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CENTRO UNIVERSITRIO UNIVATES
PROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO SENSU
DOUTORADO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
AS CONCEPES DE DIRETORES ESCOLARES ACERCA DA
GESTO EDUCACIONAL E DA EDUCAO AMBIENTAL EM
ESCOLAS ESTADUAIS DO VALE DO TAQUARI/RS/BRASIL
Daiani Clesnei da Rosa
Lajeado, setembro de 2016
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Daiani Clesnei da Rosa
AS CONCEPES DE DIRETORES ESCOLARES ACERCA DA
GESTO EDUCACIONAL E DA EDUCAO AMBIENTAL EM
ESCOLAS ESTADUAIS DO VALE DO TAQUARI/RS/BRASIL
Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao
Mestrado e Doutorado Stricto Sensu em
Ambiente e Desenvolvimento Doutorado do
Centro Universitrio Univates, como parte da
exigncia para obteno do ttulo de Doutora em
Cincias: Ambiente e Desenvolvimento.
Orientador: Prof. Dr. Odorico Konrad
Coorientadora: Profa. Dra. Mrcia Jussara Hepp
Rehfeldt
Lajeado, setembro de 2016
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Daiani Clesnei da Rosa
AS CONCEPES DE DIRETORES ESCOLARES ACERCA DA
GESTO EDUCACIONAL E DA EDUCAO AMBIENTAL EM
ESCOLAS ESTADUAIS DO VALE DO TAQUARI/RS/BRASIL
A banca examinadora abaixo aprova a tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em
Ambiente e Desenvolvimento, do Centro Universitrio UNIVATES, como parte da exigncia
para obteno do grau de Doutor em Ambiente e Desenvolvimento na rea de concentrao
de Espao e Problemas Socioambientais:
_______________________________________________
Prof. Dr. Odorico Konrad Orientador
Centro Universitrio Univates
_______________________________________________
Profa. Dra. Mrcia Jussara Hepp Rehfeldt Coorientadora
Centro Universitrio Univates
_______________________________________________
Prof. Dr. Juarez Ferla
Centro Universitrio Univates
_______________________________________________
Profa. Dra. Jacqueline Silva da Silva
Centro Universitrio Univates
_______________________________________________
Profa. Dra. Ledi Schneider
Pontifcia Universidade Catlica PUC/RS
Lajeado, setembro de 2016
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Dedico este trabalho aos meus pais/famlias
Iracema Damiana da Rosa (em memria) e
Zeferino Braz da Rosa (em memria) em gratido
por todos os ensinamentos. Aos meus filhos
Augusto Braz da Rosa Carvalho e Gustavo Braz
da Rosa Carvalho em agradecimento por todas as
aprendizagens.
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AGRADECIMENTOS
A palavra para esse momento gratido. Quero comear agradecendo a Deus, por
meio de meus mestres espirituais, que colaboraram nos momentos de inspirao.
Gratido a minha famlia, me e filhos pelo apoio e compreenso durante mais essa
caminhada.
Agradeo ao Centro Universitrio Univates pela oportunidade de continuar meu
aprimoramento profissional.
Gratido ao meu orientador prof. Dr. Odorico Konrad pela pacincia e pelos
momentos problematizadores e reflexivos, oportunizando a possibilidade de chegar etapa
final desse trabalho.
Agradeo a minha coorientadora profa. Dra. Mrcia Jussara Hepp Rehfeldt pelas
consideraes, desafios e provocaes que me mobilizaram a continuar trabalhando muito.
Agradeo, tambm s minhas colegas de trabalho Janane e Fabieli por toda a
dedicao e auxlio nos momentos de correria.
Gratido a 3 CRE, a profa. Regiane Mallmann e aos diretores das escolas estaduais
pela confiana e disponibilidade em participar dessa pesquisa.
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RESUMO
Esta tese tem como objetivo geral investigar como os diretores das escolas estaduais
pertencentes a 3 Coordenadoria Estadual de Educao, localizadas no Vale do Taquari/RS-
BR, compreendem o papel da gesto escolar e da educao ambiental nas escolas de
Educao Bsica. A proposta aqui desenvolvida apresenta as reflexes acerca: da educao
ambiental crtica na construo da cidadania, sustentadas pelas ideias de Carvalho (2010),
Tristo e Jacobi (2010), Lacerda (2010), Sato e Carvalho (2005), Capra (2006), Gonzlez-
Gaudiano (2005), Leff (2006) e Rosa (2009); da gesto democrtica e participativa, discutidas
com as ideias de Cssio (2006), Mello e Cssio (2006), Alves (2010), Ferreira (2008),
Oliveira (2012), Paro (2007), Cury (2012) e Freire (2010). uma pesquisa com abordagem
quali-quantitativa, descritiva e exploratria, bibliogrfica e de levantamento, utilizando como
instrumento de coleta de dados o questionrio, aplicado a 52 diretores das escolas estaduais,
equivalendo a aproximadamente 56,5% dos diretores das escolas estaduais pertencentes a 3
CRE, localizadas no Vale do Taquari/RS/Brasil. A tcnica utilizada para realizar a
interpretao de dados foi anlise de contedos de Bardin (2012). Os resultados apontam que:
a) a escola foi um dos locais mais vistos como um espao propcio para desencadear aes
que promovam essa mudana paradigmtica da relao do ser humano com o meio ambiente;
b) a educao ambiental aparece como uma inquietao constante da gesto escolar, no
entanto a escola desenvolve aes pontuais acerca dessa temtica, sem uma certa continuidade
e reflexes mais aprofundadas e c) acredita-se que essa pesquisa auxiliou a organizar um
referencial terico significativo acerca das temticas de gesto escolar e educao ambiental.
Palavras-chave: Educao Ambiental. Gesto Escolar. Ensino e Perspectivas.
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ABSTRACT
The present thesis have with general objective is to investigate how Principals of state schools
from to the 3rd State Education Coordination (CRE) in The Taquari Valley / RS-BR
understand school management and environmental education role in Basic Education Schools.
The proposal herewith presents reflections on criticism environmental education in the
construction of citizenship based on Carvalho (2010), Tristo & Jacobi (2010), Lacerda
(2010), Sato & Carvalho (2005), Capra (2006), Gonzlez-Gaudiano (2005), Leff (2006) and
Rosa (2009); on democratic and participative management based on Cssio (2006), Mello &
Cssio (2006), Alves (2010), Ferreira (2008), Oliveira (2012), Paro (2007), Cury (2012) and
Freire (2010). It is a bibliographical qualitative and quantitative descriptive and exploratory
survey research. Data collection was based on a questionnaire to 52 state school Principals
ranging about 56.5% of them from the 3rd CRE in The Taquari Valley/RS/Brazil. The
technique used to perform the interpretation of the data was Content Analysis of Bardin
(2012).Results indicate that (a) school is one of the most favored space to prompt procedures
for changing paradigms of human being and environment relationship; (b) even
environmental education seems to be a constant concern of school management and schools
develop procedures regarding such theme, continuity and deeper reflections are required; (c)
It is believed that the research helped to organize a meaningful theoretical support on school
management and environmental education themes.
Keywords: Environmental Education. School Management. Perspectives and Education.
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LISTA DE ILUSTRAES
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Formao em Graduao ....................................................................................... 71
Grfico 2 Formao em Ps-Graduao Especializao (latu sensu) ................................... 72
Grfico 3 Formao em Ps-Graduao stricto sensu........................................................... 73
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Quadro Sinptico dos artigos publicados entre 2009 e 2014 referentes a Gesto
Escolar ...................................................................................................................................... 27
Quadro 2 - Quadro Sinptico dos artigos publicados entre 2009 e 2014 referentes a educao
Ambiental ................................................................................................................................. 48
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Faixa Etria dos Diretores ....................................................................................... 70
Tabela 2 - Tempo de Atuao (anos) na Docncia ................................................................... 73
Tabela 3 - Tempo de Atuao na Direo Escolar ................................................................... 74
Tabela 4 - Aes desempenhadas pela gesto escolar .............................................................. 88
Tabela 5 - Aes com mais dificuldades para serem desenvolvidas ........................................ 89
Tabela 6 - Maior facilidade para desenvolver .......................................................................... 89
Tabela 7 - Temticas relacionadas a gesto.............................................................................. 90
Tabela 8 - Objetivos da educao ambiental desenvolvidos na escola .................................... 92
Tabela 9 - Quem tem a iniciativa para as aes em educao ambiental ................................. 93
Tabela 10 - As aes em educao ambiental envolvem quais atores ..................................... 94
Tabela 11 - Tema em educao ambiental e atores envolvidos ............................................... 95
Tabela 12 - Participao em formao em Educao Ambiental ............................................. 96
Tabela 13 - No participou de formao em educao ambiental ............................................ 97
Tabela 14 - Presena da educao ambiental nas atividades de gesto .................................... 98
Tabela 15 - Tipos de atividades em que o gestor indica acerca da educao ambiental .......... 98
Tabela 16 - Atuao da gesto escolar na formao continuada de docentes em educao
ambiental .................................................................................................................................. 99
Tabela 17 - Dificuldades em desenvolver a educao ambiental na escola ........................... 100
Tabela 18 - Definio da Educao ambiental desenvolvida na escola ................................. 102
Tabela 19 - Planejamento em educao Ambiental para os prximos anos na escola ........... 103
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
3 CRE Coordenadoria Regional de Educao
AES SUL Distribuidora Gacha de Energia S/A
ANPAE Associao Nacional dos Profissionais de Administrao da Educao
ANPED Associao Nacional de Ps-Graduao e Pesquisa
CE Contextualizao do Ensino
CF Constituio da Repblica Federativa do Brasil 05/10/1988
EBSCO Elton B. Stephens Company - Base de Dados de Pesquisa
EMATER/RS Empresa de Assistncia Tcnica e Extenso Rural do Governo do Rio
Grande do Sul
ENEM Exame Nacional do Ensino Mdio
IDEB ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica
IES Instituio de Ensino Superior
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional n 9.394/96
PAR Protocolo de Avaliao de Rios
RAD Relatrio de Atividades Diversidade
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RPPN Reservas Particulares de Patrimnio Natural
RS Rio Grande do Sul
SAEB Sistema de Avaliao da Educao Bsica
SCIELO Scientific Electronic Library Online
SEDUC/RS Secretaria Estadual de Educao do Rio Grande do Sul
SMED Secretaria Municipal de Educao
TD Tecnologias Digitais
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SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................................... 13
2 REVISO DE LITERATURA ........................................................................................... 20
2.1 Gesto Educacional e Escolar: Histrico, Legislao e Concepo ............................. 20
2.1.1 Gesto Democrtica e Participativa e a Relao Dialgica ....................................... 24
2.1.2 Estudos Recentes na rea da Gesto Escolar (2009-2014) ......................................... 26
