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ASSOREAMENTO : ESTUDO DE CASO
INTRODUÇÃO
Torna-se oportuno elencar diversos fatores que determinaram o estudo do
tema proposto.
Procurou-se analisar o que é assoreamento, quais as causas e
conseqüências do mesmo. Buscando, para tanto, amparo junto a dados fornecido
por diversos autores e estudiosos da área. O fenômeno ocorre associado à
deposição sedimentar e implica na desestabilização do sistema aqüífero onde tal
acontece. Características desses materiais, bem como a localização e o entorno
determinarão quais as seqüelas advindas do assoreamento. 1.
A presente monografia buscou ponderar os impactos decorrentes do
assoreamento no córrego Tucunduva, localizado no município de Poá, Estado de
São Paulo. Bem como estender a reflexão em direção às questões de cunho
ambiental e ecológico. A análise das implicações no meio ambiente causada pelo
assoreamento e a avaliação dos efeitos econômico-financeiros, determina o grau de
obrigação em se preservar e recuperar essa localidade.2
Apesar da existência de opções para remoção dos bancos de
assoreamento, a prevenção e a adoção de medidas para minimizar a ocorrência,
como educação ambiental e a realização de projetos de planejamento urbano são
1 CARVALHO N.O. (1994). Hidrossedimentologia prática. Rio de Janeiro, CPRM.2 SANTOS, Harlen I; MIGUEL, Ronaldo. CARACTERIZAÇÃO DO ASSOREAMENTO DO CÓRREGOCAPOEIRA, MUNICÍPIO DE SENADOR CANEDO-GO. Disponível em: http://www.ucg.br/ucg/prope/cpgss/ArquivosUpload/36/file/Continua/CARACTERIZA%C3%87%C3%83O%20DO%20ASSOREAMENTO%20DO%20C%C3%93RREGO%20CAPOEIRA,%20MUNIC%C3%8D%E2%80%A6.pdf
alternativas sempre melhores. Seja pelo alto custo implícito ou pela perenidade que
tais medidas proporcionariam.3
Uma visão mais abrangente, percebendo que existe uma dinâmica
inerente à cada sistema ambiental, proporcionará diferentes reflexões sobre
soluções a serem adotadas. Assim como um olhar mais crítico diante de projetos
que não contemplem essa perspectiva. 4
3 Site: Ambiente Brasil. Portal (Disponível em: http://www.ambientebrasil.com.br/)4 MOREIRA, I.V.D. (1990). Avaliação de impacto ambiental: instrumentos de gestão.Cadernos FUNDAP, SP, 9
REFERNCIAL TEÓRICO
O processo de urbanização das cidades brasileiras ocorre de forma
diferente daquele ocorrido nos países do primeiro mundo. Os países desenvolvidos,
que passaram pela Revolução Industrial, tiveram seu processo de urbanização
ocorrendo entre cem e duzentos anos. No Brasil, o processo durou cerca de
cinqüenta anos, ocorrendo concomitantemente com seu processo de
industrialização, e não como conseqüência dele, como no caso dos países
desenvolvidos 5.
A urbanização vem, em nível mundial, aumentando gradativamente. Em
1800, havia no mundo apenas 20 cidades com mais de 100 mil habitantes e
nenhuma delas atingia 1 milhão de habitantes, sendo que apenas 1,7% da
população mundial era urbana 6. O espalhamento urbano pode ocorrer como
conseqüência de dois processos: baixas densidades em zonas residenciais
resultantes de grandes lotes individuais; e descontinuidade na ocupação do solo
urbano, onde parcelas (lotes) ficam, a princípio, sem uso, sendo utilizadas mais
tarde, quando zonas mais distantes forem ocupadas. No Brasil, o espalhamento se
deve basicamente ao segundo processo, ou seja, a formação de grandes vazios
urbanos 7.
Devido a isso, grandes cidades precisam de córregos e reservatórios para
abastecer toda a população. Na atualidade, um grande volume de reservatórios e
5 RAIA JÚNIOR, Archimedes A. & SILVA, Antônio Nélson Rodrigues da (1998). Um Método Expedito para Verificação da Consistência de Redes para Uso em um SIG-T. In: XII Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes. Anais, v. 2, p. 10-17. Fortaleza.6 FERRARI, Celson (1986). Curso de Planejamento Municipal Integrado. 5a. Edição. São Paulo, Livraria Pioneira Editora.7 SILVA, Antônio Nélson Rodrigues da & FERRAZ, Antônio Clóvis Pinto (1993). Uma Nova Sistemática de Tributação da Propriedade Urbana. In: Revista de Administração Municipal, Rio de Janeiro, v.40, n. 208, p. 51- 61, julho/setembro.
córregos brasileiros encontram-se total ou parcialmente assoreados, principalmente
os de pequeno e médio portes 8.
O assoreamento constitui-se num problema de graves conseqüências
hidráulicas e econômicas chegando mesmo a colocar em risco o desempenho de
obras de geração de energia elétrica, de abastecimento e de navegação. A
preocupação com os impactos do amontoamento de sedimentos nos reservatórios
não é recente. Na verdade, esta preocupação veio à tona quando os primeiros
reservatórios construídos passaram a ter sua operação alterada por este fenômeno.
Atualmente o problema é tratado através de ações corretivas, não sendo
vislumbradas as ações preventivas que poderiam ser empregadas para a
minimização dos impactos negativos, econômicos inclusive, trazidos pelo processo
gradual de assoreamento de reservatórios. Os problemas trazidos pela deposição de
sedimento no reservatório dizem respeito, especialmente, à redução do volume útil
do reservatório, que irá interferir no uso para o qual o mesmo foi construído, como
geração de energia, abastecimento público, industrial ou irrigação, contenção de
enchentes, dentre outros. Pode-se ainda destacar problemas operacionais
vinculados a este processo, como: abrasão de componentes, como tubulações e pás
de turbina; problemas mecânicos nas manobras das eclusas e comportas;
dificuldade ou impedimento da captação d'água pela estrutura de tomada d'água;
afogamento dos locais de desova, alimentação e abrigo dos peixes; formação de
bancos de areia diminuindo o calado para a navegação, além de afetar a segurança
da barragem 9.
8 CARVALHO, N. O; FILIZOLA JR., SANTOS, P. M. C; LIMA, J. E. F. W. – Guia de avaliação de assoreamento de reservatórios. Brasília : ANEEL, 132p. 2000.9 MAIA, A. G. As conseqüências do assoreamento na operação de reservatórios formados por barragens. 2006. 164 p +Anexos. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2006.
O uso do solo é um fator de muita importância na determinação do
volume de sedimento que pode vir a ser liberado para o leito do rio. Salienta-se que:
“Com o crescente aumento da população em
todo o planeta, a ação humana pela ocupação e uso da
terra tem sido, entretanto, o fator de maior aumento da
erosão e do transporte de sedimento nos rios,
influenciando significativamente nos problemas
decorrentes.”10
Ainda de acordo com o autor:
“Muitos parâmetros da bacia hidrográfica e do
reservatório influenciam a taxa de sedimentação do
reservatório. Alguns dos mais importantes são: o tamanho
e a forma do reservatório; a razão entre a capacidade do
reservatório e tamanho da bacia; razão entre a
capacidade do reservatório e o deflúvio afluente;
topografia da bacia, uso da terra e cobertura vegetal;
declividade e densidade da rede de canais; e
características físicas e químicas do sedimento afluente.”
10 CARVALHO, N. O; FILIZOLA JR., SANTOS, P. M. C; LIMA, J. E. F. W. – Guia de avaliação de assoreamento de reservatórios. Brasília: ANEEL, 132p. 2000.
