Resumo Não Técnico – Fase de EIA
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RESUMO NÃO TÉCNICO (RNT) – FASE DE EIA
PESQUISA SÍSMICA MARÍTIMA 3D NA BACIA DE MOÇAMBIQUE, ÁREA DO DELTA DO ZAMBEZE
Consultec ‐ Consultores Associados, Lda. Rua Tenente General Oswaldo Tazama, 169 Maputo, Moçambique Telefone: +258‐21‐491 Fax: +258‐21‐491‐578
Spectrum Geo Ltd Dukes Court, Duke Street Woking Surrey GU21 5BH UK
1 INTRODUÇÃO
O Grupo Spectrum é um prestador de serviços sísmicos
idóneo, dirigido a clientes à escala global. Este Grupo possui
escritórios no Reino Unido, EUA, Noruega, Singapura e
Austrália, fornecendo serviços inovadores, multicliente e de
alta qualidade de imagem sísmica.
A Spectrum tem uma vasta experiência na realização de
pesquisas sísmicas marítimas 2D e 3D em todo o mundo.
Actualmente, a Spectrum é possuidora do maior centro de
dados de sísmica 2D a nível mundial, com mais de 3.3
milhões de km de dados das maiores bacias sedimentares e
com mais de 160 000 km2 de dados de sísmica 3D.
No presente momento, o Grupo da Spectrum pretende
adquirir em Moçambique dados sísmicos 3D em águas
profundas ao largo da costa de Sofala e Zambézia. O
levantamento 3D será realizado dentro de uma área que
totaliza com cerca de 34 000 km2.
2 CONSULTOR AMBIENTAL
A CONSULTEC ‐Consultores Associados, Lda. foi contratada
para elaborar os estudos ambientais necessários à
solicitação da licença ambiental.
A CONSULTEC é uma empresa Moçambicana de Consultoria
com sede em Maputo e registada como Consultor Ambiental
na Direcção Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental
(DNAIA) do Ministério da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural (MITADER).
3 ENQUADRAMENTO LEGAL
No âmbito da Avaliação de Impacto Ambiental do Projecto
foi efectuada a identificação e o resumo da principal
legislação nacional relacionada com o desenvolvimento de
projectos ligados ao sector do petróleo e sobre o meio
ambiente aplicáveis ao projecto proposto.
Para além dos requisitos regulamentares nacionais
moçambicanos foram também identificados e resumidos
outros padrões e requisitos internacionais que podem ser
pertinentes.
4 ABORDAGEM E METODOLOGIA DE AIA
Com base nas disposições no Anexo I do Decreto 45/2004
que regulamenta o processo de avaliação do impacto
ambiental (agora revogado pelo Dec 54/2015 de 31 de
Dezembro), o Ministério da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural (MITADER) classificou o Projecto
como sendo de Categoria “A”, o que requer uma avaliação
do impacto ambiental e social completa.
Por consequência, é necessário submeter o Estudo de Pré‐
Viabilidade Ambiental e de Definição do Âmbito (EPDA) que
inclui os Termos de Referência para a Avaliação de Impacto
Ambiental (AIA) ao MITADER para a sua aprovação.
O EPDA tem como objectivo identificar os principais
impactos do projecto, para apresentar pela primeira vez o
projecto ao público e para definir os estudos necessários
para o EIA.
Abril 2016
Pesquisa Sísmica Marítima 3D na Bacia de Moçambique na Área do Delta do Zambeze
Resumo Não Técnico ‐ Fase de EIA
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Durante o EIA são feitos estudos mais detalhados, avaliados
os impactos e definidas as recomendações para diminuir os
impactos negativos e para aumentar os impactos positivos
associados ao projecto. As medidas de recomendações serão
posteriormente incluídas no Plano de Gestão Ambiental
(PGA) como acções claras e práticas.
As conclusões do EIA são novamente apresentadas ao
público, numa segunda fase de participação pública, e o
relatório do EIA é entregue ao MITADER. Caso o MITADER
aprove o EIA, será emitida uma licença ambiental. A
entidade responsável pelo projecto terá de cumprir todas as
medidas definidas no EIA e constantes no PGA.
A Consulta Pública é uma parte muito importante deste
processo e será feita de acordo com os requisitos legais
nacionais.
O Esboço do Relatório do EIA estará disponível para
comentários durante o período da consulta pública. As
preocupações do público recolhidas serão documentadas no
Relatório Final do EIA.
5 DESCRIÇÃO DO PROJECTO
O Instituto Nacional de Petróleos (INP), em nome do
Governo da República de Moçambique, fechou a licitação do
5º concurso para a concessão de áreas de pesquisa e
produção de hidrocarbonetos.
INP ‐ 5º Concurso de Concessão de áreas para Pesquisa e
Produção de Hidrocarbonetos
O concurso abrangeu um total de 15 blocos,
correspondentes a uma área total de cerca de 76.800 km2,
no offshore do Rovuma, Zambeze e Angoche, e no onshore
em torno da concessão Pande‐Temane e das áreas de
Palmeira.
LOCALIZAÇÃO
O Grupo Spectrum propõe‐se conduzir um projecto de
pesquisa sísmica marítima 3D, no designado Bloco do Delta
do Zambeze, numa zona com uma área total de 34 000 km2,
que pode ser executado de uma forma faseada.
Área dentro da qual se realizará a pesquisa sísmica 3D
A operação de pesquisa 3D deverá durar cerca de 6 a 9
meses. Será possível dividir as pesquisas em áreas menores
para garantir que aquisição não tenha lugar em épocas de
restrições ambientais.