2.2 Educao Ambiental: Histrico, Legislao e Concepes ........................................... 42
2.2.1 Educao Ambiental Crtica na Construo da Cidadania ...................................... 45
2.2.2 Estudos Recentes na rea da Educao Ambiental (2009-2015) .............................. 47
2.3 Sntese dos estudos nas reas da Gesto Escolar e Educao Ambiental ................... 61
3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ..................................................................... 63
3.1 Classificao da pesquisa ................................................................................................. 63
3.2 Local da pesquisa .............................................................................................................. 64
3.3 Sujeitos da pesquisa .......................................................................................................... 65
3.4 Instrumento de Pesquisa .................................................................................................. 65
3.5 Coleta de dados ................................................................................................................. 66
3.6 Anlise dos dados .............................................................................................................. 67
4 RESULTADOS E DISCUSSES ...................................................................................... 69
4.1 Identificao do contexto ................................................................................................. 70
4.2 Compreenso da gesto escolar ....................................................................................... 75
4.2.1 Administrao dos recursos econmicos, fsicos e humanos da escola ..................... 76
4.2.1.1 Administrao como cerne do trabalho da gesto ................................................... 76
4.2.1.2 Administrao preocupada com o planejamento .................................................... 77
4.2.1.3 Administrao como Gerenciamento de Forma Transparente e
Responsvel..............................................................................................................................78
4.2.1.4 Administrao como viso sistmica ........................................................................ 80
4.2.2 Acompanhamento do trabalho pedaggico ................................................................. 81
4.2.3 Integrao entre sujeitos e o relacionamento com a comunidade escolar ................ 83
4.2.4 Formao continuada dos docentes da escola ............................................................. 85
4.2.5 Aes desempenhadas pelos diretores ......................................................................... 88
4.2.6 Sntese parcial da compreenso acerca da gesto escolar ......................................... 91
4.3 Educao ambiental na escola e o papel da gesto escolar ........................................... 91
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4.3.1 Objetivos, Atores, Aes e Temas em Educao Ambiental na Escola .................... 92
4.3.2 Relao entre gesto escolar e educao ambiental na escola ................................... 96
4.3.3 Sntese da Compreenso da Gesto Escolar e Educao Ambiental pelos Diretores
das Escolas Estaduais ........................................................................................................... 104
5 CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................ 107
REFERNCIAS ................................................................................................................... 111
APNDICES ......................................................................................................................... 124
APNDICE A - Autorizao para a realizao da pesquisa ............................................ 125
APNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ....................................... 127
APNDICE C Questionrio............................................................................................. 129
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1 INTRODUO
Pesquisar sobre a gesto escolar e a educao ambiental um desafio constante, pois
so reas que recebem reiterada ateno e so muitos os autores que dedicam suas obras a
essas temticas. Esses assuntos trazem em suas essncias vrias vises e reflexes.
Analisando a situao ambiental atual e levando em considerao as mudanas ocorridas na
nossa sociedade, percebe-se a carncia de propostas educacionais alternativas e inovadoras
para acompanhar ou questionar essas transformaes.
Ao justificar a proposta de pesquisa aqui apresentada necessrio descrever a minha1
trajetria profissional e as formaes que busquei durante essa trajetria. Meu foco de
formao, no incio da carreira, era, especificamente, a formao docente e sua importncia
para o desenvolvimento de uma prtica pedaggica voltada para a reflexo crtica e para a
cidadania. Nesse aspecto, minha atuao era nos cursos de Magistrio em nvel mdio e,
posteriormente, nos cursos de graduao em licenciatura (Pedagogia, Histria, Educao
Fsica, Biologia, Letras) em nvel superior, no Centro Universitrio Univates em Lajeado, na
Universidade de Caxias do Sul e no Instituto Superior de Educao Cenecista de Farroupilha,
todas localizadas no estado do Rio Grande do Sul.
Como minha formao inicial esteve voltada a formao continuada de docentes foi
possvel perceber que, tanto no Brasil como no exterior, dada a sua relevncia, essa formao
necessita de compreenso e anlise mais aprofundada. A forma como os docentes
desenvolvem sua prtica pedaggica consta em pesquisas e discusses desenvolvidas por
vrios autores, dentre eles destaco: Enricone (2008), que aborda as reflexes sobre a docncia,
1 Nesse primeiro momento, apresentada a trajetria profissional da pesquisadora, com o intuito de
contextualizar a proposta dessa pesquisa, nesse sentido a tese ser escrita na primeira pessoa.
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considerando as questes referentes s mudanas na educao para o XXI; Freire (1992,
1995a, 1995b, 2000, 2010), que destaca as questes referentes necessidade da liberdade dos
educandos, da autonomia escolar e a reorganizao curricular, da necessidade dos docentes
compreenderem as relaes de falar ao educando, a falar a ele e com ele, de ouvir o educando
a ser ouvido por ele, do direito e do dever de mudar o mundo e os saberes necessrios
prtica educativa; Imbern (2005) que alerta para o formar para a mudana e para a
incerteza; Trindade e Cosme (2010) que destacam a necessidade de reflexes acerca do
educar e do aprender, a partir de questes e desafios na escola; Shn (2000) que prope a
formao de um docente reflexivo; Rios (2006, 2010) que mostra as mudanas pelo qual
passa a atividade docente e o desafio de compreender e ensinar e as competncias na
formao de professores; Tardiff (2002) que questiona acerca dos saberes docentes e a
formao profissional, os saberes dos professores em seu trabalho e em sua formao e Tiballi
e Chaves (2003) que descrevem sobre os diversos olhares acerca das concepes e prticas
em formao de professores.
Partindo de anlises que visam contribuir para o desenvolvimento de um ensino com
mais qualidade, essas pesquisas problematizam as questes que envolvem o conhecimento
profissional dos docentes que atuam na Educao Bsica. As pesquisas desenvolvidas pelos
autores citados anteriormente, tambm trouxeram em suas anlises que a forma como os
docentes desenvolvem sua prtica influencia na maneira como os estudantes aprendem.
Portanto, se faz necessrio compreender como os estudantes desenvolvem sua aprendizagem
para assessorar aos docentes, na compreenso de sua prpria aprendizagem e, por
conseguinte, melhorar a aprendizagem de seus estudantes, ou seja, a busca da ao-reflexo-
ao como um processo contnuo (FREIRE, 1995).
Portanto, essas pesquisas destacam que, ao considerar a necessidade de ressignificar a
formao continuada de docentes, os processos de ensino e de aprendizagem precisam ser
explorados e refletidos para que os docentes possam desenvolver suas prticas pedaggicas
comprometidas com uma viso crtica acerca de um mundo complexo e em transformao.
Sob essa perspectiva de um mundo em transformao, exige-se dos docentes uma percepo
ampla e tica do significado das relaes entre o ser humano e o ambiente.
Minha experincia se expandiu, ao trabalhar com as assessorias pedaggicas, via
extenso universitria no Centro Universitrio Univates, em cursos de formao continuada
para docentes, tanto em municpios localizados no Vale do Taquari/RS, quanto em outros
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municpios do Rio Grande do Sul. Esses trabalhos me proporcionaram a oportunidade de
transitar e observar in loco o desenvolvimento da prtica docente nessas regies, por meio das
solicitaes de atuao junto s escolas vinculadas s secretarias municipais/famlias de
educao, s escolas particulares e s escolas estaduais.
Ao desenvolver o trabalho de assessoria pedaggica fui me interessando pela temtica
em gesto escolar que vinha ao encontro de minha experincia na funo de coordenao
pedaggica, em diversas instituies de ensino, tanto particulares quanto pblicas (escolas e
secretaria municipal de educao). Essas experincias me fizeram buscar subsdios na Lei de
Diretrizes e Bases da Educao Nacional n. 9.394, promulgada em 1996 (LDBEN 9.394/96)
que traz em seu texto uma viso sobre a forma como deve se organizar a gesto escolar. Essas
deliberaes surgem na Constituio Federal de 1988, a partir da relao dos princpios da
educao brasileira, onde consta a designao voltada para a gesto democrtica do ensino
pblico.
A LDBEN 9.394/96 apresenta a explicao mais detalhada da forma como a gesto do
ensino pblico deve ser conduzida, conforme consta nos artigos 14 e 15, que tratam da
definio das normas da gesto democrtica do ensino pblico na Educao Bsica, seguindo
os princpios de participao dos profissionais na elaborao do Projeto Pedaggico da escola,
bem como a participao dos representantes das comunidades nos conselhos escolares e a
gradativa autonomia pedaggica, administrativa e de gesto financeira das unidades escolares.
Esses princpios suscitaram meu interesse em aprofundar meus conhecimentos na temtica da
gesto escolar e promoveram a incluso de duas disciplinas chamadas Processos de Gesto
e Estgio Supervisionado em Gesto Escolar, na matriz curricular no curso de Pedagogia do
Centro Universitrio Univates, sob a minha responsabilidade poca.
Refletindo acerca do desenvolvimento de atitudes significativas e comprometidas,
diversas pesquisas tratam da necessidade de discusso e da reviso do papel da gesto escolar
em relao formao continuada de docentes. Os estudos e pesquisas em gesto escolar,
desenvolvidos por: Souza (2009) que trata sobre as relaes entre a poltica, o poder e a
democratizao na escola pblica; Barroso (2009) que apresenta o estudo acerca das relaes
entre as polticas de autonomia e a gesto escolar; Paro (2003, 2007 e 2010) que reflete acerca
das perspectivas da gesto das escolas pblicas e a estrutura administrativa e a participao na
escola; Camargo et al. (2006) que descrevem sobre a gesto e as polticas da educao, a
partir de discusses de concepes, impactos e formas de concretizao dessas gestes;
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Ferreira (2008) que trata acerca dos desafios e compromissos da gesto da educao e as
polticas de formao de profissionais da educao; Bittar e Oliveira (2006) que discutem as
polticas pblicas educacionais e a gesto da Educao Bsica; Vieira, Almeida e Alonso
(2003) que pretendem trazer novas ideias ao repensar as prticas escolares e o papel dos
gestores educacionais, mediados pelas tecnologias de informao e comunicao; Lck (2006,
2008, 2011 e 2014) que descreve seus estudos para a reflexo sobre as bases da gesto
escolar, relacionadas a prtica de liderana.
