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Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena Bacharelado em Ciências Contábeis
BALANÇO SOCIAL - INSTRUMENTO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO EM
COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS
ELIANE BETON
JUINA-MT 2009
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ELIANE BETON
BALANÇO SOCIAL - INSTRUMENTO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO EM
COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS
Monografia apresentada ao curso de graduação em Ciências Contábeis, da Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Ciências Contábeis.
Profª. Ms. Cleiva Schaurich Mativi Orientadora
JUINA-MT 2009
3
ELIANE BETON
BALANÇO SOCIAL - INSTRUMENTO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO EM
COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS
Monografia apresentada em 22 de Junho de 2009 e aprovada pela Banca Examinadora, constituída pelos professores:
__________________________________ Profª. Ms. Cleiva Schaurich Mativi
Orientadora – Presidente da Banca
__________________________________ Profª. Ms. Ahiram Cardoso Silva Lima
Componente da Banca
___________________________________ Profº. Esp. Cláudio Luis Lima dos Santos
Componente da Banca
JUINA-MT
2009
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Dedico este trabalho primeiramente a
minha família: as minhas irmãs Eliete e
Elisangela, meus pais Ovídio e Zilda, pelo
incentivo, cooperação e apoio, e aos
meus amigos por compreenderem a
minha ausência, durante a realização
deste trabalho.
5
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por ter concedido a graça de estar concluindo mais
esta etapa na minha vida.
Aos meus pais e minhas irmãs pelo carinho e apoio dedicado nesta caminhada.
A minha Professora mestre e orientadora Cleiva Schaurich Mativi pela amizade,
paciência na orientação desta monografia.
Aos amigos (as) Cláudio Luis Bang, Vilma Aparecida Santos Ribeiro, Lucilene da
Rosa e o casal Lúcia Maria Rodrigues e Osvaldo Pigari pelo apoio oferecido.
Agradeço particularmente a SICREDI UNIVALES pela ajuda de custo que recebi
durante todo o curso.
6
“O que nos falta é a capacidade de traduzir
em proposta aquilo que ilumina a nossa
inteligência e mobiliza nossos corações: a
construção de um novo mundo.”
(Herbert de Souza, o Betinho- 1935 -1997).
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RESUMO
O Balanço Social é um importante demonstrativo contábil que vem sendo adotada
por algumas empresas. A adoção desta importante ferramenta requer das
organizações um esforço no sentido de evidenciar de forma consolidada as ações
sociais e ambientais ao seu público interno e externo. O Balanço Social chama a
atenção para a promoção da vida humana, a inclusão social, a preocupação com o
meio ambiente e com o crescimento sustentável. Neste sentido o presente trabalho
pretende apresentar os procedimentos necessários para a adoção do Balanço Social
nas Cooperativas de Crédito de Livre Admissão de Associados, tendo como objetivo
geral ressaltar a importância da implantação desta peça contábil no segmento
cooperativo, e como objetivos específicos, apresentar as linhas conceituais sobre o
Balanço Social, elaborar o Balanço Social da cooperativa de crédito em estudo
seguindo os indicadores propostos pelo IBASE – Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas. No Brasil ainda não existe lei que obrigue as empresas
divulgarem o Balanço Social e nem que o regulamente, o que existe são estudos em
algumas esferas governamentais. A metodologia baseia-se na pesquisa
bibliográfica, coleta de dados através da pesquisa documental e pesquisa com
público interno da empresa estudo de caso. As ações sócio-ambientais
desenvolvidas pela cooperativa em estudo requerem maior atenção, pois não são
suficientes para sustentar a afirmação de que o Balanço Social elaborado sirva para
apresentar esta cooperativa como uma organização socialmente responsável. A
cooperativa, dentro dos seus princípios ideológicos deve posicionar-se de forma a
cumprir seu papel, atendendo as expectativas de seus membros e da sociedade.
Palavras-chave: Balanço social. Responsabilidade social. Cooperativismo.
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LISTAS DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
IBASE Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
ACI Aliança Cooperativa Internacional
AGO Assembléia Geral Ordinária
APAE Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais
BACEN Banco Central do Brasil
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BS Balanço Social
CFC Conselho Federal de Contabilidade
CVM Comissão de Valores Mobiliários
DOAR Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos
DRE Demonstração do Resultado do Exercício
DVA Demonstração do Valor Agregado
FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras
NBC T Norma Brasileira de Contabilidade Técnica
OCB Organização das Cooperativas Brasileiras
OCE Organização das Cooperativas do Estado
SESCOOP Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
SICREDI Sistema de Crédito Cooperativo
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LISTAS DE QUADROS
Quadro 1: Princípios do cooperativismo 26
Quadro 1-A: Princípios do cooperativismo 27
Quadro 2: Diferenças entre as sociedades cooperativas de crédito e os bancos 29
Quadro 3: Nova estrutura organizacional do SICREDI 30
Quadro 3-A: Nova estrutura organizacional do SICREDI 31
Quadro 4: Normas brasileiras: Balanço Social x Vertentes definidas pela
FIPECAFI
38
Quadro 5: Estrutura e modelo - Balanço Social segundo a metodologia Ibase 42
Quadro 5-A: Estrutura e modelo - Balanço Social segundo a metodologia Ibase 43
10
LISTAS DE GRÁFICOS
Gráfico 01 - Número de cooperados (as)/associados (as) na cooperativa em
31/12 (2007/2008)
48
Gráfico 02 - Número de colaboradores (as) na cooperativa em 31/12/2007 e
31/12/2008
48
Gráfico 03 - Número de cooperados (as)/associados (as) admitidos (as) x
demitidos nos períodos 2007/2008
49
Gráfico 04 - Número de colaboradores (as) admitidos (as) x demitidos (as) nos
períodos 2007/2008
49
Gráfico 05 - Número de trabalhadores (as) terceirizados (as) no período
2007/2008
50
Gráfico 06 - Número de pessoas com funções administrativas nos períodos
2007/2008
50
Gráfico 07 - Número de mulheres colaboradoras x nº.de homens
colaboradores 31/12/2007 e 31/12/2008
51
Gráfico 08 - Percentual de cargos de chefia ocupados por mulheres x ocupados
por homens 31/12/2007 e 31/12/2008
51
Gráfico 09 - Remuneração média das mulheres x remuneração média dos
homens (2007/2008)
52
Gráfico 10 - Número de negros (as) e pardos (as) e índios x brancos (as) que
trabalham na cooperativa nos períodos de 2007/2008
52
Gráfico 11 - Número de cargos de chefia ocupados por negros (as) e pardos
(as) x cargos de chefia nos períodos 2007/2008
53
Gráfico 12 - Remuneração média dos negros (as) e pardos (as) x remuneração
médias dos brancos (as) nos períodos 2007/2008
53
Gráfico 13 - Número de colaboradores portadores (as) de deficiência ou
necessidade especial em relação o número total de colaboradores (as) nos
períodos 2007/2008
54
Gráfico 14 - Perfil dos colaboradores (as) escolaridade - 2007 54
Gráfico 15 - Perfil dos colaboradores (as) escolaridade – 2008 55
Gráfico 16 - Faturamento Bruto nos períodos 2007/2008 56
Gráfico 17 - Receita sobre aplicação financeira nos períodos 2007/2008 56
11
Gráfico 18 - Total das dívidas nos períodos 2007//2008 57
Gráfico 19 - Patrimônio da Cooperativa em 31/12 (2007/2008) 57
Gráfico 20 - Patrimônio de terceiros em 31/12 (2007/2008) 58
Gráfico 21 - Impostos e contribuições em 31/12 ( 2007/2008) 58
Gráfico 22 - Folha de pagamento e encargos em 31/12 (2007/2008) 59
Gráfico 23 - Valor da quota-partes nos períodos 2007/2008 59
Gráfico 24 - Sobras ou perdas do exercício 2007/2008 60
Gráfico 25 - Valor dos fundos em 31/12 (2007/2008) 60
Gráfico 26 - Benefícios - gastos com alimentação (2007/2008) 61
Gráfico 27 - Benefícios - gastos com saúde (2007/2008) 61
Gráfico 28 - Benefícios - gastos com educação (2007/2008) 62
Gráfico 29 - Gastos com capacitação profissional (2007/2008) 63
Gráfico 30 - Gastos com capacitação em gestão cooperativa (2007/2008) 63
Gráfico 31 – Investimento em educação/cooperativa (2007/2008) 64
Gráfico 32 - Repasse de recursos subsidiados para recuperação do meio
ambiente (2007/2008)
64
Gráfico 33 - Repasse de recursos para população de baixa renda (2007/2008) 65
Gráfico 34 - Ambiental - árvores plantadas x investimentos (2007/2008) 66
Gráfico 35 - Formas de pagamento das quotas-partes (capital social) 67
Gráfico 36 - Critérios para Admissão de associados (as) 68
Gráfico 37 - Critérios para afastamento de associados (as) 68
Gráfico 38 - Destino das sobras (resultado do exercício) 69
Gráfico 39 - Apoio a outros empreendimentos cooperativos (2007/2008) 70
Gráfico 40 - Participação do associado no planejamento da cooperativa 71
Gráfico 41 - A participação dos associados (as) na busca de soluções 72
Gráfico 42 - Estímulo a educação - associados (as) e colaboradores (as) 73
Gráfico 43 - Linhas de crédito para população de baixa renda 73
Gráfico 44 - Linhas de crédito para recuperação do meio ambiente 74
Gráfico 45 - Benefícios oferecidos ao quadro funcional 75
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
1.1 Contextualização 14
1.2 Problema de pesquisa 15
1.3 Hipóteses 15
1.4 Objetivos 16
1.4.1. Objetivo geral 16
1.4.2 Objetivos específicos 16
1.5 Delimitação da pesquisa 17
1.6 Justificativa 17
1.7 Estrutura do trabalho 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO 20
2.1 Conceito de contabilidade 20
2.2 As Demonstrações Contábeis 21
2.2.1 Balanço Patrimonial 21
2.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE 22
2.2.3 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA 22
2.2.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL 23
2.2.5 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR 23
2.2.6 Demonstração do valor adicionado – DVA 24
2.2.7 Notas explicativas e quadros suplementares 24
2.3 O cooperativismo de crédito e sua história 25
2.3.1 Os princípios universais do cooperativismo 26
2.3.2 Cooperativas de crédito 27
2.3.3 Cooperativas de crédito de livre admissão de associados 29
2.3.4 SICREDI – Sistema de Crédito Cooperativo 30
2.4 A Contabilidade das sociedades cooperativas 33
2.5 Balanço Social 34
2.5.1 Surgimento do Balanço Social 35
2.5.2 Regulamentações brasileiras do Balanço Social 37
2.5.3 Responsabilidade Social 38
2.5.4 Elaboração do Balanço Social 39
13
2.6 Balanço Social e a sociedade cooperativa 40
2.7 O Balanço Social nos padrões do modelo IBASE 41
3 MÉTODOS DE PESQUISA 44
4 ANÁLISES E RESULTADOS 46
4.1 Identificação da instituição 47
4.1.1 Indicadores do corpo funcional 47
4.1.2 Indicadores econômicos 55
4.1.3 Indicadores sociais internos 61
4.1.4 Indicadores sociais externos 64
4.1.5 Resultado da pesquisa interna 66
4.1.6 Outras informações 75
4.1.7 Análise dos dados apresentados 79
4.1.8 Balanço Social IBASE 82
5 CONCLUSÃO 91
REFERÊNCIAS 93
APÊNDICES 97
ANEXOS 98
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
A contabilidade, como uma ciência que tem a finalidade de prestar
informações para atender às necessidades de planejamento, de controle e de
tomada de decisão de seus usuários internos e externos, atua em um ambiente em
que as mudanças e as informações são cada vez mais rápidas, tornando
imprescindível uma adequação a essa realidade.
O cenário econômico mundial passa por uma crise financeira internacional.
O momento exige da sociedade e das organizações uma transformação, em todos
os aspectos, principalmente no financeiro e social.
Demonstrar comprometimento social não basta, o cenário alerta que as
ações empresariais precisam ser estratégicas, tornando-se uma espécie de garantia
de sobrevivência neste mercado competitivo.
Em um cenário econômico turbulento e cheio de incertezas os bancos
retraem suas carteiras e encarecem seus produtos de crédito. Diante desse contexto
a população recorre às cooperativas de crédito em busca de menores custos
financeiros, ação que coloca o segmento em larga vantagem em relação às demais
instituições financeiras.
As Cooperativas de Crédito de Livre Admissão inseridas nesse cenário vêm
se adaptando, reduzindo custos, melhorando suas análises de crédito ou até mesmo
restringindo o crédito, porém observa-se que elas não têm deixado de atender o
quadro social, uma vez que sua gestão é participativa e os associados (as) também
são donos e por isso contam com o apoio econômico da sua empresa para produzir
e gerar renda.
O sétimo princípio cooperativista trata justamente do interesse pela
comunidade, visando o desenvolvimento sustentável da comunidade onde a
cooperativa está inserida. Enquanto as demais organizações buscam alternativas,
estudam formas de desenvolver esses recursos públicos extraídos de volta à
15
sociedade, as cooperativas têm como grande vantagem os próprios princípios
cooperativistas, os quais auxiliam na atuação junto à sociedade.
A Responsabilidade Social passa a ter um peso muito grande na classe
empresária e dos empreendedores no momento de suas tomadas de decisão, nas
soluções de seus problemas e na exploração de novas oportunidades.
Diante disso, as empresas vêm se preocupando em incorporar nos seus
negócios a prática da Responsabilidade Social, visto que seus
clientes/consumidores estão atentos a essas atitudes, sendo isso mais um fator de
decisão no momento da compra.
O Balanço Social é um instrumento de Responsabilidade Social e através
dele, as empresas têm demonstrado e divulgado suas ações sociais, ambientais e a
cidadania empresarial à sociedade, tornando sua imagem melhor aceita. Ele é um
importante objeto de estudo, pois é algo novo e está mudando o antigo conceito dos
administradores no modo de se relacionar com a sociedade e o meio ambiente.
Neste contexto, o cooperativismo como doutrina e alternativa de organização
social/empresarial, desenvolveu-se como uma forma democrática de geração de
emprego e renda diante das desigualdades existentes ao longo dos séculos.
Posicionando-se como organismo social e econômico, as Cooperativas de Crédito
de Livre Admissão passaram a assumir obrigações de retorno financeiro em
atendimento as expectativas de seus membros como também da sociedade.
1.2 Problema de pesquisa
Como a utilização do Balanço Social pode contribuir para a evidenciação da
Responsabilidade Social nas Cooperativas de Crédito de Livre Admissão de
Associados?
1.3 Hipóteses
16
Segundo Silva (2008, p.48) “a hipóteses não é a certeza da resposta à
pesquisa, pois se assim o fosse não seria necessário realizar pesquisa”. Para
responder a questão do trabalho são desenvolvidas as seguintes hipóteses:
• O Balanço social nos padrões IBASE é uma modelo flexível que pode ser
adaptado a realidade de cada empresa.
• O Balanço Social é um instrumento que leva ao público interno e externo as ações
sociais e ambientais desenvolvidas pelas organizações.
• O Balanço Social serve de subsídio para realinhamento do planejamento
estratégico das organizações.
1.4 Objetivos
“Os objetivos demonstram quais são as metas que se pretende alcançar
com o estágio”. (CRUZ, 2006, p.111).
1.4.1. Objetivo geral
Ressaltar a importância de uma Cooperativa de Crédito de Livre Admissão
de Associados implantar o Balanço Social como instrumento de Responsabilidade
Social.
1.4.2 Objetivos específicos
• Apresentar as linhas conceituais sobre Balanço Social nas Cooperativas de
Crédito de Livre Admissão com base nos requisitos do IBASE - Instituto Brasileiro
de Análises Sociais e Econômicas;
17
• Elaborar o Balanço Social 2007/2008 da cooperativa em estudo, seguindo os
indicadores propostos pelo IBASE e com base nos dados coletados no estudo de
caso;
• Evidenciar a Responsabilidade Social em Cooperativas de Crédito de Crédito de
Livre Admissão através do Balanço Social.
1.5 Delimitação da pesquisa
Evidenciar o Balanço Social como instrumento de integração entre os
aspectos econômico e sócio-ambiental em Cooperativa de Crédito de Livre
Admissão de Associados.
1.6 Justificativa
O movimento pela prática da Responsabilidade Social no Brasil e no mundo
avançou. Observa-se que o tema vem ganhando espaço nos meios de comunicação
e em seminários, visando incentivar a criação e prática deste conceito na classe
empresarial.
