1. Os Produtos Locais do “Douro Verde”
Considerando que a Dolmen tem como objecto fundamental de intervenção a promoção
do território de abrangência, é importante a valorização dos produtos locais, onde o
artesanato, os vinhos e a gastronomia merecem particular referência.
1.1 O Artesanato do “Douro Verde”
Com muitas semelhanças entre si, como é evidente, pela ruralidade que identifica a
região, o artesanato do território de abrangência da Dolmen é muito diversificado. No
entanto, sucintamente, pode dizer-se que este se baseia na cestaria variada, trabalhos em
madeira, bordados e outros trabalhos de mão, barro negro, latoaria, entre outras artes
muito próprias de determinadas freguesias, como é o caso das bengalas de Gestaçô.
1.1.1 Amarante
O barro negro de Gondar é uma das principais referências quanto
às artes tradicionais de Amarante. No lugar de Vila Seca, em
Gondar, existe a Casa do Oleiro, com oficina e uma pequena
secção museológica.
As peças concebidas são, essencialmente, a panela, o púcaro, o
assador, a caçoila, o cinzeiro, a vinagreira, a chocolateira, a
pingadeira, o pote, a bilha de água, o assador de castanhas, o
alguidar de arroz, o vaso, a cantara, o fundidor de ouro (em tempos
muito exportado para Gondomar), o tacho de duas asas e o picador
de alho. Figura 1 – Peça de barro negro (César Teixeira)
Esta olaria caracteriza-se por ser executada de forma muito rudimentar, recorrendo-se
com recurso a técnicas de produção muito antigas. A modelagem do barro é feita numa
roda baixa, muito próxima do chão e a sua cozedura é realizada em soenga (forno que
consta de uma abertura feita no solo). A cor negra da louça é conseguida pela cozedura
em atmosfera redutora.
Pesquisas históricas revelam que Gondar fazia parte de um núcleo importante de barro
negro que abrangia a freguesia do Gôve, no Concelho de Baião e a freguesia de S. Pedro
de Paus, em Resende.
Respondendo às necessidades das actividades agrícolas, a cestaria é uma das artes que
mais se evidencia. Na confecção dos cestos são utilizadas técnicas e ferramentas do
passado – o banco e o ferro de lavrar a madeira, a fouce, a sovelha e a navalha. O
Senhor Abel Silva é o único cesteiro do concelho de Amarante. Como matéria-prima
usa sobretudo o lódão. Em tempos, o artesão utilizava também a mimosa, castanho,
salgueiro e carvalho para a realização de cestos de vindima. Em tempos fazia sobretudo
cestos de vindima e condessas. Depois, o plástico e o abandono das terras provocaram
uma grande diminuição da procura. De mãos hábeis, Abel Silva adaptou-se aos novos
tempos e deixou de trabalhar a pensar apenas nas tarefas agrícolas. Passou a produzir
pequenas cestas e condessas de compras ou destinadas a decoração, abanadores e
mesmo cacifos para pescadores. Na confecção das peças que produz, Abel Silva usa
ainda as técnicas e ferramentas que herdou de seu pai – o banco e o ferro de lavrar a
madeira, a fouce, a sovela e a navalha.
Figura 2 – Trabalhos de cestaria (Sr. Abel Silva)
As rendas, os bordados, as mantas, os trabalhos em linho, as luvas e as meias de lã
constituem também importantes produtos artesanais do Concelho de Amarante.
Destacando duas jovens artesãs, temos os exemplos da “Tecelagem Marta Cruz” e da
Teresa Gouveia. A Marta Cruz, a partir do tear tradicional, desenvolve bonitos
trabalhos, tais como colchas, centros de mesa, cortinas, tapetes, jogos de banho, entre
um vasto leque de produtos. A Teresa Gouveia, da freguesia de Telões, realiza bonitos
bordados em linho, como centros de mesa, toalhas de mesa, panos de tabuleiro, toalhas
para camilhas, jogos de quarto, jogos de casa de banho, sacos para guardanapos, entre
outros.
Figura 3 – Trabalhos “Tecelagem Marta Cruz”
Figura 4 – Trabalhos da artesã Teresa Gouveia
Importa ainda fazer referência aos artigos de couro desenvolvidos pela empresa
Alicouro, da freguesia de Cepelos, em Amarante.
Figura 5 – Artigos em couro (Alicouro)
1.1.2 Baião
As bengalas de Gestaçô constituem um dos principais elementos artesanais no
concelho de Baião. Surgiu como um dos passatempos de Manuel Negrão que se baseava
em lavrar castões de bengalas (cortadas nos rebentos das melhores cepeiras da sua
quinta solarenga de Mosteirô).
