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ISEPE INSTITUTO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSO
DEFESA DAS COTAS RACIAS NO INGRESSO
AS INSTITUIES DE ENSINO SUPERIOR PBLICO E PRIVADO
GUARATUBA
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BRUNO D. RODRIGUES
CARINE F. RODRIGUES
ELIAS DE S. MACIEL
FERNANDA C. ROSA
JOHN LENNON
JOO GUILHERME DE A. SANTOS
MICHAEL CAVALLI
NEUCI F. FERREIRA
VALMOR T. JUNIOR
VANESSA L. ANDRADE
DEFESA DAS COTAS RACIAS NO INGRESSO
AS INSTITUIES DE ENSINO SUPERIOR PBLICO E PRIVADO
Trabalho realizado pelos
acadmicos do Curso de Direito do 4perodo de 2010, do ISEPE na disciplina
de Antropologia Jurdica, ministrada pela
Professora Suelena.
GUARATUBA
2010
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NDICE
INTRODUO................................................................................................... 04
1. EXPOSIO
Aes afirmativas......................................................................................
Avano nas universidades brasileiras.......................................................
Direito comparado.....................................................................................
05
05
05
2. ARGUMENTAO
Dados histricos.......................................................................................
Argumentos (dados grficos) e pesquisa Doutrinria-pt I........................
Argumentos (dados grficos) e pesquisa Doutrinria-pt II.......................
Perguntas e respostas............................................................................
Jurisprudncias........................................................................................
07
09
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CONCLUSAO.................................................................................................... 20
BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 21
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INTRODUO
Este trabalho, que se pretende sucinto, e que, portanto, no possui a
pretenso de esgotar a discusso sobre as polticas de aes afirmativas, aquitratadas como cotas raciais, dever ser parcial a favor das cotas de modo que se
possa defend-las frente a uma linha de discusso contraria ao tema.
Assim, o presente instrumento est dividido em duas partes principais:
exposio e argumentao.
O primeiro destinado a discutir o que so aes afirmativas, como foram
implantadas e como funcionam, e uma comparao com as grandes naes domundo (numa forma de direito comparado).
A segunda parte destinada, exclusivamente, a uma forte argumentao com
muitos dados histricos e grficos persuasivos. Sempre embasando em
doutrinadores e fonte confiveis de coleta de dados.
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1. EXPOSIO
Aes afirmativas
Segundo J.B.B. Gomes aes afirmativas consistem em polticas pblicas (e
tambm privadas) voltadas concretizao do principio constitucional da igualdade
material e neutralizao dos efeitos da discriminao racial, de gnero, de idade,
de origem nacional e de compleio fsica. Impostas ou sugeridas pelo Estado, por
seus entes vinculados e at mesmo por entidades puramente privadas, elas visam a
combater no somente as manifestaes flagrantes de discriminao de fundo
cultural, estrutural, enraizada na sociedade [Gomes, 2001, PP. 6-7].
Avano nas universidades
A abertura do governo brasileiro em lidar com a questo racial, mesmo que
tmida, foi intensificada por um movimento dentro e fora das universidades pblicas,
algumas das quais adotaram as cotas raciais como uma modalidade de ao
afirmativa.
A implantao das cotas raciais varia de uma universidade para a outra, de
acordo com sua organizao interna: a postura dos conselhos universitrios e das
diferentes reitorias diante de demandas sociais. Mesmo assim, possvel afirmar
que as cotas raciais, como uma modalidade de ao afirmativa, j so uma
realidade no ensino superior brasileiro.
At 2005, j so 15 as universidades pblicas (federais e estaduais) que
adotam polticas de ao afirmativa. A Uerj, a Universidade Estadual do Norte
Fluminense (Uenf), a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e a Universidade de
Braslia (UnB) foram as pioneiras nesse trabalho.
Direito comparado
Origem - EUA
O sistema de cotas raciais surgiu nos Estados Unidos da Amrica, no ano de
1961, sob a presidncia de John Kennedy, como uma forma de ao afirmativa
voltada para combater os danos causados pelas leis segregacionistas que vigoraram
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entre os anos de 1896 e 1954, as quais impediam que os negros frequentassem a
mesma escola que os brancos americanos.
O novo sistema no foi pacificamente aceito pela Corte americana, pois o idealpretendido com a implantao do sistema de cotas perdeu o cunho igualitrio,
conforme relata Andr Tavares: "Entretanto, mais tarde, as aes afirmativas
tornaram-se verdadeiras concesses de preferncias, de benefcios [...]."] Porm o
critrio raa visto de forma cautelosa por quela corte.
Dois meses aps tomar posse, Kennedy, expediu a Executive Ordern. 10.925
que utilizou pela primeira vez o termo ao afirmativa, em ingls, affirmative action
(..) inclusive no aprendizado."
