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actageo.ufrr.br Enviado em abril/2012 Aceito em janeiro/2013
ALFABETIZAO CARTOGRFICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: IMPORTNCIA E DESAFIOS
Literacy cartographic in teaching Geography in the early years of Elementary School: importance and challenges
Alfabetizacin cartogrfica en la enseanza de la Geografa en los aos iniciales de la Enseanza Basica: importancia e desafos
Jos Roberto Machadoi
Fernanda Ferreira Passos Diasii
Grupo Educacional UNIESP Brasil
RESUMO
Esse trabalho tem como objetivo expor a importncia da alfabetizao cartogrfica nos anos iniciais do Ensino Fundamental, bem como os benefcios que ela traz para o desenvolvimento cognitivo da criana. Buscamos tambm, esclarecer aos professores a importncia de ensinar cartografia para que os alunos tenham maior domnio dos contedos nos anos seguintes assim como seu maior desenvolvimento na sociedade. Paralelamente, mostramos por meio de grficos como as escolas relacionam o ensino da Geografia com a Cartografia e se os professores esto preparados para o ensino da mesma. Por fim, apontamos a necessidade de se trabalhar com afinco os contedos cartogrficos nos anos iniciais do Ensino Fundamental, para desenvolvimento pleno da criana, alm das dificuldades enfrentadas para seu ensino em salas de aula e a falta de base da maioria dos professores dos anos iniciais. Palavras-chave: criana; Geografia; cartografia; Ensino Fundamental.
ABSTRACT
That study has objective to expose the importance of cartographic literacy in the early years of Elementary School as well as the benefits it brings to the childs cognitive development. It also seeks, to explain to teachers the importance of teaching cartographic for that students have greater content area in the next years, as well as, more development in society. Finally, point for the necessity to work hard contents cartographic in the early years of Elementary School for the full development of the child, the difficulties facing for your teaching in the classrooms, as well the failure of basis of the most teachers of early years. Keywords: child; Geography; cartographic; Elementary School.
RESUMEN
Ese trabajo tiene como objetivo exponer la importancia de la alfabetizacin cartogrfica en los aos iniciales de la Enseanza Basica, bien como los beneficios que ella tras para el desarrollo cognitivo de nio. Buscamos tambin, esclarecer a los profesores la importancia de ensear cartografa para que los alumnos tengan mayor dominio de los contenidos de los aos siguientes as como, su mayor desarrollo en la sociedad. Paralelamente, mostramos por medio de grficos como las escuelas relacionan la enseanza de la geografa con la cartografa, y se los profesores estn preparados para la enseanza de la misma. Por fin, apuntaremos la necesidad de se trabajar con ahnco contenidos cartogrficos en los aos iniciales de la Enseanza Basica para el pleno desarollo del nio, las dificultades enfrentadas para su enseanza en las clases, y la ausencia del apoyo de la mayora de los profesores de los aos iniciales. Palabras clave: nio; Geografa; cartografa; Enseanza Basica.
INTRODUO
O presente artigo tem como tema a
alfabetizao cartogrfica nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, considerando que as
crianas nem sempre compreendem os conceitos
espaciais trabalhados nas escolas. Observamos
que h, de um lado, certa incompreenso por
parte das crianas, a qual decorre da dificuldade
de compreenso da realidade em que elas se
encontram e, de outro, a forma equivocada que
os conceitos relativos noo de espao so
trabalhados na escola. Tendo em vista esses
aspectos, nossa inteno, aqui, analisar a
importncia do trabalho escolar sobre o espao e
sua representao.
Nesse sentido, objetivamos discorrer acerca
da relevncia do ensino da Geografia, mais
especificamente sobre a alfabetizao
cartogrfica nos anos iniciais do Ensino Bsico,
ou seja, os benefcios que essa disciplina traz
ISSN 1980-5772 eISSN 2177-4307
DOI: 10.5654/actageo2013.0714.0010 ACTA Geogrfica, Boa Vista, v.7, n.14, jan./abr. de 2013. pp.153-173
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Alfabetizao cartogrfica no ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental: importncia e desafios Jos Roberto Machado e Fernanda Ferreira Passos Dias
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para o melhor desenvolvimento intelectual,
moral e fsico das crianas.
O ensino de Geografia, principalmente da
Cartografia, vem passando por muito descaso
em nosso pas, e esse fato decorre de vrios
fatores, tais como a falta de incompreenso do
assunto por parte dos professores e dos alunos,
formao inadequada dos profissionais da
educao, contedos desvinculados da
realidade dos alunos, entre outros.
Entretanto, julgamos que o aprendizado da
Cartografia tem grande importncia para a
sociedade contempornea, haja vista que se
constitui em um instrumento necessrio vida
das pessoas; dessa forma, essencial a
aprendizagem, e consequentemente o domnio,
de conceitos e referenciais espaciais para
deslocamento e ambientao.
A alfabetizao cartogrfica propiciar aos
alunos a possibilidade e a capacidade de
visualizao da organizao espacial,
considerada imprescindvel para educar as
pessoas para a autonomia visando a uma ao
independente. Essa autonomia, por seu turno,
alcanada pelo pensamento prprio, pelas
tomadas de decises, pela criatividade e por
vrios outros elementos. Para o
desenvolvimento dessa autonomia, necessrio
saber ler e escrever, fazer contas, ler mapas,
tabelas, grficos, entre outros (PASSINI, 1994).
importante a preocupao com a
alfabetizao cartogrfica em uma educao
cujo objetivo seja a formao do ser autnomo,
crtico, que saiba se defender da dominao, que
saiba pensar e agir.
A NOO ESPACIAL NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
importante termos cincia de como os
homens, em sociedade, conseguiram construir a
representao dos elementos espaciais, fato
ligado evoluo histrica das conquistas dos
povos. A histria da Cartografia mostra como os
homens criaram meios para representar o
territrio, os quais foram evoluindo com o
aparecimento das tecnologias computacionais.
Assim, a evoluo das tcnicas foi baseada nos
referencias espaciais de localizao, orientao,
dimenses e movimentos da terra.
Os mapas antigos retratavam aspectos gerais
da rea representada, como o espao era visto
conceitualmente, alm de outros aspectos. O
ensino de como saber fazer a leitura dos mapas
dever da escola, a qual tambm tem a funo
de preparar o aluno para compreender a
organizao espacial da sociedade, exigindo
deste o conhecimento de tcnicas e instrumentos
necessrios (ALMEIDA, 2001).
No Ensino Fundamental, os conhecimentos
e as habilidades de representao cartogrfica
devem ser desenvolvidos desde os anos iniciais,
pois so habilidades ligadas leitura e escrita
no sentido de leitura e compreenso do mundo.
Almeida (2001) afirma que em Geografia, ler e
escrever exigem o domnio da linguagem
cartogrfica.
Para que o aluno chegue representao do
espao a fim de realizar estudos geogrficos, ele
precisa enfrentar os problemas que se
encontram na elaborao dos mapas, at hoje
defrontados pelos cartgrafos, referentes em
saber qual o sistema de localizao, projeo,
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escala e simbologia adequado a ser utilizado em
determinados mapas.
Atualmente na escola, o uso de mapas tem
diminudo e s vezes, quando utilizado,
destina-se somente para ilustrar e mostrar
localidades ou para colorir, sem mais objetivos.
