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7/21/2019 Acidentes Com Serpentes
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Manual de Rotinas
Centro de Informacoes Toxicologicas Belm
+55 (091) 259-3748
Este texto foi extrado do manual Acidentes por
Animais Peonhentos de autoria do Dr. Pedro
Pereira de Oliveira Pardal - Professor Adjunto da
Disciplina de Doenas Infecciosas e Parasitrias da
Universidade Federal do Par e do Dr. Rubens
Nobuo Yuki - Professor da Faculdade Integrada doTapajs, Santarm, Par. A publicao deste
excerto para uso interno do Projeto LBA-Ecologia
foi autorizada pelos autores.
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ACIDENTES OFDICOS
No Brasil, os acidentes por serpentes peonhentas so denominados acidentes ofdicos e
so causados por espcies dos gnerosBothrops(jararaca),Lachesis(surucucu), Crotalus(cascavel) eMicrurus(coral).
CONDUTAS PARA IDENTIFICAO DAS SERPENTES
_____________________________1 - Existem relatos de que a Cobra-cip (Phylodria) produz acidentes com dor e edema
Presente Ausente
Caudacom
chocalho
(Fig. 2)
Caudacom
escamas
lisas
(Fig. 3)
Caudacom
escamas
eriadas
(Fig. 4)
Crotalus(Cascavel)
Bothrops
(Jararaca)
Lachesis
(Surucucu)
Observar
Escudo ou escamaloreal
(Fig. 5)
Ausente Presente
Olho com dimetro igual ou menor
que a distncia entre o olho e a
abertura bucal
(Fig. 6)
Olho com dimetro maior que a
distncia entre o olho e a abertura
bucal
(Fig. 7)
Micrurus
(Coral)
No peonhenta
(Falsa coral)
ObservarFosseta loreal
(Fig. 1)
Com anis coloridos
(Preto, branco, vermelho,
amarelo)
No
peonhenta
(Falsa coral,
cobra dgua,
cobra cip1,
muurana)
Sem anis coloridos
No peonhenta
(jibia, sucuriju,
piriquitambia)
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Fig. 1 - Fosseta loreal o orifcio localizado
entre a narina e o olho, encontrado nas
jararacas, surucucus e cascavis.
Fig. 2 - Cauda de cascavel. Fig. 3 - Cauda de jararaca. Fig. 4 - Cauda de surucucu.
Observar o guiso, ou chocalho. Aspecto uniforme, lisa ao tato. Aspecto eriado na parte ventral,
spera ao tato.
Fig. 5 - Escudo ou escama loreal a escama
localizada entre a escama ocular e a pr-nasal.
Fig. 7 - Falsa coral: olho com dimetro
maior que a distncia entre o olho e a
bucal, e presena da escama loreal.
Fig. 6 - Coral verdadeira: olho com
dimetro menor ou igual distncia
entre o olho e aabertura bucal, eausncia da escama loreal.
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CONDUTAS QUANDO O PACIENTE NO TROUXER A SERPENTE
Quando no houver dor local, nem edema local, e sim parestesia local e fcies
neurotxica (ptose bipalpebral, oftalmoplegia), suspeitar de acidente por Crotalus(cascavel)
ou porMicrurus(coral).
Fig. 8 - Aspecto de fcies neurotxica.
Presena de:mialgias,
urina cor de caf,
oligria ou anria
Ausncia de:mialgias,
urina cor de caf,
oligria ou anria.
Acidente por
cascavelVide pg. 19
Acidente por
coralVide pg. 21
Sem dor local, sem edema local, com parestesia local e presena defacies neurotxica.
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Quando o paciente apresenta dor local, edema local e/ou ascendente, com ou sem
sangramento, com ou sem bolhas, e sem fcies neurotxica (ptose palpebral, oftalmoplegia),
suspeitar de acidente porBothrops(jararaca)2ouLachesis(surucucu).
Fig. 9- Acidente porBothrops. (Foto do acervo daDra. Lilian Rodrigues).
_____________________2 - Lembrar que o acidentado raramente conhece a serpente e muitas das vezes denomina a jararaca, de surucucu ou surucucurana.
Nestes casos, dar importncia aos sintomas e sinais, e procedncia do acidentado.
Floresta primria Floresta secundria
(capoeira, roado, campo, lugares
abertos, quintal, ou a cobra estava
no topo da rvore)
Acidente porjararacaousurucucu
Acidente por
jararacaVide pg. 15
Com sintomas vagais:
diarria,
dor abdominal,
hipotenso arterial,
bradicardia
Sem sintomas vagais
Acidente por
surucucuVide pg. 17
Dor local e/ou edema local, com ou sem sangramento,
sem fcies neurotxica.E o acidente ocorreu em...
