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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA
KAROLINA DAMASCENO
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA VEGETAÇÃO RIPÁRIA SOBRE O ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO EM UM TRECHO PAULISTA DO RIO PARAÍBA DO SUL
LORENA
2018
1
KAROLINA DAMASCENO
ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA VEGETAÇÃO RIPÁRIA SOBRE O ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO EM UM TRECHO PAULISTA DO RIO PARAÍBA DO SUL
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Escola de Engenharia de
Lorena – Universidade de São Paulo como
requisito parcial para conclusão da
Graduação do curso de Engenharia
Ambiental.
Orientador: Prof. Lucas Gonçalves Queiroz
Lorena
2018
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Agradecimentos
Agradeço primeiramente à Deus, por ter permitido que eu cursasse esta
graduação.
Ao meu tão amado pai Odair João Damasceno, que não mediu esforços para
me ver chegar aqui e de quem eu jamais vou esquecer dos ensinamentos deixados.
À minha mãe Valquíria, às minhas irmãs Letícia e Débora e meu cunhado
Thiago por todo amparo, amor e paciência nesses anos.
Ao meu namorado Jan-Niklas Schmidt por ter me dado tanto apoio nas horas
em que eu mais precisava.
Ao meu querido amigo, Danilo de Figueiredo Sanfelice, por ter acreditado e me
incentivado e ajudado a ir atrás do meu sonho de ser engenheira ambiental.
Ao Professor Lucas Gonçalves Queiroz, por toda atenção, paciência,
companheirismo e suporte durante o desenvolvimento desta monografia.
Aos professores Daniel Clemente e Ana Paula Nola Deski, pela participação na
banca avaliadora e melhorias sugeridas para este trabalho.
Aos amigos de Lorena, por todas as horas de estudos nas madrugadas e todos
os momentos inesquecíveis vividos.
À todos que me ajudaram direta ou indiretamente na realização deste trabalho,
o meu muito obrigada.
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RESUMO
DAMASCENO, K. Análise da influência da vegetação ripária sobre o índice de estado trófico em um trecho em paulista do rio Paraíba do Sul. 2018. 55p. Monografia (TCC) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2018. O Rio Paraíba do Sul tem uma grande importância em âmbito nacional, pois abastece 28 cidades e tem uma posição geográfica de alta relevância: entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Há uma grande influência na qualidade da água devido ao tipo de utilização do solo e tipo de cobertura, além de que 79% do efluentes lançados neste manancial não são tratados previamente. Todos estes fatores comprometem diretamente a qualidade das águas deste rio, visto que contribuem para o aumento de nutrientes presentes no manancial, o que acelera um processo natural chamado eutrofização. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da vegetação ciliar de áreas de preservação permanente nas cidades de Aparecida, Guaratinguetá, Lorena e Cachoeira Paulista, sobre variáveis físico-químicas e biológicas na qualidade da água deste manancial. Além disso, este estudo visou determinar o Índice de Estado Trófico a partir da Clorofila-a e Fósforo total utilizando amostras de água do Rio Paraíba do Sul, mensurar a quantidade de vegetação ripária em metros quadrados nos pontos de coleta utilizando o software ArcGis, avaliar a correlação entre o índice de vegetação ripária e o índice de estado trófico e determinar se a vegetação ripária está de acordo com o Código Florestal. Os resultados mostraram que o nível de Clorofila-a E Fósforo não ultrapassaram o limite determinado na resolução CONAMA 357/05 para rio classe 2, assim como o Índice de Estado Trófico. Todas as áreas de Preservação Permanente analisadas estão fora do que é estabelecido pelo Código Florestal Brasileiro. Além de que, mensurou-se a influência dos parâmetros analisados sobre a cobertura vegetal da área da APP analisada. Os resultados mostram a necessidade de haver iniciativas que promovam a proteção da vegetação remanescente das Áreas de Preservação Permanente.
Palavras-chave: Área de Preservação Permanente. Índice de Estado Trófico. Cobertura vegetal.
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ABSTRACT
DAMASCENO, K. Analysis of the influence of riparian vegetation on the trophic state index in a section in São Paulo state of the Paraíba do Sul river. 2018. 55p. Monograph (TCC) Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2018. The Paraíba do Sul River has a great importance in the national scope, since it supplies 28 cities and has a geographic position of high relevance: between the cities of Rio de Janeiro and São Paulo. There is a great influence on water quality due to the type of land use and the type of cover, and most of the riparian vegetation is devastated, and 79% of the effluents released in this spring are not treated previously. All these factors directly affect the quality of the waters of this river, since they contribute to the increase of nutrients present in the spring, which accelerates a natural process called eutrophication. The objective of this work was to evaluate the influence of ciliary vegetation of permanent preservation areas in the cities of Aparecida, Guaratinguetá, Lorena and Cachoeira Paulista, on physical-chemical and biological variables in the water quality of this source. In addition, to determinate the Trophic State Index from Chlorophyll-a and Total Phosphorus from water samples from the Paraíba do Sul River, to measure the amount of riparian vegetation in square meters at collection points using ArcGis software, to evaluate the correlation between riparian vegetation index and trophic status index and determine if the riparian vegetation is in accordance with the Forest Code. The results showed that the level of Chlorophyll-a and Phosphorus did not exceed the limit determined in the resolution CONAMA 357/05 for river class 2, as well as the Index of Trophic State. All the Permanent Preservation areas analyzed are outside the ones established by the Brazilian Forest Code. In addition, the influence of the analyzed parameters on the vegetation cover of the APP area analyzed was measured. The results show the need for initiatives for promoting the protection of the remaining vegetation of the Permanent Preservation Areas.
Keywords: Permanent Preservation Area. Index of Trophic Status. Vegetal cover.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Uso e ocupação do solo no trecho paulista da Bacia do Rio Paraíba
do Sul (com base na classificação de imagens Landsat TM 5). ................................ 23
Figura 2: Médias aritméticas simples das concentrações de Clorofila-a em µg/L,
em amostras de água do trecho Aparecida a Cachoeira Paulista em maio e agosto de
2014. ......................................................................................................................... 29
Figura 3: Imagem aérea do ponto de coleta 1, referente a montante do
município de Aparecida. ............................................................................................ 31
Figura 4: Imagem aérea do ponto de coleta 1, com poligonização e classificação
da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a montante do
município de Aparecida. ............................................................................................ 32
Figura 5: Imagem aérea do ponto de coleta 1, com poligonização e classificação
da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a montante do
município de Aparecida. ............................................................................................ 33
Figura 6: Imagem aérea do ponto de coleta 2, referente a jusante da cidade de
Aparecida. ................................................................................................................. 33
Figura 7: Imagem aérea do ponto de coleta 2, com poligonização e classificação
da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a jusante da
cidade de Aparecida. ................................................................................................. 34
Figura 8: Imagem aérea do ponto de coleta 2, com poligonização e classificação
da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a jusante da
cidade de Aparecida. ................................................................................................. 35
Figura 9: Imagem aérea do ponto de coleta 3, referente a montante da cidade
de Guaratinguetá. ...................................................................................................... 35
Figura 10: Imagem aérea do ponto de coleta 3, com poligonização e
classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
montante da cidade de Guaratinguetá. ..................................................................... 36
Figura 11: Imagem aérea do ponto de coleta 3, com poligonização e
classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
montante da cidade de Guaratinguetá. ..................................................................... 37
Figura 12: Imagem aérea do ponto de coleta 4, referente a jusante da cidade
de Guaratinguetá. ...................................................................................................... 37
6
Figura 13: Imagem aérea do ponto de coleta 4, com poligonização e
classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
jusante da cidade de Guaratinguetá. ......................................................................... 38
Figura 14: Imagem aérea do ponto de coleta 4, com poligonização e
classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
jusante da cidade de Guaratinguetá. ......................................................................... 39
Figura 15: Imagem aérea do ponto de coleta 5, referente a montante da cidade
de Lorena. ................................................................................................................. 39
Figura 16: Imagem aérea do ponto de coleta 5, com poligonização e
classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
montante da cidade de Lorena. ................................................................................. 40
Figura 17: Imagem aérea do ponto de coleta 5, com poligonização e
classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
montante da cidade de Lorena. ................................................................................. 41
Figura 18: Imagem aérea do ponto de coleta 6, referente a jusante da cidade
de Lorena. ................................................................................................................. 41
Figura 19: Imagem aérea do ponto de coleta 6, com poligonização e
classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
jusante da cidade de Lorena. .................................................................................... 42
Figura 20: Imagem aérea do ponto de coleta 6, com poligonização e
classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
jusante da cidade de Lorena. .................................................................................... 43
Figura 21: Imagem aérea do ponto de coleta 7, referente a montante da cidade
de Cachoeira Paulista. .............................................................................................. 43
Figura 22: Imagem aérea do ponto de coleta 7, com poligonização e
classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
montante da cidade de Cachoeira Paulista. .............................................................. 44
Figura 23: Imagem aérea do ponto de coleta 7, com poligonização e
classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
montante da cidade de Cachoeira Paulista. .............................................................. 45
Figura 24: Imagem aérea do ponto de coleta 8, referente a jusante da cidade
de Cachoeira Paulista. .............................................................................................. 45
7
Figura 25: Imagem aérea do ponto de coleta 8, com poligonização e
classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
jusante da cidade de Cachoeira Paulista. ................................................................. 46
Figura 26: Imagem aérea do ponto de coleta 8, com poligonização e
classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a
jusante da cidade de Cachoeira Paulista. ................................................................. 47
Figura 27: Áreas extraídas do ArcGis para raio de 100 metros a partir do ponto
de coleta, em metros quadrados. .............................................................................. 49
Figura 28: Áreas extraídas do ArcGis para raio de 200 metros a partir do ponto
de coleta, em metros quadrados. .............................................................................. 49
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Largura mínima da faixa marginal de acordo com a largura do rio. 20
Tabela 2: Coordenadas dos pontos de coletas. .............................................. 24
Tabela 3: Classificação do Estado Trófico para rios segundo Índice de Carlson
Modificado ................................................................................................................. 26
Tabela 4: Médias aritméticas simples das concentrações de Fósforo Total em
µg/L, em amostras de água do trecho Aparecida a Cachoeira Paulista. ................... 28
Tabela 5: Tabela 5: Índice de estado trófico PT, em amostras de água do trecho
Aparecida a Cachoeira Paulista. ............................................................................... 29
Tabela 6:Tabela 6: Índice de estado trófico Clorofila-a, em amostras de água
do trecho Aparecida a Cachoeira Paulista. ............................................................... 30
Tabela 7: Tabela 7: Índice de estado trófico Total, em amostras de água do
trecho Aparecida a Cachoeira Paulista. .................................................................... 30
Tabela 8: Tabela 8: Áreas extraídas do ArcGis para raio de 100 metros a partir
do ponto de coleta, em metros quadrados. ............................................................... 48
Tabela 9:Tabela 9: Áreas extraídas do ArcGis para raio de 200 metros a partir
do ponto de coleta, em metros quadrados. ............................................................... 48
Tabela 10: Tabela 10: Teste de Correlação de Spearman para a coleta I
(Maio/2014). .............................................................................................................. 51
Tabela 11: Tabela 11: Teste de Correlação de Spearman para a coleta II
(Agosto/14). ............................................................................................................... 52
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LISTA DE SIGLAS
AGEVAP Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio
Paraíba do Sul
APP Área de Preservação Permanente
CEIVAP Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CL Clorofila
CONAMA Conselho Nacional do meio Ambiente
EIA Estudos de Impacto Ambiental
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IET Índice de estado Trófico
IF Instituto Florestal
PT Fósforo Total
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 13
2.1 Vale do Paraíba..................................................................................... 13
2.1.1 Agricultura....................................................................................... 14
2.1.2 Pecuária ......................................................................................... 15
2.1.3 Silvicultura e Agrofloresta ............................................................... 15
2.1.4 A indústria no Vale do Paraíba ....................................................... 16
2.1.5 Mineração na Bacia do Paraíba do Sul .......................................... 17
2.2 Eutrofização .......................................................................................... 18
2.3 Índice de estado trófico (IET) ................................................................ 18
2.4 Cobertura vegetal ripária ....................................................................... 19
2.5 Código Florestal .................................................................................... 20
2.6 Resolução CONAMA ............................................................................. 21
3 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 22
3.1 Objetivos específicos ............................................................................ 22
4 METODOLOGIA ..................................................................................................... 23
4.1 Área de estudo ...................................................................................... 23
4.2 Coleta de amostras ............................................................................... 24
4.3 Fósforo Total ......................................................................................... 24
4.4 Clorofila-a .............................................................................................. 25
4.5 Índice de estado trófico (IET) ................................................................ 25
4.6 Uso do solo e análise de áreas de APP ................................................ 26
4.7 Correlação de Spearman ...................................................................... 27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 28
5.1 Fósforo Total ......................................................................................... 28
5.2 Clorofila-a .............................................................................................. 28
11
5.3 Índice de estado trófico ......................................................................... 29
5.4 Uso do solo e análise de áreas de APP ................................................ 31
5.5 Correlação de Spearman ...................................................................... 50
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55
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1 INTRODUÇÃO
Toda a humanidade precisa de água para sua sobrevivência, porém sua
utilização modifica a qualidade e, na maioria das vezes, a água é devolvida para o
meio ambiente sem um tratamento adequado. Outras atividades antrópicas como o
desmatamento de áreas adjacentes aos corpos hídricos, mudanças no uso do solo,
projetos de irrigação, construção de barragens e despejo de esgotos (domésticos ou
industriais) causam impactos negativos na qualidade e na disponibilidade da água em
uma bacia (TUNDISI e TUNDISI, 2008).
O Vale do Paraíba Paulista possui 2,47 milhões de habitantes (EMPLASA,
2016) e a água produzida na bacia é compartilhada entre as Regiões Metropolitanas
do Rio de Janeiro e de São Paulo (CEIVAP, 2011). A maioria da população é
abastecida com águas captadas do Rio Paraíba do Sul, seus afluentes, ou poços
artesianos (DEVIDE, 2013).
A bacia do Rio Paraíba do Sul abastece 28 cidades da Região do Vale do
Paraíba, e se encontra entre os maiores centros urbanos do país (São Paulo e Rio de
Janeiro). O uso de suas águas é para principalmente abastecimento, irrigação,
diluição de esgotos e geração de energia por meio de hidrelétricas (ANA, 2014). Com
o despejo de efluentes sem tratamento e o uso intenso das águas, a qualidade da
bacia tem piorado significativamente nos últimos anos (DEVIDE, 2013).
O efeito tóxico aumentou no Rio Paraíba do Sul em 2013 em relação ao ano de
2012 e a balneabilidade da água tornou-se péssima nos afluentes na zona rural em
Pindamonhangaba (CETESB, 2013). A atividade urbana e industrial contribui com ao
todo 330 toneladas de DBO por dia (Demanda bioquímica de oxigênio) de resíduos
orgânicos na bacia, sendo 55% de efluentes domésticos e o restante industrial,
concomitante ao fósforo, nitrogênio e resíduos de agrotóxicos dos sistemas
agrossilvopastoris (CEIVAP, 2011).
Sem o tratamento adequado, esses resíduos orgânicos aumentam
significativamente a quantidade de nutrientes favorecendo a proliferação de
organismos que assimilam esses compostos produzindo um grande volume de
biomassa planctônica. O enriquecimento destes nutrientes nos corpos hídricos
receptores é fator característico da eutrofização, que é considerada um dos maiores
problemas ambientais causados pela poluição de corpos d’água, promovendo um
crescimento acelerado de plantas aquáticas e cianobactérias. O Índice do Estado
13
Trófico (IET) classifica corpos d’água em diferentes graus de trofia, ou seja, analisa a
qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e tem como reflexo o
crescimento excessivo das algas ou ao aumento da infestação de macrófitas
aquáticas. A presença de vegetação às margens do rio contribui para o controle do
Índice de Estado Trófico ou sua redução, pois suas raízes são como um filtro de
contenção de compostos que podem entrar diretamente nos rios. (CETESB, 2013;
FARAGE et al, 2010).
A vegetação ripária é fundamental para o equilíbrio ecológico, provendo
proteção para as águas e o solo, diminuindo o assoreamento e a força das águas que
chegam aos corpos hídricos. Muitas vezes o excesso de nutrientes que chega ao meio
aquático é proveniente do uso dessas substâncias na agricultura, alcançando as
águas superficiais por escoamento superficial, ou percolando pelo solo e
contaminando o lençol freático. No segundo caso, os poluentes podem também
chegar às águas superficiais através de zonas de recarga entre os rios e aquíferos.
(LIMA; ZAKIA, M., 2015).
Considerando o atual estado em que se encontra a qualidade da água da bacia
do Rio Paraíba do Sul, a importância da vegetação ciliar e a preservação da qualidade
da água de mananciais, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a influência desta
vegetação sobre o índice de estado trófico da água e trazer informações que permitam
auxiliar na preservação e manutenção da qualidade das águas do Rio Paraíba do Sul.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Vale do Paraíba
A macrorregião do Vale do Paraíba do Sul é formada pela união de 39
municípios, agrupados em seis microrregiões, compondo uma área de 16,2 mil km²
(IBGE, 2009). É um grande eixo de ligação entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro pela rodovia Presidente Dutra, importante corredor de mercadorias e serviços
na depressão entre a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. A porção paulista do
Vale do Paraíba é uma das regiões mais industrializadas do país, tendo participado
de todas etapas do sistema de industrialização do Brasil (VIEIRA, 2009). A região toda
possui elevada importância ambiental em meio ao maior, mais diversificado e
imponente polo industrial brasileiro (DEVIDE, 2013).
