UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA
A PISCICULTURA COMO UMA ALTERNATIVA DE RENDA
PARA OS RIBEIRINHOS PÓS UHE BELO MONTE
Edmárcio da Silva Leão
Altamira – PA 2012
Edmárcio da Silva Leão
A PISCICULTURA COMO UMA ALTERNATIVA DE RENDA PARA OS RIBEIRINHOS PÓS UHE BELO MONTE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo. Orientador: Prof. Dr. Francisco Plácido Magalhães Oliveira
Altamira – PA 2012
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) UFPA – Campus de Altamira - Biblioteca
Leão, Edmárcio da Silva A piscicultura como uma alternativa de renda para os ribeirinhos pós UHE de Belo Monte/Edmárcio da Silva Leão; orientador, Profº. Dr. Francisco Plácido Magalhães de Oliveira.— Altamira: [s.n.], 2012.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade
Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, 2012.
1. Piscicultura. II.Título.
CDD: 639.31
i
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha família que me motivou a continuar e nunca desistir, em
especial a minha esposa e meu filho sem eles isso não seria possível.
ii
Agradecimento
Aos meus pais por não me deixarem desistir, a minha esposa por me ajudar nas
correções do trabalho. Ao meu orientador por me mostrar às coordenadas corretas para a
conclusão do presente documento, também aos integrantes da banca examinadora por dispor
de seu tempo para avaliar este material.
Em fim a todos que contribuíram para a minha formação.
iii
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 01
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................... 03
2.1 A Pesca na Amazônia..................................................................................................... 03
2.2 Potencial pesqueiro da bacia Amazônica...................................................................... 05
2.3 Sustentabilidade nas comunidades ribeirinhas............................................................ 07
2.4 A construção de usinas hidrelétricas no Brasil e seus impactos na pesca................. 10
2.5 A utilização de tanques – rede como alternativa de renda para as comunidades ribeirinhas pós UHE Belo Monte........................................................................................
14
2.5.1 Caracterização dos tanques – rede............................................................................. 18
2.5.1.1 Tamanho e formato de tanques-rede e material utilizado.................................... 18
2.5.2 Espécies para uso em tanques-rede............................................................................ 20
2.5.2.1 Tilápia........................................................................................................................ 20
2.5.2.2 Tambaqui................................................................................................................... 21
2.5.2.3 Pacu............................................................................................................................ 22
2.5.2.4 Matrinxã.................................................................................................................... 23
2.5.2.5 Pirarucu..................................................................................................................... 23
2.5.2.6 Surubim..................................................................................................................... 24
3. DISCUSSÃO...................................................................................................................... 25
3.1 Potencial pesqueiro pós construção de UHEs.............................................................. 25
3.1.1 Espécies afetadas que possuem potencial de mercado e de consumo local/regional..........................................................................................................................
26
3.2 Sustentabilidade da pesca.............................................................................................. 26
3.2.1 Tanques-rede sustentável descrição........................................................................... 27
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 29
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 30
ANEXOS................................................................................................................................. 33
iv
RESUMO A construção de usinas hidrelétricas no Brasil, em particular na Amazônia, é considerada uma necessidade evidente para o desenvolvimento econômico para o País. Por outro lado, o alagamento de uma imensa área para a formação do lago artificial irá causar mudanças no ciclo normal de cheias e vazantes do rio Xingu. Tal mudança no cenário físico-ambiental trarar conseqüências imediatas para os ribeirinhos que sobrevivem da pesca artesanal e da piscicultura. Nesse sentido, as transformações ocorridas poderão forçar à migração da ictiofauna para outras áreas, e provocar a mudança da atividade econômica das famílias, que têm como base a pesca, realizada diretamente nas águas do rio Xingu. Diante disso, torna-se necessário o desenvolvimento da atividade pesqueira de forma intensiva. Considerando isto, a adoção de novas técnicas como uma forma, como forma de compensar as perdas de área e de suas características naturais. Palavras-chave: Piscicultura, Rio Xingu, Ribeirinhos, pesca.
v
ABSTRACT
The construction of hydroelectric in Brazil, particularly in the Amazon, is considered an obvious need for economic development for the country on the other hand, the flooding of a vast area for the formation of the artificial lake will cause changes in the normal cycle of floods and receding waters of the Xingu. Such a change in the physical landscape and environmental will bring immediate consequences for the surviving coastal fishing and fish farming. In this sense, the changes occurred might require migration to other areas, and cause the change of economic activity and uncertainty about the economic sustainability of families, which are based on fishing, performed directly in the waters of the Xingu River. Therefore, it is necessary the development of fisheries, riverine, adoption of new techniques on fishing and fish farming as a way to offset losses from the area and its natural features.
Key Words: Fish farming, Xingu River, Riverside, fishing.
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1. INTRODUÇÃO
A Amazônia Brasileira, com toda a diversidade de animais, plantas e recursos
naturais, espalhada por extensa área natural, desperta interesse do poder público e da
iniciativa privada em explorar suas riquezas e preocupação por parte das pessoas que fazem
parte do contexto sócio-econômico dessa região.
A piscicultura é uma modalidade de exploração de animais aquaticos que vem se
tornando cada vez mais importante como fonte de proteína para o consumo humano,
favorecida pela redução dos estoques pesqueiros extrativistas. Acelerado principalmente por
modificações drásticas do hábitat tais como: poluição, desmatamento e represamentos, a
mudança do hábito alimentar das pessoas, o aparecimento de produtos mais práticos para o
consumo e a utilização alternativa para lazer e esporte. Por outro lado, o Brasil apresenta um
grande potencial para a aqüicultura, pois possui recursos hídricos abundantes e grande
extensão territorial (SOUZA, 2006).
Com o crescimento da demanda, a piscicultura evoluiu tecnologicamente e,
objetivando melhor aproveitamento de espaço, de recursos naturais disponíveis e o aumento
da produtividade, vem desenvolvendo técnicas de cultivo com maiores densidades de
estocagem como estruturas denominadas de tanques-rede (CONTE, 2002 apud SOUZA,
2006).
Nesse sentido, o presente trabalho tem finalidade de apresentar as técnicas de cultivo
de pescado como uma solução alternativa para a falta de algumas espécies de peixes que
migrarão para áreas que tenham condições favoráveis a sua sobrevivência. Isto se dará em
função da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira, oeste do Estado do
Pará. Para tanto, os apontamentos descritos evidenciam a necessidade de discutir criticamente,
a forma mais adequada de como aproveitar as áreas que serão alagadas, fazendo com seja
possível implantar técnicas a fim de propiciar a atividade pesqueira - que é a principal fonte
de renda para os ribeirinhos.
Inicialmente, abordam-se os impactos ambientais decorrentes da construção de
usinas hidrelétricas no Brasil e na Amazônia, destacando a polêmica em torno da usina
hidrelétrica de Belo Monte - UHE. Em seguida, dar-se-á ênfase ao contexto da pesca na
Amazônia como atividade econômica que norteia a sustentabilidade dos povos ribeirinhos
enquanto produtores artesanais de pescado, ou pequenos empresários que vêem na
2
piscicultura uma alternativa viável para a superação dos obstáculos econômicos que
caracterizam a maioria dos municípios do interior do Pará, como é o caso de Altamira. Nesse
momento, busca-se descrever um breve histórico da pesca, o potencial pesqueiro da
Amazônia, o ambiente que permeia a atividade pesqueira, assim como a exportação e o
manejo do pescado, os desafios e as perspectivas para o setor, assim como o contexto da
sustentabilidade.
Dessa forma, propõe-se traçar um panorama acerca dos impactos ambientais e das
mudanças sócio-econômicas e culturais como conseqüência da construção da usina
hidrelétrica de Belo Monte para os ribeirinhos, assim como indicar técnicas alternativas para a
sustentabilidade econômica da região amazônica.
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2. REVISAO BIBLIOGRÁFICA
2.1. A pesca na Amazônia
O ato de capturar peixes, denominado como pesca, não é algo novo na região
Amazônica, literaturas contam que desde o período colonial essa prática já era executada nas
bacias dos rios Tocantins, Amazonas e Xingu por volta dos séculos XVII e XVIII.
O próprio processo de colonização dessa região, desencadeado a partir dos séculos
XVII e XVIII e centrado ao longo da calha do Solimões/ Amazonas e de seus
principais tributários é, em certa medida, o reflexo da importância dos rios e dos
recursos pesqueiros na vida do homem amazônico. Mesmo em épocas mais remotas,
há cerca de oito mil anos, quando a região era explorada apenas pelos índios, os
peixes já se constituíam em recursos naturais importantes para a manutenção das
populações humanas (MEGGERS, 1977).
