AGENESIA DE METACARPO, METATARSO E FALANGE EM DOIS CÃES –RELATO DE CASO
SIMONE SCHERER1, PÂMELA GARCIA DE ALMEIDA2, GABRIELA LOBO
D’ÁVILA2, KAIRUAN CAMERA KUNZLER², MARCELO MELLER ALIEVI , ELAINE
STREDA4
1 Doutoranda da Faculdade de Veterinária (FAVET) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) – [email protected] Aluno de graduação da FAVET-UFRGS.
³ Professor Adjunto do Departamento de Medicina Animal da FAVET-UFRGS. 4 Médica veterinária autônoma.
Resumo:
Malformações ósseas em extremidades de membros de cães e gatos são incomuns
e as mais relatadas envolvem alterações de rádio ou tíbia. Este trabalho tem por
objetivo relatar de agenesia de metacarpos, metatarso e falanges em dois cães, com
30 dias de idade.
Palavras-chaves: hemimelia, canino, malformação congênita.
AGENESISOF METACARPUS, METATARSUS AND PHALANX IN TWO DOGS – CASE
REPORT
Abstract:
Skeletal malformations in the extremities of dogs and cats are uncommon and the
most commonly reported involve radius or tibia. This work aims to report agenesis of
metacarpus, metatarsus and phalanx bones in two dogs, with 30 days old.
Keywords: hemimelia, canine, congenital malformation.
Introdução:
Malformações das extremidades ou partes delas são variadas em suas
manifestações, desde a ausência de uma estrutura única até a ausência parcial ou
total dos membros. Alterações como agenesia de rádio (Trevisan et al., 2001)
associada ou não a ectrodactilia são as malformações de extremidade de membros
33º CONGRESSO BRASILEIRO DA ANCLIVEPA - 2012
401
mais comumente relatadas em cães e gatos na literatura (Ferreira et al., 2007;
Oliveira et al. 2002), sendo que poucos são os relatos de hemimelia de metacarpo,
metatarso e falanges sem envolvimento de rádio, ulna, tíbia e fíbula descritos nestas
espécies. Este trabalho tem por objetivo relatar dois casos de agenesia em
extremidade de membros em cães.
Relato do Caso
Foram atendidos um cão, sem raça definida, fêmea, com 2 meses de idade e outro
cão, macho, Border Collie, de 40 dias de idade. O primeiro, a presentava leve desvio
varo das extremidades dos membros torácicos, e, ao exame clínico, apresentou
hiperextensão bilateral da articulação do carpo (Fig. 1A). Na avaliação radiográfica
do membro torácico esquerdo foi observada agenesia do quarto e quinto
metacarpiano e falanges proximal, média e distal dos mesmos, enquanto o membro
torácico direito apresentou agenesia de quinto metacarpiano esquerdo e falanges
proximal, média e distal (Fig. 1B). O segundo caso apresentou ao exame clínico,
leve desvio valgo do tarso direito (Fig. 1C). A avaliação radiográfica evidenciou
agenesia do quarto metatarsiano e hipogenesia do terceiro e quarto metatarsianos,
juntamente com agenesia das falanges proximais do terceiro e quarto dígitos (Fig.
1D). Em ambos os casos foi indicado o uso de órteses temporárias, radiografias
controle mensais, até o término do crescimento dos pacientes e posterior correção
cirúrgica através da artrodese das articulações acometidas. Foi indicado também
posterior esterilização destes pacientes.
Figura 1- (A) caso 1, observe o desvio medial da extremidade dos membros torácicos e ausência de dígitos; (B) radiografia dorsopalmar dos membros torácicos do caso 1 demonstrando as alterações supracitadas; (C) caso 2, observe desvio lateral da extremidade do membro pélvico direito; (D) radiografia dorsoplantar da extremidade distal do membro pélvico direito demonstrando as alterações supracitadas.
Discussão
Diferente das alterações de extremidade de membros relatada por Ferreira et
al.(2007) e Oliveira et al. (2006) as alterações encontradas nos dois casos não estão
A B C D
402
associadas a ectrodactilia. Mas as alterações diagnosticadas foram agenesia e
hipoplasia de metacarpos, metatarsos e falanges nestes cães.
O exame radiográfico foi fundamental para a confirmação das malformações, como
agenesia e hipoplasia dos metacarpos, metatarsos e falanges. Como a idade de
diagnóstico foi precoce foram indicadas radiografias a cada 30 dias para melhor
controle das alterações e possíveis consequências decorrentes das malformações.
A utilização temporária de órteses objetivou oferecer maior conforto a estes
pacientes durante a deambulação e término do crescimento, devido a instabilidade
articular dos metacarpos e metatarsos acometidos. A indicação de artrodese como
método definitivo de estabilização articular corrobora com Frey e Williams (1995) e
Innes et al. (2001) para casos mais graves de instabilidade decorrente de
malformações e como técnica de salvamento do membro. A indicação de
esterilização dos animais acometidos é justificada pelo provável caráter hereditário
destas afecções (Frey e Williams, 1995).
Conclusão
Baseado nestes relatos, deve-se incluir na lista de diagnósticos das afecções dos
membros locomotores de cães a agenesia de metatarso, metacarpo e falanges.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, M.P.; ALIEVI, M.M.; BECK, C.A.C; et al. Ectrodactilia em cão: relato de caso. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n.4, p.910-913, 2007.
FREY, M.; WILLIAMS, J. What is your diagnosis? (Ectrodactyly in a Chow Chow dog). Journal of American Veterinary Medicine Association, v.206, p.619-620, 1995.
INNES, J.F.; McKEE, W.M.; MITCHELL, R.A.S.; et al. Surgical reconstruction of ectrodactyly deformity in four dogs. Veterinary Compendium of Orthopedics and Traumatology, v.14, p.201-209, 2001.
OLIVEIRA, D.; ARTONI, S.M.B. Ectrodactillia em cão (canis domestica). Ciência Rural, Santa Maria, v.32, n.6, p.1063-65, 2002.
TREVISAN, L.; FERREIRA, M.P.; FREIRE, C.D.; et al. Hemimelia (agenesia) em rádio de cão - relato de caso. In: XIII Salão de iniciação científica – UFRGS, anais. Porto Alegre, Brasil, out 2001.
403