A atuação do Ministério
Público e Tribunais de Contas
no combate à corrupção
Ministério Público do Estado do ParáNúcleo de Combate à Improbidade Administrativa e Corrupção
O relatório técnico do Tribunal de Contas
• Força executiva extrajudicial das decisões dos Tribunais de Contas (art. 71, §3º, da CF/88 e art. 116, §3º, da CEPA e art. 1º,§2º, da Lei Orgânica do TCM/PA);
• As decisões do Tribunal de Contas (Acórdãos) que imputam débito ou multa, usualmente conhecidos como RID (Resolução de Imputação de Débito) ou RIM (Resolução de Imputação de Multa), podem ser executados diretamente em juízo como títulos executivos extrajudiciais sem a necessidade de amplo processo cognitivo.
• Debate sobre a legitimidade do Ministério Público em executar os acórdãos dos tribunais de Contas:
• A legitimidade extraordinária ampla do Ministério Público em cumprimento de sua funçãoconstitucional em defesa do patrimônio público;
• A legitimidade extraordinária ampla do Parquet diante da deficiência e/ou omissãodeliberada da máquina administrativa;
• A legitimidade extraordinária limitada do Parquet para a execução apenas da Resolução deImputação de Débito (RID), em razão do ressarcimento ao erário ser medida reparatória semcaráter punitivo (como é a multa1); e
• A ilegitimidade do Ministério Público para execução dos Acórdãos do Tribunal de Contas.
O papel do Ministério Público frente ao
relatório técnico do Tribunal de Contas
• A jurisprudência nacional tinha uma clara divergência ao ponto da 2ª Turmado STJ consolidar o entendimento de que o Ministério Público é partelegítima para propor a execução de título executivo oriundo de decisão deTribunal de Contas, notadamente visando o ressarcimento ao erário (RID), e a1° Turma do STJ afirmar que o Parquet não é parte legítima para propor aexecução de título executivo oriundo de decisão de Tribunal de Contas:
Legitimidade
STJ; Processo: REsp1346770/MG; Relator:
Min. Herman Benjamin; Órgão
Julgador: Segunda Turma; Julgamento:
13/11/2012
STJ; Processo: REsp1333716/MG; Relator: Min. Eliana Calmon;
Órgão Julgador: Segunda Turma;
Julgamento: 15/08/2013
Ilegitimidade
STJ; Processo: REsp1194670/MA; Relator: Min. Napoleão Nunes
Maia Filho; Órgão Julgador: Primeira
Turma; Julgamento: 20/06/2013
STJ; Processo: REsp1119377/SP; Relator:
Min. Humberto Martins; Órgão
Julgador: Primeira Seção; Julgamento:
26/08/2009
O papel do Ministério Público frente ao
relatório técnico do Tribunal de Contas• Pacificação do debate: No dia 02/10/2014, o Supremo Tribunal Federal julgou o
Agravo em Recurso Extraordinário nº 823.347/MA, com repercussão geral,
consolidando o entendimento de que a legitimidade para a execução das decisões de
condenação patrimonial das Cortes de Contas é exclusiva do ente público
beneficiário, não cabendo ao Ministério Público executá-las:
• Recurso extraordinário com agravo. Repercussão geral da questão constitucional reconhecida.
Reafirmação de jurisprudência. 2. Direito Constitucional e Direito Processual Civil. Execução
das decisões de condenação patrimonial proferidas pelos Tribunais de Contas. Legitimidade
para propositura da ação executiva pelo ente público beneficiário. 3. Ilegitimidade ativa do
Ministério Público, atuante ou não junto às Cortes de Contas, seja federal, seja estadual.
Recurso não provido. (In: STF; Processo: ARE 823347 RG; Relator(a): Min. Gilmar
Mendes; Julgamento: 02/10/2014; Publicação: 28/10/2014)
• Modificou o entendimento da 2ª turma do STJ: STJ; Processo: REsp 1526693/MA; Relator:
Min. Herman Benjamin; Órgão Julgador: Segunda Turma; Julgamento: 02/06/2015; e STJ;
Processo: AgRg no REsp 1518430/MA; Relator: Min. Humberto Martins; Órgão Julgador:
Segunda Turma; Julgamento: 26/05/2015.
Repercussões práticas da decisão do STF
1. Aumenta a responsabilidade do ente
público por ser o único legitimado a
ingressar com ação de execução (rito
sumário), diante da ilegitimidade do
Tribunal de Contas e do MP.
2. O MP passa a ter atribuição
fiscalizatória ampla e judicial restrita às
ações com amplo conhecimento (ação
civil pública e ação de improbidade
administrativa)
3. A ação de execução do ente público está
sujeita:
a) à deficiência da máquina
administrativa municipal (Ex:
inexistência de procuradoria
jurídica de carreira, falta de
pessoal, falta de estrutura física,
etc).
b) aos conchavos políticos (Ex: ação
de execução contra gestores
públicos ainda em poder, ação de
execução contra gestor do mesmo
partido político, etc).
