APLICAÇÃO DA METODOLOGIA SWOT
NO PLANEJAMENTO LOGÍSTICO DA
DISTRIBUIÇÃO FÍSICA EM UMA
MINERADORA
Felipe Eugenio Kich Gontijo (UDESC )
Mariana Sperotto (UDESC )
Eduarda Dutra de Souza (UDESC )
O Brasil se destaca no cenário mundial como sendo um dos principais
produtores de minérios para a indústria cerâmica. Nesse segmento a
qualidade e o custo dos minerais é um fator decisivo para obter um
produto final com a qualidade a um preeço competitivo no mercado.
Nesse artigo é apresentado o caso de uma mineradora brasileira que
busca oferecer o produto mais adequado em termos de custo e
qualidade para o mercado cerâmico do sul do país através de uma
mistura com os minérios de uma empresa Argentina. Considerando-se
a distância entre as partes, o artigo buscar analisar estrategicamente a
configuração da distribuição física da mineradora brasileira,
comparando as alternativas disponíveis e considerando os riscos e
oportunidades envolvidos em cada uma das situações através da
ferramenta SWOT.
Palavras-chave: Mineração. Planejamento logístico. Distribuição
física. Análise SWOT.
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1. Introdução
Os minerais cerâmicos representam, no Brasil, o segmento de maior importância econômica
no setor de mineração industrial. Todos os anos, milhões de toneladas de minerais cerâmicos
são consumidas pela indústria de cerâmicas de revestimento, louças de mesa e louças
sanitárias. A qualidade dos minerais é um fator decisivo para a qualidade do produto cerâmico
e, cada vez mais, a indústria busca materiais de melhor qualidade a preços mais competitivos.
A empresa considerada nesse estudo detém uma reserva de minerais industriais que fornece
esses materiais para indústrias de revestimentos cerâmicos localizados em Santa Catarina.
Visando diferenciar seu produto e oferecer um mineral mais adequado ao mercado, a empresa
firmou uma parceria com a empresa Beta, localizada na Argentina, para o fornecimento de
minerais industriais no Brasil, especialmente o filito, que é utilizado na indústria cerâmica
como fundente.
Esse minério extraído na Argentina possui qualidade superior ao presente na reserva da Alfa,
entretanto, é muito mais caro. Pesquisas realizadas por ambas as empresas concluíram que
uma mistura dos minerais das duas organizações atenderia melhor às exigências de custo-
benefício do mercado.
Para realizar essa mistura, é necessário um planejamento para a movimentação dos materiais e
posicionamento dos processos produtivos. No entanto, um dos maiores problemas enfrentados
pela indústria de minérios no País é o alto custo logístico e a dificuldade de oferecer bons
níveis de serviço ao cliente e entregas rápidas, dada à precariedade da infraestrutura de
transporte. Considerando o cenário descrito, o objetivo desse trabalho é avaliar o uso de uma
ferramenta de apoio à decisão para apresentar um modelo de análise estratégica na
configuração da distribuição física de uma empresa mineradora, comparando as alternativas
disponíveis e considerando os riscos e oportunidades envolvidos em cada uma das situações.
A ferramenta de análise proposta é a matriz SWOT, cuja aplicação na área de logística de
suprimentos já foi adotada por Gontijo et al. (2014), Córdova et al. (2012), Ribeiro et al.
(2008) e Rodrigues et al. (2008). Através dessa matriz, pretende-se realizar uma simulação
para implantação de cada alternativa proposta, buscando uma melhor solução de suprimento.
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2. Revisão Bibliográfica
A tendência de buscar vantagens no posicionamento estratégico das instalações físicas e a
dificuldade em gerenciar a logística de distribuição é uma decisão estratégica que carece de
uma fundamentação teórica. Para isso, é importante entender preliminarmente o contexto de
planejamento logístico, que é o foco que caracteriza o problema. E a ferramenta de decisão
estratégica que é a metodologia SWOT. São esses elementos que são tratados a seguir.