O estudo da temtica em educao ambiental surgiu ao participar de uma pesquisa que
abordava as prticas sobre a educao ambiental nas escolas municipais/famlias do municpio
de Lajeado/RS, no primeiro semestre de 2009. Nesse trabalho foi possvel acompanhar as
representaes construdas por gestores, docentes e discentes das escolas que desenvolviam
prticas voltadas para a temtica ambiental. Essa pesquisa provocou minha reflexo acerca de
aprofundar meus estudos na temtica ambiental. Por meio desse trabalho, a educao
ambiental passou a fazer parte de minhas reflexes.
Ao buscar subsdios acerca da temtica ambiental percebi que essas eram
preocupaes de diferentes instncias, tanto nacionais, quanto internacionais. As pesquisas em
educao ambiental, realizadas, por exemplo, por Sato e Carvalho (2005) destacam que a
educao ambiental pode ser uma preciosa oportunidade na construo de novas formas de
ser, pensar e conhecer. Barcelos (2005) provoca um debate sobre as possibilidades de
interveno nas questes ecolgicas, partindo do cotidiano vivido. Carvalho (2005, 2008 e
2010) discute os processos de subjetivao implicados na internalizao de um iderio
ecolgico e as razes da construo social da questo ambiental e suas implicaes no cenrio
contemporneo, visando compreender o campo de atuao do educador ambiental. Gadotti
(2000, 2001) destaca a necessidade de compreender melhor o papel da educao na
construo de um desenvolvimento humano com justia social e a ecopedagogia como um
movimento pedaggico com uma abordagem curricular mais ampla e transdisciplinar.
Em adio, cabe destacar as pesquisas de Gutirrez e Prado (2002) que alertam para a
necessidade de mudanas na percepo do papel que deve desempenhar o ser humano no
ecossistema planetrio. Rosa (2009) ainda destaca a necessidade da reflexo acerca da
formao docente e suas inter-relaes com a educao ambiental. Gonzlez-Gaudiano (2005)
discute sobre interdisciplinaridade, a educao ambiental, as relaes entre teoria e prtica e
entre educao e sociedade. Lacerda (2010) destaca acerca dos caminhos que podem
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favorecer transformaes para a religao dos seres humanos consigo mesmos, entre si e com
o nosso planeta. Loureiro (2010, 2011) analisa a interdependncia entre teoria social crtica e
a questo ambiental na sociedade contempornea. Tristo e Jacobi (2010) apresentam um
percurso histrico acerca do campo da educao ambiental e como se constituram as
pesquisas nessa temtica Por fim, Soffiati (2011) realiza uma anlise histrica para auxiliar a
compreenso da crise ambiental atual para uma tomada de postura dos ecoeducadores.
Esses estudos e pesquisas visam a promover a contribuio para as mudanas
necessrias nas relaes entre os seres humanos e o ambiente e para o desenvolvimento de
atitudes significativas, comprometidas com a realidade em que os estudantes da Educao
Bsica, esto inseridos. No entanto, essas contribuies precisam ser compreendidas e
discutidas no universo escolar, pelos docentes e pela gesto escolar, para que essas atitudes se
concretizem em habilidades desenvolvidas pelos estudantes.
Ao refletir sobre a gesto escolar e a educao ambiental, percebi que necessitava de
um maior aprofundamento acerca dessas reas. Ento, surge a oportunidade de participar da
seleo do Programa de Ps-Graduao em Ambiente e Desenvolvimento no Centro
Universitrio Univates, promovendo a oportunidade de continuar meus estudos nessas
temticas.
Portanto, este trabalho se prope a pesquisar acerca de como os diretores das escolas
estaduais, pertencentes a 3. Coordenadoria Regional de Educao (3. CRE RS),
localizadas no Vale do Taquari/RS, compreendem o papel da gesto escolar e a educao
ambiental nas escolas de Educao Bsica, de modo a indicar possveis elementos para a
ressignificar o papel da gesto escolar em relao reflexo acerca da educao ambiental.
O tema dessa tese Gesto Escolar e a Educao Ambiental. A delimitao desse
tema se apresenta em pesquisar a viso que os diretores das escolas estaduais, pertencentes a
3. Coordenadoria Regional de Educao (3. CRE RS/BRASIL) possuem acerca da gesto
escolar e da educao ambiental.
A questo problema norteadora dessa pesquisa como os diretores das escolas
estaduais pertencentes a 3. Coordenadoria Regional de Educao (3. CRE), localizadas no
Vale do Taquari/RS-BR, compreendem o papel da gesto escolar e da educao ambiental nas
escolas de Educao Bsica? O objetivo geral dessa pesquisa investigar como os diretores
das escolas estaduais, pertencentes a 3. Coordenadoria Regional de Educao (3. CRE
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RS), localizadas no Vale do Taquari/RS, compreendem o papel da gesto escolar e a educao
ambiental nas escolas de Educao Bsica, de modo a indicar possveis elementos para
ressignificar o papel da gesto escolar e da educao ambiental.
Os objetivos especficos esto descritos da seguinte forma:
a) Conhecer acerca da gesto escolar e da educao ambiental, visando organizao
de um referencial terico significativo para a reflexo sobre essas reas,
contemplando aspectos histricos, conceituais e da legislao educacional;
b) Identificar a compreenso que os diretores das escolas estaduais, pertencentes 3.
CRE RS tm sobre o papel da gesto escolar e da educao ambiental na escola
de Educao Bsica;
c) Reconhecer as percepes dos diretores das escolas estaduais, pertencentes 3.
CRE RS acerca da temtica da educao ambiental tangenciada gesto escolar;
d) Caracterizar os aspectos que so contemplados sobre a educao ambiental, na
Educao Bsica das escolas estaduais pertencentes 3. CRE RS, a partir das
aes desenvolvidas pelo setor de Educao Ambiental dessa Coordenadoria.
Essa pesquisa est organizada sob a forma de cinco captulos que visam focar os
aspectos da seguinte forma: o primeiro captulo que contempla a introduo, na qual so
abordados a trajetria pessoal, a motivao para desenvolver a pesquisa, a questo problema e
os objetivos da pesquisa.
O segundo captulo trata da reviso de literatura e apresentam os dois temas: gesto
escolar e educao ambiental. Na primeira parte desse captulo constam os aportes tericos
utilizados para refletir acerca da gesto educacional e escolar, partindo de elementos
histricos, da retomada da organizao, via legislao educacional brasileira e dos estudos
recentes na rea da gesto.
A segunda parte do captulo de reviso de literatura est dedicada Educao
Ambiental, sua trajetria como temtica de estudo no Brasil, a partir dos documentos oficiais.
Constam tambm nessa parte os estudos recentes realizados na rea da educao ambiental.
O terceiro captulo descreve o contexto da pesquisa por meio dos procedimentos
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metodolgicos adotados, desde a classificao da pesquisa at a explicao de como foi
realizada a anlise das informaes. No quarto captulo so descritas os resultados e
discusses possibilitados pela anlise dos dados coletados. Para encerrar essa pesquisa, mas
no necessariamente os estudos, constam as consideraes finais com os apontamentos e
indicaes de possveis concluses.
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2 REVISO DE LITERATURA
O referencial terico est organizado da seguinte forma: primeiramente so
apresentados os aspectos que compem a gesto escolar, no segundo momento so discutidas
as reflexes acerca da educao ambiental, enquanto histrico, legislao e concepes das
duas temticas. Constam, tambm, os quadros sinpticos com os estudos recentes nas duas
reas gesto escolar e educao ambiental.
2.1 Gesto Educacional e Escolar: Histrico, Legislao e Concepo
As discusses acerca de gesto escolar passam a entrar no cenrio educacional como
um termo adotado pela legislao educacional, a partir da promulgao da Constituio
Federal do Brasil de 1988 que traz esse termo junto com a ideia de gesto democrtica para o
ensino pblico e de autonomia administrativa. Essa ideia se repete, nos anos subsequentes,
por meio da promulgao da Constituio Estadual do Rio Grande do Sul de 1989 e da Lei de
Diretrizes e Bases da Educao Nacional n. 9.394 em 1996 que retoma a gesto democrtica
como a forma que passa a vigorar ao administrar as instituies de ensino.
No artigo 14 da LDBEN n 9.394/96 (BRASIL, 2016, p. 6), aparece a descrio de
como as instituies de ensino devem ser administradas
Os sistemas de ensino definiro as normas da gesto democrtica do ensino pblico
na Educao Bsica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
princpios: I participao dos profissionais da educao na elaborao do projeto
pedaggico da escola; II participao das comunidades escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes; [...].
A partir dessas proposies legais surgem diversas polticas pblicas para determinar
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21
como essa gesto democrtica deve acontecer, pois as instituies de ensino pblicas passam
a administrar as verbas enviadas pelos Governos, tanto Federal como Estadual. O artigo 15 da
LDBEN 9.394/96 descreve a forma como esse processo deve acontecer: os sistemas de
ensino asseguraro s unidades escolares pblicas de Educao Bsica que os integram
progressivos graus de autonomia pedaggica e administrativa e de gesto financeira, [...]
(BRASIL, 2016, p. 6). No entanto, essa proposta de gesto est mais vinculada s questes da
escola. Lck (2006, p. 25) apresenta uma separao entre gesto educacional e gesto escolar,
ou seja, quando se fala acerca da gesto educacional, faz-se referncia gesto em mbito
macro, a partir dos rgos superiores dos sistemas de ensino, e em mbito micro, a partir das
escolas.
Tomando como base essas legislaes Constituio Federal do Brasil/88,
Constituio Estadual do Rio Grande do Sul/89 e a LDBEN n 9.394/96 - possvel perceber
uma mudana significativa no papel da gesto escolar e dos sujeitos que compem essa gesto
direo, vice-direo, coordenao pedaggica ou superviso escolar e os demais membros.
