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BIOMAGNIFICAÇÃO DE MERCÚRIO NO PANTANAL, BRASIL
LUIZ MARQUES VIEIRA1 e CLEBER J. R. ALHO2
RESUMO: O mercúrio é intensivamente utilizado na extração de ouro na imediações do
Pantanal. A sua oxidação nos ecossistemas aquáticos pode levar à formação de
metilmercúrio, que é biotóxico, bioacumulável e com elevado potencial de concentração
nas cadeias alimentares. É também cancerígeno, mutagênico e teratogênico. O objetivo
deste estudo foi avaliar a biomagnificação do mercúrio partir dos níveis de
contaminação nos sedimentos, moluscos, peixes (carne e fígado) e aves (penas e fígado)
no Pantanal. O mercúrio foi analisado por espectrofotometria de absorção atômica com
geração de vapor frio. Os níveis de mercúrio nos sedimentos e nos moluscos foram
baixos, embora com maior contaminação nos moluscos. As maiores freqüências de
peixes contaminados acima do nível crítico para consumo humano pela Organização
Mundial de Saúde ocorreram nos carnívoros dos rios Cuiabá e Bento Gomes. Os teores
de mercúrio nas aves (penas e fígado) também evidenciaram contaminação.As aves
piscívoras apresentaram níveis mais elevados do que as que se alimentam de moluscos.
Os resultados sugerem a ocorrência de biomagnificação do mercúrio, pois os
organismos de níveis tróficos mais elevados apresentaram teores mais altos.
1 Ph.D. Ecologia e Recursos Naturais – CPAP/Embrapa - Rua 21 de setembro, 1.880 – Caixa Postal 109 -79320-900 Corumbá, MS. Tel.: (67) 231-1430 Fax: (67) 231- 1011. Correio eletrônico:[email protected] Ph.D. Fundação Pró-Natureza – Brasília, DF. Tel.: (61) 365-3142 Fax: (61) 365-3852. Correioeletrônico: [email protected]
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BIOMAGNIFICATION OF MERCURY IN THE PANTANAL, BRAZIL
ABSTRACT: Mercury is intensively used for gold extraction around the Pantanal
region. Its oxidation in aquatic ecosystems can lead to the formation of metilmercury,
that is biotoxic, bioaccumulable and with high potential of concentration in the food
chain. It is also cancerigenic, mutagenic and teratogenic. This study aimed to evaluate
the biomagnification of mercury considering the levels of contamination in the
sediments, clams, fishes (meat and liver) and birds (feather and liver) in the Pantanal.
Atomic absorption espectrofotometry with cold vapor generation was used for mercury
analysis. Mercury levels were low in the sediments and clams but slighty higher in
clams than in sediments. The highest frequencies of fish, contaminated above the
critical level for human consumption, according to World Health Organization, had
occurred in carnivorous fishes from Cuiaba and Bento Gomes rivers. The mercury
levels in the birds (feather and liver) also had shown contamination. The piscivorous
birds had shown higher levels than those feed on clams. The results suggest mercury
biomagnification along the food chain since high mercury content is found in the
organisms of high trophic levels.
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INTRODUÇÃO
A atividade garimpeira de ouro laterítico na Baixada Cuiabana, Mato Grosso,
apesar de se reportar ao século XVIII, foi reiniciada nos anos 1980, agravada pela
utilização indiscriminada de mercúrio. Mais de uma centena de garimpos instalou-se
em microbacias localizadas nos municípios de Poconé e Nossa Senhora do Livramento
(Vieira, 1996), nas bordas do Pantanal. Este é uma imensa planície alagável (140 mil
km2) que funciona como um grande reservatório de deposição de sedimentos e metais
pesados provenientes dos planaltos adjacentes. A quantidade de mercúrio metálico
lançada no ambiente pelos garimpos, em 1989, foi estimada em 1,5 tonelada (Vieira,
1996), considerando que, para 1 kg de ouro produzido, utilizam-se 2 kg de mercúrio
(Malas e Bendicto, 1986; Lacerda et al., 1995). O mercúrio é usado para agregar as
partículas de ouro durante a lavagem do cascalho e na “bateia”. Em vista disso, grandes
quantidades de mercúrio perdem-se para os sistemas aquáticos e, posteriormente, para a
atmosfera durante a queima da amálgama na purificação do ouro. O mercúrio atingindo
o sistema aquático pode se ionizar, transformando-se em metilmercúrio por ação de
microorganismos (Campeau e Bartha, 1985) e contaminar os peixes (Westoo, 1968).
Em função disso, o risco de contaminação dos ecossistemas do Pantanal (Alho e Vieira,
1997) e da Bacia Platina constitui uma das principais preocupações da sociedade pelas
graves ameaças de afetar a biodiversidade do Pantanal e a sustentabilidade dos recursos
naturais (Brazaitis et al., 1996; Schoeny, 1996). O Pantanal, além de produzir grandes
quantidades de peixes de expressão socioeconômica (pintado, cachara, dourado,
curimba, piranha, traíra e outros), abriga muitas espécies de aves, mamíferos e répteis
com elevado potencial ecológico e econômico. Além disso, essa região é uma das
principais rotas de migração de aves que usam a planície como área de pouso ou
permanência temporária (Silva, 1995). Também a saúde do homem pode ficar
gravemente comprometida pela ingestão de peixe contaminado (Gaggi, et al., 1996; Eve
et al.,1996; Bioschio e Henshel, 1996; Bidone et al., 1997; Castilhos et al., 1998).
Os principais efeitos e impactos do mercúrio no homem ocorrem no sistema
nervoso central (Marsh et al., 1980) e rins (Bakir et al., 1973). Apesar disso, o risco de
contaminação somente se tornou evidente após a elucidação dos incidentes
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epidemiológicos de Minamata e Niigata no Japão nas décadas de 1950 e 1960, quando
ocorreram centenas de lesões e mortes humanas (Matsumoto et al., 1965; Kitamura,
1968; Harada, 1978). O mercúrio é comprovadamente cancerígeno, mutagênico e
teratogênico (Eisler, 1987; Klekowski et al., 1999; Choi, 1989; Mayers, et al.,1995). A
concentração de 0,5 µg de mercúrio total por grama de carne de peixe (0,5 µg.g-1 na
base de peso úmido = ppm) foi estabelecida como o limite crítico tolerável para
consumo humano pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1990), Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, 1972) e legislação brasileira (Brasil,
1977).
A metilação do mercúrio pode ocorrer no sedimento (Jensen e Jernelöv, 1969),
na coluna d’água (Furutani e Rudd, 1980) e no intestino dos peixes (Rudd, et al., 1980).
No entanto, esse processo de oxidação é controlado por variáveis físicas, químicas e
biológicas que atuam no sistema aquático. No sedimento vivem as comunidades
bentônicas mais ativas (Ossanai, 1980), que por ingestão de detritos, adquirem carga
corporal de mercúrio com potencial de transferi-la aos peixes (EPA,1972). O sedimento
uma vez contaminado tem potencial de trocar sua carga de mercúrio com a água e
transferi-la para a biota por dez a cem anos (Braile e Cavalcanti, 1979), mesmo com a
paralisação da fonte emissora. Avaliações experimentais demostraram que a
concentração de mercúrio acumulada nos peixes proveniente do sedimento foi nove
vezes maior do que da coluna d’água (Kodo e Mortimer, 1979).
A determinação dos teores de mercúrio no sedimento é uma das formas mais
utilizadas de se avaliar o grau de contaminação por mercúrio de um sistema aquático
(Lacerda et al., 1991; Marins et al., 1998; Alonso et al., 2000), apesar de não ser
suficiente para se determinar o potencial de disponibilidade. No Pantanal, o sedimento
de rios e lagoas de água doce foi também investigado por muitos pesquisadores na
última década (Lacerda et al., 1991; Hylander et al., 1994; Rodrigues Filho, 1995;
Tümpling et al., 1995; Rodrigues Filho e Maddock, 1997; Guimarães et al., 1998;
Hylander et al., 1999; Guimarães et al., 2000; Hylander et al., 2000a; Simmers e
Gottens, 2000).
Apesar de o sedimento ser um dos substratos empregados para se avaliar a
contaminação ambiental, a utilização de bioindicadores tem a vantagem de fornecer
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uma estimativa do potencial de disponibilidade de mercúrio para as biomassas de
diferentes regiões (Phillips, 1977). Estudo recente mostrou que os moluscos são
bioindicadores sensíveis e que podem refletir pequenas diferenças no “background” de
mercúrio em áreas inundáveis (Malley et al., 1996). A investigação de Eisemann et al.
