Alimentação e Nutrição de Felídeos Silvestres
Alexandre Tavela
Leopardus pardalis
Introdução
•Dinâmica populacional de predadores de topo de cadeia.
•Interações tróficas:– Diversidade e a densidade das presas.
– Predadores e o ecossistema.
Hábitos Alimentares• Gato-maracajá e Gatos-do-mato
– Presas arbóreas.– Pássaros pequenos.– Frutas.– Artrópodes.
• Jaguatiricas– Presas terrestres.– Menor quantidade de pássaros pequenos.– Répteis.– Animais maiores.
• Onça-parda– Roedores (médio e grande porte).– Ungulados. – Xenarthras.– Marsupiais.
Hábitos Alimentares• Floresta tropical decídua no México:
– Iguana-negra foi a presa mais importante das jaguatiricas, seguida do rato-de-bolsa.
• Floresta tropical da Costa Rica: – Jaguatirica se alimentava principalmente de roedores terrestres de
tamanho pequeno a médio.
• Nos Llanos da Venezuela:– Alimentação oportunista das jaguatiricas.– Durante a estação úmida, quando havia abundância de caranguejos
uçá, eles eram a principal presa das jaguatiricas.– Durante a estação seca, os roedores e iguanas eram a principal presa.
• São Paulo, na região sudoeste do Brasil:– Jaguatirica, gato-maracajá e gato-do-mato-pequeno alimentavam-se
principalmente de pequenos mamíferos terrestres (<1 Kg).– Jaguatirica: animais maiores (>3 Kg, preguiça e tatu-galinha) além de
cobras e lagartos.– O gato-do-mato-pequeno alimentou-se mais de pássaros.– O gato-maracajá foi generalista e não se concentrou em nenhuma
espécie em particular.
Alimentação em Cativeiro
Nutrição de Felídeos
• Trato digestivo curto, o que diminui o tempo de passagem dos alimentos.
• Carnívoros restritos: – Baixa tolerância a carboidratos na dieta,
pois não possuem amilase salivar e sintetizam pouca amilase pancreática.
– Não podem sintetizar alguns nutrientes, devendo obtê-los diretamente do alimento.
Nutrição de Felídeos
• Felídeos não sintetizam ornitina:
– Utilizam arginina no ciclo da uréia.
– Necessidades de arginina são elevadas.
– Deficiência pode provocar intoxicações amoniacais fatais.
Nutrição de Felídeos• Felinos não produzem taurina:
– Geralmente os animais obtêm a taurina a partir da metionina e da cisteína.
– Felinos não possuem o sistema enzimático capaz de realizar esta transformação sendo dependente da ingestão de taurina.
– Geralmente os animais formam os sais biliares a partir de taurina e glicina.
– Felinos não utilizam glicina, o que aumenta a demanda de taurina.
– Deficiência de taurina resulta na degeneração da retina, cegueira e cardiopatia.
Nutrição de Felídeos
• Felinos não convertem o ácido linoléico em araquidônico:
– O ácido araquidônico é necessário para a síntese de prostaglandinas e deve ser administrado na dieta.
– Sua deficiência leva a problemas reprodutivos, dermatite, pele hiperplásica, paraqueratose e hemorragia subcutânea.
– Produtos animais contêm ácido araquidônico:• Farinha de pescado;• Gordura de aves e mamiferos.
Nutrição de Felídeos
• Felinos são inaptos na conversão do aminoácido triptofano a niacina (vitamina do complexo B).
– Suas necessidades de niacina são quatro vezes maiores que a dos cães.
– Sua deficiência causa perda de peso e apetite e úlceras na cavidade oral e língua.
Nutrição de Felídeos• Felinos não convertem o β-caroteno (presente
nos vegetais) em vitamina A:
– Necessitam ingerir a vitamina A já formada.
– Deficiência de vitamina A:• Distúrbios relativos ao crescimento e reprodução,• Pele seca e escamosa com poucos pêlos, • Cegueira noturna,• Danos a epitélios de órgãos dos tratos digestivo e
urinário.