Existem vestígios da prática da atividade de captura de pescados desde a pré –
historia, contudo, essa atividade era uma forma de conseguir alimento para o sustento das
famílias. “Há vestígios da existência de pesca em lugares arqueológicos do período do
Paleolítico, há cerca de 50 mil anos atrás sendo a pesca, juntamente com a caça, uma das
primeiras profissões do homem” (DIAS, 2006).
De acordo com Dias (2006) essa arte milenar foi aperfeiçoada com o passar dos
anos e, diferente da antiguidade, hoje a pesca é uma atividade econômica que gera renda para
inúmeras famílias. O desenvolvimento tecnológico trouxe o melhoramento dos utensílios
usados para captura dos peixes o que fez com que a pesca evoluísse da sua forma mais
primitiva que era a apanha para as mais avançadas que são as armadilhas e redes.
Do ponto de vista de inovações tecnológicas não houve a criação de novas
técnicas e equipamentos, mas sim o aperfeiçoamento e melhoramento das já existentes.
O desenvolvimento tecnológico tem-se operado, essencialmente, ao nível do melhoramento dos processos de captura e de confecção dos modernos utensílios de pesca, nomeadamente a criação e desenvolvimento de novos materiais, mais resistentes, mais finos, mais duradouros e muitas vezes mais baratos, e que simultaneamente exigem dos profissionais de pesca menor esforço quer na prática da pesca quer na respectiva conservação (materiais sintéticos).( DIAS, 2006. p.01)
A pesca é uma atividade destinada basicamente à alimentação e ao comércio e, por
isso, Além de atender a um mercado interno que se expande a taxas elevadas, a pesca
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amazônica também tem atendido ao mercado externo, tanto de outras regiões do país, como
do estrangeiro (DIAS, 2006).
Segundo Cerdeira et al. (1997) e Batista et al. (2004), as taxas de consumo de
pescado na Amazônia são as maiores do mundo, com média estimada em 369 g/pessoa/dia ou
135 kg/ ano, chegando a cerca de 600 g/dia ou 22 kg/pessoa/ano em certas áreas do baixo rio
Solimões e alto Amazonas, constituindo-se na principal fonte de proteínas para as populações
humanas residentes.
Conforme trabalhos de Barthem et al. (1997), Santos e Oliveira Jr. (1999) e
Batista et al. (2004) e de acordo com critérios econômicos e grau de profissionalização dos
indivíduos nela envolvidos a pesca enquadra-se numa das quatro categorias abaixo:
• Pesca de subsistência: praticada desde os primórdios da historia, é praticada por
pescadores ribeirinhos e tem como objetivo principal a alimentação de suas famílias,
porém o excedente pode ser comercializado.;
• Pesca industrial: praticada por pescadores profissionais com o auxilio de grandes
embarcações e com fins únicos de comercialização no mercado exterior (exportação);
• Pesca comercial: nessa categoria o pescado capturado é destinada para o comercio
local, igual a pesca industrial também é praticada por profissionais da pesca;
• Pesca de peixes ornamentais: praticada por pescadores artesanais, consiste na captura
de pequenos peixes usados em aquariofilia, destinados tanto para o comercio interno
quanto para exportação, para essa captura são utilizadas canoas e redes alongadas.
Segundo Freitas (2005) a pesca esportiva também pode ser considerada como
modalidade, seja na forma de pesque e pague, pesque e solte ou pesque e leve. Para ele, essa
modalidade gera renda, agrega valores as espécies e atrai pessoas até de outros países, que
vem em busca de satisfação só pelo fato de poder fotografar com uma espécie de grande
porte.
Os pescadores esportivos vêem um tucunaré de dez quilos como um troféu a ser fotografado e devolvido ao rio, pelo qual estão dispostos a pagar até US$ 3, mil por um pacote de uma semana. Por outro lado, os pescadores comerciais consideram o mesmo peixe apenas pelo seu valor de venda no mercado consumidor mais próximo, a um preço variável entre R$ 1,50 e R$ 2,50 o quilo. (FREITAS, 2005. p. 31)
Apesar da longa trajetória da pesca amazônica, durante séculos ela só foi divulgada
pelo intermédio de viajantes e de registros históricos isolados, como os de Veríssimo (1895).
Os primeiros bancos de dados e estudos sistematizados sobre ela só foram iniciados na década
de 1970, com os trabalhos de Petrere (1978 a e b) no estado do Amazonas (AM); Goulding
(1979), em Rondônia e Smith (1979), no município de Itacoatiara (AM). A partir daí, uma
5
série de trabalhos foram e continuam sendo realizados por pesquisadores do Instituto
do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (IBAMA), Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (INPA), Museu Paraense Emílio Goeldi e Universidades de Rio
Claro (UNESP) e do Amazonas (UFAM).
2.2 Potencial pesqueiro da bacia Amazônica
Ainda não se conhece com exatidão o número de peixes que ocorrem na Amazônia,
contudo as estimativas mais citadas vão de 1,5 a seis mil espécies. Trabalhos mais recentes e
específicos fixam esse número em cerca de três mil, embora dezenas de espécies novas sejam
descritas a cada ano e outro tanto seja colocado em sinonímia (SANTOS e SANTOS, 2005
apud SOUZA, 2010). Apesar desse indeterminismo, há um consenso de que se trata da maior
diversidade de peixes de água doce do mundo. “Seus rios e lagos, bem como outros corpos de
água da Amazônia, abrigam 25% das espécies de peixes de água doce do planeta. Estima-se
que exista cerca de 3 mil tipos de peixes nessas áreas, das quais 200 têm sido explorados
comercialmente” (IBAMA, 2005).
Segundo dados do IBAMA (2005) a produção anual de pesca esta em torno de 100
mil toneladas ou 50% da produção nacional das águas continentais (rios e lagos) com o valor
aproximadamente de US$ 100 milhões.
O número e a composição específica também variam entre rios com diferentes
dimensões e tipos de água: o número médio por sub-bacias de médio a grande porte tem
oscilado entre 250 a 450 espécies (SANTOS e OLIVEIRA, 1999). Evidentemente, além da
diversidade específica, pode haver também uma diversidade associada a grupos
intrapopulacionais, o que potencializa ainda mais a diversidade geral dessa ictiofauna.
Uma característica da importante ictiofauna a ser destacada no contexto da pesca
amazônica diz respeito às categorias taxonômicas e/ ou ecológicas nas quais os peixes são
enquadrados. De maneira sumária segundo SANTOS E SANTOS, (2005) elas são as
seguintes:
• Characiformes ou peixes de escama: a maioria é formada de espécies migradoras de curta
distância, movimentando-se entre rios e lagos. O principal representante dessa categoria é o
Tambaqui (Colossoma macropomum), que alcança cerca de 1m e 30kg e até a década de
1980 era a espécie mais abundante na pesca. Os demais membros são de menor porte, entre
6
20 e 50cm de comprimento, mas muito apreciados, destacando-se entre eles o jaraqui
(Semaprochilodus spp), matrinxã (Brycon spp), curimatã (Prochilodus spp), pacu (Myleus
spp, Mylossoma spp), sardinha (Triportheus spp) etc. Normalmente, esses peixes são
vendidos em gelo, por quilo ou cambada, com várias unidades. Sua pesca é feita com rede
de lanço ou arraste, aplicada sobre cardumes que estão se deslocando pelo canal para
desovar (peixe ovado) ou à procura de novas áreas para alimentação e dispersão (peixe
gordo).
• Siluriformes, bagre ou peixe-liso: a maioria é formada por espécies que empreendem
migrações longas, através do canal principal do sistema Solimões-Amazonas. Os principais
representantes desse grupo são o surubim (Pseudoplatystoma fasciatum), caparari (P.
tigrinum), dourada (Brachyplatystoma rousseauxii), piramutaba (B. vaillantii) e piraíba (B.
filamentosum), sendo esta o maior bagre de água doce, alcançando cerca de 2,4m e 130kg.
A pesca desses peixes é feita normalmente no canal ou em áreas de cachoeiras, com uso de
redes de malha, espinhéis e linhada. Muitas pessoas, especialmente aquelas oriundas do
interior, possuem certo tabu em relação ao consumo dos peixes lisos; por outro lado, trata-
se de um tipo de pescado muito apreciado em outras regiões do Brasil e de países vizinhos,
daí que grande parte da sua produção é exportada, especialmente para a Colômbia e Peru.
• Perciformes, peixes sedentários, típicos de lagos e caracterizados por espinhos nas
nadadeiras. Seus principais representantes são o tucunaré (Cichla spp) e a pescada de água
doce (Plagioscion spp), ambos carnívoros e formados por várias espécies biológicas. Além
da pesca comercial típica, o tucunaré é também bastante visado pela pesca esportiva, a qual
vem se intensificando em certas áreas da Amazônia, especialmente nos rios de água clara e
nos reservatórios de hidrelétricas.
