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A Música e a sua inserção na Educação: desafios e possibilidades1
Eunice Souza de Morais Pereira2
Resumo: Este trabalho tem como objetivo proporcionar uma reflexão sobre a importância da
música como componente curricular nas instituições escolares. A princípio ele traz uma
retrospectiva histórica e uma abordagem dos aspectos legais, os quais aparecem seguidos por
uma discussão com a finalidade de compreender a importância da percepção estética para o
desenvolvimento da sensibilidade do indivíduo. Para isso, leva-se em consideração as
experiências vividas, assim como a padronização do ―gosto‖ e alguns fatores geradores.
Dentro desse contexto, busca-se por meio da música estimular à sua apreciação e ao seu fazer
musical, além de percebê-la como uma forma de proporcionar e de estimular os aspectos
cognitivo, afetivo e social. Para tanto, está pautado em embasamentos teóricos a partir de
autores como: Abbagnano (2000); Aranha e Martins (2005); Duarte Jr (2003); Ferreira
(2009); Fusari e Ferraz (2001); Beyer e Kebach (2009); Nogueira (2003); Loureiro (2003);
Schafer (1991) e outros. Ademais, fundamenta-se em documentos que legalizam, normatizam
e direcionam o trabalho pedagógico, sendo estes de extrema importância para o
enriquecimento desta pesquisa.
Palavras chave: Música. Componente curricular. Desenvolvimento.
Introdução
Este artigo demonstra que, a música sempre ocupou lugar de destaque na vida do ser
humano. No Brasil, sua formação se deu com a mistura de ritmos europeus, indígenas e
africanos, no entanto, outras influências perpassaram pela formação da música brasileira.
O presente estudo visa analisar os aspectos históricos e a trajetória musical ao longo
dos anos no Brasil. Menciona os aspectos legais para a inserção da música como componente
curricular, sendo este de suma importância para compreendê-la dentro deste contexto. Assim
sendo, busca refletir sobre a educação estética, e como esta pode desenvolver a sensibilidade
e a criatividade a partir da educação musical. Além disso, propõe uma discussão sobre a
importância da música para o desenvolvimento da aprendizagem, logo, sugere no decorrer
deste trabalho algumas sugestões metodológicas ao se trabalhar com a música em sala de aula.
1 Artigo Científico apresentado ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser, sob a orientação
da Professora Ms Milna Martins Arantes como parte dos requisitos para a conclusão do curso de Pedagogia.
2 Aluna concluinte do curso de Pedagogia, da Faculdade Alfredo Nasser em Aparecida de Goiânia – GO. 2011/1.
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Pode-se dizer que em muitos momentos históricos do país a música desempenhou uma
função nacionalista e meramente disciplinar. Na maioria deles era dada ênfase apenas às
técnicas, sendo que neste caso desvalorizava-se o processo. A arte musical pôde fazer parte de
um processo de controle e de persuasão, e desse modo, ela passou a ser difundida por todo o
país.
No entanto, somente com a promulgação da Lei 11.769/08, que trouxe uma alteração
no artigo 26 § 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB/96), que o ensino de música
torna-se obrigatório como componente curricular (disciplina), nas instituições escolares.
Diante desse contexto, algumas reflexões são consideradas pertinentes ao desenvolvimento
deste estudo: Como entender o universo musical, sendo este tão amplo, rico e prazeroso?
Como as experiências musicais podem estimular a percepção estética, ou seja, como refletir
sobre o belo? Os fatores culturais influenciam ou não para a formação do gosto musical? Qual
sua importância para a aprendizagem do indivíduo? E quanto à apreciação e o fazer musical,
que sugestões metodológicas seriam as mais adequadas ao utilizar a música em sala de aula?
Todas essas são questões que devem ser levadas em conta, ao trabalhar com a educação
musical. Além disso, ela exige um amplo conhecimento musical por parte do professor.
Visto dessa forma, este trabalho proporciona uma discussão sobre a educação musical
levando em consideração a sua importância para o desenvolvimento integral do aluno. Para
tanto, cabe, novamente ressaltar que a música da qual se trata esta pesquisa é considerada
como componente curricular. E como tal, torna-se importante discutir no decorrer desta
pesquisa algumas questões relevantes, assim sendo, esta pesquisa enfatiza as possibilidades
para se trabalhar com a educação musical, além de promover uma reflexão sobre os desafios
para a sua implantação.
História e aspectos legais da inserção da música na educação brasileira
Para que se possa haver uma melhor compreensão da inserção da música no Brasil, a
seguir serão mencionados alguns pontos principais de sua trajetória ao longo dos anos. A
princípio não se pode desconsiderar a importância religiosa, social e moral que ela
desempenhou, com a intenção de proporcionar a aquisição de hábitos e valores, algo
fundamental para o exercício da cidadania. Também considerou-se importante fazer um
retrocesso nos aspectos legais que estabeleceram a música como indispensável para a
formação do educando.
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A música brasileira se formou a partir da mistura de elementos europeus, africanos e
indígenas, trazidos respectivamente por colonizadores portugueses, escravos e pelos nativos
que habitavam o chamado Novo Mundo. Outras influências foram se somando ao longo da
história, estabelecendo uma enorme variedade de estilos musicais (FUSARI; FERRAZ,
2001).
De acordo com Fusari e Ferraz (2001), quando os jesuítas chegaram ao Brasil, um dos
recursos utilizados por eles para catequizar os indígenas foi a música, pois perceberam que
eles possuíam muita afinidade com esta forma de expressão. No entanto, a espontaneidade
musical indígena começou a ser destruída, cedendo espaço de maneira imposta pelos
colonizadores as novas culturas, dentre elas, a musical.
Para Fusari e Ferraz (2001, p. 133),
A música do indígena tinha a cor do cotidiano. A todo ritual haveria de existir uma
musicalidade muito específica. Os fatos exigiam uma celebração e assim a música
entrava como componente natural deste mesmo ritual. Mas se o rito indígena levaria
uma carga musical, os colonizadores também celebraram a ocupação do solo
brasileiro com seu ritual de fé cristã, através do ofício da santa missa. Esta também
não estaria desprovida de um forte componente musical: os hinos. Confrontavam-se,
pois, neste momento, os dois ritos.
Como as autoras afirmam no trecho citado acima, a princípio nota-se um confronto
entre os dois estilos musicais – o europeu e o indígena, porém, o estilo europeu se sobressai.
Até porque o índio se sensibilizava perante a música, não importando a ele o estilo que fosse.
E, como os europeus estavam com o objetivo de impor a sua cultura, eles ousaram em
reproduzir os seus próprios gostos e costumes, afinal de contas, estavam conseguindo o
resultado almejado.