É perceptível o interesse de que o Balanço Social seja reconhecido como
um documento credível e verificável que traz um diferencial para a imagem da
empresa e que vem sendo cada vez mais valorizado por investidores e
consumidores no Brasil e no mundo. Verifica-se que é necessário conceder ao
Balanço Social a mesma credibilidade que é concedida as demonstrações
econômicas e financeiras tradicionalmente divulgadas pelas empresas.
O tema escolhido para este trabalho: “Balanço Social - Instrumento de
Responsabilidade Social”, ainda é muito novo e em virtude disso há uma escassa
bibliografia a respeito, mas o assunto vem se destacando gradativamente no mundo
empresarial, numa etapa histórica da evolução da sociedade em que situar-se
favoravelmente no aspecto social e ambiental é essencial para que as empresas
modernas se mantenham no mercado.
18
Diante do exposto tornou-se interessante estudar uma proposta de Balanço
Social para as Cooperativas de Crédito de Livre Admissão de Associados, que
possa contribuir de maneira positiva na conciliação entre o econômico e o social.
A criação do modelo de organização cooperativista quebrou paradigmas
existentes em relação ao capital e a forma como este se distribui na sociedade. No
cooperativismo inexiste a figura do “eu”, ou seja, ninguém obtém resultado “lucro”
sozinho ao explorar qualquer atividade econômica. Há sim uma democratização
deste capital, colocado à disposição de todos que optarem pela forma de
organização cooperativista.
O Balanço Social vem proporcionando importantes discussões para debater
e pautar várias questões, principalmente sobre o acesso ao mundo do trabalho, os
direitos das mulheres, a inclusão social e as questões ambientais, tornando-se
assim uma ferramenta importante nas Sociedades Cooperativas de Crédito de Livre
Admissão de Associados e demais ramos, porque além dos dados financeiros da
cooperativa também serão levados em assembléia à prestação de contas das ações
sociais e ambientais desenvolvidas durante os exercícios.
1.7 Estrutura do trabalho
O trabalho foi apresentado em cinco seções.
Na seção um, foi apresentada uma visão geral e a relevância do estudo,
definindo-se a contextualização, hipóteses, problema de pesquisa, objetivos,
delimitações da pesquisa e justificativa.
A seção dois consistiu na fundamentação teórica sobre o conceito de
contabilidade, demonstrações contábeis, cooperativismo de crédito e sua história, a
contabilidade das sociedades cooperativas, balanço social, balanço social e a
sociedade cooperativa, balanço social nos padrões do modelo Instituto Brasileiro de
Análise Social Econômica.
Na seção três tratou sobre a metodologia da pesquisa.
A seção quatro apresentou os dados coletados suas análises e o Balanço
Social elaborado através dos dados coletados no estudo de caso.
20
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Conceito de contabilidade
A contabilidade é um importante instrumento que fornece dados para a
elaboração das demonstrações contábeis os quais servem de apoio à gestão.
Franco (1997, p. 21) afirma:
Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração, expositiva, a análise e a interpretação desses fatos, com o fim de oferecer informações e orientação necessárias à tomada de decisões sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.
Percebe-se que a contabilidade é regida sob normas próprias na
particularidade de cada segmento empresarial e através de um sistema organizado
de informações mantém os registros e os controles destas, com o objetivo de
fornecer aos seus usuários dados para tomada de decisões.
2.1.1 Campo de atuação da contabilidade
Sendo uma ciência, a contabilidade tem um campo de atuação, onde são
aplicados seus princípios e suas teorias. O mesmo abrange todas as entidades
econômico-administrativas. “A contabilidade pode ser estudada de modo geral (para
todas as empresas) ou em particular (aplicada em certo ramo de atividade ou setor
da economia)”. (MARION 1998, p. 24)
Iudícibus (1998, p. 21) comenta sobre os campos de atuação da
contabilidade:
A contabilidade, na qualidade de ciência aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município, União, Autarquia etc., tem um campo de atuação circunscrito às entidades supramencionadas, o que equivale a dizer muito amplo.
21
Desta forma verifica-se que a contabilidade atua em entidades públicas ou
privadas em que serão aplicados seus princípios para geração e utilização de
informações patrimoniais, econômicas e financeiras.
2.2 As demonstrações contábeis
Norteadas por diversas normas e órgãos reguladores, as cooperativas
elaboram suas demonstrações para oferecer peças consistentes para análises e
posterior tomada de decisão.
Santos; Gouveia; Vieira (2008, p.110) citam:
A norma Brasileira de Contabilidade (NBC) T-3 de 1990 (e posteriores alterações) – deu orientações sobre o conceito, conteúdo, estrutura e nomenclatura das Demonstrações Contábeis para sociedades de capital, e as cooperativas [...]. Em 2001 e 2002 o CFC aprovou, respectivamente, as NBCT 10.8, que trata dos aspectos contábeis específicos de sociedades cooperativas, [...]. As demonstrações contábeis, dessa forma, se apresentam sob nomenclatura própria, obedecendo à sua caracterização peculiar.
Os demonstrativos contábeis são elaborados de acordo com as
necessidades dos usuários e possuem monenclatura própria e peculiar.
2.2.1 Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é uma das peças contábeis mais tradicionais dentro
das organizações, a qual dá subsidio para seus usuários analisarem a situação
patrimonial e financeira da empresa.
Segundo a Norma Brasileira de Contabilidade - NBC T 3.2 é assim definido:
“O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar,
quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, a posição patrimonial e
financeira da Entidade”.
De acordo com a legislação, sua composição e forma de apresentação
devem seguir o que reza o artigo 178 da Lei 6.404/76 e seguir a estrutura e
monenclatura NBC T 3.2. “O Balanço Patrimonial é a mais importante relatório
22
gerado pela contabilidade. Através dele pode-se identificar a saúde financeira e
econômica da empresa no fim do ano ou em qualquer data prefixada”. (MARION
1998, p. 46)
Silva (2007, p.27) contribui descrevendo:
O Balanço Patrimonial, conforme estabelecem os artigos 178 a 185 da LSA, deve representar de forma quantitativa e qualitativa a posição financeira e patrimonial da empresa, a qual é composta por bens, direito e obrigações em um determinado momento. [...].
Desta forma nota-se que o balanço patrimonial é uma importante peça
contábil a qual tem como objetivo apresentar informações para tomada de decisões.
2.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE
Esta peça contábil tem como objetivo principal evidenciar de forma ordenada
as receitas e despesas em determinado período, de uma forma dedutiva informa os
sócios o resultado do período (lucro ou prejuízo). “A Demonstração do Resultado
do Exercício é a apresentação, em forma resumida, das operações realizadas pela
empresa, durante o exercício social, demonstradas de forma a destacar o resultado
líquido do período”. (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE 2007, p. 356).
O artigo 187 da Lei 6.404/76 estabelece que na apuração do resultado do
exercício sejam computadas, “as receitas e os rendimentos ganhos no período,
independente de sua realização em moeda; e os custos e despesas, encargos e
perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos”.
A NBC T 3.3 orienta:
3.3.1.1 – A demonstração do resultado é a demonstração contábil destinada a evidenciar a composição do resultado formado num determinado período de operações da Entidade. 3.3.1.2 – A demonstração do resultado, observado o princípio de competência, evidenciará a formação dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as receitas, e os correspondentes custos e despesas.
2.2.3 Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA
23
Na Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA é registrada
as movimentações da conta de lucros ou prejuízo acumulado as quais compõe o
Patrimônio Liquido.
Segundo Iudícibus (1998, p. 148):
As causas e os efeitos, dos registros e do saldo, da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, são de grande importância para as pessoas interessadas na empresa. Mostram as retenções de Lucros, as distribuições de Lucros aos sócios, os ajustes de exercícios anteriores, saldos ainda não destinados etc.
Essa demonstração é muito útil, porque através dela os gestores da
empresa podem analisar todas as movimentações ocorridas nas contas de lucro ou
prejuízo acumulado durante determinado período.
2.2.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido tem como objetivo
fornecer dados sobre as modificações ocorridas no Patrimônio Líquido durante
determinado período
Segundo Iudícibus (1998, p. 149):
A elaboração dessa demonstração é facultativa para a maioria das companhias e, quando apresentada, substitui a obrigatoriedade da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados. É obrigatória para companhias abertas, instituições financeiras, seguradoras e algumas outras empresas. [...] informa resumidamente toda a movimentação ocorrida com as contas integrantes do Patrimônio Líquido, com base no saldo inicial do exercício conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, a Demonstração do que ocorreu com as demais contas do Patrimônio Líquido [...]
Essa demonstração é muito útil, através dela os gestores podem analisar
como e por que as contas do Patrimônio Líquido foram modificadas no período.
2.2.5 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR
A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos é um fluxo
financeiro que amplia a utilidade das demonstrações contábeis, evidenciando a
24
origem dos recursos e onde os mesmos foram aplicados. “A DOAR procura
evidenciar as origens de recursos que ampliam a folga financeira de curto prazo
(capital circulante líquido – CCL) e as aplicações que consomem essa folga”.
(SANTOS; GOUVEIA; VIEIRA, 2008, p. 98) e segundo o artigo 188 da Lei 6.404/76
a estrutura da DOAR deve ser embasada na NBC T 3.6.
A Lei 11.638/07, promulgada em 28 de dezembro de 2007 que entrou em
vigor em primeiro de janeiro de 2008, cujo principal objetivo é revogar e alterar as
regras contábeis. A lei nº. 11.638/07 trouxe algumas mudanças em relação à lei das
sociedades por ações (Lei nº. 6.404/76), tais como: substituição da demonstração
das origens e aplicações de recursos (DOAR), pela demonstração do fluxo de caixa
(Lei 11.638/07, art. 176, IV).
2.2.6 Demonstração do valor adicionado – DVA
A Demonstração do Valor Adicionado é uma peça contábil que visa
demonstrar o valor da riqueza gerada pela empresa e como esta foi distribuída num
determinado período.
Segundo Kroetz (2000, p. 40):
A DVA é na realidade é a diferença entre os recursos consumidos que a organização adquiriu de terceiros e o que ela produziu, ou seja, representa o que foi agregado de valor ao produto/serviço (riqueza gerada), dentro de seu ciclo operacional. Demonstrando, ainda, sua distribuição para empregados, governo, financiadores, acionistas/ sócios, etc.
Nota-se que esta demonstração contábil é destinada a evidenciar, de forma
concisa, os dados e as informações do valor da riqueza gerada pela entidade em
determinado período e sua distribuição.
2.2.7 Notas explicativas e quadros suplementares
As notas explicativas têm como finalidade explicar detalhadamente as
informações numéricas contidas nas demonstrações financeiras, tais como Balanço
Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício entre outras.
25
Padoveze (2004, p. 388) afirma:
A finalidade das Notas Explicativas é proporcionar aos usuários perfeito entendimento dos relatórios básicos numéricos já apresentados, com informações de caráter descritivo, informando os principais critérios, e eventuais modificações, que foram utilizados na elaboração dos relatórios contábeis.
Iudícibus (2006, p. 127-128) sugeriu que:
[...] nos quadros suplementares podemos apresentar detalhes de itens que constam dos demonstrativos tradicionais e que não seriam cabíveis no corpo destes. [...] Algumas vezes, como dissemos, quadros suplementares estão contidos nas próprias notas explicativas [...].
Percebe-se que o objetivo dos quadros suplementares é de
complementarem de forma detalhada os itens que não foram evidenciados no corpo
das demonstrações financeiras, facilitando a visualização e interpretação de seus
usuários.
2.3 O cooperativismo de crédito e sua história
Como bem descreve Santos; Gouveia; Vieira (2008, p.01): “A expressão
“cooperativismo” origina-se da palavra “cooperação”; oriunda do latim “cooperari”,
que significa “operar conjuntamente”. Daí a idéia de prestar ajuda, auxilio em prol da
sociedade como um todo.”
Neste entendimento a cooperação pode ocorrer de forma espontânea,
informal e esporádica, como é o caso dos mutirões. Contudo, alguns grupos se
organizam com a prática intencional de formar uma sociedade cooperativa para
satisfazer suas necessidades, temos assim a cooperação cooperativista.
Becho (2005, p. 91) escreve:
O cooperativismo surge com a necessidade do homem de unir-se para solucionar alguns dos seus problemas comuns. Essa necessidade já havia sido identificada na Antiguidade, acompanhando o homem em sua evolução histórica.
As idéias cooperativistas no Brasil em grande parte foram constituídas à
imagem e semelhança das cooperativas européias e da América do Norte.
Santos; Gouveia; Vieira (2008, p. 2) relata o movimento dos pioneiros
ocorrido em 1844:
Foi no movimento dos Pioneiros de Rochdale (1844) que o cooperativismo encontrou forma e consistência até chegar aos dias atuais. Em Rochdale, Manchester, Inglaterra, 28 tecelões fundaram a Sociedade dos Probos
26
Pioneiros de Rochdale depois de economizarem durante um ano uma libra cada um.
Os autores acrescentam ainda sobre a luta dos Rochdale:
Essas pessoas buscavam uma alternativa à exploração que sofriam sob o sistema capitalista, sobretudo em meio à Revolução Industrial (longas jornadas de trabalho sob condições desumanas, em que mulheres e crianças trabalhavam exaustivamente e com salários baixos).
Neste contexto observa-se que o empenho e a luta dos pioneiros de
Rochdale servem de exemplo e incentivo às pessoas até hoje.
2.3.1 Os princípios universais do cooperativismo
As cooperativas foram criadas sob alguns princípios e estes são os que as
mantém e garantem o crescimento das mesmas e de seus cooperados
(as)/associados (as).
Segundo Santos; Gouveia; Vieira (2008, p.2) “Em Rochdale, os Probos
Pioneiros firmaram regras para o funcionamento de sua cooperativa que
estabeleceram o procedente para o arranjo do movimento cooperativista em todo o
mundo”. O autor complementa afirmando que os princípios que norteiam o
cooperativismo hoje são sete, e foram definidos pela Aliança Cooperativa
Internacional - ACI e revistos no Congresso Centenário da ACI em 1995, os quais
expressam uma doutrina, que tem o objetivo de servir de linha orientadora, através
dos quais as cooperativas levam à prática os seus valores.
1º Adesão voluntária e livre
As cooperativas são organizações voluntárias, abertas à todas as pessoas aptas a utilizar seus serviços e dispostos a assumir suas responsabilidades de ser sócias, sem discriminação política, religiosa, racial ou de sexo.
2º Gestão democrática
As cooperativas são organizações geridas democraticamente por seus sócios, que participam ativamente na formulação de políticas e na tomada de decisões.
3º Participação econômica dos sócios
Os sócios contribuem equitativamente para o capital de suas cooperativas e o gerem democraticamente. Ao menos uma parte é, por regra geral, proprietário comum da cooperativa.
Quadro 01 : Princípios do cooperativismo Fonte: COOPERATIVISMO... (2008, p. 38)
27
4º Autonomia e independência
As cooperativas são organizações autônomas de ajuda mútua, geridas por seus sócios. Firmam acordos com outras organizações, incluindo governos, ou se conseguirem capital de fontes externas, o fazem em condições que assegurem o controle democrática por parte de seus sócios e que mantenham sua autonomia cooperativa.
5º Educação, formação e informação
As cooperativas proporcionam educação e formação aos sócios, aos representantes eleitos, aos diretores e aos colaboradores para que esses possam contribuir de forma eficaz para o desenvolvimento delas. Informam ao grande público, especialmente aos jovens e aos lideres de opinião, sobre a natureza e os benefícios da cooperação.
6º Intercooperação
As cooperativas servem de forma mais eficaz os seus sócios e dão mais força ao movimento cooperativo trabalhando em conjunto por meio das estruturas locais, regionais, nacionais, e internacional.
7º Interesse pela comunidade Ao mesmo tempo em que se focam nas necessidades e desejos de seus sócios, as cooperativas trabalham para conseguir o desenvolvimento sustentado de suas comunidades, segundo critérios aprovados pelos sócios.
Quadro 01-A : Princípios do cooperativismo Fonte: COOPERATIVISMO... (2008, p. 38)
2.3.2 Cooperativas de crédito
Dentre os diversos ramos do cooperativismo escolhe-se o ramo crédito por
se tratar do estudo de caso deste trabalho em específico.
As primeiras Cooperativas de Crédito foram organizadas na Europa,
principalmente na Alemanha. A idéia no princípio era de proporcionar melhorias na
qualidade de vida das pessoas que trabalham no campo.
Polonio (2004, p. 70) cita:
A cooperativa de crédito surgiu por volta de 1850, na Alemanha, com finalidades especialmente voltadas às pessoas que desenvolviam a atividade rural. Posteriormente, passaram a surgir também para atender a associados da área urbana.
Bittencourt (2001, p. 31) afirma:
No Brasil, o cooperativismo de crédito surgiu no inicio do Século XX, trazido pelos imigrantes alemães e italianos. Eles implantaram um sistema de crédito cooperativo nos moldes das organizações que existiam em suas cidades e vilas de origem, na tentativa de resolver seus problemas de crédito, produção e consumo.