As actividades do Projecto inserem‐se no âmbito da fase de
Investigação, na avaliação de riscos. Por razões técnicas,
económicas ou outras, o governo ou uma empresa, poderão
não continuar a actividade de exploração, mesmo depois das
actividades de pesquisa sísmica terem sido realizadas
Cadeia produtiva do petróleo e gás
Pesquisa Sísmica Marítima 3D na Bacia de Moçambique na Área do Delta do Zambeze
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CARACTERÍSTICAS DO PROJECTO
A pesquisa sísmica marinha é um método de determinação
de características geológicas abaixo do fundo do mar,
através do envio de ondas acústicas para as diversas
camadas de rocha existentes, registando em seguida o
tempo necessário para que cada onda seja reflectida de
novo para a superfície. Mede‐se também a força do sinal
recebido.
A pesquisa sísmica representa uma das formas mais fiáveis
para a exploração inicial de petróleo e gás, sendo essencial
para a identificação de características geológicas que podem
conter jazidas de petróleo ou gás.
Aquisição 3D
A pesquisa 3D incide sobre áreas específicas, geralmente com alvos geológicos conhecidos a partir de um levantamento prévio 2D. Antes do levantamento, é efectuado um planeamento cuidadoso para garantir que a área a pesquisar foi definida com precisão.
Navio sísmico típico
A sísmica 3D envolve um grande investimento de tempo
dinheiro e existe um grande esforço no processamento e
interpretação dos levantamentos, pelo que é importante
que a campanha de aquisição seja bem delineada para
atingir os objectivos da pesquisa.
Exemplo de imagens com os dados processados
Os geólogos e geofísicos procedem então ao mapeamento
das imagens para procurar possíveis estruturas que
contenham petróleo ou gás.
Navio de aquisição sísmica
Actualmente, os navios sísmicos são construídos
propositadamente com muitas características especiais,
incluindo acomodações para a tripulação, instrumentos,
heliporto, motores e hélices silenciosos.
Exemplo de um navio em operação
Sala de Instrumentos
Esta sala é o lugar onde está localizada e é operada a
principal instrumentação sísmica. A localização desta sala é
diferente de um navio para outro, mas normalmente situa‐
se num local central, debaixo da ponte, frente ao convés
traseiro. Nesta sala encontram‐se os principais instrumentos
para a gravação de dados sísmicos, bem como para o
controlo do “streamer” e da fonte de energia de disparo dos
canhões.
Convés traseiro
Os “streamers” sísmicos estão guardados nesta sala em
grandes bobinas e, quando a aquisição está em curso, são
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colocados na parte traseira e/ou na parte lateral do navio e
são rebocados directamente atrás deste.
Equipamento a bordo antes de ser colocado na água
O número de “streamers” varia consoante o navio, mas
podem chegar a ser dezasseis para pesquisas 3D.
Sala do compressor
Esta sala contém os motores do compressor e os
compressores que fornecem ar de alta pressão à fonte dos
conjuntos de canhões. Os compressores têm capacidade
para recarregar os canhões de ar, rápida e continuamente,
permitindo que os conjuntos de canhões disparem
normalmente a cada 10 segundos durante a aquisição de
dados por períodos consecutivos de cerca de 12 horas de
disparos, dependendo da extensão da linha de navegação.
“Streamers” sísmicos
O cabo sísmico ou “streamer” detecta os níveis de energia
muito baixos reflectidos a partir da fonte sísmica que viajam
através da camada de água em direcção à terra e regressam
à superfície, através da utilização de dispositivos sensíveis à
pressão chamados hidrofones.
Os hidrofones convertem os sinais recebidos ao longo dos
“streamers” sísmicos até ao sistema de gravação existente a
bordo, onde os dados são gravados em fita magnética.
Fonte Sísmica
O canhão de ar compreende duas câmaras de elevada
pressão. A elevada pressão do ar é alimentada pela câmara
superior de controlo a partir do compressor existente a
bordo do navio.
Exemplo de um canhão de ar
Os volumes de energia total da fonte variam de pesquisa
para pesquisa e são definidos para fornecer energia sísmica
suficiente para detectar o objectivo geológico da pesquisa
OPERAÇÕES
O primeiro estágio da operação é abastecer o navio sísmico
com combustível e efectuar o carregamento de água,
alimentos e equipamento sísmico, necessários às operações
e à tripulação.
No estágio seguinte, o navio dirige‐se até ao local da
pesquisa. A tripulação terá de ter antecipadamente todos os
detalhes necessários com respeito ao delineamento da
pesquisa, bem como o tipo e as quantidades de
equipamentos a utilizar.
Os operadores do navio terão acesso à informação que
especificará o local onde cada linha sísmica tem de começar
e acabar, qual a fonte de energia de disparo e o intervalo de
disparo. Esta informação estará integrada no sistema de
navegação a bordo do navio.
Quando o navio estiver próximo da área de pesquisa, os
observadores geofísicos e mecânicos irão verificar todos os
equipamentos.
Linhas sísmicas – planeamento da campanha
O tempo de mudança de linha varia de acordo com o
delineamento da pesquisa e com a configuração do
equipamento, mas, normalmente, demora entre uma a três
horas.
Será durante a aproximação ao início da linha que os
procedimentos de protecção ambiental serão aplicados.
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Será realizada, pelo menos 30 minutos antes do disparo dos
canhões, uma observação visual de mamíferos marinhos a
partir do navio sísmico.
Observação de mamíferos marinhos
Nalgumas áreas ou nalguns momentos específicos (noite ou
nevoeiro intenso), os métodos acústicos poderão ser
adicionalmente utilizados para identificar a presença de
mamíferos marinhos na vizinhança do conjunto dos canhões.
