Antônio Fabrício de M. Gonçalves
FORMAS DE CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
a) Por iniciativa do empregador
a.1) Dispensa imotivadaa.2) Dispensa por justa causa
b) Por iniciativa do empregado
b.1) Demissãob.2) Rescisão indiretab.3) Aposentadoria espontâneab.4) Morte do empregado
c) Culpa recíproca
d) Falência
e) Extinção da empresa
e.1) Extinção da empresa por motivo de força maior
DISPENSA POR JUSTA CAUSA
Ato doloso ou culposo praticado por uma das partes e que impede oprosseguimento da relação de emprego.
(Alice Monteiro de Barros)
Caracterização da justa causa
1. relação de causa e efeito entre a falta praticada e a punição
aplicada;
2. tipicidade da conduta (previsão em lei);
3. atualidade da falta (imediatidade ou ausência de perdão tácito);
4. proporcionalidade e razoabilidade;
5. conexão entre a falta e o serviço realizado;
6. prejuízo moral ou material ao empregador;
7. non bis in idem (proibição de dupla punição).
Critériosde avaliação do magistrado para declaração da justa causa
1. Passado funcional do empregado;
2. Nível educacional do empregado;
3. A condição emocional em que a falta foi praticada
4. O comportamento do empregador em relação às faltas da mesma
natureza
Ônus da prova (art. 818, CLT c/c art. 333, do CPC)
Infrações trabalhistas
CLT, art. 482 – Constituem justa causa para rescisão do contrato de
trabalho pelo empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão
do empregador, e quando constituir ato de concorrência à
empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao
serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso
não tenha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra
qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições,
salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas
praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo
em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
Parágrafo único. Constitui igualmente justa causa para
dispensa de empregado a prática, devidamente
comprovada em inquérito administrativo, de atos
atentatórios contra a segurança nacional.
CLT, art. 158 - Cabe aos empregados:
I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho,
inclusive as instruções
de que trata o item II do artigo anterior;
II - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste
Capítulo (V - Da segurança e medicina do Trabalho)
Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa
injustificada:
a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na
forma do item II do artigo anterior;
b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos
pela empresa.
CLT, art. 240. Nos casos de urgência ou de acidente, capazes de afetar
a segurança ou regularidade do serviço, poderá a duração do trabalho
ser excepcionalmente elevada a qualquer número de horas,
incumbindo à Estrada zelar pela incolumidade dos seus empregados e
pela possibilidade de revezamento de turmas, assegurando ao pessoal
um repouso correspondente e comunicando a ocorrência ao Ministério
do Trabalho dentro de 10 (dez) dias da sua verificação.
Parágrafo único - Nos casos previstos neste artigo, a recusa,sem causa justificada, por parte de qualquer empregado, àexecução de serviço extraordinário será considerada faltagrave.
CLT, art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seutermo ou quando o aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos,ressalvada a hipótese prevista no § 5o do art. 428 destaConsolidação, ou ainda antecipadamente nas seguintes hipóteses:
II – falta disciplinar grave;
Decreto n° 95.247/1987, artigo 7º, § 3° (declaração falsa para uso dovale- transporte)
. Justa causa no curso do aviso prévio
Produz os mesmos efeitos que produziria se tivesse sido praticada como contrato em vigor
TST, SUM. 73. DESPEDIDA. JUSTA CAUSA (nova redação) - Res.121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A ocorrência de justa causa, salvoa de abandono de emprego, no decurso do prazo do aviso préviodado pelo empregador, retira do empregado qualquer direito àsverbas rescisórias de natureza indenizatória.
JURISPRUDÊNCIAS
TST, SUM. 32. ABANDONO DE EMPREGO - Presume-se o abandono de
emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no prazo de 30 (trinta)
dias após a cessação do benefício previdenciário nem justificar o motivo
de não o fazer.
TST, SUM. 379 - DIRIGENTE SINDICAL. DESPEDIDA. FALTA GRAVE.
INQUÉRITO JUDICIAL. NECESSIDADE - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005 O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta
grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos arts.
494 e 543, §3º, da CLT.
TST, SUM. 77 - PUNIÇÃO (mantida) - Nula é a punição de empregado se
não precedida de inquérito ou sindicância internos a que se obrigou a
empresa por norma regulamentar.
TRT 3ª R. - REVERSÃO DA JUSTA CAUSA EM JUÍZO. MULTA DO § 8º
DO ART. 477 DA CLT - A reversão da justa causa em juízo enseja, por si
só, a condenação ao pagamento da multa prevista no § 8º do art. 477 da
CLT.
