ANÁLISE DE DESEMPENHO
ECONÔMICO-FINANCEIRO: ESTUDO
COMPARATIVO ENTRE DUAS
EMPRESAS DO SETOR VAREJISTA DE
ELETRODOMÉSTICOS
Thayana Avelar Silva Fraga (IFMG )
Thiago Henrique Freitas Policarpo (IFMG )
Renata Veloso Santos Policarpo (IFMG )
Icaro de Souza Medeiros Barbosa (IFMG )
No artigo apresentado foram detalhados fundamentos teóricos e
apresentadas fórmulas de índices como de endividamento, liquidez e
rentabilidade. Foram escolhidas duas empresas concorrentes do setor
de atacado e varejo para análise comparativva e avaliação de
desempenho financeiro, procurando identificar qual delas possui
melhor saúde financeira e maior possibilidade de lucro. Também foi
feita análises verticais e horizontais, a fim de identificar possíveis
tendências a evolução e retrocessos dessas empresas. Depois de
realizada as avaliações da empresa Magazine Luiza e Via Varejo, os
indicadores apontam para um desempenho favorável de ambas as
organizações. Contudo, ao comparar as duas concorrentes, a Via
Varejo possui melhores índices em relação a sua concorrente direta.
Palavras-chave: Análise económico-financeira, rentabilidade, liquidez,
endividamento
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João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
A competitividade cada vez mais acirrada no mercado, onde as empresas devem reduzir ao
máximo suas despesas, gerando grande volume de lucro e mantendo principalmente sua saúde
e capacidade financeira, torna-se essencial o uso de ferramentas que conduzam a boa gestão.
Elas possibilitam ao administrador verificar o desempenho passado da organização e tomar
decisões relativas ao futuro. Também permitem uma avaliação externa, proporcionando
direção aos possíveis investidores e credores.
Nesse sentido, as demonstrações contábeis são as maiores fontes de informação para análise
quantitativa do desempenho das empresas. Através dos dados contidos nelas, é possível
mensurar índices a partir de sua decomposição, avaliando fatores positivos e negativos que
compõe o cenário da organização.
Esse trabalho objetiva a partir dos índices econômico-financeiros, analisar e comparar duas
empresas específicas do setor de atacado e varejo, procurando entender a situação
mercadológica que cada uma se encontra, e através de tais índices julgar a capacidade e saúde
financeira.
2. Análises econômico-financeiras das demonstrações contábeis
Segundo Neto e Lima (2010), a análise das demonstrações financeiras constitui uma das
ferramentas mais importantes para o estudo da saúde corporativa. Para análise interna, as
ferramentas visam avaliar o desempenho geral do negócio, projetando assim o desempenho
futuro da organização. Já para analistas externos, os objetivos são mais específicos, podendo
ser o retorno sobre o investimento no caso de acionistas da empresa por exemplo.
Os indicadores usados para a análise das demonstrações financeiras são a análise vertical,
análise horizontal, indicadores de liquidez, indicadores de atividade, indicadores de
endividamento e os indicadores de rentabilidade.
2.1. Análise horizontal e vertical
Na análise horizontal é possível avaliar a evolução dos elementos das demonstrações
financeiras ao longo de determinado tempo. Ela permite verificar o percentual ou índice de
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crescimento de um elemento a partir do ano-base estabelecido, dando clara visão do
desempenho da organização naquele elemento.
O crescimento horizontal desses elementos é obtido através da divisão do valor do ano em
análise pelo valor do ano-base. Por exemplo, se uma organização efetuou R$ 100,00 em
vendas no ano-base e R$ 140,00 no ano em análise, podemos afirmar que as vendas cresceram
1,4 vezes em relação ao ano-base (aumento de 40%).
Figura 1 - Exemplo do cálculo do índice de crescimento
Fonte: Elaborada pelos autores
Para Neto e Lima (2010), a análise horizontal é a comparação que se faz entre os valores
absolutos de um elemento da demonstração financeira em diferentes exercícios sociais. Por
meio dessa análise é possível caracterizar tendências sobre cada conta da demonstração
financeira, permitindo melhor gestão pelos administradores.
A análise vertical também é um método comparativo, porém é desenvolvida em relação a um
grupo de contas de uma mesma demonstração financeira. Ela permite o cálculo das alterações
ocorridas na estrutura das demonstrações financeiras, completando a interpretação da análise
horizontal (NETO; LIMA, 2010).
