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PORTUGUÊS – FRENTE 2 C A D E R N OHEXA 2
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Sumár ioManual do Pr of essor
Estr utur a ger al dos cader nos .................................. 4 A ulas ................................................................... 5Exer cí cios de Sala ................................................. 6Guia de est udo ..................................................... 7
Or ientações especí f icas .......................................... 7
Or ientações: A ula 10 .............................................. 8Resoluções ........................................................... 10
Or ientações: A ula 11 .............................................. 12Resoluções ........................................................... 14
Or ientações: A ula 12 .............................................. 16Resoluções ........................................................... 18
Or ientações: A ula 13 .............................................. 20Resoluções ........................................................... 22
Or ientações: A ula 14 .............................................. 24Resoluções ........................................................... 26
Or ientações: A ula 15 .............................................. 28Resoluções ........................................................... 30
Or ientações: A ula 16 .............................................. 32Resoluções ........................................................... 35
Or ientações: A ula 17 .............................................. 37 Resoluções ........................................................... 39
Or ientações: A ula 18 .............................................. 41
Resoluções ........................................................... 43
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ESTRUTURA GERAL DOS CADERNOSOs cadernos de sala, usados em conjunto com os livros de teoria, sintetizam e facilitam a compreensão
dos assuntos estudados. Todas as aulas apresentam os principais tópicos de cada tema abordado e oferecemexercícios que permitem enriquecer a discussão em sala de aula e contribuir com a fixação do aprendizado.
Assim como nos livros, as disciplinas nos cadernos são divididas em frentes, que devem ser trabalhadasparalelamente. Essa divisão não só facilita a organização dos estudos como permite uma visão ainda
mais sistêmica dos tópicos abordados em cada disciplina.
A organização das atividades foi elaborada para aumentar a eficiência do trabalho em sala:
O sumário, ferramenta que deve ser divulgada pelos professores, conta com um controle no qual oaluno pode organizar sua rotina de aulas e estudos, tendo uma visualização rápida de seu avanço pelostópicos estudados.
O estudo de Português é dividido em duas frentes apresentadas em sequência. No caderno Hexa 2, as páginas de 27 a 46 contêm as aulasreferentes à Frente 2 dessa disciplina.
1 Número das aulas. 2 Frente da disciplina. 3 Controle de aulas dadas e tópicos estudados em casa.
PORTUGUÊSProf.: Aula Estudo
Aula 10 ...................6
Aula 11 ...................8
Aula 12 ...................11
Aula 13 ...................14
Aula 14 ...................16
Aula 15 ...................18
Aulas 16 e 17 .........21
Aula 18 ...................25
1
Prof.: Aula Estudo
Aula 10 ...................28
Aula 11 ...................30
Aula 12 ...................32
Aula 13 ...................34
Aula 14 ...................36
Aula 15 ...................38
Aula 16 ...................40
Aula 17 ...................43
Aula 18 ...................45
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28 PRTUGUÊS
PORTUGUÊS
2 Barroco: características gerais
Aula
10
No final do século XVI originou-se uma das esco-las artísticas mais intensamente ligadas ao contexto do
poder da Igreja Católica contrarreformista. Logo apóso Concílio de Trento, no embate entre o antropocentris-mo renascentista e a pretensão de um retorno ao teocen-trismo medieval, instaura-se um clima que, a princípio,é chamado de maneirismo e que, posteriormente,explode em um jogo de contradições, pretendendo
fundir ou aproximar polaridades: o corpo e o espírito,o céu e o inferno, Deus e o demônio e todas as antí-teses e/ou paradoxos que regem o universo humano.
Aspectos do Barroco:
• O Barroco não é somente uma escola literária, é
um espírito de época que se manifesta por meio daliteratura, música, pintura, escultura e arquitetura.
• A manifestação na literatura acontece com a
poesia (Gregório de Matos) e as prosas sermonís-tica e epistolográfica (Padre Vieira).
• As características mais importantes do Barroco
são: ambiguidades, contradições, desequilíbrios;além disso, faz-se uso do cultismo e do conceptis-mo, do fusionismo e do feísmo.
• As figuras estilísticas mais comuns dessa escola são:a hipérbole, o hipérbato, a antítese e o paradoxo.
Exercícios de Sala
1 Mackenzie 2012 Leia o texto a seguir:
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta piedade me despido,
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.Gregório de Matos. A Jesus Cristo Nosso Senhor.
É traço relevante na caracterização do estilo de épocaa que pertence o texto:
(a) A progressão temática que constrói forças de ten-
são entre pecado e salvação.(b) A linguagem musical que sugere os enigmas do
mundo onírico do poeta.(c) Os aspectos formais, como métrica, cadência e es-
quema rítmico, que refletem o desequilíbrio emo-cional do eu lírico.
(d) A fé incondicional nos desígnios de Deus, única
via para o conhecimento verdadeiro e redentor.(e) A força argumentativa de uma poesia com marcas
exclusivas de ideais antropocêntricos.
M I C H E L A N G E L O
C A R A V A G G I O / W E
B G A L L E R Y O F A R T
Michelangelo Caravaggio. Baco , c. 1596. Óleo sobre tela.
• Na figura a seguir, de Caravaggio, podem ser vis-
tas as seguintes concepções: o jogo masculino/feminino; a transitoriedade (folhas que enfeitama cabeça de Baco; frutos que estão vivos e os que
começam a apodrecer).
AULAS
Respeitando o Planejamento para o Professor disponibilizado na Área Exclusiva, todas as aulasapresentam um resumo esquemático do tópico trabalhado no livro, sintetizando os principaisconhecimentos estudados.
1 Disciplina, frente e número das aulas. 2 Título das aulas. 3 Resumo do assunto estudado por meiode tópicos, diagramas e ilustrações.
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30 PTUGUÊ
PORTUGUÊS 2
Aula
11 Barroco: Vieira e a obra sermonística
Em seu tempo, o padre Antônio Vieira disse que
o pregador deveria ter “a voz do trovão”, porque, ao
discursar, poderia ser ouvido por centenas de pessoas.
A arte oratória do padre Vieira foi dedicada, sobretudo,
a criticar, fazer pensar e estabelecer laços efetivos entre
Deus e o homem. Ele estava a serviço de sua ordem
religiosa, a Companhia de Jesus (jesuítas), que tinha
como objetivo expandir a fé cristã e recompor o núme-
ro de católicos perdidos para o protestantismo. Dessa
forma, aceitava os cristãos novos e defendia os índios
da escravidão.
Seus sermões são compostos de imagens muito
fortes e calcados sobre acontecimentos aparentemen-
te banais. Ele soube fazer da arte de pregar, antes de
mais nada, um exercício de observação do mundo no
qual estava inserido.
• Vieira foi um homem de seu tempo e, portanto,
esteve envolvido com as questões políticas de sua
época. Seu primeiro sermão pregado em Portugal
(Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal
contra as de Holanda) é um bom exemplo disso.
Exercícios de Sala
1 Leia o texto a seguir:
Vieira foi o mais importante pregador de sua
época; ele transitou entre Brasil e Portugal, tendo
desenvolvido papel de conselheiro de reis e observa-
dor atento do mundo em que habitava. O conceptismo
(jogo de palavras) é uma das mais importantes ca-
racterísticas de seus sermões e, entre eles, destaca-se
o Sermão da Sexagésima, de 1655, cujo conteúdo
centra-se na função metalinguística (a arte de pregar).
Podemos relacionar seu ofício de pregador no século
XVII com o(s) seguinte(s) acontecimento(s):
(a) O aparecimento do Humanismo.(b) A Reforma Protestante e a Contrarreforma católica.
(c) A Santa Inquisição.
(d) A descoberta do Mundo Novo.
(e) A expulsão dos jesuítas de Portugal no século
XVIII, pelo Marquês de Pombal.
• Os sermões têm estru-
tura própria: introito,
exposição, invocação,
argumentação e pero-
ração (conclusão).
• A obra mais importan-
te de Vieira é o Sermão
da Sexagésima, que
tem como tema Semen
est verbum Dei (A se-
mente é a palavra de
Deus). Esse sermão
possui função meta-
linguística predominante: é um sermão feito so-
bre a arte de pregar.
• A obra sermonística vieirina tem caráter concep-
tista, ou seja, apresenta jogos de raciocínio cujo
objetivo é o convencimento do ouvinte/leitor.
• Os sermões têm encantamento próprio, especial,
dentro de certa circunstância, que é o contexto
político-cultural do século XVII.
Padre Vieira.
EXERCÍCIOS DE SALA
Em cada aula há a proposta de questões, muitas delas retiradas de importantes exames vestibulares detodo o Brasil, a serem feitas com o professor, com toda a classe e/ou individualmente pelos alunos. Nessemomento, aspectos relevantes da aula são retomados, dando oportunidade ao professor e aos alunosde discutirem possíveis dificuldades. Todos os exercícios têm sua resolução apresentada neste Manual.
1 Além das questões do livro, uma seção de exercícios, específicossobre o assunto das aulas, é apresentada.
2 Questões possibilitam a fixação dos conteúdos estudados eoferecem preparação adicional aos alunos.
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GUIA DE ESTUDO
Ao final de cada aula, o caderno de sala oferece um guia que orienta o aluno para os estudos queserão realizados em casa. A seção “Guia de estudo” direciona a leitura, no livro de teoria, dos assuntosque foram tratados em aula. Além disso, indica exercícios pertinentes a serem resolvidos, visandoconsolidar o conhecimento adquirido em sala.
Considerando que o tempo de estudo em casa deve ser cumprido de forma satisfatória para o aluno,
esse Guia de estudos é pensado com bastante cuidado. Ao indicar o número de exercícios a serem feitos,consideram-se o tempo destinado à leitura da teoria e também o tempo que será despendido para aresolução das questões. Assim, o resultado é a satisfação do aluno, que consegue cumprir suas metasdiárias de estudo em um tempo possível.
