Download - ApresentaçãO I
Historia do Espetáculo e da Técnica Cênica no Ocidente
O Homem e o Teatro Temos noticia de que a civilização egípcia fazia teatro. Cerca de 3200 aC já existiam representações teatrais. Também os chineses conheceram o teatro cerca de 2205 a.C. Além de ser religioso, o teatro na China também servia para celebrar os êxitos militares e as conquistas. Do mesmo modo a Índia, a Coréia e o Japão desenvolveram a atividade teatral. O homem, desde tempos remotos "teatralizou" suas formas de vida. A nossa tradição cênica, a ocidental, tem origem na Grécia.
1. ANTIGÜIDADE - TEATRO GREGO
Séc. V a.C.
EPIDAURO
1.1 Origem Religiosa e Mítica
culto a Dioniso os rituais em sua homenagem envolvem cantos corais, chamados ditirambos, danças, e sacrifícios. Ocorrem na ocasião das festas rurais de prensagem do vinho e outras celebrações de colheita entre dezembro e março.
Tratava-se da celebração da vida em transes sensuais, seus participantes entregavam-se ao entusiasmo da musica e a embriagues do vinho ate caírem desfalecidos.
deus da agricultura, da fertilidade da terra, da procriação, da sensualidade.
A procissão dionisíaca era conduzida por sátiros (flautistas e tocadores de tambor) e bacantes (dançarinas de Baco, nome romano de Dioniso). Os sátiros usavam roupas de peles de animais e máscaras, de bodes e touros. A palavra tragédia em grego antigo significa "o canto do bode".
1.2 ATENAS
Com o passar do tempo os rituais evoluem e extrapolam os limites do campo, ganhando adeptos nas cidades estado gregas (polis), inclusive na poderosa Atenas.
Surgem algumas formas e conceitos que permeiam toda a História do Teatro, e que, estão presentes, ainda hoje, no dia a dia dos profissionais técnicos que dão suporte às artes cênicas.
Psístrato (tirano ateniense) institui as festas denominadas Grandes Dionisíacas.
Os participantes seguem em procissão da cidade até o templo dedicado a Dioniso. Num recinto circular chamado orchestra, em cujo centro havia um altar sacrificial chamado tímele, o coro entoava cantos a Dioniso. Esse templo ficava numa encosta de colina ao sul da acrópole.
em 534 a.C., Psístrato traz de outra cidade, Icária, um cantor e bailarino chamado Téspis, para participar das festividades acrescentando esplendor às dionisíacas, que eram muito populares.
Téspis realiza então uma intervenção na forma da procissão, transformando-se num solista (atuando como o próprio Dioniso, responde ao coro); criando a função do hypokrites = o respondedor do canto coral. Assim ele criou a forma dialogada entre Dioniso e o corifeu (condutor do coro). Depois entre o deus e o coro, uma pausa do canto coral ditirâmbico, para que Dioniso se "manifestasse".
Essa nova maneira de conduzir a procissão entrou para a história como a origem do teatro, e Téspis como o primeiro ator.
TEATRO GREGO
Devido a sua origem na procissão dionisíaca o edifício teatral na Grécia Antiga era ao ar livre e ganhou uma forma circular, assim organizada:
Théatron (= "lugar de onde se vê“) Havia lugar para 14 mil pessoas aproximadamente. A topografia era favorável à acústica, à visibilidade e à iluminação natural solar.
Orchestra (= "eu danço"): um círculo de terra batida onde o coro fazia suas coreografias e evoluções. No centro o Tímele, altar dedicado a Dioniso, onde uma pira de fogo ficava acesa durante a representação. Coro composto por 12 a 15 elementos.
Skené (= tenda): de tábuas, coberta por panos, onde originariamente os atores e coreutas faziam as trocas de roupas e máscaras. Ésquilo introduziu na skené o cenário, frente de um palácio ou templo. Sófocles a pintura, tornando-a uma extensão do local da representação.
Loguêion (equivalente ao que conhecemos hoje como proscênio): onde aconteciam as evoluções dos atores. Ficava à frente da skené, e era feito de madeira. Provavelmente ligava-se à orchestra através de rampas e escadas.Theologuêion: era uma espécie de praticável aéreo armado na parte superior do cenário onde ficava a representação dos deuses nas mansões celestiais.
Mekhané (= “maquina"): Guindaste que trazia carros voadores, cavalos alados, etc. Esse mecanismo deu origem ao deus ex machina.
Devido a sua origem na procissão dionisíaca o edifício teatral na Grécia Antiga era ao ar livre e ganhou uma forma circular, assim organizada: Orchestra (= "eu danço") c Tímele ao centro; Théatron (= "lugar de onde se vê") ; Skené (= tenda)
1.3 ENCENA ÇÃO E TÉCNICA
O próprio autor dirigia as encenações dos espetáculos, junto com o coregia responsável pelos cenários. Concursos premiavam o melhor poeta, o melhor Coregia e o melhor protagonista, o júri era escolhido democraticamente entre os cidadãos presentes através de votos e sorteios. Sófocles, autor de Édipo Rei foi vencedor do festival 20 vezes.
CENÁRIOS: Colunas e escadarias de palácio ou templo, geralmente com 3 portas(centro e laterais) para entradas e saídas das personagens. Com o tempo essas construções tornaram-se uma arte nas mãos de especialistas, os primeiros cenógrafos, chamados de Coregia .
FIGURINOS: Eram túnicas e mantos. Os atores usavam coturnos que faziam aumentar a altura entre 6 a 11 cm e, portanto, a visibilidade à distância.
MÁSCARAS: reproduziam expressões de emoções (riso ou sofrimento) e tipos como rei, rainha ou mensageiro.Possuíam um dispositivo amplificador da voz na altura da boca.
