert...
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MILENE ELOISE CALLEGARI FERREIRA
DOR NO OMBRO E SUA RELAÇÃO COM A COLUNA CERVICAL
UBERABA
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Milene Eloise Callegari Ferreira
DOR NO OMBRO E SUA RELAÇÃO COM A COLUNA CERVICAL
UBERABA
2019
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Educação Física, área
de concentração "Educação Física,
Esporte e Saúde" (Linha de Pesquisa:
Comportamento Motor e Análise do
Movimento Humano), da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro, como
requisito parcial para obtenção do título
de mestre.
Orientadora: Drª Luciane Fernanda
Rodrigues Martinho Fernandes
Milene Eloise Callegari Ferreira
DOR NO OMBRO E SUA RELAÇÃO COM A COLUNA CERVICAL
Aprovada em 18 de Fevereiro de 2019
Banca Examinadora:
_______________________________________
Drª Luciane Fernanda Rodrigues Martinho Fernandes - orientadora
Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM
_______________________________________
Drª Andrea Licre Pessina Gasparini
Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM
_______________________________________
Drª Marisa de Cássia Registro Fonseca
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP- FMRP
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Educação Física, área
De concentração "Educação Física,
Esporte e Saúde" (Linha de Pesquisa:
Comportamento Motor e Análise do
Movimento Humano), da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro, como
requisito parcial para obtenção do título
de mestre.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por sempre guiar meu caminho, me dar forças e
persistência para chegar até aqui.
Aos meus pais, João Luiz e Lucilene, que me apoiaram em todos os momentos e os
quais são minha fonte de inspiração para alcançar meus objetivos. E meu irmão, Eduardo, que
mesmo a quilômetros de distância se faz presente. Essa conquista é nossa.
Ao meu namorado Roberto Nakao, que foi participativo, teve paciência, me incentivou
todos os dias e me fez acreditar que daria certo. Mais uma etapa vencida juntos.
Minha eterna gratidão a minha orientadora Luciane Fernandes, que foi mais do que
professora durante esses dois anos. Obrigada por todos os ensinamentos profissionais e
pessoais compartilhados, pelo apoio, confiança e amizade.
Agradeço a todos os professores que contribuíram de alguma forma para esta jornada,
em especial, a professora Andrea Gasparini, que me despertou sobre o mestrado quando eu
ainda estava na graduação e que é meu exemplo de conhecimento sobre a coluna vertebral.
As reuniões e alunos do Labcom (Laboratório de Biomecânica e Controle Motor) e do
AmbMão (Ambulatório de Membro Superior) que sempre agregaram e dividiram
conhecimento. A todas as amigas que ganhei nesta fase tão importante, seja do mestrado, do
laboratório ou em casa, foram muitos momentos de desabafo e de apoio que compartilhamos,
meu muito obrigado a todas em especial à vocês, Fernanda, Manoela e Geovana.
Sem deixar de agradecer a todos os voluntários que participaram das coletas, foram
fundamentais para a conclusão do trabalho. Enfim, a todos que colaboraram de forma direta
ou indireta para o desenvolvimento desta pesquisa.
“A persistência é o menor caminho do êxito”.
Charles Chaplin
RESUMO
O primeiro artigo teve como objetivos verificar se o exercício de direção preferencial
da coluna cervical promove mudança imediata na atividade e na sequência de ativação dos
músculos do ombro e cintura escapular em pacientes com dor no ombro e verificar se existe
diferença no padrão de atividade muscular e na sequência de ativação destes músculos entre
pacientes com queixa de dor com e sem diagnóstico de exames complementares de disfunção
no ombro. Foram selecionados 14 indivíduos, que foram separados em dois grupos: grupo
com dor e com diagnóstico complementar de disfunção do ombro e grupo com dor e sem
diagnóstico complementar de disfunção do ombro, os grupos realizaram avaliação inicial, foi
identificado o exercício de direção preferencial, após descanso realizaram uma série de 10
repetições do exercício e, em seguida, nova reavaliação eletromiográfica. O segundo artigo
teve como objetivos verificar se o exercício de direção preferencial na coluna cervical
promove redução da atividade muscular e atraso na ativação do músculo trapézio superior
após uma semana e um mês de intervenção em indivíduos com dor no ombro, verificar o
tamanho do efeito na atividade dos músculos após o exercício de direção preferencial na
coluna cervical e se o mesmo diminui a intensidade da dor, incapacidade funcional, medo ao
movimento e sensibilização central através de questionários de avaliação. Foram selecionados
9 indivíduos com queixa de dor no ombro a mais de uma semana que realizaram os exercícios
cervicais diariamente, 4 séries de 10 repetições distribuídas ao longo do dia e foram
reavaliados após uma semana e após um mês. Em ambos os artigos foi utilizada a
eletromiografia para avaliação dos músculos deltoide anterior, deltoide médio, trapézio
superior e trapézio médio, foram realizadas coletas no movimento ativo e isometria na
abdução do ombro até 80° no plano escapular e também a contração isométrica voluntária
máxima (CIVM) de cada músculo para normalizar a atividade. Para o primeiro artigo
concluímos que não houve mudança imediata na atividade dos músculos deltoide fibras
anteriores e médias e trapézio fibras superiores e médias e na sequência de ativação muscular
dos pacientes com dor no ombro deste estudo. E não foi encontrada diferença na atividade
muscular e na sequência de ativação destes músculos entre os grupos com e sem diagnóstico
por exames complementares de disfunção no ombro. Para o segundo artigo concluímos que o
exercício de direção preferencial para coluna cervical promoveu redução significativa da
atividade muscular do músculo trapézio superior, mas não interferiu no tempo da sua ativação
após um mês de intervenção em uma amostra de indivíduos com dor crônica no ombro. E o
exercício de direção preferencial para coluna cervical promoveu tamanho do efeito muito
grande para o músculo trapézio superior e efeito médio para o músculo deltoide anterior,
ambos entre uma semana e um mês de exercícios, e também, diminuiu a intensidade da dor,
da incapacidade do ombro e da sensibilização central em indivíduos com dor no ombro.
Palavras-chave: Dor de ombro, Coluna vertebral, Terapia por exercício.
ABSTRACT
The first article had as objectives to verify if the cervical spine preferential direction exercise
promotes immediate change in the activity and sequence of activation of the shoulder and
shoulder girdle muscles in patients with shoulder pain and to verify if there is difference in the
pattern of muscular activity and in the sequence of activation of these muscles between
patients with pain complaints with and without the complementary exams diagnosis of
shoulder dysfunction. We selected 14 individuals, who were separated into two groups: a
group with pain and a complementary diagnosis of shoulder dysfunction and a group with
pain and without a complementary diagnosis of shoulder dysfunction, the groups underwent
initial evaluation, the exercise of preferential direction was identified, after rest they
performed a series of 10 repetitions of the exercise, and then a new electromyographic
reassessment. The second article had as objectives to verify if the exercise of preferential
direction in the cervical spine promotes reduction of muscular activity and delay in the
activation of the upper trapezius muscle after a week and a month of intervention in
individuals with shoulder pain, to verify the size of the effect in the activity of the muscles
after the exercise of preferential direction in the cervical spine and if it decreases the intensity
of pain, functional incapacity, fear of movement and central sensitization through evaluation
questionnaires. We selected 9 individuals with shoulder pain complaints over one week who
performed cervical exercises daily, 4 sets of 10 repetitions distributed throughout the day and
were reevaluated after one week and one month. In both articles, electromyography was used
to evaluate the anterior deltoid, medial deltoid, upper trapezius and middle trapezius muscles.
Samples were collected in the active movement and isometry in the abduction of the shoulder
up to 80 ° in the scapular plane and also the maximum voluntary isometric contraction
(MVIC) of each muscle to normalize the activity. For the first article we conclude that there
was no immediate change in the activity of the anterior and middle fibers of the deltoid
muscle and upper and middle fibers os the trapezius muscle and in the muscle activation
sequence of patients with shoulder pain in this study. And no difference was found in muscle
activity and in the activation sequence of these muscles between the groups with and without
diagnosis by complementary tests of shoulder dysfunction. For the second article, we
conclude that the preferential cervical spine exercise promoted a significant reduction of
upper trapezius muscle activity, but did not interfere with its activation after one month of
intervention in a sample of individuals with chronic shoulder pain. And the preferential
direction exercise for the cervical spine promoted a very large effect size for the upper
trapezius muscle and am average effect for the anterior deltoid muscle, both between one
week and one month of exercise, and also decreased pain intensity, disability and central
sensitization in individuals with shoulder pain.