Apesar dessa rica diversidade apenas cem das duzentas espécies são normalmente
comercializadas, sob a designação de apenas trinta a cinqüenta nomes ou categorias populares
distintas e com as quais as estatísticas pesqueiras normalmente trabalham. Isso significa que
muitas espécies biológicas são tratadas sob um mesmo nome popular (CERDEIRA;
RUFFINO; ISAAC, 1997).
De acordo com literaturas de Leite e Zuanon (1991) o preço do pescado também
varia bastante em função do mercado, da espécie, da estação do ano e do tamanho do peixe,
bem como de outros parâmetros. Entretanto, no mercado de Manaus, por exemplo, peixes
importantes como o tambaqui valem quase o dobro da carne de gado e o triplo da carne de
frango. Por outro lado, espécies pouco procuradas no comércio local décadas atrás, como os
peixes lisos, são, hoje, bastante valorizadas, tanto para exportação como para consumo local.
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Parece haver uma tendência da participação do pescado constituído de espécies
secundárias, à medida que as espécies principais vão se tornando menos abundantes e mais
caras.
Além da inversão dos valores na produção pesqueira, nota-se, também, uma
alteração no tamanho médio dos peixes mais procurados. Não raro, exemplares de tambaqui
com 20 a 30cm de comprimento são encontrados até mesmo em feiras administradas pelo
município, quando o tamanho mínimo exigido para o comércio dessa espécie é de 55cm.
Observa-se também que, ao contrário do que ocorria décadas atrás, quando esse peixe era
vendido individualmente, hoje é comum encontrá-lo à venda em cambadas com cinco a dez
exemplares, tal como ocorre com a sardinha, pacu e outros peixes considerados na pesca
regional como miúdos (SANTOS e SANTOS, 2005).
É praticamente impossível determinar com certa precisão o potencial pesqueiro da
bacia Amazônica, entretanto, cálculos efetuados por Merona (1993) dão conta de valores
situados entre 270 mil e 902 mil toneladas/ano, com base num rendimento médio de 40 a 60
kg/ha/ano. Apesar das limitações de estimativas desse tipo, há um dado importante a
considerar, que é justamente o fato de o potencial ser bem maior que a produção real atual, em
torno de 200 mil toneladas/ano (Bayley e Petrere, 1989 apud SANTOS e SANTOS, 2005).
Tomando-se o preço médio do pescado, no início da cadeia de comercialização, a um
valor médio de um dólar/quilo, bem como o valor de 3,2 milhões oriundos do comércio de
aproximadamente quinze milhões de peixes ornamentais, chega-se a mais de duzentos
milhões de dólares/ano no comércio pesqueiro amazônico. Bem mais significativo que esses
valores financeiros, é o afeto social inserido na atividade dado do quantitativo de pessoas as
quais se dedicam à atividade, pois praticamente todas as famílias interioranas ribeirinhas
participam da atividade pesqueira. Assim, a pesca na Amazônia não é somente uma atividade
comercial ou fonte de renda e alimentação, mas uma expressão cultural de suma importância,
embora raramente seja abordada em trabalhos técnicos, de cunho eminentemente estatístico.
(MERONA, 1993).
2.3 Sustentabilidade da pesca nas comunidades ribeirinhas
Para que se possa falar em sustentabilidade é necessário primeiramente entender seu
significado. Aqui, entende-se sustentabilidade como um termo que define ações e atividades
8
humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o
futuro das próximas gerações e sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de
forma que eles se mantenham no futuro. A sustentabilidade ambiental em comunidades
ribeirinhas tradicionais adquire um caráter de extrema importância para o entendimento dessa
questão que se manifesta no cotidiano dessas comunidades.
Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos
aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Propõe-
se a ser um meio de configurar a civilização e atividade humanas, de tal forma que a
sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas
necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo
preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma
a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais. A sustentabilidade
abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança local até o planeta inteiro.
(http://www.sustentabilidade.org.br/)
Homens e mulheres que residem próximos aos rios e são considerados ribeirinhos,
estes há muito caracterizam-se por ter como principal atividade de subsistência, a pesca.
A idéia da sustentabilidade na concepção e prática dos ribeirinhos pode ser
compreendida se percebermos o tempo em que estes vêm se relacionando com a natureza e a
forma como desenvolvem esta relação.
A redução dos estoques pesqueiros e demais efeitos negativos que se abatem sobre a
ictiofauna não advêm exclusivamente da pesca, mas de impactos negativos do entorno, como
desmatamento das áreas de matas ciliares, a destruição de nascentes, o assoreamento, a
poluição e o represamento de rios. Todavia, atividades de cultivo de soja, a mineração, a
construção de barragens e estradas são atividades impactantes no processo de
desenvolvimento na Amazônia e, devem ser enfaticamente levadas em consideração quando
se trata de política ambiental voltada para a preservação e sustentabilidade dos recursos
naturais.
Diante das circunstâncias ambientais, essas populações, distantes das cidades e dos núcleos populacionais, desenvolveram modos de vida que exigem dependência dos ciclos naturais, seca e cheia, conhecimento profundo dos ciclos biológicos e dos recursos naturais. Conseqüentemente, estabeleceram-se como sociedades sustentáveis, mantendo o estoque de recursos naturais e uma qualidade de vida expressa na saúde, educação, cultura, equilíbrio psicológico e expectativa de vida. (GUARIM, 2005. p.02)
Em condições naturais, a ictiofauna e o ambiente aquático formam uma unidade
coesa, harmônica e equilibrada; assim, planos de manejo alicerçados em elementares
9
princípios de sustentabilidade devem focar não apenas a atividade pesqueira, mas as
condições humanas do entorno, a qualidade da água e das áreas de terra firme drenadas por
ela. Evidentemente, esse entendimento não é uma novidade. Aliás, os princípios gerais
contidos no código de conduta para a pesca responsável, editado pela FAO em 1995, apontam
exatamente nessa direção ao afirmar que:
“os estados e os usuários dos recursos aquáticos deveriam conservar os ecossistemas dos quais eles dependem. O direito de pescar traz consigo a obrigação de fazê-lo de forma responsável, a fim de assegurar a conservação e a gestão efetiva dos recursos aquáticos vivos”.(FAO, 1995)
O mais importante, no entanto, é que tais princípios sejam transformados em ação o
quanto antes, de forma efetiva e duradoura. Ainda a respeito da necessidade de inserção da
pesca numa estratégia mais ampla de desenvolvimento, o referido código de conduta é bem
explícito, ao afirmar:
a ordenação da pesca deveria fomentar a manutenção da qualidade, a diversidade e a disponibilidade dos recursos pesqueiros em quantidade suficiente para as gerações presentes e futuras, no contexto da segurança alimentar, o alívio da pobreza e o desenvolvimento sustentável. As medidas de ordenação deveriam assegurar a conservação não somente das espécies objeto da pesca, mas também daquelas outras pertencentes ao mesmo ecossistema, dependentes ou associadas a elas. (FAO, 1995)
A despeito dos conflitos de interesse e dos embates presentes ou futuros, parece haver
um consenso de que a manutenção da integridade do ecossistema amazônico é fundamental
para todo e qualquer tipo de iniciativas que visem à sua exploração e desenvolvimento em
bases sustentáveis. Nesse contexto, independentemente de políticas, métodos, estratégias,
táticas ou técnicas evocadas ou levadas a termo, a educação ambiental é o fundamento dessa
sustentabilidade. (MEGGERS, 1997)
A educação ambiental é o foco especial desse contexto porque, além de constituir-se
num instrumento capaz de garantir a eficácia da pesca e promover a utilização dos recursos
pesqueiros de forma sustentável, ela também é um fim em si mesma, responsável pela auto-
afirmação da região, senso de cidadania de seu povo e de realização plena das pessoas que aí
vivem e trabalham. Fica claro, portanto, que a conservação dos recursos pesqueiros não deve
ser uma atribuição apenas dos que participam diretamente da pesca, mas também de
pecuaristas, industriais, fazendeiros, sitiantes, consumidores, poder público e sociedade em
geral. Isso significa que a gestão dos recursos pesqueiros deve estar inserida na gestão
ambiental ampla e ser feita de forma compartilhada entre todos os agentes sociais.
Educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo participativo permanente que procura incutir uma consciência crítica sobre a problemática ambiental,
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compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais. (SENOGRAFIA, 2010)
Para isso, é de fundamental importância e urgência a educação ambiental, a qual deve
constituir-se não apenas em instrumento de impregnação de saberes e valores, mas, sobretudo,
como forma de correção e aperfeiçoamento dos valores reinantes na sociedade capitalista dos
dias atuais, dominada pela cultura do egoísmo e do lucro fácil, a qualquer custo.
Embora ainda pouco divulgado, existe no Brasil um programa nacional de educação
ambiental. Evidentemente, tal programa deve abrigar os aspectos culturais, técnicos e
econômicos da pesca, fazendo deles um elemento de ampliação dos saberes, bem como uma
instância aberta e participativa para a busca de soluções de problemas comuns, para o
aproveitamento integrado das potencialidades e melhoria da qualidade de vida do homem e do
meio em que vive (ProNEA, 2003).