ORIENTAÇÕES ESPECÍFICASO estudo da Literatura dá suporte histórico-cultural para o entendimento de textos que aparecem nos
vestibulares. Seu estudo cronológico permite que sejam comparados estilos, autores e épocas; o materialdo Sistema de Ensino Poliedro contém as escolas, autores e textos mais significativos.
O fato literário relevante em Língua Portuguesa se inicia ainda na Idade Média e é desde lá quebuscamos, sequencialmente, estabelecer a identidade de cada época literária, bem como seu contextohistórico-cultural. Dessa forma, busca-se alinhavar, por exemplo, uma comparação entre músicapopular contemporânea e a cantiga feita pelos trovadores, o teatro popular de Gil Vicente e os autoscontemporâneos de João Cabral de Melo Neto. Da mesma forma que o soneto de Camões serve demedida para comparações com a obra de Vinicius de Moraes, a concepção da natureza arcádica tambémserve para contextualizar vivamente o nosso interesse pelos temas rurais, campesinos, ecológicos.
Os exercícios dos livros foram atualizados, permitindo que o professor fique alinhado com asexigências dos vestibulares contemporâneos. Isso facilita a aproximação entre tendências e possibilitaque a intertextualidade seja uma presença constante entre obras de todas as espécies, autores e épocas.
Negar o estudo cronológico da literatura é negar também que o conhecimento de cada escola supõeo requisito de compreender características de cada época, bem como seus conteúdos críticos sobrepolítica, economia, religião, sociedade etc. Muitas vezes, o produto literário é o resultado de observaçãoconstante, tal como no Realismo-Naturalismo; em outras, é ausência, distanciamento, tal como se verificano Simbolismo e parte do Romantismo, e até nas experiências pós-modernas.
E há, ainda, a possibilidade de o professor eleger seus poemas escolhidos ou trechos de prosa e,com eles, trabalhar a interpretação que queira dar a cada texto dentro do panorama sociocultural decada época.
1 Indicação de disciplina, livro, frentee capítulo correspondentes à aula.
2 Localização das páginas do livrocom a teoria estudada.
3 Seleção de exercícios.
GUIA DE ESTUDO
Português / Livro 2 / Frente 2 / Capítulo 5I. Leia as páginas de 107 a 110.
II. Faça os exercícios 2 e 5 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos 2, 16 e 17.
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Orientações
28 PRTUGUÊS
PORTUGUÊS 2
Barroco: características geraisAula
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No final do século XVI originou-se uma das esco-las artísticas mais intensamente ligadas ao contexto do poder da Igreja Católica contrarreformista. Logo após
o Concílio de Trento, no embate entre o antropocentris-mo renascentista e a pretensão de um retorno ao teocen-trismo medieval, instaura-se um clima que, a princípio,é chamado de maneirismo e que, posteriormente,explode em um jogo de contradições, pretendendofundir ou aproximar polaridades: o corpo e o espírito,o céu e o inferno, Deus e o demônio e todas as antí-teses e/ou paradoxos que regem o universo humano.
Aspectos do Barroco:
• O Barroco não é somente uma escola literária, é
um espírito de época que se manifesta por meio daliteratura, música, pintura, escultura e arquitetura.
• A manifestação na literatura acontece com a poesia (Gregório de Matos) e as prosas sermonís-tica e epistolográfica (Padre Vieira).
• As características mais importantes do Barroco
são: ambiguidades, contradições, desequilíbrios;além disso, faz-se uso do cultismo e do conceptis-mo, do fusionismo e do feísmo.
• As figuras estilísticas mais comuns dessa escola são:
a hipérbole, o hipérbato, a antítese e o paradoxo.
Exercícios de Sala
1 Mackenzie 2012 Leia o texto a seguir:
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta piedade me despido,
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Gregório de Matos. A Jesus Cristo Nosso Senhor.
É traço relevante na caracterização do estilo de épocaa que pertence o texto:
(a) A progressão temática que constrói forças de ten-
são entre pecado e salvação.(b) A linguagem musical que sugere os enigmas do
mundo onírico do poeta.(c) Os aspectos formais, como métrica, cadência e es-
quema rítmico, que refletem o desequilíbrio emo-cional do eu lírico.
(d) A fé incondicional nos desígnios de Deus, única
via para o conhecimento verdadeiro e redentor.(e) A força argumentativa de uma poesia com marcas
exclusivas de ideais antropocêntricos.
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C A R A V A G G I O / W E B G A L L E R Y O F A R T
Michelangelo Caravaggio.Baco , c. 1596. Óleo sobre tela.
• Na figura a seguir, de Caravaggio, podem ser vis-
tas as seguintes concepções: o jogo masculino/feminino; a transitoriedade (folhas que enfeitam
a cabeça de Baco; frutos que estão vivos e os quecomeçam a apodrecer).
Esclareça para os alunos que o Barroco não é apenas uma escola literária, mas, antes, um espírito de época,uma maneira de viver e estar no mundo, grandemente influenciada pela Igreja Católica e a Contrarreforma;daí, se o aproximarmos da época anterior (o Classicismo), é possível entender suas contradições, antíteses,
paradoxos (antropocentrismo versus teocentrismo contrarreformista).
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Aula
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2 UFRJ 2009 (Adapt.)
Segue neste soneto a máxima de bem viver queé envolver-se na confusão dos néscios para
passar melhor a vida.
Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda só o engenho mais profundo.
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c’os demais, que só, sisudo.
Gregório de Matos. Poemas escolhidos.São Paulo: Cultrix, 1989, p. 253.
O soneto de Gregório de Matos apresenta, em sua
construção, um conflito entre o eu lírico e o mundo.
a) Em que consiste esse conflito?
b) Qual foi a solução proposta?
c) O Barroco faz um uso particular de metáforas
para concretizar abstrações. No texto apresenta-
do, encontram-se vocábulos cujos significados
constroem imagens vinculadas à travessia do eu
lírico no mundo. Retire do texto quatro vocábulos
desse campo semântico, sendo dois verbos e dois
substantivos.
GUIA DE ESTUDOPortuguês / Livro 2 / Frente 2 / Capítulo 5
I. Leia as páginas de 107 a 110.II. Faça os exercícios 2 e 5 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos 2, 16 e 17.
A produção barroca faz-se na obra sermonista e epistolográfica (com Padre Vieira) e na poesia (comGregório de Matos).
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Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: A. O Barroco centra-se em oposições e tensões, como bem/mal, pecado/salvação.
2 a) Fazer escolhas, seguir caminhos (“vias desusadas”) diferentes dos demais (“as bestas que andam juntas mais ousadas”);há uma queixa, um lamento que se apresenta na abertura da terceira estrofe: “não é fácil viver entre os insanos”. Taisdiferenças podem ser interpretadas como intelectuais (ver quarto verso da segunda estrofe).
b) Ser como os demais (os versos que compõem a última estrofe justificam tal atitude), calar-se (“O prudente varão há deser mudo”); antes “louco” como os demais (do) que sozinho.
Professor(a), enfatize aos seus alunos que se trata de um tema muito conhecido em Gregório, que, aliás, o “furtou” deCamões: o desconcerto do mundo. Só ele é certo, e o mundo anda errado. Não é o único poema do poeta baiano quetrata desse tema; outros também guardam tais lamentações.
c) Os vocábulos que constroem imagens vinculadas ao campo semântico de travessia são os seguintes: ando, vou(-me),seguir, andam, erra (verbos); passadas, vias, caminho, pisadas, atalho (substantivos).
Anotações
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Anotações
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Orientações
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PORTUGUÊS 2
Aula
11 Barroco: Vieira e a obra sermonística
Em seu tempo, o padre Antônio Vieira disse que
o pregador deveria ter “a voz do trovão”, porque, ao
discursar, poderia ser ouvido por centenas de pessoas.
A arte oratória do padre Vieira foi dedicada, sobretudo,a criticar, fazer pensar e estabelecer laços efetivos entre
Deus e o homem. Ele estava a serviço de sua ordem
religiosa, a Companhia de Jesus (jesuítas), que tinha
como objetivo expandir a fé cristã e recompor o núme-
ro de católicos perdidos para o protestantismo. Dessa
forma, aceitava os cristãos novos e defendia os índios
da escravidão.
Seus sermões são compostos de imagens muito
fortes e calcados sobre acontecimentos aparentemen-
te banais. Ele soube fazer da arte de pregar, antes de
mais nada, um exercício de observação do mundo no
qual estava inserido.
• Vieira foi um homem de seu tempo e, portanto,
esteve envolvido com as questões políticas de sua
época. Seu primeiro sermão pregado em Portugal
(Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal
contra as de Holanda) é um bom exemplo disso.
Exercícios de Sala
1 Leia o texto a seguir:
Vieira foi o mais importante pregador de sua
época; ele transitou entre Brasil e Portugal, tendo
desenvolvido papel de conselheiro de reis e observa-
dor atento do mundo em que habitava. O conceptismo(jogo de palavras) é uma das mais importantes ca-
racterísticas de seus sermões e, entre eles, destaca-se
o Sermão da Sexagésima, de 1655, cujo conteúdo
centra-se na função metalinguística (a arte de pregar).
Podemos relacionar seu ofício de pregador no século
XVII com o(s) seguinte(s) acontecimento(s):
(a) O aparecimento do Humanismo.
(b) A Reforma Protestante e a Contrarreforma católica.
(c) A Santa Inquisição.
(d) A descoberta do Mundo Novo.
(e) A expulsão dos jesuítas de Portugal no século
XVIII, pelo Marquês de Pombal.
• Os sermões têm estru-
tura própria: introito,
exposição, invocação,
argumentação e pero-ração (conclusão).