2.1 Objetivo da Logística
Bowersox e Closs (2010) afirmam que o objetivo da logística é tornar disponíveis os produtos
e serviços no local onde são necessários, no momento em que são desejados. Ballou (2001)
vai de encontro a essa posição ao afirmar que o problema enfrentado pela logística é diminuir
o hiato entre a produção e a demanda, para que os consumidores tenham os bens e serviços
quando e onde quiserem, na condição física que desejarem.
O distanciamento espacial, segundo Novaes (2007), tanto entre os pontos de origens de
matéria prima e de componentes de fabricação e a indústria quanto entre esta e os mercados
consumidores determina que o valor agregado ao produto quando sai da fábrica ainda não está
completamente contabilizado, pois este deve estar disponível no lugar adequado para que o
consumidor possa usufruí-lo.
2.2 Planejamento Logístico
Ballou (2001) discorre ainda sobre o planejamento logístico, subdividindo-o conforme o
horizonte temporal em planejamento estratégico – de longo alcance, com horizonte temporal
maior que um ano; planejamento tático – com horizonte temporal intermediário, geralmente
menor que um ano - e o planejamento operacional, no qual as decisões são de curto prazo,
geralmente tomadas em questão de dias ou horas.
Para Ballou (2001), o planejamento logístico é dividido em quatro áreas transporte,
localização, estoques e níveis de serviço ao cliente, sendo que esta última é resultado da
estratégia formulada pelas outras três. Embora sejam três áreas distintas, devem ser planejadas
como uma unidade. A Figura 1 representa as áreas de tomadas de decisões logísticas:
Figura 01: O triângulo da tomada de decisões logísticas.
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Fonte: adaptado de Ballou (2001).
Essas quatro áreas são, de acordo com Ballou (2001), as principais áreas do planejamento por
causa do impacto que as decisões causam na lucratividade, no fluxo de caixa e no retorno
sobre o investimento. Cada área está inter-relacionada com as outras e não deve ser planejada
sem ao menos considerar os efeitos das compensações.
2.3 Análise SWOT Aplicada à Logística
A análise SWOT consiste na avaliação de determinada empresa ou parte dela, por meio da
determinação dos pontos fortes e fracos observados no ambiente interno e das ameaças e
oportunidades observadas no ambiente externo. A sigla SWOT significa Strengths, Weakness,
Opportunities e Threats, ou Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças.
Segundo Tavares (2005) a análise SWOT é apresenta forma simples de expor e contrapor as
variáveis em questão, sendo que as forças e fraquezas representam as competências internas
da entidade que está tomando a decisão, que deve conhecer para posicionar-se frente às
alternativas de decisão. E as oportunidade e ameaças são os fatores externos, que se deve
conhecer para aproveitar, evitar ou enfrentar, visando um melhor resultado.
Para Matos et al (2007), a análise SWOT visa analisar tendências, identificar oportunidades
oferecidas e ameaças potenciais, além de verificar como a organização está preparada para
enfrentar cada item. Se a organização estiver preparada para enfrentar o item identificado, isso
se constituirá em um ponto forte, caso contrário, se constituirá em um ponto fraco.
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A utilização em cenários que envolvem questões logísticas já foi proposta por Gontijo et al.
(2014), que apresentou um estudo sobre escolha de fornecedores para compor a cadeia de
suprimentos de uma montadora na indústria automobilística. Rodrigues et al (2009) que
utilizaram a matriz para mapear as vantagens e desvantagens de um sistema de distribuição,
com o objetivo de monitorar utens críticos e antecipar possíveis problemas.
Córdova et al. (2012) legitimam a utilização da análise SWOT para analisar relações de
fornecimento e parcerias estratégicas e tomadas de decisão sobre estratégias e inovação na
área logística.
3. Metodologia
Esse artigo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o uso da Análise SWOT como
ferramenta de apoio para decisões estratégicas de logística de distribuição e do
posicionamento de instalações físicas. O desenvolvimento da pesquisa deu-se ao longo de
uma vivência diária durante seis meses em uma empresa de mineração. A primeira ação foi
realizar um levantamento do atual estado da distribuição e posicionamento das instalações,
bem como o novo cenário pretendido. Paralelamente foi feita uma pesquisa bibliográfica para
avaliar o estado de arte dos temas tratados.