Conforme Fusari e Ferraz (2001), a música sofreu influências dos negros, quando aqui
chegaram como escravos. O negro contribuiu significativamente com a formação da música
brasileira, até chegou a determinar um ritmo ao longo do tempo. Alguns fatores contribuíram
para que a cultura musical africana se despontasse. Em meio à escravidão o negro ainda
conseguia manter uma postura persistente, conseguindo se sobressair às ameaças, às
imposições e a tantas outras humilhações sofridas. Fusari e Ferraz (2001) enfatizam que
durante os trabalhos escravos realizados, eles estavam sempre falando e cantando. A aptidão
negra pela música era perceptível, não entoavam apenas os seus próprios ritmos, mas faziam
parte e manejavam instrumentos musicais do homem branco.
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No entanto, há uma necessidade de entender o contexto da época, porque senão o
fizer, pode-se haver uma contradição entre o trabalho escravo e a participação do negro como
músico. Essa atuação naquela época foi necessária, pois, segundo Fusari e Ferraz (2001) a
corte portuguesa precisava criar ―um ambiente‖ parecido com o que eles estavam
acostumados, e os negros foram apenas aproveitados como músico. Não se pode deixar de
mencionar que as atividades artísticas eram organizadas e mantidas para a igreja. E que na
maioria das vezes tinham um cunho religioso.
Quando os negros foram trazidos para o Brasil, trouxeram consigo vários
instrumentos, os quais tinham a intenção de propiciar algumas lembranças de ―sua terra‖.
Loureiro (2003, p. 46) afirma que ―chegando ao Brasil como escravos, os negros trouxeram
consigo instrumentos de percussão como o ganzá, a cuíca, o atabaque, porém cantavam e
dançavam embebidos pelos sons e ritmos de sua pátria distante‖.
Como se pode perceber, os negros contribuíram significativamente com a cultura
brasileira. O legado musical deixado por eles influencia hoje na riqueza e na diversidade,
fazendo parte da identidade brasileira, que ao longo dos anos, vem construindo e inovando
sua história.
Mais tarde, com a chegada da família real ao Brasil, a música deixou de se restringir à
religião e estendeu-se ao teatro. Para Loureiro (2003, p.47)
A presença da corte no Brasil estimula o desenvolvimento de um processo de modernização, sobretudo no Rio de Janeiro, sede do governo real. Nesse quadro
surgiram algumas instituições no campo cultural, tais como academias militares, a
Biblioteca Real, cursos superiores e a escola Nacional de Belas-Artes. A atividade
musical ganha, assim, uma nova expressão.
Mas de acordo com a autora acima citada, este processo de modernização entra em
crise com a volta de D. João VI a Portugal. A Capela Real – orquestra de música erudita -
perde sua força e, consequentemente, entra em declínio. Logo este, não foi um momento
propício para a arte. No entanto, o número de professores particulares aumentou
significativamente, restringindo-se, portanto, o conhecimento musical à classe média-alta, e
com uma predominância do piano, sendo que o estudo desse instrumento reservava-se
principalmente às moças.
Conforme afirma Loureiro (2003), com a Proclamação da Independência, em 1822, a
educação passa a ocupar um lugar de destaque nos debates, e passam a considerar a sua
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importância para o desenvolvimento do país. Então, houve uma necessidade de uma
preparação de professores, logo, o currículo com tal objetivo passa a englobar várias
disciplinas, dentre elas, a música. Segundo a autora, a música tinha a função eminentemente
disciplinar, ela afirma ainda que, ―o que importava para a escola era utilizar o canto como
forma de controle e integração dos alunos; desse modo, pouca ênfase era dada aos aspectos
musicais‖ (LOUREIRO, 2003, p. 49).
Os planos social, político e econômico do país, de acordo com Loureiro (2003)
sofreram inúmeras mudanças com a culminação da Proclamação da República no final do
século XIX. Uma nova fase no ensino das Artes é apontada. Segunda a autora, neste período a
vida musical amplia-se e diversifica-se, embora houvesse o predomínio da valorização das
obras de compositores europeus durante os concertos.
Mais tarde, com base na filosofia de John Dewey com a proposta da Escola
Nova, Anísio Teixeira formula e torna a arte acessível para todos. Assim, afirma Loureiro
(2003, p. 53):
A nova escola, capaz de formar o cidadão brasileiro para a sociedade industrial em
vias de implantação no país, alicerçando-se nos princípios da Escola Nova, afirma a
importância da arte na educação para o desenvolvimento da imaginação, intuição e
da inteligência da criança e recomendava a livre expressão infantil.
Segundo a autora, com a intenção de valorizar a cultura popular, Mário de Andrade em
1920, traz um novo enfoque para a música, enfatizando sua função social, e contou com o
apoio de Heitor Villa-Lobos. Foi um momento histórico importante para a formação da
identidade brasileira. Este foi um contexto fundamental, politicamente falando, pois a música
se tornou um forte instrumento na Era Vargas, a qual pôde ser utilizada para criar uma boa
imagem política voltando-se para a exaltação da nacionalidade. Em decorrência disso, a
música nesse momento era alvo de crítica, pelo fato de estar servindo de meio para formar e
implantar ordens políticas.
Loureiro (2003, p. 55) ressalta que
O clima de nacionalismo dominante no país, a partir da Revolução de 30, fez com
que o ensino de música, em virtude de seu potencial formador, dentro de um
processo de controle e persuasão social, crescesse em importância nas escolas,
passando a ser considerado um dos principais veículos de exaltação da
nacionalidade, o que veio determinar sua difusão por todo o país.
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A música neste momento histórico passa a ser utilizada como meio de exaltação à
Pátria, e o então Presidente da República Getúlio Vargas torna o canto orfeônico3 obrigatório
nas escolas públicas. Para isso, assinou o decreto n° 18.890, de 18 de abril de 1932, dessa
forma, ele proporcionaria a divulgação do seu regime (LOUREIRO, 2003).
De acordo com Loureiro (2003), já em 1941, baseando-se na importância musical,
embora restrita à classe dominante, surge a primeira instituição educativa musical, no Rio de
Janeiro, o Conservatório Musical do Rio de Janeiro, atualmente Escola de Música da UFRJ, a
qual funcionou precariamente por falta de recursos financeiros.
A década de 30, como afirma Loureiro (2003) foi marcada por inúmeras
transformações no Brasil política, social e econômica. O canto orfeônico, implantado por
Villa-Lobos, ocupava seu espaço principalmente nas escolas públicas de todo o país. No
entanto, de acordo com os PCNs-artes (1997), após estes 30 anos, o canto orfeônico foi
substituído pela Educação Musical, criada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Brasileira/1961, a qual entra em vigor depois de meados de 60.
Segundo a autora, o principal motivo dessa decadência era o fato de o país estar
caminhando rumo a uma democratização, sendo assim, tudo aquilo que caracterizasse um
regime autoritário deveria ser eliminado (LOUREIRO, 2003).
