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PALAVRAS-CHAVE: 1984 –ficção científica - interdisciplinaridade.
A FICÇÃO CIENTÍFICA COMO FERRAMENTA DE PROBLEMATIZAÇÃO NO
ENSINO: MODELO COM O LIVRO 1984
Isabelle de Oliveira Moraes1
Andrea Carla de Souza Góes1
Rafaela Aires1 1Universidade do Estado do Rio de Jneiro
RESUMO
A discussão acerca de filmes ou livros de ficção científica permite que a interdisciplinaridade seja explorada,
proporcionando a discussão da interação existente entre Ciência, Tecnologia e Sociedade. Em 1949, o autor
George Orwell publicou um livro que apresenta certa atemporalidade: a distopia 1984. Discutindo o
totalitarismo, onde há estímulo da alienação da sociedade, observa-se a conquista do poder a partir de três
principais componentes: vigilância constante dos indivíduos, desestímulo a relações interpessoais, abolição da
ciência e, consequentemente, do pensamento crítico. O objetivo deste trabalho é realizar uma análise da obra
1984 à luz dos mecanismos de controle desta sociedade fictícia e, em seguida, estimular discussões acerca da
sociedade atual e promover o enriquecimento intelectual de alunos do ensino médio, a partir da discussão da
obra literária. Para isto, foi elaborada uma prática pedagógica, de cunho interdisciplinar, na qual devem
participar os professores de biologia, literatura, história e sociologia.
PALAVRAS-CHAVE: 1984 –ficção científica - interdisciplinaridade.
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INTRODUÇÃO
A relação da ciência com a sociedade: importância da interdisciplinaridade
A fim de facilitar o aprendizado, o ensino tradicional visa a compartimentalização dos
conteúdos em disciplinas, que são uma forma de estratégia organizacional. Infelizmente, a
fragmentação dos conteúdos dificulta o diálogo entre os mesmos, o que não estimula o
desenvolvimento de um aprendizado que permita a conexão entre os fatos (AUGUSTO et al,
2004).
Quando o saber é compartimentado em disciplinas, pode levar a conhecimentos
bastante específicos focalizados em uma só área. Essa compartimentalização está presente na
escola por meio das disciplinas específicas e, entre as temáticas da sala de aula e a realidade
vivida pelos estudantes, acaba por gerar a alienação e a irresponsabilidade dos aprendizes, que
não se sentem parte dos fenômenos e, portanto, capazes de mudá-los (AUGUSTO et al, 2004).
O ensino de ciências tem sido contemplado de forma a explorar a função de conceitos,
leis e fenômenos, assim como suas articulações lógicas, apresentando certa heterogeneidade
discursiva. Apesar de ocurrículo ter sido construído a partir da estrutura conceitual da ciência, a
educação não pode se restringir a essa esfera. Desta maneira, podemos observar que o ensino
de ciências e biologia não faz uso da pluralidade que envolve o discurso científico. Na prática da
educação em ciência, é comum que as metodologias de ensino se baseiem em textos curtos e
áridos, com o auxílio do livro didático e com poucas referências a elementos próximos do aluno
(FERREIRA, 2013).
Os temas envolvidos pela ciência não tangenciam apenas esta disciplina. Piassi (2013),
por exemplo, afirma que discutir o uso de armas nuclearessomente à luz das ciências naturais, é
uma forma de observar o problema de maneira fragmentada. A sociedade, sendo diretamente
afetada pela utilização de bombas atômicas, também deve ser estudada. Desta forma, a atuação
das ciências humanas neste tipo de discussão é essencial, sendo interessante haver uma
discussão interdisciplinar acerca do tema.
O uso da ficção científica no ensino de ciências
Piassi (2015) sugere que a utilização de histórias de ficção científica como ferramenta
para o ensino de ciências é viável e interessante, pois ela desenvolve quatro importantes fatores
no estudante: motivação, por despertar o interesse e curiosidade; atitudes, por estimular
positivamente a relação da cultura com o conhecimento científico; cognição, por auxiliar,
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indiretamente, o aprendizado científico; e, habilidades, pelo estímulo à criatividade e
pensamento crítico. Assim, o universo da ficção científica atuaria como um elemento
motivadorno ensino de ciências, que, com o auxílio de discussões e elaboração de projetos
pedagógicos, propiciariam questionamento a respeito de fenômenos e leis científicas e, da sua
relação com a sociedade, facilitando a assimilação de conceitos, de maneira mais natural,
desafiadora e divertida.
O uso da ficção científica é um meio de tratar de questões sociais e tecnológicas sem
ensinar tecnologia, sem converter o ensino de ciências em um curso de tecnologia, mas
enfocando-o como uma reflexão sobre o presente para um pensar agir no futuro. (PIASSI &
PIETROCOLA, 2007).