Para Rodriguez (2004, p. 17), essas mudanas que ocorreram no sistema educacional
brasileiro surgiram para modernizar os sistemas de ensino adaptando-os s exigncias da
economia globalizada. Essas reformas visavam descentralizao como forma de
transferncia de responsabilidade, tanto da gesto como da execuo dos servios educativos
da Unio para os estados e municpios. Essas mudanas polticas estavam em discusso desde
a dcada de 80, priorizadas pela ideia de igualdade de acesso a educao.
Contudo, as reflexes acerca da temtica de administrao escolar so preocupaes
desde os anos 1940. De acordo com Junquilho et al. (2012, p. 330), os estudos pioneiros
sobre administrao escolar [...] tm origem com Leo (1945), Teixeira (1961, 1964) e
Loureno Filho (1968). Comum nesses autores o enfoque nos princpios da Abordagem
Clssica da Administrao [...], buscando transferir esses aspectos para a educao. Esses
pioneiros visavam utilizar a Abordagem Clssica da Administrao como bases cientficas
para orientar a prtica administrativa da organizao escolar, em conformidade com os
padres de eficincia e produtividade empresarial (JUNQUILHO et al., 2012, p. 330). A
partir dos anos 80, as discusses acerca da administrao escolar passam por processos de
questionamentos crticos que influenciaram os estudos posteriores.
Rodriguez (2004, p. 19) destaca, ainda, que essas aes ocorreram seguindo quatro
eixos: a) gesto, b) equidade e qualidade, c) capacitao dos professores e d) financiamento.
-
22
Destes quatro eixos, o destaque, nesse trabalho, est na gesto, que segundo a autora
supracitada deve abordar a descentralizao administrativa e pedaggica; fortalecimento das
capacidades gestoras; autonomia escolar e participao da comunidade; aperfeioamento dos
sistemas de informao e gesto; avaliao / mediao de resultados / rendio de contas. O
outro eixo que, est relacionado com meus estudos iniciais, porm no ser destaque nesse
trabalho, diz respeito a capacitao dos professores que deve considerar, conforme a autora,
qualificao profissional de professores em servio; remunerao por desempenho; polticas
de incentivos (RODRIGUES, 2004, p. 20).
Portanto, ao iniciar a discusso sobre gesto escolar necessrio apresentar alguns
conceitos que surgem nos estudos dessa rea. Nesse sentido, Paro (2010, p. 765) destaca que,
os termos administrao e gesto, so sinnimos, e que a administrao vista como sendo a
utilizao racional de recursos para a realizao de fins determinados. Dessa forma, o termo
administrao pode ser empregado para designar a administrao industrial, pblica, privada,
hospitalar, escolar, etc., como tambm, pode ser utilizado para indicar vrios setores, ou seja,
administrao de pessoal, de material, financeira, de atividades-meio, e assim por diante.
Paro (2010, 2007), Junquilho et al. (2012) e Thomaz e Schmitz (2013) discutem que a
administrao ou gesto escolar preocupao constante no meio acadmico e, tambm, nos
meios polticos e governamentais, cuja preocupao est voltada para a melhoria do
desempenho administrativo, visando restringir gastos e aproveitar racionalmente os recursos
disponveis. Na mdia e no senso comum, a administrao da escola tambm tem destaque,
considerando que o ensino importante e por isso que se deve realiz-lo da forma mais
racional e eficiente [...] (PARO, 2010, p. 765).
Retomando a discusso em relao diferena entre os termos de administrao e
gesto Lck (2013, p. 109) destaca-se que
Ao se adotar o conceito de gesto, assume-se uma mudana de concepo a respeito
da realidade e do modo de compreend-la e de nela atuar. [...] com a denominao
de gesto, o que se preconiza uma nova ptica de organizao e direo de
instituies, tendo em mente a sua transformao e de seus processos, mediante a
transformao de atuao, de pessoas e de instituies de forma ativa e recproca, a
partir de uma perspectiva aberta, democrtica e sistmica.
Essa mudana de concepo, destacada por Lck (2013), denota a necessidade de
reflexes com a comunidade escolar no que diz respeito ao trabalho da equipe diretiva,
principalmente na atuao do diretor escolar. Para tanto, Junquilho et al. (2012, p. 336)
-
23
destacam que esses profissionais devem receber uma formao capaz de dot-los de uma
viso macro da sociedade que aborde a integrao entre realidades poltica, social, econmica,
cultural, tecnolgica e ideolgica.
Em seus estudos, Paro (2010, 2007), Thomaz e Schmitz (2013), Passador e Salvetti
(2013) e Esquinsani et al. (2006) apresentam como ideias que se relacionam os conceitos de
administrao (ou gesto), numa concepo de poltica como convivncia entre sujeitos,
envolvidos numa relao de poder e a possibilidade do carter democrtico da educao.
Esses autores abordam subsdios tericos para a discusso sobre como se desenvolve a ao
administrativa do diretor da escola bsica, ou seja, busca discutir a natureza das atividades
do diretor escolar (PARO, 2010, p. 766). Nesse sentido, o papel do diretor na escola se
define por aes de cunho administrativo, que envolvem os aspectos de estrutura fsica e de
pessoal.
Quanto definio de diretor escolar, Lck (2006, 2010, 211), Paro (2010, 2007),
Thomaz e Schmitz (2013), Passador e Salvetti (2013) abordam como aquele que
responsvel pelo controle das pessoas e pela organizao e funcionamento da escola. Nesse
sentido, o autor trata da diferena entre administrador escolar e diretor, que muitas vezes se
confundem, pois o diretor tem sob sua responsabilidade a administrao escolar, porm em
algumas instituies existem pessoas diferentes para exercer as duas funes. No entanto, o
diretor escolar aquele que ocupa o cargo hierarquicamente mais elevado no interior de uma
unidade de ensino (PARO, 2010, p. 769), denominado oficialmente por regimentos, leis ou
estatutos.
Em consequncia disso, Paro (2010, p. 774) destaca que na escola o diretor visto
como chefe, sendo aquele que enfeixa em suas mos os instrumentos para mandar em
nome de quem detm o poder. Aqui surge o conceito de autoridade que est vinculada a uma
ideia de obedincia, sendo que na viso democrtica a autoridade passa a ter outro
significado. Os reflexos dessa forma de viso da autoridade esto na maneira como o diretor
escolar desempenha suas funes, sendo que a representao dessa viso afeta a concepo
adotada pela escola e pelo docente ao desenvolver sua prtica pedaggica, agindo, muitas
vezes, de forma autoritria com o conhecimento e com o aluno.
A funo do diretor escolar precisa acompanhar e compreender o carter especfico do
trabalho pedaggico, levando a viso democrtica para o processo pedaggico. Passador e
-
24
Salvatti (2013, p. 481) alertam que o diretor supostamente possui direito e autonomia [...],
mas, de fato, [...] acaba por exercer muito mais esta funo que a de gestor escolar, em suas
atribuies administrativas e pedaggicas. Nesse sentido, a funo do diretor escolar numa
gesto democrtica e participativa requer mudanas na viso tradicional de administrao
escolar, exigindo, portanto, dessa funo outras atribuies.
Para Lck (2006, p. 79), a mudana de paradigma passa pelo processo de
descentralizao, sendo a considerao e a participao, em acordo com os princpios
democrticos, daqueles que iro atuar [...] promove-se a autntica e genuna mobilizao dos
agentes de mudana como sujeitos [...]. Nesse sentido, preciso fazer com que os
participantes tenham conscincia da responsabilidade de suas aes.
2.1.1 Gesto Democrtica e Participativa e a Relao Dialgica
A gesto escolar est atrelada s polticas da educao voltadas a gesto democrtica e
participativa da educao e a qualidade do ensino no Brasil Meta 19 do Plano Nacional de
Educao/20142. A dimenso que trata da gesto democrtica da educao apresenta vrios
questionamentos na forma como essa est sendo desenvolvida. Nesse sentido, Cssio (2006,
p. 30-31) destaca que democratizar a gesto da educao numa perspectiva social [...] requer,
fundamentalmente, que a sociedade possa participar no processo de formulao e avaliao da
poltica de educao e na fiscalizao de sua execuo. Assim, a participao do cidado
enquanto sujeito atuante nos aspectos que abordam a educao est entrelaado prtica
administrativa e pedaggica desenvolvida nas escolas.
Para Mello e Cssio (2006, p. 43), a participao coletiva constitui-se em instrumento
bsico de uma gesto democrtica e pressupe a disposio para o debate, reflexo,
problematizao, estudo, aplicao, avaliao e reformulao em funo das prprias
mudanas sociais e polticas. Essa participao necessita do exerccio de um sujeito ativo,
aberto e disposto ao dilogo que, no coletivo possa expor suas opinies e ouvir s opinies
dos outros. Para Alves (2010, p. 31), a comunidade escolar deve ter cincia que, muitas vezes,
as decises tomadas por especialistas, gestores ou pelos que ocupam posies de chefia,
2 Meta 19: assegurar condies, no prazo de dois anos, para a efetivao da gesto democrtica da educao,
associada a critrios tcnicos de mrito e desempenho e consulta pblica comunidade escolar, no mbito das
escolas pblicas, prevendo recursos e apoio tcnico da Unio para tanto (Plano Nacional de Educao 2014-
2024, 2015, p. 83).
-
25
cujas aes repercutem sobre coletividades.
Considerando a necessidade do desenvolvimento da participao como processo de
construo de um coletivo mais justo e cidado, a gesto da educao tem um papel
importante nesse processo, sendo que as polticas de gesto descritas na Constituio Federal
do Brasil/1988 e na LDBEN n 9.394/1996, fazem referncias gesto escolar democrtica e
participativa (FERREIRA, 2008), responsvel pela mediao e construo coletiva do Projeto
Poltico e Pedaggico das escolas e a relao com a formao continuada dos profissionais da
educao. Esse documento da escola passa a ter uma funo de mobilizar a comunidade para
refletir acerca da realidade escolar e a busca de possibilidades de mudanas nessa realidade,
ou seja, a tenso entre repetio e inovao (OLIVEIRA et al., 2012, p. 41).