Keywords: Shoulder pain, Spine, Exercise Therapy
LISTA DE FIGURAS
Artigo 1
Figura:
1. Abdução do ombro até 80° no plano escapular.....................................................................23
Artigo 2
Figura:
1. Abdução do ombro até 80° no plano escapular.....................................................................37
LISTA DE TABELAS
Artigo 1
Tabela:
1. Caracterização da amostra composta por voluntários com dor no ombro dos grupos com
diagnóstico (GD) e sem diagnóstico (GS) complementar com exames de imagem...............21
2. Média e Desvio padrão do RMS normalizado antes e após os exercícios de direção
preferencial cervical..................................................................................................................24
3. Sequência de ativação da abdução do ombro no plano escapular, Pré e Pós exercício de
direção preferencial cervical.....................................................................................................25
Artigo 2
Tabela:
1. Caracterização da amostra..................................................................................................36
2. RMS normalizado dos músculos avaliados nos três momentos de avaliação em indivíduos
com dor no ombro...................................................................................................................38
3. Tamanho do efeito da intervenção entre os momentos de avaliação..................................39
4. Sequência de ativação inicial, após uma semana e após um mês.......................................39
5. Escala de dor e questionários de avaliação em indivíduos com dor no ombro..................40
LISTA DE SIGLAS
µV – Microvolt
CIVM - Contração Isométrica Voluntária Máxima
CSI- Inventário de Sensibilização Central
DA – Deltoide Anterior
dB – Decibel
DM – Deltoide Médio
DP – Desvio Padrão
EVA - Escala Visual Analógica da Dor
FP – Força de Preensão
GC - Grupo com dor no ombro
GD - Grupos com diagnóstico e exame complementar de disfunção no ombro
GS - Grupos sem diagnóstico e exame complementar de disfunção no ombro
Hz – Hertz
kgf - kilograma/força
MΩ - Megaohm
NDI - Índice de Incapacidade do Pescoço
RMS - Root Mean Square
SENIAM - Surface Electromyography for the Non-invasive Assessment of Muscles
SPADI - Índice de Dor e Incapacidade no Ombro
TCLE - Termo de Consentimento Livre Esclarecido
TM – Trapézio Médio
TS – Trapézio Superior
UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro
ULTT 1 - teste de tensão neural do Nervo mediano
ULTT2b - teste de tensão neural do Nervo radial
ULTT3 - teste de tensão neural do Nervo ulnar
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15
2. ARTIGOS PRODUZIDOS ............................................................................................. 17
2.1. ARTIGO 1 ................................................................................................................. 17
2.2. ARTIGO 2 ................................................................................................................. 31
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 45
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 45
APÊNDICES ........................................................................................................................... 47
ANEXOS ................................................................................................................................. 53
15
1. INTRODUÇÃO
A dor no ombro afeta entre 7% e 26% das pessoas em algum momento da fase
adulta (LUIME et al., 2004) e é a terceira causa de dor mais prevalente no sistema
musculoesquelético (URWIN et al., 1998). A síndrome da dor subacromial é a causa
mais comum de dor no ombro, resultando de múltiplos fatores como alterações
posturais, cinemáticas e musculares que podem alterar a dimensão do espaço
subacromial e as relações com as estruturas dentro do espaço subacromial. Essas
estruturas que ocupam o espaço subacromial são o tendão supraespinhal, a bolsa
subacromial, a cabeça longa do tendão do bíceps e a cápsula articular do ombro
(MICHENER; MCCLURE; KARDUNA, 2003).
A estabilidade articular funcional, mediada pelo sistema sensório-motor, resulta
da coordenação de restrições mecânicas que é fornecida por estruturas
capsuloligamentares, articulares e musculotendíneas e de restrições dinâmicas, dada
pela contração da musculatura que envolve a articulação, ou seja, uma disfunção na
articulação acarreta déficits tanto na propriocepção quanto no controle neuromuscular
(MYERS; WASSINGER; LEPHART, 2006). Embora a perda funcional dos músculos
escapulares possa ter várias causas, os sujeitos adotam padrões compensatórios de
movimento, como por exemplo, durante a abdução do membro superior a atividade
aumentada do músculo trapézio superior que provavelmente resulta em maior elevação
da escápula durante o movimento (LIN et al., 2011).
A queixa de dor na região do pescoço-ombro pode estar associada a posturas e
movimentos repetitivos (MAYER; KRAUS; OCHSMANN, 2012) e a tensão das
estruturas musculoesqueléticas na ocupação diária (HALLMAN et al., 2018). Essa dor é
um fator modificável que estabelece relação causa-efeito entre exposições físicas e o
desenvolvimento de distúrbios musculoesqueléticos nessa região (HALLMAN et al.,
2018). Para o indivíduo, as consequências da dor pescoço-ombro podem variar de
pequenos episódios de curta duração com atividade limitada, episódios recorrentes com
capacidade de trabalho e desempenho reduzidos, até episódios graves e incapacitantes
ou incapacidade crônica. Portanto, para a sociedade, as consequências econômicas
variam da licença médica de curto a longo prazo, até a aposentadoria antecipada e/ou
aposentadoria por invalidez (LARSSON; SØGAARD; ROSENDAL, 2007).
16
A disfunção da coluna cervical também é conhecida como uma das causas da
dor no ombro (MITCHELL et al., 2005). A dor ocorre quando os elementos estruturais
da coluna vertebral comprimem a anatomia nervosa (BOKSHAN et al., 2016) e/ou
diminuem o tamanho do forame neural, como em movimentos de extensão e rotação do
pescoço para o lado acometido que exacerbam os sintomas da radiculopatia (COREY;
COMEAU, 2014).
O movimento de direção preferencial é considerado uma das opções de
tratamento para síndrome do desarranjo (MAY; AINA, 2012), com muitos estudos com
aplicação para coluna vertebral. Esse movimento na direção preferencial é realizado
repetidas vezes ou é mantido em posições sustentadas (HEFFORD, 2008). Os
movimentos repetidos diminuem e/ou recuam os sintomas em uma direção proximal
(LONG; DONELSON; FUNG, 2004) e o movimento repetido oposto irradia os
sintomas para a região periférica (HEFFORD, 2008).
A centralização ou abolição dos sintomas é a resposta encontrada a estratégias
específicas de exercícios de direção preferencial. A centralização ocorre frequentemente
com exercícios ou posturas de extensão, essa resposta do sintoma é comumente
encontrada em populações agudas e crônicas de dor na coluna vertebral e a falta de
centralização pode ser um importante preditor de resultados negativos (AINA; MAY;
CLARE, 2004). O tratamento com exercícios de direção preferencial apresenta
diminuição mais rápida da dor quando comparados a outros tratamentos (KJELLMAN;
ÖBERG, 2002).
A rápida melhora sintomática do indivíduo, após movimentos repetidos na
direção preferencial identificada, determina a classificação de diagnóstico mecânico,
que por sua vez guia o tratamento que deve ser mantido em casa (BOWSER;
SWANSON, 2016).
A seleção de um regime de tratamento eficaz muitas vezes se mostra difícil,
devido à natureza multifatorial da síndrome da dor subacromial (MICHENER;
MCCLURE; KARDUNA, 2003), porém há evidências crescentes de que a intervenção
cirúrgica não oferece resultados superiores ao tratamento fisioterapêutico
(KLINTBERG et al., 2015; LÄHDEOJA et al., 2019).
17
Baseado nessas considerações, este estudo propõe investigar o comportamento
muscular e o efeito dos exercícios de direção preferencial para coluna cervical nos
músculos do ombro e cintura escapular em indivíduos com dor no ombro.
2. ARTIGOS PRODUZIDOS
2.1.ARTIGO 1
Exercício de direção preferencial para a coluna cervical não promove mudanças
imediatas na resposta muscular de indivíduos com queixa dor no ombro: Estudo
preliminar.
Preferential direction exercise for cervical spine does not promote immediate changes
in muscle response of individuals with shoulder pain complaint: Preliminary study.
Milene Eloise Callegari Ferreira¹; Luciane Fernanda Rodrigues Martinho Fernandes²
1 Fisioterapeuta pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
2 Docente do Departamento de Fisioterapia Aplicada da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro (UFTM)
Resumo: A dor no ombro pode ter diversas causas, dentre elas, disfunções das
estruturas que envolvem a articulação e também disfunção da coluna cervical. Os
exercícios repetidos de direção preferencial, identificados pela resposta sintomática dos
pacientes, podem ser utilizados como forma de tratamento para a dor no ombro. Os
objetivos deste estudo são: verificar se o exercício ativo de direção preferencial da
coluna cervical promove uma resposta imediata na atividade e na sequência de ativação
dos músculos do ombro e cintura escapular em pacientes com dor no ombro e verificar
se existe diferença no padrão de atividade muscular e na sequência de ativação dos
músculos do ombro e escapulares entre pacientes com queixa de dor no ombro com e
sem diagnóstico de exames complementares de disfunção do ombro. Como resultados
não foram encontradas mudanças imediatas na atividade dos músculos e na sequência
de ativação após os exercícios de direção preferencial e os grupos não se diferenciaram.
18
Nossos achados sugerem que exercícios ativos de direção preferencial para coluna
cervical não causam resposta imediata na ativação e na sequência de ativação dos
músculos do ombro e cintura escapular em indivíduos com dor no ombro e grupos com
e sem diagnóstico complementar por imagem não se diferenciaram neste estudo.
Palavras-chave: Dor de ombro, Coluna vertebral, Terapia por exercício, Eletromiografia
Abstract: Shoulder pain can have several causes, including dysfunctions of the
structures that involve the joint and also dysfunction of the cervical spine. Repeated
preferential direction exercises, identified by the patients' symptomatic response, can be
used as a form of treatment for shoulder pain. The objectives of this study are: to verify
if the active exercise of preferential direction of the cervical spine promotes an
immediate response in the activity and sequence of activation of the shoulder and
shoulder girdle muscles in patients with shoulder pain and to verify if there is difference
in the pattern of activity muscle and following activation of the shoulder and scapular
muscles among patients complaining of shoulder pain with and without diagnosis of
complementary exams of shoulder dysfunction. As results there were no immediate
changes in muscle activity and activation sequence after the preferential direction
exercises and the groups did not differentiate. Our findings suggest that active
preferential cervical spine exercises do not cause an immediate response to activation
and activation of the shoulder and shoulder girdle muscles in individuals with shoulder
pain, and groups with and without complementary imaging were not differentiated in
this study.