Entende-se que o cooperativismo brasileiro surgiu da experiência de
imigrantes alemães e italianos.
28
O papel das cooperativas de crédito na sociedade é de captar recursos para
atender as necessidades financeiras de seu quadro social além da prestação de
serviços, buscando o desenvolvimento econômico e social.
Schardong (2002, p. 84):
A cooperativa de Crédito, enquanto espécie do gênero “cooperativo”, objetivo promover a captação de recursos financeiros para financiar as atividades econômicas dos cooperados, a administração das suas poupanças e a prestação dos serviços de natureza bancária por eles demandada.
No ano de 1902, em reunião organizada pelo Padre Theodoro Amstad e
algumas lideranças foi fundada a primeira Cooperativa de Crédito Rural da América
Latina. A partir desta iniciativa outras organizações de crédito foram criadas no Rio
Grande do Sul e Sudoeste do País.
Neste sentido tem-se a contribuição do Cooperativismo... (2008, p.10):
A primeira cooperativa de crédito brasileira foi criada em 1902 em uma reunião do Sindicato Agrícola Bauerverein, coordenada pelo padre Amstad. No dia 28 de dezembro de 1902, em Nova Petrópolis, um grupo de 20 sócios aprovou o estatuto da Sparkasse Amstad (Caixa de Economia e Empréstimos, também conhecida como Caixa Rural), origem da atual SICREDI Pioneira RS. A experiência de constituição de cooperativa de crédito tem mais de 100 anos no Brasil.
Observa-se que a cooperativas são equiparadas as instituições financeiras
uma vez que prestam serviços bancários.
Polonio (2004, p. 70) ajuda a esclarecer o assunto:
[...] embora equiparadas a instituições financeiras, passaram a atuar como alternativa às instituições do sistema financeiro convencional, visto que podem conceder a seus cooperados empréstimos com juros menores do que os cobrados no mercado financeiro, além de maior prazo para pagamento. [...].
Entende-se desta forma que pela razão de serem fiscalizadas também pelo
Banco Central do Brasil - BACEN e prestarem serviços bancários levam-se as
pessoas de um modo geral a chamá-las de banco.
Meinen; Domingues; Domingues, (2002, p.16), ajudam a esclarecer:
As cooperativas de crédito, além da circunstância de serem autorizadas a funcionar e fiscalizar pelo Banco Central do Brasil tem em comum com o sistema bancário tradicional apenas o nome de alguns produtos que oferecem e de alguns serviços que prestam. E isso em razão da unidade da fonte normativa. Por tais razões, são tidas como instituições financeiras por equiparação. Ademais, tudo é colossais diferenças.
Para evitar que se confundam as cooperativas de crédito com os bancos,
importa ressaltar a diferença entre eles. O quadro a seguir evidencia as principais
diferenças entre os bancos e as cooperativas de crédito.
29
1. Bancos 2. Cooperativas de Crédito a) são sociedades de capital a) são sociedades de pessoas b) o poder é exercido na proporção do número de ações.
b) o voto tem peso igual para todos (uma pessoa, um voto)
c) as deliberações são concentradas. c) as decisões são partilhadas entre muitos. d) o administrador é um 3º (homem do mercado).
d) o administrador é do meio (cooperativo).
e) o usuário das operações é mero cliente. e) o usuário é o próprio dono (cooperativado). f) o usuário não exerce qualquer influência na definição do preço dos produtos.
f) toda a política operacional é decidida pelos próprios usuários donos (cooperativados).
g) podem tratar distintamente cada usuário. g) não podem distinguir: o que vale para um, vale para todos ( art. 37 da Lei n. 5.764/71).
h) preferem o grande poupador e as maiores corporações.
h) não discriminam, voltando-se mais para os menos abastados.
i) priorizam os grandes centros. i) não restringem, tendo forte atuação nas comunidades mais remotas.
j) têm propósitos mercantilistas. j) a mercancia não é cogitada (art. 79, parágrafo único, da Lei n. 5.764/71).
l) atendem em massa, priorizando, ademais, o auto-serviço.
l) o preço das operações e dos serviços visa à cobertura de custos ( taxa de administração)
m) não têm vínculo com a comunidade e o público-alvo.
m) o relacionamento é personalizado/individual, com o apoio da informática.
n) avançam pela competição. n) desenvolvem-se pela cooperação o) visam ao lucro por excelência. o) o lucro está fora do seu objeto (art. 3º da Lei
5.764/71). q) o resultado é de poucos donos (nada é dividido com os clientes).
q) são reguladas pela Lei Cooperativista.
p) no plano societário, são regulados pela Lei das Sociedades Anônimas.
p) o excedente (sobras) é distribuído entre todos (usuários), na proporção das operações individuais, reduzindo ainda mais o preço final pago pelos cooperativados.
Quadro 02 - Diferenças entre as sociedades cooperativas de crédito e os bancos Fonte: Krueger (2004, p.145)
2.3.3 Cooperativas de crédito de livre admissão de associados
No site do SICREDI, consta que a Resolução n° 3.106/03 “torna o
cooperativismo de crédito ainda mais acessível à comunidade, dispensando a
exigência de vínculo profissional ou de ramo de atividade econômica”. Revoga as
Resoluções 2.771/00 e 3.058/02, permitindo no seu Capitulo II Artigo 6º a livre
admissão seguindo alguns critérios estatutários:
De acordo com esta resolução as cooperativas de crédito estão autorizadas
a admitirem:
IV – pequenos empresários microempresários ou microempreendedores, responsáveis por negócios de natureza industrial, comercial ou de prestação de serviços, incluídas as atividades da área rural objeto do inciso III, [...].
Observa-se que o inciso IV da resolução 3.106/03 é o que dá maior abertura
de trabalho as cooperativas de crédito, permitindo que elas adentrem no público
30
urbano, que anteriormente a esta resolução estavam restritas ao público dos
produtores rurais e atividades afins.
2.3.3 SICREDI – Sistema de Crédito Cooperativo
As cooperativas de crédito se organizaram em sistema em busca de
fortalecimento, e como rede se torna mais competitiva no mercado. Vantagens
essas que se evidenciam no site da instituição que trata sobre o assunto Missão e
Valores do SICREDI.
COOPERATIVISMO... (2008, p. 64) contribui:
As cooperativas de crédito que integram o SICREDI formam uma rede de atendimento aos seus associados e ainda contam com o auxílio de empresas corporativas que atuam com a função principal de oferecer apoio técnico e maior especialização ao negócio. São empresas que garantem serviços especializados e produtos de qualidade, além de ganhos de escala para a atividade. Todos unidos por uma marca forte.
Sendo a missão, a razão de existir do SICREDI tem-se. “Como sistema
cooperativo, valorizar o relacionamento, oferecer soluções financeiras para agregar
renda e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos associados e da
sociedade”. (COOPERATIVISMO... 2008, p. 123)
Segundo SICREDI... (2009), a estrutura societária do SICREDI mudou e
essas mudanças fazem parte do Projeto de Revisão e Padronização Organizacional
(PRPO) as quais foram formalizadas nas Assembléias Gerais de 31 de março de
2009.
Em forma de quadro descreve-se a função das principais entidades que
compõe a nova estrutura do SICREDI.
Associados Os donos do negócio
Cooperativas de Crédito Singulares
As cooperativas são constituídas pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas e, excepcionalmente, por pessoas jurídicas. Caracteriza-se pela associação de pessoas que se organizam para satisfazer suas necessidades econômicas, sociais e culturais, mediante a cooperação mútua dessas na execução dos negócios. Com a reforma estatutária das cooperativas, os associados terão uma participação mais efetiva na gestão e no desenvolvimento do negócio através dos Programas Crescer e Pertencer. Os assuntos referentes ao processo assemblear passam a ser discutidos em grupos menores de associados, e a decisão de cada núcleo será levada a Assembléia Geral da Cooperativa pelo seu representante. A estrutura de capital da SICREDI Participações S.A. é formada pelas cooperativas de crédito singulares e centrais integrantes do Sistema.
Quadro 03: Nova estrutura organizacional do SICREDI Fonte: COOPERATIVISMO... (2008); SICREDI... (2009)
31
Cooperativas Centrais de Crédito
É constituída por, no mínimo, 03 (três) cooperativas singulares. Visam a organização em comum e em maior escala das atividades econômicas e sociais das filiadas (cooperativas singulares).
Na nova estrutura organizacional do SICREDI as decisões estratégicas e os objetivos sistêmicos, depois de deliberados e aprovados pelas cooperativas e registrados por seu representante legal no Conselho de Administração da SICREDI Participações S. A., são formalizados, ampliando significativamente o papel das centrais, uma vez que os seus presidentes também irão compor esse conselho.
SICREDI Participações S.A.
A SICREDI Participações S.A. foi constituída para propiciar a participação direta e formal das 130 cooperativas de crédito na gestão corporativa e, ao mesmo tempo, para dar aos órgãos de regulamentação, aos grandes fundos de investimento e às demais instituições financeiras que operam em nível nacional e internacional maior transparência na estrutura de governança do SICREDI.
Banco Cooperativo SICREDI
Compete atuar como instrumento das cooperativas de crédito para acessar o mercado financeiro e programas especiais de financiamentos, administrar em escala os recursos do Sistema e desenvolver produtos corporativos e políticos de comunicação.
Confederação SICREDI
É formada pelo conjunto de Centrais Cooperativas e é a entidade responsável pela representação institucional do Sistema, atendendo às demandas jurídico-normativas, tecnológicas e de políticas corporativas de supervisão, gestão de pessoas e expansão.
Fundação SICREDI
A Fundação SICREDI tem como objetivo estruturar, desenvolver e coordenar programas de educação que promovam o cooperativismo de crédito e a formação de associados.
Corretora de Seguros
É responsável por oferecer, através das cooperativas de crédito, soluções em produtos de seguros aos associados.
Administradora de Cartões
Oferece, por meio das cooperativas de crédito, soluções em meios eletrônicos de pagamento aos associados.
Administradora de Consórcios
É responsável por oferecer, por meio das cooperativas de crédito, soluções em consórcios aos associados.
Quadro 03-A: Nova estrutura organizacional do SICREDI Fonte: COOPERATIVISMO... (2008); SICREDI... (2009)
Apresenta-se em organograma para melhor visualização:
32
Figura 01: Nova Estrutura Organizacional do SICREDI Fonte: SICREDI... (2009, p. 7) O SICREDI... (2009, p. 8) afirma ainda sobre esta nova estrutura:
Todo esse conjunto de mudanças visa exclusivamente à perenidade do empreendimento dos associados, à melhoria na qualidade dos produtos e serviços e ao aumento no volume das operações para atender às demandas do quadro social. Num segundo momento haverá consolidação do Balanço de todo o Sistema, permitindo a apreciação e aferição da estrutura financeira do SICREDI.
Observa-se que as mudanças acontecem com objetivo de melhorar algo, e
neste caso o foco é atender melhor o (a) cooperado (a)/associado (a) e consolidar
as demonstrações contábeis das cooperativas que compõe o sistema. .
A partir desse modelo, será mais simples explicar a estrutura do Sistema. “ SICREDI compreende o conjunto de 130 cooperativas de crédito singulares e suas respectivas centrais, acionistas da SICREDI Participações S.A. , bem como empresas e entidades por estas controladas, que atuam no mercado sob a marca SICREDI e adotam padrão operacional único.
33
Diante de todo o contexto, é perceptível o crescimento do SICREDI no Brasil
e o quanto ele vem se consolidando como uma marca forte dentro do segmento
cooperativo.
2.4 A Contabilidade das sociedades cooperativas
A fonte de poder soberano na organização cooperativa reside em seus
cooperados (as)/associados (as), e esse poder é atribuído primordialmente a sua
condição de proprietários/donos da empresa. Para administrar e acompanhar essa
empresa, os sócios necessitam da contabilidade, que é fonte de informações para o
quadro social e demais usuários e na sua particularidade faz-se necessário uma
norma contábil específica para nortear os procedimentos.
Mem [S.d.] contribui com o assunto questionando:
Mas qual a razão das sociedades cooperativas merecerem um tratamento contábil específico ou diferenciado das demais sociedades mercantis? Talvez a mais forte justificativa esteja na característica constitucional própria, conforme traz o art. 4 da lei 5.764 de 16/12/1971, em que cooperativas são sociedades de pessoas e não de capital. [...] não objetiva lucros, transferindo este objetivo às pessoas físicas associadas que buscam em comum melhores resultados para suas diferentes atividades, [...] .
Mem [S.d.] continua, afirmando que a sociedade cooperativista esperou
muitos anos por este tratamento diferenciado:
[...] cerca de 18 anos se passaram e de várias tentativas para que as sociedades cooperativas tivessem tratamento contábil diferenciado das demais sociedades, foram publicadas pelo CFC – Conselho Federal de Contabilidade, as resoluções n°s. 920 de 19/12/2001 e 944 de 30/08/2002, editando respectivamente a NBC T (Normas Brasileiras de Contabilidade) 10.8 – Entidades Cooperativas [...].
A contabilidade nas sociedades cooperativas é norteada por diversas
entidades e órgãos regulamentadores e fiscalizadores, destacando-se a lei 5.764/71.
Santos; Gouveia; Vieira (2008, p. 107) afirmam:
Lei nº. 5.764/71: atualmente, regulamenta as cooperativas no Brasil. Portanto, define aspectos das operações das sociedades cooperativas e seu tratamento contábil com relação à constituição de reservas obrigatórias, formação do capital social, rateio de despesas, destinação dos resultados, entre outros.
34
É importante ressaltar que o Conselho Federal de Contabilidade, órgão
máximo de normatização e fiscalização do exercício profissional da contabilidade
possui resoluções que disciplinam a contabilidade para este setor específico.
Neste sentido Santos; Gouveia; Vieira (2008, p.107) destacam:
Conselho Federal de Contabilidade (CFC): autarquia corporativista que tem por objetivo orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil. De interesse para as sociedades cooperativas destacam-se as Resoluções CFC nº. 920/01 e nº944/02, que aprovam, respectivamente, as NBC T 10.8 (aspectos contábeis de sociedades cooperativas) [...].
Em relação à legislação tributária para este segmento afirmam:
Legislação Tributária: a legislação tributária prescreve uma série de normas que dizem como devem ser contabilizados os fatos contábeis que afetam a apuração dos tributos e facilitem a fiscalização por partes dos órgãos públicos. [...].
Além das entidades citadas anteriormente, as cooperativas possuem outros
agentes regulamentadores.
Santos; Gouveia; Vieira (2008, p.107) descrevem:
[...] determinadas cooperativas devem obedecer também a órgãos fiscalizadores e regulamentadores específicos, que normatizam tanto o processo contábil quanto o plano de contas de determinadas cooperativas, [...]. Fora a regulamentação de cooperativas específicas, há as Resoluções do Conselho Nacional do Cooperativismo (CNC), que orientam entre outros, algumas práticas contábeis das cooperativas; e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Lei nº. 6.404/76 que, apesar de serem como guia para as práticas contábeis e trazem inovações importantes para as práticas contábeis para o todo tipo de sociedade de capital. OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras: todo o sistema OCB (OCB, SESCOOP, OCE’s) recomenda práticas gerenciais e contábeis para as sociedades cooperativas.
Diante da complexidade das informações que as cooperativas devem
fornecer aos cooperados/associados em assembléia, justifica-se o tratamento
especifico que é dado a elas.
2.5 Balanço Social
O Balanço Social é um instrumento de responsabilidade social e através
dele, as organizações vêm divulgando suas ações sociais e ambientais, tornando
sua imagem melhor aceita pela sociedade.
35
Sá apud Kroetz (2000, p. 55) cita: “Balanço Social representa a expressão
de uma prestação de contas da empresa à sociedade em face de sua
responsabilidade para com a mesma”.
Tinoco (2008, p. 34) escreve sobre o objetivo do Balanço Social:
O Balanço Social tem por objetivo ser eqüitativo e comunicar informação que satisfaça à necessidade de quem dela precisa. Essa é a missão da Contabilidade, como ciência de reportar informação contábil, financeira, econômica, social, física, de produtividade e de qualidade.
Desta forma o Balanço Social tem como objetivo fazer a interação entre o
econômico e o social utilizando-se das informações contábeis para elaborar e
evidenciar as ações desenvolvidas na comunidade.
Instituto ... [2009?] afirma:
O balanço social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa.
Observa-se que o Balanço Social vem complementar os tradicionais
demonstrativos financeiros, o qual também é publicado anualmente e é destinado ao
público interno e externo em conjunto com as demais publicações.