A gesto escolar deveria desempenhar, segundo Paro (2007, p. 50), a funo de
mediadora entre a administrao escolar e o pedaggico, desencadeando a possibilidade de
reflexo sobre esse pedaggico e da incluso dos pais/famlias e da comunidade escolar nessa
discusso. Paro (2007) descreve, ainda, sobre o papel educador da escola que se estende aos
pais/famlias dos estudantes que tambm so cidados e podem se beneficiar com essa ao
escolar, incentivando a dimenso da participao.
Cury (2012, p. 17) destaca que atualmente os cidados almejam conhecer os
processos de deciso por meio da transparncia dos atos [...] e exercer uma fiscalizao do
exerccio do poder, descrevendo um cidado ativo. Esse autor destaca, tambm, que a gesto
democrtica como um princpio da educao brasileira se torna uma das formas de capacitar
comunidade escolar para exercer sua cidadania, para participar da sociedade como
profissionais compromissados e no se ausentem de aes organizadas que questionam [...]
(CURY, 2012, p. 17).
Ao destacar a importncia de formar um cidado ativo, que questione e que atue na
realidade, se pressupe a convico de que a mudana possvel (FREIRE, 2010). Nesse
sentido, Freire (2010, p. 77, grifos do autor) tambm destaca que nos tornamos capazes de
intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes
do que simplesmente a de nos adaptar a ela. Para que isso acontea necessria uma
mudana na forma de desenvolver o trabalho da gesto escolar.
Freire (2010, 2000, 1995a, 1995b) destaca em suas reflexes que a relao dialgica
do ser humano um exerccio e, como tal, precisa ser realizada e promovida no coletivo.
-
26
Nesse aspecto, vale destacar a importncia do sujeito se abrir ao mundo a aos outros
inaugura com seu gesto a relao dialgica em que se confirma como inquietao e
curiosidade (FREIRE, 2010, p. 136).
Ao discutir acerca da gesto escolar muitas pesquisas e reflexes trazem subsdios que
contribuem para uma discusso mais aprofundada da rea. No prximo item so apresentados
os estudos recentes realizados na rea da gesto escolar que vem corroborar para esse
aprofundamento.
2.1.2 Estudos Recentes na rea da Gesto Escolar (2009-2014)
A gesto escolar, por ser uma temtica mais recente, passa a ser referncia a partir da
publicao da Constituio Federal do Brasil de 1988. No entanto apresenta um nmero
menor de publicaes. Nas pesquisas s bases de dados EBSCO, Portal de Peridicos da
CAPES, Scielo, Redalyc e Banca Nacional de Dissertaes e Teses, utilizando como
descritores gesto escolar e educao ambiental no foram encontradas trabalhos que
vinculassem essas duas temticas, sendo essa a probabilidade da possvel originalidade desse
trabalho de pesquisa. Assim, foram buscados separadamente os estudos na rea da gesto
escolar e da educao ambiental.
Ao buscar publicaes com a temtica em gesto escolar no perodo entre 2009 a 2014
foram encontrados 104 artigos, no entanto para esse trabalho foram escolhidos 31 artigos que
se aproximavam dessa pesquisa, utilizando como mtodo a bibliometria3. Os artigos foram
classificados conforme delineamento de pesquisa e eixos articuladores, observadas nos
trabalhos. O quadro sinptico apresenta essa classificao. Aps realizada a anlise dos
trabalhos e so avaliadas suas contribuies para essa pesquisa. Esses trabalhos foram
utilizados, novamente, na anlise e discusso dos dados coletados, como forma de
atualizao, busca e aprofundamento das reflexes, bem como corroborar os resultados
encontrados.
3 Segundo Muniz Jr., Maia e Viola (2011, p. 2) a bibliometria se refere a uma anlise quantitativa da
comunicao escrita, ou seja, consiste em anlises estatsticas dos padres que aparecem na publicao e
utilizao de documentos.
-
27
Quadro 1 - Quadro Sinptico dos artigos publicados entre 2009 e 2014 referentes a Gesto
Escolar
N Ano Revista Ttulo Portugus Autores Eixo Delineamento da
Pesquisa
1 2009 Educao e
Sociedade
A utilizao do
conhecimento em
poltica: o caso da
gesto escolar em
Portugal
Joo Barroso Polticas em
gesto
escolar
Qualitativa
2 2009 Educao em
Revista
Explorando e
construindo um
conceito de gesto
escolar democrtica
ngelo Ricardo
de Souza
Polticas em
gesto
escolar
Qualitativa
3 2009 Revista
Brasileira de
Poltica e
Administrao
da Educao
A gesto escolar no
contexto das recentes
reformas
educacionais
brasileiras
Marlia Fonseca
e Joo Ferreira
de Oliveira
Programas
em Gesto
escolar
Qualitativa
4 2009 Educao e
Sociedade
Estado e terceiro
setor: as novas
regulaes entre o
pblico e o privado
na gesto da
Educao Bsica
brasileira
Vera Maria
Vidal Peroni,
Regina Teresa
Cestari de
Oliveira, Maria
Dilnia
Espndola
Fernandes
Polticas em
gesto
escolar
Qualitativa
5 2009 Revista
Brasileira de
Poltica e
Administrao
da Educao
Escola de gestores:
poltica de formao
em gesto escolar
Alfredo Macedo
Gomes, Ana
Lcia Felix dos
Santos, Darci
Barbosa Lira de
Melo
Programas
em Gesto
Escolar
Qualitativa
6 2009 Revista
Brasileira de
Poltica e
Administrao
da Educao
Democratizao da
gesto e atuao do
diretor de escola
municipal
Marisa
Shneckenenberg
Polticas de
gesto
escolar
Qualitativa
7 2009 Revista
Amaznica
Gesto escolar e
qualidade no ensino:
uma relao
inseparvel
Angela Maria
Gonalves de
Oliveira
Gesto
escolar e
Qualidade
no Ensino
Qualitativa
8 2010 Educao e
Sociedade
Gesto escolar e o
trabalho dos
educadores: da
estreiteza das
polticas
complexidade do
trabalho humano
Wanderson
Ferreira Alves
Polticas em
Gesto
escolar
Qualitativa
9 2010 Revista
Brasileira de
Poltica e
Administrao
da Educao
Gesto dos sistemas
educacionais:
modelos e prticas
exercidas na Baixada
Fluminense
Dinair Leal da
Hora
Modelos de
gesto
Qualitativa
(Continua...)
-
28
N Ano Revista Ttulo Portugus Autores Eixo Delineamento da
Pesquisa
10 2010 Revista
Brasileira de
Poltica e
Administrao
da Educao
Anais dos eventos da
Anped e da ANPAE
(2000-2008) e o
estado da temtica
gesto, autonomia
escolar e rgos
colegiados
Donaldo Bello
de Souza
Gesto e
Autonomia
Escolar
Qualitativa
11 2010 Revista
Brasileira de
Poltica e
Administrao
da Educao
Gesto educacional e
reinveno da
democracia: questes
sobre regulao e
emancipao
Maria de Ftima
Cssio, lvaro
Moreira
Hyplito, Maria
Ceclia Lorea
Leite, Maria
Antonieta
DallIgna
Polticas em
Gesto
Escolar
Qualitativa
12 2010 Educao
Cultura e
Comunicao
Gesto e pedagogia
empreendedoras
urgem educador-
empreendedor
Marco Antonio
de Oliveira
Modelos de
Gesto
Escolar
Qualitativa
13 2010 Revista
Cientfica
Intr@cincia
A prtica social dos
gestores como fator
de sucesso na escola
Marco Aurlio
Guimares
Gonalves
Gesto
Democrtica
Qualitativa
14 2010 Revista
Brasileira de
Poltica e
Administrao
da Educao
Gesto, autonomia e
accountability na
escola pblica
portuguesa: breve
diacronia
Almerindo
Janela Afonso
Modelos de
Gesto
Escolar
Qualitativa
15 2010 Revista de
Educao
IDEAU
Uma viso diacrnica
da dade: escola e
gesto
Silvio Carlos
dos Santos,
Arlei Peripolli,
Marilu Palma de
Oliveira, Soraia
Napoleo
Freitas
Modelos de
Gesto
escolar
Qualitativa
16 2011 Revista Labor Gesto participativa:
um processo
contnuo?
Lydia Maria
Pinto Brito,
Josiana Liberato
Freire, Fernanda
Fernandes
Gurgel
Modelos de
Gesto
Escolar
Qualitativa
17 2011 Educao e
Sociedade
Gesto escolar em
instituies de ensino
mdio: entre a gesto
democrtica e a
gerencial
Antonio Neto e
Alda Maria
castro
Gesto
Democrtica
Qualitativa
18 2011 PUC POA
Tese
Gesto escolar: um
modelo para a
qualidade Brasil e
Coreia
Jos Paulo da
Rosa
Gesto
escolar e
Qualidade
de Ensino
Qualitativa
(Continuao)
(Continua...)
-
29
N Ano Revista Ttulo Portugus Autores Eixo Delineamento da
Pesquisa
19 2011 Cadernos de
Pesquisa
Estado da arte:
gesto, autonomia da
escola e rgos
colegiados
(2000/2008)
ngela Maria
Martins e
Vandr Gomes
da Silva
Gesto
Escolar e
Autonomia
Qualiquantitativa
20 2011 Revista
Brasileira de
Educao
Gesto e autonomia
escolar: um estudo
comparado Brasil/
Portugal
ngela Maria
Martins
Gesto
Escolar e
Autonomia
Qualitativa
21 2011 Simpsio
2011
ANPED
O conceito de redes
de interao social
aplicado gesto
escolar: uma leitura a
partir das
contribuies de
Norbert Elias
Rosilda Arruda
Ferreira
Modelos de
Gesto
Escolar
Qualitativa
22 2011 Dissertao
(Mestrado em
Educao)
Universidade
Estadual
Paulista,
Marlia
A re-configurao
das atribuies do
diretor escolar com a
instaurao do regime
da Gesto
democrtica da
escola.