Keywords: Shoulder pain, Spine, Exercise Therapy, Electromyography
Introdução
A síndrome da dor subacromial, também conhecida como dor no ombro é
definida como todos os problemas de ombro não traumáticos, geralmente unilaterais,
que causam dor e são localizados em torno do acrômio, podendo ser agravada durante
ou após elevação do membro superior (DIERCKS et al., 2014). A dor no ombro pode
ter diversas causas, dentre elas as mais comuns são distúrbios do manguito rotador,
19
distúrbios glenoumerais, doença da articulação acromioclavicular e disfunção da coluna
cervical (MITCHELL et al., 2005).
Uma das doenças da coluna cervical que pode levar a dor no membro superior é
a radiculopatia cervical que geralmente produz dor em torno da porção lateral da cintura
escapular. Classicamente, os pacientes relatam uma combinação de distúrbios de força
e/ou sensoriais que começam no pescoço e que podem irradiar para a extremidade
superior (WOODS; HILIBRAND, 2015).
Segundo McClatchie et al., (2009) exercícios envolvendo a coluna cervical
podem ser mais eficientes na redução da dor e das limitações funcionais do membro
superior quando comparados a outros tratamentos, por isso o avaliador precisa ter
conhecimento sobre a dor e a disfunção que podem resultar de distúrbios da coluna
cervical e do ombro e sempre considerar ambos ao avaliar e tratar um paciente
(BOKSHAN et al., 2016). Indivíduos com queixas na região do ombro podem
apresentar incapacidades nas atividades de vida diária e dor sem achados no exame de
imagem (OLIVEIRA et al., 2014) e, segundo Menon & May (2013) em seu estudo de
caso, indivíduos com queixa de dor no ombro e diagnóstico de imagem de lesão da
articulação do ombro também podem responder a tratamento na coluna cervical .
Uma das técnicas para o tratamento da dor é a utilização de movimentos
repetidos seguindo a preferência direcional do paciente. A preferência direcional é um
termo utilizado como princípio de tratamento da síndrome do desarranjo (perturbação
na posição de repouso normal) (MAY; ROSEDALE, 2012) identificada pela resposta
sintomática do paciente a movimentos repetidos ou posições sustentadas (HEFFORD,
2008). Os movimentos repetidos recuam e/ou eliminam os sintomas em uma direção
proximal (LONG; DONELSON; FUNG, 2004).
O movimento de direção preferencial já foi abordado como tratamento ou
avaliação em muitos estudos em diferentes segmentos do corpo como, por exemplo, na
investigação da dor lombar (MAY; DONELSON, 2008; WERNEKE et al., 2011
GARCIA et al., 2015; GARCIA et al., 2017, na dor cervical (KJELLMAN; ÖBERG,
2002) e na dor na articulação do ombro (AINA; MAY, 2005; AYTONA, DUDLEY,
2013; BOWSER SWANSON, 2016). Foi encontrado também exercício de direção
preferencial na coluna cervical associado a resposta do reflexo H do músculo flexor
radial do carpo, avaliado por estimulação elétrica do nervo mediano na fossa cubital
20
para identificar a influência de radiculopatia (ABDULWAHAB; SABBAHI, 2000), no
entanto, pouco se sabe sobre a atividade muscular após estes exercícios. Para as
orientações dos exercícios a serem realizados em domicílio pelo paciente apresentam
variações conforme o estudo, foi recomendado 10 a 15 repetições de três a cinco vezes
ao dia (GARCIA et al., 2017), 10 a 15 repetições a cada duas horas (AINA; MAY,
2005), 10 repetições a cada três horas (AYTONA, DUDLEY, 2013), 2 séries de 20
repetições quatro vezes ao dia (BOWSER SWANSON, 2016).
Sabendo que os sintomas de radiculopatia cervical dos níveis C3 e C4 tendem a
ser dor no pescoço e dor no músculo trapézio e ao nível C5 a dor ocorre no ombro e
músculo deltoide podendo ainda irradiar (CARIDI; PUMBERGER; HUGHES, 2011) e
a descompressão da raiz nervosa pode ser resposta imediata a exercícios repetidos
cervicais (ABDULWAHAB & SABBAHI, 2000), temos a justificativa do nosso estudo
para investigar os exercícios de direção preferencial na musculatura do ombro em
indivíduos com dor durante a abdução do ombro no plano escapular.
Com base nos conceitos acima, as hipóteses do nosso estudo são: 1) o exercício
de direção preferencial na coluna cervical diminui a atividade e estabelece padrão na
sequência de ativação dos músculos do ombro e cintura escapular durante o movimento
de abdução de 80° do ombro no plano escapular; 2) pacientes com diagnóstico de
disfunção no ombro, confirmado por exames complementares, apresentarão diferenças
na resposta muscular e na sequência de ativação em comparação aos pacientes com
apenas diagnóstico clínico. Sendo assim, os objetivos do nosso estudo são: 1) Verificar
se o exercício de direção preferencial da coluna cervical promove uma mudança
imediata na atividade dos músculos deltoide fibras anteriores e médias e trapézio fibras
superiores e médias e na sequência de ativação muscular dos pacientes com dor no
ombro e; 2) Verificar se existe diferença no padrão de atividade muscular e na
sequência de ativação dos músculos do ombro e escapulares entre pacientes com queixa
de dor com e sem diagnóstico de exames complementares de disfunção no ombro.
Métodos
Um membro da equipe devidamente treinado realizou a avaliação dos
participantes, as coletas eletromiográficas e a aplicação dos exercícios de direção
preferencial para coluna cervical.
21
Amostra
Quatorze (14) participantes com dor no ombro foram recrutados do serviço
público de saúde local e através de divulgação online e incluídos com base nos
seguintes critérios: dor no ombro com duração de mais de 1 semana, pelo menos dois
sinais positivos de impacto (Testes de Hawkins- Kennedy, Neer ou Jobe e dor na
rotação externa resistida) (MICHENER et al., 2009), testes específicos para coluna
cervical positivos (Spurling e Distração) (SPURLING and SCOVILLE, 1944)
(VIIKARI-JUNTURA; PORRAS; LAASONEN, 1989) e que aceitaram participar do
estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Foram
excluídos voluntários que se recusaram a realizar a avaliação física por queixa de dor e
apresentaram desconforto durante a realização dos exercícios como tontura e náusea. O
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética local com parecer n° 2.715.171.
Foram coletados dados pessoais, mensuração da dor através da Escala Visual
Analógica da Dor (EVA) (JENSEN; KAROLY; BRAVER, 1986), medida de força de
preensão palmar e aplicação dos questionários Índice de Dor e Incapacidade no Ombro
(SPADI) (MARTINS et al., 2010), Índice de Incapacidade do Pescoço (NDI) (COOK
et al., 2006) para quem relatou dor cervical, Escala Tampa de Cinesiofobia
(SIQUEIRA; TEIXEIRA-SALMELA; MAGALHÃES, 2007) e Inventário de
Sensibilização Central (CSI) (NEBLETT et al., 2013).
Os participantes foram selecionados e divididos em dois grupos, GD para
aqueles que apresentaram dor e diagnóstico de disfunção no ombro por exame
complementar e GS com dor e sem exame complementar. Os exames complementares
apresentados para confirmação de disfunções das estruturas que envolvem a
articulação do ombro foram ultrassom e ressonância magnética. A caracterização dos
grupos se encontra na Tabela 1.
Tabela1. Caracterização da amostra composta por voluntários com dor no
ombro dos grupos com diagnóstico (GD) e sem diagnóstico (GS) complementar com
exames de imagem.
Características GD (n=8) GS (n=6)
Sexo Feminino 100% 83,33%
Idade (anos) 46± 9,99 43,33±15,19
22
Lado Dominante Direito 87,5% 100%
Dor Bilateral 62,5% 50%
Lado Avaliado D/E 75/25% 66,6/33,3%
Tempo de dor >6m 100% 83,33%
EVA 5,50±2,67 4,83±1,94
FP no membro com Pior Dor (kgf) 16,91±5,43 23,18±13,22
FP no membro Contralateral (kgf) 17,13±4,19 24,95±11,79
SPADI (%) 63,36 ± 20,88 56,41±18,59
NDI (%) 38,75±21,74 24,67±20,66
TAMPA 63,36±20,88 56,41±18,59
CSI 55,25±12,30 44,50±12,10 D: lado direito; E: lado esquerdo; m: meses; EVA: Escala Visual Analógica da Dor; FP: Força de Preensão; SPADI: Escala de
Incapacidade de Dor no Ombro; NDI: Escala de Incapacidade de Dor no Pescoço; TAMPA: Escala Tampa de Cinesiofobia;
CSI: Escala de Sensibilização Central; Kgf: kilograma/força; %:porcentagem.
Avaliação eletromiográfica
A avaliação eletromiográfica dos músculos foi registrada pelo eletromiógrafo
Delsys Trigno TM sem fio, usando filtro passa banda 42 de 20 a 500 Hz, modo comum
de rejeição superior a -120 dB, impedância de entrada superior a 10 MΩ, e os ganhos de
x x100 no condicionador de sinal e x x20 no pré amplificador eletrodo bipolar (ganho
total de 2000). O software Matlab® foi utilizado para cálculo das variáveis do estudo.