O novo papel do Ministério Público
• A ilegitimidade do MP para ação de execução não afasta a sua atribuição que deverá se conformarà nova realidade jurídica:
• Instauração de Procedimento Administrativo para fiscalização da ação de execução movida pelo ente público;
• Recomendação extrajudicial ao Prefeito e Procuradoria Jurídica do Município para ingressar com ação de execução emtempo razoável; e
• Ação civil pública de obrigação de fazer para criação de procuradoria jurídica municipal de carreira.
• Importante: os Acórdãos dos tribunais de contas possuem natureza de título executivo extrajudicial e não necessitam serinscritos na dívida ativa (In: STJ; Processo: AgRg no REsp 1322774/SE; Relator: Min. Mauro Campbell Marques;Órgão Julgador: Segunda Turma; Julgamento: 26/06/2012; Publicação: DJe, 06/08/2012)
• Instauração de Procedimento Administrativo para eventual ação de improbidade administrativa e/ou ação deressarcimento com base no relatório técnico do Tribunal de Contas;
• Importante: Deve-se tomar cuidado com o prazo prescricional, sendo que o Parquet já recomendou ao TCM/PA que“encaminhe informações relativas a possíveis atos de improbidade administrativas assim que forem informados dopossível ato de improbidade”.
• Fiscalização da legalidade e celeridade do julgamento das contas de gestão pelo Poder Legislativo (sem seimiscuir na análise política das contas);
• Importante: O STF tem entendido que as contas de gestão do prefeito devem ser julgadas em definitivo pelo PoderLegislativo Municipal (STF; Processo: RE 132747; Relator(a): Min. Marco Aurélio; Órgão Julgador: Tribunal Pleno;Julgamento: 17/06/1992)
• Fiscalização na aplicação da Lei da Ficha Limpa tanto nas condenações de suspensão dos direitos políticos porato de improbidade administrativa ou julgamento de contas com irregularidade insanável;
Parceria do NCIC e TCM/PA
• O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará (TCM/PA)
auxiliando, com análise técnica, as investigações do Ministério Público.
• Convênio nº 011/2011-MP/PA: “Desenvolvimento, em conjunto de ações, tarefas,
atividades e quaisquer outras medidas que visem a proteção e defesa do patrimônio
público dos municípios e da moralidade administrativa, inclusive como emissão e
fornecimento para o MPE de laudos, pareceres, recomendações e ou Notas técnicas, pelo
TCM, para que o Ministério Público possa garantir o cumprimento de seu pape
Combate à Corrupção
MPPA
TCM/PA
Parceria do NCIC e TCM/PADATA MUNICÍPIO OPERAÇÃO CLASSE SITUAÇÃO
09/04/2013 Mocajuba Operação Mocajuba Auxílio à Promotoria de
Justiça
Ação de improbidade
administrativa ajuizada
22/01/2014 Santo Antônio do Tauá Operação Calça Curta Investigação criminal
originária
Ação penal ajuizada
16/09/2014 Igarapé-Miri Operação Falso Patuá Investigação criminal
originária
Declínio de atribuições
pela cassação do
Prefeito
18/11/2014 Vitória do Xingú Sem nome Investigação criminal
originária
Esperando a conclusão
do IML
17/04/2015 Santarém Novo Operação Guaiamum Investigação criminal
originária
Esperando relatório
técnico do TCM/PA
16/05/2015 Parauapebas Operação Filisteus Investigação criminal
originária e auxílio à
Promotoria de Justiça
Esperando relatório
técnico do TCM/PA
16/06/2015 Castanhal Operação Querida
Saúde
Auxílio à Promotoria de
Justiça
Pendente de análise do
MP
23/07/2015 Acará Operação Murucutum Investigação criminal
originária
Esperando conclusão
do IML
11/09/2015 Magalhães Barata Operação Cuiarana Auxílio à Promotoria de
Justiça
Esperando relatório
técnico do TCM/PA
17/11/2015 Oeiras do Pará Operação Araticu Investigação criminal
originária
Esperando conclusão
do IML
01/04/2016 Capitão Poço Operação Fundo do
Poço
Investigação criminal
originária
Pendente de análise do
MP
Muito Obrigado!
• Palestrante: Nelson Pereira Medrado
• Cargo: Procurador de Justiça e Coordenador do Núcleo de Combate à Improbidade
Administrativa e Corrupção
• Endereço: Prédio Sede do Ministério Público do Estado do Pará na Rua Joao Diogo, nº
100, bairro Cidade Velha, CEP nº 66.015-160, em Belém (PA)
• Contato: (91) 4006-3558
• Mais informações sobre providências do Ministério Público com base nos relatórios de
julgamento dos Tribunais de Contas, acesse: https://goo.gl/kw3eJF