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Aula 4: Abordagens diferenciacionistas: Robert K. Merton
Professor Adalberto AzevedoSanto André, 20/02/2015
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Controle de faltas
Post que será atualizado periodicamente (cada duas ou três aulas) com as faltas dos alun@s
Problema de contagem: informar por email, será checado nas listas
Controle individual de faltas (25%- limite)
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Conhecendo os alunos
Faltas por motivo de trabalho: estudo de abonos caso a caso. Requer participação mais ativa em aula
Objetivo é avaliar que o conteúdo/objetivos do curso (C.H.A.) foram passados: responsabilidade do docente
Assuntos/áreas de interesse: diversos. Sugestão: tragam exemplos para comentar em aula
Nota de participação X Alun@s tímid@s: não tem como o professor saber quem está acompanhando. Perguntas diretas?
Mais exemplos cotidianos; relação com as áreas de atuação d@s alun@s
História da Ciência (Revolução Industrial, etc.): falamos indiretamente, no âmbito das teorias discutidas
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Conhecendo os alunos
Slides antes da aula: difícil, são preparados pouco antes das aulas
Avaliações do curso no meio e no final: possível
Data para a sub e a recuperação: caso a caso
Situação da C,T&I no Brasil: exemplos
Posição do aluno na academia
Lista: duas, passando 40 min antes do final da aula
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Pressupostos teóricos/metodológicos da análise Mertoniana
Sociedade, cultura e civilização: categorias conceituais (processos sociológicos)
As três categorias (processos) se inter-relacionam e guardam entre si relações de causalidade
Merton analisa relações entre essas categorias (Inglaterra, século XVII), visando descobrir os elementos culturais que criaram uma sociedade cuja civilização é cientificamente embasada
Mudança: de uma base religiosa para uma base científica (“Baconiana”) do mundo, da humanidade e de suas interações
Bacon: compreender a natureza é poder de previsão (antecipação aos fatos), permite a ação eficienteEx: agricultura científica X tradicional (colheitas não dependem mais dos Deuses, mas dos conhecimentos sobre a natureza)
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Ética puritana- (Francis Bacon)Francis Bacon (1561-1626): político inglês, questiona dogmas (intelectuais e artísticos), especialmente explicações teológicas ou teológico-filosóficas da natureza (escolástica)
Empirista radical; influência do meio social puritano- racionalidade combinada à experiência empírica produzem conhecimento (Induções). Especulações escolásticas são inúteis (Deduções).
Grande influência sobre a Royal Society
Outros: Robert Boyle (1627-1691), filósofo, físico e químico experimental (Some considerations touching the usefulness of experimental natural philosophy, Oxford, 1664)
Hobbes, Locke, Descartes: concepções semelhantes que se encaminham ao método científico- indutivo- empiricista
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Pressupostos teóricos/metodológicos da análise Mertoniana
Ciência e poder do homem coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se não quando se lhe obedece. E o que à contemplação apresenta-se como causa é regra na prática (Bacon, 1997, p. 33).
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Pressupostos teóricos/metodológicos da análise Mertoniana
Como se dá essa transição- da explicação mágica do mundo à explicação científico-racional?
Transição implica o remanejamento do poder entre os atores sociais, como isso aconteceu?
Como uma ética religiosa impulsionou uma ética científico-racional?
Nova ética religiosa (puritana) criou condições para a institucionalização (momentum) das primeiras organizações científicas (Royal Society) que foram se tornando mais e mais independentes de outros campos sociais
Autonomia: possibilidade de existir sem abrir mão de seus valores (ethos). Nova mentalidade científica: mais difícil em países católicos
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Papa Clemente VIII (1536-1605) Richard Baxter, líder puritano inglês (1615-1691)
Ética puritanaUtilitarismo/moderação
Interesse em assuntos mundanosEmpirismo
Livre exame individualContestação da autoridadeConhecimento “utilitarista”
Método indutivo
Contemplação/ritualismoInteresse em assuntos teológicos
AbstraçãoRespeito aos dogmasRespeito à autoridade
Conhecimento enciclopédicoMétodo dedutivo
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Ética puritana
Leis, teorias, fatos científicos/tecnológicos
Observação empírica (testes, coleta de
dados, etc.)