2.4 A construção de usinas hidrelétricas no Brasil e seus impactos na pesca
Uma série de polêmicas circula em torno do assunto construção de hidrelétricas, pois
além da necessidade que a população tem de ter energia para movimentar os diversos
seguimentos que impulsionam as cidades e, até mesmo o campo, nos deparamos por outro
lado com os impactos causados nas florestas e rios e com as populações que sobrevivem
desses ecossistemas. Esse tipo de geração de energia produz diversos impactos ambientais, o
que faz com que seja motivo de polêmica.
Atualmente com o avanço das discussões sobre desenvolvimento sustentável, os
estudiosos procuram descobrir a dimensão deste impacto a fim de encontrar formas de
amenizá-los, uma vez que a energia hidrelétrica é considerada fonte renovável.
As usinas hidrelétricas são uma importante fonte de energia no mundo atual. No ano
de 2005, as usinas hidrelétricas produziram 19% da eletricidade consumida no mundo todo. A
energia produzida pelas usinas hidrelétricas também é o equivalente a cerca de 5 bilhões de
barris de petróleo. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Brasil está
entre os cinco maiores produtores de energia hidrelétrica no mundo, possuindo atualmente
158 usinas hidrelétricas de grande porte, que produzem um total de 74.438.695 kW
(BONSOR, 2008).
11
Os impactos decorrentes do represamento das águas provocam profundas alterações
nos leitos dos rios e em suas margens, encobrem a vegetação, eliminam a fauna local, alteram
a ictiofauna, alagam reservas de argila, terras férteis e cultiváveis - expropriando os
produtores - e alteram ainda mais profundamente a atividade da pesca artesanal e toda a vida
das comunidades que sofrem um impacto socioeconômico e cultural severo. Os sujeitos
perdem sua capacidade produtiva, rompem relações culturais e a identificação com o espaço
de vivência. (Campos, 2009; Alves & Justo, 2011 apud VALENTINI et al, 2011).
Por todo país é possível encontrar referencias sobre o impacto que as hidrelétricas
causaram na pesca das regiões onde foram construídas afetando não só a parte florestal e
animal, mas também o lado social onde famílias inteiras que dependem da pesca para
sobreviver.
Em uma pesquisa realizada pelo Instituto Federal do Mato Grosso sobre os impactos
socioambientais provocados pela construção da barragem de Manso no rio Cuiabá, pode-se
observar que a importância da pesca para as populações ribeirinhas esta ligada há
alimentação, a cultura e a interação com o meio.
A importância da pesca para 75% dos entrevistados está relacionada à sua
sobrevivência, e para 25% como preservação das tradições passadas de pai para filho. Por
contraste, esses ribeirinhos que possuem peixarias no local servem pacu comprado de tanques
de uma chácara próxima e pintado de Barra do Bugres -MT. (VALENTINI et al, 2011)
O tempo de convivência do ribeirinho com o meio que o circunda faz com se busquem
os recursos oferecidos pela natureza, com vistas a desenvolver sua vivência. Ele necessita
compreender a enchente para poder decifrá-la e, assim, tirar seu sustento; precisa aprender a
conviver com as enchentes e a seca; entender a correnteza do rio com seus sons, cores, aromas
e gostos. A sabedoria do pescador sobre a água o faz sentir-se parte dela, extensão da sua
natureza, participante do seu leito caudaloso. O rio é o celeiro de alimento, de relações
sociais, de cultura (Ferreira, 1999; Alves & Justo, 2011 apud VALENTINI et al, 2011).
A área de abrangência de uma hidrelétrica pode ser imensa e isso foi constatado
pelos moradores da comunidade ribeirinha do município de Brasilândia – MS.
Inicialmente, ninguém se preocupou com a barragem porque era inconcebível para os
ribeirinhos que uma barragem sendo construída há quase 300 quilômetros fosse trazer tanto
transtorno em suas vidas.
Ninguém queria acreditar que o seu local de moradia e trabalho um dia fosse
inundado pelas águas do lago, fora do contexto das enchentes naturais. Mas a
enchente de 1983 não foi normal para eles. Nunca houve uma enchente tão grande.
12
Pessoas que viviam já há mais de 30 anos, nunca tinham visto coisa igual. A
destruição, os prejuízos foram enormes. Eles começaram a suspeitar das barragens
(KUDLAVICZ, 2005, p. 14)
Mesmo na atualidade frente ao intenso desenvolvimento do setor industrial e a
constante degradação do meio ambiente, a pesca continua sendo o sustentáculo da economia
regional e fonte básica da alimentação das populações locais (SANTOS e OLIVEIRA Jr,
1999).
De acordo com o trabalho realizado por Herthel (2011) outras usinas hidrelétricas
na Amazônia obtiveram resultados insatisfatórios. É o caso das usinas hidrelétricas de Tucuruí
(PA) e Balbina (AM), onde aconteceram impactos sociais e ambientais que como
conseqüência acabaram por desalojar comunidades, inundar enormes extensões de terras e
destruíram a fauna e a flora regional. Balbina inundou a reserva indígena Waimiri-Atroari,
matou peixes e causou a escasses de alimentos e fome para as populações locais, ao mesmo
tempo, o abastecimento de energia elétrica para a população local não foi cumprido. Em 1989
o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) constatou a morte biológica do rio
Uatumã.
A qualidade da água no reservatório é um grande problema por causa da vegetação
que decompõe na represa, tanto de restos da floresta deixados em pé quando foi enchido o
lago como de macrófitas que proliferaram na superfície, a água fica ácida e anôxica,
(GARZON, 1984 apud FEARNSIDE, 2001). Isto torna a água inadequada para muitas
espécies de peixes.
Apesar da desestruturação socioambiental inicial, após a construção das UHEs pode
observar através das analises de trabalhos a cerca do assunto sobre impactos ambientais que
ao passar dos anos é possível restabelecer a rotina pesqueira, mas não se praticava
anteriormente nas regiões que sofreram impactos. Deve-se propor novas alternativas que se
adéqüem as novas condições.
A atividade pesqueira na UHE Balbina – AM tomou rumos diferentes segundo
Santos & Oliveira (1999) anos após na ativação de suas turbinas algumas espécies de peixes
se proliferaram outras desapareceram. Das que se proliferaram dar-se destaque ao tucunaré
(Cichla spp.) que chega a 90% da produção de pescado comercializado, porém uma
quantidade considerável é acometida de uma magreza extrema o que dificulta a natação e faz
com que fiquem escondidos entre troncos e pedras.
13
A instalação de barragens pode causar um grande impacto na pesca devido a falta de
algumas espécies que o ribeirinho consome e comercializa como pode ser visto no trabalho
realizado por Santos (1995), onde foi constado que algumas espécies que eram encontradas
com freqüência antes da construção da UHE Samuel - RO na fase pós barragem não foram
encontradas como espécies das famílias Citelonuciidae (pirapucu ou urmará), Ageneiosidae
(mandubé), Osteoglossidae (aruanã), Electrophoridae (poraquê), Sciaenidae (pescada).
enquanto que outras espécies tiverem um aumento considerável na fase pós construção como
bagres, piranhas, pacu e tucunarés.
Segundo Fearnside (2001) outro exemplo de construção de hidrelétrica que causou
impacto considerável na pesca foi a UHE de Tucuruí - PA na qual houve muitas falhas no
projeto que acarretaram choque na a ictiofauna da região. Nenhuma escada de peixe foi
construída em Tucuruí. Esta possibilidade foi considerada brevemente quando a barragem
estava em construção, mas foi descartada, tanto devido ao custo como por causa de incerteza
sobre a sua efetividade potencial.
A diversidade de espécies de peixes na represa diminuiu drasticamente, com as
comunidades sendo dominadas por algumas espécies. As mudanças em abundância de
espécies de peixes resultaram em uma alteração radical da abundância relativa de peixes nos
diferentes níveis tróficos (FEARNSIDE, 2001). Enquanto os consumidores primários tinham
sido muito abundantes, a população de predadores explodiu imediatamente depois do
fechamento: no primeiro ano, piranhas (Serrasalmus,spp) representaram 40-70% dos peixes
capturados em redes experimentais do INPA, (LEITE & BITTENCOURT, 1991 apud
FEARNSIDE, 2001). O domínio de predadores foi mantido durante os primeiros três anos,
embora alguns consumidores primários e secundários conseguirem se recuperar parcialmente.
A biomassa de peixes presente flutuou de forma extrema nos primeiros três anos, em janeiro
de 1986 a biomassa de peixes tinha aumentado até um 13º nível mais alto que nível presente
antes do fechamento, seguido por uma queda abruta no terceiro ano (FEARNSIDE, 2001).