MÃO‐DE‐OBRA
Um navio sísmico será fretado para realização da pesquisa. A
embarcação será tripulada por funcionários da empresa de
aquisição sísmica. Um ou vários navios de apoio poderão ser
necessários para acompanhar a embarcação principal – a
tripulação destas embarcações poderá ser de origem local.
Normalmente existe uma tripulação marítima, a equipe
técnica da aquisição sísmica, os Observadores de Mamíferos
Marinhos/Operadores de PAM, as equipas de Qualidade,
Saúde, Segurança e Meio Ambiente, Valores Mobiliários e os
responsáveis pela comunicação com pescadores locais.
Poderá ainda existir um elemento de apoio em terra –
possivelmente recrutado localmente.
VANTAGENS DO PROJECTO
Contribuição para o sucesso do 5º Concurso de
Concessão de Área para a Pesquisa e Produção de
Hidrocarbonetos promovido pelo INP e ausência de
dados de pesquisa sísmica 3D nos blocos do Delta do
Zambeze.
Esta pesquisa propõe‐se avaliar e compreender o
potencial de hidrocarbonetos das águas na costa ao largo
da Beira e Quelimane, através da aquisição de novos
dados sísmicos, com recurso à tecnologia avançada mais
recente, de modo a fornecer imagens claras das
condições geológicas existentes de modo a ajudar a
tomada de decisão dos operadores petrolíferos.
ÁREAS DE INFLUÊNCIA
A área de influência directa (AID) inclui a zona de exclusão
segurança em vigor em torno do navio sísmico, durante as
actividades de aquisição.
A área de influência indirecta (AII) inclui a região ao largo da
Província de Sofala e Zambézia numa área de 34 000 km2.
6 AMBIENTE BIOFÍSICO E SOCIOECONÓMICO
CLIMA
De acordo com Koppen o clima na região centro litoral de
Moçambique é tropical, caracterizado pela ocorrência de
duas estações distintas: uma quente e chuvosa (de
Novembro a Abril) e outra mais fria e seca (entre Maio a
Outubro). As temperaturas médias na costa central
Moçambicana, variam em torno dos 25ºC a 27 °C no verão e
entre os 20º C a 25 °C no inverno. A nível da precipitação,
em termos médios, assume cerca de 1200mm, sendo Março
o mês mais chuvoso. Na zona da Beira os ventos são mais
forte em Outubro e Novembro com velocidades na ordem
dos 15km/h que corresponde a uma brisa fraca com
ondulações até 60 cm.
OCEANOGRAFIA
A massa principal de água de superfície no Canal de
Moçambique circula em direcção ao sul e é denominada
“Corrente de Moçambique”, constituindo um dos ramos da
Corrente Equatorial do Sul.
Esta corrente transporta água quente de salinidade
relativamente baixa, proveniente dos mares do Pacífico e
Indonésia, através do Oceano Índico.
SEC ‐ Corrente Equatorial do Sul; EACC‐ Corrente Costeira Este Africana;
NEMC e SEMC‐ Corrente Nordeste e Sudeste de Madagáscar
Correntes marinhas no canal de Moçambique
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A plataforma continental de Moçambique é estreita, e
raramente se prolonga mais do que poucos quilómetros pelo
mar adentro. A plataforma varia entre 15 a 25 km de largura.
Em média, três a cinco ciclones são formados todos os anos
no canal de Moçambique. Destes, no entanto, apenas uma
média de pouco mais de dois por ano atingiu a costa
moçambicana, no período de 1993 a 2012
Na zona destaca‐se o Banco de Sofala, uma área com quase
50.000 km2 com profundidades inferiores a 200 m. A área de
pesquisa sísmica desenvolve‐se maioritariamente a
profundidades superiores a 1000m.
Batimetria na área de pesquisa
GEOLOGIA
Até aos tempos jurássicos os continentes da Antárctida e
Africa faziam parte do supercontinente que se chamava
Gondwana. Há cerca de 185 milhões de anos este
supercontinente fracturou‐se e deu origem a várias placas
menores.
Na parte sul do Canal de Moçambique existe uma elevação
submersa, designada por Elevação da Beira (Beira High), que
é uma anomalia crustal. Ainda é controverso se essa área é
um fragmento continental ou foi formado durante um
período de maior magmatismo e é de origem oceânica.
Adjacente a este monte submarino encontra‐se a área da
Depressão do Delta do Zambeze que apresenta materiais da
crusta em cerca de 7 km e sedimentos com cerca de 2 km de
espessura. É nestes sedimentos que se encontram
potencialmente hidrocarbonetos.
Possíveis direcções de migração dos hidrocarbonetos nas
formações geológicas na área de pesquisa
Existem muitos indícios em várias formações geológicas de
serem formações produtivas em gás e petróleo.
ECOLOGIA MARINHA
A área de estudo proposta situa‐se maioritariamente em
zona de mar aberto, na região centro da costa
moçambicana, uma região ecológica conhecida como a
Costa Pantanosa (Mangais), que inclui dois grandes sistemas
deltaicos de Moçambique: o Delta do Zambeze e Delta do
Rio Save.
Os Deltas são caracterizados por amplas áreas planas com
muitos canais que se vão ramificando. Por causa da
topografia quase plana, o fluxo de água é lento e induz a
acumulação de areia na foz dos rios. Isso tem gerado uma
série de habitats que podem ser permanente ou
sazonalmente inundados.
A costa de mangais é particularmente importante para mais
de 73 espécies de aves aquáticas, incluindo várias espécies
vulneráveis e ameaçadas e para a indústria da pesca, em
particular para a pesca do camarão.
Exemplo de Mangal
As espécies de águas profundas, com particular importância
na região da pesquisa sísmica proposta, incluem espécies de
peixe pelágicos, baleias, tubarões, raias, tartarugas e
golfinhos.