Almeida (2001, p.18) assinala que a formao
do cidado fica incompleta, por no saber usar
nem dominar a linguagem cartogrfica.
Normalmente, o aluno no tem domnio do
espao, e usa pontos de referncia para
localizao e orientao. Se ele domina os
referenciais geogrficos, o domnio para a
elaborao de mapas ocorrer gradativamente, o
qual ocorrer mediante atividades de tcnicas
de representao espacial. Almeida (2001)
registra que o uso de maquetes uma forma
inicial de representao, no qual se discutem a
localizao, a projeo, a proporo e a
simbologia, e facilitar no processo de
aprendizagem do aluno.
Assim sendo, o aluno ter reduzido o seu
grau de dificuldade para fazer a leitura de um
mapa, pois ter uma reduo tridimensional de
uma rea conhecida, que depois ser mapeada.
a partir da soluo desse problema que o
aluno poder ter meios para compreender os
mais complexos (ALMEIDA, 2001).
Hoje, no apenas os estudiosos, mas
qualquer cidado deve possuir o conhecimento
da cidade, da circulao, do meio rural, o que
pressupe o domnio das formas de
representao do espao. Este seria o principal
motivo de se incluir a representao espacial no
currculo escolar.
atravs do currculo escolar que acontece o
desenvolvimento pedaggico necessrio ao
processo de ensino-aprendizagem dos alunos.
So eles: gradao de dificuldades, noes,
conceitos, habilidades e elaborao de
atividades de ensino. Os contedos possibilitam
aos alunos chegar ao conhecimento, cuja
abrangncia explicativa amplie sua leitura e
compreenso do mundo, conforme Almeida
(2001, p.35):
Estudos recentes apontam que o domnio do espao pelo homem influenciado por fatores psicofisiolgicos e socioculturais. Marie Germaine Pcheux, da Universidade de Paris V, analisa a hiptese que as experincias espaciais e suas conseqncias so as mesmas para todos os homens. Segunda ela, o ser humano dispe, muito precocemente, de certas competncias no domnio espacial, as quais se manifestam quando situaes favorveis ocorrem.
A partir dessa afirmao, podemos perceber
que a interao entre os fatores biolgicos e
sociais importante para o desenvolvimento do
domnio espacial das pessoas.
Outro fator que deve ser apontado reside na
relevncia do sistema sensrio-motor na
organizao psicolgica da criana para
compreender o espao. Resumidamente, seriam
as progressivas aquisies da criana, no nvel
corporal, em ampliar o domnio do espao e
essa postura, por sua vez, influi em sua
apreenso das informaes sobre o entorno.
Com isso, podemos enunciar que desde o incio
da vida humana estabelecem-se referncias
espaciais com relao ao prprio sujeito,
chegando ao esquema corporal. Na viso de
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Almeida (2001), o esquema corporal a base
cognitiva, na qual se delineia a explorao do
espao.
Existem outros aspectos importantes, como,
por exemplo, o predomnio de um lado do
corpo na organizao espacial relacionada com
o esquema corporal, e salientamos que o estudo
desse assunto deveras pertinente para o
entendimento das relaes espaciais e de suas
implicaes na localizao e na orientao
espacial, mas esse um tema em que no vamos
nos aprofundar.
A partir desse conhecimento, observamos a
importncia e o objetivo da atividade com
maquetes e sua manipulao como um desafio
para resolver o problema espacial, como, por
exemplo, o de representar a sala de aula, porque
a partir de objetos fixos que a criana elabora a
representao do espao, tomando-o como
referencial antes da constituio do esquema
corporal.
Observamos, ento, a relevncia da
atividade sensrio-motor na construo do
espao pela criana e sua relao com o
esquema corporal. Por isso, devemos saber que
atividades que envolvem relaes entre corpo e
espao so importantes em todas as idades, e
quais devem ser orientadas na escola
(ALMEIDA, 2001). Nesse mbito, possvel
entendermos que a orientao espacial est
intimamente ligada atividade corporal.
Uma educao para a leitura de mapas
entendida como o processo de aquisio de um
conjunto de conhecimentos e habilidades
adquiridos pelos alunos para que consigam
efetuar a leitura do espao, represent-lo e
construir os conceitos das relaes espaciais.
Assim, a funo simblica tem suma
importncia para preparar leitores de mapas
eficazes (PASSINI, 1994).
A maioria dos mapas oferecidos s crianas
pelos professores serve apenas como ilustrao,
devido complexidade da simbologia e falta
de uma educao cartogrfica mais eficiente nas
escolas.
Os gegrafos argumentam que o
conhecimento do espao se d pelo mapa e que
esse o caminho para a autonomia poltico-
financeira. Sendo assim, saber ler o espao
uma responsabilidade social.
Lacoste apud Passini (1994) enfatiza a
necessidade de um saber para ajudar a pensar o
espao, ou seja, os gegrafos devem ajudar os
cidados em como pensar o espao. Para tanto,
o autor responsabiliza o gegrafo pela tarefa de
informar a populao sobre o contedo espacial
bem como form-la para saber pensar o espao
e, por conseguinte, saber fazer o espao.
importante refletirmos acerca da
responsabilidade de se formar o cidado que
consiga participar da reconstruo do espao e
da sociedade, sem que se reproduzam as
injustias existentes. "Nosso problema terico e
prtico o de reconstruir o espao para que no
seja o veculo de desigualdades sociais e, ao
mesmo tempo, reconstruir a sociedade para que
no crie ou preserve desigualdades sociais"
(SANTOS apud PASSINI, 1994, p.17).
Passini (1994) postula que para que o ser
humano se engaje na reconstruo do espao-
sociedade preciso que ele seja um indivduo
crtico, um leitor competente do espao e de sua
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representao. Um leitor crtico do espao
aquele capaz de ler o espao real e a sua
representao o mapa. E por meio dessas
leituras, apreender os problemas do espao e ao
mesmo tempo conseguir pensar as possveis
transformaes para aquele espao.
Lacoste apud Passini (1994) aponta duas
Geografias, a dos professores e a dos Estados
Maiores. Na Geografia dos professores, no se
percebe o contedo espacial estratgico que a
cincia geogrfica contm. Essa geografia dos
livros didticos uma geografia "espetculo", na
qual so mostrados os conceitos acabados, no
permitindo discusses e contradies. Nesse
caso, o aluno no consegue construir conceitos
porque eles j esto prontos e inquestionveis.
Portanto, ela considerada uma geografia das
afirmaes e exclamaes.
Na geografia dos professores, o aluno no
reflete, no interpreta, no analisa, no compara
nem generaliza, apenas recebe as informaes,
memoriza e reproduz, sem utilizar o prprio
pensamento.
preciso que os professores acabem com
essa ideia de duas geografias. Para tanto,
necessria a formao profissional desses
professores em que se difunda a ideia de que
estes poderiam objetivar a formao do ser que
saiba ler o seu espao. Sendo assim, ser leitor
eficiente de mapas e capaz de realizar estudos e
pesquisas reorganizadores e reconstrutores do
espao.
O professor formado para a leitura e anlise
crtica poder contribuir para a formao de um
ser que seja um analisador dos elementos que
compem o espao no mais como pronto e
acabado. Essa geografia crtica uma cincia
comprometida com o espao real, da sociedade
que produz e organiza os espaos.
O espao no deve ser visto como clula
isolada e autossuficiente, como se o mundo no
existisse.