• A obra mais importan-
te de Vieira é o Sermão
da Sexagésima, que
tem como tema Semen
est verbum Dei (A se-
mente é a palavra de
Deus). Esse sermão
possui função meta-
linguística predominante: é um sermão feito so-
bre a arte de pregar.
• A obra sermonística vieirina tem caráter concep-
tista, ou seja, apresenta jogos de raciocínio cujoobjetivo é o convencimento do ouvinte/leitor.
• Os sermões têm encantamento próprio, especial,
dentro de certa circunstância, que é o contexto
político-cultural do século XVII.
Padre Vieira.
Esclareça como ocorreu a Contrarreforma, que criou a Companhia de Jesus. Na época, coube aos jesuítasreconverter o mundo europeu, bem como converter as colônias ao Catolicismo. Para tanto, os sermões eramusados em grande profusão, sobretudo, como mecanismo de convencimento. Vieira foi o mais brilhante
sermonista de língua portuguesa. Mostre para os alunos o papel importante do pregador daquela época.
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Aula
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2 Leia o texto a seguir:
A palavra de Deus (como diria) é tão poderosa e tão
eficaz, que não só na boa terra faz fruto, mas até nas
pedras e nos espinhos nasce. Mas se as palavras dos
pregadores não são palavras de Deus, que muito que
não tenham a eficácia e os efeitos da palavra de Deus?
Ventum seminabunt, et turbinem colligent, diz o Espírito
Santo: «Quem semeia ventos, colhe tempestades». Se os
pregadores semeiam vento, se o que se prega é vaidade, se não se prega a palavra de Deus, como não há a Igreja
de Deus de correr tormenta, em vez de colher fruto?
Mas dir-me-eis: Padre, os pregadores de hoje não pre-
gam do Evangelho, não pregam das Sagradas Escrituras?
Pois como não pregam a palavra de Deus? Esse é o mal.
Pregam palavras de Deus, mas não pregam a palavra de
Deus: Qui habet sermonem meum, loquatur sermonem
meum vere, disse Deus por Jeremias. As palavras de Deus,
pregadas no sentido em que Deus as disse, são palavras de
Deus; mas pregadas no sentido que nós queremos, não são
palavras de Deus, antes podem ser palavras do Demônio.
Padre Antônio Vieira. Sermão da Sexagésima. “Parte IX”, 1655.
No texto, não se espante com as citações latinas,
pois o pregador as esclarece na sequência. Releia
o segundo parágrafo do fragmento e, depois, indi-
que a única alternativa que, pelo contexto, pode ser
interpretada como incorreta em relação à seguinte
afirmação encontrada: “Pregam palavras de Deus,
mas não pregam a palavra de Deus.”
(a) Pode-se pregar a palavra de Deus, mas, se nisso
houver vaidade, não se prega a palavra de Deus,
não se pode exatamente colher o fruto que dela
possa advir.
(b) Vieira nos adverte que, se os pregadores pregarem
a palavra de Deus no sentido apenas humano (“nosentido que nós queremos”), não são palavras de
Deus; antes, podem ser palavras do Demônio.
(c) O pregador enfatiza que, embora sejam usadas
as palavras do Evangelho e das Sagradas Escri-
turas, se desviadas de seus objetivos cristãos e
misturadas à vaidade, podem ocasionar tormen-
tas em vez de dar frutos.
(d) Vieira enfatiza que os pregadores daquela época
pregavam de modo a semear ventos e colher tem-
pestades, ou seja, fazer o possível para mudar o
mundo seguindo o que diz a palavra de Deus.
(e) Pode-se entender que somente alcançam o cora-
ção do homem as palavras que são pregadas nosentido verdadeiramente evangélico e não aque-
las que estão cheias da vaidade do pregador.
3 UFMG 2010 Um dos recursos utilizados pelo pa-
dre Antônio Vieira em seus sermões consiste na “agu-
deza” – maneira de conduzir o pensamento que
aproxima objetos e/ou ideias distantes, diferentes, por
meio de um discurso artificioso, que se costuma cha-
mar de “discurso engenhoso”.
Assinale a alternativa em que, no trecho transcrito do
Sermão da Sexagésima, o autor utiliza esse recurso.
(a) Lede as histórias eclesiásticas, e achá-las-eistodas cheias de admiráveis efeitos da pregação
da palavra de Deus. Tantos pecadores conver-
tidos, tanta mudança de vida, tanta reformação
de costumes; os grandes desprezando as rique-
zas e vaidades do Mundo; os reis renunciando
os cetros e as coroas; as mocidades e as genti-
lezas metendo-se pelos desertos e pelas covas
[...]
(b) Miseráveis de nós, e miseráveis de nossos tem-
pos, pois neles se veio a cumprir a profecia de
S. Paulo: [...] “Virá tempo, diz S. Paulo, em
que os homens não sofrerão a doutrina sã.”
[...] “Mas para seu apetite terão grande núme-ro de pregadores feitos a montão e sem esco-
lha, os quais não façam mais que adular-lhes
as orelhas.”
(c) Para um homem se ver a si mesmo são necessá-
rias três coisas: olhos, espelho e luz. [...] Que
coisa é a conversão de uma alma, senão entrar
um homem dentro de si e ver-se a si mesmo?
Para esta vista são necessários olhos, é neces-
sária luz e é necessário espelho. O pregador
concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus
concorre com a luz, que é a graça; o homem
concorre com os olhos, que é o conhecimento.
(d) Quando Davi saiu a campo com o gigante,ofereceu-lhe Saul as suas armas, mas ele não
as quis aceitar. Com as armas alheias ninguém
pode vencer, ainda que seja Davi. As armas de
Saul só servem a Saul, e as de Davi a Davi, e
mais aproveita um cajado e uma funda própria,
que a espada e a lança alheia.
GUIA DE ESTUDO
Português / Livro 2 / Frente 2 / Capítulo 5
I. Leia as páginas de 110 a 112.II. Faça os exercícios 3 e 4 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos 21, 23 e 25.
Habilidoso, era “um homem de seu tempo”, crítico e sagaz politicamente. Seus sermões, que duravamhoras de pregação, tinham uma estrutura própria e eram sempre oferecidos à Virgem Maria. O mais importantedesses sermões é O Sermão da Sexagésima (1655), pregado na Capela Real de Lisboa e que discorre sobre
a arte de pregar.
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Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: B. Professor(a), enfatize que a Reforma Protestante e o advento do luteranismo ocasionaram grande perda de fiéis da Igreja
Católica; a Contrarreforma deu origem à fundação da Companhia de Jesus, cujo objetivo fundamental era trazer os fiéiscatólicos “extraviados” pelo chamamento libertário do protestantismo.
Vieira empenhou-se em pregar, mas foi duramente castigado pela própria Igreja, que o impediu de pregar depois dapublicação das profecias contidas em Clavis Profetarum e História do futuro. Por curiosidade: o homem que pregou emautos brados as verdades da Igreja ficou mudo na velhice; aos poucos, ao perder a voz, reescreveu seus sermões um a um.
2 Alternativa: D. Professor(a), enfatize que o erro em d é a relação que se estabelece incorretamente (“seguindo a palavra de Deus”,segundo Vieira, os pregadores não seguem a palavra, mas sim a sua própria interpretação dela); o Sermão da Sexagésima,obra-prima do autor barroco, foi pregado a pedido do rei D. João IV, o primeiro da Restauração portuguesa. Nele, Vieirausa o conceptismo como técnica de convencimento, para que os jesuítas pudessem voltar a pregar nas colônias, e nãoapenas na capital de Portugal, em capelas particulares dos nobres da corte recém-restaurada.
3 Alternativa: C. A alternativa c apresenta articulação e aproximação entre objetos e ideias, ao ligar várias metáforas – da luz, olhos e
espelho – para abordar o real significado da conversão do interlocutor, por meio do jogo de ideias.
Anotações
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Anotações
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32 PRTUUÊS
PORTUGUÊS 2Aula
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Barroco: a poesia de
Gregório de Matos Guerra
• A poesia lírica de Gregório de Matos está dividida
em:amorosa,erótica,religiosa (sacra) ereflexiva
(filosófica).
• No fim da vida, o poeta dedicou-se à
lírica religiosa, ado-
tando como estrutu-
ra o soneto. Revela-se
então o homem barro-
co, o medo das puni-
ções de seus pecados.
• Gregório foi o primei-
ro poeta a usar termos
africanos, indígenas
e também brasileiris-
mos em seus poemas.
O apelido “Boca do Inferno”, dado ao poeta
baiano Gregório de Matos, não era sem propósito:
ele soube, mais do que ninguém em seu tempo, sati-
rizar com versos os usos, costumes, acontecimentose as pessoas da capital do Brasil àquela época. Em-
bora nessa vertente ele fosse debochado e, muitas
vezes, perverso, há que se considerar também sua
obra lírica.
• Gregório de Matos critica, na obra satírica, os
donos da terra, caramurus e unhates, as autori-
dades e seus comportamentos corruptos. O clero
também é criticado à exaustão.
• A obra satírica é o desvendamento de uma épo-
ca: a poesia gregoriana não poupa ninguém das
críticas severas que tendem a ridicularizar os po-
derosos.
1 UFPR 2012 Considerando a poesia de Gregório de
Matos e o momento literário em que sua obra se inse-
re, avalie as seguintes afirmativas:
1. Apresentando a luta do homem no embate entre
a carne e o espírito, a terra e o céu, o presente e
a eternidade, os poemas religiosos do autor cor-
respondem à sensibilidade da época e encontram
paralelo na obra de um seu contemporâneo, PadreAntônio Vieira.
2. Os poemas erótico-irônicos são um exemplo da
versatilidade do poeta, mas não são representati-
vos da melhor poesia do autor, por não apresen-
tarem a mesma sofisticação e riqueza de recursos
poéticos que os poemas líricos ou religiosos
apresentam.