1 - ASSOREAMENTO
Pesquisas relacionadas a assoreamentos começaram a surgir na
literatura internacional durante a década de 30 11’12’13. É um fenômeno antigo e
existente há tanto tempo quanto a realidade dos mares e rios no planeta, tal
processo depositou milhões de metros cúbicos de sedimentos no fundo dos oceanos
e, quando acelerado, este ocasiona prejuízos a toda à vida nativa 14. Os dados
disponíveis a respeito do assoreamento de reservatórios no Brasil, no seu conjunto,
são escassos, indicando um quadro deficiente de informações perante o grande
número de reservatórios implantados 15.
O fator “assoreamento” é a obstrução, por sedimentos, terra, areia ou
outro detrito de um estuário, rio, ou canal. A diminuição do fluxo nos aqüíferos do
mundo e uma das formas gerada pelo assoreamento, causando a morte das
nascentes. Esta provoca a diminuição de profundidade gradual dos rios, vindo de
processos erosivos, gerados, sobretudo, pelas águas da chuva, além de processos
químicos, antrópicos e físicos, que desagregam solos e rochas formando
sedimentos que serão transportados 16.
11 FIOCK,L.R. Records of silt carried by the Rio Grande and its acumulation in elephant butte reservoir. American Geophys. Union Trans. V15. 468-473p. 1934.12 GROVER,H.G; HOWARDS,C.S. The passage of turbid water throug lake mead. Tran ASCE.103. 720p-736p. 1938.13 EAKIN,H.M. Silting of reservoirs, revised by Brow.C.B. Dept Agricultura, Tech Bulletin (524). 90- 167p. 1939.14 MASSAD, Faiçal – Obras de Terra: curso básico de geotecnia. São Paulo: Oficina de Textos. 61 - 81 pp. 2003.15 OLIVEIRA JR, Hélio José e SHIMABUKURO, Yosio Edemir- Mapeamento da cobertura Mapeamento da cobertura da terra dos Estados do Goiás e Tocantins utilizando imagens do sensor MODIS, Anais XII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Goiânia, Brasil, 16-21 abril 2005, INPE, p. 1641-1648. Disponível em: http://marte.dpi.inpe.br/col/ltid.inpe.br/sbsr/ 2005/02.12.16.31/doc/@sumario.htm. Acesso em: fev. 2011.16 PENTEADO, M. Fundamentos de Geomorfologia. Rio de Janeiro, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1983.
O depósito destes sedimentos forma o fenômeno do assoreamento, e tem
como principais causas, no meio físico: aceleração do processo erosivo, ocorrência
de escorregamentos, o aumento de áreas inundáveis, diminuição da infiltração de
água no solo, contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas,
aumento da quantidade de partículas sólidas e gases na atmosfera, aumento da
propagação das ondas sonoras. No meio biótico: a supressão, a degradação da
vegetação pelo efeito de borda, degradação da mesma pela deposição de partículas
nas folhas, danos e incômodos à fauna. E no meio antrópicos são os aumentos de
demanda por serviços públicos, do consumo de água e energia, operações
comerciais, arrecadação de impostos, oferta de empregos, tráfego, alteração na
percepção ambiental, modificação de referências culturais 17.
Existem duas escolas que estudam os sedimentos e deposição: Escola
determinista, que procura equacionar o fenômeno físico do transporte de
sedimentos; Escola Estocástica, que procura relações entre as variáveis através e
diretamente de dados medidos em campo 18.
A humanidade vem acelerando este antigo processo através dos
desmatamentos, que expõe áreas à erosão, como a construção em encostas que
além de desmatar, geram a erosão acelerada devido à declividade do terreno, e às
técnicas agrícolas inadequadas. Os desmatamentos extensivos promovidos para dar
lugar a áreas plantadas e a ocupação do solo, impedem grandes áreas de terrenos
de cumprirem seu papel de absorvedor de águas, e aumentam a potencialidade do
transporte de materiais, devido ao escoamento superficial e das grandes emissões
gasosas 19.
17 S.M.A. - Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Manual de orientação para elaboração de estudos de impacto ambiental – EIA/Rima. São Paulo; 1992.18 VILELA. MATTOS. (1975). Hidrologia aplicada. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil,1975.19 BRANCO, Samuel Murgel. Meio Ambiente em Debate. 31ª.ed. São Paulo, Editora Moderna Ltda. 20 – 28 pp. 2000.
O solo é um recurso natural não renovável, e a erosão acelerada do
mesmo ocorre principalmente quando a terra fica descoberta, exposta à ação do
vento e da chuva ou ainda quando submetida às secas prolongadas 20.
Figura 1: Esquema de formação de depósitos de sedimentos nos reservatórios com indicação dos principais problemas decorrentes 21.
1.1 - CAUSAS
20 COIMBRA, Pedro e TIBÚRCIO, José Arnaldo M, org. O espaço geográfico no linear do ano 2000. São Paulo Editora Harbra Ltda. 280-331 pp 2000.21 CARVALHO, N. O. Hidrossedimentologia Prática. Rio de Janeiro: CPRM, 1994. 372p
Os sedimentos que alcançam reservatórios e córregos são nativos da
área de drenagem contribuinte e são transportados, principalmente, através da rede
principal de canais fluviais. A produção de sedimento derivada da
área de drenagem, ou correspondente a toda uma bacia hidrográfica, é dependente
da erosão, do escoamento das águas de chuva com o carregamento dos
sedimentos e das características de transporte de sedimento nos cursos d’água. Os
principais fatores da produção de sedimentos, causando o assoreamento são22:
Características dos sedimentos.
Precipitação (quantidade, intensidade e freqüência).
Topografia (geomorfologia).
Tipo de solo e formação geológica.
Cobertura do solo.
Uso do solo (atividades de construção e medidas de conservação,
práticas de cultivo, pastagens, exploração de florestas).
Outros fatores podem ser incluídos entre os fatores acima
indicados. Na avaliação da produção de sedimentos de uma área de drenagem
contribuinte à posição de uma barragem em um reservatório, é necessário que um
especialista avalie os fatores que mais influenciam, o que certamente o levará às
conclusões das medições necessárias para definir corretamente a quantidade de
sedimentos, das técnicas disponíveis para previsão dessa produção de sedimento
22 ICOLD, International Commission on Large Dams (1989). Sedimentation control of reservoirs/Maîtrise de l'alluvionnement des retenues. Committee on Sedimentation of Reservoirs. Paris.
ou mesmo avaliar a quantidade de sedimentos em bacias aonde não foram feitas
medições adequadas 23.
1.2 - OS SEDIMENTOS
O conhecimento da distribuição de tamanhos das partículas e a
densidade são fundamentais à compreensão de processos locais do transporte do
sedimento. A distribuição do tamanho de partícula é a propriedade mais utilizada na
23 ANEEL. GUIA DE AVALIAÇÃO DE ASSOREAMENTO DE RESERVATÓRIOS. Brasília, 2000. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/biblioteca/downloads/livros/Guia_ava_port.pdf. Acessado em: fev. 2011.
engenharia e nos estudos ambientais para a descrição do processo
sedimentológico. Os sedimentos naturais mais freqüentemente encontrados
consistem em uma mistura de tamanhos de grãos de sedimentos. Estes sedimentos
são freqüentemente descritos baseados nas proporções relativas de cada tipo na
amostra. Como exemplo, uma mistura de um pouco de areia com argila pode ser
chamada uma argila arenosa, e uma quantidade menor de silte com areia pode ser
chamada uma areia siltosa 24.