Para isso foi desenvolvida uma pesquisa exploratória, onde buscou-se o aprofundamento nos
temas pertinentes, para prover uma maior compreensão. Também é uma pesquisa descritiva,
pois foi realizado um estudo bibliográfico de materiais publicados e de relatórios e
documentos da empresa, descrevendo-se as características do objeto de estudo e discorrendo
sobre o comportamento dos fatos.
O método de pesquisa é qualitativo, e a coleta de dados foi feita através de análise de
relatórios e documentos da empresa, entrevista aberta com gestores que participaram do caso
e por observação direta pelos pesquisadores. Grande parte das informações apuradas nos
documentos eram relatórios e planilhas de operações, não apresentando uma visão macro da
rede e das estratégias adotadas, o que foi buscada nas entrevistas e na construção da descrição.
Essas informações foram utilizadas para realizar uma descrição analítica dos processos e fatos
envolvidos. Posteriormente foi feita uma interpretação inferencial, na qual buscou-se
descrever não somente o que foi declarado, mas também o entendimento dos pesquisadores.
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Em relação ao desenvolvimento da ferramenta SWOT, trata-se de uma pesquisa-ação, pois
houve a inserção do pesquisador nos processos da empresa, com objetivo de obter uma visão
funcional. Também é classificada como levantamento de dados, tendo em vista que as
informações foram apuradas através de contatos com os gestores envolvidos. Em posses
desses dados foi feita a análise das alternativas, utilizando a matriz SWOT, culminando na
indicação de num modelo para uma nova disposição das instalações físicas.
4. Desenvolvimento
Fundada em 2013, a Alfa produz minerais industriais destinados à produção de revestimentos
cerâmicos. O principal mineral extraído na reserva é o filito, minério utilizado como fundente
na produção de revestimentos cerâmicos. Localizada no município de Araucária, próximo à
região metropolitana de Curitiba, a reserva mineral da Alfa possui como uma das principais
vantagens, o fácil acesso a rodovias federais. A figura a seguir demonstra a localização
aproximada da reserva mineral.
Fig. 02 - Localização da Empresa.
Fonte: os autores.
Os principais clientes da empresa são as indústrias cerâmicas localizadas no estado de Santa
Catarina, nas cidades de Criciúma, Tijucas e Tubarão. A empresa ainda se encontra em fase
de expansão e prospecção de novos clientes, sempre focada no estado de Santa Catarina, que
possui potencial para absorver toda a produção da instituição.
Em 2014, a Alfa firmou uma parceria com uma empresa argentina - aqui denominada
Empresa Beta - que produz minerais industriais na região de Zarate, na Argentina. O filito
ALFA
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extraído na Argentina possui qualidade superior ao mineral extraído na reserva da Alfa, além
de propriedades físicas mais adequadas às exigências dos clientes. Apesar da melhor
qualidade, o material argentino é muito mais caro, devido aos custos logísticos e custos de
importação.
Devido a isso, a parceria firmada entre as duas empresas visa à melhoria da qualidade do filito
da Alfa, por meio da mistura com o mineral argentino. Pesquisas realizadas por ambas as
empresas concluíram que uma mistura dos minerais da Beta e da Alfa atenderia melhor às
exigências do mercado e que, aliando a melhor qualidade do produto argentino ao menor
custo do produto brasileiro, obtém-se uma mistura com melhor custo-benefício, mais
adequada ao processo de produção de revestimentos cerâmicos.
O mineral proveniente da Argentina, conforme acordado com a empresa Beta, será trazido ao
Brasil por via férrea, descarregando em Araucária, ou rodoviária, descarregando no local onde
será realizada a mistura.
O problema da empresa consiste na determinação do melhor local para realizar a mistura do
mineral proveniente da Argentina com o mineral extraído em Araucária e a armazenagem do
produto final.
4.1 Novas variáveis do processo de distribuição
Os objetivos da empresa, dado o momento da realização de parceria com a Beta, são
direcionados a tornar a distribuição dos minerais menos custosa e melhorar o nível de serviço
aos clientes. O acréscimo de uma nova etapa, a de mistura com o filito proveniente da
Argentina, altera a configuração da estrutura de distribuição da empresa, e se faz necessária
uma análise das melhores alternativas para garantir menores riscos e melhor nível de serviços
ao cliente.
