Download - 1 OFTALMOWGIA GERIATRICA (*)
PROGRÉSSOS RECENTES DA TERAP~UTICA OFTALMOLóGICA
"TERAP~UTICA El\'1 OFTALMOWGIA GERIATRICA" (*)
Generalidades: Inicialmente, precisamos deixar bem claro, o que se deva en. tender por recentes progressos na tera. pêutica oftalmológica geriatrica.
Não poderíamos ter a menor pre. tensão, em trazer contribuição de importância para êste têma, pelo único motivo que, tôda terapêutica nova ou recente é logo divulgada pelos livros e revistas da especialidade.
Em Medicina, as descobertas resultam de pesquizas demoradas, e seu valor só tem caráter definitivo, depois de pro. longada observação. .
Estas são as razões, porque, neste interessante capitulo da terapêutica oftalmológica, vamos procurar reunir e, principalmente, salientar, os medicamentos novos, mais úteis, e que na prática diária, tenham dado os melhores resultados, fazendo omissão proposital, na citação de nomes de produtos sem suficiente ex-periência clinica.
A terapêutica oftalmológica na ge. riatria, tem por finalidade primordial, proteger a visão do velho do efeito deletério da involução organo.funcional, mais ou menos marcada que se verifica na época da senilidade.
A rapidez do envelhecimento pode se manifestar de maneira segmentar, atingindo preferentemente certos órgãos ou sõmente certas ;funções. As alterações senis podem ter seu início geralmente desde o raiar dos 40 anos de idade, cons. tltulndo um problema todo individual.
"O gráu de envelhecimento não po. deria mesmo ser determinado por um algarismo fixo e imutável, por uma simples relação numérica''.
A afirmação de Osler, ao dizer que "o horr..em é tão velho quanto suas artérias", é contrariada pelos especializados em Geriatria, os quais declaram que "o
LUIS A. OSORIO
homem é tão velho quanto sua visão e sua imaginação".
A velhice normal e a patológica se confundem durante a nossa existência, mas, na prática da clínica, precisamos distinguir as majnifestações fisiológicas de senescência das suas condições pato. lógicas.
Isto só é possível, baseado em certas modificações fisiológicas e bio-químicas, sem desprezar as predisposições hereditárias.
Feitas estas considerações iniciais, estamos em condições de rever qual a terapêutica mais adequada para tratar as doenças oculares do velho, escolhendo nem sempre a mais -'nova ou recente''.
TERAPt:UTICA DAS INFLAMAÇOES OCULARES NO VELHO
Sobressae pela sua grande importância o aparecimento dos anti-bióticos na moderna terapêutica oftalmológica, os quais vieram constituir uma grande re. volução nos processos terapêuticos.
Nestes últimos anos tem surgido novos anti-bióticos, sendo inútil citá-los no. minalmente.
O problema atual que deparamos é a dificuldade em fazer a escôlha do antibiótico para uso terapêutico, tal a variedade destes produtos.
A sua descoberta modificou por com. pleto o curso inexorável de inúmeras infecções oculares, simplificando em muito o tratamento e o processo de cura.
A tendência atual é de se recomendar a terapêutica combinada dos antibióticos, mas considerável controvérsia ainda se nota na literatura com relação ao seu verdadeiro valor.
Neste particular a conduta por nós esposada é a seguinte: uso de um único
( 0 ) Capitulo do Tema Oficial apresentado ao Con1re110 Pan·Amerlcano de Oftalmololfa realizado em Janeiro 4e lHO, em Caraca1, Venezuela.
58 ANAlS DA FACULDADE DE MEDICINA DE l'ORTO ALEGRE
anti-biótico e terapêutica combinada para casos especiais e para certas circunstâncias.
As infecções oculares no velho po. dem ser classificadas: resistentes ou sen. síveis aos anti-bióticos.
Nestes casos de resistência devemos investigar:
1 - Se a dosagem é insuficiente ou a via de administração não está sendo a correta.
2 - Se a indicação do antibiótico não está sendo exata.
3 _,.. Se as defesas do organismo do ve. lho estão muito enfraquecidas.
4 - Se a maior dificuldade reside em isolar o germe causador da infec. ção, afim de se fazer a escôlha do antibiótico.
5 - Se está indicado o uso da terapêutica combinada dos antibióticos.
6 - Se está indicado o uso dos antibióticos com a terapêutica inespecífi. ca.
