Download - APOSTILA CANA DE AÇUCAR
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
1/33
AUTOR: ENGENHEIRO AGRNOMO ALPIO LUS DIASCREA: 0601114587
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
2/33
2
SUMRIO
Introduo 3
Processamento da Cana 5
Economia e Histria 5
Produo da Cana - de - Acar no Brasil 7
Variedades da Cana - de - Acar 12Clima e Solo 12
Cultivares 13
Preparo do Terreno 14
Calagem 14
Adubao 15
Adubao Mineral de Plantio 15
Uso de Resduos da Agroindstria Canavieira 16
Plantio 16
Tratos Culturais 17
Pragas e seu Controle 18
Colheita 19
Maturador Qumicos 20
Determinao do Estgio de Maturao 20
Operao de Corte (Manual e/ ou Mecanizada 20
Rendimento Agrcola 21
Produo de Mudas 21
Processo da Produo da Cana - de - Acar 23
- Correo do Solo 23
- Controle de Plantas Daninhas 24
Condies do Solo para Cultivo de Cana - de - Acar 25
Cana - Colheita Mecanizada 30
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
3/33
3
Cana-de-Acar
INTRODUO
A cana-de-acar uma planta que pertence ao gneroSaccharumL..
H pelo menos seis espcies do gnero, sendo a cana-de-acar cultivada um
hbrido multiespecfico, recebendo a designao Saccharum spp. As espciesde cana-de-acar so provenientes do Sudeste Asitico. A planta a principal
matria-prima para a fabricao do acar e lcool (etanol).
uma planta da famliaPoaceae, representada pelo milho, sorgo, arroz
e muitas outras gramas. As principais caractersticas dessa famlia so a forma
da inflorescncia (espiga), o crescimento do caule emcolmos, e as folhas com
lminas de slica em suas bordas e bainha aberta.
uma das culturas agrcolas mais importantes do mundo tropical,
gerando centenas de milhares de empregos diretos. uma importante fonte de
renda e desenvolvimento. O interior paulista, principal produtor mundial de
cana-de-acar, uma das regies mais desenvolvidas do Brasil, com
elevados ndices de desenvolvimento urbano e renda per capita muito acima da
mdia nacional. Embora o sobredito desenvolvimento no se deva
exclusivamente ao cultivo dessa gramnea, sendo resultado de uma conjuno
http://pt.wikipedia.org/wiki/Saccharumhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Saccharumhttp://pt.wikipedia.org/wiki/L.http://pt.wikipedia.org/wiki/L.http://pt.wikipedia.org/wiki/L.http://pt.wikipedia.org/wiki/Sudeste_Asi%C3%A1ticohttp://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%BAcarhttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lcoolhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Plantahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Poaceaehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Poaceaehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Poaceaehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Milhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sorgohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Arrozhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Gramahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Infloresc%C3%AAnciahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Espigahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Caulehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Colmohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Folha_(bot%C3%A2nica)http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADlicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bainhahttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulohttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bainhahttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADlicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Folha_(bot%C3%A2nica)http://pt.wikipedia.org/wiki/Colmohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Caulehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Espigahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Infloresc%C3%AAnciahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Gramahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Arrozhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sorgohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Milhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Poaceaehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Plantahttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lcoolhttp://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%BAcarhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sudeste_Asi%C3%A1ticohttp://pt.wikipedia.org/wiki/L.http://pt.wikipedia.org/wiki/Saccharum -
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
4/33
4
histrica de interesses de capitais privados. Por outro lado, o estabelecimento
dessa monocultura em regies do litoral nordestino brasileiro, desde o sculo
XVI, no garantiu o mesmo desenvolvimento observado para algumas regies
do estado de So Paulo.
A principal caracterstica da indstria canavieira a expanso atravs do
latifndio, resultado da alta concentrao de terras nas mos de poucos
proprietrios, mormente conseguida atravs da incorporao de pequenas
propriedades, gerando por sua vez xodo rural. Geralmente, as plantaes
ocupam vastas reas contguas, isolando e/ou suprimindo as poucas reservas
de matas restantes, estando muitas vezes ligadas ao desmatamento de
nascentes ou sobre reas de mananciais. Os problemas com as queimadas,praticadas anteriormente ao corte para a retirada das folhas secas, so uma
constante nas reclamaes de problemas respiratrios nas cidades
circundadas por essa monocultura. Ademais, o retorno social da agroindstria
como um todo, mais pernicioso que benfico para a maioria da populao.
O setor sucroalcooleiro brasileiro despertou o interesse de diversos
pases, principalmente pelo baixo custo de produo de acar e lcool. Este
ltimo tem sido cada vez mais importado por naes de primeiro mundo, que
visam reduzir a emisso de poluentes na atmosfera e a dependncia de
combustveis fsseis. Todavia, o baixo custo conseguido, por vezes, pelo
emprego de mo-de-obra assalariada de baixssima remunerao e em alguns
casos h at seu uso com caractersticas de escravido por dvida.
No Brasil, a agroindstria da cana-de-acar tem adotado polticas de
preservao ambiental que so exemplos mundiais na agricultura, emboranessas polticas no estejam contemplados os problemas decorrentes da
expanso acelerada sobre vastas regies e o prejuzo decorrente da
substituio da agricultura variada de pequenas propriedades pela
monocultura. J existem diversas usinas brasileiras que comercializam crdito
de carbono, dada a eficincia ambiental. Diga-se tambm que na poca atual,
as plantaes de cana, principalmente no estado de So Paulo, obedecem a
rigorosos padres de preservao do solo com uso das prticasconservacionistas mais modernas. Observe-se tambm que em poca de
http://pt.wikipedia.org/wiki/Atmosferahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Combust%C3%ADveis_f%C3%B3sseishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Combust%C3%ADveis_f%C3%B3sseishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Atmosfera -
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
5/33
5
renovao do cultivo, a cada quatro ou cinco anos, so efetuados plantios de
leguminosas(soja) que recuperam o solo pela fixao de nitrognio. Quanto
aos problemas advindos da queima controlada na poca do corte, existe j um
movimento em direo mecanizao da colheita que aumenta de ano para
ano, alm de rigorosos protocolos que prevem o fim da queima at o ano de
2014.
PROCESSAMENTO DA CANA
A cana colhida processada com a retirada do colmo (caule), que
esmagado, liberando o caldo que concentrado por fervura, resultando no mel,
a partir do qual o acar cristalizado, tendo como subproduto o melao oumel final. O colmo s vezes consumido in natura (mastigado), ou ento usado
para fazer caldo de cana e rapadura. O caldo tambm pode ser utilizado na
produo de etanol, atravs de processo fermentativo, alm de bebidas como
cachaa ou rum e outras bebidas alcolicas, enquanto as fibras, principais
componentes do bagao, podem ser usadas como matria prima para
produo de energia eltrica, atravs de queima e produo de vapor em
caldeiras que tocam turbinas, e etanol, atravs de hidrlise enzimtica ou por
outros processos que transformam a celulose em aucares fermentveis. Vide
(Etanol Celulsico).