Para Souza e Martins (2010) a análise vertical tem como principal objetivo avaliar a
composição das contas da demonstração financeira, sendo tomado por base o total de um
grupo de contas. No balanço patrimonial, a base é composta pelo Ativo Total e Passivo Total,
analisando em seguida o percentual que cada conta representa no grupo maior. No
Demonstrativo do Resultado do Exercício a Receita Operacional Líquida é tomada como base
e as demais contas são representadas em termos percentuais da base.
Segundo Matarazzo (2003) essa análise é importante para mostrar a participação de cada
conta em relação ao seu grupo financeiro e, através da comparação com anos anteriores e o
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ramo de atuação da empresa, verificar se há itens fora do padrão e o desempenho da
organização frente aos concorrentes.
Figura 2 - Exemplo de gráfico de composição do ativo
Fonte: elaborada pelos autores
Avaliando graficamente a composição do ativo, tem-se uma ideia sobre a capacidade que a
empresa tem de liquidez. Com o Ativo Circulante representando 62% do Ativo Total, vê-se
que a empresa tem alta liquidez a curto prazo.
As Análises Vertical e Horizontal são conclusões primárias do estudo econômico-financeiro
organizacional e devem ser complementadas. As conclusões tomadas durante esta etapa
podem ser confirmadas ou anuladas por outras análises que são cruciais para um
entendimento assertivo do desempenho da empresa.
2.2. Índices de liquidez
De acordo com Gitman (2007), índices de liquidez representam a capacidade que uma
organização tem de cumprir suas obrigações a curto prazo. “Quanto mais líquido o negócio,
menor a possibilidade de se encontrar em uma situação de insolvência, isto é dificuldade de
pagar as dívidas ou de comprar ou ativos necessários” (ROSS, 2013, pg. 58). Para Gitman
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(2007) a avaliação do índice depende de qual setor ela está inserida, tornando a análise
dependente dele, pois determinados setores podem apresentar menor liquidez que outros.
Para se calcular a Liquidez Corrente é necessário o balanço patrimonial do exercício e, a
partir das informações contidas nele, dividir o Ativo Circulante pelo Passivo Circulante,
obtendo-se assim o índice.
Figura 3 - Índice de liquidez corrente
Fonte: Gitman, 2009
Para Higgins (2014) a Liquidez Seca é similar à corrente, porém na liquidez seca o estoque é
subtraído do ativo circulante, já que, o mesmo em muitas situações não possui a solvência
necessária para a geração de caixa. Ross (2013), afirma que se deve subtraí-lo porque
geralmente a qualidade do estoque não é considerada.
Gitman (2007) complementa que o Índice de Liquidez Seca deve ser igual ou maior que um,
taxa que também depende do setor em que a empresa se encontra. Para calcular o índice, é
necessário dividir o Ativo Circulante, subtrair o Estoque, pelo Passivo Circulante.
Figura 4 - Índice de liquidez seca
Fonte: Neto e Lima, 2010
A liquidez imediata considera apenas as disponibilidades, ou seja, as contas com resgate
rápido (Caixa, Bancos, Aplicações Financeiras, tais como poupança) em relação ao passivo
circulante (OLIVEIRA et al. 2010). Para Neto e Lima (2010, p. 108), este índice mostra a
possibilidade de saldar as dívidas a curto prazo. Assim, para calculá-lo, dividem-se as
Disponibilidades pelo Passivo Circulante.
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Figura 5 - Índice de liquidez imediata
Fonte: Neto e Lima, 2010
Por meio da liquidez geral é possível conhecer a saúde financeira da empresa a longo prazo
(OLIVEIRA et. al. 2010). Neto e Lima (2010) explicam que o indicador é uma análise do
quanto a empresa registra de ativos para cada real de dívida de passivos de mesma
maturidade, circulante e realizável a longo prazo. Seu cálculo é feito através da divisão:
Figura 6 - Índice de liquidez geral
Fonte: Neto e Lima, 2010
Neto e Lima (2010) ressaltam que se os prazos dos ativos e passivos forem muito diferentes,
haverá distorções nas análises de folga. Assim, para que se obtenha uma melhor interpretação
das folgas financeiras da organização, é importante realizar a análise de liquidez integrada.
2.3. Índices de endividamento
De acordo com Gitman (2007), índices de endividamento são fundamentais para perceber
quanto uma empresa depende de capitais de terceiros para gerar lucro. Logo, para que uma
empresa seja sólida e resista a oscilações externas e mudanças na economia, é necessário que
seu capital próprio seja mais significativo do que o capital de terceiros (FARIAS, 2015).