3. Como bom exemplo da poesia barroca, a poesia
do autor incrementa e exagera alguns recursos
poéticos, deixando sua linguagem mais rebusca-
da e enredada pelo uso de figuras de linguagem
raras e de resultados tortuosos.
4. A presença do elemento mulato nessa poesia resgata para a literatura uma dimensão social problemática
Exercícios de Sala
da sociedade baiana da época: num país de escravos,
o mestiço é um ser em conflito, vítima e algoz em
uma sociedade violentamente desigual.
Assinale a alternativa correta.
(a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
(b) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
(c) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
(d) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.(e) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
2 UFT Copese 2010
À instabilidade das coisas no mundo
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?Como o gosto da pena assim se fia?
Gregório de Matos Guerra.
caramurus: descendentes dos brancos que vieram nas primeiras levas de reinóis e se comportavam como os donos da terra.unhates: comerciantes portugueses (ou judeus) que exploravam nos preços.
Orientações
Esclareça para os alunos como era o Brasil na época de Gregório de Matos; a partir daí, eles compreenderãoo caráter satírico dos poemas que desancavam os governadores, meirinhos e unhates; mas não deixe de falarsobre a obra lírica do poeta (em redondilhos e sonetos) nem de dividir sua produção em, pelo menos, três
fases distintas: a lírica (amorosa, erótica), a satírica e a sacra.
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33PRTUUÊSHEX II
Aula
12
GUIA DE ESTUDOPortuguês / Livro 2 / Frente 2 / Capítulo 5
I. Leia as páginas de 115 a 117.II. Faça o exercício 7 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos 14, 26 e 34.
Mas no Sol, e na luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê Constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.Gregório de Matos. Poesias selecionadas.
São Paulo: FTD, 1993, p. 60.
Analise as afirmativas a seguir sobre o texto “À ins-tabilidade das coisas no mundo”, de Gregório de
Matos.
I. Considerando que a arte literária reflete o con-texto histórico em que se encontra inserida, é
certo dizer que o texto de Gregório de Matos
pertence ao Barroco, movimento literário as-sociado à Reforma e à Contrarreforma, e expres-
sa, de forma estética, as angústias existenciais do
homem seiscentista.
II. O soneto gregoriano abarca a temática do tem- po fugaz e da sorte instável que se desenvolve a
partir de um jogo de imagens e ideias que se con-trapõem: nasce vs. não dura (v. 1), luz vs. noite
escura (v. 2), tristes sombras vs. formosura (v. 3),
tristezas vs. alegria (v. 4).
III. O texto estrutura-se segundo os princípios doconceptismo, voltado para a ornamentação exa-
gerada de um estilo marcado pela presença de
paradoxos (v. 1-8).
IV. O sentido de efemeridade abarcado pelo título do poema é justificado, no decorrer do texto, por ex-
pressões, tais como: “falta firmeza” (v. 9), “não
se dê Constância” (v. 10), “firmeza somente nainconstância” (v. 14), que fazem parte do campo
semântico do vocábulo instabilidade.V. Na tentativa de conciliar os opostos, assumindo
uma postura fusionista, o soneto de Gregório de
Matos encerra-se com uma justaposição de con-
trários, marcada pelo uso da antítese: “A firmezasomente na inconstância” (v. 14).
A partir da análise das questões, pode-se concluir queas alternativas:
(a) I, II e III estão corretas.
(b) I, II e IV estão corretas.
(c) I, IV e V estão corretas.
(d) II, III e IV estão corretas.
(e) II, III e V estão corretas.
3 Unesp 2010 Leia o texto a seguir:
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
[...]
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,E eis aqui a Cidade da Bahia.
Gregório de Matos. “Descreve o que era realmente naqueletempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos
confusa”. In: Obra poética. James Amado (Org.), 1990.
O poema, escrito por Gregório de Matos no séculoXVII:
(a) representa, de maneira satírica, os governantes e a
desonestidade na Bahia colonial.(b) critica a colonização portuguesa e defende, de for-
ma nativista, a independência brasileira.(c) tem inspiração neoclássica e denuncia os proble-
mas de moradia na capital baiana.
(d) revela a identidade brasileira, preocupação cons-tante do Modernismo literário.
(e) valoriza os aspectos formais da construção poéti-
ca parnasiana e aproveita para criticar o governo.
Anotações
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Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: C.1. Correta. A poesia religiosa de Gregório de Matos atende aos apelos espirituais oriundos do espiritualismo medieval.2. Incorreta. Todas as poesias do autor, independentemente da temática, apresentam qualidade técnica elevada e riqueza
de recursos poéticos.3. Correta. O rebuscamento da linguagem (cultismo) é característica do estilo do autor e da escola barroca.4. Correta. Os mulatos, como os mestiços de sangue indígena e os portugueses, são objeto das críticas do autor em sua
poesia satírica.
2 Alternativa: B. Na afirmativa III, ocorre erro quando se menciona que no verso 1 há paradoxo (há antítese em “nascer” e “não durar”). Noverso 8 (“como o gosto da pena assim se fia”) não se encontra sequer antítese. Na afirmativa V, a figura que aparece nãoé antítese, trata-se de paradoxo.
3 Alternativa: A. Professor(a), enfatize que o apelido “Boca do Inferno”, dado a Gregório de Matos, pode ser muito bem identificado
tomando-se o trecho como exemplo: a obra satírica fez do poeta baiano um exemplar denunciador de seu tempo (oséculo XVII). Em toda a sua obra satírica, há a intensidade e a argúcia de quem sabia observar a capital do Brasil àquelaépoca como um “presepe de bestas”. Gregório falava mal de meirinhos (funcionários públicos) e unhates (exploradores nocomércio), além de frades, freiras, governadores.
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34 PRUUÊS
PORTUGUÊS 2Aula
13 Arcadismo em Portugal: Bocage
• A poesia satírica de
Bocage é devastadora e
cruel em todos os sen-
tidos, e também temuma força demolidora;
a linguagem é vulgar,
e os versos são, em sua
maioria, redondilhos.
• Em sua obra pré-român-
tica, Bocage também
utiliza o soneto. Os temas são tristes; tratam de
perdas e saudades, solidão e morte; a amada está
longe, e o próprio poeta se reconhece incapaz de
recuperar as chances que a vida lhe deu. Camões
era tema do poeta naquela época.
O mais importante sonetista português do século
XVIII, Manuel Maria Barbosa du Bocage definiu-se
em célebre poema como “incapaz de assistir num só
terreno,/Mais propenso ao furor do que à ternura,/Bebendo em níveas mãos por taça escura/De zelos
infernais letal veneno”. Inquieto, frequentou temati-
camente todas as vertentes que sua escola e seu tem-
po permitiram.
• Os lemas árcades: fugere urbem, inutilia truncat,
carpe diem, aurea mediocritas, locus amoenus.
• A poesia de Bocage está dividida em três
vertentes: a arcádica (o soneto é utilizado como
estrutura), a satírica e a pré-romântica.
• A musa é Marília, e o cenário campestre é
povoado de deuses; predomina o locus amoenus.
1 Leia o texto a seguir:
O poeta que não seguir os Antigos perderá de todo o
norte, e não poderá jamais alcançar aquela força, ener-
gia e majestade que nos retratam o famoso e angélico
semblante da Natureza.
Devemos imitar e seguir os Antigos: assim no-lo en-
sina Horácio, no-lo dita a razão; e o confessa todo o
mundo literário.
O texto apresentado, de autoria de Correia Galvão,
um dos fundadores da Arcádia Lusitana, define pro-
postas do Neoclassicismo, que:
(a) propõem a valorização do subjetivismo e da ori-
ginalidade.
(b) se incompatibilizam com a tradição renascentista.
(c) contradizem os ideais clássicos.
(d) serão retomadas e adaptadas, no século XIX, pelo
Parnasianismo.
(e) serão integralmente respeitadas por Bocage.
Exercícios de Sala
assistir em: morar, residir, ter domicílio.
► Texto para as questões 2 e 3.
Olha, Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre flores?
Vê como ali, beijando-se, os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores.
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares, sussurrando, gira:
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.Manuel Maria Barbosa du Bocage. Obras de Bocage.
Porto: Lello & Irmão Editores, 1968, p. 152.
Bocage.
Orientações
Confronte, para iniciar esta aula, a simplicidade pretendida pelo Arcadismo com o Barroco e seusinúmeros artifícios (figuras, Conceptismo, Cultismo); para tanto, os lemas árcades devem ser levados emquestão. Procure deixar bem claro as três vertentes da poesia de Bocage (árcade, satírica e pré-romântica).
Outro aspecto importante é ajudar o aluno a observar a característica árcade (pastoralismo e bucolismo) e oque é lema ( fugere urbem, inutilia truncat, carpe diem, locus amoenus, áurea mediocritas).
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35PRUGUÊSHEX II
Aula
13
2 Unifesp 2007 (Adapt.) O soneto de Bocage é uma
obra do Arcadismo português, que apresenta, dentre
suas características, o bucolismo e a valorização da
cultura greco-romana, que estão exemplificados, res-
pectivamente, em:
(a) “Tudo o que vês, se eu te não vira”/“Olha, Marí-
lia, as flautas dos pastores”.
(b) “Ei-las de planta em planta as inocentes”/“Naquele
arbusto o rouxinol suspira”.(c) “Que bem que soam, como estão cadentes!”/“Os
Zéfiros brincar por entre flores?”
(d) “Mais tristeza que a morte me causara.”/“Olha o
Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes”.
(e) “Que alegre campo! Que manhã tão clara!”/“Vê
como ali, beijando-se, os Amores”.
3 Unifesp 2007 O emprego de “Mas”, na última es-
trofe do poema, permite entender que:
(a) todo o belo cenário só tem tais qualidades se a
mulher amada fizer parte dele.