Praticamente todos os resduos da agroindstria canavieira so
reaproveitados. A torta de filtro, formada pelo lodo advindo da clarificao do
caldo e bagacilho, muito rica em fsforo e utilizada como adubo para a
lavoura de cana-de-acar. A vinhaa, que o subproduto da produo de
lcool, contm elevados teores de potssio, gua e outros nutrientes, sendoutilizada para irrigar e fertilizar o campo.
ECONOMIA E HISTRIA
Foi a base da economia do nordeste brasileiro, na poca dos engenhos.
A principal fora de trabalho empregada foi a da mo-de-obra escravizada,
primeiramente indgena e em seguida majoritariamente de origem africana. Os
regimes de trabalho eram muito forados em que esses trabalhadores, na
http://pt.wikipedia.org/wiki/Colmohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Melhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mela%C3%A7ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Caldo_de_canahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rapadurahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Etanolhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cacha%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rumhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Baga%C3%A7ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Turbinahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Etanol_Celul%C3%B3sicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3sforohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vinha%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pot%C3%A1ssiohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Fertilizantehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Engenhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Engenhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Fertilizantehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Pot%C3%A1ssiohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vinha%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3sforohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Etanol_Celul%C3%B3sicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Turbinahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Baga%C3%A7ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rumhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cacha%C3%A7ahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Etanolhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Rapadurahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Caldo_de_canahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mela%C3%A7ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Melhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Colmo -
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
6/33
6
ocasio da colheita, chegavam a trabalhar at 18 horas dirias, sendo utilizada
at o final do sculo XIX. Com a mudana da economia brasileira para a
monocultura do caf, esses trabalhadores foram deslocados gradativamente
dos engenhos para as grandes fazendas cafeeiras. Com o tempo, a economia
dos engenhos entrou em decadncia, sendo praticamente substitudo pelas
usinas. O termo engenho hoje em dia usado para as propriedades que
plantam cana-de-acar e a vendem, para ser processada nas usinas e
transformada em produtos derivados.
O Brasil hoje o principal produtor de cana-de-acar do mundo. Seus
produtos so largamente utilizados na produo de acar, lcool combustvel
e mais recentemente, bio-diesel.
A cana-de-acar foi a base econmica de Cuba, quando tinha toda a
sua produo com venda garantida para a Unio Sovitica, a preos
artificialmente altos. Com o colapso do regime socialista sovitico, a produo
de cana cubana tornou-se invivel.
A cana-de-acar tambm o principal produto de exportao em
pases do Caribe como a J amaica, Barbados, etc. Com a suspenso de
preferncias europias cana caribenha em 2008, espera-se um colapso
semelhante na indstria canavieira caribenha.
Vrios pases da frica austral, principalmente a frica do Sul,
Moambique e a ilha Maurcio, so igualmente importantes produtores de
acar.
Uma tonelada de cana-de-acar produz 80 litros de etanol sendo que
um hectare de terra produz 88 toneladas de cana-de-acar, no total so
produzidos 7040 litros de etanol por hectare.
http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%BAcarhttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lcoolhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Economiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cubahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9ticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jamaicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Barbadoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/2008http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_australhttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sulhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambiquehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Maur%C3%ADciohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Maur%C3%ADciohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mo%C3%A7ambiquehttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sulhttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_australhttp://pt.wikipedia.org/wiki/2008http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbadoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jamaicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9ticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cubahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Economiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81lcoolhttp://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%BAcar -
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
7/33
7
PRODUO DE CANA-DE-ACAR NO BRASIL
Tpico trabalhador empregado no corte da cana-de-acar, no interior de So Paulo.
Em 1993, a mecanizao da produo dos canaviais no atingia 0,5%
do total da produo. Em 2003, aproximadamente 35% da produo brasileira
j era mecanizada. A intensa mecanizao dos canaviais tem gerado algum
atrito poltico e social. Tem havido grande perda de empregos no setor, que
usa mo-de-obra intensiva e que a princpio no requer nenhuma qualificao
formal: os chamados bias-frias. Essa ainda a nica ocupao disponvel
para populaes inteiras no interior do Brasil, mesmo diante dos baixos salrios
e das pssimas condies de trabalho.
Abaixo, os dados de produo por regio, de 1995 a 2000, em milhes
de toneladas (fonte: MB Associados). A vida til dos trabalhadores que atuamna colheita da cana por vezes inferior dos escravos que atuaram no perodo
colonial e imperial do Brasil. Nas dcadas de 1980 e 1990, o tempo em que o
trabalhador do setor ficava na atividade era de 15 anos, enquanto a partir de
2000, j estar por volta de 12 anos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/1993http://pt.wikipedia.org/wiki/Mecaniza%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/2003http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3ia-friahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o_no_Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1980http://pt.wikipedia.org/wiki/1990http://pt.wikipedia.org/wiki/2000http://pt.wikipedia.org/wiki/2000http://pt.wikipedia.org/wiki/1990http://pt.wikipedia.org/wiki/1980http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o_no_Brasilhttp://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3ia-friahttp://pt.wikipedia.org/wiki/2003http://pt.wikipedia.org/wiki/Mecaniza%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1993 -
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
8/33
8
Os colmos, caracterizados por ns bem marcados e entrens distintos,
quase sempre fistulosos, so espessos e repletos de suco aucarado. As
flres, muito pequenas, formam espigas florais, agrupadas em panculas e
rodeadas por longas fibras
sedosas, congregando-se em
enormes pendes terminais, de
colorao cinzento-prateado.
Existem diversas variedades
cultivadas de cana-de-acar, que
se distinguem pela cor e pela altura
do caule, que atinge entre 3 e 6 mde altura, por 2 a 5 cm de dimetro,
sendo sua multiplicao feita, desde a antiguidade, a partir de estacas
(algumas variedades no produzem sementes frteis). A cana-de-acar
cultivada, principalmente, em clima tropical onde se alternam as estaes
secas e midas. Sua florao, em geral, comea no outono e a colheita se d
na estao seca, durante um perodo de 3 a 6 meses.
Embora se tenha ensaiado com xito o uso de vrias mquinas para
cortar cana, a maior parte da colheita ainda feita manualmente, em todo o
mundo. O instrumento usado para o corte costuma ser um grande machete de
ao, com lmina de 50 cm de comprimento e cerca de 157 cm de largura, um
pequeno gancho na parte posterior e cabo de madeira. Na colheita, a cana
abatida cortando-se as folhas com o gancho do machete e dando-se outro
corte na parte superior, altura do ltimo n maduro. As hastes cortadas so
empilhadas e depois recolhidas, manualmente ou com mquinas. Atadas em
feixes, so levadas para as usinas, onde se trituram os caules para extrao do
caldo e posterior obteno do acar.
No Brasil, a indstria aucareira remonta a meados do sculo XVI.
Nascia ento o ciclo do acar, que durou 150 anos. O Brasil, embora grande
produtor de acar desde a Colnia, expandiu muito a cultura de cana-de-
acar a partir da dcada de 1970, com o advento do Pro-lcool - programa dogoverno que substituiu parte do consumo de gasolina por etanol, lcool obtido
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
9/33
9
a partir da cana-de-acar - sendo pioneiro no uso, em larga escala, deste
lcool como combustvel automotivo. O Programa Nacional do lcool (Pro-
lcool), lanado em 14 de novembro de 1975, deveria suprir o pas de um
combustvel alternativo e menos poluente que os derivados do petrleo, mas
acabou sendo desativado.
plantada, no Sudeste do Brasil, de outubro a maro e colhida de maio
a outubro, e, no Nordeste, de julho a novembro e colhida de dezembro a maio.