Apesar de conteúdos informativos, como notícias de jornais ou programas de
televisão, que retratam acontecimentos reais, também poderem levar o aluno a este raciocínio,
ao ler um livro ou assistir a um filme, o indivíduo apresenta uma tendência maior de
envolvimento na história.Desta forma, podecolocar-se na própria cena dos acontecimentos,
potencializando a experiência do indivíduo e sua capacidade de desenvolver os quatro fatores
citados anteriormente. Ao mesmo tempo que estes fatores são desenvolvidos, a cultura
também é estimulada (ARAÚJO, 2011).
A imaginação contribui significativamente para a compreensão e superação da
realidade. Além de permitir atingir o real, ela possibilita enxergar aquilo que ainda não se tornou
realidade. (ARAÚJO, 2011)
A exibição de um filme ou obra literária, com uma discussão posterior sobre seu
contexto, em oposição à abordagem tradicional da disciplina, tem uma potencial função de
aperfeiçoamento do entendimento da ciência, tanto como processo racional, quanto como um
processo de descoberta (PIASSI, 2013).
As histórias fictícias abrangem situações complexas, permitindo um enfoque
interdisciplinar. Analisar determinada obra sobre uma única dimensão é reduzir as
possibilidades, mas, a utilização da ficção científica permite uma análise de como as nossas
atitudes atuais poderiam afetar no futuro, envolvendo diversos fatores acerca da sociedade.
Tendo em vista a importância de um elemento motivador para o sucesso do
aprendizado, é de suma importância que a ferramenta facilitadora no processo de
aprendizagem seja de interesse do aluno. Se adotarmos uma postura elitista, só usaremos cult-
movies e romances ultraprofundos (que é o caso do romance 1984), que podem simplesmente
fazer os alunos se desinteressarem. Por outro lado, se formos condescendentes, corremos o
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risco de subestimar a capacidade dos estudantes de apreciar grandes obras. Temos de escolher
obras que digam coisas inovadoras e transformadoras, mas não de forma obscura demais aos
alunos, nem de forma tão evidente e óbvia que não exija qualquer esforço interpretativo por
parte deles.
Por esta razão, propomos a análise de Jogos Vorazes como elemento incentivador para
a obra 1984. Ao trazer as obras para o contexto da sala de aula, o professor pode também
incentivar os estudantes a procurarem seus próprios interesses dentro da ficção científica,
sugerindo obras e autores de seu interesse, e confrontando as visões de mundo e as técnicas
narrativas em sua relação com o conhecimento científico. Isso, certamente, ampliará o universo
de possibilidades, que podem, inclusive, envolver outras formas e suportes de expressão, como:
os quadrinhos, os videogames ou os jogos de interpretação de papéis (RPG), por exemplo
(PIASSI, 2013).
A história da ficção científica
Embora, atualmente, a ficção científica seja retratada em filmes, HQ’s e até mesmo
jogos, ela teve sua origem na literatura. O título da primeira obra de ficção científica - quase um
consenso entre autores, pesquisadores e leitores do gênero – cabe a Frankenstein (1818), de
Mary Shelley. Foi a primeira vez que um romance utilizou-se de procedimentos científicos em
seu enredo. Mas, o termo Science fictionfoi utilizado, pela primeira vez, em 1929, na primeira
edição da revista Science, Wonder Stories, a fim de definir o tipo de histórias futurísticas e
fantásticas que chamavam a atenção dos jovens, na época.
A definição do conceito de “ficção científica” é bastante complexa. Anteriormente, o
limiar entre ela e o gênero de horror não eram bem identificados, tornando a separação, uma
tarefa árdua. Atualmente, é possível estabelecer uma diferença entre a ficção científica e a
fantasia e o horror:ficção científica trabalha com um imaginário científico, enquanto a fantasia e
o horror têm como elementos dominantes a magia e o sobrenatural.
O livro 1984, de George Orwell (1949)
Sinopse
Publicado em 1949, sob autoria de George Orwell, o livro 1984é uma jóia literária
americana que, como descrito pelo Guia do Estudante, em 2012, denunciou as mazelas do
totalitarismo e tornou-se um dos mais influentes romances do século 20. De modo profético,
George Orwell abordou temas relevantes como a quebra da privacidade.
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Tendo como personagem principal o herói Winston Smith, o romance de Orwell
retrata uma sociedade dominada por um regime totalitário, onde tudo é feito coletivamente,
mas cada indivíduo vive sozinho. A sociedade é controlada e vigiada pelo poderoso Grande
Irmão (Big Brother), uma figura que é representada pelo Partido e, provoca o temor, respeito e
ordem dentro da sociedade, a partir da imposição de regras para o convívio e funcionamento do
sistema político – o Socing.
Ao longo do romance, podemos acompanhar a jornada não triunfal, de Winston, em
busca da retomada da humanidade. Em sua dramática e árdua aventura, Winston reconhece as
formas de controle do Partido e, atacado por uma paixão por Júlia e simpatizando-se com o
grandioso O’Brien, dá seus primeiros passos infrutíferos para pôr fim ao regime ditatorial.