Com o declínio do movimento modernista, outras formas artísticas começam a surgir
enfatizando a criatividade. O que se buscava nesse contexto eram formas de expressão que
privilegiassem mais o processo e menos o produto. Segundo Loureiro (2003, p. 65),
Dentre seus princípios fundamentais estavam à crença no potencial de criatividade
existente em todo o ser humano, o respeito à liberdade de expressão do educando e a
consciência de que a prática da atividade artística é fator relevante para o
desenvolvimento equilibrado da personalidade do educando, contribuindo também
para uma inter-relação harmoniosa entre as pessoas e os grupos humanos.
Para a autora, os anos 60 se despontavam com uma nova visão artística, na qual o
aluno tornara-se o centro do processo ensino aprendizagem. Essa concepção incorporou
propostas da Escola Nova, que, utilizando a arte como expressão, ela chega às ruas,
aproximando-se das massas e inevitavelmente misturando as linguagens artísticas.
3 O Canto Orfeônico tornou-se muito popular na França, o “canto coletivo” era uma atividade obrigatória nas
escolas municipais de Paris, pois suas mensagens tinham o objetivo de tentar incutir comportamentos nos seus
praticantes e espectadores [...]. Este se tornou um útil instrumento para objetivos sociais e político-ideológicos,
atendendo a necessidade do momento político-social que a França vivenciava no século XIX. E dessa forma, ele
também fez parte desse momento histórico vivenciado no Brasil.
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Porém, mesmo tendo conseguido espaços, dentre tantas lutas, com o Golpe Militar, a
música sofre um novo abalo. O autoritarismo é retomado, com as ideias de desenvolvimento
do país, houve uma modificação nos currículos escolares. A música passa novamente a ser
veículo de exaltação à pátria, no entanto, foram vários os desafios encontrados, um deles
deve-se ao fato da escassez de profissionais qualificados. O ensino de música nos
conservatórios se encontrava elitizado, havendo também o predomínio de técnicas e
conteúdos descontextualizados. Além disso, priorizavam-se aqueles que demonstravam
talento para a música, e cujas atividades relacionavam-se a meras repetições. Para Loureiro
(2003, p. 73), ―[...] ênfase demasiada a técnica. [...] desvalorizando o ―fazer sonoro‖ em
detrimento da repetição de exercícios cuja função única está centralizada no virtuosismo de
alguns poucos considerados portadores de dom e de talento para a prática musical‖.
Segundo Fusari e Ferraz (2001), no início da década de 70, quando a Educação
Artística foi introduzida, houve enormes problemas. Alguns professores estavam presos a
meras técnicas desprovidas de cientificismo, e, além disso, estavam despreparados e
utilizavam metodologias inadequadas ao contexto. Para as autoras, com a reforma da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 5.692/71, se estabelecia apenas a Educação
Artística no currículo escolar, mas esta, como dito anteriormente, se transformara em ―meras
atividades artísticas‖. Assim fica explícita a forma como era tratada esta disciplina, Fusari e
Ferraz (2001, p. 41- 42), postulam que,
o Parecer n° 540/77: ―não é uma matéria, mas uma área bastante generosa e sem
contornos fixos, flutuando ao sabor das tendências e dos interesses‖. Ainda no
mesmo parecer fala-se na importância do ―processo‖ de trabalho e estimulação da
livre expressão. Contraditoriamente a essa diretriz um tanto escolanovista, os
professores de Educação Artística, assim como os das demais disciplinas, deveriam
explicitar os planejamentos de suas aulas com planos de cursos onde objetivos,
conteúdos, métodos e avaliações deveriam estar bem claros e organizados.
Como ficou explícito no trecho citado acima, mesmo tendo sido obrigatório o ensino
das artes com a promulgação da reforma da Lei 5.692/71, houve uma contradição entre a
necessidade do aprendizado artístico por parte dos alunos e a falta de conhecimento para se
ensinar por parte dos professores. Já que as escolas não contavam com profissionais
capacitados para exercer tal função. Sem normas, sem planejamento, as atividades eram
escolhidas pelos alunos, na prática predominava apenas o espontaneísmo, não havia uma
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preocupação metodológica, com isso, passou-se a ideia de que a disciplina não havia conteúdo
e estava longe do cientificismo.
Sendo assim, para Fusari e Ferraz (2001), as atividades se relacionavam à
espontaneidade e improviso, ficando à parte nesse processo o expressar através da arte. Isso
perdurou durante longos anos, tornando-se questões de discussões em encontros nacionais e
internacionais.
Dessa forma, a Educação Artística, antes assim chamada, não pôde alcançar seus
objetivos, que a princípio estavam voltados para a ampliação do universo sonoro dos alunos.
Não se pode deixar de mencionar que essa Arte da qual se trata a Lei em discussão, englobou
áreas artísticas como: música, teatro, artes plásticas e a dança. E a música, que é a arte da qual
se trata esta pesquisa ficou às margens do conhecimento, dividindo o espaço restrito com as
demais áreas, pois, até então, a área de atuação era facultativa à instituição de ensino. Pode-se
inferir, portanto que, todos estes problemas citados contribuíram para a má qualidade do
ensino da Arte e, consequentemente, para o ensino da música no Brasil.
Mesmo com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/
96), a área de atuação do ensino das artes ainda continuou facultativa às escolas. O artigo 26
da LDB/96, § 2°, fala da obrigatoriedade do ensino das artes na educação básica para o
desenvolvimento cultural dos alunos, porém, não deixa explícita a área de atuação. E assim, a
música continuou ausente dos espaços escolares.
Embora persistam algumas contradições das legislações estabelecidas ao longo dos
anos no Brasil, há um documento que normatiza e traz uma compreensão do ensino das artes
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, trata-se dos Parâmetros Curriculares Nacionais:
Arte (1997). Este proporciona um auxílio na execução do trabalho pedagógico e tem como
objetivo ―apontar metas de qualidade que ajudem o aluno a enfrentar o mundo atual como
cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus direitos e deveres‖ (PCNs –
ARTES, 1997, p. 08).
Tal documento é composto por quatro linguagens artísticas – Artes Visuais, Dança,
Música e Teatro, além de um histórico. Portanto, apenas a música encontra-se em destaque
nesta pesquisa. Segundo os PCNs - artes (1997, p. 54)
[...] para que a aprendizagem da música possa ser fundamental na formação de
cidadãos é necessário que todos tenham a oportunidade de participar ativamente
como ouvintes, intérpretes, compositores e improvisadores, dentro e fora da sala de
aula.
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Considera-se então que é necessário um olhar crítico, voltado para as leis que
normatizam a real prática da música em sala de aula, tendo em vista que estas não surgiram
por um mero acaso, mas como frutos de inúmeras lutas e desafios. Além do mais, percebe-se
dentro desse contexto, a preocupação originada a partir de estudiosos comprometidos com
uma educação em que não alcançassem apenas alguns, mas que esta formação fizesse parte da
escolarização de todos ou pelo menos que atingisse um maior número de pessoas. Até porque
seria ignorância pensar ―num todo‖ neste caso, embora, todos os envolvidos precisam se
sentir responsáveis e compromissados em buscar uma melhor maneira de se trazer a educação
musical para a escola, de forma planejada, organizada e contextualizada.