14
Toda a rede hidrográfica da bacia do Paraíba do Sul é influenciada pelas
chuvas de verão, onde dezembro, janeiro e fevereiro são os meses de maior
ocorrências de chuvas. Nessa época, ocorrem inundações de várzeas, terraços
fluviais, com um histórico de fluxo de massa na região de montanha (DEVIDE, 2013).
2.1.1 Agricultura
O solo do Vale do Paraíba é de difícil manejo sustentável devido ao relevo de
mares de morros. Inicialmente, a agropecuária era voltada para abastecer as rotas do
ciclo do ouro com culturas de subsistência, mas com seu declínio, iniciou-se a
produção de cana-de açúcar. Em torno de 1850 houve a ocupação de áreas não
exploradas pelo cultivo do café, sendo exportado para a Europa (KOSHIBA, 1979). O
desflorestamento generalizado neste ciclo perdurou por 100 anos (1780-1880) e foi
considerada a principal atividade antrópica morfodinâmica. (DANTAS & COELHO
NETTO, 1996).
A abolição do tráfico negreiro no ano de 1850, inviabilizou a produção do café
nas terras do Vale, então introduziu-se o cultivo de arroz no município de Tremembé.
Até hoje, as cidades de São José dos Campos, Caçapava, Pindamonhangaba,
Roseira, Guaratinguetá e Lorena são as principais produtoras de arroz (BORGES,
2009). Contudo, é necessário ressaltar que o cultivo sob inundação do solo traz
impactos significativos à qualidade da água que drena dos quadros de arroz,
convertendo-se em poluição a partir do carregamento de fertilizantes e matéria
orgânica, comprovando a necessidade da fiscalização e controle da adubação para a
produção por inundação (DEVIDE, 2013).
Nos terraços que beiram os rios, ribeirões e várzeas, os solos pouco
desenvolvidos de textura arenosa e agregados pouco resistentes, além de baixos
teores de matéria orgânica e reduzida capacidade de retenção de nutrientes
demandam irrigação para o cultivo anual. A remoção da vegetação favorece a rápida
degradação da matéria orgânica, resultando na intensa lavagem dos solos pela ação
das chuvas. Dentre as culturas em pequena escala, destacaram-se o cultivo do
algodão, fumo, batatinha, milho, feijão, mandioca e batata-doce (TAVARES e SILVA,
2008).
15
2.1.2 Pecuária
O sistema hidrológico já impactado pelo café ficou ainda mais alterado com a
substituição das plantações por pastagens. A densa rizosfera das gramíneas na
superfície do solo proporcionou condições ideais para a infiltração das águas pluviais.
No entanto, de modo mais intenso, já que pastagens não interceptam a água no dossel
e a camada de serapilheira é inferior para regularizar a recarga gradual tal como
ocorre nos solos de floresta (DEUS, 1991).
No período do café, a erosão do solo baseou-se no transporte superficial e com
a introdução de gramíneas pela pecuária leiteira, o fluxo subsuperficial gerou a erosão
linear acelerada (COELHO NETTO et aI., 1988). A elevada quantidade de sedimentos
que convergiram para os fundos de vales foi muito superior à capacidade de transporte
dos canais, promovendo agradação dos vales em escala regional devido ao
desequilíbrio do sistema fluvial (STETN, 1960). Segundo o Censo Agropecuário do
IBGE (2003), a área de pastagens na porção paulista do Vale do Paraíba equivalia a
36,5% do território, com um rebanho de 12,3 mil cabeças em 2 mil km² de pastagens
naturais e 7 mil km² de pastagens plantadas. Em 2004, ROMEIRO et al. identificaram
45,7% do território como pastagens, tendo como fonte imagens de satélite e
classificaram a aptidão de terras regulares para pastagens plantadas (2,72%) e
restrita para pastagens plantadas (28,89%), avaliando-se que 30% dessas pastagens
estejam degradadas.
2.1.3 Silvicultura e Agrofloresta
Em 2002, SPADOTTO analisou os aspectos geográficos, históricos e
ecológicos da introdução da produção do eucalipto na região do Vale do Paraíba. O
primeiro registro de reflorestamentos comerciais com eucalipto são do ano de 1965,
desenvolvendo-se mais intensamente na década do ano de 2000. Esse novo tipo de
cultura no Vale provocou modificações na estrutura fundiária e no modo de produção
agropecuário, diminuindo atividades produtivas tradicionais, como o cultivo do feijão,
milho e outras culturas agrícolas em áreas declivosas (FREITAS et al., 2012).
Produtores rurais destacam problemas de saúde pública pelo uso exacerbado
de agrotóxicos não permitidos em operações de “capina química”, ocasionando a
morte de animais e a contaminação de pessoas, dos solos e dos recursos hídricos
como também prejuízos financeiros aos proprietários de terras pela queda do preço
da madeira (FREITAS et al., 2012).
16
Os impactos da expansão do eucalipto por município foram avaliados por
ARGELLO et al. (2010), entre os anos de 2001 e 2007, segundo imagens TM/Landsat-
5 referenciado com o mapeamento do Instituto Florestal do Estado de São Paulo (IF).
Foi descrito um aumento de 32% das áreas de cultivo até o ano de 2007. A silvicultura
se desenvolveu sobre áreas de pastagem em 55%, vegetação secundária teve um
aumento de 15%, mata de galeria ampliou-se em 9% e áreas com solo exposto
expandiram-se 7%. (CARRIELLO & VICENS, 2011).
As consequências ambientais da abertura irregular de estradas em áreas
íngremes para o escoamento da produção florestal são os mais severos, pois o tráfego
de caminhões e máquinas colhedoras compactam o solo, provocam poluição sonora
(FREITAS et al., 2012) e aumentam a produção de sedimentos, levando a uma maior
turbidez e condutividade elétrica, conforme estudos em bacias pareadas realizados
por LIMA (1993) e LIMA & ZAKIA (2006), graças às condições ruins das estradas de
acesso aos plantios.
2.1.4 A indústria no Vale do Paraíba
A escassez de mão de obra e outros fatores ambientais adversos, dificultaram
a expansão e a consolidação da agricultura valeparaibana. Porém, como fatores
decisivos para o início da industrialização, destacam-se: a disponibilidade de capital
de reserva, o aumento do nível de consumo da população, a ótima localização entre
os dois maiores centros urbanos: Rio e São Paulo – a ampliação da comunicação
através da Estrada de Ferro Central do Brasil, antiga Dom Pedro II. Os municípios
mais prósperos do Vale do Paraíba basearam-se na agricultura e na pecuária, mesmo
antes que o café chegasse a ser cultivado nessas terras (DEVIDE, 2013).
A industrialização começou no final do século XIX e prosseguiu nas primeiras
décadas do século XX, com o setor têxtil detendo o maior volume da mão de obra
empregada, no ano de 1928. Porém, a aglomeração decorrente da concentração
industrial na Grande São Paulo reforçou o processo de metropolização e constituiu-
se no fator determinante para a descentralização da indústria paulista (NEGRI et
al.,1988). Hoje o processo de industrialização está mais concentrado em Volta
Redonda, com a Usina Siderúrgica, e também as cidades de São José dos Campos,
Jacareí, Caçapava, Cruzeiro, Lorena e Pindamonhangaba, concentrando os
empregos.
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2.1.5 Mineração na Bacia do Paraíba do Sul
A mineração da região do Bacia do Paraíba do Sul é bastante variável devido
aos sedimentos depositados pelos rios nas diferentes eras geológicas. Nas
explorações minerais, podemos destacar: pedras, linhito, bentonita, xisto, turfa, areia
e águas subterrâneas. A exploração dos recursos subterrâneos inclui depósitos
sedimentares contendo argilas bentonita e areias utilizadas na construção civil (DIAS
et al., 2004). Até o ano de 2003, o Vale do Paraíba (Tremembé, Taubaté e
Pindamonhangaba) respondeu por 23,4% da reserva de bentonita brasileira, extraindo
20,8 mil toneladas de argila moída seca (OLIVEIRA, 2004).
A extração mineral de areia no leito do rio Paraíba do Sul teve início na década
de 1950, realizada por pequenas empresas e baixo impacto ambiental. Com a
crescente demanda, a exploração expandiu-se no município de Jacareí, crescendo de
maneira desordenada as primeiras cavas às margens do rio Paraíba do Sul
(AB’SABER, 2000), em áreas de preservação permanente desmatadas. Em 1997,
técnicos do Instituto Geológico realizaram estudo entre os municípios de Jacareí e
Roseira, estabelecendo normas técnicas, procedimentos de licenciamento e o
zoneamento ambiental da mineração, com limites de construção para áreas
eminentemente arenosas.