A distopia de 1984
Apesar do controle opressivo, observa-se que nas obras distópicas, a massa da
sociedade não se apresenta de maneira insatisfeita, mas organizada e feliz. Esta realidade pode
ser claramente visualizada em 1984, quando apesar do personagem principal, Winston,
questionar sua companheira, Julia, sobre as atitudes do governo totalitário (Partido), ela ainda
demonstra não se importar.
Em1984, o Partido visa a um controle pleno dos indivíduos, mas, mascara a sua
opressão tentando convencer a população de que suas atitudes sãoum sacrifício em razão de
um bem comum. Assim, como descrito ao longo do livro, o Partido sempre apresentava falsas
recompensas para a população que, enganada, confiava e abria mais espaço para o totalitarismo
na Oceania.
O livro é uma reflexão crítica devastadora aos regimes ditatoriais, que demonstra as
diversas esferas pelas quais podemos ser controlados para que a ditadura permaneça. Ele é um
potencial recurso para a realização de atividades interdisciplinares, como será visto
posteriormente.
1984 como ferramenta paradidática no ensino
As diversas formas de controle do Partido na Oceânia são pontos interessantes para
serem estudados à luz da biologia. A Figura 1 ilustra uma síntese das formas de controle do
Partido, no romance de Orwell. A organização da sociedade era mantida segundo a vigilância
constante, através das teletelas e da Polícia das Ideias, assim como a partir do auxílio dos
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cidadãos. Esta vigilância ocorria a ponto de controlar as reações involuntárias dos indivíduos,
seja durante o sono, ou em qualquer movimento que fugisse do padrão, ao longo do dia.
As relações interpessoais também eram intimamente controladas, de forma a
desestimular a prática sexual e evitar que os indivíduos desenvolvessem pensamento crítico.
Para isso, o método empírico de pensamento estava sendo abolido, o passado era mudado e
houve a criação da Novafala. Desta forma, alguns questionamentos acerca desta obra
expressam-se como potenciais discussões nas aulas.
Figura 1:Síntese das formas de controle do Partido, expressas em 1984.
É inegável a riqueza de discussões que podem ser geradas a partir da leitura de 1984,
sendo elas relevantes para a atualidade. Apesar de ter sido publicado em 1949, a obra de Orwell
se revela, em várias passagens, como uma descrição da realidade em que o mundo está
inserido. Talvez, futuro distópico seja menos fictício do que o imaginado e, mais presente do que
desejado, conforme discutido abaixo.
“O que importa aqui não é a disposição das massas, cuja atitude não tem
importância desde que elas se mantenham estáveis, trabalhando, mas a
disposição do próprio Partido. Espera-se que mesmo o militante mais
humilde mostre-se competente, laborioso e até inteligente dentro de certos
limites, porém é necessário também que ele seja um fanático crédulo e
ignorante e que nele predominem sentimentos como o medo, o ódio, a
adulação e um triunfo orgiástico.” (ORWELL, 2009, p. 228)
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“O único propósito reconhecido do casamento era gerar filhos para
servir ao Partido. A relação sexual devia ser encarada como uma
operaçãozinha ligeiramente repulsiva, uma espécia de lavagem intestinal.
(...) Havia inclusive organizações que defendiam o celibato absoluto para
ambos os sexos. Todas as crianças seriam geradas por inseminação artificial
e criadas por instituições públicas” (ORWELL, 2009, p. 84)
Desta forma, acredita-se que a utilização da obra em questão como livro paraditático
em sala de aula seja um meio de estímulo de discussões acerca da sociedade atual, promovendo
enriquecimento intelectual aos alunos, a partir do desenvolvimento de um projeto
interdisciplinar.
OBJETIVOS
Elaborar uma proposta pedagógica para o ensino médio que privilegia a discussão de
temas de Ciência, Tecnologia & Sociedade (CTS), baseada na obra 1984, em contexto
interdisciplinar,envolvendo as disciplinas biologia, literatura, história e sociologia.
METODOLOGIA
Estudo acerca de 1984
Para a análise do livro 1984, de autoria de George Orwell (1949), utilizou-se a 1ª edição
(julho/2009), publicada pela editora Companhia das Letras, São Paulo e, traduzida por Heloísa
Jahn e Alexandre Hubner. A presente análise se concentra nas formas de controle do Partido,
sintetizadas na Figura 1.
Comparação entre 1984 e Jogos Vorazes
A trilogia Jogos Vorazes (Hunger Games, Suzane Collins, 2008-2010) foi utilizada como
base para apresentação do tema distopia e como elemento incentivador para o posterior
aprofundamento na obra 1984.
Desta forma, os livros Jogos Vorazes, Em Chamas e A Esperança foram lidos e
analisados, assim como as adaptações cinematográficas das obras, incluindo a de 1984: Jogos
Vorazes, 2012, dirigido por Gary Ross; Em Chamas, 2013, dirigido por Francis Lawrance; A
Esperança – parte 1, 2014, dirigido por Francis Lawrance; A Esperança – parte 2, 2015, dirigido
por Francis Lawrance; e, 1984, 1984, dirigido por Michael Radford.