A prescrição de antibióticos sob as mais diversas formas de colírios ou pomadas está tão vulgarizada que os adstringentes ,:ttilizados até há bem pouco tempo, estao sendo !esquecidos. Somos no entretanto da mesma opinião de Reds. lob que em artigo recente proclamava ainda os excelentes resultados do Sufato de zinco em certas conjuntivites.
A Oftalmologia é a grande benefici. ária da descoberta dos hormônios córticotropos e córticoesteróides, êles vieram trazer também grandes progressos às infecções oculares do velho, devido às suas propriedades anti-inflamatórias e anti. exsudativas.
A cortisona deve ser reservada para as doenças oculares graves, sob a forma de colírio, mas não possuindo senão um efeito transitório sôbre o processo inflamatório deve ser completada pela terapêutica etiológica.
O emprêgo da Cortisona em Oftal. mologia é talvez um dos medicamentos que mais ràpidamente se difundiu e seus resultados terapêuticos podem ser resumidos no seguinte:
1 - Ação excelente nas conjuntivites épisclerites, esclerites, queratites:
2 - Ação favorável nas uveites. 3 - Ação também razoável sôbre certas
infecções inflamatórias e exsudativas do polo posterior do globo ocular.
4 - Ação por vêzes favorável sôbre as hipertensões e hipotensões intra-o. culares secundárias.
Depois da notável descoberta da Cortisona, seguiram-se outros produtos mais ativos e mais tolerados, Hidrocortisona, Prednisona, Prednisolona, Flúor-Prednisolona, Triamcinolona, Metilprednisolona e finalmente Dexametasona.
Com o aparecimento das Sulfas e posteriormente dos anti-bióticos e cortisona a moderna terapêutica anti.infla. matória em Oftalmologia, relegou para um plano secundário todos os medicamentos considerados outrora como eficazes.
A fim de evitar insucessos no emprêgo da terapêutica anti-infecciósa, recomenda-se insistir na realização dos tests de sensibilização (Antibiograma), quan. do possível. O antibiograma fornece informação somente com referência ao po. der bacteriostático. Para determinar o poder bactericida deixando um mínimo de gérmes persistentes, à cargo dos elementos de defeza do organismo, o único processo consiste em aumentar a dose e em alguns casos proceder com prudência.
Finalmente um outro produto que veiu enriquecer a terapêutica anti-inflamatória é a Butazolidina (Irgapyrin) cujos resultados são por vêzes brilhantes, principalmente nas Iridociclites agudas. O seu efeito anti-flogistico e analgésico é explicado por mecanismo complexo de origem hipotalamica, determinando aumento da resistência dos capilares, com diminuição da permeabilidade vascular.
BIBLIOGRAFIA
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TERAP~UTICA DA ALERGIA OCULAR NO VELHO
A introdução em terapêutica oftal-
mológica dos anti-histaminicos e princi. palmente da Cortisona, contribuiu para simplificar a cura clínica da alergia ocu. lar. Devemos acentuar no entretanto, que o fenômeno alérgico não se resume numa liberação de histamina ou numa reação antigeno-anti.corpo, mas é certo que as perturbações vasculares, predominam nos alérgicos e em particular as ai. terações da permeabilidade capilar, sôbre as quais os anti-histaminicos exercem grande ação.
Na terapêutica da alergia ocular, os anti-histaminicos e córticosteróides vieram trazer grande beneficio momentâneo para os pacientes, mas êstes medicamentos não afetam o estado imuno-bi. ológico, somente melhoram e suprimem a doença sem produzir a cura. Impõe-se aumentar ou reforçar as defezas orgânicas, através da vacinação e desensibiliza. ção.
Finalmente, como importante con. tribuição para a terapêutica da alergia ocular do velho, a moderna psicoterapia colabora também para o sucesso do tratamento.
BIBLIOGRAFIA
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TERAPeUTICA DA DIABETES OCULAR NO VELHO
O tratamento moderno da diabete melhora o estado geral e prolonga a vida dos pacientes, evitando o aparecimento de complicações oculares.
Atualmente são empregados dois tipos de insulina, a insulina comum e as insulinas de ação retardada (!sulina protamina.zinco, Insulina protamina-cristalizada N. P. H.) e ultimamente, do ano de 1955 para cá, tem-se· utilizado as Sul· famidas hipoglicemiantes.
A tendência de hoje é dar mais importância ao uso da insulina do que prà.
62 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE
a finalidade de retardar a evolução e atenuar suas consequências.
A correção da hipo-heparinemia, poderia segundo alguns autôres, vir à constituir fator preventivo da arterioescleróse.