Destaca-se ainda outro documento, o Referencial Curricular para a Educação Infantil
(RCNEI, 1998). Tendo em vista que a Educação Infantil é considerada a primeira etapa da
Educação Básica, pode-se afirmar que a elaboração deste documento, cujo objetivo é nortear
atividades referentes a crianças de zero a seis anos, além de propiciar reflexões sobre a
realização do trabalho do professor. Convém ressaltar que o volume 3 deste documento traz
questões relevantes voltados para o trabalho pedagógico, dentre elas, a música.
Pode-se afirmar que há décadas a educação musical enfrenta desafios para a sua
implantação, pois, as artes ocupavam apenas lugar de mera ―atividade educativa‖, mas, não
como disciplina. Como dito anteriormente, a LDB/96 a estabelece como obrigatória, no
entanto, à instituição é facultativa a área de atuação.
No ano de 2008, foi sancionada pelo Governo Federal a lei 11.769, que torna
obrigatório o ensino de música na educação básica. Para se adequarem à nova legislação os
estabelecimentos puderam contar com um prazo de 3 anos, a partir da data de sua
promulgação. Essa alteração no § 2º do artigo 26 da LDB/96 deixa bem claro que existe uma
preocupação com o desenvolvimento cultural e social dos alunos, priorizando as expressões
regionais. Pode-se considerar que esta foi uma conquista, embora, esta seja uma área
desprovida de profissionais realmente qualificados e comprometidos com a formação musical
voltada para a sensibilidade.
Provavelmente a implementação da música deverá ocorrer gradativamente, portanto,
todos deverão se empenhar nessa luta e serem conscientes de sua necessidade. É importante
percebê-la como uma forma de propiciar um ambiente estimulador para a valorização da auto-
estima, sensibilidade e ampliação do conhecimento.
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Dentro do contexto atual, ainda se pode perceber a desvalorização musical, com
olhares discriminatórios nos dias de hoje, menções a ela com descaso e como ―passa tempo‖.
Tais atitudes podem estar relacionadas ao passado, regimes autoritários e ideológicos, estes
marcos históricos deixaram cicatrizes profundas para a educação brasileira.
Diante da exposição do contexto histórico e aspectos legais mencionados acima,
entende-se que houve uma evolução considerável. Principalmente considerando o fato de a
música ter sido incluída como componente curricular - disciplina. Tendo em vista que, por
mais que ela tenha desempenhado uma função nacionalista, hoje, a música está conseguindo
ocupar o seu real espaço, embora, vários desafios ainda persistam. E como tal, a seguir serão
discutidos aspectos que enfatizam a sua importância para o aprendizado incluindo a estética
musical.
Arte, música e percepção estética: algumas reflexões
Diante da ideia de procurar entender e compreender a música, sabendo que esta é uma
das formas de expressão artística, veio à tona a necessidade de buscar entender este universo,
tendo em vista que esta é uma temática ignorada por muitos, talvez pelo desconhecimento de
sua importância. De acordo com Duarte Jr (2003), a apreciação musical surge de um
aprendizado e não daquilo que muitos pensam ser ―um dom‖, ou mesmo suposições como:
―aquela pessoa nasceu para a música‖. De acordo com o autor, o gosto pela arte surge a partir
da experiência, ou seja, do contato pessoa-objeto.
Duarte Jr (2003, p. 90) destaca ainda que à ―medida que vamos nos tornando
familiarizados com os códigos estéticos, nossa própria maneira de sentir vai se refinando, isto
é, tornamo-nos progressivamente mais sensíveis as sutilezas de nossa vida interior‖.
Nesse sentido, considera-se importante ressaltar o significado da palavra estética. De
acordo com o Dicionário de Filosofia, ―esse termo designa-se a ciência (filosófica) da arte e
do belo‖ (ABBAGNANO, 2000, p. 367). Para tanto, convém relacionar esta questão, com o
que Duarte Jr (2003) afirma ao longo de sua obra, que o ―belo‖ pode ser belo para um e pode
não ser para o outro. Ou seja, a experiência estética provoca no indivíduo uma reflexão sobre
o belo. Nesse caso, o contato com a diversidade artística se torna fundamental.
Para o Duarte Jr (2003), a apreciação artística, e precisamente neste caso a apreciação
musical, como dito anteriormente, se dá através das experiências. Mas, como seria esta
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experiência estética? Diante de estudos realizados, esta estética a que se refere este texto
relaciona-se ao belo, porém esta beleza não está ligada a algo padronizado e muito menos
aquilo que possa ser quantificado. Para se compreender esta questão, há uma necessidade de
trazer para a discussão, de maneira bastante sucinta, a subjetividade. Como esta é uma
temática muito ampla, aqui não será discutida de forma minuciosa, até porque este não é o
objetivo desta pesquisa.
Pode-se dizer que a subjetividade não nasce com a pessoa, ou seja, ela não pode ser
considerada inata, visto que é adquirida. O ser humano, em contato com o objeto de
conhecimento começa a desenvolver a sua maneira própria de entender o ―seu mundo e o
outro‖. A forma como ele lida com determinadas situações é individual, embora, perpasse
pelas influências do meio social no qual está inserido. E neste caso, essa subjetividade pode
ser entendida como algo que cada pessoa possui, ou mesmo um sentimento demonstrado por
ela em determinadas circunstâncias ou diante de um fato conhecido ou desconhecido.
Conforme Kebach e Silveira (2009, p.146-147)
Quando escutamos música, ou melhor, quando realizamos uma escuta realmente
ativa, em que toda a nossa atenção está voltada para os aspectos gerais de
determinada música, tendemos a associar estes elementos organizados sonoramente
a experiências passadas, ao nosso estado atual no que diz respeito ao emocional. A
atribuição de significados, de sentimentos, a percepção de alguns aspectos da
linguagem musical e não de outros, de alguns instrumentos musicais e não de outros,
depende da subjetividade do ouvinte. A objetivação (ou não) desses aspectos
depende do nível de construções cognitivas que o sujeito já realizou até o momento
desta apreciação, ou seja, daquilo que ele já conhece sobre música. Em termos de
estruturação progressiva dos elementos da linguagem musical, a atividade de
apreciação musical é de extrema relevância. [...] As artes parecem desempenhar um
papel importante como espaço de expressão da subjetividade humana.
Diante disso, a apreciação artística torna-se fundamental, pois, pôde-se perceber que o
gosto pelas ―coisas‖ não nasce junto com o indivíduo, mas ele é capaz de aprender e
internalizar conceitos e desenvolver uma visão crítica sobre o meio em que ele está inserido.