(1997), utilizando moluscos (Pomaceae paludosa) como monitores, detectou diferenças
geográficas de contaminação por mercúrio no sul da Flórida. Além disso, os moluscos
oferecem um bom material para comparação de fatores de concentração, embora as
espécies que vivem sobre material vegetal em decomposição apresentem fatores mais
baixos (Hanners, 1968). Em função disso, muitos autores utilizaram diferentes espécies
de moluscos para monitorar a contaminação de água doce e salgada em muitas regiões
(Micak et al., 1985; Di Giulio et al., 1988; Klers e Weis, 1987). Além do potencial
acumulador, os moluscos são organismos sedentários, abundantes e com larga
distribuição geográfica nos sistemas aquáticos do Pantanal. Também há forte correlação
entre a concentração de mercúrio total nos moluscos e no sedimento (Micak et al.,
1985, apud Hildebrand et al., 1980). Um outro aspecto importante e de relevância
ecológica é a relação trófica existente entre os moluscos e as aves. Os moluscos
constituem uma expressiva fonte de alimento para determinadas aves que vivem nas
proximidades de áreas alagadas do Pantanal. Desse modo, eles desempenham um papel
de relevância no processo de transferência de resíduos de mercúrio dos sistemas
aquáticos para algumas espécies de aves nessa região que têm a sua dieta constituída,
principalmente, de moluscos. Dois exemplos são o gavião-caramujeiro, que se alimenta
das partes moles de moluscos gastrópodos (Pomaceae), e o carão, que tem a maior parte
de sua dieta constituída de gastrópodos da família Ampularidae e de Marisa planogira.
O metilmercúrio, além de ser tóxico, é bioacumulável nos tecidos e apresenta
elevado potencial de se concentrar com a elevação do nível trófico nas cadeias
alimentares. Dessa forma, os tecidos dos peixes também apresentam elevada habilidade
de acumular metilmercúrio proveniente da água e do alimento, pois é rapidamente
absorvido e vagarosamente eliminado (Pentreath, 1976). Hanners (1968) constatou uma
meia-vida biológica do mercúrio no tecido muscular de peixes de 65 a 70 dias. Na carne
destes, aproximadamente, 90% do mercúrio total é metilmercúrio (Allen-Gill et al.,
1995) associado a radicais sulfidrílicos das proteínas (Akagi et al., 1994). Os
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ecossistemas aquáticos são os mais susceptíveis e vulneráveis à ação do metilmercúrio.
Assim, a presença de mercúrio na carne dos peixes é um bom indicador de sua
biodisponibilidade nos sistemas aquáticos. Em função disso, muitos pesquisadores têm
utilizado os peixes como indicadores de contaminação ambiental em muitas regiões
(Malm et al., 1990; Chen et al., 1996; Neumann et al., 1997; Bidone et al., 1997;
Moraes et al. 1997; Olivero et al., 1997; Olivero et al., 1998; Castilhos et al., 1998;
Marins et al., 1998; Alonso et al., 2000). No Pantanal, poucos investigadores avaliaram
a contaminação de peixes (Hylander et al., 1994; Hylander et al., 2000b, Simmers e
Gottens, 2000). A contaminação nos peixes pode afetar o crescimento, o
comportamento e a reprodução (Devlin e Mottet, 1992; Friedmann et al., 1996).
Além do sedimento, moluscos e peixes, as aves que se alimentam de moluscos e,
principalmente, aquelas que têm a sua dieta alicerçada em peixes acumulam altos níveis
de mercúrio em seus tecidos, por isso são também muito empregadas no
monitoramento. Em função disso, as penas e o fígado são tecidos muito utilizados
como indicadores de contaminação ambiental (Kim et al., 1996; Thompson et al., 1998).
A utilização de penas, além da vantagem de não precisar abater o animal, o mercúrio
encontra-se numa forma estável (Applequiat et al., 1984) e que se correlaciona com os
níveis existentes em outros órgãos e tecidos internos (Furness e Hutton, 1979). A
concentração de mercúrio nas penas reflete muito bem os níveis existentes na dieta
alimentar (Lewis e Furnees, 1991), embora haja grande variação dentro de uma mesma
população (Thompson et al., 1998). É o único metal pesado com boas evidências de
biomagnificação na cadeia alimentar (Thompson et al., 1998. Apesar disso, no Pantanal
ninguém ainda avaliou sistematicamente a avifauna com relação aos níveis de mercúrio
(Sick, 1985). Existem apenas informações pontuais sobre teores de mercúrio em número
reduzido de penas de poucas espécies de aves carniceiras (Ferreira et al., 1987;
Hylander et al., 1994).
Além de penas, a literatura registra que o fígado é um dos substratos mais
amplamente empregados no diagnóstico de contaminação ambiental por metais pesados
(Hoffman e Curnov, 1979; Honda et al., 1986; Scheuhmmer, 1987; Kim et al., 1996).
Ainda que outros órgãos sejam também usados com muita freqüência no monitoramento
de mercúrio em aves, o fígado apresenta maior potencial de concentração, embora haja
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uma nítida diferença entre espécies e entre níveis tróficos (Fimreite, 1974). O fígado é
um órgão de bom tamanho e com quantidade suficiente de tecido para viabilizar as
análises laboratoriais, mesmo quando se trata de aves de pequeno porte, é acessível e
rapidamente extraído na dissecação. Além disso, o conteúdo de mercúrio no fígado
espelha muito bem a carga de mercúrio existente no corpo do animal e,
conseqüentemente, sugere o nível de contaminação que ave está ingerindo por meio de
sua dieta (Parslow, 1973). Apesar de as penas e do fígado apresentarem-se como bons
indicadores de contaminação, o processo de acumulação e de distribuição de mercúrio
nos tecidos e órgãos pode ser influenciado por diferenças entre as espécies, habilidade
de retenção de mercúrio no organismo, posição na cadeia alimentar, padrão de muda,
migração, idade, estádio metabólico de crescimento e reprodução.
A crescente preocupação com os efeitos e impactos de longo prazo causados
pelo mercúrio, principalmente na reprodução, crescimento e comportamento de aves,
pode ser aquilatada pelo expressivo número de investigações realizadas nas últimas
décadas (Peakall, 1985; Scheuhammer, 1987; Eisler, 1987). Os efeitos tóxicos do
mercúrio nas aves refletem-se na redução do consumo de alimento e, em conseqüência,
na perda de peso, progressiva fraqueza nas asas e pernas com dificuldade de voar,
caminhar e ficar de pé (Scheuhammer,1987). O principal impacto negativo da ingestão
de mercúrio ocorre sobre o sucesso reprodutivo, ocasionado por atresia gonadal,
decréssimo na fertilidade de ovos, aumento do número de ovos sem casca, reduções no
peso dos ovos, e da taxa de eclosão por causa da alta mortalidade precoce de embriões e
aumento de ovos inférteis (Scheuhammer,1987). Esses efeitos estão associados a
concentrações de mercúrio no fígado de 2 µg.g-1, o qual reflete exposição crônica das
aves, enquanto que níveis mais elevados (30 a 130 µg.g-1), a completa mortalidade
(Scheuhammer, 1987).
O presente estudo teve como objetivos determinar os níveis de contaminação por
mercúrio total numa cadeia trófica, a partir da concentração no sedimento, moluscos,
peixes (carne e fígado) e aves (penas e fígado) como indicador de sua biomagnificação
em sistemas aquáticos do Pantanal, e verificar se os peixes estão concentrando mercúrio
total na carne acima do nível crítico estabelecido para consumo humano.
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MATERIAL E MÉTODOS
Estudo realizado na região do Pantanal, Estados de Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP). Os pontos de amostragem de
sedimento foram definidos após sobrevôo da Bacia Hidrográfica do Rio Bento Gomes.
As amostras de sedimento foram coletadas com amostrador “core”, em três épocas:
agosto/1989, dezembro/1989 e junho/1990. As estações de coleta foram localizadas na
nascente do rio Bento Gomes, ponte da Cotia, Porto do Morrinho, entroncamento do rio
Bento Gomes com o rio Piranema, estação de captação de água de Poconé, córregos dos
Padres, Piraputanga e no entroncamento do rio Bento Gomes com a estrada
Transpantaneira. As amostras foram acondicionadas em sacos de plástico de polietileno
etiquetados e transportadas em gelo até o laboratório, onde a secagem inicial foi
realizada ao ar livre e complementada em estufa a 500C. As amostras foram passadas
em peneira inoxidável com malhas de 0,27 µm e a fração grosseira descartada. O
sedimento fino foi armazenado em sacos de plástico de polietileno etiquetados, onde
permaneceram até o momento das análises de mercúrio total. Aquelas com peso
aproximado de 1 g foram digeridas com 5 ml de uma mistura (1:1) de H2SO4: HNO3,
concentrados, conforme recomenda AOAC, em balões de vidro de 250 ml com juntas
esmerilhadas, acoplados a condensadores de vidro com circulação de água sob refluxo.
Após digestão a frio de, no mínimo, 30 minutos, introduziu-se aquecimento de cerca de
1000C. Após completos a digestão e esfriamento, adicionaram-se 20 ml de H2SO4 9N e,
em seguida, KMnO4 sólido em quantidades suficientes para manter a cor púrpura.