O presente trabalho consiste na determinação da melhor distribuição física das instalações da
Alfa, com base em alternativas sugeridas pelos proprietários da empresa. As opções avaliadas
pelos proprietários são:
Manter toda a estrutura concentrada em Araucária, onde será realizada a mistura entre os
minérios, armazenagem e posterior distribuição. Essa configuração tem como uma das
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vantagens, a utilização estrutura já existente no local apenas sendo necessária a ampliação da
estrutura atual.
Construir uma instalação mais próxima ao mercado consumidor, onde será realizada a mistura
dos minérios, armazenagem e posterior distribuição. As opções avaliadas pela a empresa são
as cidades de Tijucas e Criciúma.
4.2 Desenvolvimento de Alternativas
O desenvolvimento de alternativas para a estratégia de distribuição física da empresa foram
utilizados em base dos critérios a seguir:
Proximidade a rodovias importantes;
Proximidade ao mercado consumidor;
Vantagens do ponto de vista da redução de custos.
Na análise de localização das instalações físicas, foram levantados os pontos fortes e fracos,
ameaças e oportunidades, que servem de base para a construção da matriz SWOT. Cada um
dos pontos levantados foi avaliado quanto à magnitude e importância, recebendo pontuações
que variam de 1 a 3, em ordem crescente de magnitude ou importância.
Os valores obtidos para a magnitude e importância de cada um dos pontos são multiplicados
entre si e somados, resultando em um valor de ranking para cada uma das alternativas. A
alternativa será mais ou menos viável de acordo com sua posição no ranking.
4.3 Alternativa 1: Araucária
A primeira alternativa consiste na construção das instalações físicas (mistura e armazenagem)
em Araucária, onde está localizada a mina de filito no Brasil. Além da mina, a empresa conta
com uma estrutura administrativa, uma área de processamento e embalagem dos minérios,
além de um depósito com capacidade para armazenar matéria prima e produtos.
Nessa configuração, o mineral seria recebido da Argentina por meio da linha férrea que cruza
a cidade. O mineral proveniente da Argentina será misturado ao minério extraído no local,
armazenado e enviado ao mercado consumidor. O diagrama abaixo mostra um resumo do
processo logístico:
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Figura 01 - Processo Logístico Araucária.
α+β
β
Fonte: Os autores.
4.3.1 Pontos fortes
A unidade localizada em Araucária já possui um terreno próprio com espaço suficiente para
ampliação, boas instalações, estrutura administrativa e espaço coberto para armazenagem.
Além disso, a centralização de todas as operações no mesmo local torna as operações
logísticas menos complexas.
4.3.2 Pontos Fracos
A unidade está relativamente distante do mercado consumidor. A distância aos clientes
aumenta o tempo de resposta aos pedidos e a possibilidade de atraso nos pedidos.
Com relação à mão de obra, o quadro de funcionários atual não será suficiente para suprir a
necessidade de mão de obra da unidade ampliada, tornando necessária a contratação
adicional. A estrutura física também precisaria de ampliação, de modo a comportar a estrutura
para mistura e o aumento do estoque.
4.3.3 Oportunidades
A cidade de Araucária é cortada pela malha ferroviária paranaense, possibilitando o transporte
do mineral argentino por via férrea, o que reduz expressivamente o custo de transporte.
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A concentração de todas as instalações em Araucária possibilitaria a venda do terreno em
Tijucas, liberando capital para a aquisição dos equipamentos necessários para a mistura dos
minérios.
4.3.4 Ameaças
A principal ameaça é a distância ao mercado consumidor conforme apresentado a segir:
Araucária – Tijucas: 258km;
Araucária – Criciúma: 537km;
Araucária – Tubarão: 429km.
4.3.5 Matriz SWOT
Com base nas forças, fraquezas, ameaças e oportunidades previamente descritas, foram
estabelecidas, com base em discussões com a administração da empresa, valores de 1 a 3 para
a magnitude e importância de cada um dos pontos levantados. A matriz obtida está
representada a seguir:
Fig. 02 - Matriz SWOT Araucária.