A partir de ento, surgiram diversos textos legais incentivando a affirmative
action, em especial nas relaes na rea da educao, aonde houve casos que
foram levados Suprema Corte norte-americana, aonde citamos como exemplo a
Universidade da Califrnia que destinava 16 vagas em 100, exclusivamente para
indivduos de grupos minoritrios, "negros, ndios, ou norte americanos
descendentes de mexicanos", enquanto nas demais 84 vagas concorriam todos oscandidatos.
Deste conflito na segunda parte de seu voto o relator Ministro Powell, permitiu a
Universidade da Califrnia que considerasse a raa como um dos critrios para a
admisso em seus cursos, no mesmo sentido votaram os Ministros Brennan, White,
Marshall e Blackmun.
Em outras palavras, a Corte considerou constitucional o uso de aesafirmativas que favorecessem as minorias, mas vedou o uso de aes afirmativas
que fixassem um nmero determinado de vagas (cotas) para os candidatos das
minorias.
Espalhadas pelo mundo:
Aes afirmativas, como o sistema de cotas, foram implantadas em diversos
pases, como: ndia, Malsia, Sri Lanka, Nigria, Estados Unidos, entre outros.
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Objetivando combater discriminaes e eliminar desigualdades historicamente
acumuladas, as aes afirmativas possuem um carter temporrio, uma vez que
devem ser utilizadas apenas enquanto persistirem os desequilbrios sociais do grupo
beneficiado.
2. ARGUMENTAO
Dados histricos sobre a escravido
Inicialmente cabe ressaltar alguns dados referentes escravido:
O continente americano, como um todo, foi destino de aproximadamente 11
milhes de africanos vivos, desses 44% (5 milhes aproximadamente) vieram para o
Brasil dentre o perodo de trs sculos (1550-1856). Para efeito de comparao, os
Estados Unidos receberam, em pouco mais de um sculo (1675-1808) proporo
bem menor, algo em torno de 560.000 africanos. Percebe-se que o Brasil, como
agregado poltico americano, captou o maior nmero de africanos e que manteve
durante maior tempo a escravido.
Durante trs sculos os africanos foram tirados de sua terra natal,
transportados como meros objetos, mais que isso, tratados como animais, liberdade
ao crcere. Contudo a esperana de ser livre, de poder formar sua famlia e no
mais ser um bicho, ainda que pequena, encontrava-se em cada corao africano
presente aqui no Brasil.
No sculo XIX, o Imprio do Brasil aparece como a nica nao independente
que praticava o trfico negreiro em larga escala. Perodo em que vrios tratados
internacionais foram criados, principalmente de iniciativa inglesa, proscrevendo ocomrcio ocenico de africanos.
O tratado anglo-portugus de 1818 vetava o trfico no norte do equador. Na
seqncia do tratado anglo-brasileiro de 1826, a lei de 7 de novembro de 1831,
proibiu a totalidade do comrcio atlntico de africanos no Brasil.
No obstante a liberdade assegurada aos africanos introduzidos no Brasil,
ps-tratados acima citados, cerca de 50.000 africanos provindos do norte do
Equador so ilegalmente, desembarcados entre 1818 e 1831, e 710.000 indivduos,
vindos de todas as partes da frica, so trazidos entre 1831 e 1856, em meio ao
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trfico clandestino. Conseqentemente, os alegados proprietrios dos indivduos
livres figuravam como seqestradores, incorrendo nas sanes penais do art. 179 do
Cdigo Criminal de 1830, a lei de 7 de novembro 1831 impunha pena de multa e
reembolso das despesas com o reenvio do africano seqestrado africano. Tais
penas so mantidas pela Lei Eusbio de Queirs que acabou definitivamente com o
trfico negreiro, em seu art. 4.
Contudo, na dcada de 1850, o governo imperial anistiou, na prtica, os
senhores culpados do crime de seqestro, mas deixou, assim, livre curso ao crime
correlato, a escravizao de pessoas livres. Assim, os 760.000 africanos
desembarcados at 1856, e a totalidade de seus descendentes, continuaram sendo
mantidos ilegalmente na escravido at 1888.
Percebe-se que durante cinqenta anos a grande maioria da propriedade
escrava foi possuda ilegalmente. E certamente, dificultosa seria aos senhores,
tomado coletivamente, do que justificar perante um tribunal escrupuloso a legalidade
daquela propriedade, tomada tambm em massa.
Tal tribunal escrupuloso jamais instaurou-se, significativamente, nas cortes
judicirias, nem tampouco na historiografia do pas. O assunto permaneceu
encoberto na poca e foi praticamente ignorado pelas geraes seguintes.