As primeiras bengalas de Gestaçô eram obtidas recortando-se a bengala de uma placa de
madeira. Esta operação causava grandes desperdícios de madeira. Esta técnica do
recorte foi usada até ser introduzida a técnica inovadora da dobragem que consistia em
amolecer a madeira em água a ferver, para depois se dobrar e fazer o gancho
característico das bengalas.
De entre os ilustres portugueses, que notabilizaram a bengala de Gestaçô, destacam-se
Camilo Castelo Branco e Eça de Queiroz.
As bengalas podem ter variadas formas e feitios, que vão desde cabeças de cão e de
cobras, podem imitar o bambu, a cana, o tojo, polir a madeira de cerejeira, ou fazer
incrustações de madrepérola, de prata ou de ouro. Há feitos para quase todos os gostos,
não esquecendo os célebres robertos e as bengalas mais simples que, depois de pintadas
conforme o curso dos estudantes, animam a Queima das Fitas em muitas Universidades
deste país.
O lódão é o material que predomina nos modelos mais simples e populares, o processo
de fabrico é mais elementar. Descasca-se a vergôntea depois de ter ido ao forno, dobra-a
directamente logo que é retirada da água fervente na panela de ferro de três pés.
Nos modelos de qualidade utilizam-se as madeiras de macieira, castanho e cerejeira.
A Casa das Bengalas, na Freguesia de Gestaçô, apresenta uma colecção particular de
castões de guarda-chuva e de equipamento utilizado no fabrico artesanal de bengalas.
Para além disso, poderá também conhecer as diferentes fases de fabrico das bengalas de
Gestaçô, famosas pela técnica original de dobragem e pela sua decoração.
Figura 6 – Bengalas de Gestaçô (miniatura)
Figura 7 – Bengalas de Gestaçô
A Cestaria de Frende representa, essencialmente, o fabrico de peças de cestaria para
uso doméstico, sendo o exemplo mais comum, o açafate para o pão ou para os ovos. São
fabricadas com giesta “Piorna” (planta comum em algumas serras), o que obriga à
deslocação dos artesãos a concelhos vizinhos, como Cinfães, para a adquirirem, visto
não haver no concelho de Baião. Uma vez que a utilização das cestas para uso
doméstico tem vindo a diminuir, actualmente as artesãs dedicam-se ao fabrico de
exemplares de dimensões reduzidas para fins decorativos, como são exemplo as cestas
de “Dedal” ou as “Garrafeiras”.
Figura 8 – Cestaria de Frende
A empresa de inserção “O Canto do Tear” enquadra-se numa perspectiva de
inclusão social e integra-se na tutela da Associação Cultural e Recreativa de Santa Cruz
do Douro. Assumindo a cultura popular como grande elemento distintivo da região, “O
Canto do Tear” visa preservar e continuar as artes e ofícios que eram tradicionais na
região, onde a costura, aliada aos bordados, passando por artigos decorativos, de
natureza doméstica ou de uso pessoal. A empresa desenvolve trabalhos que tenham a
ver com artes e ofícios tradicionais - rendas, bordados, trabalhos em tear manual
(tapetes, carpetes, colchas, etc.), artigos decorativos (lençóis, jogos de banho), artigos
alusivos à comemoração de datas (aniversários, casamentos, eventos), assim como
trabalhos relacionados com a costura – arranjos e confecção, designadamente de
uniformes e fardas.
Figura 9 - “Canto do Tear” - exemplares de trabalhos
De mosaico cerâmico ou em tesselas de pedras policromas pacientemente polidas, os
artífices da oficina da Cooperativa Cultural de Baião - Fonte do Mel, não só executam
murais, bem como, belas peças de arte decorativas. O processo da realização de um
mosaico em tesselas de pedra natural implica um trabalho duro, paciente e demorado,
embora entusiasmante.
Figura 10 – Cooperativa Cultural de Baião – Fonte do Mel – peças de
mosaico
1.1.3 Marco de Canaveses
Os chapéus de palha, considerados o expoente máximo do artesanato do concelho do
Marco de Canaveses, circunscreve-se a duas freguesias: Vila Boa de Quires e Maureles,
embora a primeira seja o ponto principal da actividade. Estes chapéus são feitos de
palha fina entrelaçada e com linha e podem ter vários tamanhos. Os chapéus de palha
eram particularmente úteis na execução dos diversos trabalhos agrícolas, funcionando
como importante protector ao sol.
A cantaria é forma de arte tradicional das freguesias de Alpendorada e Várzea do
Douro, que se deve sobretudo ao facto de esta ser uma zona onde a exploração de
pedreiras e os trabalhos em pedra são a principal base de subsistência. O artesanato em
pedra caracteriza-se por serem miniaturas de artefactos agrícolas, como são exemplos
os lagares de vinho e azeite. Este tipo de artesanato produz-se em Alpendorada, no
Marco de Canaveses, freguesia afamada pelas pedreiras e pela cantaria. Para a produção
das miniaturas corta-se a pedra com uma rebarbadora. As miniaturas são feitas tanto
com uma peça única que é esculpida manualmente, como com mais que uma peça que
no fim são colocadas com uma cola especial. Para a recriação das peças agrícolas usam-
se também pequenas peças em madeira ou de tecido.