Maraisa Priscila
Samuel da Silva
Gesto
Democrtica
Qualitativa
23 2011 Revista
Interdisciplina
r Aplicada
Blumenau
O papel da gesto
escolar nos processos
de ensinar e aprender
histria e geografia
nos anos iniciais
Ricardo
Guilherme e
Julianne Fischer
Papel do
gestor
escolar
Qualitativa
24 2012 XVI ENDIPE
- UNICAMP
Gesto escolar:
prticas nas escolas
da rede pblica
municipal de
Fortaleza-CE
Gabrielle Silva
Marinho e
Marcos Antonio
Martins Lima
Papel do
gestor
escolar
Qualiquantitativa
25 2012 PUC Gois
Dissertao
Gesto escolar e o
paradigma
multidimensional da
administrao da
educao
Cleberson
Pereira Arruda
Polticas em
Gesto
Escolar
Qualitativa
26 2012 Revista
Brasileira de
Educao
A natureza poltica da
gesto escolar e as
disputas pelo poder
na escola
ngelo Ricardo
de Souza
Polticas em
gesto
escolar
Qualitativa
27 2013 Simpsio
ANPAE
A formao do gestor
escolar em escolas
catlicas: estudo
sobre o perfil do
gestor e sua relao
com a qualidade da
educao.
Srgio Eduardo
Mariucci
Gesto
escolar e
Qualidade
no Ensino
Qualitativa
(Continuao)
(Continua...)
-
30
Fonte: Autora, 2016.
Para analisar o quadro sinptico 1 foi utilizada, como identificao dos artigos, a
numerao arbica de 1 a 31, possibilitando designar os trabalhos de forma mais adequada.
Esses trabalhos se encontram divididos por anos de publicao; revistas, eventos ou
instituies no qual esto publicados; ttulo em portugus; autores; eixo temtico e
delineamento da pesquisa.
Em relao ao ano de publicao os trabalhos esto assim organizados: 7 (22,5%)
publicados em 2009, 8 (25,8%) trabalhos em 2010, 8 (25,8%) trabalhos publicados em 2011,
3 (9,6%) trabalhos em 2012, 3 (9,6%) trabalhos em 2013 e 2 (6,4%) trabalho em 2014. Em
relao ao eixo temtico, os artigos foram classificados, pela autora da pesquisa, da seguinte
forma: Polticas em gesto escolar, Programas em gesto escolar, Gesto escolar e Qualidade
no ensino, Modelos de gesto escolar, Gesto escolar e Autonomia, Gesto Democrtica e
Papel do gestor escolar.
O eixo Polticas e gesto escolar trazem os estudos publicados nos trabalhos 1, 2, 4, 6,
N Ano Revista Ttulo Portugus Autores Eixo Delineamento da
Pesquisa
28 2013 Revista
Brasileira de
Poltica e
Administrao
da Educao
As mutaes na
oferta da educao
pblica no perodo
ps-Constituio
Federal e suas
implicaes na
consolidao da
gesto democrtica
Maria Vieira
Silva e Vera
Maria Peroni
Gesto
Democrtica
Qualitativa
29 2013 Revista Cocar.
Belm
Parcerias pblico-
privadas e gesto
escolar pblica
Terezinha
Ftima Andrade
Monteiro dos
Santos
Programas
em Gesto
escolar
Qualiquantitativa
30 2014 Revista
Portuguesa de
Educao
Tecnologias digitais
na gesto escolar:
Prticas, proficincia
e necessidades de
formao dos
diretores escolares
em Portugal
Joo Piedade e
Neuza Pedro
Programas
em gesto
escolar
Qualitativa
31 2014 Educacin Sobre o essencial e
o insubstituvel na
gesto escolar:
perspectivas e
abordagens possveis
em contextos
institucionais atuais.
Rosrio, Argentina
2004 2014
Jos A. Tranier Polticas em
Gesto
escolar
Qualitativa
(Concluso)
-
31
8, 11, 25, 26, 31 (29%) que abordam reflexes acerca de aspectos que discutem as polticas
educacionais, tanto no Brasil como no exterior.
O artigo 1 apresenta um estudo por meio de projeto de investigao acerca das
polticas de autonomia e gesto escolar em Portugal, no perodo de 1986 a 2009. Foi possvel
perceber que as mudanas educacionais em Portugal se assemelham com as brasileiras no que
diz respeito aos processos de ao pblica que, conforme Barroso (2009, p. 997) no um
processo linear e envolve vrios atores e racionalidades, antes e depois da deciso poltica.
O autor destacou tambm que a relao entre conhecimento e poltica podem desencadear a
construo de problemas ou definir solues. Como soluo, o autor constatou a estratgia de
reforo na autonomia das escolas e, essa soluo, tambm surgiu no Brasil como consta nas
legislaes CF/88 e LDBEN 9.394/96.
No trabalho 2 de Souza (2009, p. 124), o objetivo foi o de destacar os componentes
referentes a gesto escolar que lhe caracterizam como fenmeno fundamentalmente poltico
e [...] como palco para os processos de disputa e de dominao. Entre os aspectos trazidos
pelo autor, dois ficaram mais evidentes. O primeiro trata da necessidade de buscar a
teorizao mais aprofundada acerca da gesto democrtica e o segundo aspecto possibilitou a
identificao de elementos para a construo de um conceito de gesto escolar democrtica.
O trabalho 4 de Peroni, Oliveira e Fernandes (2009, p. 761) analisa as conexes entre
o pblico e o privado, no contexto particular do capitalismo de redefinies no papel do
Estado, [...]. Esse trabalho busca, tambm, aprofundar as discusso acerca da reforma do
Estado brasileiro em relao s polticas da administrao pblica.
Peroni, Oliveira e Fernandes (2009, p. 774/775) trazem como consideraes finais que
o Estado o culpado pela crise, a lgica de mercado que passou a ser sinnimo de
qualidade [...] que a gesto democrtica de educao processo ainda em construo [...],
precisa voltar ao centro do debate educacional. Dessa forma, esse trabalho traz uma reflexo
acerca da forma como a educao absorve as polticas educacionais, aparentemente, sem
debate ou discusso.
O trabalho 6, de autoria de Schneckenenberg (2009, p. 115) tem como objetivo
discutir a atuao do diretor de escola pblica luz de sua indicao poltica para o cargo e a
democratizao da gesto escolar. Esse trabalho relata a pesquisa realizada com escolas
municipais/famlias de um municpio do estado do Paran. As informaes coletadas
-
32
revelaram que a indicao poltica inibe a autonomia na escola, porm o artigo conclui que o
diferencial na atuao do diretor de escola encontra-se mais na sua prtica cotidiana em
escolas que adotam procedimentos democrticos e esto comprometidas com a implantao
de seu projeto pedaggico (SCHNECKENBERG, p. 115).
No trabalho 8, Alves (2010, p. 17) relata que o objetivo efetuar a crtica de alguns
iderios que cercam as noes de gerir e de trabalhar, bem como evidenciar a amplitude e a
complexidade dos aspectos que envolvem o trabalho humano. Esse artigo trata de um estudo
terico no campo da sociologia e psicologia do trabalho, envolvendo, tambm a ergonomia.
O destaque para o trabalho de Alves (2010) est nas articulaes apresentadas entre as
polticas educacionais vigentes e o iderio do mundo do trabalho, influenciando na
compreenso de gesto e trabalho humano, nesse caso, na educao. Como uma das
concluses abordadas pelo artigo de Alves (2010, p. 17) destaca-se que a racionalidade
redutora das complexidades presentes nas situaes de trabalho comumente se apresenta nas
aes de gesto, comprometendo a finalidade social das instituies e repercutindo sobre os
trabalhadores [...].
O trabalho 11, de autoria de Cssio, Hypolito, Leite e DallIgna (2010, p. 325) tem
como objetivo refletir sobre as relaes de poder que permeiam as decises no campo
educacional no sentido de ampliar a compreenso do conceito das prticas de gesto
democrtica. Esse artigo busca uma crtica, pautada nos estudos de Boaventura Santos e de
Laclau e Mouffe, realando possibilidades atravs da racionalidade no hegemnica, por meio
do relato da pesquisa realizada em escolas municipais/famlias de uma cidade localizada ao
sul do estado Rio Grande do Sul.
Cssio, Hypolito, Leite e DallIgna (2010, p. 339) concluram que no h uma forma
de gesto mais adequada ou melhor, mas experimentaes sociais baseadas na democracia,
que no se constituem em modelos a serem seguidos, mas em incentivo para a produo e
expanso de novas experimentaes.
O trabalho 25 traz a dissertao de mestrado de Arruda (2012, p. 9) apresentou como
objetivo elucidar reflexes a respeito da administrao escolar, assim como analisar o
paradigma multidimensional ensaiado e defendido por Sander (2007), desenvolvida na rede
municipal de educao de Goinia-GO. O trabalho descreve as multidimenses com: a
relevncia cultural, a efetividade poltica, a eficcia pedaggica e a eficincia econmica.
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Arruda (2012, p. 9) concluiu que possvel uma gesto escolar se pautar nas multidimenses
(cultural, poltica, pedaggica e econmica), mas deve partir da constituio do Projeto
Poltico Pedaggico.
No trabalho 26, de autoria de Souza (2012, p. 240) o objetivo do estudo discutir
conceitualmente a gesto escolar [...], contribuindo com o debate terico desse campo. Esse
trabalho destaca que a gesto escolar encontra-se imbuda da face poltica e da complexidade
de seus processos. Arruda (2012, p. 240) conclui que a presena de objetivos e processos
institucionais claros e racionais na organizao e gesto escolar [...] no escondem a natureza
poltica da gesto escolar, pois a ao dos sujeitos neste campo marcada pela disputa de
poder.
O trabalho 31 de Tranier (2014, p. 8) busca investigar a relao existente entre as
novas lgicas polticas e sociais que tiveram lugar no inicio do sculo XXI na Argentina e
suas formas de retraduo em prticas educacionais concretas [...]. Para tanto, esse autor
buscou desenvolver sua pesquisa em relatos de experincias e de observaes de diversos
atores do universo da prtica educacional. Tranier (2014, p. 8) destaca a necessidade de tentar
reconstruir a estrutura de significados inerentes a uma determinada viso do mundo
educativo desdobrado em processos de fortes mudanas sociais ao longo da histria recente,
pode vis a auxiliar os estudos dessa rea.