As pessoas que agem em seu espao conhecem-no muito bem, porm o mapa que trar a possibilidade de uma leitura das relaes e integraes aos espaos contguos e mais distantes. Sem essa analise de relaes, o estudo do espao se limita ao percebido e ao vivido, no passando de um estudo isolado (LACOSTE apud PASSINI, 1994, p.20).
Passini (1994) aponta que o estudo do
espao s ter significado se for considerado em
um conjunto em que os espaos de ao
cotidiana esto includos. Para tal, essa incluso
deve ser vista de forma dinmica, pois a ao
do homem que os constri e reconstri.
Com toda a complexidade que um mapa
apresenta, no devemos esperar que qualquer
pessoa ao ver um mapa pela primeira vez
consiga apreender as informaes ali contidas.
Logo, importante a preocupao com a
alfabetizao cartogrfica contextualizada, em
uma educao que objetive a formao do ser
com autonomia, crtico, armado para se
defender da dominao assim com para pensar
e fazer o espao (PASSINI, 1994, p.22).
O professor que pensa na formao da cidadania, como participao consciente e responsvel, possivelmente tambm um ser autnomo, com pensamentos prprios, toma decises, tem iniciativa, criativo. Acredita-se que uma das decises como
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educador seja a escolha do livro didtico.
Para elaborar um mapa, preciso fazer uma
seleo, classificao, simplificao e
simbolizao das informaes do espao
observado para se chegar ao produto final. Mas
essa uma temtica em que no pretendemos
nos aprofundar. preciso saber que para a
elaborao do mapa o espao real reduzido
mediante a percepo do cartgrafo.
Desta forma, o mundo real cartografado, o
mapa lido e o mundo real propriamente dito
ficam com algumas diferenas sensitivas e
seletivas. O processo de leitura do mapa a
compreenso da linguagem cartogrfica,
decodificando os significantes atravs da
legenda. Para Passini (1994), a decodificao
processo fundamental para compreenso da
linguagem cartogrfica.
Acreditamos que no ser por meio de
cpias de mapas, recortes de mapas prontos,
exerccios de colorir que a criana ir se
preparar para a compreenso das informaes
codificadas do mapa. Preparar o aluno deve
incluir a sua ao como elaborador de mapas.
Na ao de mapear, o objeto a ser mapeado deve ser o espao conhecido do aluno, o espao cotidiano, onde os elementos (casa, escola, padaria, ruas, semforos, topografia, rios, etc.) lhe so familiares. Estes so os elementos que sero codificados por meio de significantes elaborados pela criana para que, iniciando com smbolos icnicos, sinta a expresso do contedo a informar (PASSINI, 1994, p.26).
A proposta de alfabetizar para ler mapas
deve ser estudada com o mesmo cuidado da
alfabetizao para a leitura e escrita. A educao
cartogrfica como processo metodolgico
prope, em primeiro lugar, que o aluno seja
mapeador, para que, utilizando os elementos
cartogrficos (smbolo, projeo, reduo),
consiga adquirir o conhecimento da simbologia
cartogrfica. Em segundo lugar, prope que o
objeto a ser mapeado seja o espao conhecido do
aluno; em terceiro, prope que o e o ponto de
chegada signifique a sistematizao dos
elementos conhecidos do espao cotidiano.
A educao cartogrfica prope ainda que as
aes estruturantes possibilitem aos alunos a
compreenso das relaes espaciotemporais de
forma significativa. Ao final, prope a incluso
do espao conhecido em espaos mais amplos e
relaes mais complexas sejam percebidas pela
criana atravs de suas aes e deslocamentos
dirios, de acordo com Passini (1994, p.29).
Pretende-se que o aluno assim formado, leitor consciente da organizao do seu espao e sua representao, torne-se um ser autnomo, critico e engendre possibilidades de uma reorganizao do espao, porque questiona a organizao existente e concebe-a como produzida pela prpria sociedade, portanto, passvel de reconstruo.
Sendo assim, a alfabetizao cartogrfica
deve ser vista como proposta metodolgica,
pois prepara o aluno para a compreenso do
contedo estratgico da Geografia.
de suma importncia sabermos que
preciso respeitar o pensamento e as aes das
crianas. necessrio levarmos em conta que a
criana cria e recria o mundo em sua mente
atravs de uma concepo prpria, e sua
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representao do espao tomar como base a
sua prpria leitura. Sendo assim, o professor
pode observar como o aluno l o espao e o
representa para que as aes no sejam
impostas atravs de leituras pr-elaboradas
pelos adultos. A esse respeito, Passini (1994,
p.41) alega que a importncia da ao de
mapear para a posterior eficcia da leitura de
mapas deve ser entendida como uma ao que
respeite a forma como a criana percebe e
representa o espao, contextualizada em sua
concepo de mundo.
Logo nos primeiros meses de vida, o ser
humano apresenta percepes do domnio
espacial que vo se desenvolvendo na interao
com o meio. Portanto, entendemos que a noo
de concepo do espao acontece antes mesmo
do perodo de escolarizao (ALMEIDA &
PASSINI, 2008).
E na escola, como mencionamos, que a
aprendizagem espacial ocorre voltada para a
compreenso de como a sociedade organiza seu
espao, o que possvel com o uso de
representaes formais ou convencionais desse
espao.
Outro fator importante, citando Almeida e
Passini (2008), que os anos iniciais da
Educao Bsica no Brasil so deficientes e o
professor no aprende o suficiente em seu curso
de formao que o habilite a desenvolver um
programa que leve o aluno a dominar conceitos
espaciais e sua representao. Sendo assim, o
preparo do aluno fica precrio.
A compreenso do mapa pelo aluno traz
uma mudana qualitativa superior na
capacidade deste em pensar o espao, pois o
mapa funciona como um sistema de signos que
lhe permite usar um recurso externo sua
memria, com alto poder de representao e
sintetizao (ALMEIDA e PASSINI, 2008). Por
esse motivo, a representao do espao atravs
de mapas permite ao aluno atingir uma nova
organizao estrutural de sua atividade prtica
e da concepo do espao. E isso s vai ocorrer
se o aluno participar ativamente do processo de
construo e reconstruo do conhecimento
mediante a prtica escolar orientada pelo
professor.
Contudo, podemos chamar o mapa de um
modelo de comunicao que se vale de um
sistema semitico complexo. A informao
transmitida por meio de uma linguagem
cartogrfica que utiliza trs elementos: o sistema
de signos, a reduo e a projeo. Logo, ler
mapas significa dominar esse sistema semitico,
essa linguagem cartogrfica. E ensinar o aluno
significa passar por preocupaes
metodolgicas srias, assim como ensinar a ler e
escrever, por isso a importncia da leitura de
mapas (ALMEIDA e PASSINI, 2008).
Se voltarmos ao passado, verificamos que o
objetivo dos mapas utilizados pelos homens das
cavernas era para melhorar a sobrevivncia,
para expressar seus deslocamentos, registrar as
informaes de possibilidade da caa, os
problemas de terreno, matas, rios, entre outros.
Nesses mapas (que eram topolgicos), usavam-
se smbolos iconogrficos, sem preocupao de
projeo e de sistemas de signos ordenados.
Para Almeida e Passini (2008), os smbolos
pictricos eram de significao direta, sem
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legenda, eles usavam sua prpria linguagem, a
iconografia.