Depois da adição de 10 ml de água deionizada, procedeu-se um novo aquecimento por
quinze minutos para garantir a completa oxidação do mercúrio. Após esfriamento das
amostras, adicionou-se solução saturada de cloreto de hidroxilamina até a solução se
tornar incolor. As amostras de sedimento foram transferidas dos balões de destilação
para balões volumétricos de 50 ml e completado o volume com água bideionizada e
transferidas para frascos de polipropileno e armazenadas. Alíquotas de 5 ml foram
retiradas das soluções, introduzidas em frascos adaptados com tampas de polietileno
equipadas com septos. Adicionar-se 1 ml de SnCl2 a 10% em H2SO4 18N e quando todo
o mercúrio se reduzir a mercúrio metálico (vapor), um volume do vapor de mercúrio
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metálico foi introduzido, por meio de uma seringa, numa célula de vidro com janelas de
quartzo acoplada num espectrofotômetro de absorção atômica, marca Schimadzu,
modelo AA-660, equipado com lâmpada de catodo ôco de mercúrio, ajustado no
comprimento de onda de 253,7 nm. Maiores detalhes da técnica usada podem ser
encontrados em Ponce et al. (1990). As leituras de mercúrio expressas em µg.g-1 foram
registradas após terem sido ajustadas numa curva padrão de calibração. As curvas de
calibração, levando-se em consideração quatro diluições, foram feitas diariamente,
partindo-se de uma solução estoque de mercúrio contendo 1.000 µg.g-1. Os resultados
dos teores de mercúrio no sedimento foram expressos em µg.g-1 (=ppm) na base de
peso seco, após descontados os brancos.
Os moluscos das espécies Ampullaria canaliculata, Ampularia escalaris e
Marisa planogira foram coletados manualmente no córrego Piraputanga e no
entroncamento do rio Bento Gomes com a estrada Transpantaneira nas mesmas épocas
em que foram coletadas as amostras de sedimento. As amostras de moluscos foram
acondicionadas em sacos de plástico etiquetados e conservadas em gelo até o
laboratório. Após descongelamento, apenas as partes moles dos moluscos foram
submetidas às determinações de mercúrio total, seguindo-se a mesma técnica
empregada para a determinação de mercúrio no sedimento. Os resultados de mercúrio
nos moluscos foram expressos em µg.g-1 de peso úmido.
Os peixes foram capturados nos rios Bento Gomes e Cuiabá, em Mato Grosso, e
no rio Paraguai, em Mato Grosso do Sul, quadrimestralmente, durante o ciclo anual
abril/1989 a junho/1990. Na captura foram utilizadas linhadas com anzóis, redes de
arraste e espera, tarrafas e tarrafões. No rio Cuiabá, as capturas de peixes foram
efetuadas numa extenção de 60 km acima e abaixo de Porto Cercado. No rio Bento
Gomes, as capturas de peixes ocorreram desde a sua confluência com o rio Piranema até
o seu cruzamento com a estrada Transpantaneira, região onde ele desagua no Pantanal
baixo de Poconé. No rio Paraguai, os peixes foram capturados, numa extensão de 40 km
acima e abaixo da cidade de Corumbá. As espécies avaliadas foram: bagre (Pimelodus
maculatus), cachara (Pseudoplatistoma fasciatus) curimba (Prochilodus lineatus),
dourado (Salminus maxillosus), pintado (Pseudoplatistoma corruscans), peixe-cachorro
(Acestrorhynchus altus), piranha (Serrassalmus nattereri) e traíra (Hoplias
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malabaricus). Essas espécies foram selecionadas por serem de expressão ecológica,
socioeconômica, abundantes e por se enquadrarem em diferentes estratégias de captura
de presas. Cada exemplar, após captura e identificação, foi embalado em saco de
plástico etiquetado, acondicionado em caixa térmica contendo gelo e, posteriormente,
levado ao laboratório. Após limpeza e lavagem com água deionizada, foi avaliado o
comprimento total (cm) e padrão (cm), bem como o peso total (kg). Em seguida, as
vísceras foram retiradas e amostrados o fígado e o tecido muscular. Este foi retirado na
lateral e abaixo da nadadeira dorsal, utilizando-se facas, tesouras, pinças e bisturis
inoxidáveis para evitar contaminação. As amostras de tecido muscular de,
aproximadamente, 80 a 100 g e o fígado foram envolvidos em papel de alumínio,
introduzidos em sacos de plásticos de polietileno etiquetados e armazenados em
congelador regulado para a temperatura de – 210C, onde permaneceram até o momento
das análises laboratoriais.
A técnica de digestão e os procedimentos de análise de mercúrio total no tecido
muscular e fígado dos peixes foram praticamente os mesmos descritos para o
sedimento. Os teores de mercúrio no tecido muscular e no fígado foram expressos em
µg.g-1 na base de peso úmido. Foram selecionadas quatro espécies de aves: biguá
(Phallacrocorax olivacens), garça-branca-grande (Casmerodius albus), carão (Aramus
guarauna) e gavião-caramujeiro (Rhosthramus sociabilis). As aves foram capturadas
com rifles calibre nº 22, em propriedades de particulares localizadas nas imediações da
estrada Transpantaneira. Após o abate, cada exemplar foi acondicionado em saco de
plástico de poletileno etiquetado e conservado em gelo até o laboratório. No laboratório,
cada ave foi pesada, retiradas as penas primárias e necropsiada para extração do fígado.
As amostras de fígado foram envolvidas em papel de alumínio, acondicionadas em
sacos de plástico de polietileno e conservadas em congelador a – 210C até o momento
das análises. As penas primárias foram armazenadas em sacos de plástico de polietileno
etiquetados.
Os procedimentos de digestão e análise de mercúrio no conteúdo estomacal,
fígado e penas foram praticamente os mesmos descritos para o sedimento, exceto a
secagem que não foi realizada. Os resultados de mercúrio nas penas e no fígado estão
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expressos em µg.g-1 na base de peso úmido. Os teores de mercúrio nas penas referem-
se a toda estrutura da pena.
As médias dos níveis de mercúrio nas penas e no fígado foram submetidas à
análise de variância levando-se em consideração o fator espécie, época de captura e o
sexo. Embora essa análise esteja baseada num conjunto de pressuposições que nem
sempre ocorrem nos estudos conduzidos, existem na literatura muitos procedimentos
para verificar se essas hipóteses são aceitáveis. Entre eles está a análise das ordens,
estudada por Conover (1980). No caso dos teores de mercúrio nas penas, como os
valores de “F” das duas análises realizadas com os dados originais e das ordens foram
semelhantes, decidiu-se pela análise de variância com os dados originais. Quanto ao
fígado, como isso não ocorreu, procedeu-se a análise de variância das ordens. As
diferenças entre as médias dos níveis de mercúrio das aves (penas e fígado) foram
testadas pelo teste de “t” de Student.
Para cada tipo de matriz (sedimento, moluco, peixe - tecido muscular e fígado) e
aves (pena e fígado), foi feita uma curva de calibração com adição padrão para se
detectar possíveis interferências de matriz. Os resultados, com base nos valores de “a”,
evidenciaram inexistência de aparentes efeitos de matriz. Para avaliar a exatidão e
precisão da técnica, na ausência de padrões de referência, foram realizados alguns testes
de recuperação de mercúrio com o objetivo de avaliar a técnica analítica nas atuais
condições de trabalho e, consequentemente, validar os resultados. Nesse sentido, uma
amostra de peixe, após descongelamento, foi homogeneizada em almofariz.
Subamostras de, aproximadamente, 1g, em triplicatas, foram pesadas. As amostras de
peixe que não receberam mercúrio foram digeridas e analisadas com cinco repetições.
As adições das soluções contendo 100 ng, 200 ng e 400 ng de mercúrio foram
realizadas antes da digestão das amostras. Os resultados dos testes de recuperação
evidenciaram boa exatidão e precisão, com recuperação média de 94,30%.
Todas as análises de mercúrio total foram realizadas no laboratório de Química
Eletroanalítica e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), em Brasília, e no
Laboratório de Análises de Tecidos do Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados
(CPAC), Planaltina, DF.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sedimento - Os níveis de mercúrio total no sedimento µg.g-1 (peso seco) das drenagens
do rio Bento Gomes foram de modo geral baixos, embora em alguns pontos de
amostragem situaram-se acima do valor de referência. Nessa mesma região de Poconé,
Tümpling et al. (1995) também encontraram baixos níveis de mercúrio no sedimento de
duas microbacias que recebem águas de mineração de ouro. Constatou-se nesse estudo
que de um total de 69 amostras de sedimento avaliadas, apenas 26% apresentaram
níveis detectáveis e seis delas situaram-se acima do nível considerado natural (0,100
µg.g-1 de peso seco), que reflete as condições ambientais de áreas não contaminadas
(Lacerda, 1987). Por outro lado, dezesseis amostras de sedimento evidenciaram
concentrações acima de 0,02 µg.g-1, nível este citado como referencial de rios
amazônicos não contaminados (Lacerda, 1990). Os teores mais elevados (0,2415 µg.g-1e
0,2545 µg.g-1 ), que representam 2,5 vezes o limite normal de contaminação natural no
sedimento, ocorreram nas drenagens do córrego Piraputanga e Tanque dos Padres,
respectivamente, as quais se caracterizam como depósitos de rejeitos de mineração mais
próximos das áreas de garimpo. No geral, as concentrações de mercúrio detectadas no
sedimento das demais estações de coleta estão muito próximas das encontradas por
Lacerda, (1990) - não detectáveis a 0,18 µg.g-1 - em estudo de dispersão de mercúrio no
sedimento da bacia de drenagem do Tanque dos Padres, em Poconé. O nível de
mercúrio no sedimento detectado na estação de captação de água dessa cidade, no rio
Bento Gomes, embora não evidencie contaminação (0,1259 µg.g-1), serve de alerta para
as autoridades responsáveis pela preservação da saúde humana e ambiental. Segundo
Lacerda et al. (1987), os rios amazônicos não contaminados possuem teores de mercúrio
no sedimento entre 0,05 a 0,28 µg.g-1, enquanto que os contaminados oscilam entre 0,21
µg.g-1 a 19,80 µg.g-1. Os estudos de Guimarães et al. (1998) também detectaram
baixos níveis de mercúrio no sedimento (0,071 µg.g-1 a 0,116 µg.g-1) de uma lagoa na
fazenda Ipiranga, às margens do rio Bento Gomes e a jusante dos garimpos de Poconé.