Isto provavelmente foi devido aos peixes predatórios, que compuseram muito da
biomassa, sofrerem fome por falta de presa, mas conclusões são complicadas pelo fato do
aumento da transparência da água fazer com que as redes experimentais sejam mais visíveis
aos peixes (LEITE & BITTENCOURT, 1991 apud FEARNSIDE, 2001).
Muitas espécies de peixes foram dizimas, por causa da qualidade da água e pelo
barramento da migração dos peixes, (FEARNSIDE, 2001).
14
Porém, os estudos dos relatórios da Comissão Geographica Geológica foi possível
verificar que vários danos causados pela construção de usinas hidrelétrica podiam ter sido
minimizados e evitados se fosse executado um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), como
podemos citar os casos de Ilha Solteira e Jupiá (HERTEL, 2009).
A pesca nas localidades onde foram implantadas as UHEs teve uma reviravolta anos
de criação com outros moldes diferentes dos que os moradores estavam habituados, agora tem
que conviver com uma nova modalidade de pesca que é a pesca esportiva e a pesca
profissional que antes era praticada pelos ribeirinhos só que com menos recursos (Santos,
1995). Os ribeirinhos das áreas afetadas têm que lhe dar com a falta de algumas espécies de
peixes que antes faziam parte de sua alimentação, e também com o aumento de outras
espécies na qual se destaca o tucunaré como principal pescado para comercialização.
Tendo em vista a analise dos impactos causados por hidrelétricas em outros locais do
Brasil, o que devemos esperar da UHE Belo Monte? No Relatório de Impacto Ambiental do
AHE Belo Monte (RIMA) é relatado diversos projetos que serão implantados para diminuir o
impacto socioambiental o qual se funcionar na integra o retorno das aéreas pesqueiras
ocorrerá em um tempo menor e com impactos menores aos que aconteceram em Tucuruí
(PA), Balbina (AM) e outras UHEs construídas pelo Brasil.
Segundo o RIMA (2009) é previsto um Projeto de Implantação e Monitoramento de
Mecanismo para Transposição de Peixes, representado por um canal de deriva escavado na
margem direita do rio Xingu visto que a construção de escada de peixes não seria a mais
adequada.
A formação do reservatório do Xingu irá favorecer que algumas espécies de peixes
se desenvolvam, como o tucunaré, o acará, o pirarucu, o curimatã e a pescada. Já outras
espécies serão prejudicadas, como é o caso dos peixes ornamentais que utilizam os pedrais
para abrigo, local de alimentação e de reprodução. Poderão ocorrer conflitos entre os novos
pescadores que chegarão e os pescadores que já praticam a pesca nessa região (RIMA, 2009).
Mas, com o tempo, devem ocorrer benefícios, pois os peixes que se adaptam melhor
às novas condições do Reservatório do Xingu são os usados para consumo e que têm maior
valor econômico (RIMA, 2009). Nos trabalhos realizados por Santos (1995), VALENTINI et
al, (2011) e FEARNSIDE (2001) é possível constatar esses resultados relatados pelo RIMA,
onde a atividade pesqueira retomou um rumo não como era praticado outrora, mas com
modalidades diferentes de pesca e de tecnologias novas onde os pescadores tradicionais terão
que adaptar-se ao novo.
15
2.5 A utilização de tanques – rede como alternativa de renda para as comunidades
ribeirinhas pós UHE Belo Monte
É notória a presença da prática de atividade pesqueira, de forma artesanal, nas
comunidades ribeirinhas, sendo caracterizada pela utilização de diferentes estratégias de
pesca, cada qual empregada isolada ou conjuntamente, em conformidade com diversos
aspectos, tais como a época do ano, nível do rio, espécie a ser capturada, etc. Essa atividade,
muitas vezes, é a única fonte de renda dessa população. Contudo, com a construção da UHE
Belo Monte, como descrito anteriormente, uma grande área vai ser inundada, assim sendo,
haverá a fuga de algumas espécies de peixes para áreas mais propícias a sua reprodução. Com
essa fuga, a atividade pesqueira será afetada e, conseqüentemente, a renda e a vida dessas
famílias.
A pesca artesanal define-se como a atividade exercida por produtores autônomos ou com relações de trabalho em parcerias que utilizam pequenas quantias de capital e meios de produção simples, com tecnologia e metodologia de captura não mecanizada e baseada em conhecimentos empíricos. A pesca artesanal representa 69% da produção pesqueira extrativista do Brasil, o que indica a sua importância econômica e social. O Estado do Pará se destaca dentre os primeiros da União, contribuindo com uma produção total de 146.895,5 toneladas em 2005; desse total 87,5% corresponde à pesca artesanal, seja de água doce ou marinha/estuarina. (PARÁ, 2008, p. 03)
Desde o final do século XIX existem relatos do uso de tanques-rede ou gaiolas para o
cultivo de peixes. Os primeiros tanques-rede eram usados para retenção dos peixes até a
venda. Inicialmente, as gaiolas eram confeccionadas com bambu e utilizadas na Ásia, desde
1800, e, nos Estados Unidos, surgiram a partir de 1950, com o uso de plástico na sua
construção (KENTUCKY STATE UNIVERSITY, 2005).
Segundo MULLER e VARADI (1984), a popularidade crescente do cultivo de
peixes em tanques-rede deve-se à aplicabilidade do cultivo ser extremamente variada (rios,
reservatórios, lagos, canais, etc.), sem alteração do seu estado ou função; à produção em
unidades pequenas; à colheita rápida e simples; à adaptação flexível às demandas do mercado;
às densidades elevadas; à observação direta dos peixes e à intervenção imediata; à
mecanização de algumas etapas; à produção de peixes carnívoros e à construção das gaiolas
que pode ser in sit.
16
Para tanto, a utilização de tanque – redes é um alternativa para a criação de pescados,
a fim de minimizar o impacto pós construção UHE Belo Monte (PA) que essas comunidades
ribeirinhas vêem a sofrer. Além desse fato, a produção de pescados em tanque – redes é uma
forma sustentável, lucrativa e de baixo custo para implantação, que poderá servir como fonte
de geração de renda.
Com a construção da barragem haverá um grande movimento de terra para que sejam
construídos os canteiros e escavação dos canais, com isso a característica da água vai ser
afetada, o que obriga algumas espécies de peixes a migrarem dessas localidades o que causará
um impacto negativo para a atividade pesqueira. Os impactos decorrentes do represamento
das águas no Rio Xingu, para a construção da UHE Belo Monte, provocarão profundas
alterações nos leitos dos rios e em suas margens, encobrindo a vegetação, eliminando a fauna
local, alagando reservas de argila, terras férteis e cultiváveis - expropriando os produtores - e
alteram ainda mais profundamente a atividade da pesca artesanal e toda a vida das
comunidades que sofrem um impacto socioeconômico e cultural severo. Os sujeitos perdem
sua capacidade produtiva, rompem relações culturais e a identificação com o espaço de
vivência.
Em alguns locais, com a retirada da vegetação poderão ocorrer deslizamentos de terra erosões. Onde isso acontecer, a terra poderá ser arrastada para os igarapés mais próximos, mudando a qualidade das águas, que ficarão mais escuras e com mais sedimentos. Isto poderá afetar negativamente espécies aquáticas que não são resistentes a mudanças na qualidade da água, podendo ocorrer inclusive, em alguns locais, a morte de peixes.(RIMA, 2009, p.99)
Para evitar a extinção dessas espécies, nas áreas afetadas diretamente pela
construção, as comunidades ribeirinhas poderão criá-las em tanque – redes em outras partes
do rio Xingu onde a água não sofrerá o impacto direto. Isso poderá garantir a renda e
subsistência dessas famílias.
Segundo o Diagnóstico da Pesca e da Aqüicultura do Estado do Pará (2008), as
espécies mais capturadas na bacia do rio Xingu são o Tucunaré e o Pacu. Esses tipos de
pescados estão entre os mais encontrados no comércio de peixes local, juntamente com o
Aracu, Pescadas e Curimata (PDRS XINGU apud ISAAC et a.l, 2008).
Para que essas famílias possam continuar tendo o pescado como forma de
subsistência e renda a criação dessas espécies em tanque rede é uma alternativa, todavia que
esse sistema de criação é uma forma sustentável, lucrativa e de baixo custo de implantação.
A criação de peixes em tanques-rede – sistema de cultivo super intensivo com renovação contínua de água – principalmente em locais onde não é possível a drenagem para a despesca, é uma alternativa que vem crescendo e apresenta
17
vantagens do ponto de vista técnico, ecológico, social e econômico sobre o extrativismo e a piscicultura tradicional, já que é perfeitamente adaptada à realidade regional. (SAMPAIO, 2005)
Os tanques – rede são criadouros feitos com redes ou telas fixadas em uma armação
de canos que emergem sobre a água com o auxílio de flutuadores (para estes garrafas pet
poderão ser utilizadas) colocados dentro do rio, assim as espécies poderão ser criadas sem a
necessidade de escavação e redirecionamento da água como nos açudes convencionais, daí o
baixo custo de implantação.