A arte de trabalhar a madeira gera a criação de bonitos e minuciosos trabalhos e
miniaturas em madeira como enxadas, engaços, escadas, rodos, entre outros.
Figura 11 – Trabalhos em madeira
As bonecas de folhelho executadas pela D. Conceição da freguesia do Freixo são o
resultado de um trabalho delicado e muito paciente, em que a partir do folhelho do
milho, a artesã consegue bonitas figuras, cada uma com a sua particularidade. As
bonecas de folhelho nascem a partir de uma estrutura interior em arame, cabeça de
bagulho, vestido de folhelho e com cabelos de barbas de milho. Existem vários
modelos, que vão desde a mulher agricultora, a padeira, a noiva, a dama, etc.
Figura 12 – Bonecas de folhelho
O Prof. Mário Henrique tenta afirmar-se no campo de Arte Sacra onde pode
encomendar a imagem que for do agrado individual e Olaria, desenvolvendo conjuntos
de peças ligadas ao vinho, serviços rústicos de jantar, chá e café, entre um vasto
conjunto de peças para o lar.
Figura 13 – Peças de Arte Sacra e Olaria
1.1.4 Cinfães
A latoaria é uma das artes que mais se destaca no Concelho de Cinfães. Do trabalho da
folha-de-flandres resultam lampiões, candeias, copos, regadores, lamparinas, almotolias,
baldes, braseiras, botijas e “caça toupeiras” cântaros, característicos de Porto Antigo e
Boassas. O Senhor Rui Teixeira é o único artesão que, actualmente, se dedica a esta
actividade.
Figura 14 – Peças de Latoaria
Há também fortes marcas da tecelagem no Concelho Cinfães, pelo que há ainda artesãs
que trabalham bonitos cobertores da serra, lisos e carpados, em lã; carpetes, mantas,
tapetes e passadeiras em tiras de pano, mantas, lençóis e toalhas, em linho; capuchas,
em burel.
1.1.5 Penafiel
Do Concelho de Penafiel, destaca-se o artesanato em ferro desenvolvido pela D. Maria
Emília da freguesia de Abragão. Importa também referir os trabalhos de cestaria
realizados pelo Sr. Francisco Alves, da freguesia de Vila Cova.
1.1.6 Resende
As brezes ou brezas são cestos de formas diversas, feitos com palha de centeio ou
colmo atadas com cascas de silvas. Este tipo de artesanato é muito conhecido no norte
do país, particularmente em regiões serranas como é o caso da Serra de Montemuro.
José Almeida e seu filho Jaime, são os únicos artesãos do concelho a realizar com este
processo, cestos de vários feitios, conforme os fins a que são destinados, tais como:
brezes de formato redondo e rectangulares de diversos tamanhos, que se destinavam a
guardar produtos agrícolas e os balaios destinados a guardar e conservar o pão, que
devido ao seu arejamento não permitia a entrada do bicho.
Figura 15 – Brezes
Os mesmos artesãos fazem também coroças (eram usadas pelos homens), e os capelos
(eram usadas pelos mulheres) para “livrar o corpo da invernia”, principalmente da
chuva, pois a palha funcionava como um excelente impermeável, fazendo com que a
chuva escorresse, não sendo absorvida pela roupa. As polainas, executadas igualmente
com junco, eram usadas nas pernas e tinham a mesma função. As coroças, eram usadas
pelos montanheses das serras agrestes, durante o Inverno, nos serviços campestres e no
pastoreio.
Figura 16 – Coroça, Polaina e Capelo
A microcestaria reflecte as características de peças executadas pela cestaria “grossa”
(cestos vindimos, cestas, canastras, etc.), mas são reproduzidas por mãos hábeis a uma
escala reduzida, conferindo-lhes funções decorativas. O processo inicia-se com tiras de
vime. As tiras de vime vão conferindo forma ao fundo da peça. Feito o fundo, o artesão
começa a trabalhar a peça. No entrelaçar do vime, a peça vai surgindo e ganhando
forma. São dados os retoques finais e eis que surgem as mais variadas peças em
miniatura.
Figura 17 – Cestas miniatura
1.2 Os Vinhos do “Douro Verde”
Particularmente reconhecidos como “…vinhos verdes macios, com aromas
singulares…”, os vinhos do “Douro Verde” integram-se na Região Demarcada dos
Vinhos Verdes. As mais antigas referências que se conhecem da existência de produção
de vinho na Região Demarcada dos Vinhos Verdes remontam à época romana., embora
haja evidências de que a designação Vinho Verde tenha surgido no século XVII. Esta
região estende-se por todo o Noroeste de Portugal na zona tradicionalmente conhecida
como Entre Douro e Minho. Está situada numa zona de relevo muito variado, com
exposição atlântica e um clima caracterizado por elevada pluviosidade, humidade
atmosférica, temperatura amena e pequenas amplitudes térmicas.