Hylander et al.(2000a) também detectaram baixas concentrações de mercúrio no
sedimento (0,010 µg.g-1 a 0,050 µg.g-1) de lagoas situadas no Pantanal alto de Poconé,
onde os níveis mais elevados foram detectados nos horizontes superficiais. No entanto,
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a média (0,0889 µg.g-1) das concentrações de mercúrio encontradas no horizonte
superficial do sedimento do rio Bento Gomes, detectada por Hylander et al. (2000a) foi
menor do que a concentração mais elevada observada no presente estudo (0,2545
µg.g-1). Por outro lado, nível de mercúrio mais elevado (0,3480 µg.g-1) e que também
indica contaminação foi encontrado na fração fina de sedimento na bacia hidrográfica
do rio Bento Gomes nas proximidades de mineração de ouro, em Poconé (Hylander et
al., 2000a). No entanto, teores de mercúrio mais baixos (0,0230 µg.g-1 a 0,1980 µg.g-1
de peso seco) foram também detectados (Tömpling et al., 1995) em Poconé. Rodrigues
Filho e Maddock (1997) chegaram a detectar concentração de mercúrio no sedimento no
Pantanal de Poconé (fração < 74 µm) de 1,850 µg.g-1 de peso seco, nível este oito vezes
mais elevado do que o encontrado neste estudo. No entanto, concentração de mercúrio
mais baixa foi detectada no sedimento (0,30 µg.g-1) por Rodrigues Filho e Maddock
(1997), em pontos após o rio Bento Gomes ter alcançado área alagadiça no Pantanal
baixo de Poconé. Lacerda et al. (1991), embora tenham também encontrado baixos
teores de mercúrio no sedimento de lagoas nessa região, observaram níveis mais
elevados nos horizontes superficiais (0,062 µg.g-1 a 0,080 µg.g-1) do que nos mais
profundos (0,012 µg.g-1 a 0,030 µg.g-1), chegando supor um enriquecimento
antropogênico. Por outro lado, Alonso et al. (2000) encontram média mais elevada de
mercúrio no sedimento (1,876 µg.g-1 ± 0,578 µg.g-1 com variação de 0,094 µg.g-1 a
10,293 µg.g-1 de peso seco ) num sistema aquático contaminado da Colômbia. Estudo
de datação de mercúrio (210Pb e 137Cs) no sedimento de lagoas no Pantanal evidenciou
uma taxa média de deposição comparável à de regiões remotas antes da utilização do
metal (1940) e média de 55,0 µg.g-1 ± 11,3 µg.g-1, valor esse 1,5 vez mais elevado do
que o detectado após o início da atividade garimpeira em 1980 e 2,2 vezes mais elevada
que a taxa de deposição global durante aquele período (Simmers e Gottens 2000). Essa
constatação de Simmers e Gottens, (2000) reforça a hipótese de que a contaminação de
mercúrio encontrada na presente investigação se deve-se, em grande parte, ao mercúrio
utilizado nos garimpos nas proximidades do Pantanal.
O significado dos níveis de contaminação de mercúrio no sedimento varia entre
países e instituições de proteção ambiental. A United States of Environmtal Protection
14
(USEPA) considera que os sedimentos não poluídos devem apresentar teores menores
do que 1 µg.g-1. No entanto, o Ministério de Meio Ambiente de Ontário, no Canadá,
considera o nível básico de 0,3 µg.g-1, acima do qual os sedimentos são considerados
contaminados (Hamdy e Post, 1985).
Moluscos – Os níveis de contaminação por mercúrio detectados nas três espécies de
moluscos da bacia hidrográfica do rio Bento Gomes podem ser considerados baixos,
porém mais elevados do que os detectados nos sedimentos. Nos moluscos, os níveis de
mercúrio variaram de não detectáveis a 1,1585 µg.g-1 em Ampularia canaliculata,
capturada em 11/12/1989 no entroncamento do rio Bento Gomes com a estrada
Transpantaneira. Foram também constatados teores de 0,5922 µg.g-1 em Marisa
planogira e de 0,8821 µg.g-1em Ampullaria escalaris. Esses valores acima de 0,5 µg.g-
1são preocupantes, pois estão acima do nível crítico estabelecido para preservação da
vida aquática (EPA, 1972). De um total de 54 amostras de moluscos avaliadas, em
apenas 30% (n=16) constataram-se níveis de mercúrio detectáveis. Entre aqueles com
níveis detectáveis, 18,75% (n=3) apresentavam concentrações de mercúrio acima de 0,5
µg.g-1 de peso úmido. A ocorrência de níveis mais elevados nos moluscos, em relação
aos encontrados nos sedimentos, pode já significar o início de um processo de
biomagnificação de mercúrio no Pantanal. Os níveis de mercúrio total em moluscos
registrados na literatura são extremamente variáveis em função da espécie indicadora,
carga poluidora e distância da fonte emissora. No entanto, os teores aqui constatados
nas três espécies de moluscos situam-se bem próximos (não detectáveis a 0,93 µg.g-1)
dos encontrados por Lacerda (1987), em Ampullaria sp. na bacia de drenagem do
Tanque dos Padres, em Poconé. As concentrações de mercúrio encontradas nos
moluscos foram, de modo geral, mais elevadas do que a média (0,020 µg.g-1 de peso
úmido) detectada por Sarkka (1979) em 23 amostras de moluscos gastrópodos
herbívoros e detritívoros, embora menores do que as registradas por Hornung et al.
(1984), em moluscos gastrópodos carnívoros das espécies Arcularia circuncinta e
Arcularia gibbosula (18,20 µg.g-1 e 38,70 µg.g-1).
15
Peixes - Foi realizado um total de 475 análises de mercúrio total na carne e no fígado
de peixes. Deste total , 30,85% (n=147) das amostras foram provenientes de peixes
capturados no rio Bento Gomes, 24,62% (n=116) no rio Cuiabá e 44,53% (n=212) no
rio Paraguai. Destas 475 análises, 88,84% (n=422) apresentaram níveis detectáveis. Do
total detectável, 27,48% (n=116) apresentaram níveis de contaminação acima do nível
crítico (0,5 µg.g-1) permitido para consumo humano (WHO, 1990; EPA, 1972; Brasil,
1977). Foi constatado que a proporção de peixes contaminados diminui à medida que se
afasta das fontes de contaminação (garimpos). Assim, as maiores proporções de tecido
muscular e fígado com concentrações de mercúrio acima do nível crítico foram
detectadas nos peixes capturados nos rios Cuiabá (carne 55,13% e fígado 50%), Bento
Gomes (carne 32,89% e fígado 38,60%) e Paraguai (carne 9,40% e fígado 7,81%), em
ordem decrescente, respectivamente.
Rio Cuiabá - Foi observado que os peixes de maior porte, como cachara, pintado e
dourado, de modo geral, eram adultos, pois as médias de comprimento total estão
acima do limite mínimo permitido para captura (cachara e pintado >0,80 m e dourado>
0,55 m). A variação do comprimento total e padrão situou-se abaixo de 20% para todas
as espécies, evidenciando que os peixes capturados no rio Cuiabá tiveram uma variação
de 20% em relação às suas respectivas médias. As piranhas apresentaram um
coeficiente elevado de variação de peso (40,36%), o que demonstra que na amostra
havia indivíduos extremamente jovens (0,064 kg) e adultos (0,897 kg). Em linhas
gerais, quanto maior o peso e o comprimento do peixe maior a probabilidade de
acumular mercúrio na sua biomassa, embora alguns autores não encontraram essas
relações (Scott, 1974; Lloyd et al., 1977). No entanto, no Pantanal de Poconé foram
também detectados teores de mercúrio na carne de duas espécies de piranha, capturadas
em sistema aquático próximos às áreas de mineração 1,3 a 1,8 vez mais elevado do que
o encontrado na fazenda Acurizal localizada à distância (Simmers e Gottens, 2000).