Visto a distribuição no tamanho das partículas, os sedimentos podem ser
também rotulados como coesivos e não coesivos. Os sedimentos coesivos são
aqueles nos quais as forças que prendem as partículas umas as outras são
significantes, criando assim uma atração ou coesão entre as partículas. Tais
sedimentos possuem normalmente partículas de diâmetros menores que 200 μm de
diâmetro. Nesta faixa encontram-se partículas menores como argila e silte, e areias
finas. Os sedimentos não coesivos são aqueles nos quais as forças que prendem as
partículas umas as outras não são significantes, não criando assim, uma atração ou
coesão entre as partículas, sendo definidos por possuírem partículas de diâmetros
maiores que 200 μm 25.
Nesse contexto é importante ressaltar que os poluentes e contaminantes,
quando presentes, estão na maioria das vezes relacionados com os sedimentos
coesivos. Outra propriedade básica importante que envolve os depósitos de
sedimentos está relacionada com a densidade das partículas. A densidade das
partículas, e conseqüente densidade do depósito de sedimentos, descrevem o grau
24 BLACKE, A. C.; CHADWICK, D. B.; WHITE ,P. J.; JONES, C. A. (2004). “Interim Guide for assessing sediment transport at navy facilities”. SPAWAR Systems Center. San Diego, CA.25 VAN RIJN, L.C.; Gaweesh, M. A New Total Load Sampler. Journal of Hydraulic Engineering, Vol.118, N. 12, 1992.
de compactação ou consolidação dos sedimentos, sendo definido como sendo a
massa total de sedimento e água em um determinado volume de amostra de
material de fundo. A densidade aproximada de minerais como argila e quartzo, que
perfazem a maior parte das partículas da natureza, é de aproximadamente 2,65
g/cm³. No caso dos sedimentos coesivos, a densidade do volume aumenta com a
profundidade do leito devido ao fato dos sedimentos mais profundos possuírem um
maior grau de consolidação com menos espaço entre as partículas 26.
1.2.1 - TRANSPORTE DE SEDIMENTOS
O entendimento do método que envolve o transporte dos sedimentos
parte do princípio da identificação, quantificação e descrição dos principais
processos que envolvem a movimentação dos sedimentos. Estes processos são: a
erosão, a movimentação das partículas na lâmina líquida e a deposição. No entanto, 26 JEPSEN, D.B.; WINEMILLER, K.O.; TAPHORN, D.C. 1997. Temporal patterns of resource partitioning among Cichla species in a Venezuelan blackwater river. Journal of Fish Biology, 51: 1085-1108
existem outros processos que podem interferir no transporte de sedimentos sendo
de fundamental importância o conhecimento dos mesmos. A necessidade de dados
é de grande interesse prático e algumas das categorias gerais evolvendo a
sedimentologia envolvem 27:
A avaliação da erosão e deposição em canais, córregos e rios.
A avaliação da produção de sedimentos relacionados com as
diferentes condições naturais ambientais tais como os solos, clima,
runoff, topografia, recobrimento do solo e o tamanho da área de
drenagem.
As características de depósitos dos sedimentos relacionados ao
transporte e tamanho as partículas.
A distribuição do tempo da concentração do sedimento e da taxa do
transporte de sedimentos em rios.
Avaliação da quantidade e do tamanho do sedimento transportados
pelos corpos d’água.
A deposição e fluxo desses sedimentos podem vir a impedir a operação
do aproveitamento quando o sedimento depositado alcança a cota da tomada
d’água. Essa retenção de sedimentos no reservatório é de certa forma benéfica, pois
promove a limpeza da água para seus diversos usos, embora a sedimentação
contínua possa resultar em assoreamento indesejável 28.
27 EDWARDS, T. K.; GLYSSON, G. D. (1998). Field Methods for Measurement of Fluvial sediment” In: Applications of hydraulics. USGS. Techniques of Water Resources28 CARVALHO, N. O. Hidrossedimentologia Prática. Rio de Janeiro: CPRM, 1994. 372p.
A taxa de sedimentação, ou diâmetro padrão de sedimentação de uma
partícula é medida por sua resistência ao transporte. Em um estado de dispersão,
partículas finas dos sedimentos são facilmente carreadas em suspensão pelas
forças naturais de fluxo tendendo a se mover para fora da área de drenagem de
onde foram originadas. Por outro lado, as partículas maiores são transportadas em
suspensão por distâncias muito curtas, ou são arrastadas no leito dos rios 29.
Figura 2: Variação das concentrações em uma seção transversal em função do tamanho das partículas em suspensão 30.
29 GUY, H. P. (1970). Fluvial Sediment Concepts”. In: Applications of hydraulics. USGS. Techniques of Water Resources Investigations of the United States Geological Survey . TWRI 3 - C1. Arlington. VA. 55p.30 GUY, H. P. (1970). Fluvial Sediment Concepts”. In: Applications of hydraulics. USGS. Techniques of Water Resources Investigations of the United States Geological Survey . TWRI 3 - C1. Arlington. VA. 55p.
1.3 - AVALIAÇÃO
Estudos sedimentológicos devem ser realizados em todas as fases do
aproveitamento, desde o planejamento até a fase de operação. Durante o inventário,
caso não existam postos de medida da carga sólida, é instalado e operado um posto
ou vários postos, formando uma rede sedimentométrica, que será tanto maior
quanto maior for a área de drenagem e a importância desse estudo. Os estudos
apresentam diversos tipos de abordagem nas diversas fases dos trabalhos de um
aproveitamento, sendo tanto mais detalhado quanto maiores forem os problemas de
erosão, de transporte de sedimentos e assoreamento que se apresentarem na
bacia, no curso d’água ou regionalmente. Qualquer que seja a fase dos estudos, as
primeiras providências para a previsão do assoreamento são 31:
Estudos existentes sobre o tema para a bacia.
Levantamento das condições de erosão da bacia.
Coleta de dados hidrológicos e sedimentológicos necessários.
Levantamento de postos sedimentométricos existentes ou desativados;
O estudo para estimativa do assoreamento em reservatórios pode ser
feito através de medições diretas de vazão do rio e concentração de sedimentos,
realizadas simultaneamente em locais próximos às entradas dos mesmos. Os dados
obtidos produzem a chamada curva-chave de sedimentos, relacionando a vazão de
água à descarga de sedimentos. De posse de uma série de vazões e da curva
chave de sedimentos para cada rio que abastece um reservatório, faz-se a previsão
do assoreamento ao longo do tempo, devido a descarga de sedimentos do rio em
questão. Com o reservatório já construído e em operação, batimetrias podem ser
realizadas periodicamente para acompanhamento do assoreamento.
A partir dessas técnicas de avaliação da deposição de material nos
reservatórios, existem medidas preventivas e corretivas que podem ser tomadas no
combate ao assoreamento dos mesmos e são importantes para o prolongamento de
sua vida útil. Das medidas preventivas, cita-se o controle de erosão na bacia e a
proteção das margens do reservatório. Como medidas corretivas tem-se as
31 CARVALHO, N. O. Hidrossedimentologia Prática. Rio de Janeiro: CPRM, 1994. 372p.
dragagens e as lavagens, que compreendem a liberação de sedimentos através de
comportas de fundo na barragem, usuais para pequenos reservatórios.
Os estudos a serem efetuados referentes à previsão do assoreamento
são:
Alturas de depósitos no pé da barragem para 50 e 100 anos ou outros
tempos.
Tempo de assoreamento até a altura da tomada d'água (vida útil).
Processamento dos dados (obtenção de parâmetros, valores médios,
peso específico aparente, eficiência de retenção de sedimentos no reservatório,
aumento da taxa de erosão ou do transporte de sedimento, e outros).
Declividade da camada de topo.
Tempo de assoreamento total do reservatório.
