Achados relacionados à ruptura
das próteses PIP® (Polyimplant
Prosthesis) na Ressonância
Magnética
Maria Helena Louveira
Anacleto Junior Basseto
Mayra Dal Bianco Negrisoli
CETAC – Diagnóstico por Imagem
Clinica de Cirurgia Plástica
Dr. Anacleto Basseto
Curitiba-PR
Introdução
Mamoplastia de aumento - mais
freqüente entre as cirurgias plásticas
Acima de 1% da população feminina
americana submeteu-se a mamoplastia de
aumento (1-2 milhões de mulheres)
No Brasil, em 2011, foram realizadas 149
mil cirurgias para aumento das mamas
(Soc Internacional de Cir Plástica)
80% para fins puramente estéticos e
20% para reconstrução pós cirurgia
para câncer de mama
Evolução dos Implantes Mamários
1895 – Czerny – transplante de um lipoma para a
mama
1950 – Longacre – uso de substâncias injetáveis como:
petróleo, resina, parafina, poliuretano, teflon, silicone,
etc
1961 – Uchida – silicone injetável
1962 – Cronin e Gerow – implante mamário com gel de
silicone
Inicio da era moderna da mamoplastia de aumento
Evolução dos Implantes Mamários
Implante mamário com gel de silicone
(1962)
Complicações:Contratura capsular
Ruptura
1ª Geração
Desenvolvimento de Implantes Mais resistentes com gel
De silicone viscoso e invólucro espesso
FDA – Restrição ao uso nos EUA(1990-2006)
Relação do uso dos implantesDe silicone com
Doenças auto-imunes
2ª e 3ª Gerações
4ª e 5ª GeraçõesAtualidade
Evolução dos Implantes Mamários de silicone
1ª Geração (1962-1970) Silicone gel viscoso
Formato anatômico
Superfície lisa e invólucro espesso
2ª Geração (1970-1982) Silicone gel menos viscoso
Formato arredondado
Superfície lisa e invólucro fino, com pequena permeabilidade
3ª Geração (1982-1992) Silicone gel mais viscoso
Formato arredondado
Superfície lisa com invólucro espesso, forte e com baixa permeabilidade
4ª Geração (1993 até o presente)
Silicone gel coesivo, mais viscoso
Formato redondo ou anatômico
Superfície lisa ou texturizada
Invólucro espesso, forte, com baixa permeabilidade
5ª Geração 1993 até o presente)
Forma estável de silicone gel e de alta coesão
Formato redondo ou diversas formas anatômicas
Superfície lisa ou texturizada
Invólucro espesso, forte e com baixa permeabilidade
Implante de 4ª e 5ª. Geração Alta coesão
Uso dos métodos de imagem na avaliação dos
implantes de silicone
Mamografia Detecta ruptura extracapsular quando há extravasamento de
silicone para o parênquima mamário ou para a musculatura
Não detecta ruptura intracapsular
Pode não detectar extravasamento posterior
Ultrassonografia Eficácia variável para detecção de ruptura intra e extracapsular
Sensibilidade (47-74%) e Especificidade (55-96%)
Operador-dependente
Ressonância Magnética Alta sensibilidade (94%) e especificidade (97%) para detecção
de rupturas, principalmente em pacientes sintomáticas
Exame de escolha quando há suspeita de ruptura
Linha subcapsular Sinal da lágrima invertida Sinal de Linguine
Sinais de ruptura intracapsular na RM –
Implantes de 2ª e 3ª. gerações
Sagital – T1
Sagital – STIR
Sag – Water-supression
Sinais de ruptura intracapsular na RM –
Implantes de 2ª e 3ª gerações
Duplo contorno
Silicone extravasado
T1
STIR
W-S
Sinais de ruptura intra e extracapsular na RM
– Implantes de 2ª e 3ª. gerações
Paciente do sexo feminino, 43 anos, com história de mamoplastia de aumento há 2 anos, com dor e aumento de volume nas axilas
Caso 1
Sinais discretos de ruptura intra e extracapsular –Implante de alta coesão – 5ª geração
Gotículas de liquidoNo interior do implante
Extravasamento mínimo do Componente de silicone para fora do
Invólucro
Caso 1
Sag – water-Supression Sag T1 pos-contraste
A linfonodomegalia pode ser sinal inicial de rompimentoDo implante ou já ocorrer mesmo nas fases iniciais
Da ruptura
Caso 1
Ruptura intracapsular – implantes de alta coesão
Gotas de liquidoNo interior do implantes Duplo contorno
Aspecto em ¨tempestade de neve¨, típico da presença de
silicone no interior dos linfonodos
Linfonodo com silicone
Ruptura
Rupturas intra e extracapsular – implante de alta coesão