Tanque-rede é um conjunto flutuante, que permite confinar os peixes, na quantidade adequada, e onde serão alimentados até atingirem o peso ideal para a comercialização. Consta de uma estrutura flutuante, onde são fixadas as gaiolas, construídas em telas de polietileno e tubos de PVC, que lhe dão a forma e tamanho desejados. A fixação deste conjunto é feita por meio de poitas de concreto ou ferro, presas ao tanque por cordas de nylon ou cabos de aço. (EMATER, 2010).
A utilização desse sistema de criação de peixes apresentam inúmeras vantagens, as
quatro principais destacadas pela EMATER (2010) são:
• Utilização de massas de água inaproveitáveis para a piscicultura intensiva;
• Produtividade elevada;
• Controle eficiente da população e da sanidade;
• Facilidade na despesca;
A produção de pescados poderá ser multiplicada se criadas em tanque – redes
(ANEXO I Figura 1.), pois através deste pode-se confinar uma determinada quantidade de
peixes e tratá-los da forma mais adequada garantindo a qualidade do pescado. A morte por
predadores é inferior a que ocorre no tanque convencional, uma vez que as redes não
permitem a entrada de peixes de outra natureza. Quanto à despesca é mais fácil e prática,
basta levantar os tanque – redes e retirar o pescado que interessa, diminuindo assim o estresse
no restante da população que irá continuar no tanque.
No Brasil, a despeito do grande potencial representado pelos seis milhões de hectares
de águas represadas nos açudes e grandes reservatórios, construídos principalmente com a
finalidade de geração de energia hidrelétrica, a produção comercial de peixes em tanques-rede
está apenas começando (ROTTA, 2003). Nesse sentido, logrando-se a implantação e o
desenvolvimento dessa tecnologia poderá haver um grande incremento na produção brasileira
18
de pescado, criando condições para a implantação da fase de industrialização, o que
poderá tornar o Brasil um dos maiores produtores mundiais de peixes de água doce.
2.5.1 Caracterização dos Tanques – Rede
2.5.1.1 Tamanho e formato de tanques-rede e material utilizado
A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
CODEVASF (2010) desenvolveu um manual que descreve as dimensões dos tanques-rede e
os tipos de peixes com possibilidade de criação nos mesmos assim como inúmeras praticas de
manejo. Segue abaixo:
O tanque-rede pode ser de formato quadrado, retangular, cilíndrico, hexagonal ou
circular, entre outros, sendo mais utilizados o quadrado e o circular.
O fluxo de água nesses formatos se dá conforme ilustrado na figura 2, podendo ser
alterado devido à colmatação (acúmulo de algas e sujeiras) da tela do tanque-rede.
Os tanques-rede devem ser escolhidos na implantação do empreendimento seguindo
critérios como preço, tamanho do reservatório e espécie a ser criada, sendo os mais
comerciais:
Figura 2. Fluxo da água nos tanques-rede.
Fonte: CODEVASF (2010)
19
Tanque-rede quadrado
• Volume: 4,8 m³ (2,0 x 2,0 x 1,20) – malha 17 ou 19 mm
• Volume: 6,0 m³ (2,0 x 2,0 x 1,5) – malha 13 ou 19 mm
• Volume: 13,5 m³ (3,0 x 3,0 x 1,5) – malha 19 mm
• Volume: 18 m³ (3,0 x 3,0 x 2,0) – malha 19 mm
Tanque-rede circular
• Volume: 25,0 m³ - malha 19 mm
• Volume: 200,0 m³ - malha 19 mm
• Volume: 300,0 m³ - malha 19 mm
• Volume: 400,0 m³ - malha 19 mm
Na fabricação da estrutura de armação dos tanques-rede pode-se utilizar diversos
materiais como: tubos e cantoneiras em alumínio, vergalhões soldados com pintura anti-
corrosão, chapas de alumínio soldadas ou parafusadas, barras de ferro soldadas e pintadas, aço
galvanizado, bambu, madeira, tubos de PVC, entre outros.
Nessas estruturas são fixados os flutuadores, comedouros, as malhas, tampas e cabo
de fixação, que irão dar o formato ao tanque-rede.
Os flutuadores podem ser de materiais simples como tambores plásticos e tubos de
PVC tampados, evitando reutilizar tambores de substâncias tóxicas. As malhas podem ser
confeccionadas de materiais flexíveis como: poliéster revestido de PVC, nylon, alambrado de
aço inox.
Para determinar o tipo de material a ser utilizado na confecção das malhas é de
fundamental importância conhecer o ambiente que irá receber os tanques-rede, pois como esse
é um sistema que irá atrair diversas outras espécies de peixes e na maioria das espécies
carnívoras, deve-se escolher o material que demonstre maior segurança aos peixes. Além de
conhecer o ambiente, deve-se levar em conta a capacidade de renovação que a malha
apresenta em relação à passagem de água pelo sistema, e com isso seu tamanho de abertura,
além de ser de um material que não provoque lesões nos peixes, não deve ser corrosivo
(CODEVASF, 2010).
20
A malha apresenta normalmente abertura de 13 mm a 25 mm para alojar os peixes,
dependendo da sua fase de desenvolvimento.
Já as tampas dos tanques-rede podem ser feitas com malhas maiores ou de igual
tamanho ao do tanque-rede. Geralmente são confeccionadas com malhas de 25 mm e
apresentam abertura total ou de 50%.
É recomendado utilizar sombrites sobre as tampas dos berçários para reduzir a
exposição dos peixes aos raios solares, o que melhora seu sistema imunológico, resultando em
maior produtividade, além de evitar a predação por pássaros.
Para a fixação dos tanques-rede no ambiente são utilizadas cordas de nylon com
espessura entre 14 mm e 20 mm ou cabos de aço, esticado ao longo do eixo em direção
perpendicular, à corrente superficial.
Suas extremidades serão fixadas em poitas (âncoras) no fundo do corpo hídrico,
sendo o peso das mesmas dependentes da quantidade de tanques-rede, profundidade e
correntes de água.
A sinalização depende do tamanho da área e disposição das linhas de criação no
reservatório, devendo ser feita com tambores de 50 a 200 litros, na cor amarela e/ou
sinalizadores luminosos, conforme exigência da Marinha para as criações em tanques-rede
nas águas da União.
Para se realizar um bom manejo é preciso usar como apoio alguns materiais e
equipamentos adequados ao trabalho, dentre os quais se destacam: barco, remos, motor de
popa, balsa, balanças, puçás, baldes, balaios, engradados, kit de análise de água, termômetro,
oxímetro, pHmetro, Disco de Secchi, aerador (o uso depende do reservatório), freezer, cordas,
arames, facas, computador (uso em escritório), etc.
2.5.2 Espécies para uso em tanques-rede
2.5.2.1 Tilápia (Oreochromis niloticus)
A tilapia (ANEXO II Figura 3.) é um peixe originário do continente africano. Os
machos crescem mais do que as fêmeas em condições idênticas de criação. São onívoros e
começam a reproduzir-se muito cedo, com alguns meses de vida já atingem a maturidade
21
sexual. Existem várias qualidades que tornam as tilápias um dos peixes com grande potencial
a criação, como:
• Alimentam-se de itens básicos da cadeia alimentar;
• Aceitam grande variedade de alimentos e se desenvolvem com a mesma eficiência à
ingestão de proteínas de origem vegetal e animal;
• São bastante resistentes a doenças, superpovoamentos e baixos teores de oxigênio
dissolvido, aliando rusticidade e alto desempenho;
• Seus alevinos são produzidos ao longo de todo o ano.
• Possui boas características nutricionais, baixo teor de gordura e ausência de espinhas
em forma de “Y” que facilita o processamento.
A densidade recomendada para tilápia na fase de terminação fica entre 150 a 250
peixes/m³. A criação se dá em tanques-rede de diversos tamanhos desde os menores de 4m³
até os maiores de 300m³. A alimentação das tilápias varia de 32% a 55% de PB, sendo criada
na maioria das regiões do Brasil.
2.5.2.2 Tambaqui (Colossoma macropomum)
O tambaqui (ANEXO II Figura 4.) é nativo da bacia amazônica e atualmente é a
principal espécie de peixe criada na Região Norte. Este fato se deve à espécie apresentar:
• 1 - Facilidade na reprodução e conseqüentemente na constante oferta de alevinos;
• 2 - Resistência ao manejo;
• 3 - Possui bons índices zootécnicos de desenvolvimento;
• 4 - Tem boa aceitação no mercado. Geralmente são comercializados “in natura”,
eviscerados, resfriados e congelados.