Analisada tais informaes, verifica-se que a maioria dos africanos cativados
no Brasil a partir de 1818, juntamente com seus descendentes, foram mantidos na
escravido at 1888. Ou seja, as duas ultimas geraes de indivduos escravizados
no Brasil, no eram escrava. Alm de moralmente ilegtima, a escravido, era ilegal.
Firmava-se, aqui, o principio da impunidade que perdura at os dias atuais.
A partir de 1824 a lei assegura a extino das punies fsicas, bem como
previa que "as cadeias sero seguras, limpas e bem arejadas, havendo diversas
casas para separao dos rus, conforme suas circunstncias e natureza de seus
crimes". Conforme o princpio do Iluminismo, ficavam assim preservadas as
liberdades e a dignidade dos homens livres.
Anos depois, logo em 1830, o Cdigo Criminal, tratou especificamente dapriso dos escravos. No artigo 60, o Cdigo reatualiza a pena de tortura. "Se o ru
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for escravo e incorrer em pena que no seja a capital ou de gals, ser condenado
na de aoites, e depois de os sofrer, ser entregue a seu senhor, que se obrigar a
traz-lo com um ferro pelo tempo e maneira que o juiz designar, o nmero de aoites
ser fixado na sentena e o escravo no poder levar por dia mais de 50".
Sendo a escravido presente nas cidades, o Rio de Janeiro, por exemplo,
contava com 110.000 escravos entre seus 266.000 habitantes, era utilizada a
ameaa do aoite em pblico para intimidar os escravos.
Outro ponto em que negros foram atingidos, devido ao escravismo no que
tange a cidadania. Afinal bem sabe-se que nas eleies censitrias de dois graus
ocorrendo no imprio, at a Lei Saraiva, de 1881, os analfabetos, sem exceo,podiam ser votantes, isto , eleitores de primeiro grau, que elegiam eleitores de 2
grau (cerca de 20.000 homens em 1870), os quais podiam ser eleitos e
parlamentares. Depois de 1881, foram suprimidos os dois graus de eleitores e em
1882, o voto dos analfabetos foi vetado. Buscava-se, dessa forma, privar os libertos
de seu exerccio eleitoral, durando essa privao at o ano de 1985. Em que pese
esta proibio ser direcionada aos brancos e negros, concluso que a excluso
poltica atingiu de maneira mais brutal a populao negra, onde o analfabetismoregistrava, e continua registrando, taxas proporcionalmente bem mais altas do que
entre os brancos.
Argumentos (dados grficos) e pesquisa Doutrinria pt I
Apesar de todos os esforos, a realidade brasileira ainda no mudou. O pas
ainda tem uma dvida histrica com os negros por conta de 400 anos de escravido.
O pas tem de reparar os danos com medidas compensatrias. Se mulheres,deficientes fsicos e idosos obtiveram essas medidas, por que no os negros?
Os filhos de fazendeiros tiveram direito a cotas nas universidades at 1985 com aLei do Boi. Na verdade, a lei, de 1968, reservava vagas para filhos de agricultoresapenas em cursos de Agronomia ou Veterinria, independentemente de os paisserem ou no donos de terras.1
1http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2102474/cotas-raciais-nas-maos-do-stf
http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2102474/cotas-raciais-nas-maos-do-stfhttp://www.jusbrasil.com.br/noticias/2102474/cotas-raciais-nas-maos-do-stfhttp://www.jusbrasil.com.br/noticias/2102474/cotas-raciais-nas-maos-do-stfhttp://www.jusbrasil.com.br/noticias/2102474/cotas-raciais-nas-maos-do-stf -
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Biologicamente no existem raas, somos iguais, mas o racismo um fato
social. No Brasil, com a miscigenao, o racismo criou uma escala cromtica: quanto
mais escura a pele, maior o preconceito.
O ministro Ricardo Lewandowski comentou: Temos que primeiramente
examinar se possvel do ponto de vista constitucional estabelecer critrio que
privilegie um grupo que historicamente no tem tido acesso s universidades, seja
por razes econmicas, raciais, deficincia fsica ou outra.
Para a secretria de ensino superior do Ministrio da Educao, Maria Paula
Dallari Bucci, existe uma distncia histrica no campo da educao e essa distncia
se reproduz ao longo dos anos quando se compara os dados educacionais entrenegros e brancos. Ela acredita que esse dado esvazia a tese de que o ideal seria
melhorar o ensino como um todo para a incluso dos negros. Maria Paula ressaltou
que, historicamente, essa melhora no diminuiu a desigualdade e persistente entre
os dois grupos. A secretria ainda apresentou um grfico demonstrando que essa
distncia permanece intocada nos ltimos vinte anos.