De acordo com as condies de produo, o rendimento anual de 50 a 100
toneladas por hectare. A mdia brasileira de 60 toneladas por hectares e, no
Estado de So Paulo, de 74 toneladas por hectares (1983), com teor de acar
extrado de 9 a 12% e rendimento em lcool de 70 litros por tonelada.
O bagao, resduo da cana depois da extrao do suco, aproveitado
como bagao hidrolisado, juntamente com a levedura da cana (resduo da
fermentao), em raes para a alimentao do gado confinado. A vinhaa ou
vinhoto, outro resduo, tambm pode ser usada como adubo, mas no Brasil
muitas vezes lanada aos rios, apesar da proibio, causando grave poluio
e mortandade de peixes.
A cana-de-acar foi introduzida na China antes do incio da era crist.
Seu uso no Oriente, provavelmente na forma de xarope, data da mais remota
antiguidade. Foi introduzida na Europa pelos rabes, que iniciaram seu cultivo
na Andaluzia. No sculo XIV, j era cultivada em toda a regio mediterrnea,
mas a produo era insuficiente, levando os europeus a importarem o produto
do Oriente. A guerra entre Veneza, que monopolizava o comrcio do acar, e
os turcos levou procura de outras fontes de abastecimento, e a canacomeou a ser cultivada na Ilha da Madeira pelos protugueses e nas Ilhas
Canrias pelos espanhis.
O descobrimento da Amrica permitiu extraordinria expanso das reas
de cultura da cana. As primeiras mudas, trazidas da Madeira, chegaram ao
Brasil em 1502, e, j em 1550, numerosos engenhos espalhados pelo litoral
produziam acar de qualidade equivalente ao produzido pela ndia.
Incentivado o cultivo da cana pela Metrpole, com iseno do imposto de
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
10/33
10
exportao e outras regalias, o Brasil tornou-se, em meados do sculo XVII, o
maior produtor de acar de cana do mundo. Perdeu essa posio durante
muitas dcadas, mas na dcada de 1970, com o incio da produo de lcool
combustvel, voltou a ser o maior produtor mundial.
A lavoura da cana-de-acar, foi a primeira a ser instalada no Brasil,
ainda na primeira metade do sculo XVI, tendo seu cultivo ampliado da faixa
litornea para o interior. No Nordeste, depois de passar da Mata para o
Agreste, migrou para as manchas midas do serto. Desenvolveu-se em dois
tipos de organizao do trabalho: a grande lavoura voltada para a produo e
exportao do acar, com o uso extensivo da terra, da mo-de-obra,
representando muito no volume de produo do Brasil at mesmo nos diasatuais; e a pequena lavoura, empregando mo-de-obra em reduzida escala,
voltada para a subsistncia do seu proprietrio ou para o pequeno mercado
regional ou local, de volume de produo insignificante se comparado com a
anterior.
Pode-se dizer que no Brasil a cana-de-acar deu sustentao ao seu
processo de colonizao, tendo sido a razo de sua prosperidade nos dois
primeiros sculos. Foi na Capitania de Pernambuco, pertencente a Duarte
Coelho, onde se implantou e floresceu o primeiro centro aucareiro do Brasil,
motivado por trs aspectos importantes: a habilidade e eficincia do donatrio;
a terra e clima favorvel cultura da cana; e a situao geogrfica de
localizao mais prxima da Europa em relao regio de So Vicente (So
Paulo), outro centro que se destacou como inciador de produo de acar do
Brasil Colonial.
O progresso da industria aucareira foi espantoso no fim do sculo XVI.
Na Bahia, onde os indgenas haviam destrudo os primeiros engenhos, a
produo de acar comeou aps 1550. Alagoas, fronteira com Pernambuco,
s teve seu primeiro engenho por volta de 1575. Em Sergipe, os portuguses
procedentes da Bahia, inciaram a produo da cana-de-acar a partir de
1590. Na Paraba, a primeira tentativa de introduo da cultura da cana foi em
1579, na Ilha da Restinga, fracassada pela invaso de piratas franceses naregio (a implantao definitiva da cultura da cana na Paraba surgiu com seu
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
11/33
11
primeiro engenho em 1587). No Par, os primeiros engenhos foram instalados
pelos holandeses, prossivelmente antes de 1600 (o primeiro engenho
portugus no Par comeou a funcionar entre 1616 e 1618). Tanto no Par,
quanto no Amazonas, os engenhos desviaram sua produo para aguardente,
em vez de acar. A fabricao de acar no Cear no chegou a ter relevo -
comeou em 1622, mas logo passou a fabricar aguardente. No Piau a histria
identifica que a lavoura de cana foi inciada por volta do ano de 1678 e, no ano
de 1692, registra-se apenas um engenho em atividade no Rio Grande do Norte.
Engenho antigo e o secular carro
de boi
Na regio nordestina, representada principalmente por Pernambuco,
Bahia, Alagoas e Paraba, reinava a riqueza devido a monocultura da
agroindstria aucareira que pagava todos os custos e cobria todas as
necessidades da Capitania. Na poca da abolio da escravatura (1888), os
engenhos j tinham incorporado praticamente todas as inovaes importantes
da indstria do acar existentes na poca em qualquer parte do mundo, e com
a abolio, passou a dispor de recursos financeiros que antes eram destinados
compra e manuteno de escravos. A partir da surgiu uma nova etapa na
indstria aucareira brasileira, com o aparecimento dos chamados "Engenhos
Centrais", percursores das atuais Usinas de Acar.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
12/33
12
Variedades da Cana-de-acar
O surgimento de vrias doenas e de uma tecnologia mais avanada
exigiu a criao de novas variedades, as quais foram obtidas pelo cruzamento
da S. officinarum com as outras quatro espcies do gnero Saccharum e,
posteriormente, atravs de recruzamentos com as ascendentes.
Os trabalhos de melhoramento persistem at os dias atuais e conferem a todas
as variedades em cultivo uma mistura das cinco espcies originais e a
existncia de cultivares ou variedades hbridas.A importncia da cana de acar pode ser atribuda sua mltipla
utilizao, podendo ser empregada in natura, sob a forma de forragem, para
alimentao animal, ou como matria prima para a fabricao de rapadura,
melado, aguardente, acar e lcool.
CLIMA E SOLO
A cana-de-acar cultivada numa extensa rea territorial,
compreendida entre os paralelos 35 de latitude Norte e Sul do Equador,
apresentando melhor comportamento nas regies quentes. O clima ideal
aquele que apresenta duas estaes distintas, uma quente e mida, para
proporcionar a germinao, perfilhamento e desenvolvimento vegetativo,
seguido de outra fria e seca, para promover a maturao e conseqente
acumulo de sacarose nos colmos.