Efeitos das grandes enchentes e o transporte de sedimentos (para
reservatórios menores).
Traçado das curvas cota x área x volume, originais e curvas com o
reservatório assoreado.
Distribuição de sedimentos no reservatório para 50 e 100 anos, ou
outros tempos Porcentagens do assoreamento do reservatório para os períodos
determinados.
Quantidade de sedimento depositado no volume reservado para
controle de cheias.
Declividade da camada frontal.
1.3.1 - INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Os diversos equipamentos de medida ou de amostragem podem ser
classificados em vários tipos, como 32:
Instantâneos pontuais, pontuais por integração e por integração na
vertical: os instantâneos pontuais são do tipo de cilindro com dispositivo que
aprisiona a amostra com envio de mensageiro/peso que fecha válvulas. Os pontuais
por integração coletam a amostra em alguns segundos em um ponto de uma
32 ANEEL. GUIA DE AVALIAÇÃO DE ASSOREAMENTO DE RESERVATÓRIOS. Brasília, 2000. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/biblioteca/downloads/livros/Guia_ava_port.pdf. Acessado em: fev. 2011.
vertical. Os integradores na vertical, ou em profundidade, coletam a amostra
movendo o equipamento ao longo da vertical em um movimento constante que pode
ser em um só sentido ou numa viagem de ida e volta da superfície ao fundo.
Instantâneos ou integradores: os instantâneos aprisionam a amostra
rapidamente ou fazem a leitura, enquanto que os integradores admitem a amostra
em alguns segundos por bocal ou bico, armazenando num recipiente.
De bocal ou com bico: o de bocal aqueles de bombeamento ou outro,
enquanto aqueles que usam bicos são os portáteis providos de garrafas, recipiente
plástico ou saca plástica.
Portáteis ou fixos: os portáteis são operados manualmente, por haste
ou guincho, ou mesmo preso a um barco, enquanto os fixos são instalados numa
estrutura própria, numa ponte ou na margem.
Um instrumento para avaliar se ocorre o assoreamento é o amostrador de
tubo horizontal, de garrafa, de saca compressível, ultrassônico ótico, de
bombeamento, de integração, fotoelétrico, nuclear, ultrassônico de dispersão,
ultrassônico Doppler. O amostrador de garrafa é construído em forma hidrodinâmica
com uma cavidade para que seja inserida uma garrafa de coleta, sendo que a
amostragem é feita através de um bico que pode ter diâmetros variáveis enquanto o
ar é expelido por um tubo. O amostrador de saca compressível é também construído
em forma hidrodinâmica, tendo um recipiente de alumínio para conter a saca
plástica, é colocada de forma comprimida para expulsar o ar, tem capacidade maior
que a garrafa e utiliza também os bicos cambiáveis. O equipamento de
bombeamento pode ser colocado em um barco ou instalado na margem, sendo que
normalmente utiliza-se uma mangueira provida de um bocal ou bico apropriado para
admitir a amostra; o bombeamento é feito de forma controlada em função da
velocidade da corrente, existindo diversos tipos desse equipamento. O equipamento
que trabalha por integração são os de garrafa ou de saca compressível. O
fotoelétrico e o nuclear operam com emissão de luz e de raios, respectivamente, a
partir de fonte de intensidade constante. O ultrassônico ótico e o de dispersão
trabalham com fontes que emitem raios ultrassônicos que são captados por
equipamentos apropriados. O ultrassônico Doppler utiliza o efeito Doppler para
medir a intensidade de energia acústica refletida pelas partículas em suspensão na
água fornecendo uma correlação entre a quantidade de decibéis recebidos pelo
equipamento e a distribuição dos sedimentos em suspensão ao longo da seção de
medição.
1.4 - DEGRADAÇÃO DOS CORRÉGOS
Na medida em que os sedimentos adentram córregos e reservatórios,
eles se depositam no fundo, conseqüentemente ocorre uma diminuição no volume
do mesmo. A intensidade de ocorrência deste fenômeno é que determina o tempo
que o reservatório poderá ser explorado, assegurados os aspectos ambientais de
quantidade e qualidade da água, fixados pelos comitês de bacias hidrográficas,
apoiados na legislação ambiental e nas resoluções do Conselho Nacional de Meio
Ambiente 33.
O fenômeno da deposição de sedimentos impacta negativamente na vida
útil dessa estrutura hidráulica. Entre os vários fatores contribuintes, o grau deste
impacto depende basicamente, além da descarga sólida total afluente, da
característica do sedimento e a sua distribuição espacial, associados à eficiência do
reservatório em reter estes sedimentos 34.
Um dos parâmetros que caracteriza e classifica os sedimentos é a
granulometria. É através dela que se estabelece o nível de adensamento dos solos,
sob determinadas condições. O sedimento depositado no reservatório sofre uma
ação de adensamento, reduzindo o volume das partículas com o tempo 35.
Este processo de compactação dos sedimentos depende das regras de
operação, a textura e o tamanho das partículas de sedimento, a taxa de
compactação, a idade do depósito, o acúmulo de matéria orgânica e ainda outros
fatores de menor importância. Destaque é dado à forma com que o reservatório é
operado, pois determina o grau de exposição do sedimento e, por conseguinte, o
seu grau de compactação. Quanto maior a profundidade em que o sedimento é
depositado maior será o valor do seu peso específico, devido à carga de
compactação sofrida pelo material. O diâmetro dos grãos de sedimento é outro fator
importante. Pesquisas mostram que para os sedimentos finos, caso das argilas, o
peso específico diminui proporcionalmente com o aumento do percentual presente,
ao contrário das areias com diâmetros acima de 0,05 mm 36.
33 CONAMA. Avaliação da poluição ambiental dos rios piraquê-açu e piraquê-mirim (santa cruz – es) através da análise de águas, biomonitores e sedimentos. Vitória. 200934 CARVALHO N.O. (1994). Hidrossedimentologia prática. Rio de Janeiro, CPRM.35 VILLELA, S. M.; Mattos, A. Hidrologia Aplicada. Sao Paulo, McGraw-Hill, 1975. 245p.36 HEINEMANN, P. 1956. Champignons récoltés au Congo Belge par Madame M. Goossens-Fontana II. Agaricus Fr. ss. Bulletin du Jardin Botanique de l’État de Bruxelles 26: 1-136.
Em termos de projeto de reservatórios, a forma mais utilizada para
“resolver” a questão do assoreamento é a destinação de um volume, denominado de
volume “morto”, que nada mais é do que uma percentagem do volume total do
reservatório, para receber sedimentos.
Este procedimento na verdade, não soluciona o problema, podendo
retardá-lo. Isto porque os sedimentos que depositam em um reservatório não se
limitam ao espaço alocado para o volume morto ou a sua região inferior. As
partículas mais pesadas, que geralmente são transportadas por arrasto, são
depositadas na entrada do reservatório, enquanto que as menores avançam mais
para o interior, podendo ou não se depositar. Os níveis operacionais do reservatório,
que influenciam o adensamento do sedimento, também são responsáveis por sua
distribuição, sendo que a forma do reservatório representa o principal elemento da
caracterização espacial do sedimento depositado. Para a estimativa da distribuição
espacial, normalmente é utilizado o chamado 37’38.