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Elaboração do projeto pedagógico
O projeto pedagógico foi elaborado através da descrição sucinta das atividades a
serem realizadas,em turmas de ensino médio, em contexto interdisciplinar, envolvendo as
disciplinas de biologia, história, literatura e sociologia.
DISCUSSÃO TEÓRICA
Neste tópico, realizamos a discussão da distopia 1984, a luz das formas de controle
desta sociedade fíctícia. Ao mesmo tempo, refletimos sobre as implicações destes métodos na
manutenção de uma sociedade miserável e alienada. Estas reflexões são a base para a
elaboração da proposta de prática pedagógica.
Análise das formas de controle em1984
A atuação ditatorial do Partido inicia-se na alocação dos trabalhadores em Ministérios
– o Ministério da Paz, o Ministério do Amor, o Ministério da Verdade e o Ministério da Pujança –
Os indivíduos têm suas funções para com o Partido e, para que estas sejam realizadas, eles são
designados a estes Ministérios que, cada um à sua maneira, certifica a adoção da ideologia do
Partido. Apesar dos nomes dos ministérios referirem-se à paz, amor e verdade, suas funções são
descritas como o antônimo.
O Ministério da Paz garante que a população se mantenha ocupada com os
acontecimentos de guerra entre os três superestados – assim, ela não terá tempo para se
preocupar com outros acontecimentos. O Ministério do Amor é uma forma de policiamento:
caso alguém venha a cometer um crime, a Polícia das Ideias atua, de forma a prender e torturar
esse indivíduo, até que ele possa ser reintegrado na sociedade. O Ministério da Pujança cuida
das finanças e da produção em Oceânia, garantindo, assim, que a população acredite que a cada
dia as condições de vida evoluem, quando na verdade, apenas o Núcleo do Partido tem direito
aos privilégios, como, por exemplo, artigos de luxo disponíveis a qualquer momento. O
Ministério da Verdade cuida da história da sociedade, garantindo que, caso seja necessário, ela
possa ser alterada. Assim, documentos e notícias de jornais podem ser alterados
constantemente, mantendo a alienação da população.Orwell criou vários destes jogos de
antônimos nesta fantástica sátira. Aqui está outro exemplo: como ele escreveu o livro em 1948,
supõe-se que o título da obra se deva à inversão dos dois últimos números.
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De forma a aumentar o controle da sociedade, houve a criação de um novo idioma, a
Novafala. Unindo a invenção de novas palavras e a extinção de outras, este método
proporciona a limitação da amplitude do pensamento.Assim, são eliminados ou reduzidos
diversos adjetivos e substantivos. Mau, por exemplo, deixa de ser utilizado como antônimo de
bom e, em seu lugar, ganha espaço a palavra desbom. Em situação análoga, sinônimos como
excelente e esplêndido são descaracterizados e em seus lugares, como forma de dar peso a
algo que seja mais que bom, entram em uso as palavras maisbom e duplimaisbom. Ainda que
em nossa atual sociedade não exista uma regra taxativa como a do crimepensar, estamos
passando nos últimos anos por uma modificação da terminologia empregada no cotidiano.
Entramos em uma era do “politicamente correto”, onde termos como preto, favela, cego e
lepra deixaram de ser comumente empregados e deram lugar a outros como afrodescendente,
comunidade, deficiente visual e hanseníase. Assim, modifica-se o vocabulário em busca de
uma maior homogeneidade social que, infelizmente, só apresenta efeitos de semântica, e não
nas condições sócio-econômicas da sociedade.
A vigilância apresentada por Orwell baseia-se nas definições dos três princípios do
Socing – o nome do sistema sócio econômico da Oceânia: criminterrupção, duplipensamento e
mutabilidade do passado. A criminterrupção é a capacidade de acabar com quaisquer
pensamentos definidos como criminosos e perigosos pelo Partido. Torna-se uma forma de
autovigilância. O duplipensamento é uma forma de controle da realidade. Ao realizar esta ação,
o indivíduo é capaz de reconhecer duas crenças contraditórias em sua mente, mas acreditar em
ambas. Porém, o ato de acreditar irá variar de acordo com a situação: caso seja conveniente
acreditar em A, ele irá desacreditar de B.
Baseados nestes conceitos, o Partido estipula regras de convivência que geram o
controle da sociedade em diversas esferas, incluindo a esfera familiar. Para manter o ideal do
Grande Irmão (Big Brother), todos os indivíduos do Partido Externo são vigiados vinte e quatro
horas por dia. O único local em que eles estão livres da observação do Partido, é dentro da
própria cabeça.A forma principal pela qual o partido controla a sociedade e transmite notícias é
através das teletelas. Espalhadas nos lugares públicos e nos recantos mais íntimos dos lares, elas
são uma espécie de televisão capaz de monitorar, gravar e espionar os membros do Partido. Elas
nunca podem ser desligadas e transmitem e captam imagens e sons ao mesmo tempo. Não é
possível saber se a vigia está acontecendo durante todo o tempo, ainda que seja possível que
esteja; logo, os vigiados tendem a ser “treinados” a sempre apresentarem uma expressão
agradável em frente aos aparelhos para que, assim, não denunciem nenhuma inconformação
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para com as ideias do Partido. Esse conceito de controle e vigia exercido pelo Partido através de
teletelas, personificado na imagem do Grande Irmão, foi o modelo de inspiração para a
produtora Endemol na construção do reality show batizado de Big Brother.