O advogado-geral da Unio, Lus Incio Adams, considerou que a poltica de
cotas raciais revela uma atuao estatal amplamente consentnea com a
Constituio Federal, pois foram elaboradas a partir da autonomia universitria.
Defendeu o estabelecimento de medidas compensatrias para amenizar o quadro
de discriminao no pas, por meio de aes distributivas e destinadas a integrar a
comunidade negra no apenas no cenrio econmico, mas em todos os campos de
expresso humana.
"Para se ter igualdade necessrio ter polticas pblicas e leis que faam dos
desiguais iguais, uma vez que, sem as polticas, se manter a desigualdade", opinou
o professor da Pontifcia Universidade Catlica do Paran Carlos Frederico de
Souza Mares. absolutamente fundamental que se tenha cotas para negros. 2
O "American Apartheid - Massey & Denton" e o "America Unequal - Danziger
& Gottschalk" esclarecem que "as aes afirmativas tm como objetivo no apenas
2
http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2104401/pgr-e-oab-defendem-cotas-raciais-nas-universidades
http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2104401/pgr-e-oab-defendem-cotas-raciais-nas-universidadeshttp://www.jusbrasil.com.br/noticias/2104401/pgr-e-oab-defendem-cotas-raciais-nas-universidades -
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coibir a discriminao do presente, mas sobretudo eliminar os efeitos persistentes
(psicolgicos, culturais e comportamentais) da discriminao do passado, que
tendem a se perpetuar. Esses efeitos se revelam na chamada discriminao
estrutural, espelhada nas abismais desigualdades sociais entre grupos dominantes e
grupos marginalizados. Figura tambm como meta das aes afirmativas a
implantao de uma certa diversidade e de uma maior representatividade dos
grupos minoritrios nos mais diversos domnios de atividade pblica e privada.3
Segundo Denise Carreira, Relatora Nacional para o Direito Humano
Educao, aborda os dados e os resultados preliminares da Misso de Investigao,
Educao e Racismo no Brasil, em desenvolvimento pela Relatoria Nacional para o
Direito Humano Educao, vinculada Plataforma DESC Brasil.
No Brasil, podemos dizer que as polticas universais de educao, da
educao infantil ao ensino superior, tm sido insuficientes para enfrentar as
desigualdades raciais que marcam historicamente a educao brasileira, tanto no
que se refere ao acesso quanto permanncia e aprendizagem. Tal situao
amplamente constatada por meio de informaes e anlises de diferentes fontes,
das governamentais, das agncias da ONU, de institutos acadmicos eorganizaes da sociedade civil, que apontam que, apesar da melhoria de vrios
indicadores educacionais, a desigualdade entre pessoas negras e brancas se
mantm nas ltimas dcadas.
Destacamos aqui alguns dados:
Das 680 mil crianas de 7 a 14 anos fora da escola, 450 mil so negras. O
analfabetismo entre jovens negros de 15 a 29 anos quase duas vezes maior doque entre brancos. Das crianas que entram no ensino fundamental, 70% das
crianas brancas conseguem conclu-lo, e somente 30% das crianas negras
chegam ao final da etapa.
No se trata de esperar a melhoria da qualidade da escola pblica para se
alcanar a maior democratizao do acesso ao ensino superior para populaes
3http://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/a-necessidade-premente-da-implementacao-de-acoes-
afirmativas-face-a-realidade-desfavoravel-do-mercado-de-trabalho-para-a-raca-negra-no-brasil.html
http://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/a-necessidade-premente-da-implementacao-de-acoes-afirmativas-face-a-realidade-desfavoravel-do-mercado-de-trabalho-para-a-raca-negra-no-brasil.htmlhttp://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/a-necessidade-premente-da-implementacao-de-acoes-afirmativas-face-a-realidade-desfavoravel-do-mercado-de-trabalho-para-a-raca-negra-no-brasil.htmlhttp://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/a-necessidade-premente-da-implementacao-de-acoes-afirmativas-face-a-realidade-desfavoravel-do-mercado-de-trabalho-para-a-raca-negra-no-brasil.htmlhttp://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/a-necessidade-premente-da-implementacao-de-acoes-afirmativas-face-a-realidade-desfavoravel-do-mercado-de-trabalho-para-a-raca-negra-no-brasil.htmlhttp://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/a-necessidade-premente-da-implementacao-de-acoes-afirmativas-face-a-realidade-desfavoravel-do-mercado-de-trabalho-para-a-raca-negra-no-brasil.html -
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negras, indgenas e pobres, entre outras. necessrio conjugar no tempo
estratgias, aes e polticas que agilizem o processo histrico rumo a uma maior
igualdade na educao brasileira e a superao de um modelo educacional ainda
predominantemente eurocntrico.