Os municípios de Jacareí, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté,
Tremembé e Pindamonhangaba, conforme resolução SMA 28/99, receberam novas
empresas de extração, teoricamente, nos limites da zona de mineração e respeitando
as zonas de proteção, vegetação remanescente, conservando a planície de
inundação, garantindo assim, a permeabilidade do solo e a proteção das águas
subterrâneas (MECHI & SANCHEZ, 2010). Entretanto, REIS et al. (2006), registraram
graves problemas no balanço hídrico e climatologia do Vale do Paraíba devido à
escala de extração e rápida expansão da área de lagos artificiais provenientes da
mineração de areia.
A extração de areia do leito do Rio, de areia ou argila em áreas de várzea ou
nas margens de cursos de água ou lagos, de rochas utilizadas na construção civil em
topos de morros e encostas íngremes, atingem fontes, cursos de água e vegetação
nativa e a grande maioria obtém licenças de funcionamento sem apresentar os
Estudos de Impacto Ambiental ou Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/RIMA),
necessários para o monitoramento e garantia de recuperação ambiental. Apesar de
obrigatório, desde o ano de 1989 os planos de recuperação aprovados pelo Ministério
18
do Meio Ambiente na bacia do Paraíba do Sul isentam as empresas mineradoras do
EIA/RIMA (Resolução SMA 03/99).
2.2 Eutrofização
O processo de eutrofização de corpos hídricos (como lagos, rios ou represas)
é proveniente de um aumento exacerbado de nutrientes, estes por sua vez, são
necessários para o fitoplâncton (algas) e plantas aquáticas superiores, como fósforo,
nitrogênio, potássio, carbono e ferro, porém em quantidades menores. A eutrofização
pode ocorrer de forma natural (o que é considerado um processo lento) ou de forma
conduzida pelo homem, ou seja, artificial (considerado um processo rápido). Como
exemplos de agentes desencadeadores da eutrofização natural podem-se citar os
nutrientes trazidos pelas águas superficiais e chuvas, que desgastam e lavam a
superfície terrestre (CARVALHO, S. L., UNESP, 2004).
O aumento da eutrofização dos ambientes aquáticos tem sido produzido
principalmente por atividades antrópicas, resultando num enriquecimento artificial
desses ecossistemas. Temos como principal meio de geração desse enriquecimento
as descargas de esgotos domésticos e industriais dos centros urbanos e as diversas
poluições originadas de agriculturas. Considerando que as fontes e a intensidade
dessas atividades variem de acordo com a população na bacia hidrográfica e
organização social e econômica da região, ainda assim, produzem deteriorações e
impactos na qualidade da água, assim como também alteram a quantidade de água
disponível (BRANCO, AZEVEDO & TUNDISI, 2006).
A eutrofização pode causar a toxicidade crônica e aguda, ou seja, alteração de
sabor, de odor, de turbidez e da cor da água, diminuir a quantidade de oxigênio
dissolvido, propiciar a mortalidade de peixes e outros animais aquáticos, e além disso,
reduzir balneabilidade (MOTA, 2006).
2.3 Índice de estado trófico (IET)
O índice de estado trófico (IET) nos descreve as relações bióticas e abióticas
de um ecossistema e a qualidade da água, o que é de extrema importância para o
manejo sustentável dos recursos hídricos. Os índices foram desenvolvidos com o
intuito de possibilitar classificação das águas de corpos hídricos, tornando possível
que os agentes de tomada de decisão e a público tivessem maior facilidade de saber
19
a natureza ou o estado no qual se encontram os ecossistemas. (OLIVEIRA et al.,
2007). O índice de estado trófico pode ser categorizado em: Ultraoligotrófico,
Oligotrófico, Mesotrófico, Eutrófico, Supereutrófico, Hipereutrófico, sendo o último, o
estado trófico mais avançado, segundo a classificação de Carlson (1977) modificado
por Toledo-Jr, et al. (1983).
O crescimento da população e as atividades industriais vêm causando impactos
cada vez maiores e mais rápidos com o processo de eutrofização nos corpos d’água.
Ao lançar nutrientes na água, há a contribuição para o aumento da produção orgânica
no corpo d’água, e consequentemente, da biomassa fitoplanctônica e assim, a
diminuição na penetração de luz (ESTEVES, 1998).
No IET, os resultados correspondentes ao fósforo, chamado de IET(P), devem
ser interpretados como uma mensuração do potencial de eutrofização, pois este
nutriente atua como agente causador do processo. A avaliação correspondente à
clorofila-a, IET(CL), que deve ser considerada como uma forma de resposta do curso
d’água ao agente causador, indicando de um jeito adequado o nível de crescimento
de algas (CETESB, 2013). Em 2010, a CETESB mostrou os níveis preocupantes de
IET coletados em diversos pontos do rio Paraíba do Sul ao longo de um ano, tendo
muitos pontos classificados como eutróficos e alguns supereutróficos. Em 2013
Lorena e Aparecida tiveram valores de IET classificados como oligotróficos, segundo
o Relatório de Águas Superficiais da CESTESB (2014).
2.4 Cobertura vegetal ripária
O termo “ripária” significa banco de areia ou de terra disposto próximo à
margem dos rios e/ou terra perto da água, ou seja, simplesmente representa a faixa
junta ao corpo hídrico (GREGORY & ASHKENAS, 1990). Uma outra definição usada
para vegetação ripária seria uma área próxima à lagos ou rios que atua fortemente
para o transporte de nutrientes, energia e sedimentos entre os ecossistemas aquático
e terrestre (THE JAPAN SOCIETY OF EROSION CONTROL ENGINEERING, 2000).
Por causa da existência da vegetação ripária, ocorre a estabilização de
ribanceiras do rio pelo crescimento e manutenção de uma rede radicular, evitando,
com isto a erosão, controlando o ciclo de nutrientes na bacia hidrográfica, através da
ação tanto da absorção de nutrientes do escoamento subsuperficial pela vegetação
ciliar como também do escoamento superficial. Da mesma forma que atua
20
minimizando e filtrando o escoamento superficial, impedindo ou dificultando o
carreamento de sedimentos para o sistema aquático (lixiviação), colabora para a
preservação da qualidade da água nas bacias hidrográficas (GOIS, S., 2014), pois o
empobrecimento do solo pode aumentar o uso de fertilizantes agrícolas, quebrando o
equilíbrio dos nutrientes e expondo-o à contaminação química.
Segundo WAGNER (2003), a existência de uma cobertura vegetal nas margens
de um rio promove a integração com a superfície da água, proporcionando assim, a
cobertura e suprimento para peixes e outros integrantes da fauna aquática; através
de suas copas, retém e absorve a radiação solar, colaborando para o equilíbrio térmico
dos pequenos cursos d'água.
2.5 Código Florestal
Consideram-se áreas de preservação permanente, segundo a Lei nº12.651 de
2012, também conhecida como Código Florestal, as áreas no entorno dos lagos e
lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
100 metros em zonas rurais; sua faixa marginal será de 50 metros;
30 metros, em zonas urbanas;
Já as faixas marginais de qualquer curso d’água desde a borda da calha do
leito regular, em largura mínima (Tabela 1) de:
Tabela 1: Largura mínima da faixa marginal de acordo com a largura do rio.
Largura do rio (m) Faixa marginal de largura mínima (m)
<10 30
De 10 a 50 50
De 50 a 200 100
200 a 600 200
>600 500 Fonte: Código Florestal, 2012.
O rio Paraíba do Sul é classificado como um rio de largura entre 50 a 200
metros, logo, sua faixa marginal de largura mínima para proteção é de 100 metros,
conceito este utilizado ao longo do desenvolvimento deste trabalho.
Um estudo feito por MAGALHÃES et al. (2009) sobre a área de preservação
permanente do rio Paraíba do Sul, em um trecho entre Pinheiral e Barra do Piraí
21
(aproximadamente 305 hectares), mostrou que o uso da terra predominante foi a
pastagem, cobrindo cerca de 54% dessa área. Enquanto isso a mata ciliar representou
cerca 40% da APP.
Segundo STEMPNIAK et al. (2007), a falta de moradia social está intimamente
ligado com o problema ambiental urbano, pois a ocupação ilegal é o fator mais
frequente de danos às áreas de preservação próximas à grandes cidades.
O aumento da população urbana nas cidades acontece de duas maneiras. Uma
delas é na fragmentação e segregação do espaço urbano, que gera separação entre
classes sociais. A segunda maneira é quando o capital desenvolve-se a tal ponto que,
acaba improvisando o meio ambiente nas regiões ocupadas pelas classes altas, e
assim, gera a falta de infraestrutura básica, nos locais de classes baixas. Em ambos
os casos há degradação ambiental (SANTOS, 1998).
2.6 Resolução CONAMA
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, a partir da Resolução
357/05, de 17 de março de 2005, estabelece a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, além disso, estabelece as condições
e padrões de lançamento de efluentes.
A classificação estabelecida pelo CONAMA para os corpos hídricos de acordo
com a qualidade de suas águas, faz-se em: Classe Especial, Classe 1, Classe 2,
Classe 3 e Classe 4. Sendo a primeira considerada a de melhor qualidade, podendo
ser disponibilizada para consumo humano, também para preservação dos ambientes
aquáticos em unidade de conservação de proteção integral. Assim como, a última
Classe é considerada de pior qualidade, sendo utilizada apenas para navegação e
harmonia paisagística. Esta resolução é aplicada à todos os corpor hídricos de água
doce, salobra e salina.