Os fatôres lipotrópicos (lipocaico, colina, metionina, inositol, isolados ou associados) também encontram justificação no emprêgo da artérioescleróse, sempre associados com a Vitamina B .
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Os estrógenos aumentam a heparinemia e libertam dos tecidos substâncias heparinóides, sendo úteis como adjuvantes. A Heparina por sua vez dâ bons resultados na artérioesclerose, mas temos certas reservas devido aos seus inconve. nientes.
Finalmente um dos produtos que positivamente constitue uma grande conquista para a moderna terapêutica da ar. térioesclerose é o ácido Feniletilacético, cuja aplicação vem se fazendo cada vez mais inibidor da síntese do colesterol. Citam os autôres, nítida redução da hipercolesterinemia com êste medicamento na proporção de 75 à 80% dos casos?
A terapêutica das lesões vasculares retinianas, particularmente na Trombo. se ou obstrução, produzida geralmente pela artérioesclerose, necessita de um esclarecimento importante com relação ao seu resultado.
No caso de Trombose da veia central da retina, se a obstrução fôr sômente por estagnação, com esclerose secundâria dos vasos retinianos, o prognóstico serâ favorâvel com o uso da terapêutica anti. coagulante, vaso-dilatadora e ocasional. mente anti-inflamatória, 1l!ita precôcemente. Se a obstrução for por estagna. ção, mas tiver a escleróse como fatôr e. tiológico primârio, então o resultado serã sempre negativo.
Lembramos que a Vitamina E deve ser usada como terapêutica complementar, para aumentar a produção de Heparina endógena e agir também como anti. coagulante, necessitando de um uso continuado, durante muito tempo, nas pessoas idosas portadoras de esclerose. O emprêgo de Rutina e Vitamina C também não pode ser esquecido nos velhos.
BIBLIOGRAFIA
Smirk, F. H. - Rec. Progr. in Med. 1 (5): 442 1956.
TER~UTICA DOS TUMORES OCULARES NO VELHO
O tratamento do Câncer ocular no velho, conta com alguns agentes terapêuticos, que dão alívio temporário aos pa. cientes, uma vez que ainda não foi possível conseguir a sua cura.
A adminstração de estrógenos produz remissão de 80% dos sintomas e os hormônios córticoesteróides e córticotropos apresentam-se de grande valor em certos linfomas e manifestações oculares leucêmicas.
Substâncias rádio-miméticas como as mustardas nitrogenadas e sulfurósas e agentes como o Triethylene Melamina (TEM), Triethylene Phosphoramide .. (TEPA), Triethylene Thiophosphoramide (thio TEPA) e o Chlorambucil tem sido experimentados nestes últimos anos no Câncer ocular com :celativo sucesso.
Reese, sômente hâ 3 anos, tem colhido excelentes resultados fazendo uma combinação de Radioterapia profunda e Quimioterapia com o TEM. A vantagem dêste processo é que se a Radioterapia fôsse aplicada sôzinha, a dosagem precisaria ser maior e bem controlada, ao passo que quando combinada ao TEM, ela seria muito menor, quer dizer menos da metade.
A Radio-isótopo-terapia constitue o mais moderno ramo da Radioterapia, pois hâ muito que os seus 2 ramos antigos, Roentgenterapia e Curieterapia ou Radioterapia vem sendo usados no tratamento de vârios processos oculares.
O maior interêsse e esperança, concentra-se no emprêgo dos Radio-isótopos. A terapêutica pelos Radio-isótopos consiste na utilização das radiações iont. zantes emitidas pelos isótopos radio-ativos naturais ou artificais, juntamente com a Ciclotronterapia e a Beta terapia.
Os radio-isótopos emitem 1.3 radiações: alfa, beta e gama ao mesmo tempo, ou sômente duas ou uma isoladamente.
A escôlha do emprêgo destas radiações tem grande importância na terapêutica dos tumores do ôlho do velho. A
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radiação beta seria ideal para o tratamento dos tumores superficiais. A radiação gama, formada à custa das radiações eletromagnéticas, de comprimento de onda muito curto, possuindo maior poder de penetração ,são usadas no tra. tamento das lesões mais profundas, os tumores intra-oculares.
Finalmente, a radiação alfa de grande valor no tratamento de afecções oculares superficiais é empregada naquêles casos que nc;ccssitam um máximo deradiação com um mínimo de prejuízo para as estn:turas profundas.
Para o futuro, acreditam os autores, que as radiações alfa possam ter maior emprêgo na terapêutica oftalmológica do que as radiações gama e beta.