Os sensores foram colocados nos músculos deltoide fibras anteriores (DA) e
médias (DM), trapézio fibras descendentes (superior) (TS) e fibras médias (TM),
fixados a pele usando fita adesiva. Cada sensor sem fio emprega quatro eletrodos de
barras de prata em dois pares com uma distância de par intereletrodo de 10 mm. Foram
utilizadas as recomendações do protocolo SENIAM (Surface Electromyography for the
Non-invasive Assessment of Muscles) para colocação e limpeza com álcool 70%
isopropil (HERMENS et al., 2000).
Os voluntários permaneceram em posição ortostática e foram orientados a
realizar o movimento de abdução de 80° do ombro no plano escapular (Figura 1). Para
variável tempo de início da contração muscular (OnSet) foi realizada abdução ativa e
para variável atividade muscular a abdução foi mantida em isometria por cinco
segundos. Para estabelecer o Onset Relativo, o músculo deltoide médio foi considerado
o iniciante do movimento (WICKHAM et al., 2010). Os valores da amplitude do sinal
representados em raiz quadrada da média (RMS – Root Mean Square) foram
normalizados pela razão entre o valor do RMS e o valor máximo obtido durante a
23
contração isométrica voluntária máxima (CIVM) de cada músculo. O sinal
eletromiográfico foi coletado em 2000 Hz e, posteriormente filtrado.
Figura 1. Abdução do ombro até 80° no plano escapular.
Fonte: Arquivo pessoal.
Exercício de Direção Preferencial
Após a primeira coleta os voluntários, sentados, foram orientados para realizar
exercícios específicos para coluna cervical, os exercícios testados foram: Retração da
Cabeça (retificação da coluna cervical), Retração da Cabeça com movimento de
Extensão da cervical (retificação da coluna cervical associado ao movimento de
inclinação posterior da cabeça) e Protração da Cabeça (anteriorização do queixo em
relação ao corpo) e avaliada a resposta de cada indivíduo (diminuição da incapacidade
e/ou dor, e/ou conforto em realizar o exercício) em relação a direção preferencial do
movimento (HEFFORD, 2008). Após descanso, foi realizada uma única série do
exercício preferencial, repetido 10 vezes e, logo em seguida, feita nova coleta
eletromiográfica para análise do efeito imediato.
Análise Estatística
As variáveis quantitativas foram submetidas a análise descritiva (média e
desvio padrão) e inferencial com nível de significância de 5% e o teste de Shapiro-
Wilk foi utilizado para verificar a normalidade. Para testar a hipótese 1 foi realizada a
análise intragrupo, os dados de RMS normalizado comparados no pré e pós
intervenção para cada grupo (GD e GS). Os dados apresentaram distribuição normal e
o teste utilizado foi o T de Student pareado. Para a sequência de ativação foi
calculado o onset relativo e, posteriormente, analisado qualitativamente. Para testar a
hipótese 2, foi realizada a análise intergrupo e a variável avaliada foi a diferença entre
24
as médias do RMS normalizado pré e pós exercício de cada grupo. Os dados também
apresentaram distribuição normal e o teste utilizado foi o T de Student para amostras
independentes.
Resultados
Os grupos não se diferenciaram na avaliação clínica em relação aos testes
específicos, não sendo possível diferenciar se a causa da dor no ombro era proveniente
de disfunção na coluna cervical ou do ombro. Pacientes com diagnóstico de disfunção
no ombro, por meio de exames complementares, também apresentaram testes cervicais
positivos, ou seja, clínica de envolvimento da coluna cervical associada a dor no
ombro esteve presente na maioria dos pacientes avaliados.
Avaliação da atividade muscular
Na avaliação da média do RMS normalizado de cada músculo durante o
movimento de abdução do ombro, podemos observar respostas diferentes entre os
grupos (GD e GS). Os músculos deltóide anterior, deltoide médio e trapézio superior
tiveram maior ativação no grupo com diagnóstico complementar. Após a realização dos
exercícios estes músculos aumentaram a atividade, em ambos os grupos. O músculo
trapézio médio foi o único com maior ativação no grupo sem diagnóstico complementar
e que a atividade diminuiu após o exercício nos dois grupos. Analisando as médias do
RMS normalizado, não foram observadas variações estatisticamente significativas dos
valores após os exercícios (Tabela 2).
Tabela 2. Média e Desvio padrão do RMS normalizado antes e após os
exercícios de direção preferencial cervical
Músculo Grupo RMSn Pré
[%]
RMSn Pós
[%]
Delta (∆)
[%]
p
(intragrupo)
p
(intergrupo)
DA GD (n=8) 59,80±17,77 61,71±19,81 1,90±7,64 0,504
0,574 GS (n=6) 49,14±37,78 49,31±39,28 0,17±3,10 0,899
DM GD (n=8) 49,08±26,24 54,08±31,59 5,0±10,86 0,234
0,957 GS (n=6) 33,18±15,82 37,90±18,67 4,71±6,71 0,146
TS GD (n=8) 34,93±17,75 37,58±17,15 2,65±7,69 0,362
0,990 GS (n=6) 32,35±18,39 34,96±23,37 2,60±5,89 0,328
TM GD (n=8) 24,0±21,88 21,83±19,10 -2,17±3,99 0,168
0,802 GS (n=6) 27,52±15,36 24,75±14,31 -2,77±4,88 0,222
25
GD: grupo com diagnóstico por exames de imagem; GS: grupo sem diagnóstico por exames de imagem; RMSn: root mean square
normalizado; DA: deltoide anterior; DM: deltoide médio; TS: trapézio superior; TM: trapézio médio, %: porcentagem; ∆: diferença entre o
RMS normalizado pós e pré exercícios.
Avaliação da sequência de ativação
Em relação a sequência de ativação avaliada por meio do onset relativo, apesar
de se observar alteração na sequência de ativação antes e após os exercícios, não foi
encontrado um padrão de resposta nos grupos avaliados (Tabela 3).
Tabela 3. Sequência de ativação dos músculos durante a abdução do ombro no
plano escapular no pré e pós exercício de direção preferencial cervical.
Grupo Sequência Pré Sequência Pós
GD
TM-DA-DM-TS TS-TM-DA-DM
TM-TS-DA-DM TS-TM-DA-DM
DA-DM-TM-TS TM-TS-DA-DM
DA-TS-TM-DM TS-DA-DM-TM
DA-TM-TS-DM TM-DA-DM-TS
DA-DM-TS-TM DM-TM-TS-DA
TM-TS-DA-DM TS-DA-DM-TM
TS-DA-DM-TM DA-TS-DM-TM
GS
DM-TM-TS-DA TM-DM-TS-DA
TM-DA-DM-TS TM-TS-DA-DM
DA-TM-DM-TS DA-TM-TS-DM
TS-TM-DA-DM TM-DA-TS-DM
TS-DA-DM-TM DA-DM-TS-TM
DM-TM-DA-TS DA-TS-TM-DM GD: grupo com diagnóstico por exames clínicos; GS: grupo sem diagnóstico por
exames clínicos; DA: deltoide anterior; DM: deltoide médio; TS: trapézio superior;
TM: trapézio médio.
Discussão
Este estudo avalia a resposta muscular do complexo do ombro antes e após
exercícios de direção preferencial da coluna cervical em indivíduos com dor no
ombro. Os pacientes foram separados para que fosse possível identificar se havia
diferença entre o grupo com diagnóstico por exame complementar de disfunções no
ombro e o grupo sem diagnóstico por exame complementar. Não foi encontrada
diferença significativa na resposta muscular e padrão na sequência de ativação após os
exercícios e entre os grupos. Os pacientes submetidos à intervenção não realizaram
outro tipo de tratamento durante o estudo.
Poucos estudos relatam sobre o efeito da direção preferencial na coluna cervical
como nas revisões sistemáticas de Clare (2004) e May e Aina (2012), no primeiro
26
estudo foi relatado que o grupo com exercícios de direção preferencial cervical teve
menos dor e incapacidade no acompanhamento em curto e médio prazo, no entanto, os
tamanhos dos efeitos foram pequenos e não estatisticamente significativos,
considerando os dados encontrados insuficientes para determinar eficácia do método no
tratamento da dor cervical. Já no segundo estudo, mais recente, foram encontrados
apenas 9 estudos com investigação da dor cervical, destes, em 36,9% dos pacientes
ocorreu a centralização dos sintomas e em sua maioria a melhora foi encontrada em
casos agudos, podendo haver alguma relação entre centralização e doença discogênica,
a falta de centralização foi associada a fatores psicossociais.
Nosso estudo é semelhante ao de Holmes et al. (2017), pela predominância de
mulheres, faixa etária tratada e dor crônica. Os autores discutem que a melhora e a
adesão ao tratamento de direção preferencial está relacionada com a resposta imediata
dos exercícios, sendo que aqueles pacientes que não apresentaram mudanças imediatas,
não aderiram fielmente ao tratamento. No nosso estudo uma única sessão não foi
suficiente para apresentar mudanças musculares significativas, o que enfatiza a
necessidade de um tratamento com mais de uma sessão.
A função comprometida da escápula em situações dolorosas do ombro e em
alterações posturais (hipercifose e escoliose) pode resultar em instabilidade escapular e
inibição muscular, essa inibição pode alterar também os disparos dos músculos ao
redor do ombro, bem como podem influenciar no comportamento da escápula e,
consequentemente, dos músculos (BEN KIBLER, 1998), tornando mais difícil
encontrar um padrão de ordem de recrutamento dos músculos escapulares, que ainda
não foi estabelecido (MENDEZ-REBOLLEDO et al., 2016). Nosso estudo observou
que houve mudança na ordem de ativação após os exercícios, mas não avaliou a
função da escápula e postura da coluna como critério de exclusão, o que pode ser uma
limitação até mesmo para a resposta dos músculos após os exercícios de direção
preferencial.