1.5 - CONTROLE
Os estudos de previsão e visam verificação de um possível assoreamento
do córrego ou reservatório e as necessidades de controle do sedimento com
intenções de mitigar os efeitos. O controle de sedimentos apresenta várias
implicações nos mais diferentes campos da Engenharia como forma de proteger as
37 PONCE, A. Educação e luta de classes. Tradução: José Severo de Camargo Pereira. 6. Ed. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986. (Coleção Educação Contemporânea).38 SIMÕES, S.J.C.; Coiado; E.M. (2001). Métodos de Estimativa da Produção de Sedimentos em Pequenas Bacias Hidrográficas, in: Hidrologia Aplicada à Gestão de Pequenas Bacias Hidrográficas. Org. por De PAIVA, J.B.D.; De PAIVA, E.M.C.D., Porto Alegre: ABRH, 2001. p. 365-394.
obras e o patrimônio nelas envolvido. Muitas das medidas são de complexa
realização uma vez que o sedimento é derivado da erosão em toda a área de
drenagem no local da barragem, sendo de difícil acesso pela entidade responsável
pelo aproveitamento. Na maioria das vezes, somente um plano de governo pode
estabelecer e executar um programa de controle de erosão em toda a bacia
hidrográfica. Muitos dos programas de controle de sedimento pelos proprietários dos
proveitamentos ficam restritos à sua área de atuação, onde os mesmos buscam
proteger margens dos rios e reservatórios para diminuir a entrada dos sedimentos
no sistema. Programas de prevenção de sedimentação do reservatório são os de
maior importância, sendo as medidas corretivas efetuadas apenas em casos onde
não há alternativa.39
A mais óbvia medida preventiva no controle do assoreamento é na
maioria das vezes desprezada pelos projetistas e diz respeito às regiões das
cabeceiras dos rios, a alta bacia, que têm grande contribuição de escoamento, mas
pequena proporção de carga sólida. Preservar as florestas nessas regiões é de
suma importância para que não se tornem responsáveis por grande produção de
sedimentos 40.
Resumidamente, as medidas preventivas podem ser enumeradas, indo
pela escolha adequada do local da obra e do reservatório, do controle da erosão na
bacia, da retenção do sedimento antes de entrar no sistema fluvial e a retirada
automática dos sedimentos. São usadas em todas as fases - de inventário,
viabilidade, projeto e operação.
39 ANEEL. GUIA DE AVALIAÇÃO DE ASSOREAMENTO DE RESERVATÓRIOS. Brasília, 2000. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/biblioteca/downloads/livros/Guia_ava_port.pdf. Acessado em: fev. 2011.40 ICOLD, International Commission on Large Dams (1989). Sedimentation control of reservoirs/Maîtrise de l'alluvionnement des retenues. Committee on Sedimentation of Reservoirs. Paris.
O controle corretivo do assoreamento é feito na fase de operação do
aproveitamento. Normalmente os depósitos surpreendem o operador, uma vez que
são submersos, crescendo lentamente. Não havendo monitoramento ocorre a
surpresa. Procura-se recuperar o volume perdido com medidas mitigadoras, caras e
repetitivas.
1.6 - Caracterização da área: Córrego Tucunduva
Córregos e lagos com dimensões menores, freqüentemente sofrem um
processo acelerado de assoreamento. Tal pode advir até mesmo em uma enchente
de pequenas proporções. 41
As enchentes são um problema recorrente relacionado ao córrego.
Através de notícias provenientes de jornais diários da região, percebe-se que as
algumas das soluções propostas tendem a garantir certa tranqüilidade a curto prazo,
41 Carvalho, N.O; Filizola Júnior, N.P; Santos, P.M.C; Lima, J.E.F.W. Guia de avaliação de assoreamento de reservatórios. Brasília: ANEEL. 2000.(Disponível em:
pois projetos para resolução desse assunto, demandariam um tempo maior e
quantias altas.42
O município de Poá possui aproximadamente 112 mil habitantes, e um
território de 17 km2, contando com apenas 6% da sua área de mananciais
protegidas. Possui uma extensa bacia hidrográfica, os principais rios e córregos são:
Rio Guaió, Córrego Itaim, Rio Tietê, Córrego Tucunduva, Água Vermelha, Três
Pontes, Bela Vista, Córrego Paredão, Tanquinho e Córrego Campo Grande. A
ocupação desordenada tende a comprometer a estrutura de toda a Bacia. O impacto
causado pela construção do Rodoanel nota-se, já que a maior parte do projeto
encontra-se em áreas que deveriam ser de preservação (mananciais).43
No ano de 2009 foi executada uma empreitada no Córrego Tucunduva,
que se localiza na área central da cidade de Poá. Foi efetuada a troca dos tubos
metálicos, por não comportarem a demanda de água das chuvas, por aduelas de
concreto. Tais possuem maior envergadura para comportarem o volume de fluxo das
águas.44
Observada a localização do córrego em área urbana, percebe-se a
existência de problemas crônicos relacionados à ocupação imprevisível e sem
planejamento junto às margens. Essa é uma das causas determinantes de
processos relativos à erosão e assomo de sedimentos. Deve-se atentar para a
existência do aumento contínuo de processos que impermeabilizam o solo. As
bocas-de-lobo, encontradas ao longo das ruas e avenidas, terminam por serem
apresadoras, da água vinda da chuva e de uma infinidade de outros materiais
orgânicos e inorgânicos, descartados irregularmente. Ligações clandestinas 42 Site: Mogiano.com . Disponível em: http://mogiano.com/noticias-de-poa/10349-poa-apresenta-plano-de-reducao-de-riscos-para-enfrentar-enchentes.html43 Tagnin, Renato A.; Barros, Lauriston. Palestra. Disponível em: http://www.lauriston.com.br/
44Jornal Diário de Suzano online. Disponível em: http://www.diariodesuzano.com.br/main4/conteudo.php?cod=250063&data=2010-01-16
determinam o córrego como destino provável desses detritos. Discorrendo sobre o
lago Paranoá, Pedro Netto enumera medidas que contribuiriam para a diminuição do
problema:
“Nesse sentido, a limpeza urbana, a varredura
das ruas, a limpeza e desobstrução das redes e galerias
de águas pluviais, e a educação da população são
fundamentais para o controle do processo de
assoreamento do lago.” 45
Ainda, de acordo com o autor:
“Durante a última década, a situação agravou-
se em função da degradação ambiental, decorrente da
intensificação do processo de uso e ocupação do solo, em
toda a bacia.” 46
Apesar de versar sobre problemas encontrados junto ao Lago Paranoá
(em Brasília), identificamos tais apontamentos como sendo comuns em lagos,
lagoas e córregos em toda a extensão do território nacional.47
45Netto, Pedro B. Assoreamento Progressivo. (Disponível em:
http://www.semarh.df.gov.br/semarh/site/lagoparanoa/cap07/04.htm)
46 Idem.47 Ambiente Brasil. Portal. Disponível em: http://www.ambientebrasil.com.br/ .
Existe a necessidade de serem pensadas soluções para a ocupação e
utilização do solo, bem como a efetiva fiscalização e recuperação das áreas já
comprometidas.48
1.6.1 - EFEITOS ECOLÓGICOS
As conseqüências do assoreamento de um sistema hídrico comprometem
todo o ecossistema relacionado ao mesmo. Os sedimentos depositados no leito
afetam a vida píscea. Com as mudanças decorrentes, muitas espécies não
sobrevivem; sobrando apenas aquelas mais resistentes.Resíduos sedimentares
suspensos impedem que a luz do Sol penetre na água; causando outras
modificações ao sistema.Outrossim, caso sejam retirados todos os bancos de
sedimentos, ocorre uma carência de nutrientes. Diante de ambas as alternativas, e
48 SANTOS, Harlen I; MIGUEL, Ronaldo. CARACTERIZAÇÃO DO ASSOREAMENTO DO CÓRREGOCAPOEIRA, MUNICÍPIO DE SENADOR CANEDO-GO. Disponível em: http://www.ucg.br/ucg/prope/cpgss/ArquivosUpload/36/file/Continua/CARACTERIZA%C3%87%C3%83O%20DO%20ASSOREAMENTO%20DO%20C%C3%93RREGO%20CAPOEIRA,%20MUNIC%C3%8D%E2%80%A6.pdf.
em decorrência de ações anteriores, muitas espécies se extinguem; por não
possuírem meios de adequar-se a múltiplas transformações. O desenvolvimento de
macrófitas ocorre em função da deposição sedimentar nas margens. Toda esse tipo
de vegetação multiplica-se rapidamente, sendo constantemente carregada em
direção as barragens e reservatórios. Quando há a ocorrência de chuvas
intermitentes, existem outros tipos de vegetação que submergem e aumentam a
quantidade de matéria orgânica nos leitos e a biomassa das margens inundadas.