As espécies de peixes pelágicos pequenos mais abundantes
observadas no Banco de Sofala a profundidades inferiores a
200m incluem a anchova, bicuda, peixes roncadores, xaréua,
peixe‐serra, sardinha e carapau.
A profundidades situadas entre 500 m e 2.800 m, as espécies
mais abundantes são o atum (em particular o atum‐amarelo
e o atum‐patudo), peixe‐agulha e os tubarões. No Banco de
Sofala estima‐se que estas espécies sejam mais abundantes
entre 1.200 e 2.000m
De entre as espécies de peixes‐agulha o mais frequente é o
marlim e, entre os tubarões, os mais abundantes são o
tubarão‐azul e o tubarão‐galha‐preta.
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Em águas profundas ocorrem igualmente camarões (300 e
800m) e lagostas (200 e 400m).
Um número considerável de espécies com interesse especial
para a conservação ocorrem ao longo da costa de
Moçambique. Várias espécies de importância regional e
global ocorrem nesta área, incluindo tartarugas marinhas,
peixes e aves.
Os cetáceos marinhos na área de pesquisa incluem grandes
espécies migratórias de baleias, como as baleias corcundas e
minke, espécies de baleias residentes em alto mar, espécies
de baleias errantes (cachalotes e baleias‐piloto).
Cachalote (Physeter macrocephalus )
Ocorrem também espécies de golfinhos pelágicos (golfinho‐
de‐risso, golfinho‐cabeça‐de‐melão e falsa‐orca) e espécies
de golfinhos residentes (golfinho rotador e golfinho pintado
pantropical).
Golfinho pintado pantropical
Todas as espécies de baleias e golfinhos são protegidas pela
Lei Nacional de Moçambique (Artigo 14º e Anexo II do
Decreto n.º 51/99, de 31 de Agosto, o qual aprova o
Regulamento da Pesca Recreativa e Desportiva).
As quatro espécies de tartarugas marinhas, cuja ocorrência
está documentada na área em estudo, têm estatuto de
conservação de Ameaçadas, nomeadamente a tartaruga‐
cabeçuda, a tartaruga‐verde e a tartaruga olivácea. A
tartaruga‐de‐bico‐de‐falcão está classificada como
Criticamente Ameaçada.
Tartaruga‐de‐bico‐de‐falcão
As tartarugas marinhas são capazes de atravessar grandes e
profundos oceanos e potencialmente podem usar a área de
pesquisa na sua rota de migração.
ÁREAS DE CONSERVAÇÃO
A Eco‐região Marinha de África Oriental identificou algumas
áreas prioritárias para espécies e populações (comunidades)
e estes são locais com biodiversidade que devem ser objecto
de conservação.
Na região de interesse, a Baía de Sofala foi identificada como
uma área de interesse a nível sub‐regional, enquanto o
Sistema do Delta Zambeze e do Arquipélago de Bazaruto
foram sinalizados áreas de interesse a nível global (áreas
prioritárias para conservação).
Nenhuma dessas áreas é directamente afectada pela
pesquisa proposta.
Área de pesquisa relativamente à Baía de Sofala e ao
Sistema do Delta do Zambeze. O Arquipélago de Bazaruto localiza‐se mais a Sul.
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SÓCIO‐ECONOMIA
O projecto abrange 2 Províncias: a de Sofala e a da
Zambézia. Estas províncias como distritos costeiros
apresentam: Sofala – Machanga; Búzi; Dondo; Muanza;
Cheringoma e Marromeu; a Zambézia apresenta – Chinde;
Inhassunge; Maganja da Costa; Namacurra; Pebane e
Nicoadala.
A maioria da população em Moçambique (67%) está
localizada nas regiões centro e sul, com 43% da população a
habitar os distritos litorais e ocupando 19% do território
nacional. A Zambézia apresenta uma densidade populacional
de 42 habitantes/km2 e Sofala 25 habitantes/km2.
As etnias predominantes na Província de Sofala são a Sena e
a Ndau. Na província da Zambézia são predominantes os
grupos étnicos de Lomwe e o Echuabo.
As línguas maternas mais faladas na Província de Sofala são
o Cindau e o Cisena e, na Província da Zambézia, são o
Echuabo e o Elomwe.
As crenças religiosas são diversas destacando‐se a
Zione/Sião a Islâmica e Católica.
A taxa de alfabetização é um bom indicador da
vulnerabilidade de uma comunidade e parece seguir um
padrão decrescente de norte para sul. A Província da
Zambézia tem uma taxa de analfabetismo mais elevada
(62,5) do que Sofala (43,4%).
A nível de cuidados de saúde, na Região Centro (Zambézia e
Sofala) apenas as capitais das províncias estão equipadas
com hospitais centrais. A taxa de incidência do VIH/SIDA
abrange mais do que 10% da população. A malária é a
principal causa de morte, a cólera e a diarreia são também
doenças dominantes.
Em termos de infra‐estruturas e serviços a Região Centro
recebe energia vinda de Cahora Bassa, mas apenas 6% da
população tem acesso a este serviço. A restante população
usa sobretudo madeira e parafina como fontes de energia.
Apenas 6% das famílias na Região Centro têm acesso ao
fornecimento de água canalizada, enquanto as restantes
utilizam água não tratada de rios, poços e outras fontes.
As estradas N1, N7, N104, e N6 ligam a Região Sul ao Norte
de Moçambique, até ao Zimbabué e Zâmbia.
