14.1Tabagismo passivo
Tabagismo passivo Os profissionais de
saúde devem reconhecer os efeitos negativos, tanto do tabagismo activo como do tabagismo passivo.
14.2Tabagismo passivo
As correntes do fumo
Corrente lateralou secundária
Corrente principal ou primária
Corrente terciária
14.3Tabagismo passivo
Fumo do tabaco: fase gasosaTipo de
toxicidade
Quantidade na corrente principal
por cigarro
Rácio corrente secundária / corrente
principal
Monóxido de carbono Tóxico 26,8-61 mg 2,5-14,9Benzeno Cancerogénico 400-500 µg 8-10.Formaldeído Cancerogénico 1 500 µg 503-Vinilpiridina Cancerogénico
suspeito300-450 µg 24-34
Cianeto de hidrogénio Tóxico 14-110 g 0, 06-0,4
Hidrazina Cancerogénicosuspeito
90 ng 3
Óxidos de azoto (NOx) Tóxico 500-2 000 µg 3,7-12,8N-nitrosodimetilamina Cancerogénico
suspeito200-1040 ng 20-130
N-nitrosopirrolidina Cancerogénicosuspeito
30-390 ng 6-120
14.4Tabagismo passivo
phase particulaire
Tipo de toxicidade Quantidade na corrente principal por
cigarro
Rácio corrente secundária / corrente
principal
Goudrons Cancerogénico 14-30 mg 1,1-15,7
Nicotina Tóxico 2,1-46 mg 1,3-21
Fenol Promotor 70-250 µg 1,3-3
Catecol Cancer. suspeito 58-290 µg 0,67-12,8
O-Toluidina Cancerogénico 3 µg 18,7
2-Naftilamina Cancerogénico 70 ng 39
4-Aminobifenil Cancerogénico 140 ng 3,1
Benz(a)antraceno Cancerogénico 40-200 ng 2-4
Benzo(a)pireno Cancerogénico 40-70 ng 2,5-20
Quinoleína Cancerogénico 15-20 µg 8-11
N-nitrosonornicotina Cancer.suspeito 0,15-1,7 µg 0,5-5
nor nitrosocotinina Cancerogénico suspeito 0,2-1,4 µg 1-22
N-nitrosodietanolamina Cancer. suspeito 43 ng 1,2
Cádmio Cancerogénico 0, 72 µg 7,2
Fumo: fase em partículas
14.5Tabagismo passivo
Evolução dos conhecimentos sobre o tabagismo passivo
• Nos anos 80, os dados científicos disponíveis sobre os efeitos do tabagismo passivo eram reduzidos e sujeitos a críticas.
• Os primeiros relatórios forma publicados no fim dos anos 80, nos Estados Unidos, deixando ainda uma série de questões em aberto.
• Com base nestes dados ainda frágeis de um ponto de vista científico, foi promulgada em França, em 1991, uma lei de saúde pública, a Lei Evin, da qual uma parte importante visa a protecção dos não-fumadores.
• Esta lei e a sua regulamentação permitiram: alterar a imagem social do tabaco na sociedade francesa, reduzir em mais de 13 % o consumo de tabaco, diminuir a exposição dos não-fumadores à poluição produzida pelo fumo do
tabaco.
14.6Tabagismo passivo
O incómodo do fumo passivo é real
14.7Tabagismo passivo
O incómodo do fumo passivo é real...
• Os inquéritos recentes do Barómetro Saúde 2000 demonstram que 72% dos não-fumadores se queixam do incómodo provocado pelo fumo dos outros.
• Estes resultados mostram o caminho a percorrer para uma protecção efectiva de todos do fumo do tabaco de alguns.
• NB: 53% dos fumadores queixa-se também do incómodo provocado pelo fumo dos outros, o que prova a adesão da maioria à regulamentação do fumo nos locais frequentados por fumadores.
14.8Tabagismo passivo
Incómodo por causa do fumo dos outros na U.E.
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
BélgicaDinamarca
AlemanhaGrécia
EspanhaFrança
IrlandaItália
LuxemburgoPaíses Baixos
PortugalRU
Fontes: Europa contra o cancro, 1993 e OMS Europa, 1992.