2.5.1 Surgimento do Balanço Social
Foi a partir dos anos 60 e 70 nos Estados Unidos da América e na Europa
particularmente na França, Alemanha e Inglaterra que as empresas deram início a
divulgação dos relatórios sociais em virtude de cobranças da sociedade.
Kroetz (2000, p. 55) relata alguns fatos importantes que ocorreram na
década de 70 acerca de empresas precursoras do Balanço Social:
Na realidade, americanos, europeus e latino-americanos, desde o final da década de 70, desenvolveram “modelos” de Contabilidade Social, Auditoria Social e Balanço Social seguindo interesses, particulares e culturais próprias. Na Europa, as propostas do Balanço social desenvolveram-se em direção à solidariedade econômica do bloco europeu em formação e enfatizaram os aspectos do planejamento humano e social na empresa, [...]. Nos Estados unidos, os estudos partiram das universidades, e as características, principais dos modelos dirigiram-se aos aspectos sociais públicos, as questões da diminuição da violência e da melhoria da relação das empresas com os consumidores.
36
Assim, observa-se que diversas entidades contribuíram para o surgimento
do Balanço Social o qual teve sua origem não só através de pressões sociais mas
na intenção das entidades em minimizar a violência e a desigualdade social da
época.
Tinoco (2008, p. 25) escreve ainda:
Em decorrência da Guerra Vietnã, a administração Nixon e as empresas que a apoiavam foram severamente criticadas. O povo e as cabeças pensantes nos Estados Unidos repudiaram tal insensatez. Clamava-se pelo fim da guerra, mas exigia-se que as empresas adotassem nova postura, moral e ética, perante os cidadãos. [...]. Surgiram daí as primeiras informações sociais, que passaram a ser publicadas juntamente com o balanço patrimonial. [...] . Assim, no decorrer dos anos 60, os programas políticos, em particular as mensagens sobre o estado da União, continham um número crescente de dados sociais.
Percebe-se que é através de grandes movimentos que surgem as
reivindicações da população e foi através da guerra do Vietnã que a população
começou a debater mais abertamente a questão da ética e da responsabilidade
social das empresas.
Torres apud Ferreira; Siqueira; Gomes (2009, p. 26) afirmam:
O movimento de consolidação das publicações do balanço social no Brasil tem outro marco em meados dos anos 80, quando em 1984 a empresa Nitrofértil, estatal que se situava no estado da Bahia, publicou um documento que apresentava suas atividades sociais naquele período. [...].
Na visão de Tinoco (2008, p.137) as empresas pioneiras a divulgar o
Balanço Social no Brasil foram três:
O início deu-se com as publicações pioneiras da Telebrás e de algumas de suas controladas, no exercício de 1990, da CMTC – Cia. Municipal de Transporte Coletivo de São Paulo em 1991 e do Banespa, no exercício de 1992.
Nota-se que as primeiras empresas a divulgarem o Balanço Social foram
empresas de grande porte que fizeram uso dessa nova ferramenta para divulgar
suas ações sociais.
Kroetz (2000, p. 59) contribui afirmando:
Na década de 90, este cenário começa a alterar-se. O Balanço Social encontrou defensores de expressão que incentivaram sua publicação, chamando a atenção da comunidade política e empresarial. O Sociólogo Herbet de Souza (Betinho 1935-1997) talvez tenha sido o grande interlocutor e promotor dessa nova realidade, pois lutou de forma incansável para realizar um de seus sonhos, implantar um Balanço Social adequado à realidade brasileira, apoiando-se sempre no Instituto Brasileiro de Análises Sociais -Econômicas (IBASE).
De acordo com Instituto... [2009?]
A proposta, no entanto, só ganhou visibilidade nacional quando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lançou, em junho de 1997, uma campanha pela divulgação voluntária do balanço social. Com o apoio e a participação
37
de lideranças empresariais, a campanha decolou e vem suscitando uma série de debates através da mídia, seminários e fóruns. [...].
Desta forma percebe-se que o movimento lançado por Herbet de Souza, em
1997 em prol da divulgação do Balanço Social foi decisivo para tornar o balanço
social mais popular no meio empresarial. O movimento gerou grande repercussão,
proporcionando diversos debates, simpósios e seminários sobre o assunto,
conquistando o reconhecimento de algumas empresas.
2.5.2 Regulamentações brasileiras do Balanço Social
Por se tratar de assunto ainda muito novo, Zanluca (200?) afirma que ainda
não há no Brasil normas específicas que regulamentam o Balanço Social (BS), o
que existe são estudos em algumas esferas governamentais e entidades que
cuidam do assunto.
Zanluca (200?, p. 4-5) contribuiu escrevendo:
Não há, até o presente momento, uma regulamentação específica no Brasil sobre a obrigatoriedade de publicação do Balanço Social. Entretanto, alguns órgãos regulamentadores, como a CVM – Comissão de Valores Mobiliários e CFC – Conselho Federal de Contabilidade, emitiram algumas instruções, que devem nortear a publicação dos respectivos balanços. A CVM sugeriu [...] a utilização de modelo elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisa Contábeis, Atuariais e Financeiras da USP (FIPECAFI) [...].
Os autores Carvalho; Siqueira (2009) ressaltam a amplitude dos dados que
deve constar no Balanço Social. “O Balanço Social deve ser elaborado em função de
quatro vertentes: Balanço Ambiental, Balanço de Recursos Humanos,
Demonstração do Valor Adicionado (DVA), Benefícios e Contribuições à Sociedade
em Geral. [...]”.
O quadro apresenta as regulamentações existente no Brasil relacionando
com as quatro vertentes propostas pelo Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,
Atuariais e Financeiras - FIPECAFI, proporcionando uma visão mais clara sobre as
regulamentações existentes.
38
Vertentes definidas pela FIPECAFI
Regulamentações
DVA
Balanço
Ambiental
Balanço de
Recursos
Humanos
Contribuições à
Sociedade em
Geral
NBCT 15 Sim Sim Sim Sim
Projeto de Lei nº. 1.305/2003 Não Não Sim Sim
Projeto de Lei nº. 0032/1999 Não Sim Sim Sim
Lei nº. 2.843/2003 – AM Não Sim Sim Sim
Lei nº. 7.687/2002 – MT Não Sim Sim Sim
Lei nº. 11.440/2000 – RS Não Sim Sim Sim
Lei nº. 9.536/2004 – Londrina Não Sim Sim Sim
Lei nº. 7.672/1998 – Santo André Não Sim Sim Sim
Lei nº. 8.118/1998 – Porto Alegre Não Sim Sim Sim
Quadro 04: Normas brasileiras Balanço Social x vertentes definidas pela FIPECAFI Fonte: Carvalho; Siqueira (2009)
Observa-se no quadro acima, que a única regulamentação que atende às
quatro vertentes é a NBC T 15, e que as demais, não contemplam apenas a
Demonstração do Valor Agregado - DVA, com exceção do Projeto de Lei nº.
1.305/2003, que além do DVA, também não contempla o Balanço Social.
2.5.3 Responsabilidade Social
A Responsabilidade Social é um conjunto de ações desenvolvidas pela
empresa em prol da sociedade, visando trazer retornos positivo para empresa.
Tinoco (2008, p. 115) afirma:
[...] responsabilidade social corporativa, ou cidadania empresarial, como também é chamada, enfatiza o impacto das atividades das empresas para os agentes com os quais interagem (stakeholders): empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores, competidores, governos e comunidades.
Tinoco (2008, p. 116) comenta:
A responsabilidade pública das organizações, neste novo milênio que se inicia, deverá atender aos anseios da comunidade, que clama por programas e ações conscientes, que modifiquem o quadro de exclusão social que existe no Brasil.
Observa-se que as empresas tornam-se agentes de transformação criando
condições de inserir os excluídos na sociedade.
39
Kroetz (2000, p. 57) escreve para nos alertar:
O consumidor, enquanto cidadão quer saber se a produção não foi obtida à custa da impureza do ar, da poluição dos rios, da morte de animais, dos desmatamentos, da dignidade de seus habitantes, entre tanto outro mal provocado pela ganância do homem, nem sempre “racional”.
A responsabilidade Social pode ser considerada como um complemento das
operações das entidades, que como agentes sociais, interferem muito na sociedade,
no ambiente e de modo geral na vida humana.
2.5.4 Elaboração do Balanço Social
O Balanço Social tem por objetivo descrever de forma consolidada certa
realidade econômica e social de uma organização, diante da qual é possível fazer
uma avaliação.
Tinoco (2008, p. 42) destaca:
A elaboração do Balanço Social comporta duas fases: na primeira o responsável designado para elaborá-lo deve promover a concepção do documento. O escopo, os meios, os objetivos a serem alcançados são definidos e planejados visando a sua elaboração. A segunda fase compreende a execução do trabalho planejado, após os ajustamentos de rotina, em que os indicadores e as fontes de informação já foram previamente definidos.
Instituto... [2009?] questiona em seu site.
Por que fazer o Balanço Social? E responde: Porque é instrumento de avaliação... os analistas de mercado, investidores e órgãos de financiamento (como BNDES, BID e IFC) já incluem o balanço social na lista dos documentos necessários para se conhecer e avaliar os riscos e as projeções de uma empresa. Porque é inovador e transformador [...].
Percebe-se que o Balanço Social vem ganhando espaço no mercado e já
despertou interesse por parte do mercado financeiro em analisá-lo.
Para elaboração do Balanço Social faz-se necessária a participação de três
departamentos, os quais fornecem dados para sua construção.
Tinoco (2008, p. 38) escreve:
Departamento de pessoal: este setor envolve-se com os assalariados desde sua admissão na empresa até seu desligamento. Tem, portanto, participação em tudo o que se refere à movimentação, planejamento, controle, comportamento, evolução, treinamento, formação e desenvolvimento etc. [...] Fornece informações sobre os assalariados tanto no âmbito interno, para fins de gestão, como extremamente, para cumprimento de legislação, tal como a Lei dos 2/3 e a Lei 4.293. Seu envolvimento na elaboração do Balanço Social é por demais óbvias.
40
Observa-se então que neste departamento é registrada toda a
movimentação do quadro funcional desde sua contratação até os processos
rescisórios.
Tinoco acrescenta:
Departamento de contabilidade: é o encarregado na empresa de registrar os atos e fatos administrativos mensuráveis financeiramente. E o departamento que elabora e divulga os relatórios contábeis, como: balanço patrimonial, demonstração de resultado do exercício, demonstração de lucros ou prejuízos acumulados, demonstração das origens e aplicação de recursos e outros relatórios gerenciais. [...].
O autor afirma ainda:
Departamento de informação contábil: os objetivos de um sistema de informação contábil podem ser resumidos como: 1- Prover informações monetárias e não monetárias destinadas às atividades e decisões dos níveis: operacional, tático e estratégico da organização, bem como para os usuários externos da organização; 2- Constituir-se na peça fundamental do sistema gerencial da entidade.
Nota-se assim que sistema de informações é uma ferramenta indispensável
para geração de informações, analíticas ou sintéticas para elaboração do Balanço
Social. Desta forma faz se necessária a interação entre os departamentos para
elaboração do Balanço Social.
2.6 Balanço Social e a sociedade cooperativa
Como sociedade de pessoas as cooperativas são obrigadas a prestarem
conta do resultado financeiro anualmente em assembléia. No entanto a função de
sua existência requer maior grau de detalhamento de suas ações econômicas e
sociais.
Desta forma o Balanço Social torna-se uma peça contábil indispensável para
complementar este grau de detalhamento que as tradicionais peças contábeis não
trazem sobre as ações sócio-ambientais “O Balanço Social propõe um canal de
discussão entre os agentes relacionados ao desenvolvimento da Cooperativa, pois
anuncia o alcance ou não do objetivo social da entidade: prestar serviços aos seus
cooperados”. (SANTOS; GOUVEIA; VIEIRA, 2008, p. 253).
Os autores reforçam ainda:
Neste sentido, o Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômico (Ibase) tem sido peça-chave na promoção do Balanço Social, inclusive entre as Sociedades Cooperativas. O Ibase oferece um modelo de Balanço Social
41
adaptado à realidade cooperativista e inúmeras orientações a esse respeito a fim de fomentar a doutrina cooperativista.
Nota-se que o Ibase tem se preocupado em elaborar diversos modelos de
balanço social para atender os mais diversos ramos de atividade empresarial, em
particular o seguimento cooperativo.
Importa ressaltar que independente do demonstrativo a ser elaborado a
contabilidade é uma importante fonte de dados pela fidedignidade das informações
prestadas a partir dela.
2.7 O Balanço Social nos padrões do modelo Ibase
O Balanço Social como instrumento que compila as informações sociais e
ambientais de diversos departamentos da empresa enriquece o processo de análise
dos diversos públicos que dele podem se utilizar.
Segundo Santos; Gouveia; Vieira (2008, p. 253):
O Balanço Social propõe um canal de discussão entre os agentes relacionados ao desenvolvimento da Cooperativa, pois anuncia o alcance ou não do objetivo social da entidade, prestar serviços aos seus cooperados.
Neste sentido os autores complementam:
[...] o Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas (Ibase) tem sido peça-chave na promoção do Balanço Social, inclusive entre as Sociedades Cooperativas. O Ibase oferece um modelo de Balanço Social adaptado à realidade cooperativista e inúmeras orientações a esse respeito a fim de fomentar a doutrina cooperativista.
Observa-se que o IBASE se dedica a promoção do Balanço Social em todos
os setores da economia, o qual vem desenvolvendo modelos específicos para cada
segmento, destacando as cooperativas.
Torres (2008, p. 24), reforça a credibilidade conquistada pelo Ibase nos
últimos anos:
Nos últimos anos, o balanço social modelo Ibase tornou-se a principal ferramenta por meio da qual as empresas são estimuladas a conhecer, sistematizar e apresentar à sociedade informações sobre seus investimentos internos e externos em ações, iniciativas e projetos relacionados com o social e o ambiental. Em dez anos de existência, o modelo passou por duas revisões e as alterações realizadas envolveram dezenas de organizações sociais, sindicatos, consultores e empresas.
42
O Ibase sob a coordenação de Torres, publicou em 2008 um livro em
comemoração aos 10 anos de IBASE com o título: “Balanço Social – O desafio da
transparência” o qual resgata os oito indicadores sociais é evidenciado no modelo de
Balanço Social sugerido pelo instituto. Sendo eles: base de cálculo, indicadores
sociais internos, indicadores sociais externos, indicadores ambientais, indicadores
do corpo funcional, informações relevantes quanto ao exercício da cidadania
empresarial e outras informações.
Torres (2008, p. 25) relata sobre as sete categorias que organizam o Balanço
Social no modelo IBASE:
O balanço social da empresa, elaborado segundo a metodologia do Ibase, apresenta dados e informações de dois exercícios anuais por meio de uma tabela bastante simples e direta, que deve ser publicada e amplamente divulgada. O modelo atual é composto por 43 indicadores quantitativos e oito indicadores qualitativos, organizados em sete categorias ou partes.
No quadro que abaixo apresenta-se as sete categorias que fazem parte da
metodologia proposta pelo IBASE.
1. Base de Cálculo
São apresentados 03 informações financeiras – receita líquida, resultado operacional e folha de
pagamento bruta – que servem de base de cálculo percentual para grande parte das informações e
dos dados apresentado, informando o impacto dos investimentos nas contas da empresa.
2. Indicadores sociais internos
Indicadores sociais internos: nesta parte do balanço são apresentados todos os investimentos
internos, obrigatórios e voluntários, que a empresa realiza para beneficiar e/ou atender ao corpo
funcional (alimentação, encargos sociais compulsórios, previdência privada, saúde, segurança e
medicina no trabalho, educação, cultura, capacitação e desenvolvimento profissional, creches ou
auxilio-creche), participação nos lucros ou resultados e outros.
3. Indicadores sociais externos
Aqui aparecem os investimentos voluntários da empresa, cujo público-alvo é a sociedade em geral
(projetos e iniciativas nas áreas de educação, cultura, saúde e saneamento, esporte, combate à
fome e segurança alimentar, pagamento de tributos e outros). São as ações sociais privadas
realizadas por empresas visando à sociedade, com os objetivos ou interesses das corporações.
Quadro 05: Estrutura e modelo - Balanço Social segundo a metodologia Ibase Fonte: Torres (2008, p. 25-26)
43
4. indicadores ambientais
São apresentados os investimentos da empresa para mitigar ou compensar seus impactos
ambientais e também aqueles que possuem o objetivo de melhorar a qualidade ambiental da
produção/operação da empresa, seja por meio de inovação tecnológica, seja por programas internos
de educação ambiental. Também são solicitados investimentos em projetos e ações que não estão
relacionados com a operação da companhia e um indicador qualitativo sobre o estabelecimento e
cumprimento de metas anuais de ecoeficiência.