Extravasamento do silicone eFragmentação do implanteLiquido no interior do implante
Evolução para o rompimento das próteses
PIP® (possibilidade)
Processo inflamatório adjacenteAo implante - coleção
Microperfurações no envelope Do implante
Rompimento da cápsula –Ruptura intracapsular
Entrada de pequenas quantidade de liquido no implante
Fragmentação do implante
Extravamento para o parênquima –Ruptura extracapsular
Migraçao de silicone paraLinfonodos (axila e mamária
interna)
Alteração da permeabilidade do Implante
–extravasamento invisível
Evolucão dos achados na RM de rompimentoDe prótese de alta coesão
Ruptura intracapsular
Gotas de liquido
Liquido periimplante
Fragmentação do implante
110 pacientes reconvocadas
Março de 2007 a março de 2010
Tempo de implantação: 24-57 meses (Média: 39 meses)
Volume médio do implante: 282 ml
Avaliação clínica e por imagem
48 pacientes realizaram RM
Proposta de troca dos implantes a todas as pacientes, independente
do resultado da RM, devido ao risco de rompimento – decisão
individualizada
22 Pacientes submeteram-se à troca dos implantes
Avaliação intra-operatória
Biópsia da cápsula fibrosa
Avaliação de pacientes com implantes de silicone
da marca PIP® por Ressonância Magnética e
correlação com achados cirúrgicos
Basseto Jr. A, 2012
o 48 pacientes (96 mamas) realizaram RMo 75 mamas (78%) normais. o 21 mamas (22%) sinais de ruptura.
o 16 (16,67%)presença de líquido Peri -implante
o 7 (7,29%) conteúdo heterogêneo. o 7 (7,29%) linfonodomegalia.o 6 (6,25%)contornos irregulares o 6 (6,25%)presença de silicone livre.o 4 (4,16 %) sinais de ruptura (?) - duvidoso
o Correlação com achados cirúrgicoso 1 RM negativa, com ruptura do implante (FN:
>>>%)o Pequena perfuração do invólucro
o 7(29%) pacientes com linfonodomegalias
Resultados
Basseto Jr. A, 2012
A maioria das pacientes eram assintomáticas 22% das pacientes tiveram ruptura do implante
(Literatura: 3,9 – 26% para qualquer marca e 17 –20% - PIP®)
22 pacientes foram submetidas a troca dos implantes por sinais de ruptura na RM e as demais trocaram por iniciativa próopria
Achados cirúrgicos Freqüentemente liquido seroso e esbranquiçado
adjacente ao implante em graus variados
Cultura negativa
Espessamento da cápsula fibrosa – processo inflamatório
Recuperação sem complicações
Exemplo 1
SEM RUPTURA COM RUPTURA
Conclusões
Os implantes PIP®, que tiveram reconhecido defeito na fabricação do seu invólucro, proporcionaram a possibilidade de estudo de novos sinais relativos a ruptura dos implantes de alta coesão, os quais diferem daqueles observados nos implantes preenchidos por gel de silicone.
Chama a atenção a maior frequência de comprometimento linfonodal visto nas pacientes com ruptura dos implantes PIP®, o qual pode ocorrer antes mesmo do rompimento completo do implante.
É descrito que pode ocorrer linfonodopatia com sinais de infiltração por silicone tanto em cadeia axilar como mamária interna, identificável na RM ou na US, sem sinais de ruptura do implante.
Conclusões
A evolução do rompimento do implante de alta coesão difere do observado em implantes mais antigos (2ª e 3ª gerações), estando associado a importante processo inflamatório adjacente, com formação de coleção líquida extensa, precedendo sua ruptura
Novos sinais na RM devem ser reconhecidos e valorizados para que o diagnóstico de rompimento do implante seja feito de forma rápida, com indicação de sua remoção, evitando os danos que podem advir do contato do silicone com o tecido adjacente, ou da sua migração para órgãos à distância.
Referências
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8 – Aktouf A, Auquit-Auckbur I, Coquerel-Beghin D ET AL. Augmentation mammaire par prothèses em gel de silicone de La marque Poly Implante Prothèses (PIP): étude rétrospective de 99 patientes. Analyse des ruptures et prise em charge.Annales de chirurgie plastique esthétique 2012; 57:558-566
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Referências