Download - Aula de Fisiologia Renal
![Page 1: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/1.jpg)
Fisiologia do Rim
Fernando Domingos
Instituto de Fisiologia
Faculdade de Medicina de Lisboa
![Page 2: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/2.jpg)
Funções genéricas do Rim
• Eliminação de alguns resíduos do metabolismo (resíduos azotados) e substâncias
tóxicas
• Controlo do volume de líquido extracelular
• Colaboração no controlo da pressão arterial
• Manutenção da composição dos solutos orgânicos (Na+ e K+)
• Contribuição para o controlo de outros solutos: cálcio, fosfatos, glicose e
aminoácidos, activação da vitamina D em 1,25-dihidroxi-vitamina D3
• Colaboração no controlo do equilíbrio ácido-base (regeneração HCO3- e
eliminação H+)
• Manutenção da capacidade de transporte de O2 (produção de eritropoietina e
regulação do valor da hemoglobina)
![Page 3: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/3.jpg)
Anatomia fisiológica do rim
• O nefrónio é a unidade funcional do rim.
• Em cada rim há > 1.000.000 de nefrónios.
![Page 4: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/4.jpg)
Estrutura da membrana de filtração glomerular
![Page 5: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/5.jpg)
Permeabilidade da membrana basal glomerular às macromoléculas
• A MB constitui a principal barreira à
filtração de macromoléculas
(principalmente das proteínas)
• A permeabilidade da MB é selectiva e
está dependente:
– dimensão da molécula (raio molécula)
– carga eléctrica (causa da albuminúria)
![Page 6: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/6.jpg)
Taxa de Filtração Glomerular
Pressão hidrostática no espaço urinário
•A pressão hidrostática capilar favorece a
filtração glomerular.• •A pressão hidrostática no espaço urinário e
a pressão oncótica capilar contrariam a
filtração glomerular.
• A diferença entre as forças que favorecem
a filtração glomerular e as que se lhe opõem
é de ~10 mmHg.
55 - (30 + 15) = 10
• Quando pressão no espaço urinário 15
mmHg (obstrução) a GFR diminui.
![Page 7: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/7.jpg)
Filtração glomerular
Taxa de Filtração Glomerular (GFR)
A GFR é determinada por:
• Diferença entre as pressões hidrostáticas intracapilar e
no espaço de Bowman (P) (favorável à filtração)
• Diferença entre a pressão oncótica intracapilar e no
espaço de Bowman () (contrária à filtração)
• Área e permeabilidade da superfície de filtração (kS)
PkS(nl/min) SNGFR
![Page 8: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/8.jpg)
Filtração glomerular
• Em resultado da filtração glomerular (~125 ml/min) são inicialmente produzidos 160-180 litros de urina/dia.
• Com excepção do conteúdo em proteínas (muito reduzido), a urina inicialmente produzida tem uma constituição semelhante à do plasma.
![Page 9: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/9.jpg)
A “Alquimia” do túbulo renalPrincípios gerais
• Durante o trajecto da urina pelos túbulos renais, os mecanismos de reabsorção tubular permite que sejam recuperados:
– ~99% do volume de urina
– muitas das substâncias inicialmente filtradas, incluindo glicose, aminoácidos, bicarbonato e iões.
• Durante este processo são adicionadas à urina substâncias que necessitem de ser eliminadas – secreção tubular.
![Page 10: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/10.jpg)
Mecanismos de transporte tubularTransporte activo
• Bombas que fazem o transporte de Na+, K+, H+ e Ca2+.
• Dependem do consumo de ATP e são responsáveis pelo elevado consumo energético do rim.
• Permitem estabelecer gradientes de concentração de Na+ através da membrana celular.
(necessário para o transporte de outras substâncias)
A Na+K+-ATPase é responsável pela reabsorção de 99% da água.