Através do índice de endividamento geral, dimensiona-se o grau de endividamento da
organização para financiamento do ativo total da empresa. Quanto maior esse financiamento,
mais suscetível ao ambiente externo a empresa é, e consequentemente maiores riscos passa a
correr (GITMAN, 2007).
Figura 7 - Índice de endividamento geral
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Fonte: Neto, 2006
Além do índice de endividamento geral, há também o índice de imobilização do patrimônio
líquido. Segundo Oliveira et. al. (2010), os ativos circulantes e permanentes são “financiados”
pelo patrimônio líquido da empresa, logo, quanto maior o investimento em ativos
permanentes, menos recursos sobram para os ativos circulantes, consequentemente a
organização precisará de capital de terceiros.
Figura 8 - Índice de imobilização do patrimônio líquido
Fonte: Neto, 2006
Por fim, considera-se o índice de passivo oneroso sobre o ativo – POSA, que representa a
porcentagem de endividamento a longo prazo que as empresas possuem, principalmente com
instituições financeiras e debêntures. Assim, quanto menor o índice de passivo oneroso sobre
o ativo, melhor, o que significaria menor dependência de capital financeiro de terceiros
(NETO, 2006).
Figura 9 - Índice do passivo oneroso sobre o ativo
Fonte: Neto, 2006
2.4. Índices de rentabilidade
A Demonstração de resultado é a principal fonte para o cálculo dos índices de rentabilidade.
Em geral os índices são avaliados da seguinte forma: os lucros obtidos pela empresa serão
avaliados em relação aos investimentos feitos na mesma, às vendas efetuadas, ou ainda em
relação aos seus níveis de ativos (GITMAN, 2007).
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De acordo com Gitman (2007), a margem bruta mede quanto de lucro uma empresa tem em
relação as suas vendas, após dedução do custo de vendas do produto. Quanto maior o índice
melhor, pois significa que menor custo tem o produto, aumentando o lucro da organização.
Figura 10 - Índice de margem bruta
Fonte: Gitman, 2009
Para Gitman (2007) a margem líquida considera o lucro líquido, onde os impostos, despesas,
custos com o produto e a parte dos acionistas foram deduzidas, em relação as vendas do
produto. Logo, a margem líquida estabelece o percentual do lucro líquido em cada unidade
monetária vendida (OLIVEIRA et. al. 2010).
Figura 11- Índice de margem líquida
Fonte: Gitman, 2009
De acordo com Gabriel et. al, 2003 o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) é um dos mais
importantes índices de rentabilidade, pois influencia a longo prazo o valor das ações no
mercado, e indica quanto os proprietários e acionistas, no prazo de um ano, receberam de
retorno em relação aos investimentos feitos. Logo, quanto maior o índice, maior a
rentabilidade do investimento (OLIVEIRA et. al. 2010).
Figura 12 - Índice de retorno sobre o patrimônio líquido
Fonte: Gitman, 2007
Um outro índice de rentabilidade é o índice de retorno sobre o ativo – ROA que demonstra a
lucratividade que uma organização é capaz de obter através dos seus ativos totais (GABRIEL
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et. al. 2003). Quanto maior esse índice melhor, pois significa que a empresa não possui
obrigações com taxas de juros comprometendo sua receita (GITMAN, 2007).
Figura 13 - Índice de retorno sobre o ativo
Fonte: Gitman, 2007
3. Metodologia
Foram pesquisadas duas empresas do setor de atacado e varejo e com base nos balanços
patrimoniais e demonstração de exercícios, aplicou-se fundamentos teóricos e fórmulas como,
índice de endividamento, liquidez, rentabilidade, análise horizontal e vertical, que indicam a
saúde financeira da empresa. Além disso, foi feita uma análise temporal das duas
organizações, procurando reconhecer possíveis tendências a retrocesso ou evolução durante
seu exercício, que possibilitaria ao investidor empregar seus recursos da forma mais lucrativa.
Após a análise e cálculo dos índices, foi realizada uma comparação setorial, a fim de
descobrir qual empresa possui melhores resultados, visto que são concorrentes diretas.
4. Análises dos resultados
A partir da análise horizontal da empresa Magazine Luiza, vê-se que ocorreu um aumento em
termos reais no ativo total, de 12,22% entre os anos de 2013 e 2014, isso se deu ao aumento
no ativo circulante, e principalmente ao caixa e equivalentes de caixa que cresceu 47,06%.