Almeida e Passini (2008) assinalam que a
Geografia uma cincia que se preocupa com a
organizao do espao em que o mapa
utilizado para investigao e constatao de
seus dados. A Geografia e Cartografia
caminham juntas com a Geologia e a Biologia,
para que as informaes colhidas possibilitem a
compreenso espacial do fenmeno.
Sobre o mapa, as autoras propalam:
O mapa de suma importncia para que todos que se interessem por deslocamentos mais racionais, pela compreenso e organizao dos espaos, possam se informar e se utilizar deste modelo e tenham uma viso de conjunto. Assim, tambm, para os leigos, ao se preocuparem com a organizao do seu espao, ou de forma mais cotidiana com deslocamentos mais racionais, ou circulaes alternativas (congestionamentos, impedimentos) devem apelar para o mapa (ALMEIDA e PASSINI, 2008 p.16).
O mapa uma reduo proporcional da
realidade, e sua escala estabelece quantas vezes
o espao real sofreu reduo. Portanto, a leitura
de mapas um processo que comea com a
decodificao, envolvendo as etapas que devem
ser respeitadas para termos uma leitura eficaz.
A leitura inicia-se com a observao do
ttulo. preciso saber qual o espao
representado, os limites, as informaes,
verificar a legenda, relacionar o significante e o
significado na legenda e espalhados no mapa
para refletir sobre a distribuio e organizao.
preciso, enfim, observar a escala grfica ou
numrica mostrada no mapa.
Desta forma, nos mapas h necessidade de
clareza dos objetivos. Ao selecionar as
informaes, preciso que o usurio busque as
generalizaes, mas sem perder as informaes
importantes. Contudo, preciso que o leitor
tenha o mnimo de informao relativa s
tcnicas de mapeamento para obter sucesso na
leitura do mapa. Nesse sentido, ensinar o aluno
a mapear apontar os caminhos para a
construo de um leitor consciente da
linguagem cartogrfica.
Para os cartgrafos, o mapa uma
representao da superfcie da Terra. Sobre um
mapa pode-se representar uma srie de
informaes, escolhidas por interesses ou
necessidades das mais diversas ordens: poltica,
econmica militar, cientfica, educacional.
Os mapas expressam ideias referentes ao
mundo e sua elaborao no determinada pela
tcnica; sua produo sempre esteve ligada aos
interesses polticos e militares ou s influncias
religiosas e navegao. Os mapas s podem ser
entendidos se visualizados no contexto histrico
e cultural em que foram produzidos
(ALMEIDA, 2001).
Passini (1994) postula que o mapa a
representao simblica de um espao real, que
se utiliza de uma linguagem semitica
complexa: signo, projeo e escala. O mapa
tambm um smbolo que representa o espao
geogrfico de forma bidimensional e reduzida.
Os mapas devem ser valorizados no apenas como meios de registro do espao geogrfico, mas tambm com instrumento de pesquisa. Ele til no momento de levantar questes a serem investigadas, assim como no momento de se registrar os resultados da
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pesquisa. O mapa um recurso de valor, sempre que estejam envolvidas questes que problematizem as aes dos homens no espao. Pois as relaes existentes no espao geogrfico dificilmente so perceptveis no campo, em sua totalidade, sem a sua representao (PASSINI, 1994, p.23).
O mapa importante na identificao da
organizao do espao, na avaliao das
alteraes na forma de sua ocupao e como
instrumento de expresso dos resultados dos
dados.
Convm pontuar que os conhecimentos
cartogrficos foram construdos ao longo dos
sculos, desde a Antiguidade Clssica. Pelo
estudo da histria da Cartografia, podemos
perceber que a produo de mapas com
referenciais e traados mais precisos uma
conquista recente (ALMEIDA, 2001).
A Cartografia moderna, apoiada no avano
tecnolgico, tem produzido mapas cada vez
mais precisos. O uso de imagens de satlite
possibilita produzir mapas com alta preciso.
Os mapas atuais so produtos de um mundo
que tem na tecnologia um de seus traos
essenciais. Esses mapas constroem e revelam ao
mesmo tempo a atual imagem do mundo.
Almeida (2001) afirma que apesar da
tecnologia, o ensino e o uso de mapas na escola
tem suas necessidades definidas a partir das
funes que esse tipo de conhecimento possa ter
na formao dos cidados.
Paganelli apud Almeida e Passini (2008)
mostra como os passos metodolgicos de
mapear levam formao de um bom leitor,
com base na teoria de Piaget de que a criana na
idade do pensamento concreto necessita agir
para conseguir construir conceitos e edificar os
conhecimentos, e a autora sugere que se leve o
aluno a elaborar mapas para torn-lo um leitor
eficaz.
Nessa ao citada acima, para que o aluno
possa entender a linguagem cartogrfica, no
significa que deva pintar ou copiar, mas sim
fazer o mapa para que, acompanhando cada
passo do processo, se familiarize com a
linguagem cartogrfica (ALMEIDA e PASSINI,
2008).
vivenciando as dificuldades de organizar
um sistema de signos que o aluno construir
noes de organizao de um sistema semitico.
O aluno tomar conscincia das informaes
quando tiver que estabelecer uma classificao e
selecionar as informaes a serem mapeadas, o
que melhorar seu raciocnio lgico.
Na ao de mapear ocorre o passo
metodolgico para o aprendizado de mapas, e
no mediante cpias ou pinturas. O aluno deve
viver o papel de codificador antes de ser
decodificador, para conseguir dar significado
aos significantes.
Piaget apud Almeida e Passini (2008)
assinala que a funo simblica surge por volta
dos dois anos de idade, com o aparecimento da
linguagem. A noo de espao passa por nveis
prprios da evoluo da criana na construo
do conhecimento, do vivido ao percebido e
depois ao concebido.
O vivido o espao fsico, vivenciado pelo
movimento e deslocamento, a criana aprende
por intermdio de brincadeiras, por isso a
importncia de exerccios rtmicos e
psicomotores. Nessa fase, a criana capaz de
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perceber somente o aqui. O espao percebido
no precisa ser experimentado, a criana capaz
de se lembrar do percurso que faz da escola at
sua casa, no precisa mais percorr-lo para
lembrar. Nesse momento, inicia-se para a
criana o estudo da Geografia (ALMEIDA e
PASSINI, 2008). Por isso, nessa fase o professor
deve se preocupar em propor atividades que
desenvolvam conceitos e noes mais do que
um contedo sistemtico.
O espao concebido se d por volta dos 12
anos, sendo possvel que o aluno estabelea
relaes espaciais entre elementos apenas
atravs de sua representao, ou seja, capaz de
raciocinar sobre uma rea retratada em um
mapa sem t-la visto antes.
Sendo esse o processo evolutivo da
construo da noo de espao, o professor deve
exercer um trabalho no sentido da estrutura do
espao, pois a criana tem uma viso sincrtica
do mundo, como asseveram Almeida e Passini
(2008, p.27):
Para a criana os objetos e o espao que eles ocupam so indissociveis. A posio de cada objeto dada em funo do todo no qual ele se insere. A criana percebe esse todo e no cada parte distintamente. Por esse motivo para as crianas pequenas a localizao e o deslocamento so definidos a partir de referencias dela, de sua prpria posio.