(b) a ausência da mulher amada pode levar o eu lírico
à morte.(c) a morte é uma forma de o eu lírico deixar de sofrer
pela mulher amada.
(d) a mulher amada morreu e, por essa razão, o eu
lírico sofre.
(e) o eu lírico sofre toda manhã pela ausência da mu-
lher amada.
GUIA DE ESTUDOPortuguês / Livro 2 / Frente 2 / Capítulo 6
I. Leia as páginas de 131 a 134.II. Faça o exercício de 3 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos de 19 a 21.
Anotações
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Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: D.
2 Alternativa: E. Professor(a), aproveite para enfatizar que, no Arcadismo, é raro que o noturno e o penumbroso apareçam. A natureza
aparece em toda a sua beleza, claridade e simplicidade; o chamado locus amoenus, lugar agradável para se viver, é o lemamais caro daquela escola. Quando aparece a noite, o desejo de morte em autores árcades, é preciso que se entenda issocomo fase pré-romântica (citar Bocage e Tomás Antônio Gonzaga como exemplos). Ainda, por influência clássica, é comumaos autores árcades a presença da mitologia greco-latina; aliás, o nome dessa escola advém de tal influência: lugar onde
viviam e conviviam poetas e pastores, com suas musas e pastoras, em harmônico contato com a natureza.
3 Alternativa: A. O contraste dos dois versos finais revela que a ausência da amada causaria no poeta uma tristeza maior que a própria
morte. Portanto, a beleza do cenário só tem sentido com a presença da amada Marília.
Anotações
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Anotações
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36 PUUÊS
PORTUGUÊS 2Aula
14 Arcadismo no Brasil
Dirceu), a satírica (Cartas chilenas, crítica severae debochada ao comportamento corrupto de Luísda Cunha Meneses, o “Fanfarrão Minésio”) e apré-romântica (Parte II de Marília de Dirceu).
É preciso observar que, no Pré-Romantismo, olocus amoenus é substituído pelo locus horrendus (lugar horrível, desagradável, escuro) e o amor se
distancia, perde-se: Meu sonoro passarinho,
Se sabes do meu tormento,
E buscas dar-me, cantando,
Um doce contentamento,
[...]
Chega então ao seu ouvido,
Dize que sou quem te mando,
Que vivo nesta masmorra,
Mas sem alívio penando.Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu.
Aparecem, no Arcadismo, os chamados árcades
épicos: Basílio da Gama (O Uraguai) e o frei SantaRita Durão (Caramuru).
O Arcadismo no Bra-
sil ocorreu no momentoem que Portugal explo-rava, em Minas Gerais,
ouro e pedras preciosas; por isso, desenvolveu-sesobretudo em Ouro Pre-
to, Minas Gerais. O nome
de seus integrantes são osmesmos que fizeram par-te da Inconfidência Mi-
neira, exceto o de SilvaAlvarenga, que residia no Rio de Janeiro.
Em Minas, o Arcadismo nasce com a publicação de
Obras poéticas (1768), de Cláudio Manuel da Costa,
e se torna consistente pelos versos de Tomás Antônio
Gonzaga e Alvarenga Peixoto. A simplicidade do cam-
po, a musa inspiradora e a vida junto à natureza equi-librada e harmônica são os temas que se desenvolvem; posteriormente, a literatura ligou-se a causas políticas.• Tomás Antônio Gonzaga tem sua obra dividida em
três vertentes: a arcádica (Parte I de Marília de
Exercícios de Sala
Tomás Antônio Gonzaga.
1 UCS 2012 As obras literárias marcam diferentes
visões de mundo, não apenas dos autores, mas tam- bém de épocas históricas distintas. Reflita sobre isso eleia os fragmentos dos poemas de Gregório de Matose de Tomás Antônio Gonzaga.
Arrependido estou de coração,
de coração vos busco, dai-me abraços,
abraços, que me rendem vossa luz.
Luz, que claro me mostra a salvação,
a salvação pretendo em tais abraços,
misericórdia, amor, Jesus, Jesus!Gregório de Matos. “Pecador contrito aos pés do Cristo
crucificado”. In: Douglas Tufano. Estudos de literatura brasileira. 4 ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 1988, p. 66.
Minha bela Marília, tudo passa;
a sorte deste mundo é mal segura; se vem depois dos males a ventura,
vem depois dos prazeres a desgraça.
Estão os mesmos deuses
sujeitos ao poder do ímpio fado:
Apolo já fugiu do céu brilhante,
já foi pastor de gado.Tomás Antônio Gonzaga. “Lira XIV”. In: Douglas
Tufano. Estudos de literatura brasileira. 4 ed. rev. eampl. São Paulo: Moderna, 1988, p. 77.
Em relação aos poemas, analise a veracidade (V) ou afalsidade (F) das proposições abaixo.
Orientações
Professor, para que o aluno entenda a obra dos árcades brasileiros será necessário esclarecer o contextohistórico-cultural do Arcadismo no Brasil. Dessa forma, será necessário explicar a importância da ConjuraçãoMineira (sem isso, como dar valor, por exemplo, à produção de Cartas chilenas?).
É muito importante destacar que as vertentes da produção de Gonzaga são as mesmas da de Bocage ecolocar em relevo, ainda, a obra de Cláudio Manuel da Costa e dos árcades épicos Basílio da Gama e freiSanta Rita Durão.
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37PRUUÊSHE II
Aula
14
O poema de Gregório de Matos apresenta um
sujeito lírico torturado pelo peso de seus peca-
dos e desejoso de aproximar-se do Divino.
Tomás Antônio Gonzaga, embora pertença ao
mesmo período literário de Gregório de Matos,
revela neste poema um sujeito lírico consciente
da brevidade da vida.
Em relação às marcas de religiosidade, a visão
antagônica que se coloca entre os dois poemasreflete, no Barroco, a influência do Cristianismo
e, no Arcadismo, a da mitologia grega.
Assinale a alternativa que preenche corretamente os
parênteses, de cima para baixo.
(a) V – V – V
(b) V – F – F
(c) V – F – V
(d) F – F – F
(e) F – V – F
2 UnB 2012 (Adapt.)
LXXIX
Entre este álamo, ó Lise, e essa corrente,
Que agora estão meus olhos contemplando,
Parece que hoje o céu me vem pintando
A mágoa triste, que meu peito sente.
Firmeza a nenhum deles se consente
Ao doce respirar do vento brando;
O tronco a cada instante meneando,
A fonte nunca firme, ou permanente.
Na líquida porção, na vegetante
Cópia daquelas ramas se figura
Outro rosto, outra imagem semelhante:Quem não sabe que a tua formosura
Sempre móvel está, sempre inconstante,
Nunca fixa se viu, nunca segura?Cláudio Manuel da Costa. Apud Domício Proença Filho.
A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro:Nova Aguilar, 2002, p. 85.
Considerando o texto apresentado, um soneto árcade
do Brasil Colônia, julgue os itens a seguir.
1. Na atmosfera bucólica do soneto LXXIX,
submetida às convenções da poesia pastoral, a
natureza é apresentada como cenário estático e
artificial, no qual o eu lírico não encontra es-
paço para manifestar, de forma mais profunda,
as verdadeiras emoções humanas.
2. No soneto LXXIX, há referências ao pró- prio ato de representação artística nas seguin-
tes imagens poéticas: “Parece que hoje o céu
me vem pintando” (v.3) e “Na líquida porção,
na vegetante/Cópia daquelas ramas se figura”
(v.9-10).
3. A adoção de formas clássicas europeias,
tanto na lírica de Cláudio Manuel da Costa
quanto nos épicos O Uraguai, de Basílio da
Gama, e Caramuru, de Santa Rita Durão, im-
pediu que a realidade da Colônia fosse inserida
na produção literária do Arcadismo brasileiro.
4. A temática lírico-amorosa do soneto
LXXIX evoca o mito de Narciso, como eviden-ciam os versos em que o eu lírico mira sua ima-
gem nas águas de uma fonte, o que se realiza,
no entanto, de maneira renovada, uma vez que,
no reflexo artístico produzido pelos versos,
estão associados os conflitos do mundo interno
do eu lírico à instabilidade do mundo.
GUIA DE ESTUDOPortuguês / Livro 2 / Frente 2 / Capítulo 6
I. Leia as páginas de 134 a 137.II. Faça o exercício 9 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos 11, 13 e 31.
Anotações
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Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: C. Apenas a segunda proposição é falsa. Tomás Antônio Gonzaga é um poeta árcade; Gregório de Matos pertence ao Barroco.
2 F; V; F; V. Contrariamente ao que se afirma em 1, o espaço bucólico é onde o eu lírico encontra inspiração para manifestar suas
emoções. A afirmação 3 é incorreta, pois os épicos Caramuru e O Uraguai remetem à realidade da colônia.
Anotações
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Anotações
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38 PTUGUÊS
PORTUGUÊS 2
Aula
15
Romantismo: características gerais
da época
• Os folhetins eram romances e novelas publicados
em capítulos, em jornais e revistas. Havia neles
o gosto pelo final feliz ou por grandes tragédias,
mortes e perdas ( Amor de perdição, de CamiloCastelo Branco, é um bom exemplo disso).
• O subjetivismo, o individualismo, a emoção exa-
gerada, a ânsia de liberdade formal, os temas da
morte, a preocupação social (como em Castro Al-
ves) são os aspectos fundamentais.
• A evasão (fuga da realidade) deve ser observada
como uma de suas características mais importantes;
e o culto à natureza, o patriotismo e a mulher ideali-
zada são permanentes na produção romântica.
• O herói é fundamental para a prosa e poesia ro-
mânticas: no Brasil, o indianismo substitui o me-
dievalismo europeu.