Além disso, esses níveis de mercúrio mostraram-se correlacionados com o comprimento
das piranhas (Simmers e Gottens, 2000). Investigação recente (Hylander et al., 2000b)
também detectou concentrações de mercúrio acima do nível crítico (0,843 µg.g-1 e
1,114µg.g-1) na carne de cacharas capturadas no rio Cuiabá, abaixo de Porto Jofre e em
16
Barão de Melgaço (baía Siá Mariana), respectivamente. Nível de mercúrio quatro vezes
maior do que o nível crítico (2,048 ug.g-1) foi também encontrado na carne de piranha
capturada no rio Cuiabá nas imediações da Baía Siá Mariana (Hylander et al., 2000b).
Os resultados dos níveis de mercúrio no tecido muscular dos peixes capturados no rio
Cuiabá, na presente investigação, evidenciaram claramente a existência de
contaminação, pois praticamente todos os bagres (iliófagos) analisados e 70% das
piranhas (carnívoras) apresentaram níveis acima de 0,5 µg.g-1 . Os cacharas chegaram a
apresentar nível de mercúrio de 9,76 µg.g-1, valor esse quase vinte vezes maior do que o
limite máximo permitido para consumo humano (EPA, 1972; Brasil, 1977; WHO,
1990). As médias dos níveis de mercúrio na carne das espécies carnívoras (piranha,
dourado, pintado e cachara), que possuem nível trófico mais elevado, com exceção da
traíra (0,11 µg.g-1), foram altas, variando de 0,64 µg.g-1 nas piranhas a 2,94 µg.g-1 nos
cacharas. Acredita-se que a maior proporção do mercúrio detectado na carne das
espécies piscívoras, que se situam no topo de cadeia trófica, é de metilmercúrio,
proveniente da metilação de mercúrio inorgânico no sedimento e do acúmulo na cadeia
trófica, pela ingestão de alimento e pelas guelras (Parks et al., 1994). O baixo nível de
mercúrio detectado na carne das traíras, possivelmente, pode ser explicado pela
presença de indivíduos muito jovens e, consequentemente, menos contaminados na
amostra. A curimba, conforme era esperado, por ser um consumidor secundário
(onívora), que ocupa nível trófico mais baixo, apresentou média de mercúrio na carne
de 0,16 µg.g-1, valor considerado como natural de contaminação ambiental. Esses níveis
elevados de contaminação detectados na carne dos peixes capturados no rio Cuiabá
situam-se muito acima das concentrações de mercúrio encontradas por Martinelli et al.,
1988; Pfeifer et al., 1989 e Malm et al., 1990, em rios amazônicos, onde a atividade
garimpeira é intensa e indiscriminada a utilização de mercúrio. É interessante constatar
que Olivero et al. (1997), encontraram concentrações de mercúrio abaixo do nível
crítico (WHO, 1990; EPA, 1972; Brasil, 1977) no tecido muscular de curimba e cachara
capturados no rio Magdalena, na Colômbia, a jusante de garimpos que também utilizam
mercúrio há mais de dez anos. No entanto, Olivero et al. (1998), apesar de terem
constatados baixos teores de mercúrio na carne de peixes na Colômbia, observaram
evidente diferença entre as espécies carnívoras e fitoplanctônicas capturadas em áreas
17
pantanosas afetadas por resíduos de mineração de ouro com utilização de mercúrio. Em
função desses resultados, Olivero et al. (1998) também suspeitaram de ocorrência de
biomagnificação de mercúrio nesses corpos d’água da Colômbia. No rio Paraná, divisa
do Estado de Mato Grosso do Sul com São Paulo, Moraes et al. (1997) também
encontraram teores de mercúrio na carne abaixo do nível crítico (0,5 µg.g-1) em pintados
e curimbas, capturados em região poluída por efluentes industriais e esgotos urbanos.
As médias de mercúrio na carne mais elevadas foram detectadas em pintado (0,2944
µg.g-1) e em curimba adulta (0,3105 µg.g-1), porém mais baixas do que os níveis
individuais observados no presente estudo. Bidone et al. (1997), no rio Tapajós, Pará,
onde a utilização de mercúrio é também intensa, de um total de 238 peixes avaliados,
muitos deles carnívoros, tais como pintado, traíra, peixe-cachorro e piranha, detectaram
médias de mercúrio na carne acima do nível crítico (WHO, 1990; EPA, 1972; Brasil,
1977) em apenas 27 indivíduos (11,3%). As investigações de Hylander et al. (1994)
também detectaram teores de mercúrio (0,56 µg.g-1 e 0,95 µg.g-1) acima do máximo
permitido para consumo humano (WHO, 1990; EPA, 1972; Brasil, 1977) na carne de
pintados capturados em Porto Cercado e Porto Jofre no rio Cuiabá, respectivamente.
Concentrações de mercúrio no limiar do nível crítico (0,5 µg.g-1) foram também
encontradas na carne de piranhas capturadas em Porto Jofre no rio Cuiabá no Pantanal
(Hylander et al., 1994). Esses níveis de mercúrio detectados na carne de dos peixes
capturados no presente estudo evidenciam claramente contaminação ambiental, pois os
teores de mercúrio estão bem acima do “background” considerado como natural.
Os resultados obtidos na presente investigação mostram também a ocorrência de
contaminações de mercúrio elevadas no fígado dos peixes capturados no rio Cuiabá,
pois cerca de 50% dos peixes com níveis detectáveis apresentaram teores maiores do
que 0,5 µg.g-1. Níveis da ordem de 7,5 µg.g-1 e 12,31 µg.g-1 foram encontrados no
fígado de piranhas; no entanto, apresentaram média de 1,63 µg.g-1 ± 0,65 µg.g-1,
(n=21), nível este três vezes mais elevado do que o nível crítico (WHO, 1990; EPA,
1972; Brasil,1977). Tais resultados evidenciam que as condições toxicológicas do rio
Cuiabá, nas imediações de Porto Cercado, são preocupantes por causa da elevada
freqüência de peixes com níveis de mercúrio acima do nível crítico, o que pode ser
explicado pela maior proximidade do rio Cuiabá das áreas de garimpo e maior
18
concentração de mercúrio nas presas dos peixes. Em função disso, as populações de
baixa renda e que consomem maior quantidade de piranhas são as mais vulneráveis e
que apresentam maior risco de se contaminarem.
Rio Bento Gomes – Os peixes capturados no rio Bento Gomes, de modo geral,
apresentaram menores médias de peso total em relação às mesmas espécies capturadas
no rio Cuiabá, o que reflete maior freqüência de indivíduos mais jovens nas amostras.
Os resultados encontrados também evidenciaram elevados níveis de contaminação de
mercúrio na carne dos peixes do rio Bento Gomes. Concentrações da ordem de 2,29;
7,92 µg.g-1; 10,25 µg.g-1 e 12,7829 µg.g-1 de peso úmido foram detectadas em peixe-
cachorro, traíra, piranha e cachara, respectivamente. Esses elevados níveis demonstram
que as espécies carnívoras e que ocupam nível trófico mais elevado são mais
susceptíveis a acumularem mercúrio em seus tecidos. A corimba onívora e o bagre
(iliófago) apresentaram níveis de mercúrio expressivamente mais baixos do que o grupo
anterior, conforme era esperado. Segundo Parks et al. (1994), nas espécies piscívoras, a
maior proporção do mercúrio na carne encontra-se como metilmercúrio resultante da
metilação do mercúrio inorgânico no sedimento e o seu acúmulo na cadeia trófica
ocorre pela ingestão de alimento e pelas guelras. A traíra apresentou média de mercúrio
na carne de 1,09 µg.g-1de peso úmido, refletindo muito bem as condições locais de
contaminação, pois além de carnívora é sedentária. Essa média de mercúrio encontrada
na carne da traíra capturada no rio Bento Gomes é 1,2 vez superior às médias detectadas
em oito espécies de peixes na bacia hidrográfica do rio Owyhee, em Oregon (Nenmann
et al., 1997). Foi detectada diferença estatística (Student’s t-test; p> 0,001) sete vezes
maior entre as médias de mercúrio na carne de peixes carnívoros e não carnívoros no rio
Tapajós, no Pará, onde a atividade garimpeira utiliza mercúrio (Bidone et al., 1997). Os
teores de mercúrio encontrados na presente investigação também evidenciaram muito
bem esse maior potencial dos peixes carnívoros de concentrarem teores mais elevados
de mercúrio em seus tecidos.
Os resultados das análises de fígado dos peixes do rio Bento Gomes também
evidenciam a ocorrência de contaminação ambiental, pois 38,6% das amostras
apresentaram níveis de mercúrio acima de 0,5 µg.g-1, nível a partir do qual podem
19
ocorrer sérios comprometimentos na biota aquática (EPA,1972). Foram detectados
níveis individuais de mercúrio no fígado de 0,7 µg.g-1; 0,84 µg.g-1; 0;88 µg.g-1; 1,68
µg.g-1; 10,29 µg.g-1 e 13,28 µg.g-1 de peso úmido, em dourado, bagre, cachara, corimba,
peixe-cachorro e piranha, respectivamente. O peixe-cachorro, um exímio carnívoro,
apresentou a maior média de nível de mercúrio no fígado (2,56 µg.g-1 ± 1,95 µg.g-1 de
peso úmido, (n=5) e, em segundo lugar, a piranha (1,19 µg.g-1 ± 0,63 µg.g-1 de peso
úmido (n=21), que também é carnívora. Essa tendência dos peixes carnívoros de
apresentarem, de modo geral, concentrações mais elevadas do que os onívoros e
herbívoros, tem sido citada na literatura (Fimreite et al., 1971; Annet et al., 1972;
Hattula et al., 1978). A existência de contaminação de mercúrio em peixes, mesmo em
níveis ligeiramente acima de 0,3 µg.g-1 e abaixo de 0,5 µg.g-1 de peso úmido, embora
possa não refletir diretamente na saúde do homem, pelo do consumo de peixes, já indica
contaminação ambiental.