Na sociedade moderna, o aprendizado
espacial tem grande importncia, configurando-
se como um instrumento necessrio vida das
pessoas. essencial o domnio de conceitos e
referencias espaciais para deslocamento,
ambientao e muito mais do que isso. Assim
como as outras disciplinas, o preparo para esse
domnio desenvolvido na escola. na escola
que deve ocorrer a aprendizagem espacial para
que o aluno compreenda de que forma a
sociedade organiza seu espao. necessrio
tambm que o professor saiba que a noo de
espao inicia-se antes mesmo do perodo de
escolarizao da criana, mas esse um assunto
que no aprofundaremos neste texto.
O aparecimento do mapa de forma semelhante ao que ocorreu com as primeiras formas de escrita, alterou qualitativamente o poder do homem de domnio do espao, pensar sobre o espao torna-se, portanto pensar sobre sua representao (ALMEIDA, 2001, p.21).
A alfabetizao cartogrfica, a possibilidade
que uma pessoa tem de ler um mapa, a
capacidade de visualizao de organizao
espacial so consideradas de grande
importncia para educar as pessoas para a
autonomia visando a uma ao independente. A
autonomia alcanada pelo pensamento
prprio da pessoa, pelas suas tomadas de
decises, pela criatividade e vrios outros
elementos, e para o desenvolvimento dessa
autonomia que devemos adquirir na escola
necessrio saber ler e escrever, fazer contas, ler
mapas, tabelas, grficos, entre outros (PASSINI,
1994).
Normalmente, os mapas apresentam uma
linguagem complexa sejam em livros didticos
ou atlas , da a necessidade de saber interpret-
los. Propomos que se estude a educao
cartogrfica, assim como a leitura e escrita. A
linguagem cartogrfica especfica,
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necessitando ser decodificada, e alguns autores
como Lacoste (1988) advertem que h um
descompromisso da escola em relao a essa
alfabetizao cartogrfica (PASSINI, 1994).
O indivduo que no consegue usar um mapa est impedido de pensar sobre aspectos do territrio que no estejam registrados em sua memria. Est limitado apenas aos registros de imagens do espao vivido, o que o impossibilita de realizar a operao elementar de situar localidades desconhecidas (ALMEIDA, 2001, p.17).
importante a preocupao com a
alfabetizao cartogrfica em uma educao
cujo objetivo seja a formao do ser autnomo,
crtico, que saiba se defender da dominao, que
saiba pensar e agir. Mas antes de abordarmos
esse tema, necessrio tambm que entendamos
o que um mapa, sua relevncia e saber como
se deu o seu surgimento.
O mapa tem a funo de informar e no
apenas de ilustrar; ler mapas no somente
localizar um rio, cidade ou estradas, o mapa
uma representao codificada de um
determinado espao real, e para l-lo preciso
dominar um sistema. Ensinando um aluno a ler
um mapa, estamos mostrando-lhe os caminhos
de um leitor consciente e eficaz (ALMEIDA,
2001).
A tomada de conscincia do espao ocorre
em sua explorao, desde o nascimento de uma
criana, atravs das experincias que esta realiza
ao seu redor. Ao ser tocada, acariciada,
amamentada, a criana inicia o processo de
aprendizagem do espao, tambm chamada de
conscientizao do espao. Nesse processo, que
ocupado pelo prprio corpo da criana, ficam
registrados em sua memria corporal os
referenciais dos lados e das partes do corpo, que
serviro de base para referenciais espaciais. H
nesse processo dois aspectos essenciais: o
esquema corporal e a lateralidade, aspectos
esses que sero abordados mais adiante
(ALMEIDA e PASSINI, 2008).
medida que a criana se desenvolve e
especializa sua ao sobre o meio, obtm maior
domnio sobre o espao prximo e alcana
espaos cada vez maiores.
O espao para a criana um mundo quase impenetrvel. Sua conquista ocorre aos poucos, medida que for atingindo alteraes quantitativas de sua percepo espacial e uma conseqente transformao qualitativa em sua concepo do espao (ALMEIDA e PASSINI, 2008, p.30).
Outro fator que devemos mencionar se
refere s primeiras relaes espaciais que a
criana estabelece, as quais so chamadas de
relaes topolgicas elementares. Como o
prprio nome d a entender, nessas relaes a
criana usa referenciais elementares como
dentro, fora, ao lado, na frente, perto, etc. e essas
relaes tambm comeam a ser estabelecidas
desde o nascimento, constituindo-se na base
para relaes mais complexas. Por isso,
devemos atribuir grande relevncia percepo
espacial no incio da atividade escolar, temtica
que contemplaremos detalhadamente mais
adiante (ALMEIDA e PASSINI, 2008).
Almeida (2008) relata que desde os nossos
primeiros anos de vida, mediante a interao
com o meio, apresentamos percepes
referentes ao domnio espacial. A autora
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enfatiza o aprendizado desse domnio, que
ocorre antes mesmo da escolarizao, devendo
se estender na escola, principalmente nas sries
iniciais, para que as crianas compreendam as
formas pelas quais a sociedade organiza seu
espao. Esse aprendizado, em consonncia com
a autora, s ser possvel com o uso de
representaes formais ou convencionais desse
espao.
A autora acrescenta que os conhecimentos e
habilidades devem ser desenvolvidos e
aprofundados desde o 1 at o 9 anos do Ensino
Fundamental, pois so essenciais ao
entendimento dos conceitos que possibilitam ao
aluno realizar a anlise geogrfica.
A geografia na atualidade fundamenta-se no reconhecimento da reorganizao do espao, em todo o mundo, como reflexo das relaes de produo do ps-guerra. Assim recursos que possibilitam representar essas transformaes constituem uma chave para o pensamento critico sobre o espao. Entre tais recursos est a linguagem dos mapas (ALMEIDA, 2001, p.17).
Almeida (2001) baseia-se na teoria de Piaget
para explicar aspectos da representao do
espao. A ideia de Piaget consiste em
compreender a formao dos mecanismos
mentais na criana para aqueles que desejam
entender sua natureza e seu funcionamento no
adulto.
DA TEORIA SALA DE AULA: A
IMPORTNCIA DA CARTOGRAFIA
De acordo com Callai (2000), necessrio o
uso da linguagem cartogrfica para ler o espao;
portanto, ao ensinar Geografia, deve-se dar
prioridade construo dos conceitos pela ao
da criana, tomando como referncia as suas
observaes do lugar de vivncia para que se
possa formalizar conceitos geogrficos por meio
da linguagem cartogrfica (CASTELAR apud
CALLAI, 2000, p.243).
Callai (2000) afirma que a aprendizagem da
linguagem cartogrfica, ou seja, a alfabetizao
cartogrfica, mesmo com seus dficits no ensino,
base para a aprendizagem da Geografia e deve
acontecer em algum momento da vida escolar,
especialmente nas aulas de Geografia.
Para a criana ser capaz de ler o mundo, o
espao, necessrio que seja capaz de
representar o espao em que vive sua realidade.
Uma das formas de ler o espao atravs dos
mapas, que como j assinalamos, so
representaes cartogrficas de um determinado
lugar. Como aponta Callai (2000, p.244), para
que essa aprendizagem ocorra necessrio
considerar que para o sujeito ser capaz de ler
de forma crtica o espao, necessrio tanto que
ele saiba fazer a leitura do espao real/concreto
como que ele seja capaz de fazer a leitura de sua
representao, o mapa.