A nível de rendimentos e actividades produtivas a
agricultura, silvicultura e pesca são os principais sectores de
actividade que garantem a subsistência da maioria da
população. Aproximadamente 90% das mulheres trabalha
neste sector global de utilização de recursos naturais. Os
outros sectores, cujas actividades ocupam uma proporção
significativa de pessoas, são o comércio, indústria produtora
e serviços administrativos.
A Pesca é uma actividade importante e generalizada que
envolve vários sectores da população moçambicana ao
longo de toda a costa do país. As actividades de pesca usam
vários tipos de equipamentos e tecnologias e exploraram
diferentes recursos numa variedade de habitats marinhos,
desde as águas rasas até espécies de águas profundas.
O sector das pescas tem atraído investimentos, nacionais e
estrangeiros, para o desenvolvimento de projectos de
construção e reabilitação de infraestruturas, assim como de
desenvolvimento das pescarias, particularmente a do atum.
Existem três segmentos principais no sector das pescas em
Moçambique: pesca artesanal, semi‐industrial, e industrial.
Da produção actual, aproximadamente 91% provêm da
pesca artesanal, 2% da semi‐industrial e 7% da industrial.
Contudo, em termos de valor, as capturas da pesca industrial
representam mais de metade do valor total (52%), enquanto
que a pesca artesanal representa 42%, com os restantes 6%
vindos da semi‐industrial.
A área de pesquisa não interfere com a zona de pesca
artesanal e semi‐industrial, devido à distância que se localiza
da costa, mas pode ter um impacto a nível da pesca
industrial e na pesca à linha.
Área da pesquisa relativamente às áreas de pesca,
interceptando a área de pesca industrial e pesca à linha
As embarcações de pesca semi‐industrial são de tamanho
médio, maioritariamente envolvidas na pesca do camarão.
Salienta‐se neste sector a entrada em vigor dos Planos de
Gestão das Pescarias, que contêm diversos Planos de Acção,
onde, no respeitante aos recursos acessíveis à Pesca Linha
Marinha se delimitou as áreas de Pesca em 3 zonas e se
definiu o número máximo de embarcações por zona de
modo a salvaguardar e potenciar os recursos existentes.
Igualmente significativo e paralelamente as medidas acima
referenciadas, a implementação dos Planos de Gestão é feita
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através dos instrumentos de monitorização e promoção da
Campanha de Sensibilização sobre a Pesca Responsável.
Em 2014 foram emitidas 14 licenças para pesca à linha no
Banco de Sofala, 13 para o sector semi‐industrial e 1 para o
sector industrial, que corresponderam a uma média de 10
embarcações a operar por mês nesta região.
As capturas concentram‐se no camarão, no atum e em
peixes demersais. A maior parte da conservação do peixe a
bordo é feita com gelo.
Embarcações semi‐industriais
A pesca industrial utiliza embarcações maiores (>20 m em
comprimento) ficando 30 dias ou mais no mar, e incide
sobre peixe e camarão em águas rasas e águas profundas. As
capturas são maioritariamente para exportação.
Os barcos de pesca industrial e semi‐industrial estão
frequentemente também equipados com congeladores. Este
tipo de pesca utiliza meios mecânicos para pescar.
Navio de pesca de camarão.
A pesca desportiva e recreativa tem vindo a crescer em
consequência do aumento do turismo no país. Durante
2011, foram emitidas 3.017 licenças para este tipo de pesca.
Até agora não têm havido conflitos entre a pesca desportiva
e recreativa e outros tipos de pesca (artesanal e comercial).
Em relação ao Turismo na Província da Zambézia ‐ conhecida
como a capital do coco – a praia de Zalala dista 45 km a
nordeste da cidade capital ‐ Quelimane. Além do 6 de
Novembro, cinco ilhas dos Arquipélagos das Primeiras e
Segundas, foram declaradas como área de protecção,
esperando‐se que tal traga mais turismo no futuro. Na
Província de Sofala, a Beira é uma grande cidade, a segunda
maior cidade de Moçambique. Tem disponível o resort de
férias Rio Savanne, 40 km a norte da Beira, numa estrada de
cascalho situada entre a foz do rio e Savanne e o Oceano
Índico. O resort só tem acesso por barco através do rio.
Potenciais atracções turísticas incluem a catedral, o farol, a
praia de Macuti e o Grande Hotel da Beira. Recentemente
reabilitado o Parque Nacional da Gorongosa também se
localiza nesta província.
De acordo com a legislação moçambicana o Instituto
Nacional da Marinha (INAMAR) detém a autoridade na
gestão do tráfego marítimo nas águas sob a jurisdição da
República de Moçambique. Para a implementação da gestão
da segurança na navegação contam com a colaboração do
Instituto Nacional de Hidrografia e Navegação.
A CFM ‐ Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique é uma
entidade para‐estatal que supervisiona as vias marítimas e
portos em Moçambique.
O Porto da Beira é uma parceria público‐privada entre a
CFM e a Cornelder Holding. Atualmente, o porto da Beira é o
terceiro mais movimentado em Moçambique. Desempenha
um importante papel para os países como Zimbabué,
Zâmbia e Malawi, na fronteira de Moçambique, sendo usado
por estes países para importar e exporta seus produtos.
Contentores de mercadorias no Porto da Beira
O Porto de Quelimane também é uma parceria público‐
privada entre a CFM e Cornelder Holding. Actualmente, o
quarto mais movimentado em Moçambique, mas com as
reformas no porto de Pemba, em breve, passará para quinto
lugar.
7 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS
Os potenciais impactos das actividades propostas de
pesquisa sísmica foram identificados através dum processo
sistemático no qual são consideradas com atenção as
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Resumo Não Técnico ‐ Fase de EIA
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interacções entre as actividades propostas do projecto e o
ambiente biofísico e socioeconómico, a fim de identificar os
impactos ambientais do projecto.
