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8/6/2019 Bettas Que Comem Ovos e Alevinos: Ecloso in vitro
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BETTAS QUE COMEM SEUS OVOS E ALEVINOS. COMO RESOLVER:
ECLOSO DOS OVOS IN VITRO
Por: Wilson Vianna
1 Introduo
O problema de Bettas que comem ovos e alevinos no exclusivo da
espcie, nem do gnero, podendo ocorrer tambm com espcies de outros gneros,
como por exemplo, Acars Discos, Acars Bandeiras, Apistogramas, etc, caracterizando-
se como um distrbio comportamental, uma vez que as espcies citadas possuem
cuidados parentais que incluem a proteo dos ovos, larvas e alevinos nas primeiras
fases de suas vidas. Esta uma questo muito antiga, discutida desde a dcada de 70,
e que a maioria dos criadores j a tiveram, em seu plantel. Tal anomalia pode ocorrer
com Bettas jovens, em suas primeiras reprodues; com Bettas velhos, que j criaram
bastante sem nunca terem comido as desovas e, tambm, com matrizes que, de
repente, comem uma ou duas desovas e depois no as comem mais, voltando a serem
excelentes reprodutores. H, ainda, casos de Bettas machos que so eternos
comedores de ovos.
2 As Possveis Causas desta Anomalia
Vrias hipteses podero ser atribudas a esta anomalia, entre elas podemos
citar:
Estresse o Betta pode entrar em estado de estresse por vrios motivos, sendo
os mais comuns:
- ter sido retirado recentemente de um acasalamento e ser submetido a outro,
- ter sido submetido gua com parmetros fsico-qumicos incompatveis,
- ter chegado de viajem longa e ser logo submetido ao acasalamento,
- ter a desova exposta aos raios solares,
- ter sido submetido temperatura muito alta ou muito baixa.
Distrbios nutricionais - O animal pode estar sendo alimentado, no entanto, em
funo de um possvel distrbio fisiolgico, pode no estar metabolizando determinadas
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protenas, que ele hipoteticamente estaria procurando nos ovos e larvas. Como
exemplo, podemos citar Bettas portadores de parasitos intestinais, onde os patgenos
geralmente esto consumindo parte do bolo alimentar e o animal no consegue uma
nutrio adequada.
Machos imaturos Embora sejam raros, alguns machos novos podem vir a
comer os ovos e larvas, nas primeiras procriaes, mas com o decorrer do tempo
passam a reproduzir normalmente.
Machos velhos Bettas com mais de dois anos tambm podem vir a comer ovos
e larvas, no entanto, no regra, pois, alguns machos nessa idade so bons
reprodutores.
Distrbios comportamentais (associados ou no ao estresse) - H casos em
que o Betta saudvel e teria todas as condies para ser um bom reprodutor, mas se
torna um comedor de ovos, destruidor de ninhos, etc. A essa questo atribumos
distrbios de comportamento, porque so incompatveis com a sua natureza.
Ovos que no so fecundados Embora seja raro, h situaes em que o
macho no fecunda os ovos e ele mesmo os come, no entanto, pode ocorrer tambm
casos em que os ovos no so fecundados e permanecem no aqurio, onde acabamfungando, sem serem comidos pelo macho.
3 - Como Resolver esta Situao:
Na criao comercial, quando observada esta anomalia, o macho ou at o casal
descartado como reprodutor, pois o produtor entende que perda de tempo investir
num peixe com este problema.
A colocao de alimentos vivos junto com o casal reprodutor geralmente distrai o
macho que os come e no ataca ovos e larvas. O criador Paulo Freitas costuma colocar
uma grande quantidade de larvas de mosquito (Culex pipiens) no aqurio, junto com os
reprodutores, tendo obtido bom resultado.
3. 1 - Alternativa da Ecloso Artificial
Este mtodo utilizado quando temos um animal excepcional, que queremos
preservar a sua descendncia, ou seja, passar as suas caractersticas genticas para asgeraes futuras.
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3.1.1 - Retirada do Macho e Diminuio do Nvel da Lmina Dgua Uma
vez que aps o abrao nupcial os ovos, mesmo antes de chegarem ao fundo, j se
encontram fecundados, aps a desova o macho comedor de ovos juntamente com a
fmea, dever ser retirado. Em seguida a lmina dgua dever ser baixada para at
meio centmetro. Uma dose preventiva de fungicida dever ser adicionada, bem como,
uma dose de NaCl (cloreto de sdio), na medida de um grama por litro.
A partir do quinto dia aps a ecloso dos ovos, quando os alevinos j estiverem
nadando, poder ento ser adicionada gua ao aqurio, a base de meio centmetro por
dia at um mximo de dez centmetros. A partir da todo o processo ocorre normalmente.
Cabe ressaltar, que o criador Rodrigo Felix, aps ter adotado este procedimento,
vem conseguindo um melhor resultado e 80% dos ovos se transformam em alevinos
saudveis. Felix entende que esta tcnica propicia um menor desgaste do macho que
pode ser utilizado, para outro cruzamento, num menor espao de tempo.
3.1.2 - Ecloso Artificial In Vitro Neste processo utilizamos um vidro,
branco, transparente, com o dimetro de dez centmetros e a altura de doze centmetros.
Conforme figuras 1, 2 e 3, abaixo.