Sobre o passivo circulante, percebe-se aumento real de 39,09% dos empréstimos e
financiamentos à curto prazo e 8,38% de fornecedores, isso devido ao aumento de contas a
receber e estoques. No passivo não circulante, empréstimos e financiamentos a longo prazo
cresceram 25,15% e outras obrigações, 60%. Isso indica que a empresa não teve capacidade
de arcar com sua alavancagem financeira, e como consequência precisou recorrer a capital de
terceiros a longo prazo. O patrimônio líquido cresceu 8,62%, logo, comparando-o com o
passivo não circulante e circulante, conclui-se que a Magazine Luiza passou a depender mais
de capital de terceiros de um ano para o outro.
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Figura 14 - Balanço patrimonial Magazine Luiza
Fonte: Adaptado de Econoinfo, 2015
Na análise horizontal do balanço patrimonial da Via Varejo, observa-se aumento do ativo
total em termos reais de 18,9% de 2013 para 2014, ocorrido em proporções parecidas ao ativo
não circulante e circulante, onde o caixa e equivalentes de caixa cresceram 26,76%
melhorando o valor monetário de disponibilidades da empresa. O estoque também aumentou
27,74% junto as contas a receber 4,38% o que levou a empresa a procurar fontes de recursos
para o financiamento das atividades a curto prazo, assim os empréstimos e financiamentos a
curto prazo tiveram aumento de 11,56% e os fornecedores de 31,19%. Com relação aos
empréstimos e financiamentos a longo prazo, vê-se diminuição significativa que influenciou
na regressão do passivo circulante, o que representa que a empresa não precisou recorrer a
capital de terceiros para financiar atividades de longo prazo.
Figura 15 - balanço patrimonial Via Varejo
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Fonte: Adaptado de Econoinfo, 2015
A análise vertical da empresa Magazine Luiza mostra que quase metade dos seus ativos
circulantes está comprometida com os estoques, impactando negativamente o índice de
liquidez seca da organização. Cerca de 65% do passivo não circulante está comprometido
com empréstimos e financiamento de longo prazo, ao comparar patrimônio líquido com o
passivo não circulante, verifica-se uso maior de capital de terceiros, sendo boa parte onerosa,
para financiar suas atividades. Na análise vertical da empresa Via Varejo, percebe-se as
disponibilidades como o grupo que possui expressão dentro do ativo circulante o que
contribui positivamente para a liquidez e capacidade de solvência da empresa. Apresentando
baixos níveis de passivo não circulante e consequentemente de empréstimos e financiamentos
a longo prazo, o que significa baixa dependência de capitais de terceiros para financiamento
de longo prazo. O passivo circulante é composto grande parte por fornecedores, empréstimos
e financiamentos a curto prazo.
Comparando as análises verticais das empresas Magazine Luiza e Via Varejo, percebe-se a
diferença de estoque entre as duas, onde mesmo a segunda possuindo maior valor monetário
investido em estoque, ainda possui menor porcentagem comprometendo o ativo circulante. Ao
comparar as empresas em nível de passivo circulante a Magazine Luiza depende menos de
capital de terceiros para o financiamento a curto prazo, porém em relação ao exigível à longo
prazo, possui maior dependência, o que mostra capital comprometido por longos períodos.
Sobre o patrimônio das empresas, a Via Varejo possui quase o dobro em termos percentuais e,
consequentemente, mais capacidade de financiamento de atividade com capital próprio.