22
3 OBJETIVO GERAL
Avaliar a influência da vegetação ciliar de áreas de preservação
permanente de um trecho paulista do Rio Paraíba do Sul sobre variáveis físico,
químicas e biológicas na qualidade da água deste manancial.
3.1 Objetivos específicos
Determinar o Índice de Estado Trófico a partir do Fósforo total e da
Clorofila-a a partir de amostras de água do Rio Paraíba do Sul;
Mensurar a área de vegetação ripária em metros quadrados nos pontos
de coleta utilizando o software ArcGis;
Avaliar a correlação entre o índice de vegetação ripária e o índice de
estado trófico;
Determinar se a vegetação ripária está de acordo com o que é proposto
pelo Código Florestal.
23
4 METODOLOGIA
4.1 Área de estudo
O Rio Paraíba do Sul forma-se na confluência de rios caudalosos orientados a
Sudeste, como o Paraitinga e o Paraibuna, que nascem respectivamente a 1800 m de
altitude na Serra da Bocaina e a 1200 m na Serra do Mar. Direciona o curso para
Oeste até próximo de Guararema. Barrado pela Serra da Mantiqueira, o rio inverte o
curso inicialmente para Nordeste, em seguida a Leste até a foz no Oceano Atlântico
na praia de Atafona em São João da Barra/RJ (1.200 km de extensão). Sendo de
grande importância socioeconômica por se estender por São Paulo/SP e Rio de
Janeiro/RJ, abrangendo um total de 184 municípios (CEIVAP, 2011). A figura 1 mostra
o uso e ocupação do solo na região paulista da Bacia do Rio Paraíba do Sul.
Figura 1: Uso e ocupação do solo no trecho paulista da Bacia do Rio Paraíba do Sul (com base na classificação de imagens Landsat TM 5).
Fonte: SIGA CEIVAP - 2016 Municípios inseridos na Bacia do Rio Paraíba do Sul, adaptado.
24
4.2 Coleta de amostras
Foram realizadas duas coletas de água em oito pontos próximos à montante
(M) e à jusante (J) do perímetro urbano de quatro municípios paulistas: Aparecida,
Guaratinguetá, Lorena e Cachoeira Paulista, conforme mostrado na tabela 2; no final
dos meses de maio de 2014 (Coleta I- início da estação seca) e agosto de 2014
(Coleta II- fim da estação seca).
Tabela 2: Coordenadas dos pontos de coletas.
Cidade Coordenadas
Aparecida montante (APDM) -22.858095, - 45.254591
Aparecida Jusante (APDJ) -22.842567, -45.234106
Guaratinguetá montante (GUAM) -22.811946, - 45.194412
Guaratinguetá jusante (GUAJ) -22.790639, -45.178652
Lorena montante (LORM) -22.742899, -45.144604
Lorena Jusante (LORJ) -22.698778, -45.115863
Cachoeira Paulista (CPTM) -22.634923, -44.991708
Cachoeira Paulista (CPTJ) -22.664032, -45.023458
4.3 Fósforo Total
A determinação de Fósforo Total foi realizada a partir do método do ácido
ascórbico (APHA, 1999). Adicionou-se a 50 mL da amostra 1 mL de ácido sulfúrico
concentrado e 5 mL de ácido nítrico, em seguida, a solução obtida foi levada ao banho-
maria por 1 hora a 90 °C. Após resfriar sob temperatura ambiente, adicionou-se 1 gota
de fenolftaleína e neutralizou-se com NaOH 6,5 N, avolumando esta solução em um
balão volumétrico de 100 mL. Em seguida, retirou-se 25 mL e adicionou-se 8 mL da
solução desenvolvedora de cor (100 mL ácido sulfúrico 5N; 10 mL de solução de
tartarato misto de antimônio e potássio hemihidratado (1,3715 g para 100 mL de água
destilada) e 60 mL da solução de molibdato de amônio (20 g para 500 mL de água
destilada); e 60 mL de ácido ascórbico 0,1 mol/L (1,76 g para 100 mL de água
destilada).
25
A leitura foi realizada em espectrofotômetro a 880 nm até 4 horas após a adição
da solução desenvolvedora de cor.
4.4 Clorofila-a
Metodologia realizada segundo a Norma Técnica L5.306 - “Determinação de
pigmentos fotossintetizantes - Clorofila-a, b e c e Feoftina-a: método de ensaio”,
CETESB (1990).
Alíquotas de 100 mL da amostra foram filtradas em filtros de fibra de vidro 47
mm, utilizando um sistema de filtragem acoplado a um kitassato e bomba de vácuo.
O filtro contendo a amostra filtrada foi inserido em tubos de centrífuga de 15 mL e em
seguida adicionados 5 mL de acetona 90%, macerando cuidadosamente com um
bastão de vidro. Após a maceração, adicionou-se mais 5 mL de acetona 90%. O tubo
foi envolvido em papel alumínio e mantido no congelador durante 24 horas para
completa extração.
Após a etapa de extração, os tubos foram levados à centrifugação durante 20
minutos a 3000 rpm. O sobrenadante foi colocado em cubetas espectrofotométricas e
lidos contra um branco de acetona 90%. A densidade óptica da solução foi
determinada a 750, 664, 647 e 630 nm. As concentrações de clorofila-a foram
determinadas a partir da equação 1:
𝑪𝒍𝒐𝒓𝒐𝒇𝒊𝒍𝒂 𝒂 (µ𝒈. 𝑳−𝟏) = 𝑪𝒂.(𝒗)
(𝑽. 𝑳)
Equação 1
Onde:
Ca = 11,85 . D664 – 1,54 . D647 – 0,08 . D630;
v = Volume da acetona 90% utilizada para a extração;
V = Volume de água filtrada (L);
L = Caminho óptico da cubeta utilizada (cm).
4.5 Índice de estado trófico (IET)
O Índice do Estado Trófico, será formado pelo Índice do Estado Trófico para o
fósforo – IET(PT) e o Índice do Estado Trófico para a clorofila a – IET(CL),
26
transformado por Lamparelli em 2004, sendo estipulado para ambientes lóticos,
segundo as equações 2 e 3 (CETESB, 2013):
𝑰𝑬𝑻 (𝑷𝑻) = 𝟏𝟎(𝟔 − ((−𝟎, 𝟒𝟐 − 𝟎, 𝟑𝟔(𝐥𝐧 𝑷𝑻))/𝒍𝒏𝟐)) − 𝟐𝟎
Equação 2
𝑰𝑬𝑻 (𝑪𝑳) = 𝟏𝟎(𝟔 − ((−𝟎, 𝟕 − 𝟎, 𝟔(𝐥𝐧 𝑪𝑳))/𝒍𝒏𝟐)) − 𝟐𝟎
Equação 3
Onde:
PT: concentração de fósforo total à altura superfície da água (µg/L);
CL: concentração de clorofila a medida à superfície da água (µg/L);
ln: logaritmo natural.
O resultado apresentado do IET será a média aritmética simples dos índices
relativos ao fósforo total e a clorofila a, segundo a equação 4:
𝑰𝑬𝑻 (𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍) = [𝑰𝑬𝑻(𝑷𝑻) + 𝑰𝑬𝑻(𝑪𝑳)]/𝟐
Equação 4
Os limites estabelecidos para as diferentes classes de trofia para rios e
reservatórios estão descritos na tabela 3 a seguir:
Tabela 3: Classificação do Estado Trófico para rios segundo Índice de Carlson Modificado
Classificação do Estado Trófico - Rios
Categoria
(Estado Trófico)
Ponderação P-total – P
(µ𝑔. 𝐿−1)
Clorofila-a
(µ𝑔. 𝐿−1)
Ultraoligotrófico IET ≤ 47 P ≤ 13 CL ≤ 0,74
Oligotrófico 47 < IET ≤ 52 13 < P ≤ 35 0,74 < CL ≤ 1,31
Mesotrófico 52 < IET ≤ 59 35 < P ≤ 137 1,31 < CL ≤ 2,96
Eutrófico 59 < IET ≤ 63 137 < P ≤ 296 2,96 < CL ≤ 4,70
Supereutrófico 63 < IET ≤ 67 296 < P ≤ 640 4,70 < CL ≤ 7,46
Hipereutrófico IET > 67 640 < P 7,46 < CL
Fonte: CETESB, 2013.
4.6 Uso do solo e análise de áreas de APP
No Google Earth, inicialmente foi selecionado o sistema de projeção UTM, após
isso, foi escolhida imagens da data de 18 de novembro de 2014 (data entre as duas
27
coletas feitas). Foram então reconhecidos e sinalizados os pontos de coletas através
de suas coordenadas, sendo os pontos de monitoramento da qualidade da água
situados na montante e jusante de cada cidade. As imagens foram baixadas do
Google Earth com resolução máxima que o programa oferece (4800x2847).