Com o desenvolvimento
da imprensa no final do sé-
culo XVIII e início do XIX
e o aparecimento de jornaise revistas em profusão, o
Romantismo tornou-se uma
escola literária com uma
enorme quantidade de lei-
tores, porque quase todas as
suas obras, antes de serem
impressas em volumes, cir-
cularam naqueles meios e ganharam o gosto popular.
• O Romantismo é um espírito de época e reflete, na
produção literária, a concepção burguesa de vida.
• As obras românticas visavam ao entretenimento
burguês.
Exercícios de Sala
1 Fuvest
Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno-me vaporoso... e só de ver-te
Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.
Álvares de Azevedo. “Luar de verão”.
In: Lira dos vinte anos.
Neste excerto, o eu lírico parece aderir com intensi-
dade aos temas de que fala, mas revela, de imediato,
desinteresse e tédio. Essa atitude do eu lírico mani-
festa a:
(a) ironia romântica.
(b) tendência romântica ao misticismo.
(c) melancolia romântica.
(d) aversão dos românticos à natureza.
(e) fuga romântica para o sonho.
J E A N - H O N O R É F R A G O N A R D / W E B G A L L E R Y O F A R T
Uma jovem lendo . c. 1770.
Óleo sobre tela.
2 Enem (2ª aplicação 2010)
Texto I
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morroRespirando este ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!
Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu de meu Brasil!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! Não seja já!
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Casimiro de Abreu. “Canção do exílio”. Poetasromânticos brasileiros. São Paulo: Scipione, 1993.
Orientações
Tal como o Barroco, o Romantismo é, antes que uma escola literária somente, um espírito de época.Portanto, para que o aluno compreenda o Romantismo, é imprescindível que se explique a ascensão da burguesia. Seu papel de entretenimento, o aparecimento dos folhetins e seus temas fundamentais (fuga da
realidade, evasão pela morte, patriotismo, culto à natureza e mulher idealizada) devem ser relevantes em suaexplicação para a classe.
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39PRTGÊSHEX II
Aula
15
Texto II
A ideologia romântica, argamassada ao longo do sé-culo XVIII e primeira metade do século XIX, introduziu-seem 1836. Durante quatro decênios, imperaram o “eu”,a anarquia, o liberalismo, o sentimentalismo, o nacio-nalismo, através da poesia, do romance, do teatro e dojornalismo (que fazia sua aparição nessa época).
Massaud Moisés. A literatura brasileira através dos
textos. São Paulo: Cultrix, 1971 (Fragmento).
De acordo com as considerações de Massaud Moisés
no Texto II, o Texto I centra-se:
(a) no imperativo do “eu”, reforçando a ideia de que
estar longe do Brasil é uma forma de estar bem, já
que o país sufoca o eu lírico.
(b) no nacionalismo, reforçado pela distância da pá-
tria e pelo saudosismo em relação à paisagem
agradável onde o eu lírico vivera a infância.
(c) na liberdade formal, que se manifesta na opção
por versos sem métrica rigorosa e temática volta-
da para o nacionalismo.
(d) no fazer anárquico, entendida a poesia como ne-
gação do passado e da vida, seja pelas opções for-mais, seja pelos temas.
(e) no sentimentalismo, por meio do qual se reforça a
alegria presente em oposição à infância, marcada
pela tristeza.
3 UFF 2012 (Adapt.) Leia os textos a seguir:
Texto I
Adormecida
Uma noite, eu me lembro... Ela dormiaNuma rede encostada molemente...Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
‘Stava aberta a janela. Um cheiro agresteExalavam as silvas da campina...E ao longe, num pedaço do horizonte,Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,Indiscretos entravam pela sala,E de leve oscilando ao tom das auras,Iam na face trêmulos – beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...Quando ela serenava... a flor beijava-a...Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instanteBrincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes.Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava ora afastava-se...Mas quando a via despeitada a meio.P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando a cena, repetiaNaquela noite lânguida e sentida:“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!“Virgem! – tu és a flor da minha vida!...”
Castro Alves. Espumas flutuantes. In: Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 124-5.
Texto II
o amor, esse sufocoagora há pouco era muito,agora, apenas um sopro
ah, troço de louco,corações trocando rosas,e socos.
Paulo Leminski. Melhores poemas.
São Paulo: Global, 1996, p. 119.
Os poemas de Castro Alves e Paulo Leminski exem-
plificam diferenças entre as estéticas romântica e con-
temporânea. Nas alternativas a seguir, apresentam-se
oposições, em que a primeira afirmativa se refere ao
Texto I e a segunda ao Texto II.
Assinale a única alternativa inteiramente correta.
(a) Presença de pontuação excessiva e inadequada./
Presença de contenção verbal.(b) Emprego de adjetivação abundante./Emprego de
expressões cerimoniosas e formais.
(c) Percepção do amor como desejo e expectativa./
Percepção do amor como contradição e incerteza.
(d) Olhar descrente sobre as relações amorosas./
Olhar irônico sobre as relações amorosas.
(e) Utilização de citações clássicas./Utilização de re-
cursos de humor.
GUIA DE ESTUDOPortuguês / Livro 2 / Frente 2 / Capítulo 7
I. Leia as páginas de 159 a 161.II. Faça os exercícios 1 e 3 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos 3, 16 e 25.
Anotações
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Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: A. A postura irônica é a contrapartida desses exageros sentimentais. O último verso rompe com a idealização dos demais;
a natureza é ironizada e só causa tédio.
2 Alternativa: B. Esse é o tipo de questão que vale a pena explorar e comentar cada resposta. Em a: não há menção, no Texto II, sobre o fato de o Brasil “sufocar” o eu lírico; os românticos, pelo contrário, faziam da
opressão um impulso para seus gritos libertários.
Em b: o correto. No poema, há o saudosismo que se estabelece no distanciamento da pátria; a infância do eu lírico seencontra nos versos de 7 a 10. Em c: é verdade que a liberdade formal aconteceu no Romantismo, que se distanciou das normas clássicas; ocorre que o
Texto II não menciona isso. Em d: existe a menção do fazer anárquico em Massaud, mas o texto não nega o passado e a vida presente, pelo contrário. Em e: há sentimentalismo, mas a infância, no poema, não se opõe ao presente como “marcada pela tristeza”.
3 Alternativa: C. Representam tendências da poesia contemporânea presentes no poema de Paulo Leminski: a contenção verbal, a percepção
do amor como contradição e incerteza, o olhar irônico sobre as relações amorosas e o uso de recursos de humor. Nopoema de Castro Alves, nota-se a presença de pontuação e adjetivação abundantes, perfeitamente adequadas ao clima deexaltação amorosa vivenciado pelo eu lírico, além da percepção do amor como desejo e expectativa. Dessa forma, a únicaalternativa que apresenta conceitos opostos nos poemas citados é c.
Anotações
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40 POTUUÊS
PORTUGUÊS 2
Aula
16 Romantismo em Portugal
Embora o Romantismo português tenha sido ini-
ciado por um longo poema, foi na prosa que ganhou
corpo e se desenvolveu. Portugal era um país saudo-sista de sua grandeza perdida no século XVI; os feitosgloriosos de seus heróis medievais encheram páginas
e páginas de romances e novelas.
Nos poemas, o lirismo e o sentimentalismo ga-nham, muitas vezes, a dimensão de um resgate daalma e das tradições portuguesas.
Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Camilo
Castelo Branco são os autores mais importantes.
Exercícios de Sala
profícuo: frutífero, que tem êxito.
1 Mackenzie É característica da obra de CamiloCastelo Branco:
(a) a influência rica em sua poesia de símbolos, ima-
gens alegóricas e construções.(b) a oscilação entre o lirismo e o sarcasmo, deixando
páginas de autêntica dramaticidade, vibrando com
personagens que comumente intervêm no enredo,
tecendo comentários piedosos, indignados ou sar-
cásticos.
(c) a busca de uma forma adequada para conter o sen-timentalismo do passado e das formas românticas.
(d) o fato de deixar ao mundo um alerta sobre o mal--estar trazido pela civilização moderna e indus-trializada.
(e) o apego ao conto como principal realização lite-rária, por meio do qual se tornou um dos autores
mais respeitados na literatura portuguesa.
Camilo Castelo Branco.Almeida Garrett. Alexandre Herculano.
• Garrett inicia o Romantismo em Portugal com o
poema “Camões”, em 1825, no auge de uma crise
política do país.• Herculano é medievalista; seu livro Eurico, o pres-
bítero ostenta o heroísmo ao gosto burguês: amores
desgrenhados, fidelidade ao amor e sentimentosnobres. Mas também há nele algo de rebeldia e in-
conformismo, bem ao gosto dos leitores.• A literatura produzida por Camilo Castelo Branco
pertence ao Ultrarromantismo. É o mais profícuoescritor de seu tempo, e sua obra Amor de perdição é um marco do romance português.
Orientações
Mostre para o aluno que o Romantismo em Portugal foi revelado pelas mãos de Almeida Garrett, com
o poema “Camões”, em 1825, mas se sobressaiu por meio das obras de dois outros escritores: Alexandre
Herculano (romance histórico) e Camilo Castelo Branco (com suas novelas e romances ultrarromânticos).
Faz-se importante também esclarecer que Portugal, com seus desajustes sociais da época, além dos valorescomo o amor, a fantasia e a emoção, fica registrado para sempre nas obras desses autores.
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41POUUÊHX II
Aula
16
► Texto para as questões 2 e 3.