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Figura 16 - Demonstração de resultado Magazine Luiza
Demonstração do Resultado 30/09/2014 30/09/2013 AH
Receita de Venda de Bens e/ou Serviços 2.390,40 2.020,80 18%
Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos -1.710,90 -1.448,40 18%
Resultado Bruto 679,5 572,4 19%
Despesas/Receitas Operacionais -531,7 -475,4 12%
Despesas com Vendas -423,1 -371,7 14%
Despesas Gerais e Administrativas -134 -121,2 11%
Gerais e Administrativas -105,8 -95,9 10%
Depreciação -28,2 -25,3 11%
Perdas pela Não Recuperabilidade de Ativos -4,8 -5,2 -8%
Outras Receitas Operacionais 3,7 10,6 -65%
Outras Receitas (Despesas) Operacionais, Líquidas - 10,6
Resultado de Equivalência Patrimonial 26,5 12,1 119%
Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos 147,9 97 52%
Resultado Financeiro -96,8 -65,4 48%
Receitas Financeiras 24,1 17,3 39%
Despesas Financeiras -120,9 -82,7 46%
Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro 51,1 31,7 61%
Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro -9 -6,3 43%
Lucro/Prejuízo Consolidado do Período 42,1 25,4 66%
*Em milhares de reais
Fonte: Adaptado de Econoinfo, 2015
Figura 17 - Análise horizontal da DRE da Via Varejo
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Demonstração do Resultado 31/12/2014 31/12/2013 AH
Receita de Venda de Bens e/ou Serviços 22.674,00 21.755,90 4%
Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos -15.319,00 -15.055,80 2%
Resultado Bruto 7.355,00 6.700,10 10%
Despesas/Receitas Operacionais -5.264,00 -4.462,80 18%
Despesas com Vendas -4.557,00 -4.419,00 3%
Despesas Gerais e Administrativas -531 -537,5 -1%
Outras Receitas Operacionais 20 854,7 -98%
Resultado com ativo permanente 0 -34
Outras receitas operacionais 20 888,7 -98%
Outras Despesas Operacionais -199 -376,1 -47%
Depreciações e Amortizações -139 -130,2 7%
Outras Receitas (Despesas) Operacionais -60 -245,9 -76%
Resultado de Equivalência Patrimonial 3 15,1 -80%
Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos 2.091,00 2.237,40 -7%
Resultado Financeiro -679 -550,7 23%
Receitas Financeiras 357 263,9 35%
Despesas Financeiras -1.036,00 -814,6 27%
Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro 1.412,00 1.686,60 -16%
Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro -474 -512 -7%
Resultado Líquido das Operações Continuadas 938 1.174,60 -20%
Resultado Líquido de Operações Descontinuadas 0 -30,1
Lucro/Prejuízo Consolidado do Período 938 1.144,50 -18%
*Em milhares de reais
Fonte: Adaptado de Econoinfo, 2015
Figura 18 – Evolução dos índices de liquidez, endividamento e rentabilidade
2014 2013 Var. % 2014 2013 Var. %
Índices de liquidez
Liquidez corrente 1,22240 1,17513 4,02% 1,10269 1,15049 -4,15%
Liquidez seca 0,65990 0,66758 -1,15% 0,79566 0,85136 -6,54%
Liquidez imediata 0,25190 0,30565 -17,59% 0,45766 0,45245 1,15%
Liquidez geral 0,84432 0,85860 -1,66% 1,13597 1,13827 -0,20%
Índices de endividamento
Endividamento geral 0,84082 0,83972 0,13% 0,70539 0,70643 -0,15%
Imobilização de patrimônio líquido 1,82258 1,74065 4,71% 0,67444 0,66728 1,07%
POSA 0,45270 0,45327 -0,13% 0,31111 0,35321 -11,92%
Índices de rentabilidade
Margem bruta 0,28426 0,28325 0,36% 0,32438 0,30797 5,33%
Margem líquida 0,01761 0,01257 40,12% 0,04137 0,05261 -21,36%
ROE 0,05680 0,03642 55,98% 0,19894 0,28969 -31,33%
ROA 0,00904 0,00584 54,91% 0,05861 0,08728 -32,85%
Magazine Luíza Via Varejo
Fonte: Elaborada pelos autores
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A Magazine Luiza opera sem folga financeira, evidenciado pelo Índice de Liquidez Geral
abaixo de 1, caracterizando maior risco quanto à solvência de suas obrigações gerais. Seu
índice de Liquidez Seca fechou em 0,6599 apresentando queda de 1,15%. Isso reforça a
conclusão evidenciada na Análise Vertical do grande volume de capital imobilizado em
estoques. A concorrente possui 10,2% de folga financeira observada no Índice de Liquidez
Geral, mesmo após a queda de 4,15% em relação ao ano anterior. O Índice de Liquidez
Imediata mostra o impacto positivo de possuir grande volume de caixa para solvência das
obrigações com terceiros.
Na análise do Endividamento Geral, a Magazine Luiza apresentou pequeno crescimento em
relação ao ano anterior, o que significa aumento proporcional dos riscos externos. Esse
aumento, apesar de não ser expressivo, pode ser interpretado como preocupante num
ambiente político e econômico de incertezas, onde os juros se elevam. No caso da Via Varejo,
esse índice, além de menor, apresentou leve queda, mostrando menor suscetibilidade a riscos
externos quando comparado à Magazine.