![Page 11: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/11.jpg)
Mecanismos de transporte tubularTransporte passivo
• Difusão facilitada
– Transportadores de membrana
• Co-transportadores (porta)
• Permutadores de membrana (antiporta)
• Dependem do gradiente de Na+
![Page 12: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/12.jpg)
Mecanismos de transporte tubularTransporte passivo
• Difusão facilitada
Canais iónicos (Na+, Cl-, e K+)
– Proteínas que podem ser activadas por hormonas (ou inibidas por medicamentos como o amiloride)
– Muito mais rápidos a fazer o transporte do que as bombas dependentes de ATP
– Existem em muito menor quantidadeCanal epitelial de sódio
![Page 13: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/13.jpg)
Mecanismos de transporte tubularTransporte passivo
• Difusão simples através da membrana celular (Exemplos: CO2, Ureia).
• Transporte paracelular (Exemplo: Cl-).
• Depende de gradientes de concentração da substância em causa.
• O transporte pode ser efectuado no sentido dos capilares peritubulares (reabsorção) ou do túbulo (secreção).
![Page 14: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/14.jpg)
Mecanismos de transporte tubularTransporte de água
• Não há reabsorção activa de água em nenhum segmento do túbulo renal.
O transporte de água está dependente do metabolismo do sódio.
• O transporte pode se por via transcelular ou paracelular, sempre de acordo
com um gradiente osmótico.
• O transporte da água através da membrana celular é bastante rápido através
de canais próprios - Aquapurinas.
– Aquapurina 1 - células do TCP;
– Aquapurinas 2 e 3 no TC, na membrana apical e baso-lateral,
respectivamente;
– Aquapurina 2 é controlada pela ADH.
![Page 15: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/15.jpg)
Segmentos do túbulo renal
O túbulo renal é constituído por
vários segmentos diferentes do
ponto de vista morfológico e
funcional.
Túbulo proximal (pars convoluta)
![Page 16: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/16.jpg)
Tubo Contornado Proximal (TCP)Metabolismo do sódio
-70 mV
140 mEq/l 30 mEq/l
![Page 17: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/17.jpg)
Tubo Contornado Proximal (TCP)Reabsorção de cloro
• A electronegatividade do interior da célula (-70 mV)
dificulta a entrada de Cl-.
• Nos segmentos iniciais do TCP a reabsorção de cloro é
efectuada por troca com HCO3- ou formato (HCOO-).
• Nos nefrónios corticais:
– nos 2/3 distais do TCP o Cl- é reabsorvido por via
paracelular; o Na+ segue o Cl-
![Page 18: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/18.jpg)
Tubo Contornado Proximal (TCP)Reabsorção de água
60-70% da água é reabsorvida no TCP.
![Page 19: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/19.jpg)
Tubo Contornado Proximal (TCP)Reabsorção de água
• A concentração de Na+ no espaço baso-lateral fornece a força necessária para o movimento da água.– Via transcelular (aquaporina 1)– Via paracelular
• O movimento da água do espaço baso-lateral para os capilares peritubulares é governado pelas leis de Starling:– ≠ Pressão hidrostática– ≠ Pressão oncótica
• Balanço glomerulo-tubular– A pressão oncótica nos capilares peri-tubulares depende
da GFR.
Na+
H2O
>P >
Na+
Na+
Na+
Na+
Na+
H2O
H2O
![Page 20: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/20.jpg)
Tubo Contornado Proximal (TCP)Transporte de glicose, aminoácidos, fosfato e sulfato
• Co-transporte com sódio
• Transportadores específicos na membrana apical
• Transportadores saturáveis dependentes da concentração no sangue e na urina (curva Tmax)
• Transporte para o exterior da célula por transportadores específicos na membrana basal e baso-lateral (uniporta)
![Page 21: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/21.jpg)
Tubo Contornado Proximal (TCP)Reabsorção de bicarbonato
• Molécula de pequenas dimensões totalmente filtrada no glomérulo.
• Regeneração fundamental para a manutenção do equilíbrio ácido-base.
• O transporte através da membrana apical é efectuado sob a forma de CO2 (dependente da actividade da anidrase carbónica).