Após o processo de decomposição, onde verificam-se processos aeróbicos e
anaeróbicos, inicia-se a emissão de metano para a atmosfera. Tal ocorrência,pode
contribuir para que se exacerbe o chamado Efeito Estufa.49
Em muitos países, como os Estados Unidos e Canadá, por exemplo,
existem leis onde são exigidos estudos avaliativos sobre o impacto cumulativo, ainda
que potencial. Toda e qualquer perturbação, interação ou integração relacionada ao
ambiente deve ser avaliada; considerando-se a permeabilidade das fronteiras e a
amplitude de intervalos de tempo. Tal para que seja passível e notória qualquer
alteração ou processo cumulativo. Políticas que também ocasionam impactos no
meio ambiente, precisam de um abalançamento com uma amplitude maior; o ideal
seria que houvesse uma Avaliação Ambiental Estratégica. Para nortear e
determinar o que seria feito e como. Porém, a valia desses levantamentos
dependerá, sempre, do conjunto de leis relacionadas ao tema em cada Estado.
Somente assim, poder-se-ía pensar em efeitos ambientais favoráveis.50
49 Carvalho, N.O; Filizola Júnior, N.P; Santos, P.M.C; Lima, J.E.F.W. Guia de avaliação de assoreamento de reservatórios. Brasília: ANEEL. 2000. (Disponível em: http://www.aneel.gov.br/biblioteca/downloads/livros/GuiaAsso.pdf )
50 Abdon, Myrian de M. Os Impactos ambientais no meio físico – Erosão e assoreamento na Bacia Hidrográfica do Rio Taquari, MS, em decorrência a pecuária. (Tese) (Disponível em: http://www.dsr.inpe.br/site_bhrt/download/Tese.pdf)
1.7 – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Possuímos leis consideradas válidas no contexto relacionado ao meio
ambiente. Mas, a falta de capital e investimento para o cumprimento do que é
legalmente determinado, afigura-se um grande problema. A inexistência de
parâmetros voltados para a educação ambiental concomitantemente, avoluma esse
assunto. Para o desenvolvimento desse estudo, julga-se oportuno ressaltar algumas
das referidas Leis:
De acordo com os autores, SANTOS e MIGUEL:
“Código Florestal da lei 4.771 de 15 de
setembro de 1965 (DOU 17.12.1980),preservação
permanente de (30 a 500 m) para córregos e rios de
acordo com a largura do mesmo, (50 a 100m) para
represas, lagos e lagoas, 50 m no raio ao redor de
nascentes, etc. o código também prevê pelo menos 20%
de mata nativa em propriedades rurais.A vegetação da
reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas
ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável,
de acordo com os princípios e critérios técnicos e
científicos estabelecidos no regulamento, ressaltados às
hipóteses previstas no §3° deste artigo, sem prejuízo das
demais legislações específicas:
§3° Para cumprimento da manutenção ou compensação
da área de reserva legal em pequena propriedade ou
posse rural familiar, podem ser computados os plantios de
árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos
por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou
em consórcio com espécies nativas.
A lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 (DOU 02.09.1981),
regulamentada pelo decreto 99.274/90, dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formação e aplicação. O artigo 4° afirma
que a Política nacional do Meio Ambiente visará:
VII – (..) obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados e, ao usuário da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos.
O decreto 97.632, de 10 de abril de 1989 (DOU
12.04.1989), dispõe sobre a regulamentação do artigo 2°,
inciso VIII, da lei 6.938, em seu artigo 2°, define o
conceito de degradação:
(...) são considerados como degradação os processos
resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se
perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades,
tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos
recursos ambientais.
Em seu artigo 3°, o decreto estabelece a finalidade dos
PRAD’s: a recuperação deverá ter por objetivo o retorno
do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo
com um plano preestabelecido para uso do solo, visando
à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente.
A Resolução 01/86 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA – (DOU 17.02.1986) especifica
algumas atividades antrópicas que são potencialmente
causadoras de alterações no meio ambiente, sendo
obrigatório à apresentação de Estudo de Impacto
Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA.
Entre elas agroindústria, barragem, canal e retificação de
cursos d`água, duto vias, estradas de rodagem,
irrigação,linhas de transmissão, projeto urbanístico, entre
outras ( MEDAUAR, 2004).51
Deve-se ressaltar que somente na contemporaneidade os princípios do
meio ambiente passaram a fazer parte da Constituição (1988), determinando o
Direito Ambiental como sendo um bem de todos os cidadãos. Diversos
levantamentos, executados pelo Banco Mundial (na década de 90) salientavam
“cinco considerações chave para determinação dos padrões de gestão estudados”,
que são:
“Nível de comprometimento político no trato de problemas
ambientais.
Grau de descentralização da instituição com competência
política e administrativa.
Estilo da tomada de decisões políticas.51 SANTOS, Harlen I; MIGUEL, Ronaldo. CARACTERIZAÇÃO DO ASSOREAMENTO DO CÓRREGO CAPOEIRA, MUNICÍPIO DE SENADOR CANEDO-GO. Disponível em:http://www.ucg.br/ucg/prope/cpgss/ArquivosUpload/36/file/Continua/CARACTERIZA%C3%87%C3%83O%20DO%20ASSOREAMENTO%20DO%20C%C3%93RREGO%20CAPOEIRA,%20MUNIC%C3%8D%E2%80%A6.pdf
Acesso do público às informações ambientais.
Papel desempenhado pelos tribunais em conflitos
ambientais.”52
De modo sucinto, a pesquisa e estudo concluíram ser essencial a “ampla
aceitação da legitimidade do processo através do qual são tomadas as decisões”;
não cabendo, portanto, apenas o papel da gestão formal. No período compreendido
entre as duas Conferências ambientais ocorridas no Rio de Janeiro (RIO’92 e
RIO+10), foram constatados vários pontos relevantes quanto ao tema meio
ambiente. No ano de 1992, o documento criado foi a Agenda-21, que permitiu o
alicerce para o debate sobre questões importantes, importantes: biodiversidade,
mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável; e outros temas abordados. Em
Johanesburgo, a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e
Desenvolvimento (RIO+10), chamada de Cúpula Mundial sobre Meio Ambiente,
focou as discussões em torno da necessidade de erradicação da pobreza, à
globalização e às questões energéticas: o ”Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo(MDL)” e o “Protocolo de Kyoto”, sobre mudanças climáticas. Durante a
Conferância, foi reconhecida a necessidade de utilizar-se primordialmente energias
que sejam renováveis. Uma das constatações, também, foi o advento de um público
com um perfil diferenciado; pessoas que consomem, mas procuram fazê-lo sob um
prisma ecológico consciencioso. Nota-se que as indústrias, na tentativa de
adequação a esse público, passam a buscar alternativas onde seja possível a
adoção de atos considerados ecologicamente corretos. 53
52 Goldemberg, José ; Barbosa, Luiz M. A legislação ambiental no Brasil e em São Paulo. Disponível em:http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/a_legislacao_ambiental_no_brasil_e_em_sao_paulo.html
Uma dos principais metas do país, bem como do Estado de São Paulo,
relacionada em especial, à questão ambiental de São Paulo, diz respeito a:
“... legitimação das Leis, ações e políticas
ambientais, junto aos outros países, ao setor produtivo e a
sociedade como um todo; e devem ser entendidos como
instrumentos institucionais a serviço do bem coletivo, da
preservação do meio ambiente e a conseqüente melhoria
da qualidade de vida.”54
1.7.1 – ESTRATÉGIAS AMBIENTAIS
É relativamente recente a importância outorgada aos assuntos
relacionados à Gestão Ambiental, como bem coloca EGLER:
“Não obstante a segmentação das políticas
setoriais, mesmo tendo sido identificada e diagnosticada
durante as últimas três décadas como uma questão
relevante para a efetiva implementação de políticas
ambientais, poucas foram as ações efetivas realizadas até
os anos de 1990 com o propósito de resolver a
fragmentação das políticas, sejam elas ambientais, sejam
53 Goldemberg, José ; Barbosa, Luiz M. A legislação ambiental no Brasil e em São Paulo.
Disponível em:http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/artigos/a_legislacao_ambiental_no_brasil_e_em_sao_paulo.html 54 Idem.
de outra natureza. Ao contrário, as diferentes leis,
agências, planos e programas e outros instrumentos
criados, durante esse período, apenas contribuíram, num
primeiro momento, para aumentar essa segmentação.
Essa tendência atual, no entanto, está sendo revertida
mediante o esforço de se empreender uma gestão
estratégica ambiental.” 55
Tanto no contexto urbano, quanto no rural, é imprescindível adotar uma
visão “holística” quando do tratamento de projetos e ações relacionados ao meio
ambiente, aos sistemas ambientais em questão. Existe a procura por relacionar
todos os fatores envolvidos, na direção de buscar-se uma solução integrada. 56
Apesar da existência na CONAMA 001/86, da valia de se implementar a
avaliação ambiental estratégica (AAE), tal não acontece no Brasil. Sua efetivação
tornou-se difícil na medida em que faltaram subsídios necessários à sua
implementação. Alguns desses subsídios que inexistiram, podem ser avaliados
como conseqüência da tentativa de um leque de comprometimento político e sócio-
ambiental vasto. De acordo com a tese elaborada por Miryan Abdon, alguns dos
obstáculos encontrados são:
“- A falta de conhecimento e experiência para
identificar quais fatores ambientais a considerar, quais
impactos ambientais potenciais e como alcançar uma
política para tomada de decisões integradas;
- As dificuldades Institucionais e Organizacionais de
coordenação efetiva inter e intra departamentos do
55 EGLER, Claudio A. G.; RIO, Gisela A. P. Cenários para a Gestão Ambiental no Brasil. Disponível em: http://www.laget.igeo.ufrj.br/egler/pdf/Cenario_VF.pdf56 MOREIRA, I.V.D. (1990). Avaliação de impacto ambiental: instrumentos de gestão.Cadernos FUNDAP, SP, 9
governo, assim como a disposição e o compromisso
político insuficiente para implementar a AAE;
- A falta de recursos financeiros para a obtenção de
informações e especialização;
- A falta de guias ou mecanismos para assegurar todas as
ações;
- A dificuldade em manter as propostas políticas claras e
uma boa definição de quando e como a AAE deve ser
aplicada e;
- O envolvimento público que é limitado.” 57
No entanto, podem ser apontadas diversas razões para justificar a
necessidade de implantação das AAE no Brasil, dentre elas a quantidade de áreas
não-ocupadas existentes; a carência de estudos onde exista a integração dos
aspectos ambientais, sociais e econômicos e existem estudos apontando que o
planejamento ambiental, refletido de maneira mais abrangente e seguindo etapas
desde locais até globais, viabilizam políticas de sustentabilidade.
Segundo Claudio Antonio G. EGLER e Gisela Aquino P. do RIO:
“As pressões surgem, portanto, a partir da
identificação de situações críticas em várias escalas e
requerem respostas por parte de governos, sociedade e
empresas – para a prevenção e mitigação de danos ao
meio ambiente e recuperação de áreas degradadas..
Essas revelam-se através das ações, políticas públicas e,
sobretudo, pela implementação de uma gestão ambiental
estratégica que busque o comprometimento com a
preservação dos ecossistemas e a melhoria da qualidade
de vida da população.”58
57 Abdon, Myrian de M. Os Impactos ambientais no meio físico – Erosão e assoreamento na Bacia Hidrográfica do Rio Taquari, MS, em decorrência a pecuária. (Tese) (Disponível em: http://www.dsr.inpe.br/site_bhrt/download/Tese.pdf
1.7.2 – POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
A Lei 6.938/81, referente à Política Ambiental adotada, salienta o caráter
de preservação, aprimoramento e correção dos aspectos ambientais necessários à
vida. Carregando, em seu bojo, a tentativa de proporcionar o desenvolvimento social
e econômico, bem como preservar assuntos relativos à segurança nacional e à
proteção da vida. “A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um instrumento da
Política Nacional do Meio Ambiente (art. 225, parágrafo 1º, IV Constituição Federal
c.c. art. 9º, III da Lei 6.938/81)” (Myrian Abdon). A significância da AIA é por conter
uma série de normas e determinações jurídicas e administrativas objetivando a
minimização de impactos ambientais que estivessem relacionados a projetos ou atos
realizados. A análise vinda da AIA deveria nortear as ações das administrações
58 Egler, Claudio A. G.; Rio, Gisela A. P. Cenários para a Gestão Ambiental no Brasil. Disponível em: http://www.laget.igeo.ufrj.br/egler/pdf/Cenario_VF.pdf
públicas, possibilitando a apreciação constante, do processo, desde sua concepção
até o término. Sendo assim, todos os atos tenderiam a serem postos em prática de
maneira a atender os anseios da população, das esferas governamentais e garantir
a qualidade de vida da sociedade. O Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA, com a Resolução 001/86, determinou que “atividades modificadoras do
ambiente”, dependeriam da efetuação de um Estudo de Impacto Ambiental - EIA e o
respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, que dependeriam do
encaminhamento e proposições feitas pelo IBAMA. Essa relação estabelecida,
determinou certa ineficácia, pois a atuação terminou por restringir-se ao
licenciamento, e não como um determinante na validade e estudo de projetos.