No podemos esperar 67 anos, como previsto em vrios estudos, para que
os indicadores educacionais de brancos e negros se encontrem. Esse tempo
sacrificaria mais trs geraes, alm de dezenas que, ao longo da histria brasileira,
foram penalizadas pelo racismo. tambm fundamental reconhecer que nenhuma
poltica universal igualmente para todos ou neutra quando falamos em
desigualdades, argumento utilizado para questionar as aes afirmativas.
4
Argumentos (dados grficos) e pesquisa Doutrinria pt II
Socilogos como Pedro Bod e Marcilene Garcia fizeram um artigo em 1999,
e afirmaram que os negros em Curitiba eram tratados como invisveis; mas na
realidade so 23% da populao, dados do IBGE.
Foi protocolada na Cmara de Curitiba cotas para 10% de todas as vagas de
concursos pblicos para negros e ndios.
Os negros lutaram pelas cotas na UFPR, depois de muito sacrifcio
conseguiram atingir seus objetivos; pois a questo da capital ter tradio europia
pesou na concretizaram desse direito.
Pela Lei urea, assinada em 13 de maio de 1888, trata em seu 2 ato oficial
que pela legislao do imprio, os negros no podiam freqentar escolas, pois eram
considerados doentes de molstias contagiosas. Isso retrata como o povo negro
sofreu e quanto tempo ficaram a merc do saber, sem ter nenhum direito
estabelecido.
Os poderosos do Brasil sabiam que o acesso ao saber sempre foi uma
alavanca de ascenso social, econmica e poltica de um povo. Com o decreto de lei
4 http://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/
http://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/http://www.geledes.org.br/cotas-no-stf/ -
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complementar Constituio de 1824, foi mais uma barreira de colocar a populao
negra nas escolas.
As disparidades entre negros e brancos tm diminudo na educao, indica oquarto Relatrio Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento
do Milnio (ODM), lanado pelo governo federal no fim de maro, em Braslia.
No ensino mdio, a desigualdade ainda persiste embora em nvel menor. Em
1992, a proporo de brancos de 15 a 17 anos matriculados no antigo colegial
(27,1%) era quase o triplo da dos negros (9,2%). Em 2008, a diferena havia cado
para 44% (61% entre os brancos, 42,2% entre pretos ou pardos). Quanto se
adiciona o componente gnero, porm, a questo se agrava. Os negros freqentammenos as escolas, pois apresentam menores mdias e maior defasagem escolar.
As cotas so partes do que conhecido como Aes Afirmativas, que so
medidas que existem em todo o mundo e tm como propsito dispensar um
tratamento positivamente diferenciado a determinados grupos em funo da
discriminao em diversos nveis.
A constituio diz que todos devem ter direitos iguais, mas ao mesmo tempofala que, para se alcanar essa igualdade preciso promover aes que faam com
que todos a tenham. Por que h cotas para mulheres e deficientes em diversos
ramos se eles tm que ser considerados iguais aos homens. Nenhuma cota tem a
funo de ser eterna, sua funo chegar o mais prximo possvel da igualdade
pregada na constituio para que ela seja realmente exercida por todos. funo do
Estado atingir essa igualdade que sua principal lei prega e que deixou de promover
em pocas anteriores.
Perguntas e Respostas
(P) Esse negcio de cotas pra negros(as) no racismo ao contrrio?
(R) A incluso de polticas de ao afirmativa tanto no debate pblico como na pauta
do governo uma conquista de segmentos do movimento negro, que h anos
denunciam a desigualdade social e racial no Brasil em vrios setores: sade,
educao, mercado de trabalho, moradia, entre outros. Tratar de maneira
diferenciada um grupo que teve menos oportunidades e, portanto, que est em
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situao de desvantagem uma tentativa de diminuir essas desigualdades,
restituindo direitos h muito negados. No um privilgio. , na realidade, o
exerccio da democracia, respeitando a diversidade tnico-racial da nossa populao
e revelando a forma desigual como essa diversidade tem sido tratada pelo Estado e
pela sociedade brasileira ao longo dos sculos.
(P) Pessoas negras so menos inteligentes que as brancas?
(R) No. Todos(as) ns, negros(as) e brancos(as), temos a mesma capacidade
intelectual, mas nem todos(as) temos ou tivemos as mesmas oportunidades sociais
e educacionais. A grande diferena est na existncia de um abismo social e racialque nega condies iguais de acesso a sade, trabalho, educao etc. para
negros(as) e brancos(as). A diferena no est na cor de pele. Alm disso, a
desigualdade racial no recente. preciso lembrar do histrico da escravido e da
ausncia de polticas pblicas ps-abolio para integrao dos(as) descendentes
de africanos(as) escravizados(as).
(P) As cotas para as universidades ajudaro a diminuir o racismo?