1.2.1 Amarante
A Associação de Produtores de Vinho Verde de Amarante (Proviverde) agrega cerca de
200 produtores de vinho, embora apenas cerca de três dezenas sejam produtores-
engarrafadores de vinho verde. Com o intuito de promover o vinho do concelho, a
Proviverde dispõe de uma pequena loja no centro da cidade, para prova e venda das
principais marcas dos produtores-engarrafadores do concelho. Situada na rua Teixeira de
Vasconcelos, onde funcionou a antiga cadeia, a loja é a actual sede da Proviverde, espaço
cedido pela Câmara Municipal de Amarante.
Amarante representa oito por cento do vinho verde (cerca de 6,4 milhões de litros de
vinho em termos de produção anual), o correspondente a uma média de quatro milhões de
euros de receitas por ano.
Em termos de viticultores, Amarante tem registados 3.216, o que corresponde a 9,5 por
cento dos 34.000 da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV),
que ocupam cerca de 2.800 hectares de terra.
A Casa das Laraias, Encosta da Lage, ARH e Fregim e são exemplos de vinhos que se
têm distinguido no Concelho de Amarante.
Figura 18 – Garrafas de Vinho de Amarante
1.2.2 Baião
A história do Mosteiro de Santo André de Ancêde, no concelho de Baião, encontra-se
“intimamente relacionada com a produção e comercialização do vinho”, que era
“canalizado para a cidade do Porto, integrando os circuitos comerciais do Rio Douro”.
Produtores
Adega Cooperativa de Baião
Fundada em 1962 por alguns viticultores do concelho de Baião laborou, pela primeira
vez, em 1966. Actualmente tem cerca de 250 associados efectivos, com uma área de
produção de mais ou menos 636 hectares recebendo em média, anualmente, 800.000
quilos de uvas. As vinhas dos associados estão instaladas nas margens do rio Douro, com
exposição predominantemente a sul, e são, essencialmente, constituídas por uvas brancas
das castas Avesso, Arinto e castas regionais.
As vinhas deste concelho (Sub-região de Baião) estão inseridas numa zona de transição, o
que lhe confere a obtenção de vinhos verdes, mas com um teor alcoólico mais elevado
que a restante região e a acidez fixa mais baixa.
A adega está equipada com a mais avançada tecnologia, permitindo-lhe a
obtenção de vinhos de excelente qualidade. A sua capacidade total é na
ordem dos 22.500hl. Está inserida na rota dos vinhos verdes, tendo uma sala
de provas para o efeito com um pequeno museu que expõe algum
equipamento usado no início da laboração da Adega.
Para o aumento da qualidade dos seus vinhos, o Agrupamento de
Produtores, fundado pela Adega, criou um corpo técnico de apoio aos
associados na instalação de novas vinhas com encepamentos adequados e
marcação das vindimas, segundo os critérios de qualidade e as necessidades
comerciais.
Figura 19 – Garrafa de vinho palhete D. Arnaldo
Casa da Cancela
A nobre e secular Casa da Cancela coincide com um ecossistema único e específico,
talhado para a cultura da casta Avesso. A partir da selecção das melhores uvas da casta
Avesso e respeito pelos métodos tradicionais de vinificação, obtém-se este vinho de
Quinta, rigorosamente personalizado, de aroma frutado e sabor complexo e fresco.
Casa das Corujeiras
Inserida na região demarcada dos vinhos verdes, sub-região de Baião, a Quinta é
encimada pela casa de família, construída no século XVIII, que dá o nome a um dos
vinhos produzidos e engarrafados na propriedade.
Os 17 hectares de vinha estendem-se pela margem direita do rio Douro, em socalcos de
origem granítica banhados pelo sol, calor e humidade quanto basta, criando um micro
clima responsável pelas características únicas deste vinho verde.
Recorrendo a uma criteriosa e cuidada selecção de castas e às mais modernas técnicas de
vinificação produzem-se, desde 1991, na adega da Quinta, os vinhos “Casa das
Corujeiras” (casta Avesso e Arinto) e “Vinha do Mestre” (casta Avesso).
Reconhecidos como vinhos de qualidade superior, apresentam aspecto
límpido, cor citrina, aroma pronunciado e frutado que deixam na boca
um sabor macio persistente.