5. Indicadores do Corpo funcional
O Balanço Social na metodologia Ibase, utiliza indicadores do corpo funcional para medir o grau de
relacionamento da empresa com seu público interno no concerne à criação de postos de trabalho,
utilização do trabalho terceirizado, número de estagiários (as), valorização da diversidade – negros
(as), mulheres, faixa etária e pessoas com deficiência – e participação de grupos historicamente
discriminados no país em cargos de chefia e gerenciamento da empresa (mulheres e negros).
6. Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial
O termo utilizado nesta parte do modelo – “cidadania empresarial” – refere-se a uma série de ações
relacionadas aos públicos que interagem com a empresa, com grande ênfase no público interno. Em
sua maioria, são indicadores qualitativos que mostram como está a participação interna e a
distribuição dos benefícios. Também aparecem nesta parte do balanço algumas das diretrizes e dos
processos desenvolvidos na empresa que estão relacionados às políticas e práticas de gestão da
responsabilidade social corporativa.
7. outras informações
Este espaço é reservado e amplamente utilizado pelas empresas para divulgar outras informações
que sejam relevantes para a compreensão de suas práticas sociais e ambientais.
Quadro 05-A : Estrutura e modelo - Balanço Social segundo a metodologia IBASE Fonte: Torres (2008, p. 25-26)
Torres (2008, p. 27) destaca ainda alguns modelos sugeridos pelo Ibase:
O Ibase oferece outros três modelos de Balanço Social: para micro e pequenas empresas, para cooperativas e para instituições de ensino, fundações e organizações sociais, disponíveis no site <www.balancosocial.org.br>.
Nota-se a preocupação do IBASE em sensibilizar os mais diversos ramos de
atividade empresarial, onde o objetivo principal é consolidação das mais diversas
atividades sócio-ambientais desenvolvidas por essas empresas e/ou entidades.
44
3 MÉTODOS DE PESQUISA
Para o desenvolvimento do trabalho fez-se uso do método indutivo. O estudo
aplicado nesta cooperativa em particular poderá ser aplicado em outras cooperativas
pertencentes ao mesmo sistema. “Na indução, a conclusão está para as premissas,
como o todo está para as partes. De verdades particulares concluímos verdades
gerais” (CERVO; BERVIAN, 2006, p. 32).
O desenvolvimento deste trabalho foi dividido em etapas distintas:
Na primeira etapa da pesquisa, foi utilizada pesquisa bibliográfica através de
livros, revistas científicas e sites especializados no temas deste trabalho. Iniciou-se
com uma abordagem geral da fundamentação teórica sobre o conceito de
contabilidade, demonstrações contábeis, cooperativismo de crédito e sua história, a
contabilidade das sociedades cooperativas, balanço social, balanço social e a
sociedade cooperativa, balanço social nos padrões do modelo Instituto Brasileiro de
Análise Social Econômica - IBASE.
Fachin (2001, p. 125) cita:
Pesquisa Bibliográfica é um conjunto de conhecimentos humanos reunidos das obras. Tem como base fundamental conduzir o leitor a determinado assunto e a produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa.
Desta forma foi possível criar conceitos para embasamento à interpretação
dos dados coletados para elaboração do Balanço Social.
Na segunda etapa, foi realizado um estudo de caso. “Pesquisa Estudo de
Caso – é um estudo que analisa um ou poucos fatos com profundidade. A maior
utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias e no início de
pesquisas mais complexas.” (SILVA, 2008, p. 57). Para desenvolver o estudo de
caso foi necessário utilizar-se de algumas técnicas de pesquisa como: pesquisa
documental, pesquisa exploratória e observação.
Marconi; Lakatos (2005, p. 224) afirmam:
Observação direta intensiva, com as técnicas da - observação – utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar [...].
Marconi; Lakatos (2005, p. 176-178) afirmam:
A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou
45
fenômeno ocorre, ou depois. Utilizando essas três variáveis – fontes escritas ou não; fontes primárias ou secundárias; contemporâneas ou retrospectivas [...].
Desta forma a pesquisa documental se justifica pela necessidade de coletar
dados para o preenchimento dos campos do Balanço Social. Através de uma análise
nos documentos constitutivos da empresa em estudo foi possível coletar dados para
preencher o campo número um do Balanço Social – “identificação”. Analisando os
relatórios emitidos no sistema de gestão de pessoas base 31/12/2007 e 31/12/2008,
foi possível coletar dados para preencher o campo dois - “indicadores de corpo
funcional”. No sistema de contabilidade foi possível através dos Balanços
Patrimoniais, Demonstrativos do Resultado do Exercício e razões contábeis extrair
dados para preencher o campo quatro – “indicadores econômicos ( R$)” , campo de
número cinco – “ indicadores sociais internos (benefícios para cooperados (as) e
empregados (as) – em R$)” e campo de número seis – “ indicadores sociais externos
( investimentos na comunidade – em R$)”.
Para preencher o campo três utilizou-se da técnica de pesquisa exploratória
e da observação direta extensiva. “Observação direta extensiva apresentando as
técnicas - questionário – constituído por uma série de perguntas que devem ser
respondidas por escrito e sem a presença do pesquisador” (MARCONI; LAKATOS
2005, p. 224).
Silva (2008, p. 59) descreve:
Pesquisa exploratória – é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, para torná-lo mais explícito ou para construir hipóteses.
A pesquisa foi realizada em forma de questionário, onde foram elaboradas
onze perguntas fechadas de múltipla escolha e distribuídas entre os 186
colaboradores dos dezoito pontos de atendimento da cooperativa em estudo. Os
dados coletados foram todos descritos e tabulados e evidenciados em gráficos no
capítulo quatro e o questionário na íntegra está anexado a este trabalho.
Na terceira etapa foi realizada a análise dos dados apresentados no estudo
de caso.
Na quarta etapa pesquisa, foi realizada a conclusão e recomendações
necessárias para empresa adotar/implantar o Balanço Social.
46
4 ANÁLISES E RESULTADOS
Objetivando estudar e compreender qual o papel social de uma cooperativa
de crédito, fez necessário um estudo aprofundado sobre a SICREDI UNIVALES.
Entidade que atua no noroeste do estado do Mato Grosso desde março de
1993, no princípio era denominada “Cooperativa de Crédito Rural Vale do Juruena
Ltda.- CREDIVALE “. Iniciou suas atividades no município de Juina com 106 ( cento
e seis) associados, 03 ( três) Colaboradores e gigantescos desafios pela frente,
pois contava com uma população desacreditada no ramo cooperativo, em virtude do
fracasso de cooperativas de outros ramos no passado. Seu portifólio de produtos se
resumia em três produtos apenas: depósito a vista (disponibilidade dos recursos em
conta), depósito a prazo (aplicação) e carteira de crédito geral (empréstimos de curto
prazo).
Hoje denominada Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados
do Vale do Juruena - SICREDI UNIVALES conta com um quadro de
aproximadamente 28.500 associados, 212 Colaboradores, ampliou sua área de ação
para mais 15 municípios, sendo 02 (dois) do Estado de Rondônia e 13 (treze) do
Mato Grosso. Seu portifólio de produto hoje conta com mais de 120 produtos, dentre
eles destacam-se: consórcios, seguros, crédito geral, crédito rural, prestação de
serviços, poupança rural, depósito a vista, depósito a prazo, etc.
A SICREDI UNIVALES é atualmente a única instituição financeira da
comunidade na sua área de ação no Mato Grosso, a qual vem evoluindo a cada
ano, fechando 2008 com recurso total de R$ 140 milhões. Em maio de 2009 ela
ganhou o prêmio destaque 2008 como “o melhor atendimento ao público” do
segmento instituição financeira do município de Juina, evento promovido pela
Associação Comercial de Juina (ASCOM).
Para atender aos objetivos deste estudo foram coletados dados referentes à
base total da SICREDI UNIVALES que é composta por dezoito pontos de
atendimento, sendo quinze pontos no Estado de Mato Grosso: Brasnorte,
Castanheira, Cotriguaçú, Juina (centro), Juina (Bairro: módulo 05), Juara, Novo
Horizonte do Norte, Porto dos Gaúchos, Aripuanã, Juruena, Nova Bandeirantes,
Colniza, Tabaporã, Apiacás e Nova Monte Verde e três pontos no Estado de
47
Rondônia: Vilhena (Bairro: centro), Vilhena (Bairro: nova vilhena) e Colorado do
Oeste .
Os dados coletados no estudo de caso foram tabulados e são apresentados
em forma de gráficos. Para o desenvolvimento desta pesquisa realizou-se um
levantamento no sistema de informações da cooperativa, em companhia de
colaboradores (as) da entidade, buscando acesso aos arquivos da cooperativa em
estudo, como: documentos, livros razão, relatórios emitidos nos sistemas
operacionais (contabilidade e Sistema de Gestão de Pessoas), além de um
questionário que foi aplicado ao o público interno. Através do levantamento destes
dados foram processadas as informações necessárias ao diagnóstico e à
elaboração do Balanço Social com base no modelo IBASE (modelo sugerido as
cooperativas para exercício 2008).
4.1 Identificação da instituição
Nome da Cooperativa: Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados do
Vale do Juruena
Nome fantasia: SICREDI UNIVALES
Tempo de existência: 16 anos
Ramo de atividade: crédito
4.1.1 Indicadores do corpo funcional
Os indicadores funcionais são compostos por 15 itens quantitativos e serão
apresentados dois anos conjuntamente: 2007/2008 conforme demonstrações
gráficas:
48
28.227
24.028
Ano 2008
Ano 2007
Nº de cooperados (as) /associados (as) na cooperativa em 31/12 (2007/2008)
Gráfico 01 - Número de cooperados (as)/ associados (as) na cooperativa em 31/12 (2007/2008) Fonte: Sistema de dados (Cadastro) - SICREDI UNIVALES
No gráfico 01 é possível verificar o número de cooperados (as) existentes no último
dia do exercício social dos anos 2007 e 2008, constatando que apresenta uma
evolução em 2008 de 17,47% no número de associados (as) em comparação ao ano
de 2007.
212
175
Ano 2008
Ano 2007
Número de colaboradores (as) na cooperativa em 31/12/2007 e 31/12/2008
Gráfico 02 – Número de colaboradores (as) na cooperativa em 31/12/2007 e 31/12/2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
O gráfico 02 apresenta o número colaboradores (as) no último dia do exercício social
dos anos 2007 e 2008, onde apresenta uma evolução em 2008 de 21,14% em
relação ao ano anterior.
49
8.047
3.848
7.462
3.715
Ano 2008
Ano 2007
Número de cooperados(as)/associados (as) admitidos (as) x demitidos nos períodos 2007/2008
Saídas/demissõesAdmitidos
Gráfico 03 - Número de cooperados (as)/ associados (as) admitidos (as) x demitidos (as) nos períodos 2007/2008 Fonte: Sistema de dados (Cadastro) - SICREDI UNIVALES
O gráfico 03 faz um comparativo entre os associados admitidos e os demitidos
durante os 02 períodos. As admissões (novos associados) apresentam uma
evolução de 7,84% e as demissões (saídas de associados) uma evolução de 3,58%.
75
38
77
56
Ano 2008
Ano 2007
Número de colaboradores (as) admitidos (as) x demitidos (as) nos perídos 2007/2008
Demitidos (as)/saídasAdmitidos (as)
Gráfico 04 - Número de colaboradores (as) admitidos (as) x demitidos (as) nos períodos 2007/2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
O gráfico 04 faz um comparativo entre os períodos quanto ao número de
colaboradores (as) admitidos e os demitidos (as). Em 2008 houve redução de
32,14% no índice de demissões (saídas) e de 2,60% nas admissões em relação ao
ano anterior. Verifica-se que o índice de Turnover Global (rotatividade global ) ficou
na média de 32,29% em 2008.
50
31
29
Ano 2008
Ano 2007
Número de trabalhadores (as) terceirizados (as) nos períodos 2007/2008
Gráfico 05 - Número de trabalhadores (as) terceirizados (as) no período 2007/2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
O gráfico 05 apresenta o número de trabalhadores terceirizados nos períodos, onde
houve uma evolução em 2008 de 7%. Os trabalhadores terceirizados referem-se aos
vigilantes e zeladoras e a evolução justifica pela inauguração da unidade de
atendimento em Nova Monte Verde/MT.
77
20
3020
Ano 2008
Ano 2007
Número de pessoas com funções administrativas nos períodos 2007/2008
Conselheiros (as)Colaboradores (as)
Gráfico 06 - Número de pessoas com funções administrativas nos períodos 2007/2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
O gráfico 06 apresenta o número de pessoas com funções administrativas,
dividindo-as em duas bases: conselheiros (as) e colaboradores (as). Verifica-se que
51
o número de conselheiros (as) permaneceu estável, e número de colaboradores (as)
evoluiu em 2008 156,56% .
115
97
107
68
Ano 2008
Ano 2007
Número de mulheres colaboradoras x número de homens colaboradores em 31/12/2007 e 31/12/2008
HomensMulheres
Gráfico 07 - Número de mulheres colaboradoras x número de homens colaboradores em 31/12/2007 e 31/12/2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
O gráfico 07 faz um comparativo entre o número de homens e o número de
mulheres que trabalham na cooperativa nas bases 31/12/2007 e 31/12/2008,
verificando que, em 2008 as mulheres representavam 54,25% do quadro funcional e
em 2007 este número foi maior, representando 61,14% sobre o quadro total.
30%
70%
36%
64%
Ano 2008
Ano 2007
Percentual de cargos de chefia ocupados por mulheres x ocupados por homens em 31/12/2007 e 31/12/2008
HomensMulheres
Gráfico 08 - Percentual de cargos de chefia ocupados por mulheres x ocupados por homens em 31/12/2007 e 31/12/2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
O gráfico 08 faz um comparativo entre o percentual de mulheres que assumem um
cargo de chefia em relação ao número de homens nesta mesma função,
52
apresentando que os homens assumem 70% dos cargos de chefia e as mulheres
30% em 2008. Destacando que as mulheres perderam 6% na ocupação de cargos
de chefia em 2008.
R$ 1.162
R$ 1.259
R$ 1.092
R$ 1.143
Ano 2008
Ano 2007
Remuneração média das mulheres x remuneração média dos homens (2007/2008)
HomensMulheres
Gráfico 09 - Remuneração média das mulheres x remuneração média dos homens (2007/2008) Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
O gráfico 09 apresenta a remuneração média das mulheres em relação à dos
homens. Em 2007 a diferença foi de 4,67% mulheres recebendo menos que os
homens, já em 2008 esta diferença subiu para 8,35%. Verificando o gráfico 08,
percebe-se que esta diferença se deve ao aumento de homens em cargos de chefia
em 2008 aumentando a média de remuneração dos mesmos.
89%
11%
89%
11%
Ano 2008
Ano 2007
Número de negros (as) e pardos (as) x brancos (as) que trabalham na cooperativa nos períodos de 2007/2008
Negros (as) pardos(as)Brancos (as)
Gráfico 10 - Número de negros (as) e pardos (as) x brancos (as) que trabalham na cooperativa nos períodos de 2007/2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
53
O gráfico 10 apresenta um comparativo entre o número de negros (as)/pardos (as)
e o número de brancos (as) que trabalham na cooperativa. Evidenciando que o
número de negros (as) e pardos (as) representa 11% do quadro funcional e este
número permaneceu inalterado nos dois períodos.
91%9%
93%7%
Ano 2008
Ano 2007
Número de cargos de chefias ocupados por negros (as) e pardos (as) x cargos de chefias ocupados por brancos (as) nos períodos de
2007/2008
Negros (as) pardos(as)Brancos (as)
Gráfico 11 - Número de cargos de chefia ocupados por negros (as) e pardos (as) x cargos de chefia ocupados por brancos (as) nos períodos 2007/2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
O gráfico 11 apresenta o percentual de cargos de chefia ocupados por negros (as) e
pardos (as) em relação aos ocupados por brancos, onde se observa uma evolução
de 2% na ocupação dos cargos de chefias por negros (as) e pardos (as) em 2008.
R$ 1.210
R$ 1.170
R$ 1.117
R$ 1.067
Ano 2008
Ano 2007
Remuneração média dos negros (as) e pardos (as) x brancos (as) nos períodos 2007/2008
Negros (as)/pardos (as)Brancos (as)
Gráfico 12 - Remuneração média dos negros (as) e pardos (as) x remuneração médias dos brancos (as) nos períodos 2007/2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
54
O gráfico 12 demonstra que em 2007 a remuneração média dos negros (as)/pardos
(as) é 4,68% menor em relação aos brancos (as), em 2008 esta diferença diminuiu
para 3,41% . Observa-se que a redução desta disparidade salarial esta relacionada
ao gráfico 11 onde apresenta uma evolução de 2% no número de negros (as) pardos
(as) assumindo cargos de chefia em 2008.