Capítulo X
O Vale de Santarém é um destes lugares privilegia-dos pela natureza, sítios amenos e deleitosos em queas plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia
suavíssima e perfeita: não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons,
de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que nãoparece senão que a paz, a saúde, o sossego do espí-rito e o repouso do coração devem viver ali, reinar alium reinado de amor e benevolência. As paixões más,os pensamentos mesquinhos, os pesares e as vilezas davida não podem senão fugir para longe. Imagina-se poraqui o Éden que o primeiro homem habitou com a suainocência e com a virgindade do seu coração. [...] Interessou-me aquela janela. Quem terá o bom gosto e a fortuna de morar ali? Parei e pus-me a namorar a janela. Encantava-me, tinha-me ali como num feitiço. Pareceu-me entrever uma cortina branca... e um vul-
to por detrás... Imaginação decerto! Se o vulto fosse fe-minino!... era completo o romance.
Como há de ser belo ver pôr o Sol daquela janela!... E ouvir cantar os rouxinóis!... E ver raiar uma alvorada de Maio!... Se haverá ali quem a aproveite, a deliciosa janela?...quem aprecie e saiba gozar todo o prazer tranquilo, to-dos os santos gozos de alma que parece que lhe andamesvoaçando em torno?
Se for homem, é poeta; se é mulher, está namorada. São os dois entes mais parecidos da natureza, o poe-ta e a mulher namorada: veem, sentem, pensam, falamcomo a outra gente não vê, não sente, não pensa nem
fala. [...] O arvoredo, a janela, os rouxinóis... àquela hora, ofim da tarde... que faltava para completar o romance?Um vulto feminino que viesse sentar-se àquele balcão –vestido de branco – oh! branco por força... a frente des-caída sobre a mão esquerda, o braço direito pendente,os olhos alçados ao céu... De que cor os olhos? Não
sei, que importa! é amiudar muito de mais a pintura, quedeve ser a grandes e largos traços para ser romântica,vaporosa, desenhar-se no vago da idealidade poética...
Almeida Garret. Viagens na minha terra. 4 ed.Lisboa: Imprensa Nacional, 1961.
2 Almeida Garrett é um autor do Romantismo
português. Esse trecho do livro Viagens na minha ter-
ra descreve o Vale de Santarém, cenário do romance.
Pode-se afirmar corretamente que a descrição é bas-
tante:
(a) objetiva, feita por meio de sensações e sentidos,
exaltando-se as cores, os sons, as imagens
perfeitas e a pureza do lugar; nada de ruim pode
atingi-lo, tal como no paraíso.(b) subjetiva, feita por meio de sensações, exaltando-
-se as cores, os sons, as imagens perfeitas e a pu-
reza do lugar; contudo, há espaço para paixões
más e pensamentos mesquinhos.
(c) subjetiva, feita por meio de sensações e sentidos,
exaltando-se as cores, os sons, as imagens
perfeitas e a pureza do lugar; nada de ruim pode
atingi-lo, tal como no paraíso.
(d) objetiva, feita por meio de imagens tais como se
fossem um retrato do lugar; por isso, não se ex-
ploram os sentidos e os sentimentos despertados
no vale.
(e) subjetiva, na qual as imagens construídas sãocomo retratos fiéis da realidade, portanto, os sen-
timentos que o lugar suscita são desprezíveis.
Anotações
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Aula
42 PORTUGUÊS
16
3 Após a descrição geral do vale, a particularidade
de uma janela prende a atenção do narrador. A partir de
um vulto, inicia-se um devaneio bastante típico do
Romantismo. Com base no texto e nos conhecimentos
sobre o assunto, pode-se afirmar que, de modo
subjetivo e com imaginação sentimental, o narrador
tem um devaneio em torno:
(a) da figura feminina (Se o vulto fosse feminino!...
era completo o romance.), representando a idea-lização do amor.
(b) do amor platônico (Parei e pus-me a namorar a
janela.), representando a impossibilidade da con-
cretização amorosa.
(c) da figura feminina (Encantava-me, tinha-me ali
como num feitiço.), representando um apelo aos
aspectos fantasiosos do lugar.
(d) da beleza do local (Como há de ser belo ver o pôr
do sol daquela janela!...), representando a ideali-
zação do amor.
(e) da figura feminina (Se for homem é poeta; se é
mulher é namorada.), representando a beleza e a
fantasia daquele vale.
GUIA DE ESTUDO
Português / Livro 2 / Frente 2 / Capítulo 7
I. Leia as páginas de 162 a 166.II. Faça os exercícios 4 e 5 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos 18 e 19.
Anotações
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Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: B. O sarcasmo, como em A brasileira de Prazins, é característica do autor, junto à exaltação dos sentimentos.
2 Alternativa: C. A descrição é subjetiva, pois explora as sensações e os sentidos. Alternativa a: incorreta. A descrição é subjetiva. Alternativa b: incorreta. Segundo o texto, paixões más e sentimentos mesquinhos fogem para longe do vale, ou seja, não
há espaço para eles.
Alternativa d: incorreta. A descrição é subjetiva e explora sentimentos e sentidos. Alternativa e: incorreta. Os sentimentos norteiam a descrição.
3 Alternativa: A. O vulto inspira o narrador, levando-o a devanear sobre a possibilidade de ser uma mulher por trás daquela cortina, pois
seria “completo o romance”, afinal, como ele afirma mais para a frente: “se é mulher está namorada”. A figura da mulheramada simboliza a idealização amorosa, pois ela deve “ser romântica, vaporosa, desenhar-se no vago da idealidadepoética...”.
Alternativa b: incorreta. Não há nada de platônico no trecho. O narrador analisa a possibilidade de ser uma mulher, masem nenhum momento se coloca como um apaixonado.
Alternativa c: incorreta. Pela leitura do trecho, não há aspectos fantasiosos no Vale de Santarém. Alternativa d: incorreta. A beleza local não representa a idealização do amor. Alternativa e: incorreta. A figura feminina não representa a beleza do local.
Anotações
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PORTUGUÊS 2
Aula
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A poesia romântica portuguesa / Romantismo no Brasil
Almeida Garrett inicia o Romantismo em Portugal(1825) com o longo poema “Camões” (sobre a vida deLuís Vaz de Camões), no qual ressalta, sobretudo, a vida
amorosa do poeta. Soares de Passos e João de Deus tam- bém fizeram de seus poemas instrumentos para alcançara alma de seus leitores, a famosa alma lírica portuguesa.• Garrett ainda publicou a peça teatral Frei Luís de
Souza, drama ambientado no século XVI; trata-sede uma história que se apoia em fatos reais, masficciona parte deles. Manuel de Sousa Coutinho –militar, político e historiador – casa-se com DonaMadalena de Vilhena, viúva de D. João de Portu-gal, morto na Batalha de Alcácer-Quibir (1578), oqual lutou bravamente ao lado de D. Sebastião, reidaquele país. Anos mais tarde, D. João aparece, eo casal (Madalena e Manuel) decide dedicar-se à
vida religiosa. Diz-se que passaram seus últimosdias trabalhando pelos pobres no Peru.
• O Romantismo no Brasil tem início em 1836(Suspiros poéticos e Saudades, de Gonçalves de
Exercícios de Sala
Castro Alves.
1 Relacione cada frase ao nome de um autor e aseguir assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta dos números.I. Tomás Antonio GonzagaII. Álvares de Azevedo
III. Gonçalves DiasIV. Fagundes VarelaV. Castro Alves
É o autor da obra Lira dos vinte anos e elevoua poesia da dúvida à mais alta intensidade comestilo cheio de tons velados e de meias-tintas.
Suas poesias americanas mostram os aspectos positivos da natureza brasileira para o que muitoconcorrem a imaginação e a fantasia.
Imaginação e sensibilidade aliadas ao poderverbal dão um toque vertiginoso às suas metá-foras, ponto alto do Romantismo brasileiro.
Magalhães) e seabrigou sob três ge-rações: nacionalista/
indianista (Gonçal-ves Dias); ultrarro-mântico (Álvares deAzevedo e Casimirode Abreu) e social(Castro Alves).
• Na prosa, a literatu-ra apareceu com osfolhetins ( A moreni-
nha e O moço louro,de Joaquim Manuel de Macedo), que retratavam avida social do Rio de Janeiro; aos poucos, ganhou jornais e revistas para contentar os burgueses que
seguiam os capítulos publicados semanalmente.Alencar foi um dos mais lidos de sua época.
• Vertentes do romance romântico no Brasil: socialou urbano, indianista, regionalista e histórico.
Assinale a sequência correta.(a) III, II e V.(b) II, III e V.(c) IV, I e III.(d) I, V e III.
(e) IV, III e I.
Orientações
Lembre os alunos de que a poesia romântica em Portugal teve seu ponto mais alto na produção de
Almeida Garrett e de Soares de Passos (Garrett publicou também obra teatral, Frei Luís de Souza, uma
história mirabolante e que narra o amor de Madalena de Vilhena, viúva, e de Manuel Coutinho, militar,
político e historiador).
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44 PORTUGUÊS
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GUIA DE ESTUDO
Português / Livro 2 / Frente 2 / Capítulo 7
I. Leia as páginas de 167 a 177.II. Faça o exercício 6 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos 7, 9 e 21.
2 A segunda geração da poesia romântica no Bra-sil recebeu o nome de ultrarromântica e foi influencia-da por europeus famosos e brilhantes, como LordByron e Alfred de Musset. No Brasil, seu principalrepresentante é Álvares de Azevedo. O texto que vocêlerá é de Casimiro de Abreu, e nele prevalece um temaespecial dessa época. Depois de ler o texto, assinalenas alternativas sobre o que se trata.
[...] Como são belos os dias
Do despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã![...]
Trata-se de:(a) evasão para a infância.
(b) busca de lugar ideal para se viver.(c) constatação de que a vida é somente bela na in-
fância.(d) medo de viver no mundo adulto e corrompido.(e) infância é o melhor tempo da vida humana.
3 Enem 2010
Soneto
Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encostoTento o sono reter!... já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.
Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!