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ACIDENTES POR Bothrops(JARARACA)
As serpentes do gneroBothrops,alm de apresentarem fosseta loreal, possuem a cauda
lisa e esto distribudas em todo o territrio brasileiro, sendo responsveis pela maioria dos
acidentes na regio Amaznica; so conhecidas pelos nomes de jararaca, surucucurana, combia
e at de surucucu.
Fig. 10 -Bothrops atrox.
______________________________3 - Princpios da Soroterapia: A dosagem depende da gravidade do acidentado. Administrar o soro aps 20 minutos da Pr-
medicao (vide tratamento inespecfico). O soro dever ser dado puro em gotejamento, 30 a 40 gotas/minuto, intravenoso.
No existe contra-indicao para gestantes. A dosagem para crianas a mesma que para os adultos.
Acidente leve Acidente moderado Acidente grave
Dor local.
Edema local.
Sangramento local.TC (Tempo de
coagulao) normal ou
alterado.
Dor local.
Edema local.
Edema ascendente.Sangramento local.
Sangramento sistmico.
TC (tempo de coagulao) normal
ou alterado.
Sintomas do moderado,
acrescidos de:
Edema local e ascendenteintenso.
Bolhas, necroses.
Sangramento sistmico.
abundante.
Choque.
Oligria, anria.
IRA (Insuficincia renal aguda).
TC normal ou alterado.
Soro antibotrpico3
4 ampolas
Soro antibotrpico38 ampolas
Soro antibotrpico3
12 ampolasExames laboratoriais
Acidente por Bothrops(jararaca)
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Internar o paciente.
Garantir um bom acesso venoso.
Membro acidentado deve ficar estendido e elevado em torno de 45.
No garrotear, no fazer cortes, no sugar o local da picada.
Limpeza local com antissptico.
No romper as bolhas.
Verificar a presso arterial.
Controlar o volume urinrio.
Analgsico, para alvio da dor.
Usar sintomticos (anti- e outros, se necessrio).
No h indicao do uso de antinflamatrio.
O uso de antibiticos dever ser indicado quando houver evidncia de infeco (cloranfenicol
ou clindamicina + aminoglicosdeo).
Manter o paciente hidratado, com diurese entre 30 e 40 ml/hora (adulto) e 1 a 2 ml/kg/hora
(crianas).
Pr-medicao4realizada 20 minutos antes da soroterapia (tentativa de minimizar os efeitos
de hipersensibilidade). Prescrever:
Prometazina (Fenergan): Dose 0,5 mg/kg, no mximo 25 mg, intramuscular.
Cimetidina (Tagamet): Dose 10 mg/kg, mximo de 300 mg (1ampola), endovenoso;
ou Ranitidina (Antak): Dose 3 mg/kg, mximo 100 mg (1 ampola), endovenoso.
Hidrocortisona (Solu-Cortef): Dose 10 mg/kg, no mximo 1000 mg, endovenoso.
______________________4 - A prometazina preveniu, tanto quanto um placebo, o aparecimento de reaes imediatas (Wen, F. H. 1996).
Hemograma
TC - Tempo de Coagulao
Plaquetas
Creatinina
UriaUrina rotina
Tratamento inespecfico
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ACIDENTES POR Lachesis(SURUCUCU)
As serpentes do gnero Lachesis, alm de apresentarem fosseta loreal, possuem a
cauda com escamas eriadas e so encontradas apenas em reas de florestas primrias; na
Amaznia, so conhecidas pela denominao de surucucu, surucucu verdadeira ou surucucu
pico de jaca. O seu acidente incomum.
Fig. 11 - Lachesis muta muta. (Foto do acervo do
Dr. Paulo Buhrnheim).
______________________5 - Princpios da soroterapia semelhantes aos vistos nos acidentes porBothrops.
Moderado Grave
Dor local.
Edema local.
Edema ascendente.Hemorragia local.
Hemorragia sistmica.
Sintomas vagais:
Diarria.
Dor abdominal (clicas).
Bradicardia.
TC normal ou alterado.
Dor local.
Edema local.
Edema ascendente intenso.Hemorragia local.
Bolhas, necrose local.
Hemorragia sistmica intensa.
Choque hipovolmico.
Sintomas vagais:
Dor abdominal.
Diarria.
Bradicardia.
Hipotenso, choque.
TC alterado.
Soro antilaqutico5
10 ampolasSoro antilaqutico5
20 ampolas
Acidente por Lachesis(surucucu)
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Internar o paciente.
Garantir um bom acesso venoso.
Membro acidentado deve ficar estendido e elevado em torno de 45.
No garrotear, no fazer cortes, no sugar o local da picada.
Limpeza local com antissptico.
No romper as bolhas.
Verificar a presso arterial.
Controlar o volume urinrio.
Analgsico, para alvio da dor.
Usar sintomticos (anti-emticos e outros, se necessrio).
No h indicao do uso de antinflamatrio.