E como as autoras afirmaram no trecho citado acima através da música, o indivíduo é capaz
de demonstrar a sua subjetividade e mesmo relacioná-la a experiências passadas. Para isso, é
necessário um conhecimento prévio, ou seja, a pessoa precisa ter informações anteriores
acerca dos demais aspectos musicais.
Abbagnano (2000) afirma que ―gosto‖ é a capacidade de julgar as obras de arte de
certo estilo. Há uma tendência na sociedade de padronizar / uniformizar o gosto, seja em um
determinado tempo ou mesmo em um determinado grupo. Para Adorno (1986, apud
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BERTONI, 2011), essa padronização está relacionada à influência dos veículos de
comunicação. As influências midiáticas estimulam o consumo padronizado, e o indivíduo
para não se sentir excluído de seu meio, passa a consumir aquilo que lhe é imposto.
Por conseguinte, a pessoa, de forma alienada, inconscientemente, começa a fazer parte
dessa uniformização. O autor considera esta uma ―necessidade social‖. Embora, também
considere ilusória esta situação, pois, para ele a busca de uma ―identidade coletiva‖ acaba por
fortalecer a marginalização cultural da maioria da população (ADORNO, 1986, apud
BERTONI, 2001).
No entanto, não se considera necessário mencionar ou mesmo distinguir uma música
―boa ou ruim‖, mas a intenção é identificar e discutir o gosto, e como este pode ser
desenvolvido. É importante considerar que são várias as possibilidades de interpretações de
uma obra de arte, e neste caso, não se dá importância à uniformidade, mas às várias
experiências vividas.
Para Duarte Jr. (2003, p. 13-14):
[...] a beleza é uma maneira de nos relacionarmos com o mundo. Não tem haver com
formas, medidas, proporções, tonalidades e arranjos pretensamente ideais que
definem algo como belo. Acabou-se o tempo em que os estudos estéticos ditavam
regras de beleza.
Como afirmou o autor, a beleza é a forma de se relacionar com o mundo que está
intrinsecamente relacionada ao sentimento de cada ser humano. Ele afirma ainda que ela não é
uma qualidade objetiva, uma vez que, aquilo que é belo para um pode não ser para o outro.
Dessa forma, compreende-se que a beleza se encontra na relação sujeito e o objeto, sendo que
a beleza perceptível vem ―do interior‖ de cada pessoa, vinculadas as experiências estéticas
vivenciadas ou não.
Diante da discussão em evidência, é fundamental, após ter procurado entender o que é
a experiência estética e como cada um a internaliza, compreender como a arte tal como
concebemos aqui entra nesta questão. Pode-se dizer que a arte é uma forma de expressão do
ser humano. De acordo com Duarte Júnior (2003), a música é uma arte dinâmica, o que
significa que ela vai sendo construída ao longo do tempo.
Para Aranha e Martins (2005), a arte é simbólica, ela não mostra a realidade em si,
mas representa como as coisas poderiam ser. Segundo as autoras, ao criar uma obra de arte, o
artista procura fazer uma ―leitura de mundo‖, não querendo dizer que o mundo seja assim,
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mas que poderia ser e/ou não ser. Dentro desse contexto, a arte é uma representação de
mundo, além de proporcionar um pensamento crítico, que vai além da imaginação humana.
Para isso, a sensibilidade artística é fundamental, assim como citado anteriormente, o contato
e as experiências adquiridas são peças importantes para o desenvolvimento de uma visão
ampla da realidade.
Aranha e Martins (2005, p. 134) afirmam que:
O que se intui na arte, é uma dupla realidade: a realidade da natureza e da vida
humana. Toda grande obra de arte nos permite uma nova aproximação e uma nova
interpretação da natureza e da vida. Mas esta interpretação só é possível em termos
de intuição, não de conceitos; em termos de forma sensível e não de signos
abstratos. Quando perdemos estas formas sensíveis de vista, perdemos a base da
experiência estética.
A partir de uma percepção sensível é que se dá a imaginação criativa, pois a realidade
é alterada. Para que isso ocorra dessa forma, a experiência estética se torna imprescindível e
fundamental, pois esta é uma atitude que exige treino por parte do artista e do observador da
obra de arte. Sobre a importância da arte, Fusari e Ferraz (2001, p. 37) afirmam que:
[...] a importância da arte na educação consiste em se garantir: a) uma aprendizagem
que acompanhe o desenvolvimento natural do indivíduo não só em seus aspectos
intelectuais, mas também sociais, emocionais, perceptivos, físicos e psicológicos; b)
diferentes métodos de ensino (e não um único) para desenvolver, de forma livre e
flexível, a sensibilidade e a conscientização de todos os sentidos (ver, sentir, ouvir,
cheirar, provar), realizando assim uma interação do sujeito com o seu meio e c)
formas construtivas de auto-expressão e auto-identificação dos sentimentos,
emoções e pensamentos dos indivíduos a partir de suas próprias experiências
pessoais, para que eles, bem-ajustados, vivam cooperativamente e contribuam de
forma criadora para a sociedade.
Além da importância da arte, procurou-se entender a experiência estética, e como o
indivíduo pode adquiri-la. Deve-se levar em consideração, também, que o comportamento da
pessoa em relação a uma obra de arte é subjetivo. Pode-se dizer que, diante de uma
apresentação artística, a reação do espectador vai depender de uma sensibilidade adquirida,
que está relacionada aos contatos e experiências obtidas anteriormente com as várias
manifestações da arte. Embora, os fatores culturais influenciem comportamentos sociais, neste
caso, cabe à escola romper com paradigmas impostos, pois a familiaridade com a arte, de
acordo com Aranha e Martins (2005), só podem ser ampliadas a partir do contato com as
várias manifestações da arte. Dessa forma, faz-se necessário proporcionar aos alunos o
14
desenvolvimento da sensibilidade e da criatividade, haja vista que o homem tem a
necessidade de enriquecer a imaginação e a formação global da personalidade
Oriol e Parra (1979, p. 10 apud LOUREIRO, 2003, p. 113) consideram que
O ideal de homem plenamente apto para a vida não tem por que estar orientado
estritamente pelos valores profissionais e econômicos, mas há de incluir também sua
preparação para o humanitário, o universal, o ético, o social e o artístico, porque
também o homem atual necessita viver de acordo com esses valores. Quanto mais
completa for a formação da pessoa, mais disposição ela terá para resolver os
múltiplos problemas que uma sociedade em contínuo processo de mudança possa
apresentar. (sic)
Diante da realidade em que as pessoas estão inseridas atualmente, exige-se cada vez
mais indivíduos criativos, e à escola cabe a função de perceber e compreender quais são as
novas habilidades exigidas. E conhecer o grande leque de possibilidades que as artes podem
favorecer para o aprendizado e o desenvolvimento dos alunos, é uma das formas de estimular
as várias inteligências desse ser em formação.
Segundo Galeffi (1977, apud Fusari e Ferraz 2001, p. 61), ―[...] a educação estética
assemelha-se profundamente com a educação intelectual, principalmente por aprofundar o
interesse cognoscitivo e desenvolver o processo de percepção e capacidade de observação‖.