212
4
175
2
Ano 2008
Ano 2007
Número de colaboradores portadores (as) de deficiência ou necessidade especiais em relação o número total de colaboradores
(as) nos períodos 2007/2008
Colaborados portadores de deficiênciaColaboradores total
Gráfico 13 - Número de colaboradores portadores (as) de deficiência ou necessidade especial em relação o número total de colaboradores (as) nos períodos 2007/2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
No gráfico 13, é possível verificar que em 2007 o número de portadores (as) de
deficiências ou necessidades especiais representava 1,14% sobre a base total de
colaboradores, em 2008 este percentual evoluiu para 1,89%, verificando-se então
uma evolução de 0,75% em relação ao total de colaboradores do ano anterior.
0%4%
58%20%
18%
Ano 2007
Perfil dos colaboradores (as) - escolaridade em 2007
Nível superior (completo)Nível superior (incompleto)Ensino médioEnsino fundamentalNão alfabetizados
Gráfico 14 - Perfil dos colaboradores (as) - escolaridade em 2007 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
55
O gráfico 14, apresenta o perfil de escolaridade do quadro de colaboradores
em 2007, possibilitando verificar que a maior fatia (58%) do quadro tem o ensino
médio, 20% tem nível superior incompleto, 18% tem nível superior completo, 4% tem
ensino fundamental e 0% de não-alfabetizados.
0%
2%
48%34%
16%
Ano 2008
Perfil dos colaboradores (as) - escolaridade 2008
Não alfabetizados Ensino fundamentalEnsino médio Nível superior (incompleto)Nível superior (completo)
Gráfico 15 - Perfil dos colaboradores (as) - escolaridade 2008 Fonte: Sistema de dados (Gestão de Pessoas)-SICREDI UNIVALES
No gráfico 15, apresenta-se o perfil de escolaridade do quadro de colaboradores em
2008, em que é possível verificar que 48% do quadro tem o ensino médio, 34% tem
nível superior incompleto, 16% tem nível superior completo, 2% tem ensino
fundamental e 0% colaboradores não-alfabetizados.
4.1.2 Indicadores econômicos
São 11 itens utilizados neste indicador, conforme solicita o modelo padrão
Ibase – Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômica. Serão apresentados
apenas 10 itens, o item “remuneração média dos cooperados” não se aplica na
empresa em estudo.
56
R$ 40.703.471
R$ 30.204.565
Ano 2008
Ano 2007
Faturamento bruto nos períodos 2007/2008
Gráfico 16 - Faturamento bruto nos períodos 2007/2008 Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
No gráfico 16, é possível verificar uma evolução em 2008 de 34,76% no faturamento
bruto (receita bruta total) em relação ao ano anterior.
R$ 4.939.718
R$ 3.685.645
Ano 2008
Ano 2007
Receitas sobre aplicações financeiras nos períodos 2007/2008
Gráfico 17 - Receita sobre aplicações financeiras nos períodos 2007/2008 Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 17 apresenta uma evolução na receita sobre aplicações financeiras de
34,03% em 2008 em relação ao ano anterior.
57
R$ 23.300.434
R$ 17.627.875
Ano 2008
Ano 2007
Total das dívidas nos períodos 2007/2008
Gráfico 18 - Total das dívidas nos períodos 2007/2008 Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 18 evidencia uma evolução nas dívidas de 32,18% em relação ao ano
anterior. As dívidas neste caso compreendem as contas a pagar (encargos, folha,
impostos, etc), mais as coobrigações com outros bancos (recursos para repasses
na carteira de crédito rural com taxas de juros subsidiadas pelo Governo Federal).
R$ 140.828.468
R$ 115.266.410
Ano 2008
Ano 2007
Patrimônio da cooperativa em 31/12 (2007/2008)
Gráfico 19 - Patrimônio da Cooperativa em 31/12 (2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 19 apresenta uma evolução no Patrimônio da Cooperativa em 2008 de
22,18% em relação ao ano anterior. O patrimônio está representado pelo total geral
do ativo (bens, direitos e obrigações).
58
R$ 113.864.566
R$ 91.185.247
Ano 2008
Ano 2007
Patrimônio de terceiros em 31/12 (2007/2008)
Gráfico 20 - Patrimônio de terceiros em 31/12 (2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 20 apresenta uma evolução de 24,87% no Patrimônio de terceiros em
relação ao ano anterior. Neste caso o patrimônio de terceiros compreende ao capital
social, depósito a vista ( recursos disponíveis nas contas correntes dos associados )
e depósito a prazo ( aplicações financeiras dos associados).
R$ 388.465
R$ 541.140
Ano 2008
Ano 2007
Impostos e contribuições em 31/12 ( 2007/2008)
Gráfico 21 - Impostos e contribuições em 31/12 ( 2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 21 apresenta uma redução em 2008 de 28,21% nos impostos e
contribuições. Na prática observa-se que tal redução foi motivada pela migração da
cooperativa para livre admissão conforme resolução 3.106/03.
59
R$ 6.655.965
R$ 5.675.106
Ano 2008
Ano 2007
Folha de pagamento e encargos em 31/12 ( 2007/2008)
Gráfico 22 - Folha de pagamento e encargos em 31/12 (2007/2008)
Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 22 apresenta uma evolução no Folha de Pagamento e encargos em 2008
de 17,28% em relação ao ano anterior. Observa-se que os fatores que motivaram
esta evolução são: crescimento no quadro funcional (gráfico 02) e possíveis
reajustes salariais.
R$ 1
R$ 1
Ano 2008
Ano 2007
Valor da quota-parte nos períodos 2007/2008
Gráfico 23 – Valor da quota-partes nos períodos 2007/2008 Fonte: Estatuto Social - SICREDI UNIVALES
O gráfico 23 apresenta o valor da quota-parte estável nos 02 anos analisados.
60
R$ 3.156.474
R$ 2.930.403
Ano 2008
Ano 2007
Sobras ou perdas do exercício 2007/2008
Gráfico 24 – Sobras ou perdas do exercício 2007/2008 Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 24 apresenta uma evolução nas sobras (resultado do exercício) em 2008
de 7,71%. Observa-se que o fator que motivou este crescimento é evolução
apresentada no faturamento bruto (gráfico 16).
R$ 12.581.687
R$ 9.868.887
Ano 2008
Ano 2007
Valor dos fundos em 31/12 ( 2007/2008)
Gráfico 25 – Valor dos fundos em 31/12 (2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 25 evidencia uma evolução em 2008 de 27,49% no valor dos fundos.
Compõe o valor dos fundos: a reserva legal e o fundo de assistência técnica e social
– FATES, esta evolução se justifica se verificar o gráfico 24 onde as sobras também
evoluíram em 2008 e as destinações dos fundos por serem de ordem estatutária.
61
4.1.3 Indicadores sociais internos
Os indicadores sociais internos são compostos por 09 itens conforme
demonstrações gráficas:
Gráfico 26 – Benefícios - gastos com alimentação (2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 26 apresenta uma evolução em 2008 de 15,97% nos gastos com
alimentação (ticket alimentação), benefício concedido apenas para os
Colaboradores (as).
R$ 40.193
R$ 35.636
Ano 2008
Ano 2007
Benefícios - gastos com saúde (2007/2008)
Gráfico 27 – Benefícios - gastos com saúde (2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
R$ 841.972
R$ 726.006
Ano 2008
Ano 2007
Benefícios - gastos com alimentação (2007/2008)
62
O gráfico 27 evidencia os gastos com saúde (plano de saúde e vacina antigripal).
Verifica-se uma evolução em 2008 de 12,78% em relação ao ano anterior. A
evolução pode ter sido motivada pela adesão de novos usuários e pelos dos
reajustes dos planos.
R$ 96.791
R$ 61.783
Ano 2008
Ano 2007
Benefícios : gastos com educação (2007/2008)
Gráfico 28 – Benefícios - gastos com educação (2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 28 apresenta os investimentos feito na área da educação (curso superior e
pós-graduação), apresentando uma evolução de 56,66% em relação ao ano anterior.
Uns dos motivos desta evolução é a chegada de universidades/faculdades
presenciais ou a distância no interior do estado, cursos de pós-graduação o que
incentivou os colaboradores a buscarem uma qualificação profissional já que podem
contar com auxilio de 40% do valor da mensalidade. Em 2007 foram 29
colaboradores (as) beneficiados (as) com este auxilio e em 2008 evolui para 63
colaboradores (as).
63
R$ 47.603
R$ 103.489
Ano 2008
Ano 2007
Gastos com capacitação profissional (2007/2008)
Gráfico 29 – Gastos com capacitação profissional (2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 29 apresenta os investimentos feitos para capacitar e treinar o quadro de
colaboradores, evidenciando redução em 2008 de 54% em relação ao ano anterior.
R$ 750
R$ 400
R$ 550R$ 0
Ano 2008
Ano 2007
Capacitação em gestão cooperativa (2007/2008)
Colaboradores (as)Cooperados (as)
Gráfico 30 – Gastos com capacitação em gestão cooperativa (2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 30 apresenta os investimentos feitos na área de capacitação em gestão
cooperativa. Apresentando evolução em 2008 de 100% em relação ao ano anterior o
qual tinha saldo zero no que se refere a colaboradores. Em relação ao quadro de
cooperados (as) houve uma evolução de 36,36% em relação ao ano anterior.
Observa-se que o SICREDI UNIVALES utilizou-se do método EAD (ensino a
distância) para ministrar estes cursos o que justifica o baixo investimento nos
períodos
64
4.1.4 Indicadores sociais externos
Os indicadores sociais externos são compostos por 08 itens, conforme
demonstrações gráficas:
R$ 17.399
R$ 0
Ano 2008
Ano 2007
Investimento com educação/cooperativa (2007/2008)
Gráfico 31 – Investimento em educação/cooperativa ( 2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 31 apresenta o valor investido em educação/cooperativa nos anos de
2007/2008 onde consta investimento apenas no ano de 2008, apresentando uma
evolução de 100%. Este valor refere-se à implantação da primeira fase Programa de
Educação Cooperativa (União Faz a Vida). Pode ser observado que foi promovido
jogos cooperativos e palestra de sensibilização sobre o tema “Educar para o Futuro”
envolvendo 610 professores (as) da rede pública e privada do município de Juina;
R$ 4.760.018R$ 163.549
R$ 0
R$ 4.382.140R$ 709.448
R$ 33.570
Ano 2008
Ano 2007
Repasses de recuros subsidiados para recuperação do meio ambiente ( 2007/2008)
ProsoloPropastoModeragro - Solo
Gráfico 32 – Repasse de recursos subsidiados para recuperação do meio ambiente (2007/2008) Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
65
O gráfico 32 apresenta o valor de repasses à cooperados (as) na carteira de crédito
rural nos programas voltados para recuperação e conservação do solo tais como:
Programa de Incentivo ao Uso de Corretivos de Solos - PROSOLO e o Programa de
Recuperação e Manejo de Pastagens – PROPASTO e o Programa de Modernização
da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais – MODERAGRO. Apresentando
evolução apenas na linha de MODERAGRO de 8,62%, as demais linhas não houve
repasse nos anos de 2007/2008 (os programas foram extintos pelo Governo
Federal). É importante destacar que a carteira de crédito rural com recursos
repassados com taxas de juros subsidiadas pelo Governo Federal somavam em
31/12/2008 R$ 13.805 milhões.
R$ 261.320
R$ 607.455
Ano 2008
Ano 2007
Repasse de recursos para população de baixa renda ( 2007/2008)
Gráfico 33 – Repasse de recursos para população de baixa renda ( 2007/2008)
Fonte: Sistema de dados da SICREDI UNIVALES – (Balanço Patrimonial: 2007/2008)
O gráfico 33 apresenta o valor repassado à cooperados (as), em forma de crédito
geral (público: população de baixa renda). Apresentando em 2008 uma redução na
carteira de 57%.
66
R$ 0
R$ 0
15.000
R$ 4.000
Ano 2008
Ano 2007
Ambiental: árvores plantadas x investimentos (2007/2008)
Investimento (R$)Árvores plantadas (UND.)
Gráfico 34 – Ambiental - árvores plantadas x investimentos (2007/2008)
Fonte: Sistema de dados da SICREDI Univales – (Balanço Patrimonial e arquivos 2007/2008)
O gráfico 34 apresenta o valor investido no meio ambiente (doações à projetos de
entidades) onde foram investidos/doado em 2007 o valor de R$ 4.000,00 para
plantio de 15 mil mudas de árvores. No ano de 2008 não houve
investimentos/doações nesta área.
4.1.5 Resultado da pesquisa interna
Um dos objetivos deste trabalho é elaborar o Balanço Social com base no
modelo proposto pelo Ibase às sociedades cooperativas. Partindo deste princípio
fez-se necessário realizar uma pesquisa, em questionário específico para o
preenchimento do campo três do Balanço Social (indicadores de organização e
gestão). O questionário foi elaborado com onze perguntas fechadas seguindo os
dados solicitados no formulário padrão Ibase, depois de impresso foram distribuídos
entre o público interno da SICREDI UNIVALES que somavam em 28/02/2009 186
colaboradores. Os questionários foram distribuídos entre todos os colaboradores
(as) de todos os pontos de atendimento da SICREDI UNIVALES. O retorno dos
questionários respondidos somaram 117, representando 62,90% dos questionários
enviados .
67
A pergunta de número 01 - Quais são os procedimentos para integralização das
quotas-partes (capital-social)? Questionou-se os entrevistados sobre o fato do
conhecimento ou não deste procedimento, uma vez que a cooperativa não explicita
em manuais e/ou estatuto sua forma de atuar. As respostas tabuladas foram
representadas conforme a demonstração gráfica abaixo:
8%
0%
0%
0%
92%
Respostas
Formas de pagamento das quotas-partes (Capital Social)
Pagamento a vista Desc. De débito trabalhistaDesc. Parcelados nas retiradas Sem capital socialPagamento parcelado
Gráfico 35 – Formas de pagamento das quotas-partes (Capital Social) Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
O gráfico 35, apresenta o resultado evidenciando que 92% das respostas apontam
que a SICREDI UNIVALES trabalha com pagamento das quotas-parte de forma
parcelada e 8% responderam que o pagamento é feito à vista. Não foi verificada
nenhuma resposta as demais opções sugeridas para esta pergunta.
A pergunta de número 02 - Qual é o principal critério para admissão de
novos (as) cooperados/associados (as)? Solicitou-se que os entrevistados
apontassem dentre as opções sugeridas no formulário Ibase os critérios adotados
para admissão de associados. Além de coletar os dados foi possível medir o nível de
conhecimento dos entrevistados, demonstrando através do gráfico a seguir os
critérios adotados por esta instituição.
68
0%
0%
0%
4%
96%
Respostas
Critérios para admissão de associados (as)
OutrosParticipação na comunidadeConhecimento sobre cooperativismoIdadeExperiência
Gráfico 36 – Critérios para Admissão de associados (as) Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
A partir do olhar sobre o gráfico 36, observa-se que 96% das respostas apontam que
a SICREDI UNIVALES adota outros critérios, observando que trata-se de pesquisa
cadastral aos órgãos de proteção ao crédito e 4% responderam que o critério
adotado é a participação na comunidade.
Pergunta de número 03 - Qual é o principal critério para o afastamento de
cooperados/associados? Esta pergunta fez-se necessária em virtude das diversas
opções para o afastamento de associados conforme reza o artigo 7º do estatuto
social desta cooperativa e o modelo Ibase traz algumas delas. As respostas
tabuladas foram representadas conforme a demonstração gráfica abaixo:
1%
0%
99%
Respostas
Critérios para afastamento de associados (as)
Comportamento cooperativoCumprimento de horáriosDesempenho na função
Gráfico 37 – Critérios para afastamento de associados (as) Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
69
O gráfico 37, apresenta que 99% das respostas apontam que a SICREDI UNIVALES
afasta seus cooperados pelo comportamento cooperativo, observando o
descumprimento do Capitulo III, seção III art. 7º Deveres do Associado - estatuto
social.
Pergunta de número 04 - Destino das sobras: como foram distribuídas as
sobras nas últimas assembléias (2007/2008)? Esta pergunta se justifica pelo fato da
Assembléia Geral ser soberana nas decisões, respeitando o que reza o capítulo IX ,
Art.41 incisos I,II e III do estatuto social. “O saldo que restar ficará à disposição da
Assembléia Geral, para destinações que entender convenientes, obedecido ao
disposto no § 1º deste artigo”. Desta forma ficam demonstrados através do gráfico a
seguir os critérios adotados por esta instituição.