O uso de antibiticos dever ser indicado quando houver evidncia de infeco (cloranfenicol ou
clindamicina + aminoglicosdeo)Manter o paciente hidratado, com diurese entre 30 e 40 ml/hora (adulto) e 1 a 2 ml/kg/hora
(crianas).
Pr-medicao realizada 20 minutos antes da soroterapia (tentativa de minimizar os efeitos de
hipersensibilidade). Prescrever:
Prometazina (Fenergan): Dose 0,5 mg/kg, no mximo 25 mg, intramuscular.
Cimetidina (Tagamet): Dose 10 mg/kg, mximo de 300 mg (1ampola), endovenoso; ou
Ranitidina (Antak): Dose 3 mg/kg, mximo 100 mg (1 ampola), endovenoso.
Hidrocortisona (Solu-Cortef): Dose 10 mg/kg, no mximo 1000 mg, endovenoso.
Obs: A prometazina preveniu, tanto quanto um placebo, o aparecimento de reaes imediatas
(Wen, F. H. 1996).
Exames laboratoriais
HemogramaTC - Tempo de coagulao
Plaquetas
Creatinina
Uria
Urina rotina
Tratamento inespecfico
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ACIDENTES POR Crotalus(CASCAVEL)
As serpentes do gnero Crotalus, alm de apresentarem fosseta loreal, possuem na cauda um
chocalho, ou guizo; na Amaznia, so encontradas em algumas regies dos Estados do Par (Ilha
do Maraj, Santarm e sul do Par), Amap e Roraima.
Fig. 12 - Crotalus durissus ruruima. (Foto
do acervo do Dr. Paulo Buhrnheim).
__________________6 - Princpios da soroterapia semelhantes aos vistos nos acidentes porBothrops.
Acidente moderado Acidente grave
Sem dor local.
Sem edema local.
Parestesia local.Fcies miastnica (ptose bipalpebral).
Mialgia discreta ou ausente.
Urina pode apresentar cor escura.
Ausncia de oligria ou anria.
Sintomas do moderado, acrescidos de:
Prostrao, sonolncia.
Vmitos.Mialgia intensa.
Secura da boca.
Fcies miastnica:
Ptose bipalpebral.
Oftalmoplegia.
Viso escura.
Diplopia.
Urina cor de caf.
Oligria, anria, insuficincia renal aguda.
Soro anticrotlico6
10 ampolas
Soro anticrotlico620 ampolas
Acidente por Crotalus(cascavel)
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Hidratao adequada para prevenir a IRA, manter o fluxo urinrio: 1 a 2 ml/kg/hora, na
criana. No adulto: 30 a 40 ml/hora.
pH urinrio deve ser mantido acima de 6,5: administrar bicarbonato de sdio e monitorar por
gasometria.
Diurticos: manitol a 20% (5 ml/kg na criana e 100 ml no adulto), caso persista a oligria,
administrar furosemida (1 mg/kg/dose, na criana, e 40 mg/dose, no adulto).
Dilise peritoneal: quando as medidas acima no responderem.
Tratamento inespecfico
Exames laboratoriais
Hemograma, Urina rotina
TGO (Transaminase Glutmico Oxalactica)
CPK (Creatinofosfoquinase)
DHL (Desidrogenase ltica)
TC (Tempo de Coagulao)
Uria, Creatinina e Potssio
Gasometria
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ACIDENTES POR Micrurus(CORAL)
As serpentes da famliaElapidaeso peonhentas. No Brasil encontramos somente o
Micrurus. So as denominadas corais ou corais verdadeiras. Na Amaznia, seu acidente
Fig. 13- Micrurus spixii. (Foto do acervo
do Dr. Paulo Buhrnheim).
__________________7- Princpios da soroterapia semelhantes aos vistos nos acidentes porBothrops.
Acidente grave
Sem dor local
Sem edema local
Parestesia local
Vmitos
Fraqueza muscular progressiva
Dificuldade de deambularMialgia pode ocorrer
Fcies miastnica:
Ptose bipalpebral
Oftalmoplegia
Viso escura
Diplopia
Dificuldade de deglutir
Insuficincia respiratria de instalao precoce
Apnia
Soro antielapdico710 ampolas
Acidente por Micrurus(coral)
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Internar em CTI
Manter paciente adequadamente ventilado: mscara e embu, intubao traqueal e embu ou
ventilao mecnica.
Teste da neostigmine: aplicar 0,05mg/kg, em criana, ou 1 ampola no adulto, endovenoso; se
houver melhora imediata do quadro neurolgico, continuar aplicando neostigmine.Teraputica de manuteno do neostigmine: 0,05 a 0,1 mg/kg, a cada 4 horas ou intervalos
menores, endovenoso, sempre precedido da administrao de atropina: 0,05 mg/kg, na criana,
e no adulto 0,5 mg, endovenoso.
Exames laboratoriais
(No so necessrios)
Tratamento inespecfico