Dá-se aí a importância de se trabalhar com a educação estética, pois ela é capaz de
proporcionar ao educando o desenvolvimento de outras potencialidades.
Para isso, a escola, como lócus de conhecimento, deve propiciar aos seus educandos
maneiras de estimular o aprendizado, utilizando-se das mais variadas manifestações da arte.
Embora, em alguns tópicos discutiu-se de maneira concisa, a seguir serão mencionados com
mais detalhe sua importância para a questão cognitiva, afetiva e social do indivíduo. Logo,
destacam-se determinadas atitudes que poderão favorecer e estimular este processo.
Contribuição da música na formação humana: desenvolvimento e aprendizagem cognitiva,
afetiva e social
Nogueira (2003) considera a música uma linguagem universal, visto que, está presente
nas mais diversas culturas. A importância da música para o desenvolvimento da criança
envolve não apenas o cognitivo, mas, também, o afetivo e o social. De acordo com Snyders
(1992, apud NOGUEIRA, 2003), ―nunca uma geração viveu tão intensamente a música como
15
as atuais‖. Como prova dessa citação, pode-se levar em consideração as mais diversas
ocasiões em que se ouve a música. Ela está presente nas comemorações, no cotidiano das
pessoas, enfim, a música faz parte do dia-a-dia de muitos.
Portanto, a música é um fator cultural, já que toda criança está imersa não apenas
naquela cultura a qual pertence sua família, mas, também, no meio social no qual ela cresce.
Nogueira (2003) ressalta que o desenvolvimento de uma criança indígena é diferente do
desenvolvimento de uma criança branca, influenciadas por suas respectivas músicas. Assim,
como é diferente o desenvolvimento daquela que é influenciada pela música, daquela criança
que não é.
Segundo a autora citada acima, várias pesquisas confirmam a importância da música
para o desenvolvimento da criança. Muitas pesquisas comprovaram que o bebê, mesmo ainda
dentro do útero materno, reage a estímulos sonoros. Além disso, a música tem a capacidade
de propiciar o estímulo cerebral, e para isso, o indivíduo não tem a necessidade de saber
cantar ou tocar um instrumento, mas, mesmo através da apreciação, esses estímulos são
bastante claros.
Para Nogueira (2003), a prática desta arte possibilita à criança o desenvolvimento da
aprendizagem cognitiva em diversos campos de atuação, como: raciocínio-lógico, memória e
outros. Visto dessa forma, estimular a musicalização é fundamental para o aprendizado, neste
caso, vivenciar os diferentes sons torna-se importante, tanto aqueles que podem ser notados
como aqueles que não. Schafer (1991) afirma que o ―mundo‖ está rodeado de sons, tantos os
agradáveis como os que não são, no entanto, é preciso abrir os ouvidos para os sons com a
intenção de ouvi-los.
Com relação ao desenvolvimento afetivo da criança, Nogueira (2003) evidencia, algo
que as pessoas já imaginavam no passado como ao colocar uma música serena para um bebê,
ele tende a se tornar mais calmo, colocá-lo ao lado esquerdo junto ao peito, também. De
acordo com pesquisas, enfatizando o segundo exemplo citado, a criança nessa posição ouve as
batidas do coração, e para ela, este já era um som conhecido, quando estava no útero materno.
Além desse fato, outros foram comprovados em estudos realizados, com a intenção de
verificar o grau de abrangência musical. Constatou-se que pessoas que tinham uma prática
musical apresentavam um desenvolvimento significativo, particularmente em regiões
responsáveis pela audição, visão e coordenação motora. E assim, a música passou a ser
apontada como uma das áreas mais importantes a serem trabalhadas durante a infância. Não
importando se este contato musical seja por meio de aprendizagem instrumental, ou se apenas
16
pela apreciação. Platão afirmou que a música é a ginástica da alma. E como tal deve ser
exercitada (NOGUEIRA, 2003).
Segundo Nogueira (2003), a música é capaz de acionar partes do cérebro que estão
relacionadas com estados de euforia. A autora ressalta que pesquisas comprovaram a eficácia
em tratamentos hospitalares, os quais utilizaram a música como elemento fundamental com o
objetivo de controlar a ansiedade dos pacientes. Segundo a autora, conhecimentos
anteriormente mencionados apenas no senso comum (sabedoria popular) migraram-se para o
conhecimento científico, devido às comprovações científicas.
A música possibilita à criança sentir-se componente do grupo, ou seja, através das
canções de ninar, brincadeiras cantadas e outras que fazem parte da sua realidade, ela é
inserida na sua própria cultura. Através dessa arte, a criança internaliza comportamentos
sociais como aprendizado de regras, respeito com outro etc. Nogueira (2003) destaca que as
cantigas populares transmitidas de geração para geração, tratam de temas como amor, disputa,
tristeza e que, segundo a autora, são temas que provavelmente serão no futuro enfrentados por
estas crianças. Para ela, os resultados educativos proporcionados por estas experiências não
serão encontrados em nenhum outro brinquedo sofisticado. A autora considera a educação
musical uma preparação para a vida e, além disso, ela é o meio de comunicação e expressão
mais presente no meio dos jovens.
Dentro desse contexto, algumas práticas pedagógicas precisam ser repensadas. Nesse
caso, algumas metodologias serão sugeridas a partir de documentos e embasamentos teóricos
que direcionam tal ação, a fim de permitir a melhor compreensão desses aspectos.
Para tanto, algumas discussões referentes à formação do professor serão feitas durante
este estudo. Assim sendo, reflexões teóricas foram relevantes para que se possa compreender
tal conhecimento, haja vista, que este trabalho em vários momentos enfatiza algumas formas
adequadas para desenvolver tal ação, além disso, consideram tal discussão como um desafio.
A importância da música em sala de aula: o fazer e a apreciação musical
Considerando-se a relevância de reflexão acerca das práticas musicais em sala de aula,
é importante analisar uma citação de Koellreutter (1990, p. 6 apud LOUREIRO, 2003, p.
115):
17
[...] a arte, e a música em particular, deverão ser o meio de preservação e
fortalecimento da comunicação pessoa a pessoa. [...] E a educação musical deve
transformar-se num instrumento de progresso, de soerguimento da personalidade e
do estímulo à criatividade. (sic)
Loureiro (2003) afirma que um dos grandes problemas enfrentados pela área da
educação musical é a falta de sistematização do ensino de música. Sendo assim, a autora
aborda pontos como, por exemplo, o desconhecimento de tal área pelo professor.
De acordo com o Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI, 1998), a
música tem sido utilizada de forma estereotipada e mecânica, inculcando nos alunos apenas
repetições, com o objetivo de atender a vários outros propósitos, como a formação de hábitos,
atitudes e comportamentos. Este documento aponta que ―isso reforça o aspecto mecânico e a
imitação, deixando pouco ou nenhum espaço às atividades de criação ou às questões ligadas à
percepção e conhecimento das possibilidades e qualidades expressivas dos sons‖ (RCNEI,
1998, p. 47).