Figura 20 – Garrafa de vinho Vinha do Mestre
Casa das Hortas
A Casa das Hortas Sociedade e Comercial, Lda. iniciou a sua actividade em 1995, não
parando de crescer desde essa altura, fruta da qualidade dos vinhos que produz que têm
ganho, anualmente, prémios em diversos concursos de vinhos. Tem área de vinha própria,
cujo encepamento é, essencialmente, das castas brancas, Arinto
e Avesso e, nas tintas, Vinhão espadeiro, touriga Nacional e
Touriga Franca.
A Casa das Hortas produz e engarrafa diversas marcas sendo
as mais representativas: Casa das Hortas, Portal das Hortas,
portal do Zêzere, Vinha dos Eidos e Cabeça de Gaio.
Figura 21 – Garrafas de vinho Portal das Hortas
Casa da Lage
Virada a Sul, com uma panorâmica única sobre o rio e as serras da Gralheira e
Montemuro, a Casa da Lage fica a meia encosta do douro nas chamadas faldas do Marão.
É uma das principais casas do século passado advindo-lhe o nome de ter sido erguida
sobre uma só lage. Leonor Sotto Mayor Azevedo Aides de Campos, actual proprietária,
segue a tradição de uma família que há gerações se apaixonou pela produção de vinho de
qualidade, contando-se entre as primeiras na aplicação de novas técnicas de vitivinicultura
em Baião. Nas suas vinhas, cerca de 8 hectares, predomina a casta do Avesso que aí
desenvolve uvas de qualidade excepcional.
Casa do Moninho
Produzido na sub-região de Baião, de cor citrina, apresenta aroma e sabor
frutados, muito típicos da casta “Avesso” que lhe deu origem.
Figura 23 – Garrafa de vinho Casa do Moninho
Casa da Mó
A propriedade deve o seu nome a um achado arqueológico: uma mó, que foi encontrada
há 12 anos, quando se procedia à surriba do terreno para implementar a actual vinha e que
terá sido de um moinho de vento construído em tempo imemorial.
A quinta localiza-se em Viariz, a 400 metros de altitude e de olhos postos no Marão. Na
vinha exposta a Sul e de baixa produção, as castas seleccionadas foram Avesso e Arinto,
sendo os solos de origem granítica e textura predominantemente franco arenosa. Existe
um pequeno campo experimental no qual as castas mais importantes nacionais e
internacionais estão representadas, tendo como objectivo seleccionar as mais adequadas,
que visem a elaboração futura, de vinhos únicos no mundo.
A longa tradição familiar e a experiência acumulada, proporcionou à actual geração um
invulgar conhecimento que, aliado às mais recentes tecnologias e rigor, permitiram com
uma criteriosa selecção de uvas, a produção do vinho Navarros, fazendo, assim,
prevalecer o nome da família para gerações vindouras.
De salientar que, em 2009, o vinho Navarros foi o único da região dos vinhos verdes a ser
premiado na nona edição do concurso internacional "La Selezione del Sindaco" (A
Selecção do Presidente), realizado em Brindisi, na região da Apúlia, em Itália. O concurso
- organizado pela Associação de Municípios Italianos do Vinho, em parceria com a
Associação de Municípios Portugueses do Vinho e com a Associação Europeia de
Municípios do Vinho -, é o único que prevê a participação conjunta do produtor e do
município de proveniência das produções. O objectivo é valorizar as pequenas produções
de vinho de qualidade, produzido em quantidades não superiores a 50
mil garrafas por lote.
Figura 24 – Garrafa de Vinho “Navarros”
Encosta d’Arêgos
Trata-se de um vinho de quinta regional, de características muito próprias: tem boa
capacidade de envelhecimento, teor alcoólico elevado, bom corpo, boa estrutura e
complexidade, sem perder conteúdo, elegância e frescura próprios da região de origem.
É elaborado com base em duas castas notáveis: Avesso e Arinto. A primeira (casta
autóctone desta região) confere-lhe estrutura e complexidade e a segunda, frescura e
elegância.
O Encosta d’Arêgos surge no mercado com a colheita de 2001, e está inserido num
projecto que visa estudar e desenvolver as potencialidades da Casta
Avesso. Os resultados têm sido encorajadores, sendo hoje considerado
um caso de sucesso na região. Diversos prémios consecutivos, artigos de
opinião e a boa aceitação que tem tido junto do consumidor em geral,
confirmam-no, tendo sido mesmo considerado por José Salvador
(respeitado crítico de vinhos) como um dos melhores vinhos do ano.
Para a qualidade do mesmo vinho, contribuem diversos factores: as
vinhas instaladas nos melhores terroirs, a baixa altitude (150-200 metros),
com óptimas condições de maturação e baixos rendimentos. Um bom
vinho nasce numa boa vinha.