EMENTA: DISPENSA POR JUSTA CAUSA - CONFIGURAÇÃO. Para que
se legitime a justa causa aplicada, o empregador deve comprovar a culpa
do empregado, a gravidade de seu comportamento, o imediatismo da
rescisão (para que não se caracterize o perdão tácito), o nexo de
causalidade entre a falta grave cometida pelo obreiro e o efeito danoso
suportado pelo empregador, além da singularidade e proporcionalidade
da punição. A dispensa consubstanciada na justa causa também deve
decorrer da contextualização da falta praticada, ou seja, a
responsabilidade exclusiva do empregado deve ser apreciada no caso
concreto, levando-se em conta o grau de capacidade de discernimento do
empregado e as circunstâncias de meio, quais sejam, o tempo, os hábitos
sociais, os valores, a profissão e as atividades laborais do empregado e
as características do seu ambiente de trabalho. Comprovada a falta grave
cometida a ensejar a dispensa por justa causa, porque representa a
quebra da fidúcia que norteia a relação empregatícia, torna de todo
inviável cogitar em reversão da justa causa aplicada para a dispensa.
(TRT da 3.ª Região; 0000647-54.2010.5.03.0060 RO; 10/11/2014;
Disponibilização: 07/11/2014, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 131; Quarta
Turma; Julio Bernardo do Carmo; Revisor: Convocada Erica Aparecida
Pires Bessa)
EMENTA: ABANDONO DE EMPREGO NO CURSO DO AVISO PRÉVIO.
EFEITOS. Configurado o abandono de emprego durante o aviso prévio, o
empregado perderá apenas o salário dos dias faltantes, em vista do
escopo do instituto: permitir ao trabalhador obter novo emprego
(inteligência da Súmula nº 73 do TST). Receberá, portanto, as parcelas
rescisórias. Se o autor havia sido dispensado sem justa causa,
desnecessário averiguar o alegado abandono de emprego no período,
pois são devidas as mesmas parcelas, exceto a remuneração dos dias
não trabalhados. (TRT da 3.ª Região; 0017800-11.2008.5.03.0080 RO;
25/10/2008; Sexta Turma; Emerson Jose Alves Lage)
EMENTA: JUSTA CAUSA. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MOTORISTA.
TRANSPORTE PÚBLICO. É válido o ato rescisório motivado, conforme
art. 482, 'e', da CLT, quando o empregado, por negligência e imprudência,
comete falta grave a impossibilitar a manutenção do vínculo empregatício.
O ato de transitar em velocidade superior à determinada para a pista é
incompatível com o cargo ocupado e coloca em risco a segurança do
próprio empregado e de terceiros.(TRT da 3.ª Região; 0000456-
49.2014.5.03.0066 RO; 26/01/2015; Terceira Turma; Relator: Cesar
Machado; Revisor: Camilla G.Pereira Zeidler)
EMENTA: ATESTADO MÉDICO FALSO OU FORJADO. DISPENSA POR
JUSTA CAUSA. A apresentação de atestado médico falso ou forjado, por
si só, constitui falta grave e motivo suficiente para justificar a dispensa do
reclamante por justa causa, pois ficou configurado o ato de improbidade,
conforme alínea "a" do art. 482 da CLT. A falta cometida se reveste de tal
gravidade que não viabiliza a gradação da punição, propiciando, de
imediato, a dispensa por justa causa.(TRT da 3.ª Região; Processo:
0001506-49.2013.5.03.0033 RO; Data de Publicação: 26/01/2015; Órgão
Julgador: Terceira Turma; Relator: Cesar Machado; Revisor: Camilla
G.Pereira Zeidler)
EMENTA: JUSTA CAUSA. USO DE RECURSOS DO EMPREGADOR EM
EMPREENDIMENTO PARTICULAR. O desrespeito ao código de conduta
da empresa, com utilização de recursos da empregadora para a prática
de empreendimento particular, caracteriza quebra da fidúcia necessária
para a manutenção do contrato de trabalho. Justa causa mantida. (TRT
da 3.ª Região; Processo: 0002109-71.2013.5.03.0050 RO; Data de
Publicação: 19/12/2014; Disponibilização: 18/12/2014,
DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 621; Órgão Julgador: Nona Turma; Relator:
Maria Stela Alvares da S.Campos; Revisor: Ricardo Antonio Mohallem)
EMENTA: RECURSO DA RECLAMANTE. JUSTA CAUSA. BANCÁRIA.