Conclusões, prescrições, explicações, testes de realidade (falsificação)
Método IndutivoMétodo Dedutivo
Os dois métodos são passíveis de erro (por exemplo, a teoria da abiogênese)
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Ética puritanaConvergência ideário religioso e científico: estranho no mundo contemporâneo, em que essas ideias são consideradas opostas
Religião: predominante e onipresente no século XVII
Fator de valorização (aceitação) social da ciência: glorificar a Deus entendendo sua obra
Puritanismo na Inglaterra: movimento político baseado na contestação dos dogmas católicos (“Protestantes”)
Origem da atitude científica de questionamento constante para se chegar à verdade (ceticismo organizado)
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Impulso puritano à ciência: prova empíricaFundadores da Royal Society: líderes religiosos puritanos. 62% dos fundadores, apesar de serem minoria na população inglesa
Atração de puritanos perseguidos em países católicos
Mudanças no sistema educacional: escolas empiristas, criação de universidades e mudanças nas medievais (novas disciplinas, como mecânica, hidrostática, anatomia, física, experimentais), ênfase na aplicação prática
Alemanha (pietista): caso parecido com o inglês
Católicos tendem a buscar o ensino clássico, teológico (contemplação). Protestantes às novas instituições (dados sobre as universidades e escolas)
Maior parte dos cientistas: protestantes ( em vários países)
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Pressupostos teóricos/metodológicos da análise Mertoniana
Merton divide sua análise em duas partes:
1.Quais são os valores da ética religiosa puritana, e quais as correspondências desses valores com os valores científicos?
2.Verificação empírica de registros sobre as diferenças entre as práticas científicas/educação em nações puritanas (tipo ideal) e nações afiliadas a outras religiões (tipo ideal: catolicismo)
Não se trata de diferentes tipos de ciência... Se trata das condições que permitem o surgimento da “verdadeira” ciência, segundo a concepção de Merton
Para Merton, só existe uma “verdadeira” ciência: aquela que produz, se organiza, gratifica e pune segundo os elementos da ética científica (universalismo, comunalismo, desinteresse, ceticismo organizado). Esse trabalho reafirma essa convicção.
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Pressupostos teóricos/metodológicos da análise Mertoniana
Fontes de informação:
1.Dados sobre a conduta social dos cientistas (religião, ações dentro da comunidade, cultura- dedução
2.Registros da Royal Society (desde 1667) + dados sobre o perfil dos sistemas educacionais europeus- provas empíricas (documentais)
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Ética puritanaEstudo da natureza: conhecer as obras divinas (natureza) é glorificar Deus e melhorar a vida dos seres humanos
Universalismo e comunalismo
Justaposição entre material e espiritual, gera normas utilitárias que são regras de comportamento (isto é, tem funções reguladoras da sociedade)
Postura ativa em relação à natureza: conhecer para dominar e transformar
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Ética puritanaRealização de obras úteis, visando o bem da maioria da sociedade, adequada às interpretações comunalistas da religião
Valorização do trabalho árduo, sistemático e metódico (meritocracia)
Experimentação: trabalho paciente de desvendar os segredos da natureza
Evita os desvios (vícios) decorrentes do ócio e de outras “distrações intelectuais” (Artes?)
Utilitarismo, fundamental na Ciência contemporânea
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Ética puritanaRacionalidade: freio para as emoções (paixões), identificadas pelos puritanos como causas dos vícios
Trabalho racional sistemático: ciência
Razão subordinada à experiência empírica
Salvação da alma, para os puritanos, é individual. Os “eleitos” trariam sinais, especialmente a realização de obras úteis e o sucesso individual (ética capitalista e liberal): Meritocracia
Fé “comprovada” empiricamente (sinais terrenos do sucesso)
Indicadores de excelência científica: publicações, títulos, premiações (dependem apenas do esforço do pesquisador?)
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Ética puritanaPressuposto científico e puritano: ordem do universo, natureza funciona de acordo com as regras do criador
O livro da natureza pode ser lido e entendido (previsão e poder)!
Modelos de explicação da natureza... E de prescrição da ação humana! Quais seus problemas?
Modelos racionais necessariamente incluem e
excluem determinados elementos de suas análises
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Ética puritana: problemasRacionalismo, aplicado a todas a vida humana... É desejável?
Exclusão da emoção da vida em sociedade: desejável?
E a gentileza?Solidariedade?Compreensão das diferenças?
Pensamento estritamente racional pode produzir pequenas e violências, inclusive estéticas (planificação)...
Racionalidade pode ser muito subjetiva: Individualismo, muitas vezes defendido por grupos de interesse
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CTS: abordagens antidiferenciacionistas
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Bibliografia adicional da aula de hoje
Revista Teias v. 11 • n. 23 • p. 163-184 • set./dez. 2010. http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/article/viewFile/670/561