Forças M I Fraquezas M I
Terreno 3 3 Necessidade de contratação adicional -1 2
Instalações existentes 2 3 Maior tempo de resposta aos pedidos -3 3
Quadro de funcionários existente 2 2 Maior possibilidade de atraso nos pedidos -3 3
Menor complexidade nas operações logísticas 2 2
Estrutura administrativa 2 1
Oportunidades M I Ameaças M I
Proximidade à malha ferroviária 3 3 Distância do mercado consumidor -3 3
Proximidade à mina do Brasil 3 3
Fonte: Os autores.
4.4 Alternativa 2: Tijucas
A segunda alternativa consiste na construção das instalações físicas em Tijucas. A cidade foi
considerada como alternativa pela administração da Alfa por estar localizada às margens da
BR-101, a meio caminho da mina e dos principais clientes, e pelo fato de a empresa já possuir
um terreno no local, adquirido para fins de investimento.
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Nessa configuração, o mineral proveniente da Argentina seria transportado por via férrea até o
Paraná, de onde partiria de caminhão até Tijucas, ou diretamente de caminhão de Buenos
Aires a Tijucas. O mineral proveniente de Araucária seria transportado por via rodoviária, por
cerca de 250km misturado ao minério extraído no local, armazenado e enviado ao mercado
consumidor no sul de Santa Catarina. O diagrama abaixo mostra um resumo do processo
logístico:
Fig. 05 - Processo Logístico Tijucas.
α+β
β
α
Fonte: Os autores.
4.4.1 Pontos fortes
Alguns clientes estão localizados em Tijucas, o que possibilitaria um atendimento bastante
rápido à demanda e um menor custo de transporte do produto final, além da possibilidade de
vender cargas fracionadas, uma demanda dos clientes menores. A maior parte dos clientes se
encontra em Criciúma e Tubarão, que são acessados facilmente de Tijucas via BR-101.
A empresa já possui um terreno na região, com um galpão antigo que precisa ser reformado,
mas cuja estrutura pode ser utilizada.
4.4.2 Pontos Fracos
O galpão existente no local precisaria de algumas reformas e de uma estrutura administrativa.
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O principal ponto fraco de Tijucas, no entanto, é a distância à malha ferroviária.
Diferentemente de Araucária, para onde o mineral Argentino pode ser transportado por via
férrea, para Tijucas o mineral teria que ser transportado por cerca de 2000km por via
rodoviária. Outra opção seria transportar o mineral por via férrea até o Paraná e em seguida
transportá-lo a Tijucas. Ambas as configurações são bem mais custosas que o transporte
férreo de Buenos Aires a Araucária.
4.4.3 Oportunidades
A principal oportunidade é a proximidade ao mercado consumidor conforme apresentado a
seguir:
Tijucas – Criciúma: 232 km
Tijucas – Tubarão: 171 km
4.4.4 Ameaças
As principais ameaças são a distância da malha ferroviária e da mina do Brasil. A distância da
malha ferroviária encarece significativamente o transporte do mineral argentino, em
comparação a Araucária.
4.4.5 Matriz SWOT
A matriz obtida está representada a seguir:
Fig. 06 - Matriz SWOT Tijucas.
Forças M I Fraquezas M I
Terreno 3 3 Necessidade de reformar as instalações -1 3
Instalações existentes 3 3 Necessidade de contratação de funcionários -2 2
Atendimento rápido à demanda 2 3 Necessidade de estrutura administrativa -1 2
Menor possibilidade de atraso nas entregas 2 3 Alto custo de transporte do mineral da Argentina -3 3
Possibilidade de oferecer cargas fracionadas 2 3
Oportunidades M I Ameaças M I
Proximidade ao mercado consumidor 2 3 Distância da malha ferroviária -3 3
Distância da mina do Brasil -2 3
Fonte: Os autores.
