Download - Biombos Namban - Ppt (Artes Decorativas)
F a c u l d a d e d e L e t r a s d a U n i v e r s i d a d e d e C o i m b r a
Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural
Artes Decorativas
As transformações estéticas decorrentes
da presença portuguesa no Japão (Séc. XVI-XVII)
- Os Biombos Namban enquanto exemplo
Os Biombos Namban
Os biombos Namban contam
A historia alegre das navegações
Pasmo de povos de repente
Frente a frente
Alvoroço de quem vê
O tão longe tão ao pé
Laca e leque
Kimono camélia
Perfeição esmero
E o sabor do tempero
Cerimónias mesuras
Nipónicas finuras
Malícia perante
Narigudas figuras
Inchados calções
Enquanto no alto
Das mastreações
Fazem pinos dão saltos
Os ágeis acrobatas
Das navegações
Dançam de alegria
Porque o mundo encontrado
É muito mais belo
Do que o imaginado
Sophia de Mello Breyner Andresen
Fonte de Imagem: K11AI/AAAAAAAAAN4/Fs2k3t9RTx8/s320/2010-04-11_biombo+nambam_MNAA.jpgn
Jorge Baptista
1543 - A Chegada dos portugueses ao Japão
Contaminação cultural
Uma cultura sofisticada e milenar
A permeabilidade face à cultura europeia (portuguesa)
A adopção de técnicas e conhecimentos
Profundas transformações na estética
tradicional japonesa
- Adopção e/ou adaptação de novos formulários iconográficos;
- Materiais comummente utilizados (laca) adaptada ao gosto e
funcionalidades europeias.
Estética
Europeia
Estética
Japonesa
Arte Namban
Uma arte agora apta para concorrer a outros mercados.
Convergência de factores:
Arte Namban
- Situação geográfica limite no contexto asiático;
- Os contactos já estabelecidos pelos portugueses em
África, na India, sudeste asiático e mesmo Brasil;
- A realidade política e artística japonesas em meados
do século XVI;
- Política desenvolvida pela Companhia de Jesus, que
soube adaptar as necessidades do culto às construções
Tradicionais do Japão.
Despontar imediato e recíproco
da curiosidade.
Arte Namban
Despontar imediato e recíproco da curiosidade
Na documentação escrita europeia
Nos biombos namban
Biombo
Armações portáteis, cuja palavra portuguesa tem origem
no vocábulo japonês – “byobu”.
Estas armações encontram-se, desde muito cedo,
descritas pelos Jesuítas, sendo reconhecida a Gaspar
Vilela uma das descrições:
“(A casa) estava pintada com huns paineis chamados beobus, de
altura de hum homem. Cada hum destes deobus tinha quatro
paineis, ficando estes quatro em hum quando os fechavão. Erão
feitos de pao e por riba com papel com suas pinturas, e postos e
arrimados, as paredes ficavão cubertas com elles e ao modo que
em Europa se poem godomicins. Tinhão estes beobus polas
bordas huma pregadura dourada e em si erão pintados de
diversas cousas que produz o verão, inverno, outono, pintadas
de modo que quem as via parece estar vendo ao proprio o que
via pintado.”
Gaspar Vilela (CE I, fl.320v-321)
Biombo
A altura dos biombos aferia-se por três padrões principais:
- Biombos grandes – “honken” – de 1,70m a 1,90m;
- Biombos médios – “chu byobu” – cerca de 1,50m;
Ambos destinados a dividir amplos
espaços destinados à vida em sociedade.
- Biombos baixo – “sho byobu” – entre 0,90m e1,50m;
Destinados a espaços mais íntimos, alcovas ou
locais mais frequentados por mulheres.
Os Biombos Namban
Objecto que assume uma grande importância no
domínio das artes ornamentais:
Objecto de uso quotidiano de grande
utilidade e funcionalidade.
Expressa na sua decoração as
condições estéticas resultantes do
encontro entre Portugal e o Japão.
Testemunho, reflexo alegórico e
simbólico deste encontro civilizacional.
Os Biombos Namban
pertencentes ao espólio do MNAA
Os biombos atribuídos a Kano Domi - 1593-1600
Adquiridos nos anos 30 do século XX por Tadao Takamisawa – um
especialista japonês e cedidos ao então embaixador de Portugal em Tóquio,
Costa Carneiro.
Estes dois biombos remetem à época clássica da Escola de Kano.
Biombo 1
Fonte de Imagem: K11AI/AAAAAAAAAN4/Fs2k3t9RTx8/s320/2010-04-11_biombo+nambam_MNAA.jpgn
Biombo 1
Biombo 1 (pormenores)
Pintura atribuída a Kano
Domi, um dos mestres da
Escola de Kano.