Após importar as imagens para o ArcGis, foi feito o seu georrefenciamento de
modo que: foram reconhecidos pontos exatos na imagem, encontrando-os no Google
Earth e assim usando suas coordenadas fornecidas. Após isso foi definido o sistema
de coordenadas da imagem no ArcGis, sendo o WGS_1984_UTM_Zone_22S o
escolhido.
O próximo passo foi a vetorização da hidrografia (cursos d'água). Usando o
polígono do rio, foi utilizada a ferramenta “buffer” para ser desenhada uma margem
de 100 metros a partir do limite do rio, o que representa a área de preservação
permanente apropriada para o caso, conforme o Código Florestal. Foi traçada então
uma linha transversal ao curso do rio e exatamente sobre o ponto de coleta sinalizado,
tendo começo em um limite da APP e fim no limite oposto da APP. À partir disso,
foram feitos mais dois “buffer’s” com esta linha, um de 100 e outro de 200 metros.
Deste modo, as áreas para análise do projeto estavam devidamente delimitadas.
Com base na imagem de satélite foi realizado o reconhecimento de elementos
específicos que compõem a paisagem, como as formas de uso do solo, rodovias e
área urbana, classificando-os em três tipos cobertura: área permeável, vegetação
arbórea e área construída, tendo como referência a classificação proposta pelo IBGE
(2014), de forma adaptada. Foi realizada a poligonalização da área delimitada e o
cálculo da área em m².
4.7 Correlação de Spearman
A intensidade da influência de parâmetros físicos e químicos foi avaliada pelo
teste de Correlação de Spearman (p<0,05) que avalia o grau de associação entre
parâmetros não lineares utilizados. Os resultados deste teste variam entre -1 e 1,
sendo que, quanto mais próximo de 1, a relação entre estas variáveis será diretamente
maior e, quanto mais próximo de -1, a relação entre a variáveis será inversamente
maior.
28
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Fósforo Total
Os resultados de fósforo total estão apresentados na tabela 4. A Resolução
CONAMA 357/2005 determina 1000 µg/L em rio de classe 2.
Tabela 4: Médias aritméticas simples das concentrações de Fósforo Total em µg/L, em amostras de água do trecho Aparecida a Cachoeira Paulista.
Ponto de amostragem
Fósforo Total (µg/L)
Coleta I (maio/2014) Coleta II (agosto/2014)
Aparecida montante 20,01 46,47
Aparecida jusante 20,70 49,97
Guaratinguetá montante 20,35 47,26
Guaratinguetá jusante 24,05 46,79
Lorena montante 23,45 45,51
Lorena jusante 23,62 46,31
Cachoeira Pta. Montante 23,02 47,58
Cachoeira Pta. jusante 24,48 47,42
Em ambas coletas, nenhum dos pontos ultrapassou o limite estabelecido pela
CONAMA. As concentrações de fósforo total coletadas no município de Taubaté das
águas do Rio Paraíba do Sul por Andrade e colaboradores (2010), foram entre 6 e 30
µg/L. Os altos valores foram atribuídos ao esgoto lançado ao rio sem qualquer
tratamento prévio.
5.2 Clorofila-a
A Resolução CONAMA 357/2005 estabelece a clorofila a até 30 µg/L em rio
classe 2. Os resultados encontrados nas amostras coletadas no trecho estudado
estão apresentados na figura 2.
29
Figura 2: Médias aritméticas simples das concentrações de Clorofila-a em µg/L, em amostras de água do trecho Aparecida a Cachoeira Paulista em maio e agosto de 2014.
Fonte: Arquivo pessoal.
De acordo com os resultados obtidos, o nível de clorofila-a não ultrapassou o
limite determinado na resolução CONAMA 357/05 para rio classe 2, mas é visível o
aumento de Clorofila-a da coleta I para a coleta II, no período de seca.
5.3 Índice de estado trófico
A tabela 5 apresenta os resultados dos valores calculados de IET para Fósforo
Total, de acordo com a equação 2, já apresentada.
Tabela 5: Tabela 5: Índice de estado trófico PT, em amostras de água do trecho Aparecida a Cachoeira Paulista.
Ponto de amostragem
Índice de estado trófico PT
Coleta I (maio/2014) Coleta II (agosto/2014)
Aparecida montante 39,40 43,77
Aparecida jusante 39,57 44,15
Guaratinguetá montante 39,49 43,86
Guaratinguetá jusante 40,35 43,81
Lorena montante 40,22 43,67
Lorena jusante 40,26 43,76
Cachoeira Pta. montante 40,13 43,90
Cachoeira Pta. jusante 40,45 43,88
0,34
0,780,58
1,37
0,34 0,23 0,18 0,28
3,09 3,103,33
2,04
3,673,84
1,42
0,50
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
APDj APDm GUAj GUAm LORj LORm CPTj CPTm
Clo
rofi
la-a
(µ
g/L)
mai/14
ago/14
30
A tabela 6 apresenta os resultados dos valores calculados de IET para a
Clorofila-a, de acordo com a equação 3, já apresentada.
Tabela 6:Tabela 6: Índice de estado trófico Clorofila-a, em amostras de água do trecho Aparecida a Cachoeira Paulista.
Ponto de amostragem
Índice de estado trófico CL
Coleta I (maio/2014) Coleta II (agosto/2014)
Aparecida montante 23,66 42,77
Aparecida jusante 30,85 42,79
Guaratinguetá montante 28,28 43,41
Guaratinguetá jusante 35,73 39,17
Lorena montante 23,66 44,25
Lorena jusante 20,28 44,65
Cachoeira Pta. montante 18,16 36,04
Cachoeira Pta. jusante 21,98 27,00
A tabela 7 apresenta os resultados dos valores de IET Total calculados a partir
dos IET (PT) e IET (Cl) a partir da equação 4, já apresentada, assim como a média
aritmética simples do IET Total encontrado nas Coletas I e ll.
Tabela 7: Tabela 7: Índice de estado trófico Total, em amostras de água do trecho Aparecida a Cachoeira Paulista.
Ponto de
amostragem
Índice de estado trófico Total
Coleta I
(maio/2014)
Coleta II
(agosto/2014)
Média IET (T)
das Coletas
Classificação
Estado trófico
APDM 31,53 43,27 37,40 Ultraoligotrófico
APDJ 35,21 43,47 39,34 Ultraoligotrófico
GUAM 33,89 43,64 38,76 Ultraoligotrófico
GUAJ 38,04 41,49 39,77 Ultraoligotrófico
LORM 31,94 43,96 37,95 Ultraoligotrófico
LORJ 30,27 44,20 37,24 Ultraoligotrófico
CPTM 29,14 39,97 34,56 Ultraoligotrófico
CPTJ 31,22 35,44 33,33 Ultraoligotrófico
Devido a variabilidade sazonal dos processos ambientais que influenciam o
grau de eutrofização de um corpo hídrico, este processo pode apresentar variações
31
no decorrer do ano, havendo épocas em que se desenvolve de forma mais intensa e
outras em que pode ser mais limitado.
Todos os pontos de coleta tiveram média menor que 47, o que representa para
o índice de Carlson Modificado estado Ultraoligotrófico. O Relatório de Águas
Superficiais da CETESB (2014) apresentou valores anuais de 2013 referente às
cidades de Aparecida e Lorena de IET de 48 e 51, respectivamente.
Ambas coletas apresentadas neste trabalho foram realizadas em época de
chuva, o que pode ter reduzido o Índice de Estado Trófico, devido ao aumento do nível
de água, resultando na diluição dos nutrientes encontrados nela. Por esta razão
podemos entender a diferença entre os valores encontrados neste trabalho e pelo
relatório da CETESB, onde o resultado foi uma média anual.
5.4 Uso do solo e análise de áreas de APP
5.4.1.1 Cidade de Aparecida
Montante
A figura 3 apresenta uma imagem aérea do ponto de coleta 1, na cidade de
Aparecida.
Figura 3: Imagem aérea do ponto de coleta 1, referente a montante do município de Aparecida.
Fonte: Google Earth.
32
A partir desta figura foi possível observar que esta área apresenta, em sua
margem superior, grande parte de cobertura por vegetação arbórea. Já a margem
inferior, apresenta muitas construções e cobertura vegetal permeável.
Faixa de 100 metros
A figura 4 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro define
como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 100 metros
à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 1.
Figura 4: Imagem aérea do ponto de coleta 1, com poligonização e classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a montante do município de Aparecida.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Faixa de 200 metros
A figura 5 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro define
como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 200 metros
à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 1.
33
Figura 5: Imagem aérea do ponto de coleta 1, com poligonização e classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a montante do município de Aparecida.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Jusante
A figura 6 apresenta uma imagem aérea do ponto de coleta 2, na cidade de
Aparecida, à jusante.