Solos profundos, pesados, bem estruturados, frteis e com boa
capacidade de reteno so os ideais para a cana-de-acar que, devido sua
rusticidade, se desenvolve satisfatoriamente em solos arenosos e menos
frteis, como os de cerrado. Solos rasos, isto , com camada impermevel
superficial ou mal drenados, no devem ser indicados para a cana-de-acar.
Para trabalhar com segurana em culturas semi-mecanizadas, que constituem
a maioria das nossas exploraes, a declividade mxima dever estar em torno
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
13/33
13
e 12% ; declividade acima desse limite apresentam restries s prticas
mecnicas.
Para culturas mecanizadas, com adoo de colheitadeiras automotrizes, o
limite mximo de declividade cai para 8 a 10%.
CULTIVARES
Um dos pontos que merece especial ateno do agricultor a escolha
do cultivar para plantio. Isso no s pela sua importncia econmica, como
geradora de massa verde e riqueza em acar, mas tambm pelo seu
processo dinmico, pois anualmente surgem novas variedades, sempre com
melhorias tecnolgicas quando comparadas com aquelas que esto sendo
cultivadas. Dentre as vrias maneiras para classificao dos cultivares de cana,
a mais prtica quanto poca da colheita.Quando apresentarem longo
Perodo de Utilizao Industrial (PUI), a indicao de alguns cultivares ocorrer
para mais de uma poca.
Atualmente os cultivares mais indicados para So Paulo e Estados limtrofes
so:
para incio de safra: SP80-3250, SP80-1842, RB76-5418, RB83-
5486, RB85-5453 e RB83-5054
para meio de safra: SP79-1011, SP80-1816, RB85-5113 e RB85-
5536
para fim de safra: SP79-1011, SP79-2313, SP79-6192, RB72-454,
RB78-5148, RB80-6043 e RB84-5257
Os cultivares SP79-2313, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB83-5486
caracterizam-se pela baixa exigncia em fertilidade de solo.
PREPARO DO TERRENO
Tendo a cana-de-acar um sistema radicular profundo, um ciclo
vegetativo econmico de quatro anos e meio ou mais e uma intensa
mecanizao que se processa durante esse longo tempo de permanncia da
cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo e esmerado. Convmsalientar que as unidades sucroalcooleiras no seguem uma linha uniforme de
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
14/33
14
preparo do solo, tendo cada uma seu sistema prprio, variao essa que
ocorre em funo do tipo de solo predominante e da disponibilidade de
mquinas e implementos.
No preparo do solo, temos de considerar duas situaes distintas:
- a cana vai ser implantada pela primeira vez;
- o terreno j se encontra ocupado com cana.
No primeiro caso, faz-se uma arao profunda, com bastante antecedncia do
plantio, visando destruio, incorporao e decomposio dos restos
culturais existentes, seguida de gradagem, com o objetivo de completar a
primeira operao. Em solos argilosos normal a existncia de uma camada
impermevel, a qual pode ser detectada atravs de trincheiras abertas no perfil
do solo, ou pelo penetrmetro.
Constatada a compactao do solo, seu rompimento se faz atravs de
subsolagem, que s aconselhada quando a camada adensada se localizar a
uma profundidade entre 20 e 50 cm da superfcie e com solo seco.
Nas vsperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do
preparo do terreno e eliminao de ervas daninhas.
Na segunda situao, onde a cultura da cana j se encontra instalada, o
primeiro passo a destruio da soqueira, que deve ser realizada logo aps a
colheita. Essa operao pode ser feita por meio de arao rasa (15-20 cm) nas
linhas de cana, seguidas de gradagem ou atravs de gradagem pesada,
enxada rotativa ou uso de herbicida.
Se confirmada a compactao do solo, a subsolagem torna-se
necessria. Nas vsperas do plantio procede-se a uma arao profunda (25-30
cm), por meio de arado ou grade pesada. Seguem-se as gradagens
necessrias, visando manter o terreno destorroado e apto ao plantio.Devido facilidade de transporte, menor regulagem e ao maior rendimento
operacional, h uma tendncia das grades pesadas substiturem o arado.
CALAGEM
A necessidade de aplicao de calcrio determinada pela anlise
qumica do solo, devendo ser utilizado para elevar a saturao por bases a60%. Se o teor de magnsio for baixo, dar preferncia ao calcrio dolomtico.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
15/33
15
O calcrio deve ser aplicado o mais uniforme possvel sobre o solo. A
poca mais indicada para aplicao do calcrio vai desde o ltimo corte da
cana, durante a reforma do canavial, at antes da ltima gradagem de preparo
do terreno. Dentro desse perodo, quanto mais cedo executada maior ser sua
eficincia.
ADUBAO
Para a cana de acar h a necessidade de considerar duas situaes
distintas, adubao para cana-planta e para soqueiras, sendo que, em ambas,
a quantificao ser determinada pela anlise do solo.
Para cana-planta, o fertilizante dever ser aplicado no fundo do sulco de
plantio, aps a sua abertura, ou por meio de adubadeiras conjugadas aos
sulcadores em operao dupla.
No quadro a seguir so indicadas as quantidades de nitrognio, fsforo e
potssio a serem aplicadas com base na anlise do solo e de acordo com a
produtividade esperada.
ADUBAO MINERAL DE PLANTIO
Aplicar mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o ms de abril;
em solo arenoso dividir a cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra
metade em setembro - outubro.
Adubaes pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de
plantio at 100 kg/ha e o restante juntamente com o N em cobertura, durante o
ms de abril.Para soqueira, a adubao deve ser feita durante os primeiros tratos
culturais, em ambos os lados da linha de cana; quando aplicada
superficialmente, deve ser bem misturada com a terra ou alocada at a
profundidade de 15 cm.
Na adubao mineral da cana-soca aplicar as indicaes do quadro a seguir,
observando os resultados da anlise de solo e de acordo com a produtividade
esperada.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
16/33
16
USO DE RESDUOS DA AGROINDSTRIA CANAVIEIRA
Atualmente h uma tendncia em substituir a adubao qumica das
socas pela aplicao de vinhaa, cuja quantidade por hectare esta na
dependncia da composio qumica da vinhaa e da necessidade da lavoura
em nutrientes.
Os sistemas bsicos de aplicao so por infiltrao, por veculos e
asperso, sendo que cada sistema apresenta modificaes.
A torta de filtro (mida) pode ser aplicada em rea total (80-100 t/ha), em
pr-plantio, no sulco de plantio (15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha).
Metade do fsforo a contido pode ser deduzida da adubao fosfatada
recomendada. (Boletim Tcnico 100 IAC, 1996)
PLANTIO
Existem duas pocas de plantio para a regio Centro-Sul: setembro-
outubro e janeiro a maro. Setembro-outubro no a poca mais
recomendada, sendo indicada em casos de necessidade urgente de matria
prima, quer por recente instalao ou ampliao do setor industrial, quer por
comprometimento de safra devido ocorrncia de adversidade climtica.
Plantios efetuados nessa poca propiciam menor produtividade agrcola e
expem a lavoura maior incidncia de ervas daninhas, pragas, assoreamento
dos sulcos e retardam a prxima colheita.
O plantio da cana de "ano e meio" feito de janeiro a maro, sendo o
mais recomendado tecnicamente. Alm de no apresentar os inconvenientes
da outra poca, permite um melhor aproveitamento do terreno com plantio deoutras culturas. Em regies quentes, como o oeste do Estado de So Paulo,
essa poca pode ser estendida para os meses subseqentes, desde que haja
umidade suficiente.