Para Loureiro (2003), ao transformar a música em atividade lúdica, o professor deixa
de alcançar através dela seu real objetivo. A autora aponta que a educação musical vai além
dessa prática pedagógica. E ressalta que discussões sobre a importância da música perpassam
por outras áreas de conhecimento, como a sociologia, a psicologia, a etnomusicologia, a
filosofia. Análises envolvendo tais disciplinas contribuíram para auxiliar nas reflexões da
necessidade de incluir a música como componente curricular.
E para que a música possa desempenhar tal função, é fundamental repensar a postura
da escola e do professor – mediador – quanto às práticas pedagógicas que podem ou não
contribuir para o desenvolvimento da criança. Assim como a música pode estimular o
aprendizado quando trabalhada de maneira consciente, ou seja, com práticas que
proporcionem a criatividade do aluno, ela também pode causar prejuízos ao educando, além
daqueles causados à própria Educação Musical.
Entende-se que um importante ponto de partida para estimular a educação musical, e
neste caso à musicalização, é proporcionar à criança desde os seus primeiros anos de vida o
contato com os mais variados sons. Como Schafer (1991) menciona que é fundamental
instigar a percepção dos sons do ―mundo‖, ou seja, aqueles sons que fazem parte do cotidiano
de cada um. Para isso, deve-se estar atento e respeitar a faixa etária de cada criança.
Conforme o RCNEI (1998, p. 52),
18
A expressão musical das crianças nessa fase é caracterizada pela ênfase nos aspectos
intuitivo e afetivo e pela exploração (sensório-motora) dos materiais sonoros. As
crianças integram a música às demais brincadeiras e jogos: cantam enquanto
brincam, acompanham com sons os movimentos de seus carrinhos, dançam e
dramatizam situações sonoras diversas, conferindo ―personalidade‖ e significados
simbólicos aos objetos sonoros ou instrumentos musicais e à sua produção musical.
Aos poucos esse processo de desenvolvimento da criança amplia-se cada vez mais ao
estimulá-la. É comum que ela comece a improvisar algumas canções a partir de histórias
ouvidas e em outras atividades como as brincadeiras, por exemplo, quando a criança sozinha
inventa longas canções.
Como já foi citada anteriormente, a fase de desenvolvimento da criança deve ser
respeitada e os conteúdos a serem trabalhados nessa faixa etária deverão priorizar a
possibilidade de desenvolver a comunicação e expressão por meio dessa linguagem. Segundo
o RCNEI (1998, p. 57) os conteúdos deverão abranger:
• a exploração de materiais e a escuta de obras musicais para propiciar o contato e
experiências com a matéria-prima da linguagem musical: o som (e suas qualidades)
e o silêncio;
• a vivência da organização dos sons e silêncios em linguagem musical pelo fazer e
pelo contato com obras diversas;
• a reflexão sobre a música como produto cultural do ser humano é importante forma
de conhecer e representar o mundo.
Ao seguir esta proposta de trabalho, é relevante que o professor realmente domine esta
área. Deve ser consciente de que a letra da música trabalhada é acessível à faixa etária, os
excessos de gestos podem comprometer a realização musical. Nesse caso, contradiz a
integração da expressão musical e corporal. Além disso, são inúmeros os sons que podem ser
trabalhados em sala de aula. Essa percepção pode ser explorada a partir de vários objetos
utilizados pelas crianças, ou mesmo aqueles confeccionados com o auxílio do educador.
A presença do silêncio como elemento complementar ao som é essencial à
organização musical. O silêncio valoriza o som, cria expectativa e é, também,
música. [...] Ouvir e classificar os sons quanto à altura, valendo-se das vozes dos
animais, dos objetos e máquinas, dos instrumentos musicais, comparando,
estabelecendo relações e, principalmente, lidando com essas informações em
contextos de realizações musicais pode acrescentar, enriquecer e transformar a
experiência musical das crianças. (BRASIL, 1998, p. 59)
19
São várias as possibilidades que podem ser exploradas com a intenção de ampliar o
universo sonoro das crianças de zero a seis anos, ou seja, Educação Infantil, embora, alguns
cuidados devam ser tomados, principalmente saber que muitos repertórios ―infantis‖ não
trazem contribuições para o conhecimento da criança. Tendo em vista que muitas delas têm a
intenção de padronizar o gosto, isto é, muitas delas são veiculadas pela mídia, produzidas pela
indústria cultural. Sobre este assunto, anteriormente apresentou-se nesta pesquisa reflexões
acerca da uniformização do gosto embasadas em algumas teorias de Adorno.
De acordo com o RCNEI (1998), as regiões do país são muito ricas em produções
musicais, segundo este documento, ao professor cabe a função de resgatar os valores musicais
de sua cultura. Entretanto, afirma que a linguagem musical de outros países deve ser
apresentada aos alunos. E esta linguagem deve ser percebida como uma maneira de interpretar
o mundo, e que esta traz em sua forma a marca de um povo, e de uma determinada época.
Segundo Loureiro (2003), a música tem a função de promover o desenvolvimento do
ser humano. Para isso, os espaços precisam ser abertos para a liberdade de criação, pois estas
crianças são agentes ativos de seu processo de aprendizado, e como tal, necessita de ações
próprias sobre o material sonoro. A educação na sociedade contemporânea é justificada pela
função de
[...] promover o desenvolvimento do ser humano, não por meio do adestramento e
da alienação, mas por meio da conscientização da interdependência entre corpo e a
mente, entre a razão e a sensibilidade, entre a ciência e a estética. (LOUREIRO,
2003, p. 142)
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN-Artes, 1997), ―as
composições, improvisações e interpretações são os produtos da música‖. Estas composições
podem partir do simples silêncio unindo-o aos sons do meio como a fala, sons produzidos
pelo próprio corpo como – batida das mãos, batida dos pés - materiais disponíveis que
possam produzir sons, e outros. Os momentos de interpretações musicais são fundamentais,
pois este é um espaço reservado para dar significado à linguagem musical, além de
desenvolver o conhecimento em música.
Há necessidade de se compreender as diferenças entre composição e interpretação. Por
exemplo, em uma canção
20
elementos como melodia ou letra fazem parte da composição, mas a canção só se faz
presente pela interpretação, com todos os demais elementos: instrumentos, arranjos
em sua concepção formal, arranjos de base com seus padrões rítmicos,
características interpretativas, improvisações, etc. (PCN-ARTE, 1997, p. 54)
A improvisação está entre a composição e a interpretação. Todos esses momentos são
considerados propícios para estimular a imaginação, a criatividade e a sensibilidade, tendo
em vista que a criança está imersa em meios em que a variedade de estímulos sonoros chega
facilmente até elas. Compete ao professor ser consciente dessa realidade, e buscar maneiras
de aceitar o novo e não ficar alheio às transformações. É importante utilizar-se de recursos
que possam enriquecer o conhecimento e ampliar o pensamento crítico, visto que, são várias
as novidades, com variados estilos, com produções que chamam a atenção da criança. E estes
fazem parte da realidade desses alunos, e neste caso, necessitam conhecê-lo, com a intenção
de analisar e ampliar a criticidade (LOUREIRO, 2003).