Segundo Myrian Abdon:
“O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um
instrumento de caráter técnicocientífico, segundo a
Resolução CONAMA 001/86, deve obedecer às seguintes
diretrizes:
I. Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de
localização do projeto,
confrontando-as com a hipótese de não execução do
projeto;
II. Identificar e avaliar sistematicamente os impactos
ambientais gerados nas
fases de implantação e operação da atividade;
III. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou
indiretamente afetada
pelos impactos, denominada área de influência do projeto,
considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na
qual se localiza;
IV. Considerar os planos e programas governamentais,
propostos e em implantação na área de influência do
projeto, e sua compatibilidade.”59
A incidência de situações problemáticas ambientais, com um avanço
maior nos últimos dez anos, acontece em razão da utilização maior dos espaços e
do solo. Se políticas sérias e eficazes não forem implantadas e seguidas, como a
correção das áreas degradadas, medidas de leis de controle da ocupação do solo e
fiscalização sobre a implantação de projetos, execução de atos e políticas, tem-se
como tendência a perda da sustentabilidade em córregos, rios, lagos e todos os
sistemas hídricos para as gerações mais novas. 60
59 Abdon, Myrian de M. Os Impactos ambientais no meio físico – Erosão e assoreamento na Bacia Hidrográfica do Rio Taquari, MS, em decorrência a pecuária. (Tese) (Disponível em: http://www.dsr.inpe.br/site_bhrt/download/Tese.pdf)
60Netto, Pedro B. Assoreamento Progressivo. (Disponível em:
http://www.semarh.df.gov.br/semarh/site/lagoparanoa/cap07/04.htm)
CONCLUSÃO
A análise e a observação constantes de processos de erosão e
assoreamento são essenciais para a concepção de políticas preventivas e ações de
correção vinculadas ao uso e emprego do solo. 61
Existem diversos fatores determinantes no processo de assoreamento de
uma área, e é de extrema valia atentar para alguns aspectos específicos, como:
1. a utilização de tecnologia disponível (através de imagens de satélites)
no decorrer de períodos determinados. Assim, torna-se possível traçar comparações
e analisar de modo mais preciso todo esse processo;
2. estudos que permitam quantificar a perda de solo;
3. mapear áreas onde a erosão esteja presente;
61 Aquino, Wagner F; Lopez, Álvaro G. XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental- Estudo de assoreamento de corpos d’água pelo método geofísico de geo-radar.(Disponível em: http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/caliagua/v-045.pdf)
4. elaboração de um Sistema de Informações, onde ocorra a integração
dos diversos dados obtidos;
5. julga-se primordial que exista a gestão ambiental das Bacias
Hidrográficas.
A Gestão Ambiental pode ser compreendida como o elo capaz de
gerenciar, proteger, conservar e monitorar os recursos disponíveis no meio-
ambiente. 62
As opções apresentadas no contexto atual devem buscar na Gestão
Ambiental estratégias, novas opções e configurações. Onde exista a participação da
sociedade na tomada de decisões e o equilíbrio entre a diversidade de motivações
que permeiam as relações humanas. A ação proposta é sempre direcionada à
parceria entre o cidadão e o especialista; com o objetivo comum de encontrar meios
para o uso racional de recursos provenientes do meio ambiente e a redução do
impacto causado nesse labor.63
O aparecimento de sedimentos e, por conseguinte, do processo de
assoreamento, surge em cursos d’água e reservatórios, principalmente. Como causa
direta, temos as enchentes e diversos desequilíbrios no meio ambiente, afetando
seres humanos e ecossistemas inteiros. 64
O assoreamento nos reservatórios é determinante, também, para
quantificar a capacidade de armazenagem e geração elétrica. Também se relaciona
62 PAULA, Eduardo V. de; CUNICO, Camila e BOLDRINI, Eliane B. Aspectos naturais e antrópicos relevantes para a compreensão do assoreamento da Baía de Antonina: Abordagem introdutória (tese) (Disponível em: www.labogef.iesa.ufg.br/links/sinageo/articles/250.pdf)63 EGLER, Claudio A. G.; RIO, Gisela A. P. Cenários para a Gestão Ambiental no Brasil. Disponível em: http://www.laget.igeo.ufrj.br/egler/pdf/Cenario_VF.pdf64 Valentim, Alexandre; Coelho, Denys;Soares, Ivailton .Gestão ambiental gerando benefícios financeiros.(Disponível em: http://www.aedb.br/seget/artigos06/650_Meio%20Ambiente_Seget.pdf)
à falta d’água, pois em reservatórios, os bancos de areia provenientes do
assoreamento podem reduzir significativamente a capacidade de armazenamento. 65
Dentre os principais motivos para a erosão e o assoreamento, podemos
citar o processo contínuo de desmatamento em locais com características de
vulnerabilidade, a ocupação urbana sem políticas de planejamento, a construção de
rodovias sem que exista um estudo sobre o meio em que está estará inserida,
dentre outras.É fundamental existirem métodos de diagnóstico e avaliação desses
processos, pois apenas assim, são possíveis atos que primem pelo caráter de
prevenir e corrigir problemas relativos à utilização do solo. São através de dados
confiáveis e pesquisas corretamente elaboradas que decisões acertadas poderão
acontecer.66
As análises elaboradas devem ser capazes de evidenciar índices,
números, parâmetros para que se elabore o controle de situações onde o meio
ambiente esteja ameaçado.67
Essas seriam algumas das alternativas para detecção e solução do
assoreamento do córrego do Tucunduva, pois sobre assunto semelhante, versa
Manuela Paixão:
“...há necessidade de estudos mais detalhados
para a compreensão das relações existentes entre dados
climáticos e hidrológicos com os processos físicos e de
ocupação da região.”68
65 Idem.66 Aquino, Wagner F; Lopez, Álvaro G. XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental- Estudo de assoreamento de corpos d’água pelo método geofísico de geo-radar.(Disponível em: http://www.bvsde.paho.org/bvsaidis/caliagua/v-045.pdf)67 Valentim, Alexandre; Coelho, Denys;Soares, Ivailton .Gestão ambiental gerando benefícios financeiros.(Disponível em: http://www.aedb.br/seget/artigos06/650_Meio%20Ambiente_Seget.pdf)68 Paixão, Manuela R. Abordagem das temáticas do Meio Ambiente sob o olhar da Ciência Geográfica (Disponível em : http://www.webartigos.com/articles/50506/1/A-EDUCACAO-AMBIENTAL-NO-ENSINO-DA-GEOGRAFIA-/pagina1.html#ixzz1JUyAL4Me)
O córrego Tucunduva está localizado na área chamada de “Grande São
Paulo”. Essa área, bem como o estado , de mesmo nome, faz parte de um bioma
específico; onde as regiões são densamente povoadas, numa proporção crescente,
desde os tempos da Colonização. Mesmo com diferenças, inseridas no bioma,
encontramos as seguintes áreas metropolitanas: a) São Paulo, de Campinas e da
Baixada Santista, b)Rio de Janeiro até Macaé, c) o avanço do adensamento urbano
entre Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS), passando pelo vale do Itajaí, e Florianópolis
(SC), d) a área metropolitana de Porto Alegre, e) as três áreas metropolitanas
nordestinas, Salvador, Recife e Fortaleza, são os principais focos de concentração
demográfica e expansão urbana no Nordeste. Todos os processos de crescimento,
levaram ao aumento de área de periferia nas metrópoles.69
Algumas das situações imediatas encontradas, segundo EGLER e RIO
são:
“a) no aumento da poluição de rios, lagos e
lagoas decorrentes da ausência de infra-estrutura de água
e saneamento nos centros urbanos de todos os
tamanhos, b) no aumento das pressões sobre áreas com
cobertura vegetal remanescentes de Mata Atlântica, onde
se localizam as cabeceiras e fontes de água que
abastecem as cidades, c) no aumento do aporte de
sedimentos nos rios, lagos, lagoas e deltas, o que
compromete a disponibilidade de água potável, em função
da redução da cobertura vegetal. No curto e médio
prazos, essa situação exigirá o aumento de investimentos
69 EGLER, Claudio A. G.; RIO, Gisela A. P. Cenários para a Gestão Ambiental no Brasil. Disponível em: http://www.laget.igeo.ufrj.br/egler/pdf/Cenario_VF.pdf.
em tratamento de água e esgoto, equilíbrio delicado num
contexto de recursos financeiros escassos.”70
O estudo, o planejamento e a execução de ações ambientais orientadas
permitirão que se viva com qualidade e com consciência da necessidade de todos
possuírem o compromisso com o meio onde estão inseridos. Resgatando a visão
com abrangência, de fato, holística, e agindo localmente; pois as relações entre os
diversos sistemas nos nossos dias, é uma realidade.71
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