Segundo Reed et al. (2013), não há diferença significativa no tempo de
ativação dos músculos da cintura escapular, concluindo que todos são ativados ao
mesmo tempo durante o movimento de abdução do ombro em indivíduos saudáveis.
Em nosso estudo com pacientes com queixa de dor no ombro, também não
encontramos um padrão na sequência de ativação antes e após os exercícios.
27
O comportamento da musculatura ao redor do ombro é bastante investigado e
estudos buscam compreender os mecanismos de respostas para a dor nessa articulação,
a atividade sustentada do músculo trapézio está relacionada com a dor no pescoço e
ombro, apesar de não haver consenso definido qual dos dois se estabelece primeiro
(HANVOLD et al., 2013). Essa atividade sustentada, porém, não quer dizer maior
ativação do músculo quando comparado aos outros músculos. Nos resultados deste
estudo encontramos que a ativação do músculo trapézio foi inferior a do músculo
deltoide no movimento de abdução do ombro no plano escapular até 80°, talvez
porquê o músculo deltoide seja o principal agonista da abdução do ombro e é capaz de
realizá-la sozinho até sua amplitude completa (KAPANDJI, 2007) ou por atuar como
antagonista do músculo trapézio, uma vez que ocorre co-contração dos antagonistas
relacionada à dor por uma ativação inadequada dos sinergistas (BECH et al., 2017).
Falla (2017) relatou em seu estudo que ocorreu uma redução global na
amplitude da atividade do trapézio superior quando submetido a condição dolorosa,
comparando ao que foi observado nos nossos resultados de que os músculos trapézio
superior e médio tiveram atividade inferior ao músculo deltoide. Podemos sugerir que
as fibras anteriores e médias do músculo deltoide tem maior atividade muscular em
relação as fibras superiores e médias do músculo trapézio em pessoas com dor no
ombro, seja ela com diagnóstico comprovado de disfunções no ombro ou não. Nos
dois grupos observamos maior atividade do músculo deltoide anterior, seguido pelos
músculos deltoide médio, trapézio superior e trapézio médio, respectivamente. Apenas
a atividade do músculo trapézio médio foi menor no grupo com diagnóstico por
imagem quando comparado ao grupo sem diagnóstico por imagens.
Conclusão
Não houve mudança imediata na atividade dos músculos deltoide fibras
anteriores e médias e trapézio fibras superiores e médias e na sequência de ativação
muscular dos pacientes com dor no ombro deste estudo. E não foi encontrada diferença
na atividade muscular e na sequência de ativação destes músculos entre os grupos com e
sem diagnóstico por exames complementares de disfunção no ombro.
Referências
28
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31
2.2. ARTIGO 2
Exercícios de direção preferencial para coluna cervical diminuíram a atividade,
mas não influenciaram no atraso da ativação do músculo trapézio superior em
indivíduos com dor no ombro em um mês de orientações domiciliares: estudo
preliminar.
Preferential cervical spine exercises decreased activity but did not influence delayed
upper trapezius muscle activation in individuals with shoulder pain in one month of
home guidance: a preliminary study..
Milene Eloise Callegari Ferreira¹; Luciane Fernanda Rodrigues Martinho Fernandes²
1 Fisioterapeuta pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
2 Docente do Departamento de Fisioterapia Aplicada da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro (UFTM)
Resumo: A dor associada a mudanças na atividade muscular pode causar
inibição dos músculos e alterações nas respostas motoras. A descompressão da raiz
nervosa, identificada pela resposta sintomática, pode ter resposta imediata a exercícios
repetidos cervicais e promover mudanças no comportamento dos músculos do ombro e
cintura escapular em indivíduos com dor no ombro. Os objetivos do estudo são verificar
se o exercício de direção preferencial na coluna cervical promove redução da atividade
muscular e atraso na ativação do músculo trapézio superior após uma semana e um mês
de intervenção em indivíduos com dor no ombro; e verificar o tamanho do efeito na
atividade dos músculos após o exercício de direção preferencial na coluna cervical e se
o mesmo diminui a intensidade da dor, incapacidade funcional, medo ao movimento e
sensibilização central, avaliados através de questionários específicos. Como resultados,
obtivemos que o exercício promoveu redução significativa da atividade do músculo
trapézio superior entre uma semana e um mês de exercícios diários, porém não
influenciou em seu atraso na ativação. Os resultados apresentaram tamanho do efeito
muito grande para o músculo trapézio superior e médio para o músculo deltoide
anterior, diminuição significativa da dor, da incapacidade do ombro e da sensibilização
central do indivíduo acometido pela dor no ombro. Concluindo que exercícios de
32
direção preferencial para coluna cervical apresentaram respostas positivas na
diminuição da atividade do músculo trapézio superior, na diminuição da dor, da
incapacidade e da sensibilização central em indivíduos com dor no ombro.
Palavras-chave: Dor de ombro, Coluna vertebral, Terapia por exercício, Eletromiografia
Abstract: Pain associated with changes in muscle activity may cause muscle inhibition
and changes in motor responses. Nerve root decompression, identified by symptomatic
response, may respond immediately to repeated cervical exercises and promote changes
in the behavior of shoulder and shoulder muscles in individuals with shoulder pain. The
objectives of the study are to verify if the exercise of preferential direction in the
cervical spine promotes reduction of muscular activity and delay in the activation of the
upper trapezius muscle after one week and one month of intervention in individuals
with shoulder pain; and to verify the size of the effect on the activity of the muscles
after the exercise of preferential direction in the cervical spine and if it reduces the
intensity of pain, functional incapacity, fear of movement and central sensitization,
evaluated through specific questionnaires. As results, we obtained that the exercise
promoted a significant reduction of upper trapezius muscle activity between one week
and one month of daily exercises, but did not influence its delay in activation. The
results showed a very large effect size for upper and middle trapezius muscle for the
anterior deltoid muscle, significant decrease of pain, shoulder disability and central
sensitization of the individual affected by shoulder pain. Conclusions: Preferential
cervical spine exercises presented positive responses in the reduction of upper trapezius
muscle activity, decreased pain, disability and central sensitization in individuals with
shoulder pain.
Keywords: Shoulder pain, Spine, Exercise Therapy, Electromyography
Introdução
A dor associada a mudanças na atividade muscular pode causar inibição dos
músculos e mudanças nas respostas motoras apresentando padrões de movimentos
alterados (HODGES; MOSELEY, 2003). Embora o benefício de uma adaptação
permitir a realização da tarefa, em longo prazo essas estratégias motoras alteradas
33
podem sobrecarregar as fibras musculares e, como consequência adicional, pode haver a
perpetuação ou recorrência da dor (FALLA et al., 2017).
A disfunção do músculo trapézio superior pode ser causada por sua ativação
sustentada (HANVOLD et al., 2013), movimentos repetitivos (FALLA et al., 2017) e
longos períodos de postura inadequada da coluna cervical (BRANDT et al., 2014)
levando a uma atividade aumentada do músculo (LEONARD et al., 2010) acarretando
em dor na região do pescoço e ombro, sendo considerada um fator importante que
relaciona ao trabalho e outros distúrbios musculoesqueléticos do membro superior.
Sequência de ativação
A sequência de ativação dos músculos do ombro e cintura escapular durante uma
determinada tarefa é ainda um assunto questionado pelos pesquisadores. Segundo
Mendez-Rebolledo et al. (2016) os achados apresentam divergências e sugerem que
ainda não há um padrão estabelecido para indivíduos saudáveis.
Para um músculo atuar como um iniciador de um movimento, ele deve ser
ativado antes de outros músculos movimentarem a articulação e antes do movimento,
para gerar tensão suficiente para produzir o movimento ou, no caso da articulação do
ombro, a estabilizar dinamicamente (REED et al., 2013). O músculo supraespinhal,
conhecido como iniciador da abdução do ombro, não se ativa sozinho durante o início
da abdução, Reed (2013) relata que todos os músculos do ombro investigados em seu
estudo, incluindo deltoide médio e trapézio superior, foram ativados antes do início do
movimento do úmero durante a abdução independente do plano e carga.
A ordem de recrutamento dos músculos da escápula durante a abdução do ombro
pode variar de acordo com os planos em que o movimento é realizado e as diferenças
nas latências de início e na ordem de recrutamento da musculatura escapular podem ser
dependentes das características da tarefa motora. Segundo o autor, o trapézio superior é
ativado após o músculo deltoide anterior e antes do músculo trapézio médio em uma
tarefa previsível (MENDEZ-REBOLLEDO et al., 2016).
Em outro estudo com indivíduos saudáveis, na abdução dinâmica do ombro, o
músculo supraespinhal foi o primeiro a ser ativado seguido dos músculos deltoide
médio trapézio médio, auxiliador e estabilizador do movimento, respectivamente, e
posteriormente serrátil anterior, trapézio superior, romboide e deltoide anterior e outros
34
músculos da cintura escapular (WICKHAM et al., 2010). O músculo trapézio médio
fica ativo durante toda a fase de abdução do ombro, contribui para o torque de rotação
para cima e com uma força necessária de retração da escápula, enquanto que o músculo
trapézio superior, está particularmente ativo durante a fase final de abdução do ombro
(NEUMANN, 2010), ou seja, o músculo trapézio superior não deveria ser ativado antes
dos outros músculos que executam e/ou estabilizam o movimento.