Outro fator relevante para o aprendizado da
leitura do mapa saber fazer o mapa, da a
necessidade de que no perodo escolar a criana
aprenda a desenhar trajetos, plantas da sala de
aula, da casa, do ptio da escola, atividades que
podem ser realizadas nos anos iniciais da
escolarizao, no esquecendo de sempre se
apoiar em dados reais concretos.
Vimos, por conseguinte, que na
alfabetizao cartogrfica saber ler o espao por
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meio dos mapas no suficiente para um
aprendizado completo; necessrio tambm
saber tambm represent-lo, e para que isso
acontea so necessrias algumas regras. Seja do
mapa mais simples ao mais complexo, sua
fabricao exige da criana a observao e a
representao, como afirma Callai (2000, p.244):
Ao fazer um desenho de um lugar que lhe seja conhecido ou mesmo familiar, ela estar fazendo escolhas e tornando mais rigorosa a sua observao. Poder, desse modo, dar-se conta de aspectos que no eram percebidos, poder levantar novas hipteses para explicar o que existe, poder fazer criticas e at encontrar solues para as quais lhe parecia impossvel contribuir. A capacidade de o aluno fazer a representao de um determinado espao significa muito mais do que estar aprendendo geografia: pode ser um exerccio que permitir a construo do seu conhecimento para alm da realidade que est sendo representada, e estimula o desenvolvimento da criatividade, o que, de resto, lhe significativo para a prpria vida e no apenas para aprender simplesmente.
preciso, alm de saber ler o espao e
represent-lo por intermdio dos mapas, saber
tambm ler o prprio mapa, e para tanto so
necessrias habilidades como a de reconhecer
escalas, decodificar legendas e ter senso de
orientao.
Atravs mediante essas habilidades que a
criana poder entender, por exemplo, um
espao tridimensional representado de forma
bidimensional, poder entender tambm que a
Terra redonda, entre vrios outros aspectos
fundamentais para a atividade de mapear.
E para que essas habilidades sejam
adquiridas, so necessrios exerccios contnuos
para o desenvolvimento da lateralidade,
orientao, referncia, e tambm para saber o
significado de distncia e de tamanho na
construo dos mapas, como explica Callai
(2000, p.245):
As habilidades podem ser simplesmente exercitadas, procurando-se alcanar o seu domnio. Mas o que nos interessa no simplesmente ter domnios, que o capacitem a viver no mundo, claro, mas poder, por meio dessa exercitao, dar conta de aprender a ler e viver o mundo. Aprender a pensar e reconhecer o espao vivido. No simplesmente como espao que pode ser neutro, o estranho a si prprio, mas pensar um espao no sentido de se apropriar das capacidades que lhe permitiro compreender o mundo, reconhecer a sua fora, e a fora do lugar em que vive. Aprender para viver, mas aprendendo a buscar a transformao capaz de tornar o espao mais justo, pelo acesso aos bens do mundo e da vida. Aprender a construir a sua cidadania.
Vemos, portanto, que de acordo com a
autora supracitada, o ensino da Cartografia na
disciplina de Geografia, especificamente nos
anos iniciais da escolarizao, importante para
que as pessoas adquiram conhecimento
necessrio para a vida, como, por exemplo,
observar, descrever, comparar, tirar concluses,
compreender, fazer anlise, entre outros, e
consequentemente, contribui com a leitura do
mundo.
Nesse sentido, deveras relevante que os
professores de Geografia encontrem maneiras
de no s ensinar Cartografia, mas que essa
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educao tenha resultados mais positivos,
formando cidados atuantes na sociedade e na
construo do espao.
No mundo atual globalizado, importante
que conheamos e compreendemos a sociedade,
o lugar onde vivemos, porm temos que no s
conhecer, mas tambm agir sobre ele. No
podemos esperar que as coisas aconteam; pois
segundo Callai (2000), construir os referenciais
bsicos para a anlise espacial ter clareza
sistemolgica de nossa cincia. E, para saber
fazer uma educao com senso de aprender
para ser sujeito da sua vida, necessrio
fundamentar epistemologicamente a pedagogia.
IMPORTNCIA E FORMAS DE SE
TRABALHAR A ALFABETIZAO
CARTOGRFICA
Com a finalidade de conhecer os
profissionais atuantes nos anos iniciais do
Ensino Fundamental de Escolas Pblicas
Municipais de Nova Esperana-PR, elaboramos
um questionrio, que ao todo somam 20
questes que abordam perguntas sobre a
formao profissional dos entrevistados, em que
ano/sries do 1 ao 5 atuam, se trabalham com
Geografia, se gostam de ensinar Geografia; se
trabalham com Cartografia e quantas vezes por
semana; se tiveram uma boa base de Geografia e
tambm de Cartografia na graduao; se os
professores do preferncia s disciplinas de
Lngua Portuguesa e Matemtica; se os alunos
gostam de Geografia e Cartografia; dentre
outras indagaes.
Com base na quantificao desses
questionrios, elaboramos grficos para
demonstrar visual e proporcionalmente as
informaes coletadas. Assim, dos questionrios
respondidos (GRFICO 1), quinze entrevistados
responderam que possuem ps-graduao, um
somente graduao, um apresenta magistrio e
graduao e trs possuem magistrio,
graduao e ps-graduao.
GRFICO 1 Nvel de Instruo das Professoras de Nova Esperana-PR, 2011. Fonte: Pesquisa emprica, 2011.
No tocante ao local da formao de Ensino
Superior (GRFICO 2), dois entrevistados
revelaram que se formaram na Universidade
Paranaense (UNIPAR), um na Universidade
estadual de Maring (UEM), dois na
Universidade Estadual de Londrina (UEL),
quatro na Vizivali, cinco na Fafipa, dois no
responderam, um no Instituto Superior de
Educao Avantis, um na Associao de Ensino
de Presidente Venceslau (AEPREVE), e um na
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Com base dos acima, percebemos que 100%
dos entrevistados possuem graduao e ps-
graduao, fato que comprova a boa formao
dos educadores. Assim, constatamos que essa
especializao est ligada rea da Pedagogia,
ficando a desejar na rea do ensino de Geografia
e Cartografia.
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Da pergunta relacionada a trabalhar com
contedos de Geografia (GRFICO 3), dezessete
afirmaram trabalhar e trs no trabalhar.
GRFICO 2 Instituio da Formao de nvel superior das Professoras de Nova Esperana-PR, 2011. Fonte: Pesquisa emprica, 2011.
GRFICO 3 Nmero de professoras que trabalham ou no com a Geografia. Fonte: Pesquisa emprica, 2011.
Dos dezessete que revelaram trabalhar com
contedos de Geografia (GRFICO 4), quinze
trabalham uma vez por semana, um trabalha
duas vezes por semana e um no respondeu.
GRFICO 4 Nmero de vezes por semana que trabalhado Geografia. Fonte: Pesquisa emprica, 2011.