Tanto o tema como a
distribuição dos elementos
pelos dois biombos (1 e 2)
obedecem criteriosamente
ao estabelecido por Kano
Mitsunobu – a nau, a
descarga das mercadorias
e o cortejo Namban-jin…
Cesto de vigia… Portuguese fumando cachimbo Hierarquias
Os Biombos Namban
pertencentes ao espólio do MNAA
Os biombos atribuídos a Kano Domi (1593-1600)
Biombo 2
Fonte de Imagem: http://www.mnarteantiga-ipmuseus.pt/Data/ContentImages/Biombos_3.jpg n
Biombo 2
Biombo 2 (pormenores)
As vestes ricas dos capitães, o
capitão-mor protegido pelo guarda-
sol…
As capas, os colarinhos frisados,
as bombachas, o chapéu de aba curta
e copa redonda… Elementos que
permitem uma identificação imediata.
Os Biombos Namban
pertencentes ao espólio do MNAA
Os biombos atribuídos a Kano Naizen - 1603-1610(?)
Par de biombos com o selo de Kano Naizen, adquirido no Japão. Fazem parte da colecção do MNAA desde 1954.
Enquadram-se igualmente no período áureo da Escola de Kano.
Data de execução coincidente com a Escola de Kano Domi, no entanto
com algumas variantes.
Biombo 1
Fonte de Imagem: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/html/361/36100202/3610020200005im.jpgn
Biombo 1
Biombo 1 (pormenores)
Composição mais equilibrada,
maior clareza de expressão e
segurança do traço.
Enquadra-se perfeitamente nos
cânones da oficina de Kano Naizen.
O tema “Barco Negro” surge
agora ampliado, como que
contando uma história mais
complexa e longa.
A saída de Goa, a arquitectura, os arcos de volta inteira ou polilobados, a cruz, o chão
ladrilhado, as cortinas apanhadas lateralmente, as damas portuguesas…
Biombo 1
Biombo 1 (pormenores)
Clara representação
da vida dos portugueses
na India.
Cães lebreus, capitães
em correria nos seus
cavalos persas, o
suripano, o elefante
(1596)…
O vestuário como
elemento identificativo
da função e categoria.
Os Biombos Namban
pertencentes ao espólio do MNAA
Os biombos atribuídos a Kano Naizen - 1603-1610(?)
Biombo 2
Fonte de Imagem: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/html/361/36100202/3610020200005im.jpg n
A narrativa prossegue, a chegada do barco negro ao porto de Nagasaki.
Biombo 2
Biombo 2 (pormenores)
Gente já desembarcada e a
tripulação já entregue à recolha das
velas…
Um cortejo de homens e animais
trazidos na nau – cavalos, lebreus,
camelos, burros, onças… dirigindo-
se para a cidade, comandados pelo
capitão-mor.
Agora, para além dos Jesuítas, estão representadas outras ordens religiosas.
Franciscanos de castanho, dominicanos de branco e manto azul escuro e os agostinhos de cinza.
Os Biombos Namban
pertencentes ao espólio do MNAA
Biombo da segunda metade do século XVII (biombo baixo)
Fonte de Imagem: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/html/361/36100202/3610020200005im.jpg n
O MNAA apenas possui o segundo biombo do par (Londres, 1974).
De qualidade artística inferior, este biombo data de cerca de 20-30
anos após a saída dos portugueses do Japão, em 1639.
Biombo da segunda metade do século XVII
Fonte de Imagem: Imagem digitalizada de PINTO, Maria H. Mendes. Biombos Namban. MNAA, Lisboa, 1993, p. 72-73.
Apesar das leis impeditivas, estes biombos continuaram a ser
produzidos até quase finais do século XVII.
Obras menores – pintores secundários – pouca criatividade – visão
orientalizada.
Pormenores
A representação da
nau à semelhança de um
junco chinês e os barcos
de descarga formalmente
orientalizados.
A imagem dos portugueses descaracterizada, perde-se a individualização de cada personagem,
marco de referência da Escola de Kano. O vestuário é modesto.
Biombo da segunda metade do século XVII
Especial destaque aos
mercadores e cargas,
omitindo-se a pompa do
cortejo.
Bibliografia
CARVALHO, Eduardo K. de. O Império da Imagem: luzes e sombras do Japão. Ed.
Tágide. Lisboa, 2010.
CURVELO, Alexandra. A arte Namban nos contextos dos impérios ibéricos. Discurso
proferido no simpósio Internacional "Novos Mundos - Portugal e a época dos
descobrimentos". Berlim, 2006.
DEVESAS, Jorge N. R. Tessaleno. Portugal - O pioneiro da Globalização. Ed. Centro
Atlântico, Famalicão, 2009.
DIAS, Pedro. História da arte portuguesa no Mundo - O espaço do Índico. Edições C.
Leitores, Navarra, Espanha, 2008.
MATSUDA, Kuchi. Biombos japoneses com temas portugueses. Colóquio, nº11. Lisboa,
1960.
PINTO, Maria H. Mendes. Biombos Namban. MNAA, Lisboa, 1993.
PINTO, Maria H. Mendes. Arte Namban: os portugueses no Japão. Ed. Fundação
Oriente, 1990.