Foram considerados os seguintes aspectos para determinar
a importância dos impactos identificados:
Natureza do impacto: positivo ou negativo;
Tipo de impacto: directo, indirecto, cumulativo ou
perceptivo
Abrangência: local, regional (inter) nacional
Intensidade do impacto: Baixa, média, elevada
Duração: curto prazo, médio prazo, longo prazo
Probabilidade de ocorrência: improvável, possível,
provável, definitivo
Classificação de Significância – Descrição
INSIGNIFICANTE O impacto potencial é negligenciável, não necessitando de qualquer medida de mitigação ou gestão ambiental.
MUITO REDUZIDA E
REDUZIDA
Não requer nenhuma medida de mitigação específica, para além da aplicação de boas práticas ambientais normais.
MÉDIA A
ELEVADA
Deverão ser definidas medidas de mitigação específicas, de modo a reduzir a significância do impacto a níveis aceitáveis. Caso a mitigação não seja possível, devem ser consideradas medidas de compensação.
MUITO ELEVADA
Deverão ser definidas e implementadas medidas de mitigação específicas, de modo a reduzir a significância do impacto a níveis aceitáveis. Se tal não for possível, a ocorrência de impactos negativos de muito elevada significância deve influenciar o processo de autorização do projecto.
MITIGAÇÃO DE IMPACTOS
A filosofia da Consultec no que respeita à mitigação de
impacto procura em primeiro lugar (e na medida do
possível) evitar a ocorrência impactos. Na impossibilidade de
evitar os impactos, estes são mitigados através da
modificação do projecto ou implementação de medidas de
mitigação no local do impacto.
Nos casos em que as duas primeiras estratégias de mitigação
não são possíveis, a Consultec tem como objectivo remediar
impactos sempre que possível e, finalmente, investigar as
opções de indemnização ou compensação, quando
necessário
8 IDENTIFICAÇÃO DOS POTENCIAIS IMPACTOS
O EIA avaliou os impactos potenciais do projecto proposto
no ambiente biofísico e socioeconómico. A Spectrum, tendo
em conta a sua experiência internacional e os padrões
internacionais de protecção do ambiente, estabeleceu
procedimentos de operação com base em medidas que,
inicialmente, poderão ter sido de minimização mas que
agora fazem parte de toda a operação de pesquisa sísmica.
Este facto, aliado à localização do projecto maioritariamente
em águas profundas, explica a ausência de impactos
negativos elevados ou muito elevados.
Deste modo alguns potenciais impactos das actividades
propostas de aquisição sísmica são assim esperados ser de
significância menor ou desprezável, onde o cumprimento de
todos os requerimentos regulatórios relevantes é, por
conseguinte, uma medida de mitigação essencial para
assegurar que os impactos sejam minimizados a níveis
aceitáveis, destacando‐se como impactos menores ou
insignificantes:
Aumento de riscos de segurança e interferência
com o trafego marítimo;
Redução da qualidade do ar local e contribuição
para as emissões de carbono;
Perturbação da fauna marinha pelo ruído do motor
ou iluminação dos navios;
Redução da biodiversidade local devido à potencial
introdução acidental de biota exótica e
consequentes impactos sobre a biota indígena;
Perturbação e danos sobre o ambiente bentónico;
Impactos em recifes, mangais e leitos de ervas
marinhas;
Impacto na biota marinha decorrente dos efeitos
tóxicos e condições anaeróbicas provocados por
descargas para o mar;
Toxicidade e/ou efeitos sufocantes na biota
marinha como resultado de um derrame acidental
de hidrocarbonetos; Poluição em terra provocada pela gestão e
deposição inadequadas de resíduos;
Incompreensão e receio por comunidades costeiras
resultantes da percepção da passagem do navio;
Revelação de dados geológicos e sua interpretação
e divulgação à comunidade científica.
Os impactos potencialmente "cumulativos" (i.e., impactos
que actuam em conjunto uns com os outros sobre um
recurso ou receptor comum) e o risco de acidentes foram
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Resumo Não Técnico ‐ Fase de EIA
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também avaliados como parte integrante do exercício de
avaliação.
Um grande número de potenciais impactos foi avaliado no
processo de AIA sendo os resultados detalhados
apresentados no Relatório de EIA.
PRINCIPAIS ACTIVIDADES DO PROJECTO GERADORAS DE IMPACTOS
Das diversas acções necessárias para a concretização do
projecto destacam‐se as seguintes como aquelas que são
mais susceptíveis de causarem impactos: operações gerais
das embarcações; aquisição de dados e descargas e
eliminação de resíduos.
RESUMO DOS PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NEGATIVOS
POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVOS
Os principais impactos potencialmente significativos e
assinalados em baixo dizem respeito:
Potenciais impactos sobre ecologia marinha;
Potenciais impactos sobre as actividades de pesca;
Potenciais impactos socioeconómicos.
POTENCIAIS IMPACTOS NA ECOLOGIA MARINHA
Impactos do ruído subaquático com origem nas fontes
sísmicas na Fauna Marinha: Com base num conjunto de
estudos a nível internacional estes impactos no Plâncton e
nos Invertebrados marinhos são classificados como MUITO
REDUZIDOS e INSIGNIFICANTES, não existindo actualmente
medidas de mitigação a aplicar. Nos Peixes os impactos do
ruído com origem nas fontes sísmicas são classificados como
MUITO REDUZIDOS passando a INSIGNIFICANTES após a
aplicação das medidas de mitigação propostas. Estes
impactos nas Tartarugas são classificados com uma
significância MÉDIA passando a REDUZIDA após a aplicação
dos procedimentos de mitigação aplicáveis à Megafauna.
