By Verinh@
Quando observamos a natureza e temos acompreensão de que tudo o que vemos e que compõeeste maravilhoso espetáculo de perfeição foi resultante
do projeto de uma eternidade divina, sentimo-nosgrandiosamente reconhecidos e infinitamente
pequenos.Os mares, a terra, as florestas e tudo isto que nosenvolve e sacia a fome do mundo com seus frutos,
concede-nos uma lição de inigualável doação.
A vida que sentimos, na realidade, parece-nos umsonho. Um sonho maravilhoso, cuja chama devemosalimentar com o mesmo colorido e pureza que nos éofertado pela natureza e ainda, sempre que possível,
empenharmos todas nossas forças para que este sonhonunca venha se transformar num pesadelo de
destruição da vida sobre a Terra ou simplesmente em...o sonho do rio.
Nascido numa explosão gloriosa da natureza, brotou na crista de um imponente morro um
minúsculo filete d’água.“Vivo”, brilhante, reluzindo reflexos coloridos nos dias de sol, ofuscava os olhinhos dos pequenos
pássaros que, admirados,passaram a tomar água e banho na pequenina
fonte de vida.
Descendo vagarosamente pela encosta do morro, o tímido
filete d’água foi traçando, como todos nós, seu rumo ao desconhecido,
umedecendo a terra e fazendo que, como por encanto,
brotassem nas suas margens pequeninas plantinhas de verde intenso
que, em pouco tempo, foram transformando a paisagem
do seu glorioso percurso num sinuoso caminho florido.
O tempo foi passando e com ele se avolumando o curso
das águas, transformando o nosso pequeno filete num vigoroso riacho que, com seu contínuo e
repousante marulhar, pareciaconvidar pássaros e animais para uma relação
harmônicade vida e saúde.
Tudo estava perfeito. Os animais calmamente tomando
água ao longo do seu leito. Os peixes saltitando de alegria,
saiam fora d’água, como que querendo também observar a
maravilha do verde, e as flores colorindo as margens fertilizadas
e umedecidas.
“No dia seguinte”, já descoberto pelo homem e agora um
rio praticamente formado, o nosso velho filete gargalhava em
espumas por entre as pedras, exultante de alegria por haver se
transformado no manancial, que gratuita e generosamente faz
da terra o berço de toda natureza viva.
Maravilhado com a pureza da água que bebia, a quantidade
de peixes ao seu dispor, o homem passou a conviver amistosamente
com o nosso rio, remando, pescando e alimentando
a família com os saborosos lambaris, bagres, dourados e
uma infinidade de outros saudáveis e coloridos peixes.
Era comum se ver nas margens dos rios as mulheres das
pequenas vilas lavando roupas, batendo nas pedras e depois,
com latas na cabeça, indo para casa levando, graciosamente,
toda água que precisavam para todos os usos domésticos.
O dia claro e ensolarado foi gradativamente mudando para
um cinza-escuro. Nuvens densas de fumaça seca e tóxica, emitidas
pelos grandes complexos industriais, passaram a impedir
que os raios de sol se convertessem nas cores brilhantes que o
nosso límpido e tranqüilo rio refletia.
Em seu inadvertido percurso por entre lavouras, pequenosvilarejos, fundos de fábricas e quintais, suas águas foram
sendo poluídas por produtos tóxicos, pesticidas, dejetos deesgotos, aros de carroça, tampinhas e garrafas de pinga,
cerveja e outros lixos, modificando, com pedaços de plásticos de embalagens usadas de todas as cores, o vivo colorido da
natureza, no triste quadro da realidade nefasta da ação poluidora do homem.
Atualmente, considera-se que não existe um só rio nomundo que não esteja transformado num depósito de
substânciastóxicas. Os peixes se arrastam intoxicados para as
margensdos rios, morrendo com as guelras expostas ao sol,
comoque procurando encontrar uma forma de alertar os
homenspara o grande desastre que estão impondo contra a
natureza.
Quando observamos a singela pureza da natureza, sentimos,
nos mínimos detalhes de sua evolução, a imagem que“Deus” pretendia projetar para que o homem fosse para a
terra, o que “Ele” representa para o universo.Tenho toda a certeza de que ainda é tempo para
acordarmose de não permitirmos, jamais, que todo o desrespeito que
a natureza já sofreu continue sendo criminosamente repetido, e arrependidos, fazermos de conta que tudo que
aconteceu até agora não passou de um triste sonho do rio.