O controle dos indivíduos ocorria a nível de suas expressões faciais e da manifestação
do seu subconsciente, quando dormindo. São manifestações que, por muitas vezes, ocorrem de
maneira involuntária, as pessoas não têm controle. Assim, seus atos involuntários também eram
passíveis de serem julgados e recriminados por todos os vigilantes da Polícia das Ideias.
Apesar de todo o controle de observação existente e as possíveis delações, o Partido
ainda precisava se preocupar com outras questões que poderiam gerar desordem. Os laços
afetivos entre as pessoas eram inimigos cruéis, já que permitiam uma maior interação que
gerava a troca de informações e, consequentemente, o ato de pensar. A criação dos Ministérios,
como falado anteriormente, já era uma forma de diminuir a afeição entre os membros do
Partido. A jornada de trabalho abrangia grande parte do dia e (Winston, por exemplo,
trabalhava 60 horas semanais; no Departamento de Registro, todos trabalhavam 18 horas por
dia, com dois intervalos de 3 horas para dormir), o horário livre era designado para a promoção
de ideais do sistema.
Para um melhor controle, também é necessário certo entusiasmo por parte daqueles
que são controlados. Mas, segundo o Partido, o instinto sexual cria um mundo próprio fora de
controle e, a privação sexual levava à histeria, que poderia ser utilizada em favor do sistema. As
atividades sexuais não poderiam estar aliadas a todas as outras atividades partidárias, como
marchas, saudações e cânticos que exaltem o Grande Irmão, sendo idealizado um puritanismo
sexual. A prática sexual passou a ser realizada, apenas, para fins de procriação.
Em Novafala, a palavra “Ciência” não mais existe. Como o objetivo principal do Partido
é a conquista do poder pelo poder, a existência do pensamento independente é um grande risco
à sua supremacia. Desta forma, pode-se verificar que há um retrocesso tecnológico na
Oceânia.Tal retrocesso é mantido através da existência da Guerra. Como diz o slogan do Partido,
“Guerra é Paz” mas, além disso, ela também é capaz de desvalorizar os grandes feitos da ciência.
Ao manter o mundo em estado de guerra, não é necessário o avanço tecnológico. O
foco da sociedade seria a sobrevivência, tornando a inovação tecnológica supérflua. A guerra
contínua funciona como um pacto velado, como já foi visto na Guerra Fria, que garante uma
espécie de segurança aos países – se um deles não avança tecnologicamente, o outro também
não precisa avançar. Sendo assim, a prática da ciência limita-se à busca por metodologias que
possam favorecer as formas de controle do Partido.
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“Das duas, uma: ou o cientista de hoje é uma mistura de psicólogo com inquisidor,
estudando com extraordinária minúcia o significado de expressões faciais, gestos e tons
de voz, e testando os efeitos de drogas, choques elétricos, hipnose e tortura física na
produção da verdade; ou é um químico, físico ou biólogo preocupado exclusivamente com
ramificações de suas áreas de estudo relevantes para a extinção da vida. Nos vastos
laboratórios do Ministério da Paz e nas estações experimentais ocultas nas florestas do
Brasil, ou no deserto australiano, ou em ilhas perdidas da Antártica, equipes de
especialistas trabalham, incansáveis. Alguns se preocupam unicamente como o
planejamento da logística de guerras futuras; outros criam bombas-foguetes cada vez
maiores, explosivos mais potentes e em maior quantidade, e blindagens cada vez mais
impenetráveis; outros estão atrás de gases novos e mais mortíferos, ou de venenos
solúveis que possam ser fabricados em quantidade suficiente para destruir a vegetação de
continentes inteiros, ou de linhagens de germes patogênicos imunizados contra todos os
anticorpos possíveis; outros fazem tudo para produzir um veículo que consiga abrir
caminho debaixo da terra como um submarino dentro d’água, ou um aeroplano tão
independente de sua base quanto um veleiro; outros exploram possibilidades ainda mais
remotas, como focalizar os raios do sol através de lentes suspensas a milhares de
quilômetros de distância no espaço, ou provocar terremotos artificiais e tsunamis
manipulando o calor do centro da Terra.” (ORWELL, 2009, p. 230)
O autor menciona, também, que essa derrubada da ciência se torna um processo
cíclico, uma vez que para que a ciência exista é necessário que haja uma sociedade habituada a
raciocinar. Logo, quando se reduz um desses fatores – a ciência ou a capacidade lógica da
população – o outro é diretamente afetado. Com isso, tudo que depende da ciência, não só o
processo crítico como também o desenvolvimento tecnológico da sociedade, é eliminado.