Coluna cervical
A radiculopatia cervical é um dos distúrbios da coluna cervical que pode
influenciar nos músculos do membro superior (WOODS; HILIBRAND, 2015) e seus
sintomas em níveis C3 e C4 tendem a ser dor no pescoço e dor no músculo trapézio e a
nível de C5 a dor ocorre no ombro e músculo deltoide podendo ainda irradiar (CARIDI;
PUMBERGER; HUGHES, 2011).
A descompressão da raiz nervosa pode ter resposta imediata a exercícios
repetidos cervicais (ABDULWAHAB & SABBAHI, 2000), uma das técnicas para o
tratamento da radiculopatia, que utiliza movimentos repetidos seguindo a preferência
direcional do paciente que é identificada pela resposta sintomática a movimentos
repetidos ou posições sustentadas (HEFFORD, 2008).
Objetivos:
1) Verificar se o exercício de direção preferencial na coluna cervical promove redução
da atividade muscular e atraso na ativação do músculo trapézio superior após uma
semana e um mês de intervenção em indivíduos com dor no ombro; 2) Verificar o
tamanho do efeito na atividade dos músculos após o exercício de direção preferencial na
coluna cervical e se o mesmo diminui a intensidade da dor, incapacidade funcional,
medo ao movimento e sensibilização central.
Métodos
Amostra
Estudo experimental, em que foram avaliados os efeitos da intervenção de
direção preferencial na coluna cervical em indivíduos acometidos por dor no ombro.
Um membro da equipe devidamente treinado realizou a avaliação dos participantes, as
35
coletas eletromiográficas e a aplicação questionários e dos exercícios de direção
preferencial para coluna cervical.
Foram recrutados voluntários de 18 a 65 anos com dor no ombro. Os critérios
de inclusão foram dor no ombro com duração de mais de 1 semana e pelo menos dois
sinais positivos de impacto para voluntários com dor no ombro (Testes de Hawkins-
Kennedy, Neer ou Jobe e dor na rotação externa resistida) (MICHENER et al., 2009).
Foram avaliados 14 indivíduos com dor, porém foram excluídos 2 que apresentaram
desconforto durante a realização dos exercícios e 3 que não compareceram na
reavaliação após uma semana, totalizando 9 indivíduos.
Foram aplicados também os testes de arco doloroso (60°-120°-180°) (KESSEL;
WATSON, 1977), testes específicos para coluna cervical (Spurling e Distração)
(SPURLING; SCOVILLE, 1944) (VIIKARI-JUNTURA; PORRAS; LAASONEN,
1989) e testes neurodinâmicos (BUTLER, 2003) para caracterização da amostra (Tabela
1). Todos participantes aceitaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido
(TCLE). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética local com parecer n° 2.715.171.
Tabela 1. Caracterização da amostra.
Caracterização da amostra
n 9
Idade (média±DP) (anos) 42,67±13,92
Ombro mais sintomático (D/E) 7/2
FP membro avaliado (média±dp) kgf 23,18±9,94
FP membro contralateral (média±dp) kgf 24,37±8,23
Teste de Hawkins- Kennedy (+/-) 8/1
Teste de Neer (+/-) 6/3
Teste de Jobe (+/-) 6/3
Teste Resistência a Rotação Externa (+/-) 2/7
Teste do Arco doloroso (60°-120°) (+/-) 5/4
Teste do Arco doloroso (120°-180°) (+/-) 8/1
Teste de Spurling (+/-) 2/7
Teste de Distração (+/-) 5/4
ULTT1 7+, 2-
36
ULTT2b 4+, 5-
ULTT3 7+, 2-
n: número de indivíduos; FP: força de preensão palmar; kgf: kilograma/força; D:
lado direito; E: lado esquerdo; ULTT 1: teste de tensão neural do Nervo
mediano; ULTT2b: teste de tensão neural do Nervo radial; ULTT3: teste de
tensão neural do Nervo ulnar; “+”: teste positivo; “-“: teste negativo.
Para os indivíduos com dor no ombro foi mensurada a dor por meio da Escala
Visual Analógica da Dor (EVA) (JENSEN; KAROLY; BRAVER, 1986) e aplicado os
questionários Índice de Dor e Incapacidade no Ombro (SPADI) (MARTINS et al.,
2010), Índice de Incapacidade do Pescoço (NDI) (COOK et al., 2006) para quem
relatou dor, Escala Tampa de Cinesiofobia (SIQUEIRA; TEIXEIRA-SALMELA;
MAGALHÃES, 2007) e Inventário de Sensibilização Central (CSI) (NEBLETT et al.,
2013) na avaliação inicial e após um mês.
Eletromiografia
A avaliação eletromiográfica dos músculos foi registrada pelo eletromiógrafo
Delsys Trigno TM sem fio, com filtro passa banda 42 de 20 a 500 Hz, modo comum de
rejeição superior a -120 dB, impedância de entrada superior a 10 MΩ, e os ganhos de x
x100 no condicionador de sinal e x x20 no pré amplificador eletrodo bipolar (ganho
total de 2000). O software Matlab® foi utilizado para cálculo das variáveis do estudo.
Os sensores sem fio foram colocados nos músculos deltoide fibras anteriores
(DA) e médias (DM), trapézio fibras descendentes (superior) (TS) e fibras médias (TM),
fixados a pele usando fita adesiva. Cada sensor emprega quatro eletrodos de barras de
prata em dois pares com uma distância de par intereletrodo de 10 mm. Foram utilizadas
as recomendações do protocolo SENIAM (Surface Electromyography for the Non-
invasive Assessment of Muscles) para colocação e limpeza com álcool 70% isopropil
(HERMENS et al., 2000).
Se os voluntários apresentaram dor nos ombro direito e esquerdo, foi avaliado o
lado com dor mais intensa. Em posição ortostática foram orientados a realizar o
movimento de abdução de 80° do ombro no plano escapular (Figura 1) e coletadas as
variáveis tempo de início da contração muscular (OnSet) de cada músculo e ativação
muscular. Para estabelecer o Onset Relativo, o músculo deltoide médio foi considerado
o iniciante do movimento (WICKHAM et al., 2010). Os valores da amplitude do sinal
37
durante a tarefa foram normalizados pela razão entre o valor da raiz quadrada da média
(RMS-Root Mean Square) e o valor máximo obtido durante a contração isométrica
voluntária máxima (CIVM) de cada músculo. O sinal eletromiográfico foi coletado em
2000 Hz e, posteriormente filtrado.
Figura 1. Abdução do ombro até 80° no plano escapular.
Fonte: Arquivo pessoal.
Exercício de Direção Preferencial
Os exercícios específicos para coluna cervical testados foram: Retração da
Cabeça, Retração da Cabeça com movimento de Extensão da cervical e Protração da
Cabeça.
Após a coleta inicial os voluntários foram orientados a realizar exercícios,
mediante resposta de cada indivíduo (diminuição da incapacidade e/ou dor) em relação
a direção preferencial (HEFFORD, 2008). Primeiramente eram testados os exercícios de
protração e retração cervical, se o exercício de retração fosse o escolhido pelo
voluntário era testado o exercício de retração da cabeça com extensão cervical.
Após treino foram orientados a realizarem o exercício domiciliar, 4 séries de 10
repetições distribuídas ao longo do dia, após uma semana da prática de exercícios e após
um mês de manutenção foram realizadas novas avaliações. Foi entregue para cada
voluntário uma agenda de registros diários, onde estava identificado visualmente qual
exercício deveria realizar e com as orientações escritas, para cada série deveria marcar a
dor e se sentiu algum desconforto durante a realização dos exercícios. Juntamente com
38
os exercícios os voluntários receberam orientações posturais para correções no dia-a-
dia.
Análise Estatística
Para análise dos dados foi utilizada estatística descritiva e inferencial. Para a
estatística descritiva, cálculo de frequência (absoluta e relativa), medida de tendência
central (média) e dispersão (desvio padrão). E para estatística inferencial o teste de
Shapiro-Wilk foi utilizado para testar a normalidade dos dados. Na análise intragrupo
foi utilizado o teste T-Student pareado e ANOVA de medidas repetidas com post-hoc
de Bonferroni para dados paramétricos e testes de Wilcoxon e Friedman para dados
não paramétricos. Foi considerado nível de significância ≤ 0.05. Para atividade
muscular (RMS normalizado) foi verificado o tamanho do efeito nos três momentos
(inicial, uma semana e um mês) com d de Cohen, sendo considerado tamanho do
efeito insignificante <0,19, pequeno 0,20-0,49, médio 0,50-0,79, grande 0,80-1,29
(COHEN, 1988) e muito grande >1,30 (ROSENTHAL, 1996).
Resultados
A atividade dos músculos foi mensurada nos três momentos (inicial, após uma
semana e após um mês). O resultado da ANOVA de medidas repetidas com post-hoc de
Bonferroni apresentou resultado significativo para o músculo trapézio superior (Tabela
2).
Tabela 2. Valores médios e desvios padrões do RMS normalizado dos músculos nos três
momentos de avaliação de indivíduos com dor no ombro.