Tais níveis de contaminação detectados na carne e fígado dos peixes, capturados
no rio Bento Gomes, sugerem que o mercúrio utilizado nos garimpos está atingindo o
sistema aquático do Pantanal.
Rio Paraguai – Os pesos totais dos peixes capturados nesse rio apresentaram larga
amplitude de variação, o que foi constatado nos altos coeficientes de variação. As
médias de peso total das espécies de maior porte, tais como cachara, pintado e dourado
foram baixas, o que também evidencia a presença de grande número de indivíduos
jovens nas amostras. A mesma tendência foi observada para as de menor porte como é
o caso do bagre, traíra e piranha. O comprimento total e padrão das espécies de menor
porte apresentaram menor variação. Os bagres apresentaram o menor coeficiente de
variação, em torno de 9%, o que evidencia uma certa homogeneidade dos indivíduos na
amostra. As demais espécies apresentaram coeficiente de variação em torno de 20%, o
que significa que os indivíduos dessas amostras apresentaram variações de comprimento
total e padrão duas vezes maior do que os bagres. Os pintados apresentaram o maior
coeficiente de variação (50%).
Foram realizadas 212 análises em peixes capturados no rio Paraguai, sendo 65%
(n=139) no tecido muscular e 35% (n= 73) no fígado. De 117 amostras de carne com
20
níveis de mercúrio detectáveis, apenas 9,40% (n=11) delas se situaram acima do limite
considerado crítico (0,5 µg. g-1) para consumo humano (WHO, 1990; EPA, 1972;
Brasil, 1977). Os resultados dos peixes avaliados no rio Paraguai mostram claramente a
existência de níveis de mercúrio anormais, em aproximadamente 10% (n=11) dos
peixes com níveis detectáveis, muito embora todas as médias situaram-se abaixo do
nível crítico. Os pintados e as cacharas foram os peixes que apresentaram os níveis mais
elevados, com 1,36 µg.g-1 e 1,21 µg.g-1, respectivamente. As piranhas, embora tenham
apresentado nível de mercúrio mais baixo que os detectados nos cacharas e pintados, foi
a espécie que apresentou o maior número de indivíduos com teores de mercúrio na
carne acima do nível máximo permitido para consumo humano e conservação da biota
aquática (WHO, 1990; EPA, 1972; Brasil, 1977). Piranhas capturadas no Pantanal do
rio Paraguai, nas imediações de Descavados, também apresentaram teor de mercúrio na
carne acima (0,51 µg.g-1) do nível crítico para consumo humano (Hylander et al., 1994).
Em investigação recente, Hylander et al. (2000b) encontraram níveis de mercúrio acima
do teor crítico na carne de pintado (0, 812 µg.g-1) e de piranha (0,704 µg.g-1) caturados
no rio Paraguai, nas imediações de Acurizal e da Baía do Amolar, respectivamente. Os
resultados do presente estudo mostram uma certa tendência de que os mais altos níveis
de mercúrio registrados ocorreram em espécies que ocupam níveis tróficos mais
elevados (carnívoros), como é o caso do cachara, pintado e piranha, enquanto que os
bagres, que são consumidores secundários, não apresentaram níveis de mercúrio
superiores a 0,45 µg.g-1. Alonso et al. (2000) constataram, na Colômbia, que a espécie
onívora (Eugerres plumieri), que ocupa o nível trófico mais elevado na cadeia
alimentar, apresentou 7,3 vezes mais mercúrio na carne do que a detritívora (Mugil
incilis), embora 77 a 80% das duas espécies tenham apresentado teores na carne abaixo
do nível crítico (WHO, 1990; EPA, 1972; Brasil, 1977). Moraes et al. (1997) detectaram
médias de mercúrio na carne mais baixas de 0,082 µg.g-1 a 0,310 µg.g-1 em curimba e
0,068 µg.g-1 a 0,294 µg.g-1 em pintado, capturados no rio Paraná, entre os rios
Paranapanema e Guaíra na fronteira com Mato Grosso do Sul.
21
Aves – A análise de variância da média de peso das aves revelou que as espécies
apresentam biomassas diferenciadas (P > F 0,0001), o que pode ser se atribuído como
uma característica intrínsica das espécies avaliadas. As médias das determinações de
mercúrio no conteúdo estomacal (n=19) das aves variaram de 0,024 µg.g-1 a 0,871
µ.g-1, com teores individuais que oscilaram entre não detectável a 1,419 µg.g-1 na base
de peso úmido no biguá. De um total de 127 aves capturadas, foram analisados os teores
de mercúrio em 118 amostras de pena e 126 de fígado.
Penas – Todas as amostras de penas dos biguás (n=24) apresentaram níveis de mercúrio
acima de 0,5 µg.g-1 e, em dezoito delas, teor superior a 2 µg.g-1. O biguá foi a ave que
apresentou a maior média de mercúrio nas penas (2,787 µg.g-1± 0,298 µg.g-1) e o nível
individual mais elevado(4,180 µg.g-1).A média dos níveis de mercúrio nas penas das
garças foi 1,845 µg.g-1 ± 0,442 µg.g-1. Em todas as amostras de penas de garças (n=29),
os níveis de mercúrio foram acima de 0,5 µg.g-1: em treze amostras, maior do que 2
µg.g-1 e, em duas, superior a 4 µg.g-1. A média, o teor mais elevado e o mais baixo nível
de mercúrio detectados nas penas do gavião-caramujeiro foram: 1,194 µg.g-1 ± 0,239
µg.g-1, 3,616 µg.g-1 e 0,546 µg.g-1, respectivamente. Entre as aves estudadas, a menor
média (0,528 µg.g-1 ± 0,129 ug.g-1) e o mais baixo nível (0,270 ug.g-1) de mercúrio
foram encontrados em penas de carão. Foi detectada diferença significativa nos níveis
de mercúrio detectados nas penas (P > 0,0001) entre espécies. Esse resultado mostra
que essas aves avaliadas têm dietas alimentares diferenciadas. Os biguás e garças são
extremamente oportunistas em ralação à estratégia de capturas de presas, mas se
alimentam, principalmente, de peixes de diferentes níveis tróficos. Isso foi constatado
no exame visual de conteúdos estomacais dessas espécies. Por outro lado, o carão tem a
sua dieta alicerçada, principalmente, das partes moles de moluscos da família de
Ampularidae do gênero Marisa, o qual é herbívoro. Essa informação, embora esteja
registrada na literatura, foi também confirmada no exame de conteúdos estomacais. O
gavião-caramujeiro e o carão têm a sua dieta baseada nas partes moles de diferentes
espécies de gastrópodos, que são também herbívoros.
22
A análise de variância também detectou diferenças nos níveis de mercúrio nas
penas conforme a época de captura, o que sugere que essas espécies apresentam
diferentes padrões de muda de penas, pois a maioria dos autores concordam que o nível
de mercúrio detectado nas penas reflete o nível de mercúrio existente no organismo do
animal por ocasião em que a matriz foi formada. A análise de variância também
evidenciou uma certa tendência de existir interação entre espécie x época de captura (P
> F 0,1282), o que demonstra que os níveis de mercúrio nas penas dessas quatro
espécies de aves comportam-se de modo diferente dependendo da época de captura.