Incómodo % fumadores
14.9Tabagismo passivo
Incómodo causado pelo fumo dos outros nos próprios fumadoresNo Barómetro 2000 do CFES, entre os fumadores, a resposta à pergunta «Sente-se incomodado
pelo fumo dos outros?» depende da quantidade de tabaco fumado.
33,2 39,4 45,4 47,5 58,1 65,3
40,244,2 42,7 40,9
32,5 25,726,6 16,4 11,9 11,7 9,4 9
0
20
40
60
80
100 %
<1 cig./dia de 1 a 5Cig./dia
de 6 a 10Cig./dia
de 11 a 15Cig./dia
de 16 a 20Cig./dia
> 20Cig./dia
Não, nada Sim, um pouco Sim, muitoFonte: Baromètre santé 2000, CFES
14.10Tabagismo passivo
Exposição ao tabagismo passivoExposição ao tabagismo passivo na Europa (%)
86
85
82
63
55
43
84
82
78
56
54
40
0 20 40 60 80 100 %
Restaurantes
Com amigos
Local público
Transportes
Local de trabalho
Em casa 19951992
Fonte: Eurobarómetro 1995 (12 Estados europeus)
14.11Tabagismo passivo
Tabagismo passivo: os efeitos na saúde (brochura informativa)
14.12Tabagismo passivo
Dados científicos recentes provaram o perigo que o fumo do tabaco constitui para a saúde dos outros
• Os fumadores são, de longe, as primeiras vítimas do tabaco (60.000 mortos por ano em França).
• Dados científicos recentes, a maior parte publicados depois da Lei Evin (1991), incluem provas que não deixam qualquer dúvida quanto aos efeitos do fumo passivo do tabaco na saúde daqueles que rodeiam os fumadores, quer se tratem de crianças ou de adultos.
• Estes dados obrigam as autoridades a agir, o mais rapidamente possível, para assegurar a protecção dos não-fumadores, informando a população e tomando medidas de prevenção e controlo à altura do perigo que representa o fumo passivo de tabaco.
14.13Tabagismo passivo
O fumo do tabaco provoca um aumento do risco...de infecções respiratórias profundas nas crianças (+ 72 % se a mãe fumar);de otites recidivantes nas crianças (+ 48 % se os 2 progenitores fumarem);de ataques de asma e de mucosidades brônquicas nas crianças;de atraso no crescimento intra-uterino e baixo peso no momento do nascimento
(mesmo que a mãe não fume e que só inale o fumo existente à sua volta);de morte súbita do recém-nascido (risco em duplicado);de acidentes coronários (+25 %, é a principal causa em termos de vítimas);de cancro do pulmão (+ 26 %).
Associado a estes efeitos, cientificamente comprovados, existem dados que permitem suspeitar da existência de uma série de outros efeitos, incluindo doenças benignas ou agravamento de doenças já existentes ou cancros, mas relativamente aos quais não existe ainda suficiente evidência científica para a sua confirmação.
14.14Tabagismo passivo
Doenças cardíacas (coronárias)• Três meta-análises, com mais de 25 estudos epidemiológicos, vêm demonstrar
que o tabagismo passivo está associado a um aumento de doenças coronárias (A+) (angina do peito e enfarte do miocárdio).
• Este efeito resulta dos doentes inalarem fumo tanto em casa (A+) como no local de trabalho (B+).
• Existem dados biológicos que explicam este excesso de risco (C+). • O risco desaparece se parar a exposição (C+).• Existe uma relação dose-efeito (B+).• A melhor estimativa deste excesso de risco relativamente a uma pessoa não
exposta é de 25 %.
• Este é o principal risco de mortalidade ligado ao tabagismo passivo.
14.15Tabagismo passivo
Cancro do pulmão
• Mais de 40 estudos epidemiológicos, sintetizados em 3 meta-análises, provam que o tabagismo passivo é responsável por um aumento do cancro do pulmão (A+).
• Este efeito é demonstrado por estudos realizados com não-fumadores que inalam fumo, em casa (A+) e no local de trabalho (B+).
• Existe uma relação dose-efeito (B+) .
• A melhor estimativa deste excesso de risco relativamente a uma pessoa não exposta é de 26 %.
14.16Tabagismo passivo
Cancro do pulmãoRisco aumenta 26%
Acidente coronárioRisco aumenta 25%
Incómodo provocado pelo fumo: - 80 % para os não-fumadores, - 53% para os fumadores.