Figura 1 vidro para ecloso artificial
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Figura 2 vidro para ecloso artificial com dez cm de dimetro
Figura 3 vidro para ecloso artificial com doze cm de altura
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3.1.2.1 - Meio para Recepo dos Ovos - O meio para recepo dos ovos
dever ser feito com a gua da prpria desova, at a altura de 5mm e dose preventiva
de fungicida. Neste experimento utilizamos azul de metileno, na dose de 2 gotas por
litro. Tambm foi adicionado uma dose de NaCL, na proporo de 1 grama por litro,
conforme figura 4, abaixo.
Figura 4 meio de recepo dos ovos para ecloso artificial.
3.1.2.2 Extrao dos Ovos Logo aps a postura os ovos devero ser
recolhidos com parte do ninho, com o auxilio de uma colher plstica, conforme figura 5
abaixo. Caso o criador queira poder tirar s parte dos ovos, deixando alguns na
tentativa que o macho cuide.
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Figura 5 meio de recepo dos ovos para ecloso artificial.
Na figura abaixo visualizao dos ovos retirados com parte do ninho
Figura 6 ovos retirados juntamente com parte do ninho.
3.1.2.3 Transferncia dos Ovos para o Meio de Recepo Os ovos
retirados devero ser imediatamente transferidos para o meio de recepo previamente
preparado, conforme figura 7 abaixo.
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Figura 7 transferncia dos ovos para o meio de cultura.
3.1.2.4 Acomodao dos Ovos no Ambiente de Recepo. A estrutura
circular permite a acomodao do ninho e ovos. Alguns ovos vo para o fundo e outros
ficam aderidos ao ninho, conforme figura 8.
Figura 8 acomodao da desova no meio de recepo.
3.1.2.5 Mantendo a Temperatura da Desova Para manter a temperatura da
desova utilizamos uma caixa plstica, com gua at a altura de cinco centmetro e um
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aquecedor regulado em 28 graus, conforme figura 9 abaixo. Em casos de estufa com
aquecimento ambiente no h esta necessidade.
Figura 9 manuteno da temperatura da desova.
O vidro dever ser tampado para evitar diferenciao de temperatura, entre o meio
externo e o interno. Um pequeno furo na tampa permite a entrada de ar necessria,
conforme figura 10.
Figura 10 vista superior do sistema de ecloso artificial.
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3.1.2.6 Ecloso dos Ovos e Nascimento dos Alevinos Aps quarenta e oito
horas inicia-se o processo de ecloso dos ovos e no terceiro dia possvel visualizar as
larvas se movimentando.
Figura 11 nascimento dos betinhas.
Na figura abaixo visualizao de alevinos e ovos no fecundados que no fungaram pela
ao do azul de metileno.
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Figura 12 visualizao de alguns alevinos e ovos no fecundados.
3.1.2.7 - Extrao dos Ovos no Fecundados Com o auxlio de uma pipeta
pode-se retirar os ovos que no foram fecundados, conforme figura abaixo.
Figura 13 extrao de ovos no fecundados.
3.1.2.8 Quando Alimentar as Larvas In Vitro - A partir do quinto dia poder
ser iniciado a alimentao das larvas, devendo ser observado se elas j conseguem
comer os nauplios. H diferenas no tamanho que as larvas nascem ento, h desovas
em que elas comem nauplios j no quinto dia, enquanto outras s no sexto e at no
stimo dia.
3.1.2.9 Transferncia para o Aqurio de Crescimento A partir do sexto dia
as larvas podero ser transferidas para o aqurio de crescimento. Durante este processo
a gua do vidro dever ser gradativamente misturada com a gua do aqurio, com a
finalidade de igualar os parmetros fsico-qumicos.
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Figura 14 - transferncia para o aqurio de crescimento
As larvas podero ficar no vidro at doze dias ou mais, neste caso dever ser
adicionado meio centmetro de gua diariamente, at o mximo de dez centmetros de
lmina dgua.
4 Concluso O sistema in vitro permite que o criador conhea melhor o
processo de ecloso, nascimento, quando comeam a nadar, quando comeam a se
alimentar e o desenvolvimento inicial das larvas, pois, com o auxlio de uma lupa e uma
luminria, todo o processo fica bastante visvel.
Neste experimento foram obtidos setenta e oito alevinos de um macho que nos
cruzamentos anteriores comeu todos os ovos. Em mdia, consegue-se entre setenta a
cento e vinte alevinos. Existem linhagens mais complexas que no comem ovos, mas
produzem poucos filhotes e que este procedimento tem apresentado melhores
resultados do que o processo natural.
H desovas em que nascem muitos Betinhas, que se dispersam pelo aqurio e
vo desaparecendo. Geralmente so afetados por parasitos que no conseguimosvisualizar e que in vitro fica mais fcil de serem detectados.
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O presente procedimento est sendo desenvolvido por mim e j foram
realizadas doze experimentaes e quando tenho dvidas, sobre o resultado de
determinado cruzamento, recolho parte dos ovos e fao a ecloso in vitro
porque tenho certeza que obterei certo nmero de exemplares.
Cabe ressaltar, ainda, que as larvas mantidas in vitro, durante doze dias ou
mais, apresentaram neste perodo, melhores ndices de desenvolvimento do que suas
irms soltas no aqurio de crescimento, levando-me a crer que isto ocorre em face do
acesso mais fcil aos nauplios e um menor dispndio de energia.
Colaboraram neste artigo os criadores: Rodrigo Felix, Paulo Freitas, Rodrigo
Soares, Paulo Lopes, Idsio de Almeida, Edmar Schnalbl, e Jose Carlos Motta.
Fonte: Criando o Betta da Lenda Realidade (autor: Wilson Vianna)