![Page 22: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/22.jpg)
Tubo Contornado Proximal (TCP)Reabsorção de ureia e albumina
• Albumina
– Filtrada em pequenas quantidades (propriedades MB glomerular);
– Concentração na urina final < urina na cápsula Bowman;
– Endocitose e divisão em aminoácidos no interior da célula;
– Aminoácidos transportados para o exterior da célula (uniporta).
• Ureia
– A reabsorção de H2O e Na+ aumenta a concentração de ureia no TCP.
– Difusão passiva, a favor de um gradiente de concentração.
![Page 23: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/23.jpg)
Tubo Contornado Proximal (TCP)Secreção tubular
Transportadores que fazem transporte através da membrana apical:
• Hidrogeniões– H+-ATPase (transporte activo)– Permutador de sódio/hidrogeniões (NAE)
• Bases orgânicas fortes – Creatinina– Histamina– Etc.
• Ácidos orgânicos– PAH (por permuta com HCO3-, ou Cl-)– Ácido úrico
![Page 24: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/24.jpg)
Ansa de HenleMecanismo de contra-corrente
> 20 l/dia de urina, muito diluída!...
![Page 25: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/25.jpg)
Regulação da excreção de águaTubo Contornado Distal e Tubo Colector
Ausência de ADH Presença de ADH
![Page 26: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/26.jpg)
Tubo ColectorReabsorção de ureia
• Papel da ureia como determinante osmolar
• Contributo para a osmolaridade medular
![Page 27: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/27.jpg)
Tubo ColectorAcção da aldosterona
• Absorção distal de Na+
• Eliminação de K+
• Eliminação de H+
![Page 28: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/28.jpg)
Regulação da GFR
Regulação da pressão hidrostática capilar (1)
• Mecanismo de auto-regulação:
vasoconstrição ou vasodilatação das artérias
de maior calibre, que regulam o fluxo de
sangue intra-renal.
• Dentro de limites “fisiológicos” (90-200 mmHg)
este mecanismo permite que as variações da
PA sistémica não sejam transmitidas aos
capilares glomerulares e não se reflictam na
hidrostática capilar.
• A GFR não é directamente influenciada por
variações da PA.
![Page 29: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/29.jpg)
Regulação da GFR
Regulação da pressão hidrostática capilar (2)
•Feedback tubulo-glomerular:Mecanismo de auto-regulação local dependente das
Art. Aferente e Art. Eferente de cada nefrónio.
•Depende do fluxo de urina no túbulo contornado distal
(TCD).
![Page 30: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/30.jpg)
Regulação da GFR
Regulação da pressão hidrostática capilar (3)•Feedback tubulo-glomerular:
![Page 31: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/31.jpg)
Avaliação da Função renal
Conceito de clearance renal
Volume de plasma que é depurado de uma substância que é eliminada
pelo rim / unidade de tempo (L/dia, ml/min).
A excreção renal pode ser efectuada por filtração, secreção ou ambas.
•Inulina: •Livremente filtrada pelo glomérulo•Não é metabolizada, reabsorvida ou secretada pelos túbulos•É o indicador ideal para quantificar a GFR (~125 ml/min)
•PAH: •Filtrado pelo glomerulo e secretado pelo tubulo•Utilizado para quantificar o fluxo plasmático renal (~600 ml/min)
![Page 32: Aula de Fisiologia Renal](https://reader033.vdocuments.pub/reader033/viewer/2022050710/55cf993c550346d0339c5401/html5/thumbnails/32.jpg)
Avaliação da Função Renal
Clearance da creatinina
Na prática clínica a GFR é estimada pela clearance da creatinina.(A Inulina tem de ser administrada exogenamente)
•Vantagens:
•É um constituinte normal do organismo (metabolismo da creatina muscular)•Filtrada, não reabsorvida nem metabolizada pelo rim
•Desvantagens:
•Também é excretada pelo túbulo, o que sobrestima a GFR.•Sujeita a erros na colheita da amostra de urina.
Cr
CrCr P
UC
Volume