O tambaqui se adapta muito bem em tanques-rede, com a fase de alevinagem
ocorrendo em viveiros escavados de 600m² (20x30) num período aproximado de 50 dias, com
densidade de 14 a 16 peixes/m², atingindo peso médio final de 30 g.
Nessa fase, o arraçoamento é realizado com 4 refeições/dia utilizando-se ração com
45% de PB e granulométrica de 1mm. Após a fase de cria, os alevinos são transferidos para os
tanques-rede (3,0mx3,0mx2,2m) onde permanecem até a despesca (fases de recria e
terminação).
22
Nos tanques-rede, inicialmente recebem ração com 36% de PB, durante 35 dias.
Após esse período, passam a receber ração com 32% de PB por 60 dias e a partir daí, ração
com 28% de PB até a despesca As biometrias são realizadas a cada 30 dias para ajustar as
taxas de arraçoamento (Kubitza, 2004).
2.5.2.3 Pacu (Piaractus mesopotamicus)
O pacu (ANEXO II Figura 5.)é originário das bacias do Rio Paraguai (Pantanal
Mato-grossense) e do rio Prata (que drena o Rio Grande, o Rio Paraná e o Rio Tietê). Na
natureza chega a alcançar cerca de 20 quilos. A relativa facilidade de produção de alevinos e a
esportividade do pacu foram fundamentais para que este peixe conquistasse posição destacada
entre as espécies nativas mais cultivadas no país, e se tornasse um dos peixes mais apreciados
nos pesque-pagues espalhados nas regiões sudeste e centro-oeste do país. O mercado do pacu
para o consumo é mais restrito aos estados da região centro-oeste, principalmente o Mato
Grosso e o Mato Grosso do Sul, onde a pesca do pacu sempre foi abundante (Kubitza, 2004).
No entanto, a disponibilidade do pacu oriundo de pisciculturas vem aumentando e
pode ajudar a popularizar o consumo deste peixe em outras regiões, notadamente na região
sudeste. O pacu também possui dentes molariformes que auxiliam na trituração de frutos,
sementes, caranguejos e outros tipos de alimentos naturais.
Apresenta boas características para ser criado em tanques-rede, dentre as quais se
destacam:
• Possui características de precocidade e rusticidade.
• Sua carne é saborosa e de boa aceitação comercial.
• Apresenta bom crescimento e adaptação à alimentação artificial.
• Apresenta excelentes características zootécnicas para a criação intensiva em tanques-
rede.
• A densidade de estocagem recomendada para fase de terminação é de 50 a 75
peixes/m³.
23
2.5.2.4 Matrinxã (Brycon spp.)
Os “Brycons” (ANEXO II Figura 6.) são nativos em sua maioria das bacias do
Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste. Apresentam várias características favoráveis a
criação em tanques-rede:
• São rústicos, de rápido crescimento.
• Resistentes a baixos teores de oxigênio dissolvido.
• Aceitam bem ração extrusada.
• São comercializados com peso superior a 1 kg.
A criação se dá em tanques-rede de 18m³ (3,0mx3,0mx2,0m) de malha 20 mm, com
a presença de berçários. Na fase de alevinagem, a densidade de estocagem é de 200 peixes/m³,
com peso médio de 3,5g.
A alimentação nos três primeiros meses se dá com ração extrusada com 32% de PB,
sendo realizadas quatro refeições diárias.
Após três meses, os peixes atingem peso médio de 60g quando são transferidos para
tanques-rede definitivos a uma taxa de estocagem de 50 peixes/m3, sendo alimentados com
ração extrusada com 28% de PB. A cada 30 dias é realizada biometria para ajustar as taxas de
arraçoamento.
2.5.2.5 Pirarucu (Arapaima gigas)
O pirarucu (ANEXO II Figura 7.) é nativo das bacias Amazônica e Araguaia-
Tocantins, provavelmente é a espécie nativa mais promissora para o desenvolvimento da
criação de peixes em regime intensivo, devido apresentar:
• 1 - Alta velocidade de crescimento, podendo alcançar até 10 kg no primeiro ano de
criação.
• 2 - Grande rusticidade ao manuseio.
• 3 - Possui respiração aérea, não dependendo do oxigênio da água.
• 4 - Não apresenta canibalismo quando confinado em altas densidades.
• 5 - Facilidade no treinamento para aceitar alimentação com ração extrusada.
24
• 6 - Alto rendimento de filé (próximo a 50%).
No entanto, o conhecimento sobre o comportamento e crescimento do pirarucu, em
qualquer modalidade de criação intensiva ainda é escasso. No rio Negro é usado tanques-rede
de 50 a 350m³.
A biomassa sustentável de juvenis de pirarucu para a criação intensiva em tanques-
rede é de aproximadamente 30kg/m³.
Hoje um dos principais entraves na sua criação é na questão da oferta de alevinos no
mercado e ração específica para a espécie.
2.5.2.6 Surubim (Pseudoplatystoma spp.)
O surubim (ANEXO II Figura 8.) , conhecido como pintado, é nativo das bacias do
Prata e do São Francisco.
É um peixe de couro, corpo alongado e roliço, cabeça grande e achatada. É
importante na pesca comercial e esportiva. Apresenta boas características para criação em
tanques-rede, quais sejam:
• 1 - Apesar de carnívora se adapta bem ao treinamento de ração com alto teor de
proteína.
• 2 - Sua carne possui alta aceitação e ótimo valor de mercado.
• Para a criação em tanques-rede costuma se utilizar alevinos, produzidos pelo
cruzamento de Pseudoplatystoma corruscans e Pseudoplatystoma fasciatum com uma
densidade entre 50 a 100 peixes/m³.
25
3. DISCUSSÃO
3.1 Potencial pesqueiro pós construção de UHEs
Analisando os trabalhos realizados por FEARNSIDE (2001), Santos & Oliveira
(1999) e KUDLAVICZ (2005) a cerca da construção de hidrelétricas que tratam da
composição da ictiofauna das localidades afetadas, constatou-se que no potencial pesqueiro
das areas afetadas pela formação do lago, houveram mudanças em diferentes fases onde, em
um determinado período ocorre um decréscimo nas espécies de peixes que compunham as
áreas, período este que corresponde aos primeiros anos de formação do reservatório. Desta
forma comprometendo a pesca, pois neste momento a ictiofauna ainda esta se recuperando e
se readaptando ao seu novo ambiente fazendo com que os pescadores tenham dificuldade em
encontrar pescado de qualidade, além do que tendo que se adaptarem as novas condições de
pesca que a situação impõe.
Nos seis primeiros anos após a construção do reservatório pode-se observar que a
pesca volta ter uma representatividade maior, pois espécies de maior valor comercial como os
tucunarés conseguem se adaptar melhor ao novo meio. Os pescadores da localidade têm que
conviver com uma nova modalidade de pesca que é a pesca esportiva e com a pesca
profissional com grandes embarcações que sobrepõem à pesca dos ribeirinhos que é artesanal
e subsistente.
Na região do rio Xingu isso provavelmente pode se tornar um problema, porque
haverá um aumento de pescadores voltado a pesca comercial para a alimentação devido a
diminuição dos pedrais de onde pescadores que antes viviam da pesca de peixes ornamentais
terão que migrar para outra modalidade a fim de se manter a partir da pesca da qual suas
famílias sobreviveram por anos.
Nos anos iniciais deveram ser tomadas ações para inibir a pesca por malhadeiras para
que o estoque pesqueiro não venha a definhar. Este tipo de ação foi utilizada em outras
represas para manter o controle.
26
3.1.1 Espécies afetadas que possuem potencial de mercado e de consumo local/regional
Segundo o PDRS Xingu existe mais de 467 espécies de peixes na bacia do Rio Xingu
Alguns bagres migradores de longa distância de alto valor, como a dourada (Bra-
chyplatystoma rousseauxii) e mesmo a piramutaba (B. vaillantii) são capturados abaixo de
Belo Monte. Entretanto, tucunarés (Cichla spp.) representam 29% do desembarque, aracus
(Laemolyta spp) perfazem 20% e pescada (Plagioscion spp.) também 20% são os mais
expressivos entre as cerca de 50 espécies mais desembarcadas. Maparás, pescadas, tucunarés,
filhotes, surubins, pacus, pirapitingas, curimatãs e fidalgos estão entre os peixes mais
desembarcados.
Peixes que tem como seu ecossistema principal os igarapés serão duramente
penalizados, pois com o enchimento do reservatório da UHE Belo Monte PA alguns igarapés
irão desaparecer e outros terão suas águas comprometidas pela mudança de seu nível das pela
poluição gerada pelas cidades que conseqüentemente contribuirão para o crescimento de
plantas aquáticas que atuam para uma má qualidade da água. A partir disto a fuga de peixes
como surubim, o poraquê, traíra, e outros destes ambientes para outros será inevitável.