Dos que responderam trabalhar uma ou
duas vezes por semana, sete relataram que os
contedos trabalhados so os dos livros
adotados pela escola, a maioria trabalha com
contedos relacionados moradia, condies e
influncias da natureza, a rua, o bairro, meios
de transporte, meio ambiente, sinais de trnsito,
as escolas e outras escolas, famlia, gua, esgoto,
energia eltrica, coleta de lixo, espao vivido,
localizao do estado e do pas, tipos de relevo,
tipos de vegetao, rios, espao urbano e rural,
comunicao, sistema solar, planeta terra, os
fluxos migratrios, distribuio da populao,
somente trs disserem trabalhar com linguagem
cartogrfica.
muito importante que professores e
tambm alunos tenham o domnio da
linguagem cartogrfica, que fundamental para
aprender e ensinar Geografia. Todavia, a
realidade de nossas escolas atualmente deixa
muito a desejar, pois como cobrar dos alunos
um conhecimento que nem foi dado, pois
muitos professores trabalham muito pouco a
disciplina de Geografia nos anos iniciais do
ensino, como podemos perceber no Grfico 4, e
menos ainda com contedos de Cartografia
(GRFICO 5).
De acordo com Oliveira (2008), entendemos
o quanto importante que professores das
sries iniciais tenham conhecimento sobre o
modo de uso de mapas na alfabetizao
cartogrfica, ou seja, a forma de se trabalhar
com a Cartografia. Percebemos que os
professores de modo geral, confirmados pelos
dados de nosso questionrio, apresentam pouco
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conhecimento relativo didtica de ensino de
mapas. Ensinar mapas para os alunos requer
conhecimento, saberes e prticas, os quais ainda
so considerados desafios para os professores.
GRFICO 5 Nmero de professoras que trabalham contedos de Cartografia. Fonte: Pesquisa emprica, 2011.
Oliveira (2008, p.491) argumenta que so as
concepes e os modelos didticos construdos
pelos professores ao longo da vida escolar e
profissional que orientam e determinam as
formas de construo do conhecimento
construdas na sala de aula.
preciso que os professores tenham uma
formao continuada no processo de ensino
para que as prticas adquiridas como copiar,
pintar, colorir mapas no sejam a nica forma
de ensinar. necessrio investimento por
parte do sistema escolar: escola e professores
no acesso a novos conhecimentos.
Outro fator fundamental para ensino da
Cartografia o pouco conhecimento por parte
dos professores acerca da construo e
elaborao dos mapas, aspectos como a legenda
e escala so fundamentais para o conhecimento
da linguagem cartogrfica. Nas palavras de
aponta Oliveira, (2008, p.492):
Introduzir o professorado das sries iniciais no contexto de uma formao slida da linguagem da cartografia
pode vir a facilitar o estudo da geografia na escola. Nesse sentido, vemos duas possibilidades: a primeira se concretizaria por meio do estabelecimento de um currculo que contemple espao de discusso desses temas nos cursos de magistrio superior e pedagogia; e por segundo e no menos importante, por meio de um processo dialgico e reflexivo de formao permanente, no qual as professoras pudessem refletir sobre suas prticas e avanar rumo a novas aprendizagens.
Pesquisa realizada por Voges e Chaves
(2007) relacionada alfabetizao cartogrfica
em escolas do Estado de Santa Catarina revela
que os professores(as) encontram dificuldades
em alfabetizar atravs da Cartografia devido
dificuldade de introduzir novos recursos e
instrumentos, alm dos tradicionais para que
no s o aluno, mas tambm os professores,
tenham um conhecimento maior no que se
refere a essa disciplina.
Observamos, assim, que uma das questes
principais no tocante alfabetizao cartogrfica
que por meio dela a criana poder pensar o
espao, e esse pensamento permite s pessoas
atingirem uma nova organizao estrutural de
sua atividade prtica e de sua concepo do
espao. E para a criana acontece o mesmo, pois
elas precisam de referenciais espaciais.
importante lembrar que para um melhor
desempenho da criana, a alfabetizao
cartogrfica deve ter incio desde a Educao
Infantil, com contedos adequados idade
(VOGES e CHAVES, 2007).
imprescindvel que a criana, mediante os
contedos, a interao com o meio onde vive, a
observao, assimile os conceitos, contedos,
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com atividades adequadas a sua idade, e que
essas atividades sejam gradativamente
desenvolvidas para que o conhecimento da
criana relacionado Cartografia seja
aprofundado cada vez mais, para que
futuramente possa realizar uma anlise
cartogrfica.
Vrias pessoas apresentam dificuldades em
relao leitura de mapas; de acordo com
Voges e Chaves (2007), essa dificuldade vem da
deficincia no ensino de Geografia no perodo
de escolarizao tanto dos alunos como dos
professores. E essa dificuldade apresentada
pelos alunos decorre do modo como os
professores ensinam e da falta de conhecimento
que muitos professores apresentam sobre o
contedo de Cartografia.
Esse fato corrobora nossa pesquisa de
campo, pois dos professores entrevistados que
trabalham com Cartografia, trs trabalham em
todas as aulas semanais; uma trabalha duas
vezes por semana; uma afirmou que trabalha
algumas vezes, entretanto, no revelou se na
semana, no bimestre ou em que poca; quatro
no responderam; oito seguem apenas o que
est no livro didtico; e outra, apenas uma vez
por bimestre. Dentre elas, duas alegaram que
no gostam de trabalhar Cartografia e quinze
informaram gostar da Cartografia.
Em relao justificativa de gostarem ou
no de trabalhar com a Cartografia, trs no
responderam; uma afirmou que no teve
conhecimento do assunto na poca da
faculdade; quatro revelaram que gostam por ser
um instrumento visual; uma disse que no gosta
de ensinar quando est no 2 ano; sete
responderam que importante porque
desenvolve a lateralidade, direo, observao,
localizao no espao, contedo do dia-a-dia da
criana; duas pontuaram que gostam porque
chama a ateno das crianas. Outra justificativa
reside no fato de onze professoras terem dito
que no tiveram uma boa base em sua formao
acadmica (GRFICO 6).
GRFICO 6 Nmero de professoras com boa formao acadmica ou no em Cartografia. Fonte: Pesquisa emprica, 2011.
Reconhecendo essa dificuldade dos
professores em ensinar Cartografia, estes no
procuram cursos especficos para se especializar
e mesmo no buscam solues para tentar
resolver o problema, deixando o ensino de
Geografia, especificamente de Cartografia, cada
vez mais defasado.
Mesmo no tendo uma boa formao em
Cartografia na formao acadmica, a maioria
dos professores respondeu que consideram
importante o ensino da Cartografia nos anos
iniciais do Ensino Fundamental, contudo
percebemos que nem todos tm o interesse de
ensinar essa disciplina. Entre os motivos da
importncia atribuda Cartografia esto os
seguintes: facilita a aprendizagem e
compreenso dos alunos; ajuda os alunos a
conhecerem o espao onde vivem; ajuda os
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alunos a se localizar, e localizar os lugares;
porque os alunos j vo se familiarizando com o
assunto.
O conhecimento em Cartografia, aliado a
materiais didticos adequados, como apontam
Voges e Chaves (2007), considerado fator
determinante para uma aula de qualidade no
que se refere Cartografia. E para isso, preciso
uma boa formao acadmica, com novas
metodologias, para levar os alunos a formular
hipteses e obter informaes importantes do
mapa observado, fatores importantes
considerando o mundo atual globalizado em
que vivemos.