Ésquilo introduziu o uso de cabelos e barbas nas máscaras, que eram feitas com couros e resinas.
ILUMINAÇÃO : a luz solar em seus diversos ângulos e brilhos diferenciados no decorrer do dia. Também eram colocadas placas de metal, em pontos do theatron para refletir o sol. Relâmpago era obtido através de archotes agitados energicamente ao ritmo do trovão.
SONORIZAÇÃO: efeitos sonoros nas aparições de divindades em cena. Trovões fora da cena feitos com pedras e pedaços de ferros atirados numa bacia de bronze.
Já era notável a intima ligação entre som e luz
TRAGEDIA
Aristóteles (384-322 a. C.), na Poética, afirma que a gênese da tragédia grega foi o desenvolvimento dos cantos ditirâmbicos, sua poesia e sua métrica, que abriram espaço para a poesia falada no diálogo entre canto coral e protagonista. Depois, Ésquilo acrescentou o segundo ator, criando o antagonista e ampliando o diálogo, instituindo a forma cênica da Tragédia. A comédia desenvolve seu espaço e nasce a arte teatral como é conhecida no ocidente.
AUTORES Ésquilo (525-456 a.C.); Sófocles (496-406 a.C.) e Eurípides(480-406 a.C.). Mais reconhecido por suas comédias foi Aristófanes (445-386 a.C.). Ésquilo: Prometeu Acorrentado, Os Persas, As Suplicantes, Os 7contraTebas, e a trilogia Oréstia composta por: Agámenon, As Coéforas e As Euménides. Sófocles: Édipo Rei, Antígona, Ajax, Édipo em Colona Eurípides: As Bacantes, Medéia, As troianas, Hécuba, Ifigênia em Áulis,Ifigênia em Tauris, Electra. Aristófanes: As Rãs, As Vespas, As Nuvens, Os Arcanenses, A Paz
2. TEATRO ROMANO Século I a.C.
2. TEATRO ROMANO século I a.C.
Comedia ganha impulso com grupos itinerantes de histriões, bufões e saltimbancos, que se apresentavam em feiras, praças, vilarejos para entreter o povo através de sketches cômicas em que usavam disfarces, truques, obscenidades, canto e dança.
Nasce a Pantomima, forma teatral de expressão corporal sem uso da palavra executada pelos mimos.
E os Jograis que herdaram com algumas modificações a tradição dos cantos corais.
ENCENAÇÃO palcos com cenários modestos de pano e madeira, construídos em cima de carroças. Jograis se apresentavam dentro dos castelos dos nobres. onde, mais do que cenários eram necessários adereços, figurinos e máscaras. A luz era a natural desses salões, candelabros, lustres e velas.
AUTORESEm Roma, surge uma rica tradição de textos cômicos em latim com Plauto (250-184 a.C.) e Terêncio (192-157 a.C.) autores da comedia latina.
Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) Filósofo, político e educador. Escreveu tragédias em que retomava os temas gregos assimilando-os a mitologia romana.
Os edifícios dessa época resultaram da adaptação da arquitetura teatral nascida na Grécia, que evolui para o que conhecemos como anfiteatro romano.
No século V d.C. com a absorção do cristianismo pelo Império Romano, o teatro popular, considerado licencioso, imoral e pagão, será proibido pela Igreja Apostólica Romana. O teatro ambulante, popular e livre, porém, não deixou de existir.
3. TEATRO MEDIEVAL SECULOS V-XV
Apesar de proibidos e perseguidos, a tradição do teatro popular ambulante não deixa de existir por toda Europa.
No século VI na igreja católica nasce o canto antifonado. Estabelecido pelo Papa Gregório, alterna solista e coro. Hoje conhecido como canto gregoriano.
Século IX, às missas de Páscoa e Natal incorporam-se diálogos que dramatizam cenas bíblicas ligadas a essas comemorações. Textos criados por clérigos e declamados em latim.
Século XII Jeu d'Adam, texto dramático anônimo, em dialeto popular, com diálogos e cenas cantadas, contendo indicações cênicas.
Com o tempo essas cenas litúrgicas são representadas por fiéis da igreja, cidadãos da cidade. Passam a ser encenados no adro e nos pórticos das igrejas.
Ao longo de seiscentos anos a forma teatral infiltra-se dentro da própria igreja que a havia proibido, e de novo, como na Grécia, potencializada e germinada pelos rituais religiosos, só que desta vez muito distante do 'espírito' dionisíaco.
Teatro religioso medieval: Autos a vida de Jesus com estações, historia da humanidade desde a criação até o juízo final.Milagres textos que abordam a vida dos santos.Moralidades historias com personagens humanos seus conflitos entre bem e mal, queda e redenção. Incorporam elementos do sagrado e profano.
Comedia popular profana: Surge o 'bobo da corte', personagem que por ser 'tolo' podia dizer a verdade sem reverência às autoridades ou instituições, era o portador dessas críticas.Farsas comédias de riso fácil, sem intenções de criticas moralizantes ou didáticas. Exploram o ridículo dos costumes e dos caracteres humanos. Humor malicioso e direto, sem pudor de ser grosseiro.
ENCENAÇÃO E TÉCNICAAs corporações de ofício da Idade Média, associações de profissionais de determinadas áreas do trabalho: marceneiros, pescadores, e construtores de barcos. Construíam os cenários, e seus membros formavam elencos amadores. Muito importantes como realizadoras dos espetáculos. Muitas criaram o próprio repertorio, afinado com seus ofícios. Ex.: a corporação dos pescadores associava-se a dos construtores de barcos para encenar a passagem bíblica do dilúvio e da arca de Noé.