4.5 Alternativa 3: Criciúma
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A terceira alternativa consiste na construção das instalações físicas em Criciúma/SC. Nessa
configuração, o mineral proveniente da Argentina seria transportado por via férrea até o
Paraná, de onde partiria de caminhão até Criciúma, ou diretamente de caminhão de Buenos
Aires a Criciúma. O mineral brasileiro partiria de Araucária, percorrendo cerca de 500km via
BR-101 até Criciúma. Os minerais serão misturados na estrutura a ser construída na cidade,
armazenado e enviado ao mercado consumidor na região. Os proprietários da Alfa
consideraram Criciúma como uma alternativa devido à proximidade ao mercado consumidor,
que está bastante concentrado em Criciúma e Tubarão. A figura 07 mostra um resumo do
processo logístico:
Fig. 07 - Processo Logístico Criciúma.
β
α
Fonte: Os autores.
4.5.1 Pontos fortes
A instalação em Criciúma ficaria a poucos quilômetros dos principais clientes, o que
possibilitaria um atendimento bastante rápido à demanda e um menor custo de transporte do
produto final, além da possibilidade de vender cargas fracionadas, uma demanda dos clientes
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menores. Também seria possível oferecer um atendimento mais próximo e personalizado,
dado o fácil acesso aos clientes.
4.5.2 Pontos Fracos
A empresa não possui nenhum imóvel ou terreno em Criciúma, sendo necessário adquirir ou
alugar. Outro ponto fraco é a distância à malha ferroviária. Diferentemente de Araucária, para
onde o mineral Argentino pode ser transportado por via férrea, para Criciúma o mineral teria
que ser transportado por cerca de 1800 km por via rodoviária. Outra opção seria transportar o
mineral por via férrea até o Paraná e em seguida transportá-lo a Criciúma. Ambas as
configurações são bem mais custosas que o transporte férreo de Buenos Aires a Araucária.
4.5.3 Oportunidades
A principal oportunidade é, sem dúvida, a proximidade ao mercado consumidor conforme
apresentado a seguir:
Criciúma – Tijucas: 232 km;
Criciúma – Tubarão: 62 km.
4.5.4 Ameaças
As principais ameaças são a distância da malha ferroviária e da mina do Brasil. A distância da
malha ferroviária encarece significativamente o transporte do mineral argentino, em
comparação a Araucária.
4.5.5 Matriz SWOT
A matriz obtida está representada a seguir:
Figura 3 - Matriz SWOT Criciúma.
Forças M I Fraquezas M I
Atendimento rápido à demanda 3 3 Necessidade de construir as instalações -3 3
Menor possibilidade de atraso nas entregas 3 3 Necessidade de contratação de funcionários -2 2
Possibilidade de oferecer cargas fracionadas 3 3 Necessidade de estrutura administrativa -2 1
Alto custo de transporte do mineral da Argentina -3 3
Oportunidades M I Ameaças M I
Proximidade ao mercado consumidor 3 3 Distância da malha ferroviária -2 3
Distância da mina do Brasil -2 3
Fonte: Os autores.
4.6 Analise das Alternativas
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Cada uma das alternativas apresenta características distintas no que diz respeito à estrutura,
complexidade logística, custos de transporte e nível serviço ao cliente. A figura a seguir
mostra um resumo dos resultados obtidos na análise SWOT para cada uma das alternativas.
Figura 4 – Resumo dos resultados.
Localização Pontos Positivos Pontos Negativos Resultado
Araucária 43 -32 11
Tijucas 42 -33 9
Criciúma 36 -36 0
Fonte: Os autores.
Conforme se observa na apresentação dos resultados, Criciúma, apesar de ser a localização
mais próxima do mercado consumidor, é a alternativa menos viável, devido ao alto custo de
transporte do mineral argentino e ao fato de a empresa não possuir terreno ou estrutura no
local. Dessa forma, a alternativa 3 é descartada.
Tijucas e Araucária apresentaram resultados muito próximos na análise SWOT. Tijucas,
apesar da estrutura já existente e da proximidade ao mercado, também é prejudicada pela
dificuldade de acesso do mineral argentino. Já Araucária, beneficiada pela linha férrea que
corta a cidade, está em desvantagem na proximidade ao mercado e nível de serviço ao cliente.