Figura 25 – Garrafa de Vinho “Encosta d’Arêgos”
Montez Champalimaud
Paço do Teixeiró, pertença da Montez Champalimaud, situa-se nos contrafortes a sul da
serra do Marão. A Casa é um edifício característico dos séculos XIV-XV, embora
mantenha traços anteriores. As vinhas ocupam 12 hectares, predominando a casta Avesso,
destacando-se pelo facto, raro entre os vinhos verdes, de estarem plantados em solos
xistosos, o que associado ao clima moderado e fresco da serra do Marão, lhe oferece
características únicas para a produção de vinhos brancos.
Quinta de Beiredos
A Quinta de Beiredos, pertencente à família Dantas Amorim, foi revitalizada há cerca de
duas décadas, pelos actuais proprietários. Da casa, que foi Casa do Passal, onde os
Abades de Santa Cruz do Douro moraram, recuperou-se o que ao longo dos últimos
quatro séculos a Natureza e o Homem não destruíram.
As vinhas com mais de 20 anos de idade, inseridas em terroir de montanha, na margem
direita do rio Douro em pleno coração de Santa Cruz do Douro, produzem as uvas das
castas Avesso e Arinto, com as quais são produzidos os vinhos, espumantes e
aguardentes.
A adega, de construção recente, encontra-se devidamente equipada para a produção de
vinhos e espumantes, com total autonomia, desde o espremer das uvas até à rotulagem e
embalagem, passando pelo estágio nas caves. No alambique do tipo Charantês, são
destiladas as aguardentes que, posteriormente, são envelhecidas em cascos de carvalho de
Limoges.
Quinta do Ferro
A história da Quinta do Ferro liga-se à história da casa cuja primitiva planta foi totalmente
modificada não ficando senão sinais da primeira ocupação residencial. Depois de meados
do século XIX foi convertida em casa de caseiros onde se guardavam os produtos da
quinta.
A plantação da vinha e sua exploração manteve-se de forma tradicional e, em 1998, eram
ainda visíveis antigas cepas de vinha que bordejam entre culturas. Adquirida em 1998
pela Felcapital – Sociedade Imobiliária, SA, passou a ser explorada pela Sociedade de
Agro Turismo Quinta do Ferro, Unipessoal, Lda. desde então sofreu beneficiações e foi
transformada numa moderna unidade agrícola.
Figura 26 – Garrafa de Vinho “Quinta do Ferro” e garrafas de espumante “Quinta
do Ferro”
Fundação Eça de Queiroz
A Fundação Eça de Queiroz é uma instituição sem fins lucrativos
dedicada não só à divulgação da obra de Eça de Queiroz e à preservação
da componente museológica de Tormes (centro de A Cidade e as
Serras) mas também à produção do multipremiado Verde de Tormes,
um vinho, garantia Eça, “fresco, esperto e seivoso, e tendo mais alma,
entrando mais na alma que muito poema ou livro santo."
Figura 27 – Garrafa de Vinho “Tormes”
Quinta de Porto Ferrado
As vinhas de Porto Ferrado ficam localizadas na margem direita do rio Douro. A vinha
está implantada em terrenos de meia encosta, com óptima exposição a sul. As uvas,
exclusivamente da casta Avesso, depois de cuidadosamente vinificadas dão origem a um
vinho de aroma intenso, sabor macio e frutado. Para que possa ser devidamente apreciado,
aconselha-se que não seja servido demasiadamente fresco.
Figura 28 – Garrafas de Vinho “Porto Ferrado”
Quinta da Quebrada
A Quinta da Quebrada situa-se próxima das faldas do Marão e na confluência da região
do Douro no Concelho de Baião.
A sua localização geográfica e as características do seu solo conferem aos seus vinhos um
aroma suave e fresco de um carácter elegante provenientes das castas Avesso e Arinto,
tornando-os inconfundíveis e inigualáveis na região.
Seguindo a tradição das gerações, do avô (Adelino Nogueira) e filho (Adelino Nogueira),
o neto, Luís Nogueira, tem continuado a produção deste néctar que, para muitos, é um
Verde de Ouro.
Quinta das Quintãs
A quinta das quintãs fica situada na zona ribeirinha do Concelho de Baião, possuindo uma
localização privilegiada pela riqueza natural e paisagística da sua envolvente. A 50 metros
do rio, a Casa, um solar construído no início do século XX, foi totalmente reconstruído
para acolher actividade de turismo em condições de conforto, mas conservando, no
entanto, as características da sua época.
A Casa está inserida numa propriedade agrícola de cerca de 35 hectares, onde é produzido
vinho, predominando as castas Tinto Roriz e Touriga Nacional.
Sociedade Agrícola e Comercial Encosta do Zêzere, Lda.
O produtor – Engarrafador, Sociedade Agrícola e Comercial Encosta do Zêzere, Lda.,
localiza-se em Santa Marinha do Zêzere, Concelho de Baião. Tendo
iniciado a sua actividade em 2001, a empresa vitivinícola possui 8 hectares
de vinha, distribuídos por várias propriedades: Casal Paio, Salgueirais e
Quinta da Lama.
