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EXCELENTSSIMA SENHORA JUZA DE DIREITO DA 22 VARA CRIMINAL DO
FORO CENTRAL BARRA FUNDA, DA COMARCA DE SO PAULO CAPITAL.
Processo n 0071709-96.2010.8.26.0050
CARLOS EDUARDO DE PAULA
devidamente identificado e qualificado nos autos do processo
tombado nesse Juzo sob o nmero acima referenciado, por seu
advogado, infra-assinado, vem, respeitosamente presena de
Vossa Excelncia, inconformado com a deciso de fls. e fls. e de
conformidade com o art. 593, inciso I, do Cdigo de Processo
Penal, interpor, tempestivamente, APELAO nos termos a seguir
expostos, com razes recursais em anexo.
Requer seja recebida e processada a presente apelao e
encaminhada, com as inclusas razes ao Egrgio Tribunal de
Justia do Estado de So Paulo.
Termos em que,
Pede deferimento.
So Paulo, 17 de abril de 2012.
...............................Antonio Benedito Pereira
OAB/SP 96.620
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Processo n : 0071709-96.2010.8.26.0050
Comarca : So Paulo SP
Espcie : Apelao Criminal
Recorrente : CARLOS EDUARDO DE PAULA
Recorrido : MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE SO PAULO
Incidncia Penal: Art. 107, da Lei n 10.741/03 c/c art. 70, do Cdigo Penal.
Trs coisas devem ser feitas por um juiz: ouvir atentamente,
considerar sobriamente e decidir imparcialmente. (Scrates)
EGRGIO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO
COLENDA CMARA CRIMINAL
EMINENTES DESEMBARGADORES
Denunciado, aps regular instruo do feito, sem
registro de incidentes e nem de antecedentes, viu-se condenado
s penas de dois anos e quatro meses de recluso no regime
inicial aberto, com possibilidades de substituio da pena
corporal por duas restritivas de direitos consistentes na
prestao de servios comunidade e limitao de fins de
semanas, por igual perodo, pelo admitido crime previsto no art.
107, da Lei n 10.741/2003 (Estatuto do Idoso),
concomitantemente com aumento da pena previsto no art. 70, do
Cdigo Penal.
Sem embargo da soberania da Ilustre Julgadora e
da inteligncia e integridade do Ilustre Promotor de Justia,
no merece prosperar a respeitvel sentena, ora recorrida, uma
vez que a deciso baseou-se, exclusivamente no depoimento das
vtimas, sem levar em considerao o da testemunha do Ministrio
Pblico, nem tampouco das alegaes do Ru, ora Apelante.
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O processo penal o que de mais srio existe em
nosso Pas. Nele, tudo deve ser claro como a luz solar, exato
como a grandeza matemtica, nada deve ser nebuloso, incerto,
inseguro, a fim de ser assegurada a soberana Justia.
A Meritssima Juza de Primeira Instncia julgou
o Ru, ora Apelante, de forma a negligenciar todos os fatos
constantes dos autos, incluindo os depoimentos, a documentao,
os atestados mdicos, o endereo residencial das vtimas, as
propriedades das vtimas, enfim, afrontou o art. 93, IX, daConstituio Federal.
Em momento algum, quer durante a fase
investigativa, quer durante a instruo processual foram
apresentadas provas que pudessem incriminar o Ru, ora Apelante,
sendo as declaraes das vtimas o nico indcio da existncia
do delito.
Vale destacar o posicionamento jurisprudencial
majoritrio:
Pois s palavras do ru deve ser dado crdito, se na
ausncia de testemunhas outra prova existe nos autos
que a contrarie. (TJMT RT 452/440).
E, mais especificamente:
TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DO PARAN
Apelao 829.472-4 1 Vara Criminal do Foro Regional
de So Jos dos Pinhais da Comarca da Regio
Metropolitana de Curitiba Apelante: Emerson Adriano
Labes Juvileschi Apelado: Ministrio Pblico
Relator: Juiz Luiz Cesar Nicolau
ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE PESSOAS (ART. 157,
2, INCISO II, DO CDIGO PENAL). PLEITO DE ABSOLVIO
POR FALTA DE PROVAS. PROCEDNCIA. PALAVRA DA VTIMA
ISOLADA. CONJUNTO PROBATRIO INSUFICIENTE.Ainda que
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configure meio de prova idneo, a palavra da vtima,
de forma isolada e exclusiva, no suficiente para
fundamentar uma condenao criminal. Um juzo de
probalidade, por mais robusto que se apresente, no
legitima, na esfera penal, a certeza absoluta para
justificar a resposta punitiva, devido ao fato de o
consagrado princpio da dvida militar em favor do
acusado. (g.n.) (TJPR, AP 500.106-7, 5 CMARA CRIMINAL,
REL. DES. MARIA JOS DE TOLEDO MARCONDES TEIXEIRA, DJ.
30/01/2009). Recurso provido.
ACRDO
Vistos, relatados e discutidos estes autos 829.472-4,
de Apelao, em que apelante Emerson Adriano Labes
Juvileschi e apelado o Ministrio Pblico, ACORDAM os
Magistrados integrantes da 4 Cmara Criminal,
unanimidade de votos, em prover o recurso do ru
Emerson Adriano Labes Juvileschi, julgando
improcedente a denncia e absolvendo-o por
inexistncia de prova suficiente para a condenao.
Participaram do julgamento o Juiz Substituto Tito de
Campos de Paula e o Desembargador Luiz Zarpelon.
Curitiba, 8 de maro de 2012.
(assinado digitalmente) Luiz Cesar Nicolau relator,
Juiz substituto de 2 grau.