(R) Esperamos que sim! As cotas tm um papel alm da promoo do ingresso de
uma populao especfica na universidade. As cotas estimulam o debate sobre a
questo racial, que no Brasil chega com mais de um sculo de atraso, questionam a
diversidade dentro de instituies de ensino e nos fazem refletir nas conseqncias
do nosso passado escravo marcado pela ausncia de polticas pblicas ps-
abolio. As atuais disparidades entre pessoas brancas e negras no pas sotambm conseqncia da ausncia dessas polticas. Alm disso, a adoo de cotas
raciais nos convida a repensar antigos preconceitos e esteretipos, o que incomoda
e torna a questo polmica, mas no menos necessria.
(P) Por que no so suficientes as cotas para alunas e alunos vindos de escolas
pblicas?
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(R) A adoo de cotas para estudantes da rede pblica de ensino importante, mas
no atende diretamente a populao negra. Esse tipo de medida refora duas idias
equivocadas.
A primeira que no existem mecanismos de excluso racial no Brasil.
Assim, se abrirmos caminhos para a incluso das pessoas pobres, estaramos
resolvendo o problema da maioria dos(as) negros(as) o que no verdade.
Mesmo entre pobres, assistiramos a uma maiorincluso dos(as) brancos(as). Na
maioria dos casos, as escolas tanto pblicas como particulares no mostram as
pessoas negras como agente de uma histria anterior a sua chegada ao Brasil. A
rica contribuio histrica e cultural dessa populao no trabalhada em sala.
Desde sempre, as crianas, negras ou no, aprendem a ver o(a) negro(a) de umaforma negativa. A diferena que, para as crianas negras, o impacto maior: sua
auto-estima fica comprometida pela ausncia de modelos negros. Ou seja, a escola
no dispe de uma estrutura que valorize a populao negra fazendo com que as
crianas negras, mesmo recebendo um ensino de boa qualidade, ainda assim
apresentem resultados mais baixos que colegas de classe brancos(as).
A segunda idia nos faz crer que essa medida levaria a uma melhora da
qualidade da escola pblica. Essa melhora j apontada como necessria pelosmais diversos segmentos da sociedade, mas muito pouco foi proposto, e menos
ainda foi elaborado nesse sentido. Apesar de acreditarmos tambm que essa
melhoria se faz necessria, no podemos esperar mais dez anos para que ela
acontea, e, a sim, alunas e alunos negros vindos de escolas pblicas possam
competir com alunas e alunos de escolas particulares. Seriam mais dez anos de
excluso. Outro dado muito importante o da durao dessa forma de poltica de
ao afirmativa que estamos discutindo. As cotas tm um prazo de validade.Queremos, sim, a melhora das escolas pblicas, mas, como o processo de excluso
tende a se perpetuar, o Estado precisa fazer valer uma medida temporria que ajude
a diminuir essa diferena. Ento, ao mesmo tempo, o governo trabalha na melhoria
do ensino pblico, e a sociedade civil organizada faz seu papel elegendo polticos
que representem seus interesses, monitorando o seu trabalho, reivindicando seus
direitos de uma forma geral. As cotas representam uma medida urgente e, ao
mesmo tempo, temporria, passvel de avaliao constante para o seu
aperfeioamento.
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(P) No injusto, para alunos(as) que tiraram nota maior, que negros(as) tenham
preferncia no ingresso das universidades pblicas?
(R) Todos(as) os(as) candidatos(as) ao vestibular cotistas ou no devem atingir
uma nota mnima para serem classificados(as). Na Uerj, por exemplo, o vestibular
ocorre em duas fases.
A primeira composta por at duas provas de mltipla escolha (exame de
qualificao). O(a) candidato(a) faz a primeira prova e tem a oportunidade de fazer
uma segunda caso tenha perdido a anterior ou esteja insatisfeito(a) com sua
pontuao. Vale a maior nota. Nesse exame, o(a) candidato(a) no opta porconcorrer no vestibular com reserva de vaga. Faz a prova como qualquer outro(a)
aluno(a), independente de ser negro(a) ou branco(a), estudante de escola pblica ou
particular, sendo avaliado pelo sistema da universidade.
apenas na segunda fase que o(a) candidato(a) dever optar: vestibular com
ou sem reserva de vagas. a que ocorre a auto declarao.Os(as) alunos(as) que
optam por cotas concorrem entre si, ou seja, disputam aquela percentagem de
vagas destinadas a cotas especficas para qual se inscreveram. Por exemplo, os(as)alunos(as) que se declaram negros(as) disputam somente as vagas destinadas a
esses(as) candidatos(as). As cotas ajudam a universidade pblica a discutir e
redefinir a noo de mrito. Ao levar em conta candidatos(as) que no puderam se
dedicar exclusivamente ao estudo, a universidade tende a se tornar mais inclusiva.