Cont.
Havia festivais que podiam durar de 3 a 40 dias, na Páscoa e no Natal. Elencos chegam a 100 pessoas. Peças estendem-se até a 70 cenas. Cenários montados sobre palcos formados por uma série de carros alinhados em sucessão, cada um dos quais representando um lugar diferente, para encenação das 'estações ‘ da vida de Cristo. O público se deslocava para assistir as diversas passagens em seus respectivos cenários.
Outra forma é a do palco simultâneo. Vários cenários colocados lado a lado sobre um estrado ou carro, que pode atingir 50m de comprimento. Representam ambientes da terra, do céu ou do inferno conforme as necessidades da ação. Palcos continham complexos jogos de máquinas para provocar, chamas ou tempestades e o deslocamento de anjos e demônios voadores.
Cenário de Estações: à esquerda o céu e à direita o inferno
Paixão de Cristo
A mesma igreja que proíbe o teatro, proporciona seu ressurgimento.
As representações se deslocam para fora da igreja, na medida em que crescem em tamanho e conflito.
4. RENASCIMENTOSECULO XVI-XVII
Surgem edifícios projetados para abrigar encenações, que diferem daqueles da
antiguidade por serem fechados e com teto. Necessitam de iluminação artificial, obtida com velas e lâmpadas a óleo. Possuem
clarabóia, que permite a entrada da luz solar durante o dia.
Teatro Palazzio Vicenzia – Itália
Lâmpada inglesa de óleo
Combustíveis de origem animal: óleo de baleia
Nos cenários em perspectiva, haviam aberturas, nas quais não passava uma pessoa e onde se colocavam as lanternas de óleo.
Lâmpadas de óleo Itália
Artefatos de óleo em grande quantidade
LÂMPADA DE ÓLEORIBALTA
Há necessidade de mais luminosidade.
REFLETOR DE VELAPAREDE
REFLETOR DE VELARIBALTA
Os palcos possuíam alçapões para efeitos especiais e fosso para
orquestra.
CENÁRIOS :
No início
fixos, em mármore ou gesso. fachadas de castelos e palácios para as tragédias
ruas e fachadas de casas comuns para a comedia
Depois surgem os cenários de telão Pintados com o principio da perspectiva.
Leonardo da Vinci e Michelangelo foram cenógrafos de muitas encenações italianas da época.
projetou um palco giratório para trocas rápidas de ambientes na cenografia.
Os telões eram pintados com luz semelhante a que
receberiam na cena, assim as pinceladas e tons buscavam o máximo de aproveitamento.
Cenografia com telão pintado
efeitos de fumaça através de canfora queimada.
ILUMINÇÃO E EFEITOS:
Sebastião Serlio (1475-1551)
Utilizou recipientes côncavos com líqüidos coloridos na frente de lâmpadas de óleo para produzir luz colorida.
corantes eram vinho, açafrão, e uma mistura de repolho roxo e sal amoníaco para fazer o azul.
Ângelo Ingenierisugeriu em 1598 que se apagasse a luz da platéia durante a apresentação.
Leone de Sommideterminou que as cenas alegres tivessem mais luz e as cenas tristes fossem mais escuras.
O fogo era utilizado em tochas embebidas em álcool
espelhos também muito utilizados para refletir luz e aumentar a luminosidade dos ambientes.
Arquiteto e cenógrafo
Colorindo a cena
Essas experiências com garrafas também preconizaram as lentes.
Nicola Sabatini desenha a primeira 'resistência' para diminuir a luminosidade das velas.
Variar a luminosidade
Entre tantos engenhos dessa época, Sabatini desenvolve esse, que possibilita baixar ou aumentar a luminosidade, ao gosto da cena, criando uma ilusão utilizada até hoje.
SABATTINE“DIMMER” PARA VELAS
SABATTINEReconstrução
Candelabros Sobre a assistência
As velas pingavam sobre a nobre platéia, causando desconforto e prejuízos.
Os nobres da platéia passam para ao camarotes, protegidos do pinga pinga e com rotas de fuga de incêndio
CANDELABROS E RIBALTA
Snuffer manCortador de pavio
O homem da luz
Trabalhavam o tempo todo na manutenção das velas e pavios, não só nos intervalos, mas durante as funções.
Por isso mascarados e graciosos.
SNUFFERtesoura de cortar pavio
O principal legado dessa época foi a arquitetura do palco italiano. A construção de coxias e urdimento, foi influenciada pela tecnologia da construção de caravelas, para dar suporte às maquinarias cenográficas.
5. TEATRO ELIZABETANOSéculo XVI-XVII
Enquanto isso, na Inglaterra...
No reinado de Elizabete I houve grande desenvolvimento da produção teatral, que era uma diversão extremamente popular.
O ator profissional ganha importância social com melhores remunerações, e muitas companhias de repertório se estabelecem.
Vários teatros com uma peculiaridade arquitetônica da relação palco-platéia que conhecemos como palco elizabetano foram construídos.
Na cidade de Londres haviam : The Theatre, The curtain, The Rose, The Swan.
Teatro Elizabetano
Havia alçapões para efeitos de desaparecimento.
Encenação e técnica:
O publico sabia através de uma bandeirinha hasteada no alto do teatro que tipo de peça seria encenada naquele dia.
branca para a comedia preta para tragédia
A sessão começava por volta das três da tarde e era sempre durante o dia.
No palco um pano preto ao fundo indicava quando era noite na peça.
No balcão havia janelas e parapeitos para cenas
Ao fundo do palco, embaixo do balcão, uma área escurecida para aparições de fantasmas.
toda indicação de espaço e tempo era feita através das falas das personagens.