No eixo Programas em gesto escolar foram agregados os trabalhos 3, 5, 29 e 30
(12,9%) que trazem as discusses acerca de alguns programas brasileiros de gesto escolar e
as prticas de gestores portugueses no uso de tecnologias digitais. O trabalho 3 traz como
objetivo refletir sobre o impacto do Pr-Qualidade e do Fundescola na gesto e organizao
do trabalho escolar (FONSECA; OLIVEIRA, 2009, p. 234).
Esse trabalho descreve a reforma do Estado e da gesto educacional brasileira, por
meio das polticas publicas, destacando a viso de cooperao internacional, descentralizao
e eficincia administrativa. Fonseca e Oliveira (2009) destacaram a importncia da
participao da comunidade escolar na preparao e implantao dos programas, anunciados
como alternativas inovadoras. Os autores destacaram, tambm, a necessidade de desenvolver,
nos profissionais da educao um posicionamento ativo, reflexivo e crtico, cuja funo a de
desencadear as mudanas com comprometimento.
O trabalho 5, de Gomes, Santos e Melo (2009) discorre acerca do programa nacional
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Escola de Gestores da Educao Bsica, em relao ao seu papel no processo de formao de
gestores de escolas pblicas, proposto e coordenado pelo MEC em colaborao com estados e
municpios. O objetivo do trabalho foi analisar o Programa Nacional Escola de Gestores da
Educao Bsica, em particular o curso de especializao em gesto escolar [...] como poltica
de formao de gestores escolares (GOMES; SANTOS; MELO, 2009, p. 278).
Os autores destacam que a preocupao da SEB/MEC com esse programa
consolidar, nas prticas de gesto escolar, o principio da gesto democrtica da escola e a
concepo de educao como direito e de qualidade social (GOMES; SANTOS; MELO,
2009, p. 278). Esse programa foi desenvolvido devido a colaborao entre os estados,
municpios e acolhido pelas universidades federais. No entanto, os autores destacam que o
foco mos est vinculado a formao discursiva e que, nesse aspecto, h diversos elementos
que demonstram que a formao discursiva se contrape formao neotaylorista de gesto
escolar, cujas caractersticas so o gerenciamento e o produtivismo na escola (GOMES;
SANTOS; MELO, 2009, p. 279).
O trabalho 29, de autoria de Santos (2013, p. 66) tem como objetivo analisar a gesto
das escolas pblicas paraenses que firmaram parceria pblico-privada com o Instituto Ayrton
Senna. A autora destaca como resultado da pesquisa, por meio da utilizao de observao
no participante e entrevistas semiestruturadas, que as parcerias firmadas, na educao do
Par, no vem demonstrando ganhos em termos de democratizao das relaes de poder,
nem ampliao dos direitos de cidadania [...] reforando o individualismo e a competio
[...] (SANTOS, 2013, p. 71).
No eixo programas em gesto escolar, o trabalho 30 descreve uma investigao, de
carter descritivo, realizada em Portugal, de autoria de Piedade e Pedro (2014, p. 109) que
traz o objetivo de analisar o ndice de utilizao das tecnologias digitais (TD) nas prticas de
gesto escolar e o sentido de autoeficcia na utilizao das mesmas, apresentados pelos
diretores escolares. Esta pesquisa demonstra a preocupao com o processo de integrao
das tecnologias nas prticas profissionais das escolas, visando conhecer o nvel de
proficincia e utilizao das TD nas prticas dos diretores de escolas, buscando sinalizar
quanto a necessidade de formao nessa temtica.
Esse trabalho destaca que ocorreu uma parceria entre o Ministrio da Educao de
Portugal e a Microsoft Portugal, por meio do projeto Lderes Inovadores, que passou a
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integrar o programa de formao com um total de 150 horas, em que participam diversos
especialistas, estruturado em diversas reas do saber. Esse programa estava desenvolvendo a
4 edio e apresenta como objetivo promover o desenvolvimento de competncias de
liderana e gesto inovadoras (PIEDADE; PEDRO, 2014, p. 115) com os diretores escolares.
Os autores destacaram como concluses que os diretores escolares nacionais
apresentam um grau de proficincia e um ndice de utilizao das TD favorvel [...], contudo
a utilizao de forma de comunicao com recurso s novas tecnologias, como forma de
contato entre os vrios agentes educativos (pais/famlias, professores, alunos e rgo de
gesto), apresenta score reduzido (PIEDADE; PEDRO, 2014, p. 126), indicando a
necessidade de formao especfica.
No eixo gesto escolar e qualidade no ensino destacam-se 3 trabalhos: 7, 18 e 27
(9,6%). O trabalho 7 apresenta como objetivo analisar a relao existente entre o modelo de
gesto e a qualidade na educao (OLIVEIRA, 2009, p. 146) em uma determinada escola,
com o intuito de entender o contexto da gesto escolar. Essa autora destaca que preciso
ultrapassar a ideia de que qualidade na educao est ligada apenas aos resultados oficiais do
IDEB, ENEM e SAEB, mas deve preparar o educando para fazer-se sujeito de sua histria
(OLIVEIRA, 2009, p. 157).
O trabalho 18 traz a pesquisa desenvolvida por Rosa (2011), em sua tese, que
apresenta como objetivo identificar qual o sistema de gesto escolar de instituies que
obtm bons resultados na aprendizagem dos alunos (ROSA, 2011, p. 5). O autor traa um
comparativo entre escolas da Coreia e do estado do Rio Grande do Sul, que apresentaram as
melhores notas no IDEB e ENEM. Conforme o autor, a pesquisa revela a forma como essas
escolas fazem a gesto escolar e identifica que no existe um modelo caracterstico nas oito
escolas, nem mesmo entre as quatro coreanas, ou entre as quatro brasileiras (ROSA, 2011, p.
5).
Essa pesquisa trouxe como aspectos a serem considerados que a qualidade, no caso
do Brasil, decorre de prticas administrativas e pedaggicas isoladas; a qualidade, no caso da
Coreia, se encontra no sistema de gesto educacional do pas (ROSA, 2011, p. 251).
Segundo o autor, as escolas pesquisadas, tanto na Coreia como no Brasil, no adotam um
modelo de excelncia em gesto escolar.
O trabalho 27, de autoria de Mariucci (2013, p. 1), tem como objetivo ampliar a
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reflexo sobre a relao entre a gesto escolar e a qualidade da educao [...], em escolas
privadas confessionais. Este autor destaca que a relao entre o processo de formao dos
gestores e a qualidade da educao precisa ser mais aprofundada, pois conforme os dados
coletados o diretor de uma escola deve, [...], ser um bom professor, entender de sala de aula
conhecer as lidas da docncia e estar familiarizado com os valores que se pretende promover
na escola (MARIUCCI, 2013, p. 14).
Quanto ao eixo Modelos de gesto foram destacados 6 trabalhos: 9, 12, 14, 15, 16 e o
21 (19,3%). O trabalho 9 apresenta como objetivo analisar diferentes modelos de gesto de
quatro municpios [...], por meio da abordagem do ciclo de polticas (HORA, 2010, p. 565).
A autora traz reflexes acerca de subsidiar os responsveis pela implantao das polticas
pblicas educacionais com relao a compreenso e promoo de modelos de gesto
educacional mais coletivos, com vistas a tornar a escola verdadeiramente pblica, de
qualidade e com relevncia social e poltica (HORA, 2010, p. 565).
A pesquisa de Hora (2010, p. 578) constatou que as relaes de poder ainda so
verticais e as estruturas lineares e segmentadas, conforme os dados coletados nas escolas.
Quanto aos modelos de gesto adotados pelos municpios investigados, a pesquisa concluiu
que predomina as prticas orientadas pela teoria clssica-burocrtica, em que h uma
determinao detalhada de funes e tarefas [...] em que o poder est centralizado no gestor
em posio hierrquica mais elevada [...] (HORA, 2010, p. 578).
O trabalho 12, de autoria de Oliveira (2010) traz uma proposta diferenciada em relao
a educao como um todo, pois o artigo pretende promover uma reflexo sobre a gesto e a
pedagogia empreendedoras, propondo subsdios para a formao continuada dos educadores.
Este trabalho discute o empreendedorismo como uma forma de transformao educacional,
por meio da implantao da gesto empreendedora por meio da pedagogia empreendedora,
com nfase nos gestores e coordenadores (OLIVEIRA, 2010, p. 56).
O trabalho de Oliveira (2010) apresenta consideraes que visam a implantao da
pedagogia empreendedora na formao docente, por meio de um gestor empreendedor, cujo
foco est na sensibilizao dos pais/famlias e da comunidade, atravs de suas lideranas e
representaes de todos os seus segmentos. A discusso aborda a necessidade de se discutir o
empreendedorismo como forma de trabalhar com a valorizao da docncia.
O trabalho14 busca apresentar a evoluo dos modelos de direo e gesto que se
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foram sucedendo, nas ultimas dcadas, no que diz respeito s escolas pblicas de Portugal
(AFONSO, 2010, p. 13). O autor descreve como se configura o sistema de ensino portugus
nas escolas pblicas estatais, com nfase na estrutura da direo e de gesto.
O trabalho destaca, tambm, a reflexo e o aprofundamentos em relao a temtica em
direo e gesto em Portugal, em relao s tenses e controvrsias acerca da autonomia das
escolas, tendo acabado por naturalizar-se e ser transversal aos discursos, o que a torna, nessa
medida, parte de um certo senso comum (AFONSO, 2010, p. 14). O autor conclui,
provisoriamente, o artigo traando que a preocupao com o conjunto articulado de relaes
entre avaliao, prestao de contas e responsabilizao, est em desenvolvimento em
Portugal (AFONSO, 2010, p. 27) e que essa viso est ligada aos discursos da administrao
pblica e da vida social.
O artigo 15, de autoria de Santos, Peripolli, Oliveira e Freitas (2010, p. 2) objetiva
promover uma reflexo voltada ao tempo/espao de aprendncia, (re)significando o conceito
de gesto escolar. O trabalho se baseou numa pesquisa bibliogrfica e descritiva, discorrendo
acerca da evoluo histrica da escola, como espao/tempo.