Essa tendência de interação entre espécie e época vem, possivelmente, a confirmar que
essas espécies possuem diferentes padrões de épocas de muda. Além disso, a análise de
variância também evidenciou uma certa tendência de existir interação entre espécie e
sexo (P > F 0,0723), o que mostra que as espécies não responderam da mesma maneira
com relação ao sexo. Os demais fatores considerados no modelo não evidenciaram
influências relevantes, o que foi caracterizado pelos baixos valores de “F” obtidos na
análise de variância. Aplicando-se o teste de “t”, constatou-se que a média dos níveis de
mercúrio nas penas dos biguás capturados na primeira época de captura (0,9287 µg.g-1,
n=6) foi diferente da média dos níveis de mercúrio nas penas dos carões (0,768 µg.g-1,
n=11) e da média dos níveis de mercúrio nas penas dos gaviões-caramujeiros (1,172
µg.g-1), capturados nessa mesma época, ao nível de 1% de significância. Essa diferença
pode ser explicada com base nas diferenças existentes nas dietas alimentares entre essas
espécies. Os biguás alimentam-se de peixes, o carão, de crustáceos e moluscos, e o
gavião-caramujeiro, somente de moluscos. Além disso, detectou-se que a média dos
níveis de penas das garças (2,494 µg.g-1, n=10), capturadas nessa mesma época, foi
mais elevada que a média dos níveis nas penas do carão (0,768 µg.g-1, n=11 e do
gavião-caramujeiro (1,172 µg.g-1, n=12) com 15 de erro do tipo I. Essas diferenças aqui
encontradas podem também ser explicadas pelas diferenças na dieta alimentar, pois a
garça, além de ser oportunista, alimenta-se, principalmente, de peixes, e as outras duas
espécies (carão e gavião-caramujeiro), de moluscos, conforme já citados. Na segunda
época de captura, a média dos níveis de mercúrio nas penas dos biguás, embora tenha
decrescido (1,949 µg.g-1, n=11), ainda se situou mais elevada que aquela encontrada nas
23
penas do carão (0,675 µg.g-1, n=13), pelo teste de “t” com 1% de significância, mas não
diferiu da média detectada nas garças (1,207 µg.g-1, n=5). Na terceira época de captura,
foi constatado que a média dos níveis de mercúrio nas penas dos biguás elevou-se para
(2,064 µg.g-1, n=7), mas se situou abaixo da detectada na primeira época de captura
(2,787 µg.g-1, n=6). O teste de “ t ”, ao nível de 1% de erro do tipo I, evidenciou que a
média dos níveis de mercúrio nas penas dos biguás (2,064 ug.g-1, n=7) foi mais elevada
do que a detectada no carão (0,599 µg.g-1, n=10), mas não diferiu da média observada
nas garças (2,214 µg.g-1, n=13). Entretanto, a média dos níveis de mercúrio nas penas
dos biguás (2,064 µg.g-1, n=7), mostrou-se diferente da média dos gaviões-
caramujeiros (1,336 µg.g-1, n=20), somente com 5% de probabilidade de erro do tipo I.
Nessa mesma época, as médias dos níveis de mercúrio nas penas das garças (2,214
µg.g-1, n=13) foram mais elevadas que a média nas penas do carão (0,599 µg.g-1, n=10)
e do gavião-caramujeiro (1,336 µg.g-1, n=20) com 1% de probabilidade de erro do tipo
I. Essas diferenças entre as médias podem, ser explicadas pelas diferenças existentes na
dieta da garça em relação ao carão e o gavião-caramujeiro. A análise de variância das
médias dos níveis de mercúrio nas penas, também, detectou que o sexo das aves não foi
um fator importante com força suficiente para alterar os níveis de mercúrio das espécies
estudadas. No entanto, a interação entre espécie x sexo foi singnificativa (P > F 0,0723),
o que mostra que as espécies se comportam de maneira diferente dentro de um mesmo
sexo. O teste de “ t “ aplicado ao nível de probabilidade de erro do tipo I, com relação às
fêmeas, demonstra que a média dos níveis de mercúrio nas penas dos biguás foi mais
elevada que nas penas do carão e do gavião-caramujeiro. Com relação aos machos, a
tendência das diferenças de comportamentos das médias dos níveis de mercúrio nas
penas detectadas pelo teste de “t “ foi praticamente a mesma encontrada na análise das
fêmeas.
Em 67% das amostras de penas dos biguás (n=16), os níveis de mercúrio
situaram-se entre 2,0 µg.g-1 e 4,0 µg.g-1 e nenhum indivíduo apresentou nível abaixo de
0,5 µg.g-1. Com relação ao carão, constatou-se que 43% dos níveis de mercúrio nas
penas (n=15) foram inferiores a 0,5 µg.g-1 46% (n=16) situaram-se entre 0,5 µg.g-1 e 1
µg.g-1. Em 43% das amostras de penas de garças analisadas (n=12) os níveis de
24
mercúrio situaram-se entre 1 µg.g-1 e 2 µg.g-1, e 37% (n=10) entre 2 µg.g-1 e 4 µg.g-1, e,
nas penas do gavião-caramujeiro, 45% dos níveis de mercúrio (n=14) entre 0,5 µg.g-1 e
1 µg.g-1 e 38% (n=12) entre 1 µg.g-1 e 2,0 µg.g-1.
As penas têm sido largamente utilizadas no monitoramento dos níveis de
mercúrio em aves e consideradas como um bom indicador de contaminação ambiental,
pois espelham muito bem as condições existentes nos diferentes hábitats (Furness e
Lewis, 1990). Além disso, 70% da carga de mercúrio existente no corpo da ave
encontra-se depositada nas penas na forma orgânica e reflete muito bem as
concentrações existentes na corrente sangüínea por ocasião de formação das penas.
Alterações nos níveis de mercúrio no sangue das aves não afetam as penas. Os
resultados encontrados mostram que as duas espécies de aves aquáticas que se
alimentam de peixes, como o biguá e a garça, foram as que apresentaram os mais
elevados níveis de mercúrio nas penas, 4,2 µg.g-1 e 4,8 µg.g-1, respectivamente,
enquanto que as aves que se alimentam, principalmente, de moluscos, como o carão e o
gavião-caramujeiro, evidenciaram níveis mais baixos (2,1 µg.g-1 e 3,6 µg.g-1,
respectivamente). Essa tendência das aves aquáticas que se alimentam de peixes
apresentarem concentrações de mercúrio mais elevadas do que aquelas que consomem
moluscos, evidencia que as aves que estão num nível trófico mais elevado (Cahill et al.,
1998), como é o caso do biguá e da garça, apresentam maior potencial de se
contaminarem. Ressalta-se que as espécies de moluscos estudadas, que constituem o
principal item alimentar da dieta do carão e do gavião-caramujeiro, são basicamente
herbívoras em condições naturais. Essa maior característica das aves predadoras, que se
alimentam de peixe, de apresentarem os mais altos níveis de mercúrio nas penas em
relação aos outros grupos de aves que se situam em níveis tróficos mais baixos, tem
também sido constatada por outros autores. Assim, Doi et al. (1984), avaliando aves de
diferentes níveis tróficos nas imediações de Minamata, encontraram teores de mercúrio
nas penas daquelas que se alimentam de peixes (7,1 µg.g-1 ± 3,7 µg.g-1, n=14), nas
onívoras (5,5 µg.g-1 ± 5,6µg.g-1, n=17), nas predadoras de aves (3,6 µg.g-1± 2,9 µg.g-1
n=16), nas onívoras terrestres (1,5 µg.g-1 ± 1 µg.g-1 n=31) e em aves aquáticas
herbívoras (0,9 µg.g-1 ± 0,4 µg.g-1 n=17). Correlações entre nível trófico e
25
bioacumulação de mercúrio nas penas têm sido encontradas na literatura (Doi et al.,
1984; Honda et al., 1986;). Em função disso, a garça (Egretta alba modesta) que ocupa
um nível trófico elevado foi proposta por Honda et al. (1986), como uma boa espécie
indicadora, pois apresentou alto nível de mercúrio nas penas (2,65 µg.g-1 ± 0,95 µg.g-1
de peso úmido, n=5). A correta interpretação dos níveis de mercúrio em penas de aves
deve levar em consideração os níveis considerados como característicos de
contaminações naturais. No entanto, os altos níveis de mercúrio detectados nas penas
das quatro espécies de aves, avaliadas na presente investigação, evidenciam
contaminação por mercúrio no Pantanal. Os níveis encontrados nos diferentes
substratos, além de se situarem acima dos níveis considerados naturais, apresentam-se
bem próximos dos encontrados em aves piscívoras e carniceiras de áreas contaminadas
por organomercuriais e efluentes industriais em outras regiões. Por outro lado, são bem
mais elevados do que os teores de mercúrio encontrados em penas de aves que se
alimentam de grãos em locais contaminados (Doi et al., 1984). Observa-se que
Hylander et al. (1994) constataram teores de mercúrio em penas de urubu (C. atratus) e
de caracará (P. plancus) de 6,23 µg.g-1 e 6,75 µg.g-1, respectivamente, capturados em
Porto Jofre, às margens do rio Cuiabá no Pantanal, níveis esses bem mais elevados que
os obtidos na presente investigação.
Fígado – Cerca de 96% das amostras de fígado dos biguás evidenciaram concentrações
de mercúrio superiores a 0,5 µg.g-1, embora alguns indivíduos tenham apresentado
teores entre 3 µg.g-1 e 4 µg.g-1. No entanto, 46% das amostras de fígado dos biguás
revelaram concentrações de mercúrio entre 1 µg.g-1 e 2 µg.g-1. A média mais elevada
(1,610µg.g-1 ± 0,903 µg.g-1, n=4) e a concentração individual mais alta (4,309 µg.g-1)
dos níveis de mercúrio no fígado das aves foi detectada nos biguás. Por outro lado, 73%
dos gaviões-caramujeiros, 52% das garças e 40% das amostras de carão evidenciaram
concentrações de mercúrio no fígado abaixo de 0,5µg.g-1. Além disso, 40% das
amostras de fígado de carão evidenciaram níveis de mercúrio ≥ 0,5 µg.g-1 e < 1 µg.g-1.