Muito importantes também eram os figurinos, adereços e objetos de cena (props) para estabelecer convenções cênicas.
buscou representar o mundo como um vasto teatro, onde a vida é um palco, e as alegorias personificam abstrações, virtudes ou atributos do mundo, como se fossem pessoas. São exemplos de personagens: Mundo, Rei, Distinção, Rico, Pobre, Esperança, Justiça. A vida é tematizada como representação ou sonho.
6. Teatro Barroco Séc XVI - XVII
países que deixaram uma herança importante dessa época foram Itália, e Espanha.
Itália:Responsável por grande desenvolvimento da maquinária de palco e pelo nascimento de uma nova forma teatral que unia música e diálogos cantados que se chamou Ópera. Construção de edifícios teatrais especialmente projetados para a encenação dessas obras que se chamaram casas de ópera.
A maioria das óperas utilizava temas e personagens da mitologia greco-romana da Antiguidade.
Encenação : ItáliaA grande inovação foram os bastidores em nível que consistiam de uma série de ‘tapadeiras’ laterais feitas de ripas de madeira que emolduram telas pintadas de cenários, e que deslizam sobre trilhos, possibilitando a troca rápida de imagens nesses bastidores, que juntos ao telão de fundo em perspectiva compunham o todo da cenografia. O inventor desse mecanismo foi o arquiteto italiano Battista Aleotti.
Nesses teatros foram criados muitos mecanismos para fazer cenários deslizarem rapidamente, fazendo uma movimentação junto com a música de ‘encher os olhos’ dos espectadores.
Telões pintados nos bastidores em nível
ESPANHA
O período de 1580-1680 ficou conhecido como o Século de Ouro.
AUTORES:
Pedro Calderón de la Barca (1600-1681) se destacou com seus autos sacramentais, forma de texto herdeira dos traços religiosos do teatro medieval, diferenciada na maneira de abordar personagens e situações. Suas personagens transmitem ao público a consciência da representação, através de uma constante reflexão sobre o seu papel no teatro e no mundo. Principais obras de Calderón: O grande teatro do mundo e A vida é sonho.
Félix de Lope de Vega (1562-1635) uma produção caudalosa, com mais de 1500 comédias e aventuras de capa/espada.Tirso de Molina (1583-1648), pseudônimo do monge Gabriel Téllez, muito conhecido por sua obra Don Gil das Calças Verdes, onde existe um cuidadoso retrato psicológico das personagens. Uma personagem da peça O Burlador de Sevilla, de nome Don Juan Tenório, foi o iniciador de toda uma linhagem de personagens de nome Don Juan, famosos conquistadores de corações femininos.
ENCENAÇÃO NA ESPANHA
a mesma estrutura de palcos sobre carros do período medieval, porém agora equipados com muito mais maquinarias e recursos técnicos para efeitos, inventados na Itália.
Usava-se água verdadeira para representar o mar, animais vivos para ilustrar a criação divina, etc.
autos eram representados durante alguns dias na época da festa de Corpus Christi
tanto o sucesso como os gastos com a produção, faziam a temporada se estender nos Corrales
espaços teatrais improvisados, nos pátios de estalagens ou hospitais.
Assemelhados ao palco elisabetano.
Pátio de Corrales - Espanha
como no teatro elizabetano a encenação nos corrales era simples, sendo as indicações de espaço e tempo criadas através das falas
7. Comédia Dell’arte Séc. XVI
Nascida no século XVI é uma tradição teatral cômica presente até os nossos dias.
A ARTE DOS GRANDES COMEDIANTES
dell’arte deriva do conceito de atores profissionais (os mimos) que dominavam a ‘arte’, tanto no que diz respeito à expressão corporal como vocal, unida à arte de improvisar em cena e de representar para todo tipo de platéia.
Nascida no início do séc XVI, na Itália, teve por origem os mimos ambulantes e a tradição das máscaras de carnaval.
Comedia Dell’Arte :
Personagens tipificados, representam defeitos e vícios humanos de maneira cômica
Construídos com figurinos, máscaras e expressão corporal
atores valorizados por seus apurados adestramentos técnicos, mímicos, acrobáticos e vocais.
Representavam o mesmo papel sempre, o que possibilitava o aperfeiçoamento de sua performance com o tempo.
Apresentações seguiam um roteiro chamado de sogetto ou canovaccio.
estabelecia o enredo mínimo da história.
O restante da trama era preenchido pela improvisação dos atores
As companhias de cômicos dell’arte possuíam entre 9 e 12 atores, onde 3 ou 4 eram mulheres. Eram ambulantes e atuavam contratados pela nobreza e realeza, nos salões de palácios e castelos.
OS PRINCIPAIS TIPOS E PERSONAGENS
Capitão: autoridade militar, contador de vantagens de suas conquistas amorosas e riquezas. Na verdade, é um pobretão fracassado no amor.
Doutor: tipo pedante que tenta passar uma erudição cultural que na verdade não tem. Loquaz, não deixa seu interlocutor falar. Faz citações em latim sempre errando as palavras.
Pantalone: Velho avarento e libidinoso, dominado pela ânsia de conquistas amorosas. Ludibriado nas finanças, pelas mulheres, pelos servos e pelos filhos.
Zanni: Também conhecido como Arlequim. Servo astucioso e inteligente. Tem sempre uma resposta espirituosa para as situações. Cria intrigas e engana os patrões.
Brighela: Tipo mentiroso, insolente, aventureiro da pior espécie.
Jovens enamoradas: Recebiam diversos nomes, sempre perseguidas pela ira paterna, quando se rebelavam contra casamentos de conveniência ; por maridos traídos, ou por amantes abandonados. Travestiam-se de homens para escapar. Dosavam ingredientes de bondade e astúcia, luxúria e pureza.