Impactos nos Mamíferos Marinhos do ruído subaquático
com origem nas fontes sísmicas: Os efeitos fisiológicos e
comportamentais destes impactos não são expectáveis para
os Dugongos e são classificados como MÉDIOS passando a
REDUZIDOS após a aplicação dos procedimentos de
mitigação para os Cetáceos. Os impactos na Comunicação
são considerados REDUZIDOS antes e após a aplicação das
medidas de minimização.
Impactos nos Mamíferos Marinhos devido ao choque com
embarcações: os cetáceos, estes impactos são considerados
REDUZIDOS e mantêm a mesma classificação após a
aplicação das medidas de minimização.
Impactos sobre a pesca que implicam a deslocação da
actividade: A pesca artesanal não é afectada pelas
actividades de pesquisa sísmica. Na pesca semi‐industrial e
industrial, assim como na pesca desportiva e recreativa estes
impactos são INSIGNIFICATES antes e após a aplicação das
medidas de minimização. A nível da pesca à linha os
impactos são INSIGNIFICATES antes e após a aplicação das
medidas de minimização.
POTENCIAIS IMPACTOS NAS PESCAS
Impactos sobre a pesca que implicam uma redução das
capturas e/ou uma deslocalização das actividades : Na
pesca artesanal estes impactos não são expectáveis. Na
pesca semi‐industrial e industrial, são classificados como
INSIGNIFICANTES antes e após a aplicação de medidas de
minimização.
POTENCIAIS IMPACTOS NAS SÓCIO‐ECONÓMICOS
Impactos socioeconómicos pela perda de rendimentos: Os
pescadores artesanais e os pescadores semi industriais não
serão afectados por este impacto. Para os pescadores
industriais, estes impactos têm uma significância MUITO
REDUZIDA antes e após a aplicação das medidas de
minimização. Na pesca desportiva e recreativa estes
impactos são classificados como MUITO REDUZIDOS sem a
necessidade de aplicação de medidas de minimização.
Impactos socioeconómicos pelo aumento do risco para
mergulhadores desportivos e pescadores: Estes impactos
têm uma significância MÉDIA que passa a REDUZIDA com a
aplicação das medidas de minimização.
RESUMO DOS PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS CUMULATIVOS
Não são conhecidos efeitos ambientais históricos ou actuais
documentados, mensuráveis, cumulativos, ou físicos sobre
qualquer organismo marinho que possam ser atribuídos a,
ou em parte, uma fonte de energia sísmica em operação na
região da pesquisa.
Assim, quaisquer impactos cumulativos de uma fonte de
energia na pesquisa sísmica teriam que ser medidos como
impactos comportamentais causadas por exposição repetida
à fonte de energia em conjunto com outras fontes de ruído.
Dentro da área de estudo pode existir diferentes fontes
produzindo ruídos enquanto quando a fonte de energia
sísmica está activa. A pesca comercial ocorre dentro da área
de pesquisa proposta.
Concomitante com a actividade da pesca há o transporte
nacional e internacional. O ruído combinado das hélices
destes navios pode tornar o mar um lugar muito barulhento,
especialmente próximo de zonas de pesca e portos
comerciais
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Resumo Não Técnico ‐ Fase de EIA
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Sons no oceano
. Uma vez que a pesquisa sísmica proposta não se irá realizar
em áreas de grande actividade de transporte comercial por
um período prolongado de tempo, não é de esperar que a
embarcação de levantamento sísmico, com o associado
ruído da sua hélice, vá contribuir de forma significativa para
o ruído global do tráfego de navios nacionais/internacionais
na região.
9 PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL
Dado que o EIA se baseia em previsões antes da realização da actividade, o mesmo parte do pressuposto de que o projecto executará as medidas de controlo e mitigação propostas. Se essas medidas não forem implementadas, então a utilidade do EIA enquanto ferramenta para as partes interessadas e decisores externos é comprometida.
Assim sendo, é crucial que estes pressupostos, as medidas de mitigação, constituam compromissos que serão implementados. Deste modo, é fundamental garantir que as medidas propostas, em resultado da avaliação dos potenciais impactos e conforme descritas no relatório de EIA e acordadas com o Proponente, sejam integradas no projecto e posteriormente implementadas. O PGA assegura esta função de integração das medidas no Projecto.
Assim, o Relatório do EIA inclui um PGA que integra as medidas de mitigação e monitorização dos impactos ambientais identificadas no EIA, num conjunto de planos de contingência sistematizados, bem como um conjunto de procedimentos operacionais baseados nas melhores práticas internacionais e que pretendem minimizar o risco de danos e perturbação dos mamíferos marinhos, estes planos e procedimentos são listados abaixo:
Plano de Gestão de Resíduos, Emissões e Descargas: Este Plano descreve o enquadramento legal e detalha as acções a implementar para uma adequada gestão dos resíduos, emissões e descargas produzidos na embarcação.
Procedimento de Disparo Suave dos Canhões de Ar: Este procedimento descreve o método usado para aumentar progressivamente a saída acústica da matriz de origem no início de cada linha sísmica, a fim de minimizar o prejuízo e a perturbação para a fauna marinha e para cumprir com as directrizes e regulamentos regionais e internacionais. Esta medida de atenuação é baseada num princípio de precaução que aumentando lentamente a energia acústica libertada, é dado tempo suficiente para que, mesmo em movimento relativamente lento a fauna marinha se afaste da vizinhança da fonte de som.