Torna-se cada vez mais claro, então, que para que os interesses do Partido fossem
estabelecidos e mantidos, a educação e a ciência deveriam ser extintas.Assim, o Partido atua de
forma a controlar a individualidade dos seres humanos, a fim de facilitar que sua ideologia seja
aceita e imposta na sociedade. Além das esferas citadas, é de extrema importância que o
Partido seja capaz de controlar a verdade e, para este fim, ele tenta controlar a memória dos
indivíduos. Alterando a história, controlando seus pensamentos e sentimentos, o Partido visa
uma sociedade idealizada, que é descrita no trecho a seguir:
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“Mas no futuro já não haverá esposas ou amigos, e as crianças serão separadas das mães
no momento do nascimento, assim como se tiram os ovos das galinhas. O instinto sexual
será erradicado. A procriação será uma formalidade anual, como a renovação do carnê de
racionamento. Aboliremos o orgasmo. Nossos neurologistas já estão trabalhando nisso. A
única lealdade será para com o Partido. O único amor será o amor ao Grande Irmão. O
único riso será o do triunfo sobre o inimigo derrotado. Não haverá arte, nem literatura,
nem ciência. Quando formos onipotentes, já não precisaremos da ciência. Não haverá
distinção entre beleza e feiura. Não haverá curiosidade, nem deleite com o processo da
vida. Todos os prazeres serão eliminados. Mas sempre – não se esqueça disto, Winston –
sempre haverá a embriaguez do poder, crescendo constantemente e se tornando cada vez
mais sutil. Sempre, a cada momento, haverá a excitação da vitória, a sensação de pisotear
o inimigo indefeso. Se você quer formar uma imagem do futuro, imagine uma bota
pisoteando um rosto humano – para sempre”(ORWELL, 2009, p. 100)
Comparação entre 1984e a série Jogos Vorazes
Visando o incentivo dos alunos para a participação no projeto e interesse na obra de
Orwell, será utilizado um dos bestseller mais recentes que retrata a distopia para fins de
comparação entre as obras literárias. A obra escolhida, por apresentar uma maior quantidade
de elementos similares a 1984, adaptação cinematográfica e, por ser uma das mais populares
entre os jovens atualmente, foi a trilogia de Suzanne Collins, Jogos Vorazes (Hunger Games,
2009-2011).
Jogos Vorazes é uma distopia que se passa onde hoje conhecemos como a América do
Norte. A narração em primeira pessoa pela personagem principal da obra, KatnissEverdeen, nos
leva até o continente Panem, que é dividido por uma Capital e 13 distritos. Devido a uma
rebelião fracassada, o décimo terceiro distrito foi aniquilado, há 74 anos, pela Capital e seu
governo totalitário. Após anos de guerra, a Capital criou os Jogos Vorazes, que ocorrem
anualmente e atuam como entretenimento para a população da Capital e, principalmente, para
subjugar os distritos. Na arena, os tributos dos distritos (jovens sorteados na população) entram
em combate, lutando até a morte, restando apenas um vencedor. É interessante destacar que
os Jogos Anuais são televisionados em forma de reality show para toda a Capital que se mobiliza
para assistir à mórbida programação.
Jogos Vorazes e 1984apresentam muitas características em comum. Ambos são
histórias que se passam em uma sociedade comandada por um governo totalitário que surgiu
através de um estado de guerra e com cidadãos que apresentam uma baixa qualidade de vida. O
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totalitarismo das obras apresenta figuras representativas. Em 1984, esta representação se dá na
forma do Partido e do Big Brother, enquanto que em Jogos Vorazes, tem-se o temido Presidente
Snow. Ambos transmitiam temor à população, sendo capazes de controlá-la.
Tal controle não está somente presente nas imagens do Big Brother e do Presidente
Snow, mas também na forma de monitoramento e constante vigilância da população através de
teletelas. A ciência e a tecnologia, em ambas as obras, são utilizadas com o intuito de melhorar a
forma de controle dos governos, sendo expressas, principalmente, na criação de teletelas – em,
1984, e seres geneticamente modificados para destruir os “maus cidadãos”– em Jogos Vorazes.
Ambas as obras são caracterizadas pela divisão da população entre os pobres, que
vivem em condições limitantes – se não, precárias -, e uma pequena parte que recebe regalias.
Em Jogos Vorazes, os distritos vivem em extrema pobreza, mas, a Capital é o lugar onde se vive
com muito conforto e alta tecnologia. Em 1984, os indivíduos somente viviam com o
racionamento de comida, tendo todas as suas atividades envolvidas com o fortalecimento do
Socing, enquanto que o Partido desfrutava de regalias.
Winston descreve em 1984 que o Partido precisava se demonstrar presente na
Oceânia e, para tal fim, as ruas eram recobertas pelas teletelas. Em Jogos Vorazes, o jogo é
transmitido com ares de reality show em aparelhos de projeção modernos distribuídos aos
distritos mais pobres durante a competição, de forma que possam acompanhar cada detalhe do
que acontece com seus tributos.