Criadas: Servas protetoras e afeiçoadas aos patrões. São vivazes e maliciosas. Buscam ascensão social pelo casamento.
8. TEATRO CLÁSSICO FRANCÊS Séc XVII
Em oposição à profusão detalhista barroca essa forma teatral desenvolvida na França volta-se para valores de simplicidade, clareza, estabilidade e perfeição atemporal do conceito de beleza.
Encontra seus valores na antiguidade grega. A Poética de Aristóteles adquire o status de cânone para a composição dos textos trágicos.
Os textos são em versos alexandrinos, as personagens são heróicas, busca-se a total verossimilhança com a realidade, retratando o que é considerado universal e atemporal, além do mutável.
Depositários de fé na razão e no intelecto para criar o equilíbrio, em oposição à rica imaginação e fantasia barrocas
AUTORES TRÁGICOS
Pierre Corneille (1606 – 1684) cujas principais obras foram O Cid, Cina, Horácio, Polieucto.
Jean Baptiste Racine (1639-1699) cujas principais obras foram Fedra, Andrômaca inspiradas em personagens da antiguidade grega e Esther e Athalie inspiradas em passagens bíblicas.
Apresentação em salão nobre de palácio
COMÉDIA:
Jean-Baptiste Poquelin Moliére (1622-1673). Autor e ator muito popular, patrocinado pelo Rei Luís XIV.
Seus textos e personagens ridicularizavam tipos de sua época: avarentos, hipocondríacos, invejosos, fanáticos, vigaristas, hipócritas, etc.
Utilizou-se de vários traços de personagens da comedia dell’arte enriquecendo-as com valor literário, e perspicácia no retrato psicológico.
Representou muitos dos papéis que escreveu, e faleceu no palco quando atuava no papel principal de sua peça O doente imaginário.
Outras obras famosas: Escola de mulheres, O Tartufo, Escola de maridos, George Dandin, As preciosas ridículas, O Misantropo, Don Juan.
Personagens da Comedia Dell'arte Cena com candelabros
ENCENAÇÃO:As principais encenações de Paris na França realizavam-se no Hotel de Bologne, no teatro do Palais Royal, e em salões do Museu do Louvre.
o cenário era um telão pintado ao fundo e alguns poucos móveis e adereços na frente. O importante da encenação era os atores, a capacidade declamatória nas tragédias, e a histriônica nas comédias, herdeiros que eram dos mimos e cômicos dell’arte.
Em 1641 foi aberta uma nova sala de espetáculos, a Palais Cardinal , que incorporou o palco italiano e os mecanismos de maquinaria cênica barroca, de trocas de cenários, sobe/desce de cortinas e rápida movimentação de outros dispositivos cenográficos.A iluminação utilizava os primitivos ‘dimmers’ para controlar a intensidade. Dia e noite indicados pelo texto. A luz de velas na ribalta é sempre usada.
9. TEATRO CLÁSSICO ALEMÃO Séc. XVIII
GoetheGoethe dirigiu durante mais de duas décadas o Teatro da Corte em Weimar desenvolveu um repertório alemão
de gosto popular, os clássicos franceses e alguns textos de Shakespeare, além de seus próprios trabalhos como autor e encenador, criando um ‘estilo Weimar’
que valorizava a harmonia, a simetria e métrica poética nos textos
seu lema: “Não basta apenas imitar a natureza, mas representá-la idealmente”.
Montou também textos de seu amigo Friedrich von Schiller, com quem dividia o credo filosófico de “educar pela arte”, para a divulgação de um pensamento humanista que preza a liberdade do indivíduo e a consciência que se interroga para chegar à verdade.
Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) retomou a história de Dr. Faustus do elizabetano Marlowe, para compor o seu Fausto um ser dividido entre
pecado e santidade, permanentemente tentado pelo diabólico Mefistófeles.
Friedrich Schiller (1750-1805)
jovem conheceu o sucesso com o texto Os Bandoleiros, um dos primeiros a colocar o ‘marginal’ em cena.
Na maturidade escreveu Mary Stuart , tragédia de fundo histórico, sobre as rivalidades de Elizabeth I, rainha da Inglaterra e sua prima Mary Stuart rainha da Escócia
ENCENAÇÃO E TÉCNICA
cenografia e maquinária eram totalmente influenciadas pela ópera italiana, sem os exageros da profusão de imagens do barroco.
Na iluminação procura-se criar uma atmosfera luminosa diferente para cada ato da peça, que evoque a hora do dia ou da noite e a estação do ano.
Teatro de Weimar no tempo de Goethe
10. ROMANTISMO Séc XVIII
O Romantismo assumiu diversas formas em todo o teatro europeu a partir do final do séc XVIII e início do séc XIX
ambiente sócio-político de grandes transformações como a Revolução Francesa, Independência Americana e Revolução Industrial.
um movimento estético que se opunha aos valores de ordem, harmonia e métrica do Classicismo, propondo a exploração da imaginação lírica livre, onde uma passionalidade ‘febril’, influenciada por William Shakespeare, cuja dramaturgia passa a ser exemplar nessa época.
Na Inglaterra surgem os grandes atores-intérpretes de sua obra: David Garrick e Edmund Kean.
Na Alemanha suas tragédias são traduzidas, encenadas e valorizadas.
ROMANTISMO FRANCÊS
Victor Hugo com sua peça Hernani, Alfred Musset com Lorenzaccio Alexandre Dumas com Anthony, e depois A dama das Camélias abandona os diálogos versificados, introduzindo a fala coloquial.