1l:ste campo do emprêgo dos raios alfa em terapêutica oftalmológica encontra-se ainda inexplorado, à espera dos pesquisadores.
Os trabalhos de Meyer-Schwickerath revelam um novo método terapêutico a foto-coagulação dos tumores do fundo de ôlho e da iris que certamente se rão bastante promissores.
BIBLIOGRAFIA
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TERAP:fl::UTICA DA CATARATA SENIL
O incessante crescimento do cristalino está condicionado aos processos metabólicos, razão porque é preciso compreender as modificações que êle sofre no decorrer da vida . A medida que êle envelhece, contém cada vez menos substâncias necessárias ao catalismo dos glu. cidios, restringindo sua atividade metabólica às camadas superficiais. A deshidratação gradual e escleróse de suas fibras corticais tornam o cristalino pràticamente só núcleo, com o progredir da idade.
Na catarata senil as fibras opacas encontram-se em degenerescência, motivo porque o tratamento médico torna-se inoperante.
No estado atual de nossos conhecimentos só a terapêutica cirúrgica da ca. tarata senil constitue o processo de escôlha.
A moderna cirurgia da catarata senil veio recentemente se juntar um revolucionário método de Zonulolisis Enzimática, idealisado por Joaquim Barra. quer, que· facilita em muito a zonulotomia, evitando desta forma as frequen tes ruturas da cristaloide, perdas de vítreo, iridociclites traumáticas e descolamentos da retina.
A "Zonulotomia química'' de Joa. quim Barraquer com a alfa-quimo-tripsina obtida do pâncreas bovino, segundo técnica de Kunitz e purificada até a cris. talização, depois de dialisada e liofilisada é dissolvida em solução fisiológica de cloreto de sódio no momento de ser utilizada.
Os resultados obtidos com esta técnica, introduzida desde maio de 1958, pelo Professor Ivo Corrêa Meyer na Clínica de Olhos da Faculdade de Medicina de Pôrto Alegre, foram tão bons, que se tornou processo de rotina na Cirurgia da Catarata Senil, comprovando desta ma. neira a genial descoberta do consagrado especialista espanhol Dr. Joaquim Barraquer.
64 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE
Isto se tornou possível graças aos esforços do Prof. Homero Jobim e seus colaboradores do Laboratório Geyer de Pôrto Alegre.
BIBLIOGRAFIA
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TERAP.tUTICA DO GLAUCOMA NO VELHO
A b r a n g e duma maneira genérica duas classes de tratamentos: o médico e o cirúrgico.
Com relação ao emprêgo do tratamento médico, devemos dizer que é todo baseado no uso dos medicamentos hipotensores, com a finalidade única e primordial de reduzir a tensão ocular. Seria de bom alvitre afim de facilitar a bôa compreensão do mecanismo de seus efeitos, classificar os medicamentos hipotensores da maneira .seguinte: A) aqueles que diminuem a resistência do escoamento do aquoso e aqui estão en. quadrados a clássica e eficiente terapêu. tica pela pilocarpina e eserina; B) aqueles que reduzem o débito do aquoso, verdadeiros inibidores de sua formação, a adrenalina e o consagrado Diamox.
A pilocarpina e eserina sabemos que não provocam sômente a mióse, atuam também melhorando a circulação ocular,
dilatando os capilares, abrindo novos distritos capilares, aumentando o fluxo sanguíneo e reduzindo enfim a resistência ao escoamento, sem causar fenômenos tó. xicos de somenos importância.
Estas seriam as razões porque os novos mióticos ainda não conseguiram substituir a velha terapêutica pilocarpina + eserina.
Quanto ao emprêgo da adrenalina, somente nos casos de Glaucomas crônicos de ângulo aberto, não constitue nenhuma novidade, pois desde o ano de 1923 que vem sendo preconizada por Hamburger, mas, trabalhos recentes de Goldmann, Weekers e Prizot, reavivaram o interêsse do seu efeito salutar, não só na melhora das condições de escoamen. to do aquoso, mas também principalmente na redução de sua formação.
O Diamox ou Acetazolamide, inibidor da anidrase carbônica, continua sendo a descoberta de maior sucesso dos úl. timos tempos no tratamento do Glauco. ma, e seus estudos clínicos e experimentais, permanecem ainda na ordem do dia.
o mecanismo intimo pelo qual êle suprime parcialmente a formação do aquoso, ainda não poude ser perfeitamente estabelecido . E' melhor ficarmos por ora, com a hipótese de que êle exerça a. ção por inibição da inidrase carbônica local no ôlho, e não devido à alguma ação sistêmica.