Jurisprudncias
Muito se v no judicirio brasileiro aes que visam de certa forma declarar ainconstitucionalidade das polticas de cotas, no entanto, o prprio Ministrio Pblico
Federal j declarou que essas polticas so como medidas compensatrias que
encontram legitimidade na prpria Constituio, pois regulam o combate s
desigualdades, sendo instrumento para promoo da justia. O art. 3 da CF traa
os objetivos fundamentais em aes, sendo que quaisquer medidas que busquem a
efetivao desses desgnios esto amparados no texto constitucional (fl. 359-v).
O Tribunal Regional Federal da 4 Regio, como j afirmado, entendeu ser
constitucional o programa de ao afirmativa, estabelecido pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, que instituiu o sistema de cotas com
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reserva de vagas como meio de ingresso em seus cursos de nvel superior. (RE
597285 / RS - RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINRIO Relator(a):
Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 14/05/2010)
Transcrevo a ementa do acrdo recorrido:
DIREITO CONSTITUCIONAL. AES AFIRMATIVAS. COTAS NAS
UNIVERSIDADES. CRITRIO RACIAL. DISCRIMINAO. ISONOMIA.
AUTONOMIA UNIVERSITRIA. MRITO UNIVERSITRIO.
1.POLTICAS AFIRMATIVAS. Conjunto de polticas pblicas e privadas, tanto
compulsrias, quanto facultativas ou voluntrias, com vistas ao combate
discriminao racial, de gnero e outras intolerncias correlatas. Tcnicas que no
se subsumem ao sistema de cotas, ainda que com elas sempre relacionadas.2.INEXISTNCIA DE BASE LEGAL. Previso expressa no Plano Nacional de
Direitos Humanos, no Plano Nacional de Educao e nas Leis n 10.558/2002, que
criou o programa Diversidade na Universidade e Lei n 10.678/2003, que criou
Secretaria Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial. Autorizao, por
via legal, para implementao, pelo Poder Executivo, de polticas afirmativas.
Previso em tratados internacionais.
3. CONSTITUIO. Previso expressa no tocante mulher (art. 7, XX) e a
portadores de necessidades especiais (art. 37, VIII), a sinalizar baliza fundamental
para aplicao do princpio da igualdade jurdica. Legislao infraconstitucional que
estabeleceu cotas para candidaturas de mulheres, para portadores de necessidades
especiais em concursos pblicos e dispensa de licitao.
4. TRATADOS INTERNACIONAIS. Reconhecimento pelo Brasil da competncia do
Comit Internacional para eliminao da discriminao racial. Internalizao da
Conveno sobre eliminao de todas as formas de discriminao racial. Recepo
dos tratados internacionais anteriores EC 45/2002, com status supralegal ou de
materialmente constitucionais, jurisprudncia ainda no definida no STF, mas a
indicar a possibilidade de constiturem bloco de constitucionalidade, a ampliar
ncleo mnimo de direitos e o prprio parmetro de controle de constitucionalidade.
5. PRINCPIO DA ISONOMIA. Reviso dos parmetros clssicos, de forma a
reconhecer sua dupla faceta: a) proibio de diferenciao, em que tratamento
como igual significa direito a um tratamento igual; b) obrigao de diferenciao,
em que tratamento como igual significa direito a um tratamento especial.
Rompimento com a viso clssica, de forma que a igualao jurdica se faa,
constitucionalmente, como conceito positivo de condutas promotoras desta
igualao.
6. DISCRIMINAO. Conceito internalizado pelo Decreto n 65.810/69,reconhecendo diferenciaes legtimas e afastando propsitos e efeitos de anular
reconhecimento de direitos em p de igualdade em razo de raa, cor,
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descendncia ou origem nacional ou tnica. Quadro cultural brasileiro complexo no
que diz respeito ao reconhecimento da existncia do prprio racismo, com a
ideologia do branqueamento e o mito da democracia racial. Informes
internacionais questionando a dificuldade do aparelho estatal em reconhecer e
promover atitudes antidiscriminatrias. Reconhecimento, por outro lado, de que a
regra aparentemente neutra pode produzir discriminao, que a Constituio probe.
7. AUTONOMIA UNIVERSITRIA. Art. 207, V, CF. Previso constitucional
regulamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educao, tendo como norte as
normas gerais da Unio e do respectivo sistema de ensino, podendo ser
ampliadas ou reduzidas as vagas ofertadas.
8. SISTEMA MERITRIO. A previso constante no art. 208, V da Constituio no
estabeleceu o mrito como critrio nico e decisivo para acesso ao ensino
superior, nem constitucionalizou o sistema do Vestibular. Existncia de nota decorte, a demonstrar que o mrito conjugado com outros critrios de ndole social e
racial. Inexistncia de mrito em abstrato.