Figura 6: Imagem aérea do ponto de coleta 2, referente a jusante da cidade de Aparecida.
Fonte: Google Earth.
A partir da figura 6 podemos observar que esta área apresenta uma margem
consideravelmente bem conservada quanto a vegetação arbórea, enquanto a outra
está praticamente coberta por construções.
34
Faixa de 100 metros
A figura 7 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro define
como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 100 metros
à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 2.
Figura 7: Imagem aérea do ponto de coleta 2, com poligonização e classificação da área em
100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a jusante da cidade de Aparecida.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Faixa de 200 metros
A figura 8 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro define
como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 200 metros
à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 2.
35
Figura 8: Imagem aérea do ponto de coleta 2, com poligonização e classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a jusante da cidade de Aparecida.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
5.4.2 Cidade de Guaratinguetá
Montante
A figura 9 apresenta uma imagem aérea do ponto de coleta 3, na cidade de
Guaratinguetá, à montante.
Figura 9: Imagem aérea do ponto de coleta 3, referente a montante da cidade de Guaratinguetá.
Fonte: Google Earth.
36
A partir desta figura foi possível observar que ambas margens posuem uma
fileira bem estreita de vegetção arbórea, tendo o resto da área de sua APP coberta
com construções.
Faixa de 100 metros
A figura 10 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 100
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 3.
Figura 10: Imagem aérea do ponto de coleta 3, com poligonização e classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a montante da cidade de Guaratinguetá.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Faixa de 200 metros
A figura 11 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 200
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 3.
37
Figura 11: Imagem aérea do ponto de coleta 3, com poligonização e classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a montante da cidade de Guaratinguetá.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Jusante
A figura 12 apresenta uma imagem aérea do ponto de coleta 3, na cidade de
Guaratinguetá, à jusante.
Figura 12: Imagem aérea do ponto de coleta 4, referente a jusante da cidade de Guaratinguetá.
Fonte: Google Earth.
38
A figura foi 12 mostra uma margem um pouco conservada, com certa
quantidade de vegetação arbórea, enquanto a outra quase que completamente
coberta por construções. Além disso há a ponte com rodovia que atravessa o rio.
Faixa de 100 metros
A figura 13 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 100
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 4.
Figura 13: Imagem aérea do ponto de coleta 4, com poligonização e classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a jusante da cidade de Guaratinguetá.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Faixa de 200 metros
A figura 14 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 200
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 4.
39
Figura 14: Imagem aérea do ponto de coleta 4, com poligonização e classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a jusante da cidade de Guaratinguetá.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
5.4.3 Cidade de Lorena
Montante
A figura 15 apresenta uma imagem aérea do ponto de coleta 5, na cidade de
Lorena, à montante.
Figura 15: Imagem aérea do ponto de coleta 5, referente a montante da cidade de Lorena.
Fonte: Google Earth.
40
A figura 15 apresenta o ponto de coleta 5, que tem ambas as margens com
cobertura permeável em sua maior parte, havendo apenas resquício de vegetação
arbórea.
Faixa de 100 metros
A figura 16 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 100
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 5.
Figura 16: Imagem aérea do ponto de coleta 5, com poligonização e classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a montante da cidade de Lorena.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Faixa de 200 metros
A figura 17 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 200
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 5.
41
Figura 17: Imagem aérea do ponto de coleta 5, com poligonização e classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a montante da cidade de Lorena.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Jusante
A figura 18 apresenta uma imagem aérea do ponto de coleta 6, na cidade de
Lorena, à jusante.
Figura 18: Imagem aérea do ponto de coleta 6, referente a jusante da cidade de Lorena.
Fonte: Google Earth.
Na figura 18, que representa o ponto de coleta 6, é possível observar que a
margem inferior é quase que completamente coberta de vegetação permeável,
42
enquanto a margem superior tem construções, vegetação arbórea e também um
pouco de vegetação permeável.
Faixa de 100 metros
A figura 19 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 100
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 6.
Figura 19: Imagem aérea do ponto de coleta 6, com poligonização e classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a jusante da cidade de Lorena.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Faixa de 200 metros
A figura 20 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 200
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 6.
43
Figura 20: Imagem aérea do ponto de coleta 6, com poligonização e classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a jusante da cidade de Lorena.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
5.4.4 Cidade de Cachoeira Paulista
Montante
A figura 21 apresenta uma imagem aérea do ponto de coleta 7, na cidade de
Cachoeira Paulista, à montante.
Figura 21: Imagem aérea do ponto de coleta 7, referente a montante da cidade de Cachoeira Paulista.
Fonte: Google Earth.
44
A partir da figura 21 podemos observar que ambas as margens, superior e
inferior, estão quase que totalmente cobertas por vegetação permeável. Há apenas
uma pequena parcela de vegetação arbórea e a rodovia com a ponte, que são áreas
construídas.
Faixa de 100 metros
A figura 22 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 100
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 7.
Figura 22: Imagem aérea do ponto de coleta 7, com poligonização e classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a montante da cidade de Cachoeira Paulista.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Faixa de 200 metros
A figura 23 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 200
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 7.
45
Figura 23: Imagem aérea do ponto de coleta 7, com poligonização e classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a montante da cidade de Cachoeira Paulista.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Jusante
A figura 24 apresenta uma imagem aérea do ponto de coleta 8, na cidade de
Cachoeira Paulista, à jusante.
Figura 24: Imagem aérea do ponto de coleta 8, referente a jusante da cidade de Cachoeira Paulista.
Fonte: Google Earth.
46
Podemos observar na figura 24 que também há uma cobertura de vegetação
permeável por grande parte da APP. Havendo apenas uma estreita faixa de vegetação
arbórea e uma estreita rodovia (área construída).
Faixa de 100 metros
A figura 25 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 100
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 8.
Figura 25: Imagem aérea do ponto de coleta 8, com poligonização e classificação da área em 100 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a jusante da cidade de Cachoeira Paulista.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Faixa de 200 metros
A figura 26 mostra a faixa de 100 metros que o Código Florestal Brasileiro
define como ser de preservação permanente de vegetação ripária e um raio de 200
metros à margem do rio, considerando como centro do raio o ponto de coleta 8.
47
Figura 26: Imagem aérea do ponto de coleta 8, com poligonização e classificação da área em 200 metros à partir da altura do ponto de coleta, referente a jusante da cidade de Cachoeira Paulista.
Fonte: Google Earth, modificada pelo ArcGis.
Ao analisar as figuras, podemos perceber que todas estão fora do que é
estabelecido pelo Código Florestal Brasileiro. Alguns pontos de coleta, como o 1 e o
2, ambos na cidade de Aparecida, à montante e à jusante (figuras 4 e 7,
respectivamente) que são de 100 metros de raio a partir do ponto de coleta, mostram
uma de suas margers com quase 100% de cobertura arbórea, porém outra margem
totalmente fora do esperado; com grande parte de área construída e vegetação
permeável. A quase mesma situação continua quando analisamos os mesmos pontos,
porém em uma amostra da vegetação num raio de 200 metros (figuras 5 e 8); uma
margem com quase total cobertura arbórea e a outra com a apenas um resquício da
mesma.
Outro cenário o que podemos observar é a que ocorre nos pontos de coleta 3
e 4, na montante e jusante da cidade de Guaratinguetá (figuras 10 e 13,
respectivamente), que são marcadas pelo limite do raio de 100 metros a partir do
ponto de coleta; as duas margens tem em sua maioria cobertura por área construída.
Quando analisamos o raio de 200 metros destes pontos de coletas 3 e 4, observamos
uma ligeira melhora no ponto de coleta 4, à jusante (figura 14), tendo mais cobertura
arbórea, enquanto o ponto de coleta 3, à montante da cidade de Guaratinguetá (figura
10 e 11) permanece na mesma situação quando aumentamos a análise para o raio
de 200 metros.
48
Os pontos de coleta 5, 6, 7 e 8, à montante e à jusante das cidades de Lorena
e Cachoeira Paulista, representados nas figuras 16, 19, 22 e 25, respectivamente, no
raio de 100 metros, apresentam ambas as margens em sua maioria coberta de
vegetação permeável, exceto pela cidade de Lorena à jusante (figura 19), que em sua
margem superior tem grande parcela de vegetação arbórea, porém, também
possuindo área construída. Quanto ao raio de 200 metros das mesmas cidades
(figuras 17, 20, 23 e 26), a situação encontrada não muda; grande parcelas de áreas
permeáveis.
Nas Tabelas 8 e 9 encontram-se as áreas extraídas a partir da poligonização
feita através do software ArcGis no raio de 100 e de 200 metros a partir do ponto de
coleta, respectivamente.
Tabela 8: Tabela 8: Áreas extraídas do ArcGis para raio de 100 metros a partir do ponto de coleta, em metros quadrados.