As espécies principais para o consumo local e para o comércio como o tucunaré,
pescada, pacu, piranha, bagres se adaptam bem ao ambiente das represas se compararmos os
trabalhos de pesquisa realizados na UHE Balbina – AM, Manso – MT, Samuel – RO. Nesses
casos as espécies predadoras tiveram um aumento maior em relação a demais.
3.2 Sustentabilidade da pesca
Após a criação do lago seria bem viável a adequação de uma forma sustentável de
técnica de piscicultura que produza pescado excedente e para subsistência para as famílias
ribeirinhas que sofrerem com a possível falta de peixes.
Dessa forma podemos destacar a criação de peixes em tanques-rede que são
utilizadas em reservatórios do Brasil inteiro de forma sustentável e que ajudam famílias
inteiras a sobreviver principalmente no período do defeso. A partir de ações buscadas em
associação de pescadores inserir o ribeirinho em programas de incentivo a pesca que são
27
promovidos pelas empresas que constroem as barragens, por meio da própria associação, por
intermédio de patrocínio.
3.2.1 Tanques-rede sustentável descrição
Para as comunidades ribeirinhas é possível construir tanques-rede a partir de
materiais encontrados facilmente nas casas de materiais para construção que tornará o custo
bem mais baixo do que se fosse comprar um tanque-rede industrializado que chegaria até ao
triplo do valor. A maioria dos ribeirinhos domina a técnica de produzir a sua própria malha
reduzindo assim o custo de construção.
O tanque-rede sustentável pode ser construído a partir de tubos de PVC, garrafas pet
para flutuadores, malha de nylon, abraçadeiras e parafusos.
A espécie de peixe recomendada para a criação estaria entre o tambaqui e a tilápia
porque tem boa aceitação de mercado e tem rápido desenvolvimento e aceitam bem
alimentação alternativa como milho, mandioca e outros.
Na alimentação é possível utilizar milho juntamente com ração para reduzir o custo,
uma vez que a ração é muito cara.
Os exemplos de tanques-rede construídos com canos de PVC e garrafas pet
(ANEXO III Figura 9 e 10).
Tanque Rede para criação de peixes, feito em tubos de alumínio, com flutuadores de
tubos de PVC e tela malha 19mm.
Especificações:
• Tampa basculável contra predadores; • Estrutura feita de tubos de alumínio; • Dobradiças e conexões feitas de alumínio fundido; • Tela malha 19mm, arame fio 18 revestido de PVC alta aderência, qualidade Belgo
Bekaert; • Flutuadores feitos de tubos de PVC 100mm; • Garrafas pet colocadas como sistema de segurança para evitar afundamento do tanque
em caso de acidente; • Vedação feita com espuma de poliuretano nas curvas reforçando a estrutura do tanque; • Cantos arredondados sem costura; • Dimensões 2x2x1,20m • Custo de R$1200,00
28
Tanque rede sustentável 2 (ANEXO III Figura 11 e 12).
• Tanque Rede a partir de R$ 900,00 Modelo Pro com apenas 1 ano de garantia
• Tanque Rede Alvorada Modelo Advanced R$ 1.800,00 com todas as garantia abaixo.
• Feito em PVC de Alta Resistência
• Garantia de quatro anos na estrutura em PVC
• Durabilidade mínima 10 anos
• Resistente as intempéries de tempo (Sol, Chuva e Calor excessivo)
• Resistente a vários reagentes químicos
• Isolante Elétrico e Térmico
• Não propaga chamas
• Totalmente Reciclado e reciclável
• Não agride a natureza
• Material ecologicamente correto
29
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção de barragens para aproveitamento hidrelétrico e abastecimento
público altera o regime dos rios, cria empecilhos à migração (piracema) reprodutiva dos
peixes e, na maioria dos casos, inviabiliza definitivamente muitas lagoas marginais, que são
os berçários e grandes responsáveis pela reposição de peixes dos rios e contribuir com a
redução da produção pesqueira dos rios.
O uso dos tanques – rede pelas comunidades ribeirinhas pode ser uma alternativa
sustentável de criação de espécies que terão que migrar de seu habitat devido a alteração do
meio nos locais afetados pela construção da UHE Belo Monte no rio Xingu.
A possibilidade de implantação de sistemas produtivos em escala familiar
representa também um aspecto positivo da piscicultura, pois torna viável a subsistência de
pequenos produtores. Por outro lado, há riscos de que as estruturas concentradas de mercado
impliquem em fragilização das unidades produtivas.
O desenvolvimento da piscicultura, em especial o tanque-rede, é visto como uma
alternativa de inserção na economia de mercado, tanto das famílias de pescadores artesanais,
como de pequenos produtores rurais.
A piscicultura em tanque-rede é uma técnica relativamente barata e simples, se
comparada à piscicultura tradicional. Principalmente por dispensar os custos para escavação
da estrutura dos tanques.
30
BIBLIOGRAFIA CITADA BARTHEM, R. B., PETRERE JR., M.; ISSAC, V.; RIBEIRO, M. C. L. D. B., MCGRATH, D. G., VIEIRA, I. J e BARCO, M. V. “A pesca na Amazônia: problemas e perspectivas para o seu manejo”. Rio de Janeiro, MCT/ CNPq/ Sociedade Civil Mamirauá, 1997, pp 173-185. BATISTA, V. S.; ISSAC,V. J. e VIANA, J. P. “Exploração e manejo dos recursos pesqueiros da Amazônia”. Em RUFINO, M. L. (ed.). A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia brasileira. ProVárzea. Manaus, Ibama , pp. 63-152, 268 p. 2004. BONSOR, Kevin. Como funcionam as usinas hidrelétricas. Disponível em: http://ciencia.hsw.uol.com.br/usinas-hidreletricas.htm. Acessado em: 08 out 2011. CERDEIRA, R. G. P.; RUFFINO, M. L. e ISAAC, V. J. “Consumo de pescado e outros alimentos pela população ribeirinha do lago grande de Monte Alegre, PA. Brasil”. Acta Amazonica, 27 (3), pp. 213-228. 1997. CONTE, Luciane. Produtividade e economicidade da tilapicultura em gaiolas na região sudoeste do Estado de São Paulo.2002. 73 f. Dissertação de Mestrado - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2002. DIAS, M. A. Pescas e Aquacultura. Curso de Biologia. Universidade do Algarve. 2006. EMATER. Criação de Peixes – Piscicultura em Tanques – rede. Disponível em: http://www.emater.mg.gov.br/doc/site/serevicoseprodutos/livraria/Psicultura/Cria%C3%A7%C3%A3o%20de%20peixes.pdf. Acessado em 24 de Novembro de 2011. EMATER, Criação de peixes. Disponivel em http://www.emater.mg.gov.br/doc/site/serevicoseprodutos/livraria/Psicultura/Cria%C3%A7%C3%A3o%20de%20peixes.pdf. 2010. FAO. Code of conduct for responsible fisheries. Rome, 1995. 41 p. FAO. Inland capture fishery statistics of Southeast Asia: current status and information
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31
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ANEXOS
ANEXO 1 –Tanque-rede modelo industrial para piscicultura.
Figura 1. Desenho esquemático de um modelo de tanque-rede. Fonte: Site http://www.maxtelas.com.br/produtos/tanque-rede-para-piscicultura/ Acesso abril/2010
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ANEXO 2 – Especies de peixes para uso em tanques-rede
Figura 3. Tilapias (Oreochromis niloticus) Fonte: Revista Panorama da Aquicultura
Figura 4. Tambaqui (Colossoma macropomum) Fonte: CODESVASF (2010)
Figura 5. Pacu (Piaractus mesopotamicus)
Fonte: CODESVASF (2010)
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Figura 6. Matrinxã (Brycon spp.) Fonte: CODEVASF (2010)
Figura 7. Pirarucu (Arapaima gigas)
Fonte: CODEVASF (2010)
Figura 8. Surubim (Pseudoplatystoma spp.)
Fonte: CODEVASF 2010
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ANEXO 3 – Tanques-rede Sustentavel
Figura 9. Partes do tanque-rede. Fonte: http://carmodocajuru.olx.com.br/tanque-rede-para-psicultura-iid-133882225 acessado em 22/01/2012
Figura 10. Modelo de tanque-rede Sustentável 1. Fonte: http://carmodocajuru.olx.com.br/tanque-rede-para-psicultura-iid-133882225 acessado em 22/01/2012
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Figura 11. Modelo de tanque-rede sustentável 2. Fonte: http://www.mfrural.com.br/detalhe.asp?cdp=58233&nmoca=tanque-rede acessado em
22/01/2012
Figura 12. Modelo de tanque sustentável 2 na água. Fonte: http://www.mfrural.com.br/detalhe.asp?cdp=58233&nmoca=tanque-rede acessado em 22/01/2012
Figura 13. Tanque-rede rustico de pvc Fonte: www.youtube.com acessado em 17/01/2012