Músculo Inicial (µV) 1 semana (µV) 1 mês (µV) p
DA(média±DP) 44,88±23,59 48,92±24,59 36,44±20,26 0,163
DM (média± DP) 39,02±25,74 37,42±24,15 31,03±19,22 0,641
TS (média± DP) 27,06±16,82 36,85±15,28 22,67±12,43 0,019*
TM (média± DP) 29,34±20,36 25,75±21,45 23,21±15,26 0,717
DA: deltoide anterior; DM: deltoide médio; TS: trapézio superior; TM: trapézio médio, DP: desvio
padrão; µV: microvolts *valor p significativo. ANOVA de medidas repetidas com post-hoc de Bonferroni
apontou diminuição significativa da atividade do músculo TS entre a avaliação de uma semana e a
avaliação de um mês, com p=0,006.
O tamanho do efeito com d de Cohen foi analisado entre os momentos inicial e
uma semana, inicial e um mês e uma semana e um mês (Tabela 3) para todos os
39
músculos, pois foi observado mudança na atividade mesmo sem haver diminuição
significativa, porém o maior destaque também foi para o músculo trapézio superior na
avaliação entre uma semana e um mês de intervenção.
Tabela 3. Tamanho do efeito da intervenção entre os momentos de avaliação.
Músculo Inicial – 1 semana Inicial – 1 mês 1 semana – 1 mês
DA 0,23 0,53 0,77
DM 0,01 0,49 0,41
TS 0,84 0,41 1,41
TM 0,24 0,47 0,19 DA: deltoide anterior; DM: deltoide médio; TS: trapézio superior; TM: trapézio médio.
tamanho do efeito insignificante <0,19, pequeno 0,20 -0,49, médio 0,50-0,79, grande 0,80-
1,29 (COHEN, 1988) e muito grande >1,30 (ROSENTHAL, 1996).
Na avaliação da sequência de ativação dos músculos do ombro e cintura
escapular durante o movimento de abdução do ombro até 80° no plano escapular,
tivemos na avaliação inicial o músculo trapézio superior (TS) iniciando o movimento
em 4 dos 9 indivíduos (44,44%) e após uma semana e um mês de exercícios apenas
em 2 (22,22%) indivíduos o TS foi o iniciador. O TS foi ativado após os músculos DM
e TM (auxiliador e estabilizador) mais vezes após o início dos exercícios. A sequência
de ativação encontrada nas avaliações está na Tabela 4.
Tabela 4. Sequência de ativação inicial, após uma semana e após um mês.
Individuo Sequência inicial Sequência 1S Sequência 1M
1 TS-DM-DA-TM TM-DA-DM-TS DA-TM-DM-TS
2 DA-TS-TM-DM TS-TM-DM-DA TS-TM-DM-DA
3 DM-DA-TS-TM DA-TM-DM-TS DM-TS-DA-TM
4 TS-DM-DA-TM TS-DA-DM-TM TM-TS-DM-DA
5 TS-DM-TM-DA TM-TS-DA-DM TS-TM-DM-DA
6 DM-DA-TM-TS DA-TM-TS-TM DM-DA-TM-TS
7 DM-DA-TS-TM DM-TM-DA-TS DM-DA-TM-TS
8 TM-DM-DA-TS TM-DM-DA-TS DM-TM-TS-DA
9 TS-DA-TM-DM DA-DM-TM-TS DM-TM-TS-DA
DA: deltoide anterior; DM: deltoide médio; TS: trapézio superior; TM: trapézio médio; 1S: avaliação
após uma semana; 1M: avaliação após um mês.
Na Tabela 5 temos os resultados da intensidade da dor e dos questionários aplicados nos
voluntários com dor no ombro.
40
Tabela 5. Escala de dor e questionários de avaliação em indivíduos com dor no ombro
Instrumentos Avaliação Média±dp p
EVA
Inicial 5±2,45
0,002* 1s 3,22±2,28
1m 2±2,6
NDI (%) Inicial 29,11±17,85
0,132 1m 23,11±19,25
SPADI (%) Inicial 58,46±15,82
≤0,01*
1m 27,89±20,45
TAMPA Inicial 45,33±6,86
0,163 1m 41,22±10,12
CSI Inicial 48±14,2
0,025*
1m 42,78±15,98 GC: grupo com dor no ombro; dp: desvio padrão; EVA: escala visual analógica da dor; NDI:
Índice de Incapacidade do Pescoço; SPADI:Índice de Incapacidade da Dor no Ombro; TAMPA:
Escala Tampa de Cinesiofobia; CSI: Inventário de Sensibilização Central; 1s: avaliação após
uma semana; 1m: avaliação após um mês. *valor p significativo. ANOVA de medidas repetidas
com post-hoc de Bonferroni apontou diminuição significativa da intensidade da dor nos
momentos inicial para uma semana com p=0,045 e inicial para um mês com p=0,001.
Discussão
O exercício de direção preferencial para coluna cervical promoveu redução
significativa da atividade do músculo trapézio superior, porém não influenciou em seu
atraso na ativação em indivíduos com dor no ombro. Após um mês de exercícios
domiciliares obtivemos diminuição da dor, além de diminuição da incapacidade do
ombro e da sensibilização central. O tamanho do efeito também se mostrou muito
grande para o músculo trapézio superior e efeito médio para o deltoide anterior no
momento uma semana para um mês.
Os músculos deltoide fibras anteriores e médias, trapézio fibras superiores e
médias não apresentaram padrão na sequência de ativação mesmo após o tratamento,
não sendo possível comparar com os estudos já citados anteriormente. O músculo
trapézio superior foi ativado após os músculos deltoide médio e trapézio médio
(auxiliador e estabilizador) após o início dos exercícios, em um número maior de
pacientes. Talvez a mudança não tenha sido evidente devido ao número da amostra ser
considerada pequena.
41
É ideal que o tratamento correto de disfunções no ombro seja realizado logo no
início dos sintomas. A melhora dos sintomas em pacientes com dor aguda no ombro é
predita pela gravidade da dor e incapacidade, enquanto que fatores psicológicos podem
influenciar o desfecho em pacientes com dor crônica no ombro (REILINGH et al.,
2008), concordando com o resultado da Escala Tampa de Cinesiofobia deste estudo em
que não houve diminuição da pontuação, considerada elevada, mesmo após diminuição
da dor. O tratamento cirúrgico da dor subacromial só deve ser considerado após um
período apropriado de tratamento conservador (LEWIS et al., 2015).
Tratamentos domiciliares apresentam bons resultados na melhora do paciente,
uma vez que o mesmo assume a responsabilidade das atividades. O programa
domiciliar, quando individualizado às necessidades do paciente e bem explicado, é
considerado igualmente eficaz a terapia fornecida por especialistas em ambiente clínico.
Há potenciais economias de custo para o sistema de saúde se os programas domésticos
fossem usados no lugar de terapia especializada (NOVAK, 2011). O tratamento
domiciliar para indivíduos com dor no ombro do nosso estudo apresentou resultados
importantes no alívio da dor, o que pode ser considerado importante em uma fase inicial
do tratamento conservador. Além dos exercícios de direção preferencial para coluna
cervical é relevante a continuidade do tratamento com outros exercícios para
manutenção dos ganhos obtidos no alívio da dor.
Existem vários estudos que discutem qual o melhor tratamento para dor na
região do ombro. Tunwattanapong et al (2016) sugerem que a melhor combinação deve
ser o exercício de alongamento durante a fase aguda e subaguda da dor
musculoesquelética, seguido pelo exercício de fortalecimento quando a dor cede, a fim
de obter benefícios máximos desses exercícios. Exercícios de alongamento direcionado
às áreas do pescoço e ombro duas vezes/dia, cinco dias/semana, durante quatro semanas
apresentaram melhora da qualidade de vida a partir de quatro semanas, com diminuição
da dor e ganho nas funções de pescoço e ombro em trabalhadores de escritório. Diab
(2012) relata que o tratamento convencional (aplicação de infravermelho e ultrassom
modo contínuo) associado a exercícios de fortalecimento para correção postural
(músculos flexores cervicais e músculos que fazem a retração da escápula) 3 vezes por
semana, diminuem a dor de pacientes com radiculopatias cervicais para os níveis C6 e
C7 após 10 semanas de tratamento. Klintbeg et al (2015) estabeleceram um consenso
42
entre fisioterapeutas e determinaram que o tratamento para dor no ombro deve ser
baseado em exercícios sendo aplicados exercícios ativos como abordagem primária, os
exercícios variam de acordo com as necessidades dos pacientes identificados na
avaliação física regular e não na patologia estrutural, poucos exercícios prescritos
favorecem a adesão ao tratamento.
Nosso estudo verificou apenas a resposta frente aos exercícios de direção
preferencial e contou com a colaboração dos voluntários com orientações posturais
domiciliares, nenhum indivíduo realizou outro tipo de tratamento durante a fase de
intervenção.
Vimos através de nossos resultados que exercícios para coluna cervical
identificados pelo paciente como direção preferencial também podem ser acrescentados
no tratamento das queixas de dor nas áreas do pescoço e ombro, pois os resultados
musculares apresentaram diminuição da atividade muscular, independente da causa da
dor, sendo um achado importante para a prática clínica na dor no ombro.
Conclusão
O exercício de direção preferencial para coluna cervical promoveu redução
significativa da atividade muscular do músculo trapézio superior, mas não interferiu no
tempo da sua ativação após um mês de intervenção em uma amostra de indivíduos com
dor crônica no ombro. E o exercício de direção preferencial para coluna cervical
promoveu tamanho do efeito muito grande para o músculo trapézio superior e efeito
médio para o músculo deltoide anterior, ambos entre uma semana e um mês de
exercícios e, também, diminuiu a intensidade da dor, da incapacidade do ombro e da
sensibilização central em indivíduos com dor no ombro.