88%
0%
0%
12%
Respostas
Destino das sobras ( resultado do exercício)
OutrosFundosInvestimentosRateio entre os cooperados/associados (as)
Gráfico 38 – Destino das sobras (resultado do exercício) Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
O gráfico 38, evidencia que 88% das respostas apontam que a SICREDI UNIVALES
vem distribuindo suas sobras entre os associados (as) e 12% responderam que as
sobras têm outros destinos. O que se observa na prática é que as sobras dos
exercícios colocada a disposição da AGO foram rateadas entre os associados e
capitalizados conforme decisão da mesma, cumprindo o que reza o capitulo IX
Artigo 41 incisos I, II e III do estatuto social. Não foi verificado nenhuma resposta
para as demais opções sugeridas no questionário.
70
Pergunta de número 05 - A cooperativa apóia a organização de outros
empreendimentos do tipo cooperativo? Esta pergunta fez-se indispensável na coleta
de dados para o preenchimento do Balanço Social, demonstrando ações nos
diversos municípios que fazem parte da área de atuação desta cooperativa.
26%
1%
6%
67%
Respostas
Apoio a outros empreendimento cooperativo
Sim, emprestando recursos materiais e/ou humanosOutros apoiosNãoSim, oferecendo assessoria
Gráfico 39 – Apoio a outros empreendimentos cooperativo (2007/2008) Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
Lançando um olhar sobre o gráfico 39, observa-se que 67% das respostas
apontaram que a SICREDI UNIVALES apóia os empreendimentos cooperativos
emprestando recursos materiais e/ou humanos; 6% responderam que ela dá outros
apoios; 1% respondeu que ela não apóia e 26% respondeu que sim, através de
assessorias. Observando a realidade desta cooperativa percebe-se que ela vem
desenvolvendo várias ações com as demais cooperativas de outros ramos:
disponibiliza recursos/crédito aos produtores associados das cooperativas de
produção, apoio em palestras, repasse de recursos para as cooperativas de
produção comprarem parte da safra dos produtores associados, apoio em eventos
“dia de campo”, etc.
Na pergunta de número 06 - Como ocorre a participação dos (as) associados (as)
no planejamento da cooperativa? Questionou-se aos entrevistados o fato de
tratando-se de uma cooperativa onde todos os Associados serem donos do negócio
e ter direito em participar do planejamento da empresa, como ocorre essa
participação? As respostas tabuladas foram representadas conforme a
demonstração gráfica abaixo:
71
2%
28%
70%
Respostas
Participação do associado (a) no planejamento da cooperativa
Ocorre em todos os níveisOcorre em nível de chefiaNão ocorre.
Gráfico 40 – Participação do associado (a) no planejamento da cooperativa Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
O gráfico 40, evidencia que 70% das respostas apontam que na SICREDI
UNIVALES a participação no planejamento ocorre em todos os níveis, 28% ocorre
apenas no nível de chefia, e para 2% a participação dos associados não ocorre em
nenhum dos níveis.
A pergunta de número 07 - A cooperativa costuma ouvir os (as)
cooperados (as) para solução de problemas e/ou na hora de buscar soluções? Esta
pergunta se justifica pelo 2º princípio do cooperativismo “Gestão democrática e livre”
em que se destaca a participação ativa de cada associado, desta forma as
cooperativas devem incentivar a intensa participação dos cooperados nas decisões
da Sociedade através de diversos canais/ferramentas. As respostas tabuladas foram
representadas conforme a demonstração gráfica :
72
3%
46%
51%
Respostas
A participação dos associados (as) na busca de soluções
Sim periodicamente com data definidaSim, sem data definidaNão
Gráfico 41 – A participação dos associados (as) na busca de soluções Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
No gráfico 41, segundo 51% dos entrevistados a SICREDI UNIVALES ouve
periodicamente com data definida, 46% responderam que ela ouve seus
cooperados (as) sem data marcada e 3% responderam que a cooperativa não
costuma ouvir seus cooperados (as)/associados (as). Observa-se na prática que a
cooperativa coloca a disposição do quadro social a ouvidoria sicredi com o tema “
queremos ouvir você” um sistema de caixinha de sugestão, além de disponibilizar
uma lista com os número dos telefones comercial e particular de cada diretor no
mural da comunidade e a ouvidoria nacional através de um telefone 0800.
A pergunta de número 08 - A cooperativa estimula a educação (curso superior e
pós-graduação) dos (as) trabalhadores/colaboradores (as)? Esta pergunta fez-se
necessária para coletar dados para o preenchimento de um dos itens do indicador
de organização e gestão do Balanço Social modelo Ibase, além de verificar o nível
de conhecimento dos entrevistados (as) sobre a disponibilização deste benefício ao
quadro funcional ou a cooperados (as). As respostas tabuladas foram representadas
conforme a demonstração gráfica abaixo:
73
0%
100%0%
Respostas
Estimulo a educação - associados (as) e colaboradores (as)
Sim ( para colaboradores (as) e associados (as))Sim ( somente para colaboradores (as))Não
Gráfico 42 – Estímulo a educação - associados (as) e colaboradores (as) Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
No gráfico 42, é possível observar que 100% dos entrevistados conhecem este
benefício. Não foi verificada nenhuma resposta para as demais opções.
Pergunta de número 09 - A Cooperativa possui linhas de Crédito que
possibilitem o acesso da população de baixa renda e micro empreendedores,
visando a geração de renda e equidade social? Esta pergunta se justifica pela
necessidade de medir conhecimento dos colaboradores e a preocupação desta
instituição com a comunidade local, atendendo o que reza o principio de número 7
do cooperativismo “interesse pela comunidade”. Desta forma ficam demonstrados
através do gráfico a seguir os critérios adotados por esta instituição.
85%
15%
Respostas
Linhas de crédito para população de baixa renda
Sim Não
Gráfico 43 – Linhas de crédito para população de baixa renda Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
74
A partir de um olhar para o gráfico 43, observa-se que o 85% dos entrevistados
sabem que a cooperativa trabalha com alguma linha de crédito destinada a esta fatia
da população contra 15% que responderam que não tem conhecimento.
Pergunta de número 10 - Comprometimento da Empresa com a Causa Ambiental:
A cooperativa disponibiliza linhas de crédito para o desenvolvimento de projetos que
visam reparar algum dano causado ao meio ambiente? Esta pergunta faz-se
necessário para medir o grau de interesse da cooperativa em estar disponibilizando
recursos ao quadro social para recuperar danos causados ao meio ambiente e ao
mesmo tempo medir o conhecimento dos entrevistados sobre o assunto. As
respostas tabuladas foram representadas conforme a demonstração gráfica abaixo:
92%
8%
Respostas
Linhas de crédito para recuperação do meio ambiente
Sim Não
Gráfico 44 – Linhas de crédito para recuperação do meio ambiente Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
O gráfico 44 apresenta que o 92% dos entrevistados responderam que a cooperativa
disponibiliza algum tipo de linha para esta finalidade e 8% não tem conhecimento
sobre o assunto.
Pergunta de número 11 - Assinale abaixo os benefícios oferecidos pela
Cooperativa aos seus Colaboradores. Questionou os entrevistados sobre os
benefícios que a SICREDI UNIVALES coloca a disposição do quadro funcional
visando medir o nível de conhecimento deste público sobre este item. As respostas
tabuladas foram representadas conforme a demonstração gráfica abaixo:
75
90%
100%0%0%
88%0%
100%21%
Respostas
Benefícios oferecidos ao quadro funcional
Plano de saúde Auxilio educaçãoAuxilio creche Vale transportePrevidencia privada Plano odontológicoVale refeição Auxilio moradia/ aluguel
Gráfico 45 – Benefícios oferecidos ao quadro funcional Fonte: Pesquisa com o público interno da SICREDI UNIVALES
A partir de um olhar sobre o gráfico 45, observamos que 21% dos entrevistados
conhecem o benefício “auxilio aluguel”; 100% conhecem o “vale refeição”; 88%
conhecem a “previdência privada empresarial”; 100% conhecem o “auxilio
educação” e “ plano de saúde”. Não foi verificada nenhuma resposta para os
benefícios: auxilio creche, plano odontológico e vale transporte. Como foi observado
a cooperativa não oferece auxilio creche, plano odontológico e vale transporte.
4.1.6 Outras informações
A partir de uma análise da cartilha de prestação de contas do ano de 2007 e
do DVD gravado com as ações sociais do ano de 2008, destacam-se as principais
ações desenvolvidas pela SICREDI UNIVALES na área social e ambiental .
Em 2007:
• Campanha de capitalização – com o objetivo de incrementar o capital social da
cooperativa foi lançada uma campanha regional com duração de 90 dias , que
participaram todos os pontos de atendimento da SICREDI UNIVALES. Cada
cupom representava R$ 30,00 em capital social e todo o quadro teve a
oportunidade de participar. O sorteio foi realizado na unidade sede, em Juina/MT
e o vencedor levou para casa Fiat / Idea Adventure zero quilômetro.
76
• Ouvidoria SICREDI UNIVALES – com o objetivo de ter um canal de comunicação
diária entre a cooperativa e o (a) associado (a), foi implantada a ouvidoria em
todas as unidades, com a distribuição de formulários e de uma urna para que os
associados apresentem suas críticas e/ou sugestões sobre a cooperativa, com
recolhimento mensal, e envio à área de comunicação e serviço social. Todos os
formulários são respondidos através de carta e direcionados ao associado (a)
remetente;
• Melhorias nas estruturas das unidades – foi reformado o prédio da unidade de
Colniza, novas instalações da Unidade de Tabaporã e instalação de mais caixas
eletrônicos nas unidades para dar agilidade no atendimento aos associados;
• Miniassembléias semestrais - foi Implantado as miniassembléias semestrais
com prestação de contas e neste ano foram providos várias palestras com os
temas pertinentes a realidade dos municípios, tais como: Perspectivas
Econômicas da Região Amazônica, Novas Alternativas de Mercado: Bovino
Precoce, O mercado da Carne do Ponto de Vista Financeiro e do Meio
Ambiente, A Produção de Leite na região e a valorização do produto e as
exigências do mercado atual, Cooperativa de crédito: alternativa de organização
econômica da sociedade;
• Transparência – foi realizada a prestação de contas em Assembléia Geral
Ordinária com a presença de mais de 1.500 pessoas. Aproveitando a
oportunidade, foi prestada uma homenagem aos 106 sócios fundadores.
• Sicredi aprende - intensificaram a utilização do método de ensino a distância
para treinamento da equipe nos produtos e serviços do SICREDI, foram
entregues 456 certificações aos colaboradores (as) da SICREDI UNIVALES ;
• ANBID – Associação Nacional dos Bancos de Investimento - esta qualificação os
colaboradores para a venda dos produtos de fundos de investimentos, provendo
assim o fortalecimento do mercado de capitais brasileiro, transmitirem as
corretas informações aos investidores e padronizar as práticas para uma
concorrência leal. A SICREDI UNIVALES encerrou o ano com 32% do quadro
de colaboradores certificados.
77
• Campanha de Natal – foram realizada parcerias com entidades, mobilizando a
comunidade para arrecadação de alimentos, roupas e brinquedos para doação
à famílias carentes;
• Meio ambiente – em conjunto com as entidades e universidades, os
colaboradores (as) se mobilizaram para plantar de mais de 15 mil mudas de
árvores em áreas degradadas dos municípios.
• Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD) – patrocínio na
organização das palestras;
• Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) – patrocínio na organização
das palestras;
Em 2008:
• Miniassembléias - foram realizadas quinze miniassembléias, uma em cada
unidade de atendimento e uma Assembléia Geral Ordinária, realizado no
município sede, totalizando 4.100 presenças;
• ANBID – Associação Nacional dos Bancos de Investimento – continuidade na
busca pela qualificação dos colaboradores para a venda dos produtos de fundos
de investimentos, provendo assim o fortalecimento do mercado de capitais
brasileiro, encerrando o ano com 36% do quadro de colaboradores certificados.
• Ouvidoria SICREDI UNIVALES – continuação do programa em vista da boa
aceitação pelo quadro social durante seu primeiro ano. A cooperativa vem
respondendo todos os formulários, remetendo via correios ou entregando em
mãos;
• Meios eletrônicos – propiciaram melhor atendimento aos cooperados e a
comunidade, através da instalação de novos caixas eletrônicos e inauguração de
Agentes Credenciados (correspondente cooperativo) em todos os municípios
atendidos pela SICREDI UNIVALES;
• Capacitação profissional – investiu-se na equipe de colaboradores (as) da
Superintendência Regional (SUREG) para melhoria do suporte técnico prestado
78
diariamente às unidades de atendimento com treinamentos presenciais e
virtuais;
• Ampliação da rede de atendimento - inauguração da unidade de atendimento no
município de Nova Monte Verde/MT, gerando quatro novos empregos;
• Melhorias nas estruturas das Unidades - novas instalações na unidade de
atendimento de Brasnorte/MT, reforma e ampliação na Unidade de Aripuanã/MT
para um melhor atendimento aos associados;
• Educação Cooperativista – desenvolvimento do Programa Pertencer com
objetivo de levar ao conhecimento do público interno o funcionamento do
Sistema SICREDI, contando com a participação de 100% dos conselheiros (as) e
colaboradores (as);
• Integração das Unidades – realização da Gincana de Gigantes, no qual
ocorreram quatro encontros regionais e um encontro com todos (as) os
Colaboradores (as) da SICREDI UNIVALES, com o objetivo de integrar as
equipes e aprimorar o conhecimento dos produtos e serviços do SICREDI;
• Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) – patrocínio e ajuda de
custos na manutenção da entidade e visitas em datas especiais como: Páscoa,
Natal e Dia das Crianças;
• Campanha de Natal - arrecadação e distribuição de cestas básicas às famílias
carentes de cada município em parceria com os associados (as);
• Programa de Educação Cooperativa (União Faz a Vida) - foi promovido jogos
cooperativos e palestra de sensibilização sobre o tema “Educar para o Futuro”
envolvendo 610 professores (as) da rede pública e privada do município de
Juina;
• Sicredi aprende – continuidade nas certificações sobre os produtos e serviços
através do método sicredi aprende (ensino a distância) onde foram entregues
592 certificações aos colaboradores (as) da SICREDI UNIVALES;
79
4.1.7 Análise dos dados apresentados
Nos dados apresentados existem informações relevantes que tornam
necessário analisá-los.
Indicadores do quadro funcional: observa-se que em uma cooperativa de crédito
o capital humano divide-se em duas partes: cooperados (as) /associados (as) e
colaboradores (as). No item cooperados (as) a cooperativa vem ganhando
credibilidade na sua área de ação, confirmando nos gráficos 01 e 03 a evolução do
quadro social em 17,47% em 2008. Quanto ao quadro de colaboradores (as)
observa-se que o índice de “Turnover Global” (rotatividade global) ficou na média de
32,29% em 2008. Em relação a evolução de 156,56% nas funções administrativas,
como apresenta o gráfico 06, a evolução se deu pelo fato da implantação do Projeto
de Reestruturação e Padronização Organizacional - PRPO, onde os colaboradores
(as) estão sendo reavaliados para enquadramento na nova estrutura organizacional.
Em relação aos povos indígenas não foi identificado colaborador (a) desta etnia, fato
interessante por se tratar de um território onde as reservas indígenas têm forte
representatividade. A participação de negros (as) e pardos (as) no quadro funcional
é baixa – apenas 11% do total de colaboradores (as), mas observando a
realidade/população dos municípios que compõe a área de ação da SICREDI
UNIVALES o índice se justifica, é uma região composta na sua grande maioria por
imigrantes do Sul do Pais (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Observa-
se que este baixo percentual pode provocar uma disparidade quando se analisa a
ascensão dos negros e pardos aos cargos de chefia, pois em 2008 apenas 9% dos
cargos de chefia eram ocupados por negros (as) e pardos (as); O número de
mulheres colaboradoras em 2007 somavam 61,14% e em 2008 este percentual
reduziu para 54,25%, mesmo com esta redução elas representam um número
expressivo sobre a base total de colaboradores (as) nos dois períodos analisados.