E' inegável que o Diamox constitue uma das maiores conquistas da moderna terapêutica do Glaucoma, sua administração é seguida por acidose e quando associado ao uso dos mióticos, reforça o efeito dêstes últimos, normalisando a tensão ocular.
O tratamento prolongado pelo Diamax pode oferecer duas dificuldades dig. nas de serem citadas, a primeira, perda progressiva da eficácia do tratamento e a seguinte, aparecimento de fenômenos de jntoxicação ou intolerância.
A titulo de curiosidade, citamos ou. tros medicamentos utilizados recentemente no Glaucoma: Dichlorphenamida de efeitos semelhantes ao Diamox; Chlorothiazida sem resultados no Glaucoma; Neptasane substância das mais promissoras para substituir o Diamox; Squibb M-C 9367 necessitando de uso prolongado e de efeitos tóxicos sistêmicos; Cardrase novo composto Sulfamidico, indicado na.
ANAIS DA FACULDADB DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 65
queles casos que o Diamox não é bem tolerado e com a vantagem de ser usada metade rta dose necessâria para êste último produto.
Os tranquilizadores, tais como, a Rauwolfia serpentina, Chlorpromazina e Fenobarbital possuem também apreciâvel efeito sôbre a tensão intra.ocular, devido a sua ação diencefâlica.
Ao falar ainda do tratamento médico do Glaucoma não poderíamos esquecer os fatôres que limitam o seu emprêgo, uns dependendo da evolução da doença, outros dependendo do próprio pa. ciente.
E' então aqui que nos voltamos para o tratamento cirúrgico do Glaucoma.
Antigamente praticava-se cirurgia do Glaucoma em condições bem adver sas, com tensão ocular elevada, hiperemia e congestão do ôlho, midriase e fortes dores oculares. Esta fase felizmente jâ se encontra superada, graças ao uso dos inibidores da anidrase carbônica, tranquilizadores, anestesia potencializa. da e pela mais nova contribuição na ci. rurgia do Glaucoma, utilizada na Clínica Oftalmológica da Faculdade de Medicina de Pôrto Alegre, o emprêgo doSoro gelado como retrator do corpo vítreo e excelente vaso-constritor ocular.
Com êste processo são possíveis as intervenções de extração do cristalino nos Glaucomas absolutos, sem nenhuma perda de vítreo.
Quanto aos Glaucomas secundârios, L. Weekers insiste nos efeitos hipotenso. res da Atropina na Uveite hipertensiva, êste midriâtico reduziria os fenômenos congestivos e inflamatórios e por êste mecanismo a tensão ocular baixaria .
A cortisona teria a mesma finalidade, mostrando-se sem efeito na hipertensão do Glaucoma primârio.
A associação da atropina e cortisona constitue portanto a terapêutica ideal da hipertensão consecutiva à inflamação uveal.
Na maioria êstes medicamentos di. minuem a resistência ao escoamento do aquoso, perdendo sua ação hipotensora nos casos antigos devido as lesões se tornarem irreversíveis.
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66 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE
TER~UTICA DAS VIRóSES NO óLHO DO VELHO
As doenças oculares produzidas pe. los virus, apresentam problemas de terapêutica que não podem ser resolvidos senão por um profundo conhecimento da Virologia em Geral.
E' somente ~epois de se conhecer êstes princípios gerais que poderemos es. colher qual a terapêutica mais adequada para cada tipo de vírus.
Vários tipos de conjuntivites e queratites no velho são atribuídas à vírus e por ordem de frequência temos o Tracoma, que não é mais· classificado entre os vírus, mas considerado como grupo intermed1ário entre os vírus e as rkket. tsias e respondendo bem à terapêutica sulfamidica.
Bietti ao estudar o tratamento do Trace ma distingue: 1) "Meios que possuem ação eficáz sô
bre o quadro microbiológico próprio do Tracoma, eliminando as granulações e as complicações corneanas: Sulfamidas e em menor gráu as Sulfo::las, podendo ser usados também a Penicilina, Terramicina, Tetraciclina sintética (Acromicina), Eritromicina e a Magnamicina.
2) Meios que só atuam sôbre a flóra bacteriana associada ao Tracoma, melhorando as manifestações agudas ou sub-agudas, mas não exercendo ação sôbre o quadro microbiológico característico do Tracoma: Estrep. tomicina, Néomicina, Viomicina, Tirotricina, Furacina e o Lisozyma.
