14 Ca ítulo 2
AS DIVISÕES DA HISTÓRIA EGíPCIANA ANTIGUIDADE
~1ll!DIVisão frontale visão
posteriorda estela,conhecida
como "paletade Nãrmer".
A pedra da uniãoo mais antigo documento egípcio é esse pedaço de estela
bloco de pedra - com desenhos nas duas faces. Numa
delas, o faraó Nârmer é representado com a coroa do Alto
Egito; na outra, ele aparece com a coroa do Baixo Egito:isso simboliza a unificação das duas nações. Como a pedra
foi datada de aproximadamente 3200 a.c., estabeleceu-seque a história do Egito unificado teve início nessa época.
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Período
Médio Império
Novo Império
Antigo Império
Duração
Por volta de3200 a 2200 a.c.
Por volta de2000 a 1750 a.c.
Por volta de1580 a 1085 a.c.
A arquiteturaComo conseqüência da intensa religiosidade,
a arquitetura egípcia apresenta grandiosasconstruções mortuárias, que abrigavam os res
tos mortais dos faraós, além de belos templos
dedicados às divindades. São exemplo dessas
construções as pirâmides de Gizé, erguidasdurante o Antigo Império (fig. 2.2).
. As pirâmides são as obras arquitetõnicasmais conhecidas até hoje, mas foi no Novo
OEgito desenvolveu uma das principais
civilizações da Antiguidade e nos dei
xou uma produção cultural riquíssima.Temos informações detalhadas sobre
essa cultura graças à sua escrita bem estruturada.
O aspecto cultural mais significativo do Egi
to antigo era a religião, que tudo orientava.Acreditava-se em vários deuses e na vida após
a morte, mais importante que a vida terrena.
A felicidade e a garantia da vida depois da
morte dependiam dos rituais religiosos. A arte,
como não poderia deixar de ser, refletia essa
visão religiosa, que aparece representada emtúmulos, esculturas, vasos e outros objetos
deixados junto aos mortos.Para entender melhor as fases da arte
egípcia, veja o quadro.
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A arte no Egito
Yann Arthus-Bertrand/Corbis
~1lI!&JAs pirâmides de Gizé.
As pirâmides de GizéPor ordem dos faraós Quéops,
Quéfren e Miquerinos, do Antigo
Império, foram construídas trêsimensas pirâmides no deserto de
Gizé para abrigar seus restos mortais.
A maior delas, a de Quéops, tem
146 metros de altura e ocupa uma
superfície de 54 300 metros quadrados.Essemonumento revela o domínio dos
egípcios sobre a técnica de construção.
Nas suas imensas paredes não existenenhuma espécie de argamassa para
unir os blocos de pedra.
o Egito antigo
DESERTODA lÍBIA
D Baixo Egito
DAltoEgitoD Terras férteis- Extensão máxima
do Novo Império.••. Pirâmides
7
OCEANOATLÂNTICO
N
o -i!<'.,jiiioojt- L
5ESCALA
152 304I I
km
Nas construções atuais,
mistura de areia, águae calou cimento usada
para juntar os tijolos.
OCEANO
iNDICO
~rm&JMapa da regiãoonde sedesenvolveu acivilização doEgito antigo.
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16 A arte no Egito
Império que o Egito viveu o auge de seu poder
e de sua cultura. Os faraós desse período er
gueram grandes construções, como os tem
plos de Carnac e Luxor (fig. 2.5), dedicados aodeus Amon .
Durante o reinado de Ramsés li, no século
XIII a.c., a principal preocupação do Egito era
a expansão de seu poder político. Toda a arte
desse período era usada como forma de de
monstrar poder (figs. 2.6 e 2.7).
Construída em 1989 pelo arquiteto chinês leoh Ming Pei, a pedido do entãopresidente francês François Mitterrand, a Pirâmide do Louvre situa-se naentrada do Museu do Louvre, em Paris. Tem 22 metros de altura e foi feita em
metal e vidro. Na época, muitos franceses manifestaram desagrado em relação à
obra, mas hoje ela faz parte do patrimônio cultural da França. Com o museu ao
fundo, parece travar um interessante diálogo entre passado, presente e futuro,
reforçado por seu aspecto futurista, que ao mesmo tempo remete ao Egito antigo.
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A Pirâmide do Louvre.
Referente a uma
concepção dinâmicada vida, voltada parao futuro. Tipo dearte extravagante,que causa surpresa.
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J:i!!IfD Colunas do templo de Luxor, dedicadoa Amon (séc. XIV-XII a.c.), em Luxor. No detalhe,
(apitei com representação de flor de papiro.
Um novo tipo de colunao aspecto artístico mais importante desses
templos são as colunas decoradas com
motivos da natureza, como a flor de papiro
(detalhe da figo 2.5) e a flor de lótus.
As colunas construídas até então eram
mais simples: não tinham base, o tronco
era composto por sulcos e o capitel era
pouco trabalhado. Assemelhavam-se às
colunas gregas de estilo dó rico, como
veremos no Capítulo 3, ao estudar a
arte grega da Antiguidade.
Erva nativa
das margensdo rio Nilo de
cujas folhas seaproveitavam
as hastes paraconfecção dopapiro, materialsobre o qualse escrevia.
Em arquitetura,a partesuperior, emgeral decorada,que arrematauma coluna .
•..
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.•..
m!JEII Pequeno templo de Abu-Simbell (séc. XIII a.C).
..•.
lll!IfJiJ Templo de Abu-Simbell (séc. XIII a.c.).
Os templos de Abu-Simbello templo de Abu-Simbell e o pequeno templo de Abu-Simbell eram dedicados à deusa
Hator, que representava o amor e a beleza. Neles, a arte demonstra o poder político do faraó
Ramsés 11,com estátuas gigantescas e imensas colunas comemorativas de suas conquistas.