Álvares de Azevedo. Obra completa. Rio
de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.O núcleo temático do soneto citado é típico da segun-da geração romântica, porém configura um lirismoque o projeta para além desse momento específico.O fundamento desse lirismo é:(a) a angústia alimentada pela constatação da irrever-
sibilidade da morte.(b) a melancolia que frustra a possibilidade de reação
diante da perda.(c) o descontrole das emoções provocado pela auto-
piedade.(d) o desejo de morrer como alívio para a desilusão
amorosa.
(e) o gosto pela escuridão como solução para o so-frimento.
Mostre para os alunos que no Brasil, o Romantismo possuiu características muito especiais que coincidiram
com o momento histórico imediatamente posterior ao da Proclamação da Independência (1822). A burguesia,
a publicação dos folhetins românticos, a poesia e os temas que agradavam às classes privilegiadas ganharam
notabilidade e nunca se leu tanto como naquele período.
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Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: B. Álvares de Azevedo é o autor de Lira dos vinte anos; Gonçalves Dias, em suas poesias americanas, valorizou a paisagem
natural brasileira; Castro Alves usa metáforas de grande amplitude para escrever sobretudo sua poesia abolicionista.
2 Alternativa: A. A evasão para a infância é também uma das características mais importantes do Romantismo. Professor(a): lembre-se de enfatizar que o escapismo (evasão) dá-se também para a morte, para lugares pitorescos e para
a Idade Média.
3 Alternativa: D. No poema, o desejo da morte é decorrente da desilusão amorosa; a terceira estrofe traduz esse sentimento:
“O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade”.
A metáfora da “escuridão” remete ao fato de o eu lírico, representado metonimicamente por “olhos”, pensar na morte pornão ter o objeto de desejo, a amada.
Anotações
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Aulas
33 e 34
45PRUGUÊSHEX II
PORTUGUÊS 2
Aula
18 Romantismo no Brasil, poesia e prosa
José de Alencar é um escritor de múltiplas verten-
tes e o único prosador indianista no Brasil. No india-
nismo, criou tipos inesquecíveis e procurou construir
personagens fortes, tipicamente brasileiros, que subs-tituíssem o herói medieval europeu: Peri (O Guara-
ni); Iracema e Ubirajara, que dão título aos romancesque protagonizaram. É o primeiro escritor brasileiroda época a delinear a psicologia feminina com seusromances Senhora, Diva e Lucíola. Em Senhora, Au-
rélia Camargo é uma heroína cruel, vingativa e orgu-lhosa. Mesmo assim, Alencar fez com que o público
se apaixonasse por ela e torcesse por sua felicidade.Mas ninguém se atreveu tanto durante o Roman-
tismo como Manuel Antônio de Almeida com o seu
único romance, Memórias de um sargento de milí-
cias. Cronologicamente pertencente àquela época,
desafiou os parâmetros da escola e foi além, enfo-cando não em um herói, mas em um malandro cario-ca, vagabundo e desocupado, capaz de transtornar avida do padrinho. Os capítulos dos folhetins narram
a vida da capital do Brasil e seus tipos humanos típicos.
A poesia romântica bra-
sileira de Gonçalves Diasdesenvolveu uma temática
ligada ao herói brasileiro,o indígena, embora o poetatambém produzisse poesianacionalista e patriótica.
Ficaram famosos seus poemas “I-Juca Pirama”e “Os Timbiras”, cujo
tom épico e ritmo marcialdão configurações típicasdesse escritor. É preci-so que não se esqueça, porém, que Gonçalves Diastambém fez poesia lírico-amorosa e nacionalista. O
poema “Canção do exílio” é exemplo típico da obra
nacionalista gonçalvina; na lírico-amorosa, seu poe-ma “Ainda uma vez, Adeus!” é entretecido de liris-
mo intenso, típico do Romantismo que trabalha coma separação, a busca do perdão, a perda amorosa e oarrependimento.
Exercícios de Sala
José de Alencar.
1 Enem 2012
“Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu
biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista quecolecionava desafetos, azucrinava D. Pedro II e acabou
inventando o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-
1877), o conhecido autor de O guarani e Iracema , tido
como o pai do romance no Brasil. Além de criar clássicos
da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e
históricos, ele foi também folhetinista, diretor de jornal,
autor de peças de teatro, advogado, deputado federal
e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das
múltiplas facetas desse personagem do século XIX, parte
de seu acervo inédito será digitalizada.História Viva, n. 99, 2011.
Com base no texto, que trata do papel do escritor Joséde Alencar e da futura digitalização de sua obra, de-
preende-se que:
(a) a digitalização dos textos é importante para que osleitores possam compreender seus romances.
(b) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi im- portante porque deixou uma vasta obra literária
com temática atemporal.
(c) a divulgação das obras de José de Alencar, por
meio da digitalização, demonstra sua importância para a história do Brasil Imperial.
(d) a digitalização dos textos de José de Alencar terá
importante papel na preservação da memória lin-guística e da identidade nacional.
(e) o grande romancista José de Alencar é importante
porque se destacou por sua temática indianista.
Orientações
Apresente a poesia brasileira para os alunos, enfatizando que ela não seria a mesma se não estivessem presentes autores como: Gonçalves Dias, da primeira fase romântica (poesia indianista, épica e lírica); dele,“Canção do exílio” e “Ainda uma vez, Adeus!” são os poemas mais conhecidos. Na prosa, ressalte o trabalho
de Alencar e seus romances de características urbanas (Senhora), indianistas ( Iracema) e regionalistas(O Gaúcho). Alencar foi o autor da época que mais se dispôs a traçar um perfil feminino de valor.
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Aula
46 PRUGUÊS
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2 Leia o texto a seguir:
– Miguel!...
Olhares ansiosos seguiam Berta, que se afastava
lentamente de Miguel na direção das Palmas.
Jão, vergado sobre o cabo da enxada e agitado por
veemente comoção, parecia despedir-se de si, para se
precipitar aos pés da menina. Brás, cavado o semblante
por violentas contorções, arrancava os cabelos da grenharuiva, e mordia o beiço para não gritar. Zana estendia os
braços hirtos, e no afã de alcançar Berta e apertá-la ao
seio, rojava-se pela grama.
Miguel falava com fervor, e a fronte gentil da meni-
na pendia com lânguida e meiga inflexão, como nenúfar
que se debruça à beira do regato e não tarda a ser leva-
da pela corrente que o enamora.
Afinal o moço enlaçou com o braço a cintura da me-
nina, e a atraiu sem que ela lhe opusesse a mínima re-
sistência. Pousando a cabeça trêmula no ombro de seu
companheiro de infância, deixou-se Berta levar, embala-
da por um sonho fagueiro.
O trecho pertence ao capítulo XXIII do romance Til ,
de José de Alencar. Trata-se de romance regionalista, o
que torna o tratamento da ambiência e as personagens
muito diferentes dos romances sociais (tome Senhora
como exemplo). Encontre no trecho um exemplo que
indique filiação a tal vertente.
3 Fuvest 2012 Leia o excerto de Memórias de um sar-
gento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida,
para responder ao que se pede.
Caldo entornado
A comadre, tendo deixado o major entregue à sua
vergonha, dirigira-se imediatamente para a casa onde
se achava Leonardo para felicitá-lo e contar-lhe o de-
sespero em que a sua fuga tinha posto o Vidigal. [...] Acomadre, segundo seu costume, aproveitou o ensejo, e
depois que se aborreceu de falar no major desenrolou
um sermão ao Leonardo, [...]. O tema do sermão foi a
necessidade de buscar o Leonardo uma ocupação, de
abandonar a vida que levava, gostosa sim, porém sujeita
a emergências tais como a que acabava de dar-se. A
sanção de todas as leis que a pregadora impunha ao seu
ouvinte eram as garras do Vidigal.
Você concorda com as afirmações que seguem? Justi-
fique suas respostas.
a) Vê-se, no excerto, que a comadre procura incutir
em Leonardo princípios morais destinados a cor-rigir o comportamento do afilhado.
b) No sermão que prega a Leonardo, a comadre ma-
nifesta a convicção de que o trabalho é fator deci-
sivo na formação da personalidade de um jovem.
GUIA DE ESTUDO
Português / Livro 2 / Frente 2 / Capítulo 7
I. Leia as páginas 169 e 170 (Gonçalves Dias) e 178
e 179 (José de Alencar).II. Faça o exercício 7 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos 14, 47 e 69.
Anotações
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Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: D. O autor que “acabou inventando o Brasil” não tem reduzida, segundo o texto, a sua importância para a concepção do
indianismo (como afirma a alternativa e) nem tem sua importância restrita à história do Brasil no século XIX: é precisopreservar o autor e sua obra por sua importância plural no jornalismo, na dramaturgia, na política; além, é claro, do fatode ser “tido como o pai do romance no Brasil”.
2 O uso da linguagem é o exemplo adequado: “Jão” por João; a comparação da menina com o nenúfar que se debruça à beirado regato é também uma bela construção da vertente.
Professor(a), não dê como exemplo de regionalismo a palavra beiço, pois ela era usada, por influência portuguesa, paradesignar lábios.
3 a) A afirmação está correta, pois está explicitado, no sermão mencionado, que a comadre está preocupada com as atitudesdesalinhadas e com as consequências da vida libertina do seu afilhado. Era preciso, para Leonardo, “uma ocupação, deabandonar a vida que levava”, e as consequentes punições devidas à sua vida libertina e vadia. As sanções seriamaplicadas, sobretudo, pelo major Vidigal, personagem que representa a polícia carioca e que, no decorrer do romance,prende Leonardo algumas vezes.
b) A afirmação está incorreta. Não há, em nenhum trecho do sermão, a convicção de que a comadre deseja que Leonardotenha um emprego; ao contrário, ela admite que o seu afilhado levava uma vida “gostosa sim”. A preocupação centralrelaciona-se às possíveis punições acerca do estilo de vida malandro do anti-herói Leonardo.
Anotações