Este artigo constata que considerando as incertezas e mudanas que esto ocorrendo
na educao a equipe da gesto precisa (re) significar suas aes e prticas. Santos, Peripolli,
Oliveira e Freitas (2010, p. 15) destaca que a equipe gestora carece acolher a diversidade e
abrir-se s condies de incerteza que caracterizam todo o desenvolvimento do indivduo
[...]. Por esse motivo a equipe gestora necessita de um perfil com caractersticas capazes de
atender a diversidade no contexto que atua (SANTOS; PERIPOLLI; OLIVEIRA;
FREITAS, 2010, p. 15).
O trabalho 16, de autoria de Brito, Freire e Gurgel (2011, p. 99) tem como objetivo
analisar o grau de participao dos servidores docentes e tcnicos administrativos na gesto
escolar de um Instituto Federal de Educao IFE. A pesquisa descreve um estudo de caso,
com a aplicao de questionrio, como coleta de dados.
O resultado dessa pesquisa apontou que a participao dos docentes e dos tcnicos
administrativos ocorre em graus diferentes. Segundo Brito, Freire e Gurgel (2010), a
participao os docentes se torna mais efetiva na dimenso planejamento e na dimenso
execuo. Outro aspecto que os autores apontam que a concepo de gesto
institucionalmente adotada, tem a necessidade de avanar cada vez mais na direo de
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consolidar uma participao crtica e consciente de toda a comunidade acadmica (BRITO;
FREIRE; GURGEL, 2011, p. 113).
O artigo 21 pretende constituir uma reflexo terica sobre as possibilidades de
construo de uma gesto de escolas publicas a partis da configurao de redes de interao
social colaborativas (FERREIRA, 2011, p. 1). Este trabalho est pautado nas reflexes de
Norbert Elias acerca da relao indivduo e sociedade.
A autora constatou que existe um distanciamento entre o que se prope de discursos
acadmicos e poltico sobre gesto democrtica e participativa e a realidade social das
escolas. As contribuies dos estudos de Norbert Elias, segundo Ferreira (2011, p. 10) trazem
um conceito de rede de interao social, em que o processo civilizador se configura por meio
da internalizao das regras sociais e do autocontrole frente ao controle externo e que esse
processo necessita de novos contornos civilizatrios.
O eixo Gesto escolar e autonomia traz os estudos propostos nos trabalhos 10, 19 e 20
(9,6%). O trabalho 10 traa uma anlise dos trabalhos publicados em anais de eventos da
ANPED e da ANPAE de 2000 a 2008, tendo como objetivo examinar os trabalhos
publicados [...] sobre processos de gesto, autonomia e rgos colegiados [...] (SOUZA,
2010, p. 441). Esse artigo resulta da pesquisa sobre o estado da arte dessas temticas, por
meio da anlise do perfil geral das produes publicas.
O autor constatou que foi possvel visualizar que os trabalhos publicados acerca do
processo de gesto, de construo de autonomia escolar e de funcionamento dos seus rgos
colegiados (SOUZA, 2010, p. 455) esto relacionados funo da qualidade e da
descentralizao da gesto, resultando na participao da comunidade interna e externa
escola.
O trabalho 19, de autoria de Martins e Silva (2011), tambm trata das temticas:
gesto, autonomia e rgos colegiados, sob forma de sistematizao da produo cientifica,
como estado da arte em banco de teses da CAPES, entre 2000 e 2008. O objetivo desse
trabalho identificar os desenhos metodolgicos e os referenciais tericos adotados por
estudiosos de polticas educacionais [...] (MARTINS; SILVA, 2011, p. 228).
Essa pesquisa classificou as fontes documentais em quatro categorias centrais: espaos
e canais de participao intraescolar; relaes e prticas intraescolares; polticas, programas e
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projetos governamentais e no governamentais e teorias e conceitos. A pesquisa de Martins e
Silva (2011, p. 242-243) considerou com esse estudo que a gesto da escola costuma ser
tratada como reflexo do contexto poltico, econmico e cultural mais amplo [...] e o uso do
termo gesto democrtica aparece em partes dos estudos, de forma vaga e difusa. Essa
pesquisa buscou contribuir para o debate e o aprofundamento em outras pesquisas das
temticas: gesto, autonomia e rgos colegiados.
O estudo 20 aborda a gesto e autonomia escolar num comparativo entre Portugal e
Brasil de autoria da Martins (2011) e trata das aproximaes herdadas da cultura burocrtica
e administrativa nas regies ocupadas por portugueses no Brasil. O trabalho traz, tambm,
algumas contribuies de estudos comparados para a anlise de polticas educacionais e o
esboo legal e normativo em Portugal e no Brasil.
Para compreender diferentes nveis de uma mesma organizao esse estudo contou,
tambm, a entrevista como coleta de informaes com dirigentes de escolas acerca da gesto e
autonomia, tanto em Portugal como no Brasil. Martins (2011, p. 92) apresentou como
consideraes finais que os dilemas e tenses [...] nos espaos escolares entre direo,
professores e alunos, que envolvem conflitos, consensos, colaboraes, parcerias e
dissimulaes so semelhantes em ambos os pases. E que os mecanismos de gesto e de
autonomia nos dois pases esto submetidos ao conjunto legal e normativo que impe
excessivas regras e determina nveis e modalidades de funcionamento, [...] participao
organizada e imposta (MARTINS, 2011, p. 96).
O eixo Gesto democrtica promove os estudos trazidos pelos trabalhos 13, 17, 22 e
28 (12,9%). O trabalho 13, publicado por Gonalves (2010, p. 72) analisou a prtica dos
gestores de cinco escolas pblicas de Santos/SP [...] objetivando demonstrar que esses
gestores so atores sociais engajados e desempenham um papel crucial na consecuo do
sucesso da escola [...].
Essa pesquisa se caracteriza como um estudo comparativo entre escolas da cidade de
Santos. O artigo discorre acerca da administrao na sociedade capitalista e apresenta como
consideraes a capacidade e a condio de sensibilizar os diversos atores em relao
necessidade de transformaes de suas prticas [...] preciso que o diretor de escola se
transforme no gestor escolar, consciente de seu papel mobilizador de esforos e recursos [...]
(GONALVES, 2010, p. 82). E que tanto a autonomia como a participao podem ser
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aprendidas, sendo a escola o lugar para desenvolver esse processo.
O trabalho 17, de autoria de Neto e Castro (2011, p. 745), busca com base nos
resultados de sua pesquisa efetuada em escolas pblicas estaduais, no estado do Rio Grande
do Norte, descrever como a gesto escolar se organiza, considerando o projeto poltico e
pedaggico e os conselhos escolares.
Esse trabalho trouxe como consideraes que as escolas pesquisadas so desafiadas a
trabalhar com dois mecanismos de gesto o projeto poltico-pedaggico concebido no
mbito da escola [...] e o Plano de Desenvolvimento da escola concebido com base em
regras e orientaes elaboradas por agentes externos a escola (NETO; CASTRO, 2011, p.
766). E que todos os profissionais entrevistados consideram o mecanismo da gesto
democrtica o mais adequado para gerir o espao pblico [...] teoricamente, [...] no h
argumentao contrria necessidade da gesto democrtica [...] (NETO; CASTRO, 2011,
p. 767).
O trabalho 22, de autoria de Silva (2011, p. 6) buscou compreender se a mudana de
paradigma sobre a administrao escolar e a implementao da gesto democrtica como
princpio legal mudaram as funes a serem desempenhadas pelo diretor de escola. Esse
trabalho o resultado da pesquisa bibliogrfica e documental das legislaes acerca da gesto
escolar.
Silva (2011) props, tambm, analisar as funes do diretor da escola publica e suas
implicaes na organizao do ambiente escolar. Como consideraes finais, se pode destacar
que mesmo com a insero do principio da gesto democrtica na legislao o poder de
deciso ainda se encontra na pessoa do diretor, pois suas atribuies enfatizam as questes
administrativas e burocrticas, em detrimento das pedaggicas.
O trabalho 28 apresenta como proposta de pesquisa buscar uma conexo entre o
presente e o passado, para desenvolvermos balanos analticos das conquistas alcanadas no
campo da educao [...] (SILVA; PERONI, 2013, p. 244). Essa pesquisa traou aspectos que
tem contribudo para potencializar as articulaes entre entidades pblicas e privadas no
perodo ps a promulgao da Constituio federal de 1988.
O trabalho apresenta uma descrio histrica do perodo em que foi promulgada a
Constituio Federal e suas consequncias para as polticas educacionais. Diferentes
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processos foram desenvolvidos para a incorporao e modificao do papel do estado em
relao a educao. Silva e Peroni (2013, p. 258) consideram incorporao da gesto
democrtica como um princpio constitucional e at no novo PNE, [...] foras por projetos
societrios, de educao e de gesto permanecem.
O eixo Papel do gestor escolar compe os estudos apresentados nos trabalhos 23 e 24
(6,4%). O trabalho 23 tem como objetivo analisar o papel da gesto escolar na rede
municipal de ensino de Blumenau em relao s questes que viabilizem o acesso aos
Cadernos Temticos pelas docentes atuantes nos segundo e terceiros anos dos anos iniciais
(GUILHERME; FISCHER, 2011, p. 49).
Esse trabalho apresenta os dados coletados por meio de entrevistas individuais com
docentes acerca da utilizao dos Cadernos Pedaggicos. Os dizeres dos docentes, segundo
Guilherme e Fischer (2011, p. 49) apontam inquietaes [...] sobre os fatores da gesto
escolar [...] que dificultaram ou impossibilitaram [...] vrios docentes no acessassem o
material enviado. Os autores constataram, tambm, que necessrio que o grupo gestor
para que uma proposta pedaggica seja implementada na escola, assuma-a como uma
proposta de equipe ou como uma proposta do coletivo da unidade (GULHERME; FISCHER,
2011, p. 59).
O trabalho 24, de autoria de Marinho e Lima (2012, p. 24) tem como objetivo geral
conhecer alguns dos principais traos ou estruturas da gesto predominantes nas escolas
municipais/famlias pblicas de Fortaleza-CE. Esse trabalho apresenta uma discusso quanto
a estrutura, sistema e gesto, considerando aspectos tericos. A pesquisa utilizou para a coleta
dos dados um formulrio aplicado por pesquisadores nas escolas, com representaes de
alunos, tcnicos, professores e gestores.
Como consideraes finais, Marinho e Lima (2012, p. 33) destac