9. AUTODECLARAO. Critrio que no ofensivo nem discriminatrio em relao
aos negros, porque: a) j adotado para fins de censo populacional, sem
objees; b) utilizado amplamente no direito internacional; c) guarda consonncia
com os diplomas legais existentes; d) constitui reivindicao dos prprios
movimentos sociais antidiscriminao.
10. DISCRMEN RAA. Possibilidade admitida quando agir no para humilhar ou
insultar um grupo racial, mas para compensar desvantagens impostas contra
minorias. Congruncia com os ditames constitucionais de vedao ao racismo, na
ordem interna e externa, de modo a indicar: a) no aspecto negativo, a necessidade
de impedir qualquer conduta, prtica ou atitude que incentive, prolifere ou constitua
racismo; b) no aspecto positivo, um mandamento de otimizao de medidas
cabveis e possveis para erradicao de tal prtica. Inexistncia de raas a indicar,
contudo, a necessidade de censura ao racismo. Inteligncia da deciso do STF no
HC 82.424/RS. Preconceito, no Brasil, de fundo distinto daquele praticado nos EUA
e frica do Sul (preconceito de marca ao invs de preconceito de origem), aindicar a inaplicabilidade, aqui, das discusses sobre percentuais de genes
africanos, europeus ou indgenas.
11. PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE. Aplicao aos atos de todos os
poderes pblicos, vinculando legislador, julgador e administrador, mas com
extenso e intensidade distintas conforme se trate de atos legislativos, da
administrao ou da jurisdio. Limites de conformao do administrador e do
legislador a reduzir a anlise de todas as possibilidades de escolhas postas
disposio. Verificao de: a) adequao, que no constitui o dever de escolher o
meio mais intenso, melhor e mais seguro, mas sim a anular o ato somente quando ainadequao for evidente e no for, de qualquer modo, justificvel; b) necessidade,
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em relao ao meio eficaz e menos desvantajoso para os cidados; c)
proporcionalidade em sentido estrito, comparando a importncia da realizao do
fim e a intensidade da restrio de direitos fundamentais. Metas fixadas para
educao nacional pelo Legislativo com durao de dez anos, passveis de reviso.
No-comprovao de que as premissas para instituio de critrios de incluso
social- ampliao do acesso para estudos de ensino pblico e autodeclarados
negros, promoo da diversidade tnico-racial no ambiente universitrio, educao
de relaes tnico-raciais - no so critrios adequados, necessrios e
proporcionais para os fins constitucionais de repdio ao racismo, reduo das
desigualdades sociais, pluralismo de idias, garantia de padro de qualidade do
ensino, defesa e valorizao da memria dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, valorizao da diversidade tnica e cultural e promoo do
bem de todos, sem preconceitos de raa e cor e quaisquer outras formas dediscriminao. Percentuais de cotas que no cons tituem patamar elevado, seja
porque 87% da oferta de vagas vem do ensino pblico mdio e fundamental, seja
porque a populao negra brasileira superior ao percentual estabelecido nas
cotas. Reconhecimento de que os programas deixam sempre disputa livre da
maioria a maior parcela de vagas, como forma de garantia democrtica do
exerccio de liberdade pessoal e realizao do princpio da no-discriminao
(Carmen Lucia Antunes) (fl. 390).
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CONCLUSAO
Fica-nos estabelecida a dvida: Devemos concluir esse trabalho ou comear
daqui outra pesquisa? Pesquisa esta que possa trazer ainda mais dados ediscusses, para que num futuro bem prximo, essa questo de Cotas Raciais
esteja apaziguada e que a discusso premente seja o fim das cotas por no haver
mais necessidade, pois o que se devia reparar j fora reparado.
No livro Arte do Direito, Carnellutti sonha com o Estado sem Direito,
governado pelo amor entre as pessoas, onde o mal punido apenas pela
conscincia.
Estabeleamos aqui um paradoxo, sonhando com um Estado brasileiro sem
cotas, onde a desigualdade social j no mais exista e que a nossa preocupao
maior esteja no campo das suposies, onde nos permitido sonhar e reinventar
tudo que j fizemos.
Acreditamos que esta batalha est muito prxima de acabar e o lado contrrio
s cotas iro levantar a bandeira branca da conscincia e render-se-o ascenso
negra, que agora com mos e ps livres das correntes e mordaas que os
continham em um nvel inferior dentro de uma sociedade preconceituosa, marcha a
passos largos rumo ao patamar estabelecido pela Carta Magna de nosso Pas e por
Deus que a igualdade entre os homens.
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