Melodrama: vertente do Romantismo francês,seus textos eram dramas carregados de emoções e reviravoltas passionais nos embates entre perversão e virtude, onde no final o mal era sempre desmascarado e o bem e a verdade triunfavam.
ENCENAÇÃO E TÉCNICA Efeitos cênicos espetaculares através de cenários e maquinarias sofisticadas, com a preocupação de fidelidade à natureza e ao estilo das épocas retratadas.Música: um tema acompanhava a entrada e a saída de determinada personagem caracterizando-a.
Iluminação: Feita com lâmpada à gás, graduada para acentuar o clima emocional e a criação de atmosferas luminosas. Ribalta: presente no proscênio. Chamuscava com os bicos de gás a bainha dos figurinos.
Na Inglaterra o Drury Lane Theatre, dirigido por David Garrick, inovou quando intensificou a luz vinda dos bastidores a partir do meio e no fundo no palco aumentando o brilho nessas regiões, e eliminou os candelabros em arco próximos ao palco que obstruíam a visão da galeria.
Palco do Drury Lane Theatre
A Era do Gás.Séc XIX
Gás de húlha e bicos de gás.
1792 havia sido inventada a lâmpada de gás de hulha(carvão de pedra).
Sete anos depois, o bico de gás, com melhores resultados.
As instalações de gás nos teatros lembravam órgãos de música, pela combinação de tubos de várias espessuras.
BICOS DE GAS
Refletor de gás para luz de geral.
Um esforço de segurança na convivência com os panos do palco.
Precursor do Seguidor de hoje
Um engenheiro escocês chamado Drummond, inventou esse artefato, primeiramente com gás de carbureto, em seguida adaptando para oxigênio + hidrogênio, conseguindo uma fonte de luz direcionável.
BICOS, FERRAMENTAS, MANÔMETROS,COMBUSTÍVEIS
1 - calcário.2 - acendedor de gás.3 - aparato completo de
gás. Com compartimento de pressão.
4 – medidores de pressão, ferramentas e válvulas.
REFLETOR DE GÁS
OPERADOR DE SPOT A GAS
Os sistemas de distribuição de gás
A mudança da luz de velas e óleo para o gás não foi rápida.
Os atores achavam a luz a gás muito desconfortável.
Convivem juntas por largo tempo.
Instalações nas Laterais do palco
OPERADOR DE SPOT A GAS
o pensamento liberal econômico e a expansão do capitalismo industrial ganham impulsos hegemônicos.
11. Naturalismo
Na ciência grandes avanços e descobertas, expandindo o pensamento técnico e científico, que passa a ser desenvolvido a partir de métodos de pesquisas rigorosos.
na França, sob a influência do escritor Emile Zola, ganha força a idéia da arte como um laboratório, ‘experimental,’ para levar ao palco retratos dos problemas humanos, na intenção de ser científico e analítico.
surge também o pensamento que se contrapõe ao capitalismo e sua exploração de grandes massas de trabalhadores, representado pelo anarquismo, e depois pelo marxismo.
ALEMANHAGeorg Büchner (1813-1837) escreve Woyzeck que tem como personagem principal o proletário pobre, sem o heroísmo clássico ou o gênio romântico. Gerhart Hauptamann(1862-1946) escreve Os tecelões uma peça sobre operários em greve, encenada em diversas cidades da Europa, onde a personagem principal é a massa anônima de trabalhadores.
FRANÇAAndré Antoine (1858-1943), um funcionário da Cia de Gás que havia trabalhado como figurante na Comédie Française, fundou em 1887 o Théatre Libre, onde colocou em prática suas concepções sobre o naturalismo no teatro. Rapidamente as idéias do ‘teatro livre’ se espalharam pela Europa. Antoine é considerado o precursor do trabalho do encenador moderno, pois passou considerar, em cada uma das suas montagens, a utilização do espaço cênico integrado ao trabalho do ator, com uma cenografia apoiada em objetos reais, com seu peso e sua história. Também introduziu a luz elétrica na iluminação com a intenção de criar uma atmosfera realista com a luz.
RÚSSIAConstantin Stanislavski (1863-1938), grande expoente da encenação naturalista. Fundou com Nemirovitch Dantchenko em 1898, o TAM - Teatro de Arte de Moscou, que aprofundou e complementou as idéias de Antoine, principalmente em relação ao trabalho do ator, preconizando para este a conquista de uma verdade singular e uma criação pessoal de cada personagem, a partir de sua própria experiência, memória e imaginação, recusando os tipos, os estereótipos e os gestos convencionais.
Cena de As três irmãs de Tchekhov – TAM/1901
Na dramaturgia Naturalista destacam-se:Henrik Ibsen (1828-1906) com Casa de Bonecas, Os Espectros, O inimigo do Povo e outras peças. Anton Tchekhov (1860-1904) com A Gaivota, As três irmãs, Tio Vânia, O Jardim das Cerejeiras. Bernard Shaw (1856-1950) com Cândida, César e Cleópatra, Pigmalião, Joana D’Arc e outras peças.
ENCENAÇÃO E TÉCNICAA estética naturalista recusava os truques ilusionistas
desenvolvidos no teatro desde a sua origem. Instaura a idéia da quarta parede que invisível na boca de cena, deveria ser uma realidade para o ator, que estaria no palco como na vida, sem uma interpretação declamada e pomposa do seu texto, e o público seria uma espécie de ‘espião’, a olhar pelo buraco da fechadura esse pedaço de vida real.
Cenários: Abandonou o telão pintado na cenografia, valorizando a reprodução realista dos ambientes.