REPASSE DE INFORMAÇÕES A TRABALHADOR DE BANCO
CONCORRENTE. Configura ato de improbidade e violação a segredo da
empresa o repasse de informações cambiárias de cliente de instituição
financeira, provenientes da utilização de ferramenta de trabalho de uso
restrito (SISBACEN), a trabalhador de banco concorrente. Informações
que, embora não sejam de domínio exclusivo do reclamado, têm acesso
limitado a empregados determinados. Recurso ordinário desprovido (TRT
da 4ª Regiáo: Processo: 0123500-24.2006.5.04.0401 RO)
EMENTA: DISPENSA POR JUSTA CAUSA. DESÍDIA. Hipótese em que
a falta injustificada ao serviço do reclamante, após a aplicação de
diversas penas de advertência e suspensão pelas reiteradas ausências
ao serviço é falta grave o suficiente a caracterizar a desídia, prevista no
item "e" do art. 482 da CLT para justificar a dispensa por justa causa.
Recurso do reclamante desprovido, no tópico. (TRT da 4ª Região;
Processo: 0000850-64.2013.5.04.0292 RO; Data de Publicação:
15/10/2014; Órgão Julgador: Sexta Turma; Relator: Roberto Antonio
Carvalho Zonta)
EMENTA: DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. ALCOOLISMO.INOCORRÊNCIA. O art. 483, alínea "f", da CLT, preceitua que aembriaguez habitual ou sem serviço constitui justa causa para arescisão do contrato de trabalho pelo empregador. A jurisprudência vemflexibilizando o direito de o empregador romper o pacto laboral por justacausa obreira nos casos em que uso do álcool provocar transtornosmentais e comportamentais no empregado, caso em que ficareconhecida a existência de doença (CID 10-F10). No entanto, in casu,o reclamante não demonstrou que o uso de álcool provocou nele adoença correspondente ao CID mencionado, hipótese na qual oempregador deveria encaminhá-lo para tratamento, sendo vedada aextinção do pacto laboral durante o período de recuperação. Nãohavendo comprovação do diagnóstico de alcoolismo e não ficandodemonstrada a relação de causa e efeito entre o ato potestativo doempregador, consistente na dispensa do empregado, e o uso de álcool,não cabe a reparação pretendida. (TRT da 3.ª Região; Processo:0001346-21.2013.5.03.0034 RO; Data de Publicação: 16/09/2015;Disponibilização: 15/09/2015, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 305; ÓrgãoJulgador: Nona Turma; Relator: Convocado Alexandre Wagner deMorais Albuquerque; Revisor: Monica Sette Lopes)
EMENTA: DA JUSTA CAUSA - ARTIGO 482, "F", DA CLT. USO DE
CIGARRO DE MACONHA. O reclamante não era usuário habitual de
drogas e de entorpecentes, na espécie, a maconha. Se existe apenas
um relato de uso de cigarro de maconha nos autos, aliado ao fato de que
tal se deu após a prestação de serviços à demandada, ainda que nas
cercanias da sua sede, além de não existir nenhum relato ou
comprovação de que o reclamante tenha feito uso de entorpecentes
durante o seu horário de trabalho, muito menos prejudicado a sua
produtividade ou colocado em risco os demais empregados da empresa
por esse motivo, mantenho a sentença, que afastou a dispensa por justa
causa e considerou imotivada a resolução contratual, deferindo as
verbas rescisórias pertinentes. (TRT da 3.ª Região; Processo: 00694-
2006-057-03-00-3 RO; Data de Publicação: 16/12/2006, DJMG , Página
17; Órgão Julgador: Quarta Turma; Relator: Julio Bernardo do Carmo;
Revisor: Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello)
EMENTA: DANO MORAL. REPARAÇÃO. DISPENSA POR JUSTA
CAUSA. A rescisão contratual por justa causa, ainda que não acolhida em
juízo, concretizada sem que o empregado seja exposto a qualquer situação
humilhante, não implica, por si só, lesão à honra, à imagem e aos direitos
personalíssimos do trabalhador. Não comprovado que o empregador
afastou-se da razoabilidade, proporcionalidade e licitude de conduta ao
proceder às investigações por meio de procedimento administrativo de
sindicância para apuração das denúncias a ele realizadas, não há dano à
moral a ser indenizado. (TRT da 3.ª Região; Processo: 0001976-
49.2013.5.03.0108 RO; Data de Publicação: 15/12/2014; Órgão Julgador:
Sexta Turma; Relator: Convocada Cleyonara Campos Vieira Vilela; Revisor:
Convocado Tarcisio Correa de Brito)
EMENTA: DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA - DANOS MORAIS. A
despedida justificada não resulta em dano moral, porque é fato corriqueiro,
que sempre acontece, em diversas situações, sem macular a honra ou
imagem do empregado. Cabe a este, quando não concorda com a justa
causa, exercer o direito de ação, como aconteceu no caso.(TRT da 3.ª
Região; Processo: 0000839-62.2013.5.03.0098 RO; Data de Publicação:
17/10/2014; Órgão Julgador: Segunda Turma; Relator: Jales Valadao
Cardoso; Revisor: Convocado Rodrigo Ribeiro Bueno)