Quanto à remuneração há uma diferença na média salarial entre homens e
mulheres, salário dos homens é cerca de 8% superior ao das mulheres. A diferença
salarial entre negros (as)/pardos (as) e brancos (as) é em média 6,16% , brancos
(as) recebem mais que os negros (as) e pardos (as) . Em relação a estas
disparidades salariais, observa-se que a cooperativa não trata com diferença estas
80
classes (brancos (as), negros (as) e/ou pardos (as)), o que gera tal diferença é a
função exercida por estes (as) colaboradores (as), e não a cor de pele. Em relação a
diferença salarial de 8,35% entre homens e mulheres, o que se observa é que a
empresa esta abaixo da média brasileira que em 2009 ficou em 34% ( homens
ganhando mais que as mulheres) conforme pesquisa realizada pela Confederação
Internacional dos Sindicatos (ICFTU, em inglês)). Por outro lado verifica-se que a
cooperativas necessita de uma mudança cultural, ou seja, conceder à classe
feminina a oportunidade de assumirem cargos de chefia. Em relação ao número de
portadores (as) de deficiência ou necessidades especiais, mesmo havendo uma
evolução nos números em 2008 a instituição não está cumprindo o determina o
Decreto Lei 3.298/99 onde reza no seu Artigo 36 “A empresa com 100 ou mais
empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% por cento de seus cargos com
beneficiários da Previdência Social reabilitado ou com pessoa portadora de
deficiência habilitada”, que neste caso deveria ter apresentado 3% do quadro
preenchido por estas pessoas e conforme gráfico 13 apresenta apenas 1,89%, como
sugestão à empresa, divulgação destas vagas em todos os processos de
recrutamento e seleção.
Diante do exposto neste indicador conclui-se que ele evidencia o perfil do
quadro funcional da empresa e particularmente neste caso foi possível observar um
esforço organizacional de valorização do quadro funcional diante das dificuldades
apresentadas para recrutamento e seleção pessoal nesta região do estado de Mato
Grosso.
Indicadores de Organização e Gestão: observa-se que a cooperativa tem
autonomia para ditar suas regras e procedimentos respeitando o que diz os
regulamentos internos e a legislação cooperativista vigente. Dois pontos que
merecem destaque são: a origem da fonte de recursos conforme apresentado no
Balanço Social mostra que 92,67% são recursos próprios, demonstrando o quanto a
cooperativa está sólida e tem liquidez para atender seu quadro social e o canal de
comunicação entre cooperativa e seus cooperados (as) evidencia que existe um
canal aberto entre cooperativa e cooperados (as) e várias ferramentas foram
colocadas a disposição dos cooperados (as) para que esta comunicação flua de
verdade, tais como: ouvidoria SICREDI UNIVALES, lista com os telefones dos
membros da diretoria executiva no mural da comunidade e um telefone 0800 além
da Assembléia Geral Ordinária.
81
Quanto os indicadores econômicos: conclui-se que as distribuições das
sobras cresceram mais de 7% em relação ao ano de 2007 atingindo a casa de R$ 3
milhões em 2008. E os demais itens deste grupo apresentam evolução em que se
destacam o patrimônio total da cooperativa (soma de todos os bens e direitos) que
apresentou evolução de 22,18%, atingindo R$ 140 milhões em 2008, fortalecendo a
cooperativa para atender melhor o quadro social.
Indicadores sociais e internos: o investimento na educação formal, foi o
que mais se destacou, com crescimento de 56,66% em relação ao ano anterior e
este foco refletiu-se diretamente no perfil de escolaridade do quadro funcional que
em 2007 somava 38% do total de colaboradores cursando o nível superior e/ou que
já tinham concluído. Em 2008 este número evoluiu para 50% representando que,
para cada dois colaboradores (as) um está cursando ou já concluiu o ensino
superior, o que revela um incentivo constante por parte da SICREDI UNIVALES em
busca da qualificação de seus colaboradores (as). Quanto a capacitação profissional
que apresenta redução nos investimento de 54% vale ressaltar que a cooperativa
vem recebendo apoio/ajuda de custo do Serviço Nacional de Aprendizagem do
Cooperativismo - SESCOOP nos treinamentos presenciais, além dos cursos
promovidos pela Confederação SICREDI através do sicredi aprende, um método de
ensino a distância que além de minimizar os custos com treinamento e capacitação
esta levando com muita rapidez e qualidade as informações necessárias para o dia-
a-dia das unidades de atendimento do sistema.
Existem indicadores que requerem maior atenção por parte da cooperativa,
com pontos a melhorar, tais como: segurança no trabalho, investimento em cultura
e/ou lazer, auxílio creche, auxílio odontológico e ações ambientais relativas à
produção/cooperação, os quais não constam investimentos no Balanço Social em
nenhum dos públicos ( cooperados (as)/colaboradores (as).
Indicadores sociais externos: o único investimento social externo
observado no estudo de caso foi realizado em educação cooperativa referente a
primeira fase do Programa de Educação Cooperativa (União Faz a Vida) onde foi
promovido jogos cooperativos e palestra de sensibilização sobre o tema “Educar
para o Futuro” envolvendo 610 professores (as) da rede pública e privada do
município de Juina. Os demais itens não receberam atenção nos anos de
2007/2008, tornando-se então pontos a serem melhorados.
82
Por outro lado conforme pesquisa realizada com público interno a
cooperativa tem sido um importante agente repassador de crédito com taxas de
juros subsidiadas pelo Governo Federal como: microcrédito e o crédito rural
conforme apresentado nos gráficos 32 e 33. O que pode ser observado é uma forte
queda nestes repasses conforme evidencia os referidos gráficos. O que motivou
esta redução é que não houve repasse de recursos aos associados nas linhas do
Programa de Incentivo ao Uso de Corretivos de Solos - PROSOLO e o Programa de
Recuperação e Manejo de Pastagens - PROPASTO em 2008/2007 pelo fato destas
linhas terem sido extintas pelo Governo Federal desde de anos anteriores a 2007,
os saldos apresentados são valores remanescentes de operações que estão a
vencer. Quanto a linha do Programa de Modernização da Agricultura e Conservação
de Recursos Naturais – MODERAGRO foi extinta desde do segundo semestre de
2008, a qual justifica a baixa evolução. No final de 2008 o SICREDI foi autorizado a
operar com o PRODUSA – Produção Agropecuária Sustentável, um programa do
Governo Federal para estimular a agropecuária sustentável, o qual passa pelo
processo de implantação. No que se refere ao Microcrédito o que se observou
sobre a redução foi uma medida adotada pela área desenvolvimento da cooperativa
em segurar os repasses em virtude do comportamento do mercado no segundo
semestre de 2008, mas já voltou a operar nos primeiros meses de 2009.
Outras informações: observa-se que a cooperativa desenvolveu várias ações na
área social e ambiental no período analisado, mas por se tratar de fatos isolados e
não contínuos (projetos) ficam descaracterizados como ações sócio-ambientais para
serem enquadradas no corpo do Balanço Social. Por outro lado o que se observa é
que o sistema SICREDI e a SICREDI UNIVALES estão preocupados com a área
social, e contemplou no Planejamento Estratégico de 2008/2010 uma gestão
integrada em dois pilares: o econômico e a sustentabilidade, merecendo destaque o
Projeto União Faz a Vida e o Projeto Sua Atitude Salva Vidas, envolvendo crianças
das escolas públicas e privadas do município de Juina, os quais já passaram pela
primeira fase “sensibilização do publico alvo”.
4.1.8 Balanço Social IBASE
87
Notas explicativas
Nota 01 - Indicadores do Corpo Funcional:
a) O número de saídas e demissões: compreendem as pessoas que solicitaram o
encerramento da conta/baixa de capital social e também aquelas que foram
demitidas por descumprimento das normas/estatuto social (capitulo III, seção III,
artigo 7º do estatuto social onde reza os deveres do associado);
b) Número de trabalhadores terceirizados: compreende aos vigilantes e serviços
gerais;
c) Entendemos que não se aplica as cooperativas de crédito (coluna cooperados):
número de trabalhadores terceirizados, número de não-alfabetizados (as), número
de mulheres, percentual de cargos de chefias ocupados por mulheres; remuneração
médias das mulheres e dos homens, negros (as)/pardos (as) e brancos (as), número
de negros (as) e/ou pardos (as) e brancos (as) e número de portadores (as) de
deficiência ou necessidades especiais.
Nota 02 – Indicadores de Organização e Gestão:
a)Procedimentos adotados para integralização das quotas-partes: a SICREDI
UNIVALES adota duas formas: o associado pode capitalizar á vista ou parcelado em
até 05 vezes o valor das quotas-partes;
b)Entendemos que não se aplica as cooperativas de crédito (coluna cooperados):
maior e menor remuneração, número de sindicalizados (as) e número de acidentes
de trabalho;
c)Quanto o item maior e menor salário pago a empregados (as), estes valores estão
diretamente relacionados à função exercida pelo colaborador (a) e o grau de
responsabilidade assumida por este (a).
d) Destino das sobras: as sobras são destinadas conforme o que reza o capítulo IX,
artigo 41 incisos I, II e III do estatuto social da cooperativa conforme transcrevemos
na integra:
Art.41 As sobras apuradas ao final de cada exercício (resultado consolidado) serão
destinadas da seguinte forma:
I - 45% (quarenta e cinco por cento), no mínimo, para o fundo de reserva, destinado
a reparar perdas e a atender ao desenvolvimento da Cooperativa;
88
II - 5% (cinco por cento), no mínimo, para o fundo de assistência técnica,
educacional e social, destinado à prestação de assistência aos associados, seus
familiares e aos empregados da Cooperativa;
III - O saldo que restar ficará à disposição da assembléia geral, para destinações
que entender convenientes, obedecido ao disposto no § 1º deste artigo.
e)Parâmetros utilizados para distribuição das sobras ou débitos: esta decisão fica
sob responsabilidade da Assembléia Geral Ordinária (AGO). Nos anos de 2008/2007
a AGO decidiu em fazer a distribuição proporcional à movimentação financeira de
cada associado.
f)Quantidade de Assembléias realizadas: a cooperativa vem realizando
semestralmente as miniassembléias em cada ponto de atendimento, e realiza a
AGO apenas 01 vez por ano e a Assembléia Geral Extraordinária (AGE) quando se
faz necessário o que não ocorreu nos anos de 2007/2008.
g)Freqüência do (s) instrumentos de prestação de contas: a cooperativa presta conta
ao quadro social duas vezes no ano, semestralmente e anualmente
(miniassembléias e AGO), além de fixar no mural de cada unidade de atendimento o
balancete do mês, o relatório anual é impresso e distribuídos nas Assembléias e nas
unidades, além da vinculação nos jornais de maior circulação regional e/ou diário
oficial .
h)Critério para admissão de novos associados: a cooperativa se utiliza de critérios
técnicos do tipo consulta aos órgãos de proteção ao crédito, aprovação do cadastro
em reunião do conselho de Administração;
i)Critérios de Afastamento dos associados: a cooperativa obedece ao que reza o
capitulo III, seção III, artigo 7º do estatuto social ( em anexo) onde reza os deveres
do associado;
j)Cooperados (as) sindicalizados (as): entendemos que não se aplica as
cooperativas de crédito;
k)Apoio a organizações de outros empreendimentos de tipo cooperativo: além dos
mencionados no Balanço Social ela presta outros apoios do tipo: palestras a
produtores associados das cooperativas de produção; apóia eventos organizados
por outras cooperativas, etc.
l)Participação de cooperados (as) no planejamento da cooperativa: os cooperados
são representados pelo Conselho de Administração e Fiscal onde são discutido as
89
prioridades macros que depois são tratadas em detalhes com cada área e unidade
de atendimento com quadro de colaboradores;
m) A cooperativa costuma ouvir os (as) cooperados (as): a SICREDI UNIVALES
através de sua diretoria está sempre aberta a ouvir seu quadro social com ou sem
data marcada, por exemplo é a ouvidoria SICREDI UNIVALES .
Nota 03 – Indicadores Econômicos:
a)Faturamento Bruto: compreende ao total acumulado das receitas em cada
exercício;
b)Receitas sobre aplicações financeiras: são os valores aplicados na centralização
financeira (% mínimo exigido para garantir a compensação dos papéis através da
câmera de compensação) e a liquidez excedente se houver;
c)Total das dívidas: compreende aos recursos de terceiros repassados na carteira
de crédito rural, impostos e contribuições a recolher;
d)Patrimônio da cooperativa: composto pelo total geral do ativo (bens, direitos e
obrigações);
e)Patrimônio de terceiros: compreende o patrimônio de terceiros o capital social,
depósito à vista e depósito a prazo.
f)Impostos e contribuições: composta pelos grupos de despesas tributárias,
apuração do resultado , imposto sobre serviços
g)Remuneração dos (as) cooperados (as): entendemos que não se aplica aos
cooperados (as)
h)Folha de pagamento e encargos: compreendem a FGTS, previdência social, PIS
s/ folha de pagamento, salário fixo, comissão s/ cargo fixo, anuênios, horas extras,
quebra de caixa, salário, férias gozadas, aviso prévio, férias gozadas, participação
nas sobras, salário variável ;
i)Fundos: os fundos estão compostos pela reserva legal e pelo Fundo de Assistência
técnica e social - FATES
Nota 04 – Indicadores Sociais Internos:
a)Entendemos que não se aplica a cooperados os gastos com alimentação, saúde,
segurança no trabalho, educação, capacitação profissional, auxilio creche e ações
ambientais relativas a produção/operação;
90
Nota 05 – Indicadores Sociais Externos:
a)Investimento em educação/cooperativa refere-se implantação do Projeto União
Faz a Vida, onde o objetivo é construir e vivenciar atitudes e valores de cooperação
e cidadania, por meio de práticas de educação cooperativa. Este projeto está sendo
implantado em 02 escolas particulares de ensino de médio no município de Juina:
Colégio São Gonçalo e Colégio Presbiteriano de Juina.
91
5 CONCLUSÃO
O Balanço Social é um instrumento relativamente novo, colocado a
disposição das empresas a fim de que as mesmas possam demonstrar à sociedade
suas ações de cunho social e ambiental. Para desenvolver essas atividades, as
empresas consomem energia, água, mão-de-obra e fazem uso de bens que
pertencem à comunidade, e neste sentido faz-se necessária a prestação de contas
à sociedade, informando como estão sendo utilizados estes recursos.
A metodologia utilizada na SICREDI UNIVALES, objeto de estudo deste, é
possível de ser aplicada em outras cooperativas que integram o sistema, dada as
limitações do estudo de caso. Sendo o modelo IBASE um modelo muito flexível é
importante ressaltar que cada cooperativa poderá adequar o Balanço às suas
peculiaridades. As variáveis utilizadas neste trabalho poderão ser aproveitadas e
ainda acrescidas de outras conforme as necessidades.
Analisando o Balanço Social elaborado com base nos indicadores do corpo
funcional, organização e gestão, econômicos, sociais internos e externos sugeridos
pelo IBASE às cooperativas, concluir-se que a cooperativa em estudo vem
desenvolvendo um importante papel na sociedade, através da distribuição de
rendas, prestação de serviços financeiros à comunidade, geração de postos de
trabalho, incentivo a educação dos colaboradores, apoio aos movimentos sociais,
dentre outros. A recomendação do IBASE é que o Balanço Social deve atingir seu
estágio máximo (ter todos os campos preenchidos) o que não aconteceu neste
estudo. O IBASE defende que as ações sócio-ambientais só serão alcançados com
o planejamento e a prática. Neste sentido conclui-se que as ações desenvolvidas
pela entidade representam uma preocupação com a Responsabilidade Social,
porém ainda não são suficientes para sustentar uma afirmação de que o Balanço
Social elaborado esteja em conformidade com os indicadores sugeridos pelo IBASE.
Desta forma este “primeiro exemplar” pode ser transformado num bom subsídio para
os executivos realinharem o planejamento estratégico da cooperativa, direcionando
melhor suas ações futuras no campo sócio-ambiental.
Diante deste conhecimento conclui-se que para iniciar o trabalho de
divulgação do Balanço Social a cooperativa precisa levantar os dados, fazer um
esboço de tudo que foi realizado durante os dois últimos anos e preencher o
92
primeiro Balanço Social que servirá de espelho, ponto de partida para a construção
de um plano estratégico voltado para as ações sociais e ambientais a serem
desenvolvidas nos próximos anos, plano que deve contemplar além das ações
sociais uma ferramenta que controle essas ações, quesito que foi uma das
maiores dificuldades encontradas para realização deste trabalho.
As cooperativas são organizações de forte representatividade social e
exercem um importante papel quando desenvolvem uma gestão pautada nos
princípios cooperativos. De forma geral, principalmente as de crédito do sistema
SICREDI realizam diversas atividades de ordem social, seja pela natureza intrínseca
ou pelo apelo social.
Programas de Responsabilidade Social são importantes agentes de
mudança interna organizacional, assim como são fatores de exteriorização da
proposta, missão, valores que a empresa tem para com a sociedade.
Recomenda-se que a SICREDI UNIVALES elabore e publique seu Balanço
Social, para que chegue ao público em geral sua forma de atuação, esclarecendo
seu modelo de condução de negócios vinculado a sua natureza constitutiva
organizacional “ser cooperativa”. Tal atuação envolvendo todos os integrantes
organizacionais (público interno e externo) em conjunto com propostas que se
identifiquem com o cooperativismo e com a cooperativa, neste sentido proporcionará
a permanência e a viabilidade da organização junto a esta sociedade
sustentavelmente.
93
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