3) Meios poucos ativos ou inativos sô· bre o Tracoma propriamente dito, não só sob o ponto de vista clinico e microbiológico, como tr11bém nas infecções bacterianas superpostas: Acido para.aminosalicilico, Tiosemicarbazona, Isoniazida e Acido paraaminobenzoico.
4) Meios como a Cortisona, os Extratos placentários e a Toxina de KochWeeks possuem uma ação agravante sôbre os casos de Tracoma ainda não curados. " A querato-conjuntivite e queratite
herpética de consequência visual bastante grave, à despeito dos atuais conheci. mentos que possuímos do virus herpético, poucos progressos tem feito não só
quanto a diagnóstico laboratorial mas também em relação à sua terapê~tica.
A finalidade do tratamento reside atualmente mais em proteger a córnea contra as cicatrizes e prevenir as recidivas.
Marin Amat, em artigo recente, es. tuda o fenômeno da interferência dos vírus e propõe o emprêgo da vacinação anti.variólir.a como tratamento da queratite herpética. Ao explicar o mecanismo de ação dêste tratamento se reporta aos estudos de Magrassi e Hoskins os quais observaram que em diversas condições experimentais a invasão dum vi. rus podia proteger as células parasitadas contra a infecção de outro vírus homólogo ou heterólogo.
Não possuímos experiência clí'nica com êste tratamento.
As lesões tumorais produzidas pelo Molluscum contagiosum, geralmente a. companhadas por conjuntivites foliculares, quando estão assestadas sôbre o bordo livre das pálpebras, impõe seu reco. nhecimento precoce, afim de ser feita a remoção 'imediata tcomo única medida terapêutica.
As verrugas no bordo palpebral dos velhos são tratadas pela terapêutica cirúrgica, afim de evitar que elas invadam a conjuntiva, exercendo ação irritativa. Tanto a Conjuntivite do Molluscum contagiosum como a conjuntivite secundária à verrugas são insensíveis às Sulfas e aos anti-bióticos.
O tratamento das infecções por vírus, em conclusão, se limita à destruição do vírus in situ, de acôrdo com os nossos conhecimentos atuais.
Finalmente o Hérpes zóster oftálmi. co que atinge de preferência as pessoas idosas, causando dores lancinantes, não raro desmoralizam tôda e qualquer te· rapêutica.
BIBLIOGRAFIA
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DESCOLAMENTO DA RETINA NO VELHO
Como forma particular distinguimos o descolamento da retina nos velhos.
Esta forma não está em relação com a miopia, parece estar sob a dependência direta da arterioescleróse. As ruturas em geral encontram-se situadas no entre. cruzamento artério-venoso. A retina é particularmente frágil, encontrando-se ruturas múltiplas. Aqui a Resecção encontra sua indicação principal.
O descolamento, desde a época que Gonin idealizou a sua genial operação clássica de obstruir as ruturas da retina, nunca tinha feito tantos progressos co. mo de alguns anos para cá, com as no. táveis intervenções de Resecção escleral e suas variantes, com o implante de vítreo e a coagulação da retina pela luz.
As operações de Resecção vieram trazer grandes esperanças para aqueles casos de máu prognóstico que não respondiam ao tratamento pela clássica operação de descolamento. Estas novas contribuições trouxeram na verdade no. vo alento e entusiasmo para a terapêutt. ca do descolamento da retina.
De acôrdo com as classificações existentes, podemos dar preferência às operações que diminuem a área e o volu. me do globo ocular e aqui deparamos com a ·mais popular de tôdas, a Resec. ção esclexal lamelar, proposta por Scha. pland e Paufique e o Processo da Prega escleral externa, com a variante de Everetts utilizando suturas com seda e de Castroviejo clips de titanium.
Entre as operações que reduzem o volume do globo sem haver pràticamente nenhuma redução na área de sua superfície, citamos: 1) Inclusão da prega escleral com conservação de fino retalho escleral; 2) Prega escleral com inclusão dum tubo de polietileno (conhecida tam. bém pelo nome tle. operação d(e Sebe. pens); 3) Operação de Arruga, usando sutura de nylon em vez de tubo plástico e pregueando a esclera em tôda a circunferência do globo ocular; 4) Processo de Graham Clark utilizando a fascia lata em vez do tubo plástico e finalmente 5) A imbricação escleral de Kenneth SWan.