Iluminação: Na iluminação que passa a ser feita com luz elétrica, desenvolvem-se as possibilidades que esta oferece de criar atmosferas reais de luminosidade, contrastando luz e sombra, claro e escuro, favorecendo também a reprodução, através de filtros de cor, fenômenos naturais, tais como: noites de luar, crepúsculos, alvoreceres, etc, dando início a uma tradição estética em iluminação teatral presente nos palcos até os nossos dias.
Sonoplastia: Desenvolveu-se largamente também, a sonoplastia que procura reproduzir os ruídos dos espaços reais: animais, insetos, águas correntes, máquinas, etc. As técnicas do teatro naturalista nesses itens som e luz não pararam de se desenvolver durante todo o século XX.
12. Simbolismo
um movimento de encenadores. anti-ilusionista e anti-naturalistaRecusa a reprodução fiel da realidadeexplora os recursos da teatralidade.
Edward Gordon Craig (1872-1966), ressalta a importância do encenador para a construção de uma unidade na concepção poética do espetáculo. encenador deve reunir conhecimentos de cenografia, iluminação, artes plásticas, condução dos atores e dramaturgia. Ele próprio representava esse artista completo da cena, descrito no seu livro Da arte do Teatro de 1905.
Adolphe Appia (1862-1928) seu livro A obra de arte viva postula uma poética cênica apoiada na cenografia arquitetônica e nos desenhos de luz, ambos colocados em movimento através da música que forneceria a partitura para tais movimentos. Suas idéias foram seminais para toda a encenação do século XX, significando uma renovação importante para os espetáculos de ópera. Principalmente, previu e teorizou sobre a importância que a iluminação teria na encenação a partir de então.
Um dramaturgo simbolista foi Maurice Maeterlinck (1862- 1949) cujo texto Peléas et Melisande mostra personagens com estados d’alma misteriosos e submetidos a forças obscuras que podem ser projeções de seu psiquismo. Escreveu também O Pássaro Azul.
RÚSSIAVsevolod Meyerhold(1874-1940) desligou-se de Stanislavski e do naturalismo do TAM, para desenvolver suas concepções de encenador, também ligadas a essa teatralidade preconizada pelo simbolismo. Seus espetáculos tinham cenários compostos de rampas, aparelhos rolantes e plataformas. Para o ator considerava, indispensável, qualidades de atleta, bailarino e clown.
Cenário Construtivista de Meyerhold
FRANÇANa França Paul Fort funda em 1891 o
Théatre de L’Art e Lugné-Poe o Théatre de L’Ouvre em 1893, que se tornaram o pólo simbolista na cena francesa em contraposição ao naturalismo de Antoine no Théatre Libre. Lugné-Poe dirigiu no seu teatro a histórica montagem de Ubu Rei de Alfred Jarry.
ENCENAÇÃO E TÉCNICAO movimento simbolista substituiu a
imitação e a ilusão, pela sugestão criada a partir de linhas e cores, capazes de estimular a imaginação do público, criando novas convenções no universo da teatralidade. Isso fez com que os recursos técnicos de cenografia e luz se desenvolvessem por caminhos plásticos realmente inovadores.
cenário de Adolphe Appia
CENÁRIOS – ILUMINAÇÃO: Influenciada por Appia, a cenografia é composta de linhas, volumes, cores e texturas, numa concepção arquitetônica do espaço cênico, que vai ganhar profundidade e densidade com a presença da iluminação. Escadarias e rampas ganham destaque como ‘plataformas’ para a atuação dos artistas.
Na iluminação procura-se através de áreas luminosas e escuras, criar um ambiente de sonho, de irrealidade. O desenvolvimento da tecnologia dos dimmers, propicia a tonalização das cores que combinadas com efeitos de luz e sombras, inaugura na Teatralidade um campo que não parou de crescer, explorando simbologias de cores e de sensações subjetivas, sem limites para vôos da imaginação.
13. TEATRO ALEMÃO Século XX
EXPRESSIONISMOApós a Primeira Guerra Mundial, por toda a
Europa, pensadores questionavam os caminhos do progresso técnico e a competição pelos mercados que o regime capitalista impusera, e que levaram à destruição da guerra. O movimento estético chamado de Expressionismo, teve sua principal manifestação na Alemanha que estava destroçada pelo delírio bélico, e foi uma resposta à angustia existencial de toda uma juventude que via, horrorizada, sua vida reduzida ao controle de poderes perversos e destruidores. O quadro de Edward Munch O grito (abaixo) é uma síntese iconográfica do sentimento dessa geração de artistas.
DRAMATURGOS EXPRESSIONISTASWalter Hasenclever (1890-1940) alemão, colocou esse desespero e horror em cena através do conflito de gerações como com a peça O Filho.Ernst Toller (1893-1939) autor de Hopla!, e Homem-máquina. eGeorg Kaiser (1878-1945) autor de Gaz, escreveram sobre o homem massificado pelo sistema sócio-econômico do capitalismo.Oskar Kokoschka Artista plástico encontrou no teatro os meios de expressão para suas idéias, encenando textos seus como A sarça ardente e Assassino, esperança das mulheres.
ENCENAÇÃO E TÉCNICAO movimento expressionista foi bastante
radical na recusa das estéticas do passado no teatro. Uma dramaturgia em que as cenas são fragmentos do real misturados ao sonho e ao delírio. Os personagens também são fragmentados, reféns de forças e ações que vão contra a sua vontade. Explora-se no trabalho do ator uma expressividade anti-natural, apoiada em gritos e gemidos, e numa enunciação agressiva dos textos, na intenção de impactar os nervos do espectador.