– Felinos alimentados exclusivamente com vísceras, (fígado) podem desenvolver intoxicação por vitamina A:• Alterações na postura, • Incoordenação,• Aumento na sensibilidade cutânea.
Nutrição de Felídeos
• Felinos têm elevado catabolismo protéico:
– A necessidade de piridoxina nos gatos é quatro vezes maior do que em cães.
– A deficiência desta vitamina leva a anemia, parada do crescimento, lesões renais irreversíveis e convulsões.
Nutrição de Felídeos• Na maioria dos carnívoros:
– Dietas com alto conteúdo protéico: • Aumento da atividade enzimatica, para catabolizar a
quantidade adicional de aminoácidos e transformar o nitrogênio excessivo em uréia.
– Dietas com baixo conteúdo protéico• Redução da atividade enzimatica, conservando o nitrogênio.
• Felídeos: altas necessidades protéicas:– Incapacidade das enzimas em se adaptar às mudanças da
ingestão de proteínas da dieta.
– Enzimas em índices elevados de atividade, com alto catabolismo de proteínas depois de cada refeição, independentemente do seu conteúdo protéico.
– Manutenção adequada de aminoácidos depende do consumo constante de níveis elevados de proteína.
Nutrição de Felídeos• Ração:
– Energia: entre 3500 a 4000 kcal EM/kg, – Lipídeos: 10% a 15%,– Proteína: 25% a 35%,– Carboidratos não fibrosos: < 50%,– Fibras: 3%.
• Relação cálcio/ fósforo disponível de 1.5 a 2.0 : 1.0
• Cloreto de sódio.
• Alto conteúdo de ácidos graxos polinsaturados (peixe) – Deve haver suficiente quantidade de vitamina E
para evitar oxidação.– Descamação da pele, esteatite e necrose no tecido
subcutâneo.
Leite Materno Felino• Nível de imunoglobulinas constante durante toda
a lactação.
• Concentração protéica do leite da gata diminui nos primeiros três dias e depois aumenta de 30 para 43%.
• o valor calórico do leite felino aumenta de 850 Kcal/L no início da lactação para 1550 Kcal/L no meio da lactação.
• A concentração protéica aumenta durante toda a lactação, começando com um valor de 40 g/L e indo até 60 a 70 g/L.
Neonatologia• Tamanho do estômago de um filhote:
– 50ml/kg,– Cuidado no momento da administração, para evitar
vômitos, falsa via e diarréia.
• Exemplo de protocolo de alimentação:– Iniciar com 5ml/100g/dia ao nascer,– Aumentar de 1 a 2 ml/100g/dia, – Até 20, 25, 30 e 35 ml/100g/dia durante a segunda,
terceira, quarta e quinta semanas de vida,– Dividir em várias refeições,– Aquecer o sucedâneo a 37-38ºC.
• Administração do sucedâneo:– Sonda orogástrica.– Mamadeiras adaptadas.
• Estimula o reflexo de sucção e o impulso de comer.• Aumenta a capacidade do estômago.
Sucedâneo• Elaboração de sucedâneos:
– Palatabilidade,– Requerimento energético: de 22 a 26 Kcal/100g de peso vivo.
• 25 gramas de gema de ovo (1 gema);
• 150 ml de leite integral bovino;
• 20 gramas (1 colher de sopa) de creme de leite;
• 25 gramas de ração para gatos em crescimento;
• 25 ml de Água;
• Suplemento mineral e vitamínico.
Considerações• O creme de leite poderá ser substituído por leite de coco (na
mesma proporção) ou manteiga (10 gramas) – problemas com a homogenização no caso da manteiga.
• A gema de ovo é bastante desequilibrada com relação a Cálcio e P (0,20% de Ca e 0,85% de P, devendo ser utilizada com precauções) – pode ser corrigida com calcário calcítico ou casca de ovo.
• Caso o filhote apresente intolerância, substituir o leite por creme de arroz.
• Após 21 dias introduzir rações (papinhas) pré desmama.
• Após o desmame, deve-se, gradualmente, fornecer alimentação sólida, no mínimo 3 vezes ao dia.