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os exercícios de direção preferencial para coluna cervical além de promoverem
o alívio da dor e a centralização dos sintomas, influenciaram na atividade dos músculos
do ombro e cintura escapular dos indivíduos com dor no ombro. As respostas não são
imediatas, mas o tratamento de um mês com orientações domiciliares foi suficiente para
verificar os benefícios dos exercícios.
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URWIN, M. et al. Estimating the burden of musculoskeletal disorders in the
community: the comparative prevalence of symptoms at different anatomical sites, and
the relation to social deprivation. Annals of the Rheumatic Diseases, v. 57, n. 11, p.
649–655, nov. 1998.
47
APÊNDICES
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Termo De Esclarecimento
TÍTULO DA PESQUISA: DISFUNÇÃO NO OMBRO E SUA RELAÇÃO COM A
COLUNA CERVICAL
Convidamos você a participar da pesquisa: DISFUNÇÃO NO OMBRO E SUA
RELAÇÃO COM A COLUNA CERVICAL. O objetivo desta pesquisa é identificar a
origem da sua dor no ombro e estabelecer o tratamento adequado.
Caso você aceite participar desta pesquisa será necessário comparecer nos dias que
serão marcados com antecedência, realizar avaliação, responder questionários e cumprir
com a recomendação domiciliar. A avaliação será no Laboratório de Biomecânica
Controle Motor (LABCOM), situado na Av. Guilherme Ferreira, nº1940, a pesquisa
conta com o tempo estimado de 4 semanas, sendo a primeira semana de tratamento e as
outras 3 semanas de autocuidado domiciliar.
Os voluntários não serão submetidos a desconfortos ou riscos, entretanto, se algum
paciente sentir desconforto em excesso será interrompido imediatamente.
Espera-se que de sua participação na pesquisa promova a diminuição da dor, ganho de
amplitude de movimento, aumento da atividade muscular e melhora funcional do
pescoço e membro superior, assim como melhora na qualidade de vida com retorno ao
convívio social e participação em atividades sociais diversas que podem estar inibidas
pelo processo de dor que o indivíduo experimenta frente à instalação dor no ombro.
Você poderá obter quaisquer informações relacionadas a sua participação nesta
pesquisa, a qualquer momento que desejar, por meio dos pesquisadores do estudo. Sua
participação é voluntária e em decorrência dela você não receberá qualquer valor em
dinheiro. Você não terá nenhum gasto por participar nesse estudo. Você poderá não
participar do estudo, ou se retirar a qualquer momento, sem que haja qualquer
constrangimento junto aos pesquisadores, bastando você dizer ao pesquisador que lhe
entregou este documento. Você não será identificado neste estudo, pois a sua identidade
será de conhecimento apenas dos pesquisadores da pesquisa, sendo garantido o seu
sigilo e privacidade. Você tem direito a requerer indenização diante de eventuais danos
que você sofra em decorrência dessa pesquisa.
48
Termo de Consentimento Livre após Esclarecimento
TÍTULO DA PESQUISA: DISFUNÇÃO NO OMBRO E SUA RELAÇÃO COM A
COLUNA CERVICAL
Eu, ______________________________________________________, li e/ou ouvi o
esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e a quais procedimentos
serei submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu
entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem
justificar minha decisão e que isso não afetará o atendimento que estou recebendo. Sei
que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro para
participar do estudo. Concordo em participar do estudo, DISFUNÇÃO NO OMBRO E
SUA RELAÇÃO COM A COLUNA CERVICAL, e receberei uma via assinada deste
documento.
Uberaba, ............./ ................../................
____________________________________
Assinatura do voluntário
_______________________________ ______________________________
Assinatura do pesquisador responsável Assinatura do pesquisador assistente
Telefone de contato dos pesquisadores:
Nome: Luciane F. R.M Fernandes
Telefone: (34) 99200-5151
Nome: Milene Eloise Callegari Ferreira
Telefone: (16)99746-8135
49
APÊNDICE B – FICHA DE AVALIAÇÃO
Avaliação inicial Após 1 semana Após 1 mês
/ / / / / /
Nome:____________________________________________Nascimento:_________
Contato:_______________________________________________________________
Idade:__________ Sexo: ( )F ( )M Gravidez: ( )SIM ( )NÃO
Profissão:______________________________________________________________
( ) em atividade ( ) afastado ( ) aposentado
Diagnóstico:____________________________________________________________
Cirurgia: ( )SIM ( )NÂO
Qual/Onde:____________________________________________________________
Aividade física regular ( )SIM ( )NÂO
Qual?__________________________________
Dominância: ( )D ( )E Ombro com dor: ( )D ( )E Pior braço: ( )D ( )E
A- CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
DOR HÁ QUANTO TEMPO? ( )1 mês( )2 meses ( )3 meses ( )4 meses
( )5 meses ( )6 meses ou mais.
VOCÊ ACORDA A NOITE PELA DOR? ( )SIM ( )NÃO
VOCÊ TEM FORMIGAMENTO OU DORMÊNCIA NOS BRAÇOS OU MÃOS
ASSOCIADO COM A DOR? ( )SIM ( )NÃO
VOCÊ TEM ALGUMA DISFUNÇÃO DISGNOSTICADA RELACIONADA A
COLUNA CERVICAL? QUAL?
( )Hérnia cervical ( )Estenose cervical ( )Doenças degenerativas
( )artrodese cervical ( )VPPB
USO DE MEDICAMENTOS ( )sim ( )não
Se sim,qual:____________________________________________________________
Tempo de uso:__________________________________________________________
FEZ FISIOTERAPIA ( )sim ( )não
50
Tempo de Ft:____________________________________________________________
IDENTIFICAÇÃO DA DOR
ESCALA VISUAL ANALÓGICA DA DOR (EVA):
Avaliação inicial Efeito imediato Após 1 semana Após 1 mês
TESTES ESPECÍFICOS Avaliação inicial Após 1 semana Após 1 mês
Neer
Hawkins-Kennedy
Jobe
Arco doloroso (60- 120°)
Arco doloroso (120°-180°)
Resist. Rot. Ext
Spurling
Descompressão
N. Radial
N. Ulnar
N. Mediano
DINAMOMETRIA PREENSÃO PALMAR:
Medida 1 Medida 2 Medida 3 Média Inicial
Medida 1 Medida2 Medida3 Média Após 1 semana
Medida 1 Medida2 Medida3 Média Após 1 mês
51
APÊNDICE C – AGENDA DE REGISTROS DIÁRIOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
DISFUNÇÃO NO OMBRO E SUA RELAÇÃO COM A COLUNA CERVICAL
AGENDA DE REGISTRO DIÁRIO
Nome:_________________________________________________________________
Data da avaliação:____/____/____ Dia da semana da avaliação:__________________
Exercício que realizará:
( ) ( ) ( )
O exercício deve ser repetido em casa dez vezes durante as quatro sessões distribuídas
uniformemente ao longo do dia.
52
53
ANEXOS
ANEXO 1 - Shoulder Pain And Disability Index (SPADI)
54
ANEXO 2 – Neck Disability Index (NDI)
55
56
57
ANEXO 3 - Escala Tampa de Cinesiofobia
58
ANEXO 4 – Inventário de Sensibilização Central (CSI)
CSI - PARTE A - Por favor, escolha apenas uma resposta que melhor descreva sua
experiência em cada em uma das afirmações abaixo:
1 Não me sinto descansado quando
eu acordo de manhã Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
2 Sinto meus músculos rígidos e
doloridos Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
3 Eu tenho crises de ansiedade Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
4 Ranger ou cerrar os dentes Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
5 Tenho problemas com diarreia ou
constipação Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
6 Eu preciso de ajuda na execução de
minhas atividades diárias Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
7 Sou sensível a luzes brilhantes Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
8 Eu me canso facilmente quando
faço atividades físicas Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
9 Eu sinto dores por todo o meu
corpo Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
10 Eu tenho dores de cabeça Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
11
Eu me sinto desconforto e / ou
ardor na minha bexiga quando
urino
Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
12 Eu não durmo bem Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
13 Eu tenho dificuldade de
concentração Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
14
Eu tenho problemas de pele, como
ressecamento, coceira ou erupções
cutâneas
Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
15 O estresse faz com que meus
sintomas físicos piorem Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
16 Sinto-me triste ou deprimido Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
17 Eu tenho de baixa energia Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
18 Eu tenho tensão muscular no
pescoço e ombros Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
19 Eu tenho dor na minha mandíbula
(ATM) Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
20
Certos cheiros, tais como
perfumes, me fazem sentir tonturas
e náuseas
Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
21 Eu tenho de urinar com frequência Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
22
Minhas pernas se sentem
desconfortáveis e inquietas quando
estou tentando dormir à noite
Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
23 Eu tenho dificuldade em lembrar as
coisas Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
24 Sofri um trauma quando criança Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
25 Eu tenho dor na minha área pélvica Nunca Raramente Às vezes Frequentemente Sempre
Escore Total = ______
CSI - PARTE B - Você foi diagnosticado por um médico com qualquer uma das seguintes
condições abaixo:
SIM NÃO ANO DO
DIAGNÓSTICO
1 Síndrome de pernas inquietas
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2 Síndrome da Fadiga Crônica
3 Fibromialgia
4 Distúrbio da Articulação Temporomandibular
(ATM)
5 Enxaqueca ou dores de cabeça tensionais
6 Síndrome do Cólon Irritável
7 Sensibilidade Química Múltipla
8 Problemas cervicais (incluindo whiplash)
9 Crises de ansiedade ou síndrome do pânico
10 Depressão