A selecção das castas Avesso e Arinto, a óptima exposição solar e a
proximidade das ribeiras do Zêzere e Patacão criam condições especiais
para a elaboração de vinhos com carácter único. A criteriosa e cuidada
selecção de uvas, o rigor da vinificação e a enologia de vanguarda
permitiram o premiar consecutivo e o enaltecer dos seus vinhos no
mercado, através das marcas “Entre Margens” e “Camponês”.
Figura 29 – Garrafa de Vinho “Entre Margens”
1.2.3 Marco de Canaveses
A Rota dos Vinhos do Marco de Canaveses foi lançada em Maio de 2002 e integra 20
produtores que produzem e engarrafam vinho no Concelho. No âmbito deste organismo
realiza-se, anualmente, a Feira de Vinhos do Marco de Canaveses que integra
actividades como o Concurso de Vinhos Brancos e a Prova dos Visitantes da Feira.
Existem ainda outras iniciativas de promoção e divulgação destes néctares de referência
como a Prova dos Vinhos Novos de S. Martinho, Apresentação dos Vinhos à
Restauração, Viagem à Descoberta das Vindimas (com as escolas), Feira das
Colectividades e participação em Feiras/Mostras de Vinhos.
A Rota de Vinhos do Marco de Canaveses pretende tornar o vinho verde um produto
turístico capaz de oferecer ao visitante uma experiência integrada, alicerçada também na
gastronomia, no artesanato e no património natural e edificado da Região.
Figura 30 – Garrafas de Vinho do Marco de Canaveses
1.2.4 Cinfães
O afamado néctar é produzido em todo o concelho, embora o mais apreciado e
solicitado seja proveniente das solarengas terras do baixo concelho, como Tarouquela,
Espadanedo, Souselo e Travanca. Entre os produtores de vinho desta zona destacam-se
a Quinta do Palheiro, a Quinta das Roçadas e Vinhos Florido Calheiros em S. Cristóvão
de Nogueira, a Quinta das Almas na freguesia de Moimenta, a Quinta do Fijô, António
Fontes & Filhos e a Quinta de S. João em Souselo e a Quinta da Giesta em Tarouquela.
Nota: Dos concelhos de Cinfães, Penafiel e Resende, destaca-se, essencialmente, o
artesanato e vinhos com origem ou desenvolvido nas freguesias pertencentes ao
território de abrangência da Dolmen.
2. Gastronomia e Doçaria do “Douro Verde”
1.1 Amarante
Situada na charneira entre o Minho e Trás-os-Montes, o Concelho de Amarante
comunga das características de ambas as províncias, pelo que a sua gastronomia foi
também influenciada pela situação geográfica. Por outro lado, a estrada real entre o
Porto e o interior transmontano atravessava Amarante, onde muitas vezes viajantes
sujeitos a penosas viagens de liteira, diligência ou a cavalo aproveitavam para
retemperar forças.
O facto é que, ainda hoje, a cozinha amarantina é baseada em pratos substanciosos,
como o cabrito serrano, a vitela arouquesa e maronesa, as feijoadas, as tripas, o cozido à
portuguesa, o bacalhau... Para variar, a delicadeza de umas trutas pescadas nas
cachoeiras do Tâmega e o requinte de um fumeiro bem temperado.
A doçaria de Amarante é outra forte marca concelho. Nasce conventual, mas as
Invasões Francesas, obrigando à retirada das clarissas, precipitam a sua difusão pelas
famílias da vila e pelas lojas próximas do rio. Uma referência especial às pastelarias,
que continuam a garantir a amarantinos e sobretudo a viajantes os deliciosos papos de
anjo, foguetes, lérias e brisas do Tâmega que rivalizam em fama (diz-se em Amarante)
com o convento e a ponte, sem esquecer, num passado não muito longínquo, Alcino dos
Reis e a sua confeitaria "Casa das Lérias".
Figura 31 – Doces Conventuais de Amarante
1.2 Baião
A gastronomia de Baião é tão especial que até há quem diga que Eça de Queiroz se
apaixonou tanto pela paisagem desta terra como pelos sabores da sua cozinha
tradicional quando escreveu “A Cidade e as Serras". A comprová-lo, aí está o título que
o embaixador brasileiro atribuiu ao dicionário gastronómico cultural queirosiano: “Era
Tormes e Amanhecia”.
Obrigatório em dias de festa, casamentos, baptizados e aniversários é o Anho assado
com arroz do forno. Muita gente, porém não dispensa o Verde ou Bazulaque que era
oferecido aos convidados dos noivos antes de se dirigirem para a Igreja.