O espaamento entre os sulcos de plantio de 1,40 m, sua
profundidade de 20 a 25 cm e a largura proporcionada pela abertura das
asas do sulcador num ngulo de 45, com pequenas variaes para mais ou
para menos, dependendo da textura do solo.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
17/33
17
Os colmos com idade de 10 a 12 meses so colocados no fundo do
sulco, sempre cruzando a ponta do colmo anterior com o p do seguinte e
picado, com podo, em toletes de aproximadamente de trs gemas.
A densidade do plantio em torno de 12 gemas por metro linear de
sulco, que, dependendo da variedade e do seu desenvolvimento vegetativo,
corresponde a um gasto de 7-10 toneladas por hectare.
Os toletes so cobertos com uma camada de terra de 7 cm, devendo ser
ligeiramente compactada. Dependendo do tipo de solo e das condies
climticas reinantes, pode haver uma variao na espessura dessa camada.
TRATOS CULTURAIS
Os tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das
ervas daninhas, adubao em cobertura e adoo de uma vigilncia
fitossanitria para controlar a incidncia do carvo. No que concerne
adubao em cobertura, j foi visto no item adubao e a vigilncia
fitossanitria ser comentada em doenas e seu controle.
O perodo crtico da cultura, devido concorrncia de ervas daninhas,
vai da emergncia aos 90 dias de idade.
O controle mais eficiente as erva, nesse perodo, o qumico, atravs da
aplicao de herbicidas em pr-emergncia, logo aps o plantio e em rea
total. Dependendo das condies de aplicao, infestao da gleba e eficincia
do praguicida, h necessidade de uma ou mais carpas mecnicas e catao
manual at o fechamento da lavoura. A partir dai a infestao de ervas
praticamente nula.
Outro mtodo a combinao de carpas mecnicas e manuais.Instalada a cultura, aps o surgimento do mato, procede-se seu controle
mecanicamente, com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto
s entrelinhas, sendo complementado com carpa manual nas linhas de plantio,
evitando, assim, o assoreamento do sulco. Essa operao repetida quantas
vezes forem necessrias; normalmente trs controles so suficientes.
As soqueiras exigem enleiramento do "palio", permeabilizao do solo,
controle das ervas daninhas, adubao e vigilncia sanitria. Os dois ltimostratos culturais encontram-se em itens prprios.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
18/33
18
Aps a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e
pontas, cuja permanncia prejudica a nova brotao e dificulta os tratos
culturais. A maneira de eliminar esse material (palio) seria a queima pelo fogo,
porm essa prtica no indicada devido aos inconvenientes que ela acarreta,
como falhas na brotao futura, perdas de umidade e matria orgnica do solo
e quebra do equilbrio biolgico.
O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "palio"
deixando duas, quatro ou seis ruas livres, dependendo da quantidade desse
material. realizado por enleiradeira tipo Lely, implemento leve com pouca
exigncia de potncia.
Aps a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e
impermevel penetrao de gua, ar e fertilizantes. Visando
permeabilizao do solo e controle das ervas daninhas iniciais, diversos
mtodos e implementos podem ser usados.
Existem no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras
ou escarificadoras, adubadeiras e cultivadores que realizam simultaneamente,
operaes de escarificao, adubao, cultivo e preparo do terreno para
receber a carpa qumica, exigindo, para tanto, tratores de aproximadamente 90
HPs. Normalmente, essa prtica, conhecida como operao trplice, seguida do
cultivo qumico, suficiente para manter a soqueira no limpo.
Alm desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas
com trao animal ou mecnica apresenta bons resultados. Devido ao rpido
crescimento das soqueiras, o nmero de carpas exigido menor que o da cana
planta.
PRAGAS E SEU CONTROLE
Dependendo da espcie da praga no local, bem como do nvel
populacional desta espcie, as pragas de solo, por exemplo, podem provocar
importantes prejuzos cana-de-acar, com redues significativas nas
produtividades agrcolas e industriais desta cultura, diz. De acordo com a
pesquisadora do Instituto Agronmico, dos organismos que atacam, os que
merecem destaques pelos danos que causa so: os nematides. (Meloidogyne
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
19/33
19
javanica, Meloidogyne incognita e Pratylenchus zeae.), cigarras, cupins,
besouros Migdolus.
A cana-de-acar atacada por
cerca de 80 pragas, porm pequeno
nmero causa prejuzos cultura.
Dependendo da espcie da praga
presente no local, bem como do nvel
populacional dessa espcie, as pragas de
solo podem provocar importantes prejuzos cana-de-acar, com redues
significativas nas produtividades agrcolas e industriais dessa cultura.
Dos organismos que a atacam, trs merecem destaque pelos danos que
causam: os nematides, os cupins e o besouro Migdolus.
COLHEITA
A colheita inicia-se em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras
em abril, prolongando-se at novembro, perodo em que a planta atinge o
ponto de maturao, devendo, sempre que possvel, antecipar o fim da safra,
por ser um perodo bastante chuvoso, que dificulta o transporte de matria
prima e faz cair o rendimento industrial.
http://www.agrobyte.com.br/nemat%C3%B3ides.htmhttp://www.agrobyte.com.br/cupins.htmhttp://www.agrobyte.com.br/migdolus.htmhttp://www.agrobyte.com.br/migdolus.htmhttp://www.agrobyte.com.br/cupins.htmhttp://www.agrobyte.com.br/nemat%C3%B3ides.htm -
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
20/33
20
MATURADORES QUMICOS
So produtos qumicos que tem a propriedade de paralisar o
desenvolvimento da cana induzindo a translocao e o armazenamento dos
acares. Vm sendo utilizados como um instrumento auxiliar no planejamento
da colheita e no manejo varietal. Muitos compostos apresentam, ainda, ao
dessecante, favorecendo a queima e diminuindo, portanto, as impurezas
vegetais. H uma ao inibidora do florescimento, em alguns casos,
viabilizando a utilizao de variedades com este comportamento.
Dentre os produtos comerciais utilizados como maturadores, podemos
citar: Ethepon, Polaris, Paraquat, Diquat, Glifosato e Moddus. Estudos sobre a
poca de aplicao e dosagens vm sendo conduzidos com o objetivo de
aperfeioar a metodologia de manejo desses produtos, que podem representar
acrscimos superiores a 10% no teor de sacarose.
DETERMINAO DO ESTGIO DE MATURAO
O ponto de maturao pode ser determinado pelo refratmetro de
campo e complementado pela anlise de laboratrio. Com a adoo do sistema
de pagamento pelo teor de sacarose, h necessidade de o produtor conciliar
alta produtividade agrcola com elevado teor de sacarose na poca da colheita.
O refratmetro fornece diretamente a porcentagem de slidos solveis do caldo
(Brix). O Brix esta estreitamente correlacionado ao teor de sacarose da cana.
A maturao ocorre da base para o pice do colmo. A cana imatura
apresenta valores bastante distintos nesses seguimentos, os quais vo se
aproximando no processo de maturao.