Nessa época, os hieróglifos começaram a ser esculpidos nas fachadas e colunas dos templos,
com o fim de deixar gravados para a posteridade os feitos de Ramsés 11,e tornaram-se
elemento de decoração da arquitetura. Observe-os na figo 2.7.
Nome dado aos
caracteres da escrita
dos antigos egípcios.
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18 A arte no Egito
A pinturaOs pintores egípcios estabeleceram várias regras que foram seguidas durante muito tempo, ao longo do Antigo Império. Entre elas, aregra da fronta/idade chama a atenção pela freqüência com que aparece nas obras (fig. 2.8).
Aspectos técnicos como perspectiva*, proporção** entre as figuras e ponto de vista doautor da obra ainda não preocupavam os pintores egípcios (fig. 2.9). Tudo era mostradocomo se estivessede frente para o observador.
A rigidez dessas regras só seria quebradano reinado de Amenófis IV, no Novo Império.
Ele transferiu a capital de Tebas para Amarnae pôs fim à religião politeísta***, impondo aopovo uma religião monoteísta, cujo único deusera Aton, o deus Sol, e adotando o nome deAkhnaton em homenagem a ele.
Akhnaton encomendou pinturas e relevosem que ele, o faraó, não era visto em posturassolenes e austeras como seus antecessores
(fig. 2.10).
* Técnica de representação de um objeto sobre um plano demodo a dar ao observador noção de espessura e profundidade.
** Relação de tamanho entre as partes de um todo que causa noobservador uma sensação de harmonia e equilfbrio.
*** Relativa à crença em vários deuses .
A regra da frontal idadeSegundo essa regra, o tronco e um dos olhos do retratado deviam
ser desenhados de frente para o observador, enquanto a cabeça,
os pés e as pernas deviam ser desenhados de perfil.Provavelmente os artistas da época achavam difícil desenhar
uma pessoa com pernas e pés virados para a frente.
A regra determinava também que o desenho e a pintura deviam
mostrar tudo o que havia de mais característico nos seresretratados, pois o observador tinha de entender facilmente as imagens.
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Cena que fazia parteda decoração de
túmulo egipcio. Museudo Louvre, Paris.
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Recursos que os egípcios não usavamObserve nesse papiro funerário que as figuras humanas e os animais
estão de perfil. As águas do rio, porém, parecem ser vistas de cima,e as folhas das árvores, de frente. Note como não existe preocupação
com a proporção entre as pessoas, os animais, as árvores e o rio,
e que esses elementos não estão em perspectiva. Ainda assim,
podemos compreender perfeitamente a cena.
(Para entender melhor aspectos como perspectiva, proporção e ponto
de vista, releia este boxe após fazer as atividades 111e IV deste capítulo.)
/
..•..
liI!DDetalhe de papiro
funerário (sée. X a.c.).Altura: 23,5 em. Museu
Egípcio do Cairo.
o faraóAkhnatonNesse relevo com
trabalho em
pintura, o faraó
Akhnaton quisser representadoem uma cena
doméstica com os
filhos e a esposa,a rainha Nefertiti.
O grupo aparecesob a proteçãodo deus Aton,
representado
por um discosolar de onde
se desprendemraios portadores
de bênçãos paraa família real.
<41i1!&liJ Akhnatone sua família
(c. 1340 a.C).Dimensões:31 em x 39 em.
Museu Nacional,Berlim.
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20 A arte no Egito
Após a morte de Akhnaton, a tendência
para a informalidade nas representações artís
ticas perdurou em algumas obras do início doreinado de Tutancâmon, seu filho e sucessor
(fig. 2.12).Quando Tebas voltou a ser a capital do Egi
to e o politeísmo foi restaurado, muitos artis
tas voltaram a representar os governantes em
posturas formais.
A esculturaA escultura é a mais bela manifestação da arte
egípcia no Antigo Império. Apesar das muitas
regras existentes para esse tipo de arte, os escul-
tores criaram figuras bastante expressivas. Os
egípcios acreditavam que, além de preservar ocorpo dos mortos com a mumificação*, era
importante encomendar a um artista uma es
cultura que reproduzisse seus traços físicos.
Essa concepção da escultura não era aplica
da apenas às obras que representavam mortos.
Para os egípcios, todas as esculturas deveriamrevelar as características do retratado, como a
fisionomia, os traços raciais e a condição social. e
* Técnica de conservação do corpo dos mortos por meio dedesidratação dos tecidos, aplicação de bálsamos e enfaixamentocom tecidos de linho.
Escriba sentadoEssaobra é um bom exemplo da
importância atribufda pelos egípciosà escultura. Nela, o escriba aparece
no exercício de sua profissão: escrever.Para saber mais sobre essa obra,
visite, pela internet, a seção
"Ver de perto", Arte no Egito,
do complemento pedagógico deHistória da Arte, no endereço:
www.aticaeducacional.com.br/images/
com plementos/h dali mg/i magem 26.sWf
~1llBIIEscriba sentado (c. 2500 a.c.),encontrado em sepulcroda necrópole de Sacará.Museu do Louvre, Paris.
--------~.rnmDetalhe
do espaldardo trono deTutancâmon.Museu Egípdodo Cairo.
o faraó TutancâmonNessa cena, que é um detalhe do trono de Tutancâmon, o faraó está sentadode modo informal, e a rainha toca-lhe o ombro com certa intimidade.
Sobre as figuras esculpidas no trono, os artistas fizeram pinturas e aplicaçãode folhas de ouro e de prata. A peça é parte do imenso tesouro
encontrado em seu túmulo, em 1922, pelo pesquisador inglês Howard Carter.