Sobre a importncia do ensino de Geografia
nos anos iniciais do Ensino Fundamental,
dezessete dos professores entrevistados
revelaram que ensinar Geografia to
importante como ensinar disciplinas como
Lngua Portuguesa e Matemtica, pois auxilia o
aluno no desenvolvimento, na criticidade, no
agir, conhecer o espao em geral, orientar,
localizar, contribuindo em sua formao,
argumentando ser importante trabalhar de
forma interdisciplinar. Mesmo delegando
importncia as Geografias, oito professores
disseram que preferem ensinar Matemtica, sete
Portugus, duas Alfabetizao e uma Histria.
Baseando-se em Romualdo e Souza (2009),
verificamos vemos que na maioria das vezes os
professores(as) do mais importncia para as
disciplinas de Portugus e Matemtica deixando
em segundo plano disciplinas consideradas por
eles menos importantes, como a Geografia.
Mesmo a disciplina de Geografia sendo
considerada menos importante pela maioria dos
professores, esta consta dos currculos de todas
as escolas pesquisadas. Assim, a disciplina de
Geografia e o contedo de Cartografia fazem
parte do contedo curricular e devem ser
ensinados, ou seja, da mesma forma que a
criana precisa ser alfabetizada em Portugus e
Matemtica, deve ser tambm em Geografia.
Alfabetizao significa ler, entender e
representar a realidade presente e passada. Um
currculo de uma das escolas pesquisadas
aponta a leitura e a compreenso das
informaes expressas em linguagem
cartogrfica e em outras formas de
representao do espao, como fotografias
areas, plantas maquetes, entre outras. Portanto,
com base nos resultados da pesquisa,
percebemos que muitos professores no esto
trabalhando contedos geogrficos e
cartogrficos e os que trabalham no o fazem de
forma correta.
Quando a Geografia no bem trabalhada
nos anos iniciais do ensino, o aluno fatalmente
encontrar dificuldades nos anos seguintes,
quando novas disciplinas so apresentadas,
como afirmam Romualdo e Souza (2009, p.1-2)
O aluno por no estar familiarizado com essa
disciplina, passa a ter um pr-posicionamento
negativo da Geografia, descaracterizando-a
como cincia da memorizao. Vemos nesse
caso que alfabetizao inclui, alm da
Matemtica e do Portugus, a Geografia, entre
outras disciplinas.
Normalmente, quando a Geografia
ensinada, os professores repassam somente o
que est nos livros didticos adotados pelas
escolas, o que desvaloriza o ensino e a
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Alfabetizao cartogrfica no ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental: importncia e desafios Jos Roberto Machado e Fernanda Ferreira Passos Dias
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aprendizagem dessa disciplina, e os alunos so
avaliados pela memorizao e no pela
compreenso.
Observamos, por conseguinte, o quanto os
professores esto despreparados para o ensino
de Geografia e principalmente da Cartografia,
despreparo esse que pode trazer problemas na
comunicao, acarretando o uso incorreto dos
documentos cartogrficos.
Acreditamos que os professores devem se
preocupar mais com o ensino de Geografia,
particularmente com o ensino da Cartografia,
para que os alunos possam desenvolver um
senso crtico, nas relaes e organizaes
espaciais, na interao do homem com o meio,
em conformidade com Romualdo e Souza (2009,
p.2): tratando a Geografia como uma cincia
dinmica, e no esttica.
Por no ter conhecimento dos conceitos
bsicos da Cartografia, muitos professores esto
despreparados, e isso se torna visvel no
aprendizado dos alunos, que no conseguem
compreender um mapa nem associ-lo com a
realidade.
importante que os professores faam um
trabalho com os alunos dos anos iniciais para
que estes desenvolvam as primeiras noes
espaciais, e esse trabalho simples, pois comea
nos locais de vivncia como a rua, o bairro,
estimulando, assim, atravs dos desenhos, as
primeiras representaes cartogrficas, e
corroborando Romualdo e Souza (2009), a partir
desse momento o educando comear a ler a sua
realidade, o contexto onde est inserido por
intermdio da alfabetizao cartogrfica, o que
permitir a construo de importantes conceitos
na decodificao de mapas.
CONSIDERAES FINAIS
A discusso levantada neste trabalho est
voltada para o ensino da Geografia,
necessariamente a alfabetizao cartogrfica,
para que seja capaz de transmitir um
conhecimento mais elaborado.
Para que isso acontea, vimos que preciso
que a criana, desde os primeiros anos da
Educao Infantil, se aproprie dos
conhecimentos necessrios, que devem ser
organizados e sistematizados pelo professor.
necessrio ensinar s crianas contedos
que possibilitem o desenvolvimento de sua
comunicao e interao com o mundo. Desta
forma, a alfabetizao cartogrfica de
fundamental importncia para complementar o
ensino e formar um sujeito atuante na
sociedade.
Entendemos que para que haja uma
educao de qualidade, o conhecimento dos
profissionais de educao importantssimo.
Por isso, preciso dedicao por parte dos
profissionais da educao para que possamos
oferecer aos nossos alunos, futuros cidados,
uma educao de qualidade.
De acordo com nossos estudos tericos
referentes importncia da alfabetizao
cartogrfica, entendemos o quanto a Cartografia
necessria para desenvolver na criana
atitudes e comportamentos relevantes para o
seu desenvolvimento cognitivo pleno.
preciso reafirmar que o ensino da
Cartografia no pode se desvincular da
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Alfabetizao cartogrfica no ensino de Geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental: importncia e desafios Jos Roberto Machado e Fernanda Ferreira Passos Dias
ACTA Geogrfica, Boa Vista, v.7, n.14, jan./abr. de 2013. pp.153-173
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disciplina de Geografia, porque atravs do
conhecimento do espao que construmos nossa
sobrevivncia.
Temos que entender que a Cartografia
responsvel por um conhecimento e
desenvolvimento que vem desde a Pr-histria,
e na atualidade tem grande importncia no
meio social, por isso dominar a linguagem
cartografia importante para a pessoa e,
consequentemente, para a sociedade em que
vive.
Nesse mbito, tanto a escola como os
professores devem criar oportunidades de
conhecimento para os alunos, no
desenvolvimento e prtica da Cartografia e sua
linguagem especfica, j que essa disciplina
contribui no apenas para que os alunos
compreendam os mapas, mas tambm para
desenvolver capacidades relativas
representao do espao, como podemos
perceber nas palavras de Abreu e
Castrogiovanni (2010, p.5-6):
O professor de Geografia, na construo do conhecimento cartogrfico, deve despertar nos sujeitos o encanto em aprender, ao mesmo tempo, despert-los para o prazer da leitura, o rigor do pensar, da crtica, bem como, no desprezar o gosto de criar.
Percebemos, tambm, que a disciplina de
Geografia tem pouco espao nos anos iniciais do
Ensino Fundamental em funo de alguns
fatores: muitos professores no gostam de
Geografia (muito menos de Cartografia); no
tiveram uma boa base cartogrfica em sua
formao; algumas escolas do preferncia para
as disciplinas de Portugus e Matemtica em
funo da Prova Brasil (um dos itens para
avaliados para o IDEB), dentre outros fatores
mais.
NOTAS
i Gegrafo; Doutorando em Geografia pela
Universidade Estadual de Maring (UEM);
Professor do Grupo Educacional UNIESP
(Unio Nacional das Instituies de Ensino
Superior Privadas). Bolsista da Capes.
E-mail: [email protected]
ii Graduada em Pedagogia pela Faculdade do
Noroeste Paranaense (FANP).
E-mail: [email protected]
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