OPERAO DE CORTE (MANUAL E/OU MECANIZADA)
O corte pode ser manual, com um rendimento mdio de 5 a 6
toneladas/homem/dia, ou mecanicamente, atravs de colheitadeiras. Existem
basicamente dois tipos: colheitadeira para cana inteira, com rendimento
operacional mdio em condies normais de 20 t/hora, e colheitadeiras paracana picada (automotrizes), com rendimento de 15 a 20 t/hora.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
21/33
21
Aps o corte, a cana-de-acar deve ser transportada o mais rpido
possvel ao setor industrial, por meio de caminho ou carreta tracionada por
trator.
RENDIMENTO AGRCOLA
Em relao produtividade e regio de plantio, observamos que a
produtividade est estritamente relacionada com o ambiente de produo, e
este dado por padro do solo, clima e nvel tecnolgico aplicado.
PRODUO DE MUDAS
Aps, em mdia, quatro ou cinco cortes consecutivos, a lavoura
canavieira precisa ser renovada. A taxa de renovao est ao redor de 15 a
20% da rea total cultivada, exigindo grandes quantidades de mudas. A boa
qualidade das mudas o fator de produo de mais baixo custo e que maior
retorno econmico proporciona ao agricultor, principalmente quando produzida
por ele prprio.
Para a produo de mudas, h necessidade de que o material bsico
seja de boa procedncia, com idade de 10 a 12 meses, sadio, proveniente de
cana-planta ou primeira soca e que tenha sido submetido ao tratamento
trmico.
A tecnologia empregada na produo de mudas praticamente a
mesma dispensada lavoura comercial, apenas com a introduo de algumas
tcnicas fitossanitrias, tais como:
- Desinfeco do podo - o podo utilizado na colheita de mudas e no seucorte em toletes, quando contaminado, um violento propagador da
escaldadura e do raquitismo. Antes e durantes estas operaes deve-se
desinfetar o podo, atravs de lcool, formol, lisol, cresol ou fogo. Uma
desinfeco prtica, eficiente e econmica feita pela imerso do instrumento
numa soluo com creolina a 10% (18 litros de gua + 2 litros de creolina)
durante meia hora, antes do incio da colheita das mudas e do corte das
mesmas em toletes.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
22/33
22
Durante essas duas operaes, deve-se mergulhar, freqente e
rapidamente, o podo na soluo.
- Vigilncia sanitria e "roguing" - formando o viveiro, torna-se
imprescindvel a realizao de inspees sanitrias freqentes, no mnimo uma
vez por ms. A finalidade dessas inspees a erradicao de toda touceira
que exiba sintoma patolgico ou caractersticas diferentes da variedade em
cultivo.
Alm dessas duas medidas fitossanitrias, algumas recomendaes
agronmicas devem ser levadas em considerao, como a despalha manual
das mudas, menor densidade das mudas dentro do sulco e maior parcelamento
do fertilizante nitrogenado.
- Rotao de culturas - durante a reforma do canavial, no perodo em que o
terreno permanece ocioso, deve-se efetuar o plantio de culturas de ciclo curto,
em rotao com a cana-de-acar. Amendoim e soja so as mais indicadas.
Alm dos conhecidos benefcios agronmicos proporcionados pela
rotao de culturas, a cana-de-acar permite a consorciao com outra
cultura, aproveitando o terreno numa poca em que estaria ocioso,
proporcionando melhor aproveitamento de mquinas e implementos. A
implantao da cultura feita sem gasto financeiro correspondente ao preparo
do solo, havendo menor exposio do terreno eroso e s ervas daninhas e
diminuio da sazonalidade de empregos.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
23/33
23
Processo de Produo da Cana-de-Acar
CORREO DO SOLO:
1 - Calagem: a quantidade de calcrio a ser aplicada na rea obtida
atravs do mtodo de elevao da saturao de bases(V2), admite-se que a
faixa de menor risco para a cultura est entre 60%.
A poca mais indicada para aplicao do calcrio vai desde o ltimo corte da
cana, durante a reforma do canavial, at antes da ltima gradagem de preparo
do terreno. Dentro desse perodo, quanto mais cedo executada maior ser sua
eficincia.
Deve-se dar preferncia a calcrio que contenha magnsio, principalmente
quando a anlise de solo indicar teor de Mg da ordem de 5 mmolc/.
2 - Adubao:para a cana de acar h a necessidade de considerar duassituaes distintas, adubao para cana-planta e para soqueiras, sendo que,
em ambas, a quantificao ser determinada pela anlise do solo.
Para cana-planta, o fertilizante dever ser aplicado no fundo do sulco de
plantio, aps a sua abertura, ou por meio de aduboras conjugadas aos
sulcadores em operao dupla.
Para soqueira, a adubao deve ser feita durante os primeiros tratos culturais,
em ambos os lados da linha de cana; quando aplicada superficialmente, deveser bem misturada com a terra ou alocada at a profundidade de 15 cm.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
24/33
24
Obs: Uso de Resduos da Agroindstria Canavieira.
Atualmente h uma tendncia em substituir a adubao qumica das socas
pela aplicao de vinhaa, cuja quantidade por hectare esta na dependncia da
composio qumica da vinhaa e da necessidade da lavoura em nutrientes.
Os sistemas bsicos de aplicao so por infiltrao, por veculos e asperso,
sendo que cada sistema apresenta modificaes.
CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS:
Pode ser realizado atravs de capina manual, cultivo mecnico ou uso de
herbicidas.
O perodo crtico da cultura, devido concorrncia de ervas daninhas, vai da
emergncia aos 90 dias de idade.
O controle mais eficiente das plantas daninhas, nesse perodo, o qumico,
atravs da aplicao de herbicidas em pr-emergncia, logo aps o plantio e
em rea total. Dependendo das condies de aplicao, infestao da gleba e
eficincia do praguicida, h necessidade de uma ou mais capinas mecnicas e
catao manual at o fechamento da lavoura. A partir dai a infestao de ervas
praticamente nula.
Outro mtodo a combinao de capinas mecnicas e manuais. Instalada a
cultura, aps o surgimento do mato, procede-se seu controle mecanicamente,
com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas junto s entrelinhas,
sendo complementado com capina manual nas linhas de plantio, evitando,
assim, o assoreamento do sulco.
Essa operao repetida quantas vezes forem necessrias; normalmente trs
controles so suficientes.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
25/33
25
CONDIES DO SOLO PARA O CULTIVO DE CANA-DE-ACAR
Em Mato Grosso do Sul, a rea cultivada com cana-de-acar est em
torno de 136 mil hectares e distribuda em 16 municpios. Com a implantao
de novas usinas de acar e lcool, estima-se que a rea a ser ocupada pela
cultura da cana-de-acar deva aumentar em cerca de 360 mil hectares. Antes
que essa expanso ocorra de forma indiscriminada fundamental que se
considere as exigncias da cultura com relao a tipo de solo e, se preciso,
proceder sua adequao fsica e qumica, uma vez que j se verifica a
existncia de projetos a serem conduzidos em reas com os mais diversos
tipos de solo e caractersticas qumicas e fsicas.