Figura 32 – Arroz do Forno com Anho Assado e Batata Assada
O fumeiro tradicional tem características únicas e, tal como o Anho assado, dá origem a
um festival que todos os anos atrai milhares de visitantes à Vila de Baião.
É claro que a posta de vitela arouquesa, raça autóctone, constitui uma especialidade a
não esquecer pelos apreciadores. Quem melhor do que o especialista internacional da
F.A.O, M.H.French, que já em 1967 afirmava: “A raça Arouquesa é sem dúvida a
melhor raça de carne de Portugal…”
No que respeita à doçaria, o Biscoito da Teixeira é o doce
mais emblemático de Baião. Não tendo a sua origem histórica
bem definida, sabe-se que o seu nome deriva da terra
que tem o seu nome - freguesia da Teixeira. Sabe-se
também que este bolo típico tem origens pobres
devido à sua constituição (contém poucos
ingredientes). Daí a razão de o Biscoito da Teixeira
ser, ainda hoje, comercializado em festas e romarias.
Figura 33 – Biscoito da Teixeira
De não esquecer os Licores de Baião e as Compotas de Baião, que embora com tradição
no Concelho, foi há pouco mais de um ano que duas artesãs se dedicaram à sua
produção e venda. Não obstante a sua recente comercialização, estes produtos são já
alvo de muitos sucessos.
Figura 34 – Licores de Baião e Compotas de Baião
1.3 Marco de Canaveses
O Anho Assado com Arroz de Forno, o Verdinho (ou Bazulaque), a Roupa Velha e a
lampreia (na freguesia do Torrão) são os pratos mais tradicionais do Marco de
Canaveses.
Em termos de doçaria, o Concelho do Marco de Canaveses distingue-se pelas fatias do
Freixo, as cavacas do Freixo e de Favões, os biscoitos de Soalhães, o pão-de-ló e o pão-
podre (estes dois últimos mais utilizados na época da Páscoa). As fatias e as cavacas do
Freixo, tal como o nome indica, são feitas na freguesia do Freixo pela "Casa dos
Lenteirões", uma casa com tradição na confecção destes doces regionais, que também
fabrica um delicioso pão-de-ló.
O pão-de-ló e o Pão Podre são os nossos doces tradicionais na Páscoa. Como uma boa
refeição não é completa sem uma boa entrada não podemos deixar de referir os nossos
enchidos.
A broa de milho de fabrico caseiro é mais uma das iguarias muito apreciadas no Marco
de Canaveses.
Figura 35 – Broa de milho
1.4 Cinfães
Surgindo como consequência lógica da interligação das produções agrícolas regionais, à
semelhança de concelhos vizinhos, Cinfães tem como pratos típicos o cabrito ou anho
assado com arroz do forno. Os torresmos (ou torresmada), papas milhas com fígado de
porco cozido, bolo de forno de farinha de milho com carne gorda ou sardinhas, arroz de
lampreia e lampreia à bordalesa, sável frito, carnes de porco fumadas e rojões à moda de
Cinfães são também pratos típicos do Concelho de Cinfães.
É ainda de referir a Associação Nacional dos Criadores de Raça Arouquesa (ANCRA),
com sede neste Concelho. A “Carne Arouquesa”, oriunda não só de Cinfães, mas de
vários concelhos a nível nacional (incluindo também concelhos do “Douro Verde”) é
comercializada por este organismo
Figura 36 – Raça Arouquesa
Como doçaria, é de salientar o Pão-de-ló de Cinfães, os doces de manteiga, a sopa seca,
os formigos, os bolinhos de centeio e os bolinhos de trigo e de milho.
Figura 37 – “Memórias” - Biscoitos artesanais
1.5 Penafiel
A gastronomia típica do Concelho de Penafiel consiste, fundamentalmente, nos
seguintes pratos: Arroz de Lampreia de Entre-os-Rios, Lampreia à Bordalesa, Bacalhau
com Broa, Pica no Chão (mais conhecido como Arroz de Cabidela), Bazulaque, Rojões
com Arroz de Sarrabulho e Cabrito Assado com Arroz de Forno.
No que respeita à doçaria, destacam-se os bolinhos de amor, o leite-creme, a sopa seca,
o pão-de-ló e as tortas de S. Martinho.
1.6 Resende
Os fumeiros são bem conhecidos e apreciados. Presunto, chouriço e salpicão são
obrigatórios em qualquer ementa que se escolha em terras de Resende.
O anho assado no forno é o prato mais típico e aqui é cozinhado com todos os requintes
e toda a sensibilidade da cozinha tradicional portuguesa. Mas também vale e a pena
provar o bazulaque.
Na doçaria e frutas, destacam-se as famosas cavacas, os rosquilhos de Aregos, as
falachas, as torradas do Barreiro e as características cerejas de Resende.
Figura 38 – Cavacas de Resende e Cereja de Resende