Ao avaliarmos o Índice de Imobilização de Patrimônio Líquido observamos que os ativos
permanentes da Magazine Luiza são financiados por todo seu patrimônio líquido e ainda por
capital de terceiros, conforme evidenciado nas Análises Horizontal e Vertical. Houve aumento
de 4,71% face ao ano anterior, frente ao aumento de 8,62% do Patrimônio Líquido. Ela
também apresentou pequena redução no POSA, porém mostra que 45,27% do Ativo é
financiado por Passivo Oneroso, comprovado também pelo estudo da Análise Vertical.
Ao observarmos o mesmo índice da Via Varejo, vemos que 67,44% do Patrimônio Líquido,
que representa aumento de 1,07% em relação ao ano anterior, financia o Ativo Permanente,
comprovando a capacidade maior de financiamento próprio levantada na Análise Vertical. Há
também o fato de que seu Patrimônio Líquido aumentou 19%, representando mais que o
dobro de aumento em relação à Magazine Luiza. A Via Varejo também possui significativa
parcela (31,11%) de Passivo Oneroso Sobre o Ativo comprovado pelo indicador POSA. Mas
a queda de 11,92% nesse indicador mostra a efetividade dos esforços para redução dos
empréstimos de longo prazo conforme Análise Horizontal.
A Magazine Luiza apresentou leve aumento na Margem Bruta, porém grande aumento na
Margem Líquida. Esta variação aponta para um esforço na redução das despesas operacionais
e conseqüente aumento da margem. Pode-se confirmar na DRE, que houve acréscimo na
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receita de vendas não proporcional ao aumento das despesas e outros custos mensurados após
o resultado bruto. Já a Via Varejo mostra um cenário contrário, com aumento de 5,33% na
Margem Bruta, que pode ter sido ocasionado pela diminuição nos custos dos produtos
vendidos ou aumento de preços. Porém, houve significativa redução de 21,36% na margem
líquida, podendo ser justificada principalmente pela redução de 98% de outras receitas
operacionais observado na DRE.
A Magazine Luiza aumentou o Retorno sobre o Patrimônio Líquido em 55,98%, porém o
retorno ainda é baixo, representado apenas 5,6%. Houve queda expressiva de 33,09% para a
Via Varejo, proporcionando 19,89% de Retorno sobre o Patrimônio Líquido. Apesar de bom
retorno, deve-se considerar preocupante a queda expressiva e a empresa necessita tomar
providências para que esse cenário se reverta. Quanto ao ROA, a Via Varejo apresentou
queda de 32,85% em relação ao ano anterior, fechando com índice de 0,05861. Já sua
concorrente apresentou crescimento de mais de 50%, porém possui um índice muito baixo,
menor que 0,01 mostrando o comprometimento do lucro líquido com passivos onerosos.
5. Considerações finais
Após as análises de índices de desempenho das empresas analisadas, foi observado que,
apesar da grande diferença de volume de capital, a Magazine Luiza teve crescimento da
rentabilidade positiva, enquanto que sua concorrente apresentou queda. O primeiro caso
proporciona avaliação positiva pelos sócios. Ainda assim, a Via Varejo apresentou maior
ROE e ROA, provando que sua gestão a longo prazo tem sido mais eficaz. Outra questão que
aponta para essa eficiência são os índices de Liquidez Geral e Corrente que proporcionam
folga financeira de 13,59% e 10,26% respectivamente. Já a Magazine Luiza apresentou
Liquidez Geral menor que 1.
Pode-se concluir que a Magazine Luiza obteve melhor desempenho financeiro em relação ao
ano anterior, mostrando que tem trabalhado para aumentar seus índices de retorno, mas para
isso, tem comprometido principalmente suas disponibilidades. Já a Via Varejo, perdeu
capacidade de remunerar investimentos, porém ainda possui melhor percentual de retorno. Tal
fato reforça a ideia da gestão à longo prazo que pode ser a causa de um retorno alto. Os
indicadores de endividamento indicam que a Via Varejo gerencia melhor suas dívidas, mas
sua margem líquida encontra-se prejudicada principalmente pela diminuição de outras receitas
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João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
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operacionais, que indica que a anterior estava sob essa influência e agora está convergindo
para um número mais realístico.
Portanto, a curto prazo, o melhor desempenho foi da Magazine Luiza e deve ser considerado
para investimentos futuros. A Via Varejo deve ser levada em conta pela expressão de seus
retornos e pelo bom gerenciamento da dívida a longo prazo, mostrando-se uma empresa com
capital menos comprometido, abrindo margem para futuros investimentos e ganhos maiores.
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