Dessa forma, estudando as vantagens e desvantagens, foi desenhado um modelo que alia as
vantagens das duas localidades será descrito na seção a seguir.
4.7 Proposta de Nova Alternativa
O novo modelo proposto consiste na divisão da estrutura da empresa entre Tijucas e
Araucária:
Araucária: a mistura dos minérios será realizada em Araucária. O misturador será instalado no
local e o mineral argentino será recebido por via férrea, diminuindo os custos de transporte.
Tijucas: o armazém será construído em Tijucas, aproveitando o terreno e o galpão já
existentes no local. O armazém receberá o material já misturado proveniente de Araucária e
realizará a distribuição aos clientes no sul de Santa Catarina.
O novo modelo alia as vantagens das duas localidades. Para validar se o modelo desenhado é
realmente a melhor alternativa, foi realizada uma análise SWOT, que está representada a
seguir:
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Figura 5 - Matriz SWOT – Nova Alternativa.
Forças M I Fraquezas M I
Terreno 3 3 Necessidade de reformar as instalações do CD -2 3
Instalações existentes 3 3 Necessidade de ampliar as instalações fabris -2 3
Atendimento rápido à demanda 3 3 Necessidade de contratação de funcionários em ambos -3 2
Menor possibilidade de atraso nas entregas 2 3 Necessidade de estrutura administrativa no CD -1 1
Impossibilidade de lucrar com a venda do terreno -3 3
Oportunidades M I Ameaças M I
CD próximo ao mercado consumidor 3 3
Unidade fabril próxima à malha ferroviária 3 3
Unidade fabril ao lado da mina do Brasil 3 3
Fonte: Os autores
Conforme apresentado na análise SWOT, o novo modelo irá aproveitar as instalações
existentes em ambas localidades, possibilitará o recebimento do mineral argentino por via
férrea e ainda terá um ponto de distribuição próximo ao mercado consumidor, possibilitando
um bom nível de serviço e a distribuição de cargas fracionadas para atendimento a clientes
menores.
5. Conclusão
Cada vez mais as empresas buscam configurações de suas cadeias, vislumbrando vantagens
competitivas. No Brasil, a questão logística é crítica dada a limitada infraestrutura logística e
ao seu alto custo. Portando, o planejamento logístico envolve a análise de risco. Nesse artigo
foi proposta a ferramenta SWOT para apoiar a tomada de decisão em relação ao
posicionamento das instalações físicas, considerando os fluxos de materiais e os canais
logísticos.
Nesse sentido, a ferramenta cumpriu com o objetivo de fornecer uma estratégia de
distribuição física formada entre duas empresas, uma instalada no Brasil e outra na Argentina.
Através da SWOT foram apresentadas comparações entre as alternativas disponíveis,
considerando os riscos e oportunidades envolvidos em cada uma das localidades analisadas.
Alguns autores já utilizaram a matriz SWOT para analisar sistemas logísticos, pois a
ferramenta permite a visualização e entendimento de todas as variáveis envolvidas. A
ferramenta fornece aos proprietários da empresa uma visão geral e um comparativo entre as
localidades propostas por eles, possibilitando uma maior clareza para a tomada de decisão.
A metodologia SWOT proposta nesse estudo conseguiu apresentar e comparar de forma
simples as características de cada processo, facilitando o entendimento do problema, para uma
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posterior elaboração de estratégias na área de logística. Essa ferramenta foi eficiente para
desenvolver o modelo de compras misto que adotasse premissas ligadas as estratégias da
empresa e aproveitasse as vantagens de cada modelo original.
Evidentemente que, para a efetiva implementação da estratégia de distribuição física,
aconselha-se um estudo detalhado dos custos envolvidos. A matriz SWOT apresentada, no
entanto, cumpre com seu papel de estudo preliminar e facilitador para etapas posteriores. A
linguagem simples e visual da matriz é ideal para futuras apresentações e discussões entre os
administradores da empresa.
REFERÊNCIAS
BALLOU, R. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento, Organização e Logística Empresarial.
Porto Alegre: Bookman, 2001.
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