A cana-de-acar possui um sistema radicular diferenciado em relao
explorao das camadas mais profundas do solo quando comparado com o
sistema radicular das demais culturas, principalmente as anuais. Por ser uma
cultura semiperene e com ciclo de cinco a sete anos, o seu sistema radicular se
desenvolve em maior profundidade e assim passa a ter uma estreita relao
com pH, saturao por bases, porcentagem de alumnio e teores de clcio nas
camadas mais profundas do solo. E estes fatores, por sua vez, esto
correlacionados com a produtividade alcanada principalmente em solos de
baixa fertilidade e menor capacidade de reter umidade.
Resultados de pesquisas obtidos nas condies do Estado de So Paulo
indicam que, independente da textura, se argilosa ou arenosa, a produtividade
decresce dos solos eutrficos, os mais frteis (alta saturao por bases), para
os licos (alta saturao por alumnio), menos frteis. Como exemplo de
extremos de produtividade, temos que em Nitossolo Vermelho eutrfico (TerraRoxa Estruturada) as produtividades tm variado entre 110 e 91 toneladas,
enquanto em Neossolo quartzornico (Areia Quartzosa) esto entre 72 e 64
toneladas de cana-de-acar por hectare. Considerando-se somente o tipo de
solo, no caso o Latossolo Vermelho, a produtividade tambm tende a ser
funo da fertilidade, sendo os eutrficos mais produtivos (94 t ha-1) do que os
distrficos (90 t ha-1) ou licos (87 t ha-1).
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
26/33
26
Os solos eutrficos so mais produtivos por apresentarem saturao por
bases superior a 50% em profundidade, fazendo com que a raiz explore maior
volume de solo, possibilitando maior aporte de gua. Dessa forma, a absoro
de nutrientes favorecida e a planta passa a suportar veranicos com mais
facilidade. Alm disso, a elevada saturao por bases favorece a reao desse
solo, o que melhora a disponibilidade de nutrientes e permite melhor
aproveitamento dos fertilizantes aplicados.
Fica claro que para se obter produtividades satisfatrias, necessrio
proceder recuperao da fertilidade dos solos tanto nas camadas superficiais
como tambm em profundidade, quando estes no apresentarem condies
ideais para o cultivo da cana, principalmente quando forem distrficos oulicos. Para isso, quantidades de corretivos (calcrio e gesso) devem ser
utilizadas de maneira a atingir tais objetivos e, conseqentemente, aumentar a
produtividade.
Com a melhoria do perfil de solo em relao fertilidade, observa-se que
solos mais arenosos podem atingir produtividades semelhantes a dos
argilosos, principalmente quando a textura for arenosa na superfcie, e mdia
ou argilosa na subsuperfcie (solos podzolizados). Essa caracterstica confere a
esse tipo de solo maior capacidade de armazenar gua disponvel na
subsuperfcie, que aliada a melhores condies qumicas e fsicas permite o
aproveitamento da gua pelas razes da cana-de-acar. Assim, fica patente a
necessidade de se corrigir tambm a subsuperfcie dos solos de baixa
fertilidade.
Corrigindo-se as limitaes qumicas, o cultivo da cana-de-acar em umamesma rea pode se prolongar por um bom tempo. Resultados obtidos em
condies de lavouras no Estado de So Paulo indicam que talhes onde a
saturao por bases era baixa, 27%, na camada superficial at 0,20 m, e
valores extremamente baixos, inferiores a 10%, na subsuperfcie at 1,00 m de
profundidade, a produtividade no segundo corte chegou a 70 t ha-1, enquanto
nos demais talhes a mdia foi de 87 t ha-1. Por outro lado, no talho em que a
saturao por bases era elevada, tanto na superfcie, com 62%, como nasubsuperfcie, com valores ao redor de 70% (at a 1,00 m de profundidade), no
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
27/33
27
dcimo corte, de uma determinada variedade de cana, a produtividade ainda se
mantinha em 62 t ha-1, elevada se considerar o nmero de cortes.
Portanto, no primeiro caso, tem-se um solo empobrecido tanto na
superfcie como na subsuperfcie que no tem suporte para grandes
produtividades. A baixa saturao por bases em profundidade restringe o
desenvolvimento radicular e, em conseqncia, o volume de solo explorado
pelas razes, o que no ocorre no segundo caso.
Quando se pretende cultivar cana-de-acar em reas ocupadas com
pastagem por muitos anos, apresentando indcios de degradao tanto fsica
como qumica, deve-se promover a recuperao da fertilidade dos solos e desuas propriedades fsicas, para a obteno de rendimentos elevados e
manuteno do nvel de produtividade ao longo de pelo menos cinco anos.
Nesse sentido, deve-se atentar para o ndice de saturao por bases na
superfcie do solo, que deve se situar entre 40% e 60% e, pelo menos, 40% at
os 0,6 m de profundidade.
Caso seja preciso realizar a correo do pH do solo e, conseqentemente,adequar a saturao por bases, deve-se utilizar calcrio, sempre considerando
que em solos arenosos, mesmo que o alumnio trocvel esteja abaixo do nvel
txico para as plantas, pode ocorrer toxidez, devido saturao por bases ser
muito baixa. A aplicao da quantidade de calcrio resultar em maior variao
de pH no solo arenoso e com baixa capacidade de troca de ctions (CTC)
quando comparado com solos de alta CTC e textura argilosa. A eficincia do
calcrio depende de sua granulometria e do seu contedo de clcio emagnsio. Quanto mais fino o corretivo mais rpido ser o seu efeito na
correo da acidez e no fornecimento de clcio e magnsio e,
conseqentemente, na resposta da cultura. Porm, no caso da cana-de-acar,
pode-se utilizar calcrios que possuem partculas com maior dimetro, mas
sempre dentro de padres legais, procurando obter efeito residual maior, o que
desejvel por ser esta uma planta semiperene.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
28/33
28
A calagem pode apresentar efeito positivo, mas tambm negativo quando
provocar desequilbrio entre os nutrientes, como potssio, mangans, zinco,
cobre e boro. Casos estes estejam com teores abaixo do recomendado, deve-
se corrigi-los. Normalmente, quando os efeitos da calagem no so os
esperados, verifica-se, quase sempre, haver problemas ou na dose utilizada ou
na forma de distribuio e na forma e profundidade de incorporao.
Com relao dose, quando esta for maior que cinco toneladas por
hectare, deve-se aplicar metade antes da arao e a outra metade aps,
incorporando com grade. A frmula para o clculo da dose a ser aplicada foi
calibrada para incorporaes at 0,20 m. Como no caso da cana-de-acar, na
maioria das vezes, h necessidade de correo a maiores profundidades noperfil, at 0,60 m, interessante aumentar a dose do corretivo
proporcionalmente ao volume de solo explorado.
A distribuio deve ser a mais uniforme possvel, uma vez que para ao
neutralizadora do calcrio ser eficiente, se faz necessrio haver o contato entre
a partcula do solo e o calcrio. A incorporao na profundidade correta de
fundamental importncia; quando esta feita a profundidade menor do que
0,20 m poder ocorrer a supercalagem nessa camada, chegando, nesses
casos, a dobrar a dose de calcrio recomendada, o que resulta em srios
desequilbrios nutricionais com conseqentes efeitos negativos nas plantas.