As médias dos níveis de mercúrio no fígado do carão oscilaram entre 0,387
µg.g-1 ± 0,066 µg.g-1, n=5 a 1,545µg.g-1, n=3, e ocorreram nas fêmeas na segunda e
26
terceira épocas de captura. As médias dos teores de mercúrio no fígado das garças
oscilaram entre 0,505 µg.g-1 ± 0,109 µg.g-1, n=4 a 1,001 µg.g-1 ± 0,276 µg.g-1, n=3). Nos
gaviões-caramujeiros, as médias dos níveis de mercúrio no fígado oscilaram entre 0,175
µg.g-1 ± 0,034 µg-1 , n=12 a 0,849 µg.g-1 ± 0,272 µg.g-1, n=11.
Em se constatando diferenças entre as médias dos níveis de mercúrio no fígado
das quatro espécies de aves, foi decidido submeter esses dados a uma análise de
variância. Essa análise (das ordens) evidenciou que as espécies se comportaram de
maneira diferente com relação aos níveis de mercúrio no fígado, o que foi caracterizado
pelo elevado nível de significância (P > F0,0001). Além disso, embora os níveis de
mercúrio no fígado não tenham variado com a época em que as aves foram capturadas, a
análise de variância também detectou a existência de interação entre espécie e época (P
> F0,0001), evidenciando que as espécies avaliadas apresentaram comportamentos
diferenciados dentro de uma mesma época de captura. A comparação dos contrastes de
médias dos níveis de mercúrio no fígado, proveniente da interação espécie e época de
captura, foi realizada pelo teste de “t”. Esse teste, aplicado às médias dos níveis de
mercúrio no fígado, resultante da interação espécie e época de captura, ao nível de 1%
de significância, revelou que, na primeira época de captura, as espécies apresentaram
comportamentos distintos, com exceção do biguá, cuja média (1,267 µg.g-1, n=6) não
diferiu daquela (1,129 µg.g-1, n=12) detectada no carão. Esse resultado reflete que, de
modo geral, as espécies apresentam diferentes potenciais de acumular mercúrio no
fígado dentro de uma mesma época de captura. Foi também investigada uma possível
associação entre os níveis de mercúrio nas penas e no fígado, por meio de uma análise
de correlação parcial, levando-se em consideração os efeitos de espécie, época de
captura e sexo, em conjunto. O coeficiente de correlação parcial foi cerca de 0,30
(n=76), com um nível de significância de 1,89%. Quando se investigou a referida
associação sem levar em consideração o efeito de espécie, época de captura e sexo, pelo
coeficiente de Pearson, obteve-se um valor de “r” igual a 0,3641 (n=76), P>F 0,0011.
Esses resultados mostram que a associação entre essas duas variáveis (nível de mercúrio
nas penas e no fígado) é pouca influenciada pelos efeitos de espécie, época de captura e
sexo. Isso significa que a correlação entre os níveis de mercúrio nas penas e no fígado
27
independe da espécie e época de captura. Verifica-se que os níveis de mercúrio nas
penas refletem os teores existentes no organismo do animal por ocasião em que a matriz
da pena foi formada, embora as espécies apresentem diferenças de nível trófico, padrões
e época de muda (Berg et al., 1966; Westermark et al., 1975). De acordo com o
esperado, as análises de fígado das aves estudadas refletiram altos níveis de mercúrio
existentes no ambiente, confirmando que o fígado é o órgão que armazena e metaboliza
esse elemento ingerido pelas aves. Em função dessa sua característica, tem sido muito
utilizado no monitoramento de aves em locais suspeitos de contaminação (Newton et
al., 1993; Kim et al., 1996a; Kim et al., 1996b). Os elevados níveis de mercúrio
detectados no fígado das quatro espécies de aves sugerem que o mercúrio, proveniente
dos garimpos de ouro e lançado no Pantanal está contaminando as aves. O biguá
(piscívora) foi a espécie que bioacumulou a mais alta taxa de mercúrio (4,309 µg.g-1)
apresentou a mais alta média (1,610 µg.g-1 ± 0,903µg.g-1, n=4). As diferenças
significativas detectadas entre as espécies demonstram, como era esperado, que os
níveis de mercúrio no fígado das aves estão, de modo geral, relacionados com o seu
nível trófico.
Embora fosse esperado diferenças entre espécies com relação à época de captura
(sazonalidade), a análise das ordens não detectou discrepâncias relevantes. Esse
resultado, possivelmente, indica que a época de captura não foi um fator importante
para determinar flutuações nos níveis de mercúrio. As espécies estudadas,
provavelmente, apresentaram o mesmo potencial de bioacumulação de mercúrio em
todas as três épocas avaliadas. No entanto, dentro de uma mesma época, as espécies
apresentaram comportamentos diferenciados, refletindo que as grandes diferenças entre
espécies foram suficientes para promover tal interação, o que pode ser confirmado pelo
alto valor de F (18,47). Flutuações sazonais nos níveis de mercúrio no fígado de aves,
com altas taxas antes da muda e mais baixas logo após, foram encontradas por Goede
(1985), evidenciando que a muda de penas é um importante fator de dissipação de
mercúrio nas aves.
A literatura mostra que aves criadas em cativeiro e expostas exclusivamente a
níveis normais de mercúrio, de modo geral, apresentam níveis no fígado abaixo de 0,2
µg.g-1 de peso úmido (Pass et al., 1973; Heinz, 1976). Além disso, aves silvestres,
28
vivendo em ambiente com pouca contaminação industrial, têm evidenciado níveis de
mercúrio no fígado oscilando entre 1 µg.g-1 a 10 µg.g-1 de peso úmido, e que os mais
altos níveis estão associados com aves carniceiras e piscívoras (Fimreite et al., 1974).
Observa-se, nesses, registros da literatura que aves que vivem em hábitats contaminados
por mercúrio apresentam, em geral, níveis elevados de mercúrio no fígado, o que
explica a ocorrência de elevados níveis nas aves avaliadas no Pantanal.
Níveis de mercúrio no fígado de aves em torno de 2 µg.g-1 (peso úmido) estão
associados com o decréscimo na taxa de eclosão, por causa da precoce mortalidade
embrionária, e no incremento do número de ovos inférteis, podendo evidenciar sérios
distúrbios na reprodução (Borg et al., 1970). Segundo Scheuammer (1987), níveis de
mercúrio no fígado em torno de 2 µg.g-1, refletem exposição crônica das aves, enquanto
que concentrações mais elevadas, tais como 30 µg.g-1 a 130 µg.g-1, estão associadas com
completa mortalidade. Nesse sentido, Heinz (1979) detectou alterações no
comportamento e reprodução de patas (Anas platyrhynchos) que receberam ração com
0,5 µg.g-1 de metilmercúrio. Esse resultado de Heinz (1979) está associado com a
constatação de teores de mercúrio no fígado de 1,62 µg.g-1, 0,89 µg.g-1 e 1,49 µg.g-1 em
três gerações de patos selvagens. Com base nos resultados, supõe-se que a reprodução
dessas quatro espécies de aves no Pantanal aqui estudadas pode estar sendo afetada.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Os níveis de mercúrio detectados neste estudo mostram que o mercúrio utilizado
nos garimpos está atingindo os ecossistemas aquáticos do Pantanal. Embora o
sedimento e os moluscos tenham evidenciado relativamente baixos níveis de mercúrio,
os peixes e as aves apresentaram expressivas contaminações, sugerindo que o mercúrio
está se biomagnificando nessa região. As espécies que possuem nível trófico mais
elevado evidenciaram, de modo geral, concentrações mais elevadas do que as de nível
trófico inferior. As concentrações de mercúrio no tecido muscular, principalmente em
algumas espécies de peixes carnívoros, situaram-se acima de 0,5 µg.g-1 (peso úmido),
29
que é o nível crítico permitido para consumo humano. A situação é mais crítica nos rios
Cuiabá e Bento Gomes, pois estão mais próximos dos garimpos. No rio Paraguai,
embora tenham sido detectadas contaminações, os níveis de mercúrio e a freqüência de
ocorrência foram bem mais baixos. A piranha, que é carnívora, demonstrou elevado
potencial de bioacumulação de mercúrio na carne e no fígado. O biguá e a garça
(piscívoras) distinguiram-se do carão e do gavião-caramujeiro por apresentarem
concentrações mais elevadas de mercúrio tanto nas penas quanto no fígado, ainda que a
freqüência de concentrações mais elevadas tenha ocorrido nos biguás.
Embora o perfil da atividade garimpeira de Poconé e Nossa Senhora do
Livramento tenha se alterado na última década, o mercúrio continua sendo utilizado
apenas na etapa final do processo de extração (bateia) e na sua recuperação (queima da
amálgama) em retortas com circuito fechado, evitando que esse elemento incremente o
nível de mercúrio na atmosfera. É preciso maior sensibilidade e ação das autoridades
responsáveis pela saúde pública e preservação/conservação dos recursos naturais. O
Pantanal, além de ser patrimônio nacional pela Constituição Federal de 1988, foi,
recentemente, decretado patrimônio da humanidade pela Organização das Nações
Unidas.
30
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