Análise da obra A última Grande Lição, de Mitch Albom
A trama do livro, que relata uma história real sucedida com o autor, acontece durante 1995. O livro nos traz a história do jornalista esportivo Mitch, que depois de 16 anos se reencontra com o seu antigo professor da faculdade, Morrie, com quem havia iniciado seus estudos da Sociologia. Mitch é pego de surpresa ao saber que o seu professor favorito estava agora em seu leito de morte, com dias contados, diagnosticado de esclerose lateral amiotrófica (ELA), a doença de Lou Gehrig1, até então incurável.
Mitch desde que havia saído da faculdade, como a maioria da
população, levava uma vida muito apressada. Tinha seus dias cheios e, no entanto, vivia insatisfeito a maior parte do tempo. Sem ao menos perceber, barganhava sonhos por cheques cada vez mais gordos. O que teria acontecido com ele, e todas as aulas que havia tido com Morrie sobre o sentido da vida? Ele havia adquirido a cultura da massa - a do trabalho.
Já o velho professor Morrie, que já não podia dançar ou, ao menos, segurar uma colher, em uma crescente dependência, seguia sua decadência lenta e implacável pela doença a que fora acometido. Ainda assim, tentava ensina o quanto podia. Havia percebido que seu fim estava próximo e aprendido a aceitar a morte; ele queria compartilhar suas filosofias sobre o sentido da vida com o mundo. Morrie ia atravessar a ponte entre a vida e a morte e narrar a travessia, queria que todos aprendessem com as sua morte. Aliás, a parte mais extraordinária de sua vida estava por vir.
Mitch sabia, bem no íntimo, que não era mais o bom aluno que o professor guardava na lembrança. Deste modo, Morrie aparece determinado em fazer Mitch se reencontrar com o velho estudante que costumava ser na faculdade, durante as suas aulas. Os terça-feirinos (como se autodeclaravam por sempre se encontrarem nas terças-feiras) começam a se encontrar durante os meses de vida que restam à Morrie para que, juntos, dessem vida a este
livro que denominam como a última Tese.
“Nunca pense que é tarde para se envolver” – Morrie (página 12)
É defendido, tanto por Morrie quanto por Mitch, no livro, que quando se aprende a morrer aprende-se a viver. Quando aprendemos a viver uma vida mais completa e sem arrependimentos, apreciando as menores e mais genuínas coisas da vida. Geralmente, não experimentamos a vida em sua plenitude. Não nos concentramos no que é essencial. E se hoje fosse o meu último dia na Terra?
O amor é dado como supremamente importante. É parafraseada a frase do poeta W. H. Auden, “Amem-se uns aos outros, ou pereçam”. É essa uma das lições mais importantes. Morrie sente que o amor e a compaixão são necessários para uma pessoa ser plena. Morrie diz que quando o amor é abundante, não há sensação maior de realização que se pode experimentar. O mais importante na vida é aprender a dar amor e a recebê-lo.
Durante os encontros, o professor fala sobre sua vida e sobre suas crenças pessoais, ele ensina-o a rejeitar crenças da cultura popular e criar seus próprios valores com base na compaixão e na solidariedade. Ele acredita que a cultura que temos não contribui para que as pessoas estejam satisfeitas com elas mesmas e se aprendêssemos a fazer isso, o mundo seria bem melhor do que é.
Contrastando uma história escrita há quase vinte anos com o mundo contemporâneo, percebemos várias semelhanças que indicam que ainda grande parte da população ainda está enraizada na cultura destrutiva apontada no livro. Presos a uma mentalidade decidida pela massa onde os valores são colocados em coisas erradas.
Morrie diz em uma passagem que o maior problema dos seres humanos é a "miopia intelectual". Não enxergar o que podemos ser. Devíamos atentar para o nosso potencial e nos esforçarmos por alcançar tudo o que podemos ser.
É defendido que devemos e precisamos trabalhar para criar a nossa própria cultura. Aprender a perdoar, não só os outros, mas nós mesmos. Compreender que, um dia, todos vamos morrer e que podemos viver melhor por causa disso. Deixar que as emoções nos penetrem em plenitude. Ter em mente que, na vida, todos precisamos de professores, e estarmos dispostos a ouvir. E por fim, perceber que na vida não existe “tarde demais” que nos impeça de entender e melhorar o curso da vida.
“O professor liga à eternidade; ele nunca sabe onde cessa a sua influência.”
Henry Adams (1838 – 1918)
Marcus Davy Viana Nogueira
06.2013