Para Souza (1996, p. 26 apud LOUREIRO, 2003, p. 171), ―o significado musical é
construído culturalmente, em dadas condições contextuais, e ignorá-las pode implicar a
projeção de preconceitos e distorções‖. Assim como reservar o fazer musical à grande minoria
é privilegiar apenas uma classe, ou seja, aquela que possui uma educação cultural distinta e
elitista, da maioria que não a possui, são mecanismos que aumentam a exclusão.
Segundo a Constituição Federal (1988),
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber;
Nesse caso, negar o aprendizado musical a uma grande parcela da sociedade contradiz
a própria Constituição Federal (1988), que tem como um de seus princípios a igualdade de
condições e liberdade de participar como agente ativo em seu processo de aprendizagem.
Quanto ao professor de música, considerou-se importante refletir sobre a sua
formação, tendo em vista o lugar que a música passou a ocupar compondo o currículo escolar
como disciplina, e como tal necessita ser trabalhada tanto a sua teoria quanto a sua prática,
evidenciando quais competências incumbem ao professor dessa área.
Segundo Schafer (1991), a música deve ser ensinada por pessoas qualificadas. O autor
rejeita a ideia de que o professor deve ser uma espécie de herói, e que ele deve ser eficiente e
21
dominar várias disciplinas. Para ele, ―é preferível poucas coisas boas a muitas de má
qualidade‖ (SCHAFER, 1991, p. 304).
Esta é uma questão que envolve políticas públicas de administração escolar. Loureiro
(2003) alerta quanto à importância do investimento por parte das universidades na formação
do professor. Para a autora, não importa apenas que o educador goste de música, mas, que ele
tenha o mínimo de conhecimento para que possa conduzir esta aula. Para ela, ―ser professor é
permitir-se parar, refletir e refazer. Não existe um caminho pronto, uma forma infalível‖
(LOUREIRO, 2003, p. 202). Embora o gostar da música seja importante, ser um professor de
música não se resume apenas nesta questão. Uma vez que não há uma fórmula pronta, mas
existem meios que direcionam o trabalho pedagógico, trata-se dos embasamentos teóricos que
direcionam esta tarefa.
Considerações finais
Verificou-se durante esta pesquisa, que a música é capaz de estimular várias áreas do
conhecimento. Ela combina expressão de ideias, sentimentos, valores culturais e também
facilita a comunicação do indivíduo consigo mesmo e com o seu meio. Nesse caso, é
considerada como facilitadora do processo de aprendizagem. Assim, pode-se afirmar que a
educação musical estimula o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e estético, permite ao
indivíduo vivenciar experiências sensíveis, consideradas de extrema relevância no contexto
escolar.
Porém, ficou retratado neste estudo, que a inserção da música no Brasil, passou por
vários momentos difíceis e contraditórios no decorrer dos anos. Prova disso, é que foi apenas
com a sanção da Lei 11.769/08, que a educação musical foi realmente reconhecida como
componente curricular. Outrora, ela tivesse sido sempre utilizada de forma estereotipada
(mecânica e persuasiva). Entretanto, é fundamental perceber que a educação musical é capaz
de promover o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade do educando. Vista assim, é
importante que o professor não fique alheio as inúmeras possibilidades de se trabalhar com a
educação musical.
Dessa forma, encarar como um desafio a função de professor, se torna uma meta que
envolve ser criativo, ser acessível às transformações e fazer parte delas. Como dito
anteriormente, não existe uma fórmula pronta ou método para que o educador musical o siga
rigorosamente. Mas há os conhecimentos do meio em que ele está inserido, como a sua
22
cultura, os gostos predominantes, estes últimos influenciados pela mídia ou não, se tornam
aliados para o desenvolvimento de seus próprios métodos.
Entretanto, cabe ressaltar que mesmo reconhecendo o leque de possibilidades para se
trabalhar com a educação musical, alguns fatores, como principalmente a falta de
profissionais qualificados, se tornam um desafio para a sua real inserção. Pois, este trabalho
deixa claro que, para que haja uma verdadeira educação musical, é necessário que o professor
seja conhecedor dessa área. Caso não ocorra de tal maneira, a educação musical poderá
continuar exercendo a função que sempre ocupou, ou seja, ―meras atividades‖ educativas.
Neste caso, também ocupando um lugar, como: forma de controlar, disciplinar, esta última,
no sentido de obediência, e ainda, sobretudo como ―passa tempo‖. Dessa forma, o processo
da educação musical e como tal, componente curricular obrigatório, implantada a partir da Lei
11.769/08 deixa de alcançar sua finalidade.
Diante da exposição desta pesquisa, percebe-se que a Arte, e neste caso, a educação
musical sempre foi colocada como ―menos‖ importante que as demais disciplinas. Sendo
assim, um dos vários problemas que poderão ser enfrentados para a efetivação da música
como componente curricular, além daqueles já mencionados anteriormente, estará relacionado
ao fator – professor unidocente, ou seja, além de o educador ministrar todos os conteúdos das
outras disciplinas, deverá ministrar as aulas de música. Ficou explicito no decorrer deste
artigo que, mesmo que tenha sido legalizado o ensino de música no Brasil, percebe-se que,
existem políticas públicas de administração escolar descomprometidas com esta questão.
Pois, em momento algum, houve uma legalização quanto à formação do professor desta área.
Sendo assim, o ensino de música poderá apenas ser um ―fazer de conta‖. Quanto à educação,
no sentido global da palavra, esta deveria ser prioritária, e ainda deveria estar para todos, não
apenas para um pequeno grupo, considerados elitizados.
Abstract: This paper aims to provide a reflection on the importance of music as a curricular
component in schools. The principle provides a historical background and legal aspects, the
latter followed by a discussion whit the aim of understanding the importance of aesthetic
perception to the development of the individual’s sensitivity. With this context, we seek to
encourage trough music appreciation and music making. In addition to perceiving it as a way
to provide and stimulate the cognitive, affective and social. For this purpose, relied on
theoretical grounds of: Abbagnano (2000); Aranha and Martins (2005); Duarte Jr (2003);
Ferreira (2009) Fusari and Ferraz (2001); Kebach and Beyer (2009); Nogueira (2003):
Loureiro (2003); Schafer (1991) and others. Moreover, is based in documents that legalize,
regulate and direct the educational work were key to enhancing this research.
23
Keywords: Music. Curricular component. Development.
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