A implantação de vítreo no descola. mento da retina, operação denominada de Schafer, já praticada em mais de 200 olhos, sem reação ou perda dum único ôlho, constitue outra inovação das mais promissoras. Finalmente, um dos métodos mais engenhosos para tratar as ru. turas da retina foi descoberto recente. mente pelo Prof. Gerd Meyer Schwiekerath, da Universidade de Bonn, Alemanha, o qual consiste num aparelho que projeta uma luz de arco carbônico numa pequena área localizada na retina, aonde se encontra a suposta rutura. A intensidade dos raios corresponde ao dos ratos solares . :tl:ste método de cauterização pela luz cada vez torna-se mais a. preciado pelos oftalmologistas, resultando iflsubstituivel em algumas indicações.
A indicação máxima é nas ruturas maculares da retina, seguindo-se os descolamento planos da retina, com rutura periférica ou não e desinserções da ora serrata.
O emprêgo dêste processo em mais de 100 olhos, sem complicações, autorizou o autor à divulgar êste método tão interessante, quanto revolucionário na terapêutica do descolamento da retina.
BIBLIOGRAFIA
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Guy Maeder - Remarques sur la resec. tion sclérale lamellaire avec implantation d'un tube .de polyéthylene (Technique de Schepens) 445-459 Problémes actuels d' Ophtalmologie 1957.
Guillermo Picó - Recent advances in the management of retina! detachment 227-234 Am. J. Opht. February 1958.
José Casanovas y Antonio Olivella-Casals - La tecnica de foto cauterization de Meyer-Schwickerath 309-325 Ar. chivos de Oftalmologia Hispano-Americanos 1958.
M. Marin-Amat- Las ultimas operaciones dei Desprendimiento de la retina en los casos de grandes y antigas bolsas de liquido sub retiniano 868-873 Archivos de la Sociedad de Oftalmologia Hispano-Americana 1958.
Benjamin F. Boyn - Higlights of Ophtalmology vl. III n. 0 2 June 1958.
TERAPI!UTICA E HIGIENE OCULAR NO VELHO
Nos velhos é imperioso tratar e prevenir conjuntivites sub-agudas e crônicas, suscetíveis de engendrar ectropios das pálpebras inferiores.
Passada a idade dos 60 anos a presbiapia estaciona, não progride mais o enfraquecimento da acomodação, e tOda diminuição da acuidade visual quan. do aparece, requer exames minuciosos do cristalino, fundo de ôlho e tensão ocular, afim de ser descoberta qualquer alteração na fase inicial.
A recomendação das estâncias termais não pode ser esquecida, constitue um hábito salutar para os velhos portadores de afecções oculares, reumáticas, alérgicas ou tóxicas.
BIBLIOGRAFIA
P. Mérigot .de Tredgny - Hygiêne et prophylaxie oculaire 1561-1579 Thérapeutique Médicale Oculaire Tome li 1957.
DIETÉTICA COMO AUXILIAR DA TE· RAP~UTICA OFTALMOLóGICA EM
GERIATRIA
A suplementação vitamínica e de sais minerais para uso geriátrico na dietética dos pacientes idosos, ajuda a com. plementar a terapêutica oftalmológica. A abstinência de alimentos excitantes tais como café, chá e álcool favorece principalmente o tratamento das blefarites eczemáticas e artriticas dos velhos.
Bietti e Thygeson tem salientado ultimamente o inconveniente do excesso da ingestão de gorduras na cura total das blefarites. Quanto à administração da vitamina C é clássico prescrever aos pacientes com catarata senil, porém não temos esperanças de obter resultados compensadores.
A vitamina A por sua vez deve ser lembrada para os velhos desnutridos, com sintomas de hemeralopia.
A terapêutica dietética do hiperten. so com regime descloretado, redução de água, regimen exclusivo de arroz e frutas, só vem beneficiar e apressar a cura das lesões do fundo de ôlho.
Com relação à restrição de glicose nos diabéticos constitue ela a base da terapêutica da Retinopatia diabética.
Nos glaucomatosos crônicos é importante acentuar a redução dos líquidos em geral e particularmente quando houver alterações da vascularização a dietética assume lugar de primazia com a supressão das carnes temperadas, do café e do álcool.
BIBLIOGRAFIA
Jean Sedan - La diététique en Ophtal. mologie 1580-1585 Thérapeutique Médicale Oculaire Tome li 1957.
Ao concluir êste trabalho, estabele. cemos que ao aplicar a terapêutica oftalmológica em Geriatria, nunca será por demais lembrar que não tratamos o órgão visual isoladamente, mas tOda a per. sonalidade do velho.