Ponto de coleta
Área construída
Área permeável
Vegetação arbórea
1 13451,9 10258,5 17550,2
2 5396,98 7952,84 27188,6
3 29317,1 1887,74 9857,06
4 13989,4 14726,1 11935,5
5 0 35455,3 5094,26
6 3353,94 27369 11142,5
7 2417,86 38396,2 1056,12
8 2663 27067,4 13448,8
Tabela 9:Tabela 9: Áreas extraídas do ArcGis para raio de 200 metros a partir do ponto de coleta, em metros quadrados.
Ponto de coleta
Área construída
Área permeável
Vegetação arbórea
1 31238,07 14903,2 37303,2
2 6804,64 20657,8 56423,9
3 55391,8 3274,47 24482,3
4 27223,1 30671,5 23453,19
5 1136,23 66720,22 14093,8
6 7550,89 56220,8 21870,4
7 2417,86 76140,05 6050,6
8 5906,37 54251,3 24739,76
49
Nas figuras 27 e 28 é possível observar a proporção de cada tipo de cobertura
do solo nos pontos de coleta, na análise de 100 e 200 metros de raio, respectivamente.
Figura 27: Áreas extraídas do ArcGis para raio de 100 metros a partir do ponto de coleta, em metros quadrados.
Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 28: Áreas extraídas do ArcGis para raio de 200 metros a partir do ponto de coleta, em metros quadrados.
Fonte: Arquivo pessoal.
Pela análise das figuras 27 e 28 podemos observar que a cidade que mais
conservou sua vegetação ripária é Aparecida, tanto à montante quanto à jusante,
apesar da considerável parcela de área construída também. Guaratinguetá é a cidade
com maior área construída na APP, em sua jusante. Lorena e Cachoeira Paulista
estão praticamente na mesma situação; pequena porção de área construída na APP,
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
APDj APDm GUAj GUAm LORj LORm CPTj CPTm
Áre
as [
m²]
Área construída Área permeável Vegetação arbórea
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
90000
APDj APDm GUAj GUAm LORj LORm CPTj CPTm
Áre
as [
m²]
Área construída Área permeável Vegetação arbórea
50
porém a cobertura que prevalece é de área permeável, tanto à jusante quanto à
montante.
Em todos os pontos de coleta, exceto pelo ponto 5, na análise do raio de 100
metros, encontramos áreas permeáveis e/ou áreas construídas onde a legislação
define como sendo área de preservação permanente, ou seja, onde deveria ter
apenas vegetação arbórea. Em um estudo feito por CORREA & SILVA (2017) mostra
que na parte urbana da cidade de Resende no Estado do Rio de Janeiro, em uma
área total de APP do Rio Paraíba do Sul de 4,27km², apenas 0,05km², ou seja, 1,8%
é de vegetação arbórea no ano de 2016.
Os resultados obtidos em 100 e 200 metros de raio, a partir do ponto de coleta,
não divergem. Em todas as cidades a situação pouco muda ao analisar o raio de 200
metros, comparando-o com o de 100 metros. Podemos inferir então, que durante o
percurso do rio dentro daquela cidade, o cenário que iremos encontrar ao analisar a
conservação da vegetação ripária não mude muito com o que encontramos neste
trabalho.
5.5 Correlação de Spearman
As matrizes geradas pelo teste de correlação de Spearman mostram os valores
significativos encontrados na relação dos parâmetros avaliados (tabelas 11 e 12) nas
coletas I e II, respectivamente.
51
Tabela 10: Tabela 10: Teste de Correlação de Spearman para a coleta I (Maio/2014).
Á
rea c
onstr
uíd
a
100m
²
Áre
a p
erm
eável
100m
²
Áre
a A
rbori
zada
100m
²
Áre
a c
onstr
uíd
a
200m
²
Áre
a p
erm
eável
200m
²
Áre
a A
rbori
zada
200m
²
IET
(P
)
IET
(C
l)
IET
Tota
l
Área construída 100m²
1,0000 -0,8571 0,4047 0,9523 -0,8809 0,5238 0,9523 0,6586 0,5952
Área permeável 100m²
1,0000 -0,6190 -0,7857 0,9761 -0,8095 -0,7857 -0,7185 -0,6666
Área arborizada 100m²
1,0000 0,3571 -0,5952 0,9285 0,3571 0,4670 0,4047
Área construída 200m²
1,0000 -0,8571 0,4761 1,0000 0,4550 0,3809
Área permeável 200m²
1,0000 -0,7857 -0,8571 -0,6586 -0,5952
Área arborizada 200m²
1,0000 0,4762 0,5149 0,4523
IET (P) 1,0000 0,4550 0,3809
IET (Cl) 1,0000 0,9940
IET Total 1,0000
Quando observamos as relações estabelecidas pelo teste de correlação de
Spearman podemos notar que as áreas construídas, permeável e arborizada de
100m² são altamente relacionadas positivamente com as mesmas áreas construídas,
permeável e arborizada de 200m², 0,9523, 0,9761, 0,9285, respectivamente. Isso quer
dizer que ao analisarmos a extensão de 200 metros, comparando com a de 100
metros, a grandeza sempre ocorre proporcionalmente, o que nos leva a crer que a
situação pouco muda quando analisamos uma área maior.
Outra influência positiva é o de área construída com o IET (P) (0,9523), em
outras palavras, quanto maior a área construída na região da APP, maior o índice de
fósforo no rio e consequentemente, maior o índice de estado trófico (P) na água
52
também. Podemos acreditar que isso se dê por causa de esgotos clandestinos
lançados sem prévio tratamento no recurso hídrico.
Há uma relação negativa, ou seja, inversamente proporcional encontrada na
influência de área permeável em 100m² e 200m² com IET (P) (-0,7857 e -0,8571,
respectivamente). O mesmo foi observado para a área permeável em 100m² com IET
(Cl) (-0,7185). Apesar de não ser o melhor dos cenários, a área permeável consegue
absorver os nutrientes nos solos o que pode levar a redução dos índices IET (P) e
IET(Cl).
Tabela 11: Tabela 11: Teste de Correlação de Spearman para a coleta II (Agosto/14).
Áre
a c
onstr
uíd
a
100m
²
Áre
a p
erm
eável
100m
²
Áre
a A
rbori
zada
100m
²
Áre
a c
onstr
uíd
a
200m
²
Áre
a p
erm
eável
200m
²
Áre
a A
rbori
zada
200m
²
IET
(P
)
IET
(C
l)
IET
Tota
l
Área construída 100m²
1,000 -0,8571 0,4047 0,9524 -0,8809 0,5238 -0,8809 0,0598 0,0476
Área permeável 100m²
1,0000 -0,6190 -0,7857 0,9762 -0,8095 0,9762 -0,0838 -0,0952
Área arborizada 100m²
1,0000 0,3571 -0,5952 0,9285 -0,5952 -0,1796 -0,1666
Área construída 200m²
1,0000 -0,8571 0,4762 -0,8571 0,1796 0,1428
Área permeável 200m²
1,0000 -0,7857 1,0000 -0,0838 -0,0714
Área arborizada 200m²
1,0000 -0,7857 -0,1556 -0,1428
IET (P) 1,0000 -0,0838 -0,0714
IET (Cl) 1,0000 0,9940
IET Total 1,0000
Podemos encontrar uma relação inversamente proporcional (-0,7857) ao
relacionarmos a área arborizada com o IET (P), pois quanto maior a área arborizada,
maior o índice de absorção de nutrientes pelas raízes destas árvores, o que deixa o
53
índice de Fósforo menor, e consequentemente, o IET (P). Donadio et al. (2005)
apresentou um estudo sobre a qualidade da água na Bacia Hidrográfica do Córrego
Rico sob diferentes características e uso do solo, e também na presença e ausência
de vegetação ciliar. O trabalhou concluiu que a vegetação ciliar realmente auxilia na
preservação dos recursos hídricos, assim como as características do solo e seus
diferentes usos tem ligação direta na qualidade da água das microbacias.
54
6 CONCLUSÃO
Os parâmetros fósforo total, clorofila-a estão dentro do padrão estabelecido
pela Resolução CONAMA 357/05 para um rio classe 2. Assim como os índices de IET
calculados a partir destes resultados, onde todos os pontos de coleta foram
classificados como ultraoligotróficos.
Todos os pontos de coleta estão fora do que é proposto para a preservação no
limite da Área de Preservação Permanente pelo Código Florestal Brasileiro, tanto na
análise de 100 metros a partir do ponto de coleta, como analisando 200 metros.
As análises estatísticas demonstraram que houve uma correlação positiva entre
a área construída na APP e o índice de fósforo encontrado no rio. Há uma correlação
negativa entre área permeável IET (P) e IET (Cl) e entre área arborizada e IET (P).
Há necessidade de um estudo Econômico-Ecológico para conciliar a floresta
plantada com outras atividades agropecuárias e a carência de se preservar o que
resta de Mata Atlântica, sem provocar a degradação do solo e redução da
biodiversidade. São necessárias ações legais que realmente tenham o controle da
mata remanescente.
55
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