RESULTADOS
Elaboração da proposta pedagógica
Etapas
A proposta pedagógica é composta por seis principais etapas, iniciando-se com
elementos motivadores e culminando na promoção de discussões acerca do tema. Espera-se
favorecer o diálogo entre as disciplinas, permitindo a análise do livro à luz de diferentes pontos
de vista, sendo essencial que haja a interação entre os professores envolvidos.
Desta forma, a primeira parte desta proposta pedagógica envolve um clube de leitura
docente, visando a discussão de questões importantes sobre 1984, a qual seria relevante para a
sala de aula. Posteriormente, os alunos são apresentados à existência da distopia na literatura e
no cinema. Utilizando como elemento motivador a obra literária infantojuvenilJogos Vorazes,
um breve resumo sobre 1984 será discutido em sala de aula, com posterior apresentação da
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adaptação cinematográfica do mesmo. Ambientados no universo de Orwell, a análise
aprofundada da obra será realizada, com a discussão de seu contexto histórico, dos seus fatos
relevantes e de sua correlação com a atualidade.
Etapa 1: Clube docente do livro
Para o sucesso desta proposta, é essencial que os professores envolvidos estejam
engajados. Visando este fim, a primeira parte da proposta funciona como um elemento
motivador para os docentes, onde haverá a leitura do livro 1984.Sabendo-se que a intensa carga
horária docente dificulta reuniões semanais para a leitura do livro, sugere-se que cada professor
participante realize esta leitura em sua casa, em um prazo previamente estipulado.
Em seguida, são realizadas duas reuniões para a discussão da obra. O interessante da
interdisciplinaridade é que, como dito anteriormente, diferentes pontos de vista serão
colocados em pauta, ampliando a discussão e tornando-a mais enriquecedora. Além de ser
essencial que haja uma revisão sobre os personagens do livro e sobre como a sociedade estava
ambientada, algumas questões precisam ser, essencialmente, discutidas:
a. Como a organização da sociedade em ministérios poderia favorecer o rendimento do
Partido?
b. Os indivíduos poderiam controlar seus movimentos involuntários e seu sistema
nervoso, para que não pudessem ser recriminados pela Polícia das Ideias?
c. O controle da pulsão sexual poderia favorecer a atuação do Partido?
d. Qual a importância da metodologia científica para a formação de uma sociedade não
alienada?
e. Existe alguma relação entre 1984 e a atualidade?
f. Quais formas de controle utilizadas em 1984 também são observadas nos regimes
ditatoriais que ocorreram ao longo da história mundial?
Além da discussão sobre o livro, é necessário que seja realizado um estudo, conduzido
pelos professores de literatura e sociologia, sobre a relação da distopia e a atualidade. Os artigos
“Da utopia à distopia: política e liberdade”, de Figueiredo (2015) e “Teoria crítica e literatura: a
distopia como ferramenta de análise radical da modernidade”, de Hilário (2013), descrevem a
história e a definição da distopia, de maneira abrangente, sendo um material de apoio.
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Como citado anteriormente, o universo literário e cinematográfico infanto-juvenil tem
retratado os futuros distópicos com estrondoso sucesso. Como forma de preparar um elemento
motivador para os alunos e, posteriormente, a base para a discussão sobre 1984, os professores
devem também discutir obras distópicas infanto-juvenis recentes, principalmente a trilogia
Jogos Vorazes.
Etapa 2: A distopia na literatura e cinema
Observando-se que o pessimismo distópico é retratado em 1984, é importante que
seja apresentado aos alunos a definição de distopia. Ao compreender a base da obra literária
para o projeto, os alunos terão conhecimentos mais sólidos para o início da leitura e discussão
do livro. Desta forma, a interação entre os alunos e professores será iniciada na aula de
literatura, com a apresentação do tema “Distopia na Literatura e Cinema”, para a discussão dos
seguintes pontos:
a. Introduçãosobreficçãocientífica;
b. Definição de utopia e distopia;
c. Distopianaatualidade.
Em seguida, o professor de literatura poderá desenvolver o tópico motivador antes de
abordar a obra 1984 sobre a série literária e cinematográfica Jogos Vorazes, a qual certamente é
conhecida por quase todos os alunos. Neste momento, os alunos serão desafiados a citar os
momentos em que a série Jogos Vorazes apresenta momentos que caracterizariam uma
distopia.
Finalmente, o professor de literatura terá instigado os alunos a conhecerem a obra de
Orwell.
Etapa 3: Introdução à 1984
Na aula de literatura, são apresentadosaos alunos a importância do autor George
Orwell e de suas obras para a literatura mundial. Para isto, sugere-se que algumas obras do
autor sejam citadas, como A Revolução dos Bichos (Animal Farm, 1945), ilustrando-se a atuação
política de Orwell na literatura. Em seguida, alguns trechos marcantes da obra, previamente
selecionados pelo professor, podem ser lidos para a turma. Finalmente, será apresentado o
filme 1984, de 1984, dirigido por Michael Radford.