O calcrio, alm de ser um corretivo da acidez do solo, tambm fonte de
clcio, nutriente este de fundamental importncia para o bom desenvolvimento
do sistema radicular das plantas, pois a presena de clcio na soluo do solo
essencial para a formao da parede das clulas das razes. O clcio no setransloca facilmente dentro da planta. Assim a sua deficincia na soluo do
solo influencia o crescimento das razes mais novas e em franco
desenvolvimento, diminuindo a semipermeabilidade da parede celular,
essencial absoro de nutrientes.
Em pesquisas feitas no Brasil Central, observou-se que aps a realizao
da calagem houve redistribuio do clcio no solo at 1,10 m de profundidade
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
29/33
29
e que a distribuio das razes de trigo deu-se em funo dos teores de clcio,
tanto no primeiro como aps o quarto ano de cultivo.
A calagem apesar de ser procedimento j consagrado e conhecido, requer
de quem a executa especial ateno, uma vez que os erros podem ser
cumulativos. Assim, se a dose no correta, a distribuio sobre a superfcie
do solo desuniforme e a incorporao superficial, o problema se agravara
de tal forma que o efeito que deveria ser positivo passa a ser prejudicial ao
desenvolvimento das plantas.
A estreita relao entre clcio e sistema radicular observada com o
calcrio vlida tambm para o gesso. O uso deste corretivo em solos detextura mdia e de baixa CTC, na cultura da cana-de-acar, aps 27 meses
da aplicao de 2,8 t ha-1 de gesso, registrou-se a mais alta produtividade de
colmo, bem como a distribuio de clcio e razes at 1,50 m de profundidade.
Quando se avaliou a distribuio das razes ao longo do perfil do solo,
observou-se que esta no seguia o padro normal, ou seja, presentes na
camada de 0 a 0,20 m. Neste caso, na camada superficial (0 a 0,20 m)
estavam presentes cerca de 36% de razes, enquanto na profundidade de 0,26
a 0,75 m havia uma concentrao de 45% de razes e na profundidade de 1,00
a 1,50 m surpreendentemente a quantidade de razes era de 19%.
Para melhor aproveitamento e conseqentemente otimizao do
transporte de nutrientes em profundidades, o gesso deve ser aplicado de trs a
seis meses aps a aplicao do calcrio.
Portanto, na implantao da cultura de cana-de-acar, fica evidente que se osolo no estiver com as condies qumicas adequadas tais como descritas
anteriormente, deve-se proceder correo, sendo que para isso pode-se
lanar mo de calcrio e/ou gesso.
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
30/33
30
CANA: COLHEITA MECANIZADA
At pouco tempo, o setor usineiro dependia exclusivamente da mo-de-obra
humana para realizar o corte da cana-de-acar. Eram famlias inteiras de
trabalhadores rurais que passam horas todos os dias, enfrentando as
condies mais adversas para desempenhar seu trabalho. S que de uns
tempos para c, o processo de colheita da cana passa por um intenso
processo de mecanizao. Essa mudana de perfil, onde o homem est
cedendo, gradualmente, lugar mquina, faz, em partes, a colheita nas
lavouras de cana-de-acar ficar mais eficientes.
A colheita manual favorece a diminuio das perdas decorrentes do corte
desigual das colhedoras. Estudos mostram que na colheita feita com a foice as
perdas raramente ultrapassam 5%. J com as mquinas esse percentual pula
para 15%, fato que se reflete diretamente na produtividade. Os prejuzos
advindos dessa prtica, tambm no so pequenos. Considerando que a rea
plantada no estado So Paulo, de aproximadamente trs milhes de hectares
e a produtividade est prxima das 100 toneladas/ha, esse percentual equivalea uma perda anual para o setor de R$ 20 milhes. O governo tambm sofre
com a baixa produtividade da coleta e processamento da cana-de-acar. S
de ICMS, imposto sobre circulao de mercadorias, o estado deixa de
arrecadar 10% do faturamento bruto das usinas, o que equivale, neste caso,
um montante de 2 milhes de reais.
O principal problema que envolve a colheita manual, est relacionado aosdanos causados esses trabalhadores, que passam horas de baixo de sol
forte e numa posio pouco confortvel. Por conta disso, so comuns os
problemas de sade, principalmente naquelas pessoas que esto no oficio, h
mais tempo. Os casos mais comuns so, justamente, os mais srios,
envolvendo problemas na coluna o que pode inutilizar esses trabalhador.
Outro dado interessante e que faz parte de um estudo do IAC, sobre o nvel
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
31/33
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
32/33
32
dentro da lavoura por onde vo circular as colhedoras e os caminhes) , mais
inteligentes.
No Brasil ainda muito comum se encontrar regies onde se planta cana-de-
acar, prximo de topografias acidentadas. As curvas de nvel e reas com
declives acentuados so um problema para as colhedoras, pois a grande parte
dos equipamentos so ajustados para um corte numa altura de 30 cm acima da
base do solo. "As usinas atualmente na tentativa de diminuir suas perdas esto
realizando um corte rente ao solo, muitas vezes, fazendo os faces arrancarem
tudo que estiver na frente, inclusive, pedra e outros detritos".
Outra situao que afeta diretamente a colheita na regies de clima tropical,
so as chuvas, que ocorrem, justamente, no perodo entre o ltimo tero do
ms de Maio at final de Novembro, poca que feita a colheita nas regies
produtoras. " muito comum, as usinas paralisarem o corte da cana por causa
de excesso de precipitao. Chuva forte, acima de 40 mm, 50 mm, onde, corre-
se o risco da mquina atolar o processo suspenso imediatamente, podendo
ficar por vrios dias ".
Durante a colheita as mquinas trabalham 24 horas, parando apenas para
reabastecidas. Por esse motivo, o cuidado para se evitar um esforo excessivo
constante. A mecanizao tambm deve acabar com um problema histrico
do setor canavieiro que so as queimadas pr-colheita. Com isso, os
representante do setor, pretendem acabar com os danos ambientais oriundos
dessa prtica como: o empobrecimento do solo, as morte de animais silvestres
e o efeito estufa.
O pesquisador tenta provar que esse toquinho de cana, no colhida, que fica
na superfcie do solo, potencializa a rebrota da prxima safra. Isso acontece
porque os acares que ficam nas plantas servem de armazm natural para
manter a planta no perodo de inverno. "A cana-de-acar uma espcie que
possibilita entre 4 e 5 rebrotas, ou seja, ao longo da vida dessa planta
possvel o produtor recuperar seu investimento na melhora das condiesgerais da sua lavoura". A pesquisa ainda no foi concluda, no entanto, j
-
7/28/2019 APOSTILA CANA DE AUCAR
33/33
existem nmeros que mostram que possvel elevar o corte sem causar
problemas de perdas na produtividade.
Outros trabalhos no sentido de desenvolver variedades que apresentem
caractersticas favorveis colheita mecanizada, tambm esto em
andamento. Por esse motivo, est previsto que nos prximos anos ocorra uma
migrao na produo de cana-de-acar de algumas atuais regies
produtoras, caso do estado de Minas Gerais, para outras localidades, por
exemplo, o Brasil Central. O motivo, um clima mais favorvel para o
desenvolvimento das lavouras, alm de uma topografia mais plana o que
favorece a mecanizao.