As alterações psico-somáticas tão frequentes nesta quadra da vida, serão prevenidas, evitando condições precárias de saúde, como fadiga exagerada, com
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formações de alterações tóxicas, infecções crônicas latentes, abscessos alveolares), falta de exercício mental ou de ocupação.
O velho necessita da sensação de ser útil e com isso êle dã um verdadeiro sentido à sua jã longa existência.
A idéia de cegueira é tão grande no velho, a emoção que resulta é tão pro. funda que as alterações funcionais se superpõe à lesão ocular.
E' pràticamente impossível separar em Oftalmologia o .estado psíquico do somãtico, êles se confundem, haja visto o que acontece quando fazemos o diagnóstico de Catarata senil, êle trás consigo mesmo um terror injustificado da operação, que requer explicações à êstes pacientes nervosos e orientação, assim como à seus familiares, mostrando que a Catarata senil não é moléstia incurãvel e que atualmente possuímos recursos cirúrgicos bastante adiantados.
Nos glaucomatosos, doentes hiper. sensíveis por excelência, precisamos mais do que à todos os outros, tratar com carinho e prudência, instruindo-os para quE' saibam em que consiste a doença, a fim de obter a colaboração indispensãvel na preservação da cegueira.
A finalidade primordial de tôda tera. pêutica oftalmológica geriãtrica é antes de tudo proteger a visão do velho do efei. to deletério da involução organo.funcio. nal, mais ou menos marcada que se verifica na época da senilidade.
RESUMO
O autor inicia por explicar o que se dêva entender por recentes progressos na terapêutica oftalmológica geriãtrica, afirmando que em Medicina as descobertas resultam de pesquizas demoradas e que seu carãter definitivo só é possível depois de prolongada observação.
Após tecer comentãrios sôbre o li. miar da velhice normal e patológica declarfi se encontrar em condições de re. ver a ~erapêutica mais adequada para tratar as doenças oculares do velho, escolhendo nem sempre a mais recente.
Divide êste Capitulo nos ~eguintes assuntos: a) Terapêutica das inflamações oculares do velho; b) Terapêutica da alegria ocular no velho; c) Terapêutica
da Diabete ocular no velho; d) Terapêu. tica das afecções reumãticas oculares do velho; e) Terapêutica das Degenerações cório-retinianas no ôlho do velho; f) Te. rapêutica dos traumatismos do velho; g) Terapêutica da hipertensão e arterioesclerose retiniana no velho; h) Terapêutica dos Tumores oculares no velho; i) Terapêutica da Catarata senil; j) Tera. pêutica do Glaucoma no velho; k) Tera. pêutica das viroses no ôlho do velho; I) Terapêutica do Descolamento da retina no velho; m) Terapêutica e higiene ocular no velho; n) Dietética como auxiliar da Terapêutica oftalmológica em Geriatria.
Finaliza por tirar conclusões sôbre a oportunidade do emprêgo destas tera. pêuticas em Geriatria e salienta que a finalidade primordial é proteger a visão do. velho do efeito deletério da involução organo.funcional, mais ou menos marcada que se verifica na época da senilidade.
SUMMARY
The author begins explaining what one must understand by recent progress in geriatric ophtalmological therapeutics, old people's sickness, saying that in Medicine the discoveries result of slow res. earch and that their final character is only possible after long observations.
After commenting about the beginning of the normal and pathological oldness he declares being able to review the most convenient therapeutics to treat the ocular diseases of the old man, not always choosing the most recent.
He divides this Chapter in the follow. ing subjects:
a) Ocular inflammations therapeu. tics of the old man; b) Ocular allergy therapeutics in the old man; c) Ocular diabets therapeutics in the old man; d) Ocular rehumatic affections therapeutics of the old man; e) Chorion.retinal degeneracies therapeutics in the eye of the old man; f) Traumatism therapeutics in the old man; g) Retina! hypertention and arteriosclerosis therapeutics in the old man; h) Ocular tumours therapeutics in the old man; i) Senile cataract therapeutics; j) Glaucoma therapeutics in the old man; k) Virosis therapeutics
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in the eye of the old man; 1) Retin's dislocation therapeutics in the old man; m) Therapeutics and ocular hygiene in the old man; n) Dietetics as a help of the ophtalmological therapeutics in ge. riatrie.
Finishing he takes conclusions
about the chance of using these thera. peutics in Geriatrie and says that the main purpouse is to the protect the vision of the old man from the delete. rious effect of organic functional involution, more or less noted that happens at the time of senility.