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Em aula posterior, os professores de história, sociologia e biologia se juntariam ao
professor de literatura para a discussão com os alunos sobre a obra
1984.Seriamabordadosprincipalmenteosseguintespontos:
a. Como a sociedade está estruturada?
b. Quais as características importantes do personagem principal da história?
c. De que forma o governo controlava a sociedade?
d. De que forma a extinção da ciência e do pensamento lógico propiciaram a manutenção
do poder autoritário de 1984?
e. Como era a ciência no Brasil nos períodos correspondentes à ditadura e a Guerra Fria?
Esta etapa é finalizada com a comparação entre 1984 e a série Jogos Vorazes.
Etapa 4: Contextualização histórica
Ao longo do tempo, a humanidade sofreu intervenções de governos autoritários, o que
deixou marcas profundas na História. Compreender como se dá a ascensão do autoritarismo
proporciona uma visão crítica acerca dos acontecimentos sócio-políticos e impede o
estabelecimento de novos regimes antidemocráticos. O livro 1984 foi publicado logo após a II
Guerra Mundial e, certamente, Orwell foi muito influenciado pelos acontecimentos daquela
época. Assim, faz-se necessário que os alunos entendam a contextualização histórica baseada
nas duas principais guerras mundiais. Da mesma forma, ao longo da história da humanidade,
deparamo-nos com diferentes regimes ditatoriais, inclusive no Brasil. Alguns deles, não são
conhecidos pelos alunos. A análise de 1984permite a sua comparação com a realidade mundial,
sendo interessante que os alunos tenham conhecimento sobre quais e como populações foram
controladas.
Sugere-se que, neste momento, os alunos atuem, com a orientação do professor de
história, e apresentem os regimes ditatoriais que ocorreram ao longo da história(nazismo,
fascimo, regimes ditatoriais na América Latina, Guerra Fria, etc), em forma de seminário.
Etapa 5: As formas de controle em regimes ditatoriais
Ao longo de 1984, pode-se observar diversas formas de controle, utilizadas pelo
Partido, para subjugar a sociedade. A principal delas é a manutenção da população alienada e
sem capacidade de raciocínio lógico, através da abolição da metodologia científica.
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A alienação e a metodologia científica são temas importantes na sociologia e biologia,
respectivamente. Desta forma, sugere-se que os professores ministrem uma aula em conjunto
que estimule os seguintes questionamentos:
a. O que é preciso fazer para que as pessoas possam ser controladas?
b. Por que controlar a sociedade?
c. Por que a sociedade se permitiu ser controlada?
d. Temos exemplo disso durante a história da humanidade?
e. Por que para a instalação de um regime ditatorial é necessária a extinção da razão e
pensamento lógico?
f. Qual a importância da televisão na nossa sociedade?
g. Qual a relação entre o Big Brother de 1984 e o famoso programa televisivo?
Etapa 6: Elaboração do trabalho final
A etapa final consistirá na elaboração de um trabalho em grupo. Este trabalho será
uma comparação entre 1984 e outras obras distópicas recentes, similar a comparação realizada
com Jogos Vorazes. Cada grupo poderia escolher uma obra, entre as listadas a seguir:
MazeRunner (Dashner, 2010);Divergente (Roth, 2011);A 5ª Onda (Yancey, 2013);Doador de
Memórias (Lowri, 2014);Matrix (Wachowski, 1999);V de Vingança (McTeigue, 2006);Wall-E
(Pixar, 2008);O Preço do Amanhã (Niccol, 2011).
CONCLUSÃO
A proposta sugerida apresenta potencial como ferramenta de estímulo ao pensamento
crítico, científico e social dos alunos.Esperamos, através desta prática pedagógica, trabalhar
importantes aspectos interdisciplinares relacionados à política, sociologia e bioética. Ao mesmo
tempo em que se divulga ciência através de literatura de ficção, destacamos, para a obra 1984,
temas relacionados à metodologia científica, ao comportamento humano e aos diversos
questionamentos que afligem a humanidade e que se fazem atuais na sociedade
contemporânea. Assim, esperamos oportunizar a reflexão e discussão sobre assuntos
concernentes a nossa sociedade, estimulando-se também, o prazer da leitura.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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área ciências da natureza em formação em serviço. Ciência & Educação (Bauru). Programa de
Pós-Graduação em Educação para a Ciência, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade
de Ciências, campus de Bauru., v. 10, n. 2, p. 277-289, 2004. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/11449/8326>.
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ensino de ciências. Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2013.
ORWELL, George. 1984. Companhia das Letras, São Paulo, 1 ed, 2009.
PIASSI, Luiz Paulo. A ficção científica e o estranhamento cognitivo no ensino de ciências:
estudos críticos e propostas de sala de aula. Ciência & Educação, v. 19, n. 1, p. 151-168, 2013.
PIASSI, Luiz Paulo; PIETROCOLA, Maurício. De olho no futuro: ficção científica para debater
questões sociopolíticas de ciência e tecnologia em sala de aula.Ciência& Ensino, vol. 1, número
especial, 2007.