14. Teatro Épico
O Teatro Épico foi uma conseqüência do movimento expressionista na Alemanha, onde, respondendo aos impasses existenciais levantados no expressionismo, alguns dramaturgos e encenadores, engajados com a visão marxista da sociedade, colocaram em cena as contradições da sociedade de classes, suas mazelas econômicas e políticas na intenção de despertar a consciência crítica do espectador, instigando uma ação transformadora dessa realidade opressora.
Erwin Piscator (1893-1966) coloca em cena instrumentos narrativos através de prólogos, inserção de filmes, dados estatísticos e históricos que contextualizem o enredo da peças encenadas. As cenas se deslocam no tempo e no espaço num modo narrativo semelhante ao do cinema.Bertolt Brecht (1898-1956) dramaturgo e encenador que nos deixou uma vasta obra de peças e textos de reflexão estética sobre o teatro, e sua potencialidade de instrumento para ação política. Desenvolveu suas idéias no Berliner Ensemble com vasta equipe de colaboradores.
Brecht foi um pensador fecundo que influenciou toda uma geração de dramaturgos e encenadores na Alemanha, na Europa e na América, deixando uma obra que, tal como Shakespeare, é estudada, revista e encenada até os nossos dias.
Cenário da encenação de Piscator para Hopla! de Ernst Toller
ENCENAÇÃO E TÉCNICA:Atuação: O ator não deve identificar-se com a personagem, nem tampouco buscar causar emoção na platéia. A atividade racional no jogo do ator é valorizada. Brecht critica todo o teatro ilusionista e sua busca de despertar empatia no público. Influenciado pelo teatro oriental (Japão e China), propõe ao ator a criação de um gesto significativo, que ele chama de gestus, capaz de ‘desenhar’, ilustrando para o espectador as forças políticas atuantes nas ações das personagens. O espectador jamais deve se esquecer de que está no teatro, e sua atividade critica, analítica e racional é solicitada o tempo inteiro. Cenário: A cenografia procura criar convenções que buscam comentar a realidade do espaço, e não representá-lo realisticamente. Os figurinos mostram a classe social e a história da personagem, salientando o peso do tempo, ou a situação econômica da personagem, e não a beleza de uma concepção ‘artística’ do figurino.
Iluminação: O desenho de luz não busca a criação de efeitos ou sugestões de atmosferas, mas sim a revelação simples e sem truques do que está acontecendo na cena, configurada através de uma iluminação clara e homogênea. Sonoplastia: A música (songs) é um importante instrumento de comentário do enredo e condução narrativa do espetáculo. B.Brecht trabalho em estreita parceria com o músico e maestro Kurt Weil.
Berliner Ensemble
15. Teatro do Absurdo
Na Europa do pós-guerra alguns dramaturgos criaram um tipo de texto com enredos e personagens que, na maioria das vezes, não tinham como intenção gerar na platéia, nem empatia, nem critica, nem emoção. Mostravam apenas as dificuldades e/ou a impossibilidade da comunicação entre as personagens, sob um ponto de vista que ressaltava a falta de sentido de tantos aspectos da realidade humana. Genericamente denominado Teatro do Absurdo, pois ele retrata personagens cujas ações não levam a nada, em situações que não conseguem ou podem compreender. O mais representativo autor dessa vertente é Samuel Becket (1906-1989), com sua obra Esperando Godot. Eugene Ionesco (1912-1994) escreve A cantora careca, uma peça onde não existe uma cantora, tampouco careca, e As Cadeiras.
Cacilda Becker em Esperando Godot – 1968
16. Teatro da Crueldade
Antonin Artaud (1896-1948), ator, dramaturgo, encenador e pensador do teatro, foi o criador do Teatro da Crueldade, que propõe uma forma de intervenção na realidade social assim como Brecht, porém, não como este, pela via da racionalidade na relação entre palco e platéia, mas, pelo contrário, acredita na capacidade do teatro de envolver os sentidos do espectador, através de um uso revolucionário de seus instrumentos técnicos de encenação, recuperando suas origens sagradas e ritualísticas, para estimular sentimentos místicos e metafísicos transformadores. Enquanto viveu, Artaud não conseguiu colocar em prática o seu Teatro da Crueldade, mas sua caudalosa reflexão estética, alimentou a imaginação e a prática de diversos artistas posteriores, principalmente no ambiente da contracultura e do psicodelismo nos EUA, dos anos 1960, onde se destacou o grupo Living Theater. Ainda hoje, Artaud é um influente pensador no trabalho de vários artistas contemporâneos.
Auto-retrato de Artaud
17. Teatro
Contemporâneo
O Teatro contemporâneo no ocidente caracteriza-se pela heterogeneidade de suas manifestações, e pela multiplicidade de espetáculos e encenações que valorizam diferentes estilos estéticos numa re-visitação permanente das técnicas e convenções teatrais de diferentes épocas, tanto em dramaturgia, como no trabalho do ator e do encenador. A comédia dell’arte é revalorizada como treinamento para o trabalho do ator; Shakespeare com tragédias e comédias, que sempre instigam os encenadores para novas encenações e leituras.
O teatro Épico e o Naturalismo em diversas vertentes, são facilmente encontráveis nos palcos da atualidade.Novos espaços cênicos são utilizados, na busca de romper com as limitações das heranças do palco italiano, destacando os espetáculos de arena, de rua, e também a busca de levar encenações em outros espaços que não os construídos para esses fins, tais como: hospitais, quadras esportivas, galpões, prédios abandonados, etc.
BIBLIOGRAFIAHistória Mundial do Teatro de Margot Berthold Ed Perspectiva, 2005, São Paulo.Teatro Épico de Anatol Rosenfeld Ed. Perspectiva, 1994, São Paulo.Teatro Sempre vários autores, Revista Tempo Brasileiro no. 72, Ed. Tempo Brasileiro, 1983, Rio de Janeiro.