Procedimento de Registo de Mamíferos Marinhos: Este procedimento descreve o método a ser usado para registar observações de mamíferos e mega fauna marinha (inclui tartarugas e tubarões). Esta é uma exigência regulamentar, mas também serve a um meio valioso para aumentar o conhecimento sobre a distribuição e abundância da fauna em áreas muitas vezes não cobertas por outros meios de pesquisa.
Procedimento de Mitigação relativo a Aves Marinha: Este procedimento descre as medidas a adoptar em caso de colisão de aves marinhas com a embarcação de pesquisa sísmica.
Medidas de Gestão Ambiental: Listagem das medidas de gestão ambiental com referência aos impactos identificados e categorização das acções de gestão de acordo com a fase em que serão implementadas e responsáveis pela sua implementação. São identificados os requisitos específicos de monitorização, indicadores de desempenho e frequência para todas as acções propostas.
Plano de Comunicação: teve como objectivo garantir uma comunicação eficaz entre a Spectrum, pescadores semi‐industriais e industriais, operadores turísticos e outros utilizadores do mar /partes interessadas incluindo as autoridades provinciais, distritais e locais, de modo a minimizar os efeitos da pesquisa sísmica sobre os operadores marítimos que actuam na área da pesquisa sísmica.
Plano de Acção de Emergência: Protocolos de resposta à emergência que serão implementados para fazer face a qualquer incidente grave de uma forma segura, rápida, efectiva e eficiente. As potenciais situações de risco poderão estar especificamente relacionadas com a contaminação da água do mar, devido a descargas para o mar ou derrames acidentais de hidrocarbonetos, com riscos de contaminação em terra, riscos relacionados com a segurança e riscos de incêndio.
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Plano de Segurança das embarcações: Inclui e detalha todas as recomendações de segurança descritas bem como protocolos de resposta adequados a todas as condições de emergência previsíveis, incluindo situações de condições climáticas extremas (ciclones e tempestades) e risco de incidentes de pirataria.
Plano de Consciencialização e Prevenção de HIV: Este plano estabelece as medidas a implementar de modo a consciencializar os trabalhadores para a necessidade de combate e prevenção do HIV e de outra doenças infecciosas.
Plano de Educação e Sensibilização em Ambiente e Segurança Ambiental: Descreve como o pessoal afecto ao Projecto será sensibilizado para as medidas e controlos de gestão ambiental e social que terão de implementar.
10 CONSULTA PÚBLICA
O EIA em versão preliminar foi disponibilizado para revisão a
qualquer pessoa ou organização que estivesse interessada
ou que fosse afectada pelo Projecto.
O Projecto da Spectrum, de acordo com a legislação em
vigor, terá dois momentos de Consulta Pública: na fase de
EPDA, que ocorreu em Setembro de 2015 na cidade de
Quelimane, Beira e Maputo e, em fase de EIA, em Abril de
2016. Em ambas as fases os relatórios preliminares
estiveram disponíveis para consulta em diversos locais e na
página da internet da Consultec.
Nas reuniões públicas o projecto e avaliação ambiental do
mesmo são discutidos de modo a que todas as PI&A’s sejam
informadas sobre as actividades que se pretendem realizar,
qual a previsão das respectivas consequências dessas
actividades e é assegurada a oportunidade a todos que o
quisessem de expor as suas opiniões, preocupações e
expectativas relativamente ao apresentado.
11 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O ambiente marinho na área em estudo apresenta uma
biodiversidade excepcional, que se encontra concentrada
em áreas de elevada produtividade, resultante do
significativo contributo em nutrientes proporcionados pelo
rio Zambeze e pela extensa plataforma continental com
profundidades inferiores a 200m – Banco de Sofala.
As actividades de aquisição sísmica irão cobrir uma área em
águas profundas, e os impactos destas actividades sobre a
biodiversidade não serão uniformes ao longo da extensão da
área do projecto.
As actividades de aquisição sísmica são temporárias por
natureza, dado que os navios sísmicos estarão em constante
movimento e a sua presença numa determinada área
específica, bem como os impactos daí decorrentes, será de
curta duração. As actividades planeadas serão executadas
em diferentes zonas na área delimitada, ao longo de um
período que pode ir até 6 meses.
Muitos dos impactos potenciais no ambiente receptor
decorrentes da aquisição sísmica podem ser mitigados
através da implementação de medidas de mitigação já
estabelecidas e rotineiramente utilizadas para este tipo de
actividade a nível global. No que concerne aos restantes
impactos, avaliados no relatório de EIA, foram identificados
vários impactos para os quais a significância residual (pós‐
mitigação) permanece média ou reduzida. Estes impactos
estão associados com impactos potenciais na fauna marinha
(sendo os mais relevantes relacionados com o efeito
fisiológico e comportamental do ruído sísmico nos cetáceos)
e com potenciais impactos socioeconómicos.
A área de pesquisa localiza‐se essencialmente nas águas
profundas, que são em geral menos sensíveis a estas
actividades do que o ambiente costeiro de águas mais rasas.
De modo a mitigar os impactos esperados, foram definidas
várias medidas de mitigação e gestão, que se encontram
sistematizadas no PGA, forma definidos igualmente um
conjunto de Planos de Gestão e Procedimentos de modo a
assegurar que os impactos são reduzidos a níveis aceitáveis
não comprometendo a riqueza existente, aumentando ao
máximo possível a sustentabilidade ambiental e social do
planeamento e implementação das pesquisas sísmicas
propostas.
O EIA em versão final será finalizado à luz de todos os
comentários recebidos e é será submetido ao Governo para
tomada de decisão.
Para qualquer clarificação ou comentário, entre em contacto
connosco:
Consultec, Consultores Associados Lda.
Telefone 21 491 555Fax 21 491 578Email: Susana Paisana ‐ [email protected]
www.consultec.co.mz