Os dois principais riscos do tabagismo passivo no adulto (excluindo a gravidez)
14.17Tabagismo passivo
Bronquites:Risco aumenta 72% se for a mãe a fumar e 29% se for outro membro da família a fumar.
Morte súbita do recém-nascido (Risco
multiplicado por 2).
Otite recidivante:Risco aumenta 21%, 38% e 48%, se for o pai, a mãe ou os 2 a fumar.
Ataque de asma:Risco aumenta 14%, 38% e 48%, respectivamente, se for o pai, a mãe ou os 2 a fumar.
Os quatro principais riscos do tabagismo passivo na criança
14.18Tabagismo passivo
Tabagismo
passivo: a exposição das crianças
14.19Tabagismo passivo
Número de trabalhadores expostos a agentes cancerogénicos respiratórios em França
1162464
523971
410499
375461
307025
177949
0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000 1400000
Ambiente com fumo de tabaco (>75% do tempo)
Radon e respectivos produtos de degradação
Fumo de escapes a gasóleo
Névoas de ácidos inorgânicos fortes (ac. sulf.)
Formaldeído
Poeiras da madeira
Fonte: Base Europeia CAREX
14.20Tabagismo passivo
Pessoas que consideram que os não-fumadores estão protegidos (%)
1993-1994 CFES
1995 CFES 1998 CREDOC
2000 CFES
Local de trabalho 53,8 56,8 61,9 60,3Transportes 53,7 40,1 56,1 45,7Restaurantes 36,1 44 40,1 41,2Bares 12,1 17,2 - 13,2Estações comboio e metro - - 26,9 -Locais públicos em geral
37,2 43,9 - 31,5
Escola, liceu, universidade
50,8
14.21Tabagismo passivo
Poluentes do tabaco nos locaisCompostos Valor típico do
local não poluídoValor do comp.
com fumoValor limite na atmosfera
das cidades
CO < 1 ppm 10 ppm actualmente 16mg/m3 (14,5 ppm); vai baixar para 10mg/m3 (8,5 ppm) em 1/1/2005
Cotinina 0,34 ± 0,007 µg/m3 3,74 ± 0,52 µg/m3
Nicotina < 0,3 g/m3 1-10 g/m3 < limite de detecçãoPartículas em suspensão com menos de 1 m de diâmetro (MMAD)
10-25 g/m3 18-95 g/m3 5000 g/m3 respirável nos Estados Unidos
Benzeno 3,6 g/m3 7,2 g/m3 10 g/m3; vai descer para 5 g/m3 em 1/1/2010
14.22Tabagismo passivo
Monitorização biológica do tabagismo passivo
39621,5 ± 28,77,47 ± 8,25Urinária (ng/ml)
2,49Plasmática (ng/ml)
150,6 ± 15510–43,65,8 ± 4,35Nicotina Salivar (ng/ml)
30Urin. (ng/mg creat.)3 – 68100–2500,3 – 392
Urinária (ng/ml)
15 –7,33UrináriaindetectávelPlasmática (ng/ml)
0 – 83,6 – 31,30,4Salivar (ng/ml)
CotininaRIECGRIECGRIECG
> 5 %2-3 %> 1,7 %HbCO
>10–20 ppm7–11 ppm3 ppm ± 1,5C0 expirado
FumadoresExpostosNão expostosCompostos
CG = cromatografia de fase gasosa RIE = radio-immuno-essai
14.23Tabagismo passivo
Nicotina no ambiente dos locais de trabalho em relação com o medidas de
controlo do tabagismo
Fonte: Trout D., J Occup Environ Med 1998; 40:270-6 Hammond SK, JAMA 1995; 274:956-60
8,6
1,30,3
2,30,7 0,2
02468
10
ausência de legislação zona p/ não-fumadores estabelecimento p/ não-fumadores
Nic
otin
a no
ar (
mcg
/m3)
casinooutro local de trabalho
14.24Tabagismo passivo
Benefícios da proibição de fumar para os empregados
Eisner M et coll., JAMA 1998, 280, 1909-1914
Núm
ero
de b
arm
en c
om s
i nto
ma s
Fonte:
10
20
30
40
Antes da proibição Depois da proibição0
Sintomas em 67 barmen antes e depois da proibição de fumar
dispneiatosse matinaltosse diurnaescarro
irritação ocularirritação nasalirritação garganta
,