(http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21451566/8294724-pr-
829472-4-acordao tjpr/inteiro-teor)
A Juza de Primeiro Grau negligenciou o
depoimento da testemunha da acusao, a Escrevente Juramentada do
28 Tabelionato de So Paulo Silvia Maria Barbi Cassiano que
assim declarou:
[...] fiz a leitura do termo de doao, explicando
pausadamente para elas e alas assinaram, afirmando que
fariam a doao para o sobrinho que teve cuidados com elas
[...].
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E, quanto no observncia e no valorao daescritura pblica de doao COM RESERVA DE USUFRUTO VITALCIO,
pela Juza de Primeiro Grau, temos a deciso:
Processo: AC 5744334200 SP
Relator(a): Francisco Loureiro
Julgamento: 04/12/2008
rgo Julgador: 4 Cmara de Direito Privado
Publicao: 18/12/2008
Ementa
NULIDADE E ANULABILIDADE DE NEGCIOS JURDICOS - Doaes de
parte ideal de bem imvel e cesso de direito de crditos de
idoso a terceiro - Alegao de vcios de consentimento, em
razo de idade avanada, parcos conhecimentos do doador e
ausncia de testemunhas instrumentais - Negcios lavrados
por escrituras pblicas sem vcios aparentes - Falta de
elementos razoveis a indicar que poca dos contratos
padecia o doador e cedente de qualquer incapacidade, tanto
assim, que participou de audincia judicial - Alegao
cumulativa de incapacidade, erro, dolo e simulao sem
qualquer fundamento concreto - Cerceamento de defesa no
configurado - Ao improcedente - Recurso improvido. .
Vistos, relatados e discutidos estes autos de
Apelao Cvel n 574.433.4/2-00, da Comarca de Ja,
onde figuram como apelante GENTILIA RODRIGUES DA
SILVA GAMB e apelada ADELINA OLVIO MARINO:
ACORDAM, em Quarta Cmara de Direito Privado do
Tribunal de Justia de So Paulo, por votao
unnime, negar provimento ao recurso, de conformidade
com o relatrio e voto do Relator, que ficam fazendo
parte do acrdo.
Apelao Cvel.
Cuida-se de recurso de apelao interposto contra a
r. sentena de fls. 88/93 dos autos, que julgou
improcedente a ao ordinria de anulao de
escritura pblica de cesso de direitos de crdito e
escritura de doaes ajuizada por GENTILIA RODRIGUES
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DA SILVA GAMB e OUTRO em face de ADELINA OLVIO
MARINO.
F-lo a r. sentena, forte no argumento de que aos
vagos fatos descritos na inicial idade avanada e
pouca cultura so insuficientes para invalidar
escrituras pblicas de doao e cesso de direitos.
Entendeu que os mltiplos vcios alegados pelos
autores incapacidade, erro, dolo e simulao no
vieram acompanhados do mnimo respaldo probatrio.
Recorrem os autores, alegando em preliminar a
nulidade da sentena por cerceamento de defesa.Quanto ao mrito, requerem a reforma total da
sentena para efeito de reconhecimento de nulidade e
anulao dos negcios jurdicos por incapacidade
absoluta, simulao, erro e dolo, j que o cedente e
donatrio no conhecia o teor dos documentos que
assinara, pois contava com 80 anos na poca da
realizao de tais atos e possua nfima leitura.
O recurso foi contrariado (fls. 122/123).
o relatrio.
1. O recurso no comporta provimento, diante das
circunstncias do caso concreto.
[...]
Reconheo, via de regra, a prova oral indispensvel
para o julgamento de aes que versam sobre
incapacidade do agente, vcios de consentimento. No,
todavia, no caso presente, em que os vcios alguns
contraditrios entre si tm como fundamento a idade
avanada e parcos conhecimentos do agente.
[...]
2. O julgamento antecipado da lide revelou...
[...]
A incapacidade no se presume, sendo necessria a
demonstrao por quem a alega.
O fato de o falecido possuir 80 anos, quando efetuou
a doao e a cesso de direitos no conduz
concluso de que no tivesse conscincia e vontade
livre. Como alerta Caio Mario da Silva Pereira, a
senilidade, por si s, no causa de restrio da
capacidade de fato, porque no se deve considerar
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equivalente a um estado psicoptico, por maior que
seja a longevidade. Dar-se- a interdio se a
senectude vier a gerar um estado patolgico, de que
resulte prejuzo das faculdades mentais. Em tal caso,
a incapacidade ser resultado do estado psquico, e
no da velhice. (Instituies de Direito Civil, 20
Edio, Forense, Vol. I, p. 279).
[...]
No que se refere s poucas letras do cedente e
doador, vale lembrar que os dois negcios jurdicos
foram celebrados por instrumentos pblicos, perantetabelies de notas. Os termos jurdicos certamente
foram explicados ao alienante no momento da leitura
da escritura.
Alis, exatamente por tal razo que os analfabetos
somente podem contratar negcios solenes por
escritura pblica, com a garantia da leitura e
assistncia do tabelio.
A ausncia de testemunhas instrumentais
rigorosamente irrelevante, pois so dispensveis em
instrumento pblico, por fora de norma especial.
[...]
Diante do exposto, pelo meu voto, nego provimento ao
recurso.
Participaram do julgamento, os Desembargadores
Teixeira Leite (Presidente, sem voto), nio Zuliani
(Revisor) e Maia da Cunha (3 Juiz).
So Paulo, 4 de dezembro de 2008.
FRANCISCO LOUREIRO
Relator
(http://www.jusbrasil.com.br/filedown/dev1/files/JUS2
/TJSP/IT/AC_5744334200_SP_04.12.2008.pdf)
A sentena recorrida teve como fundamento,
exclusivamente, o estado fsico das vtimas, que: ...no
tm absoluto domnio da escrita e compreenso do
vernculo..., e a idade fsica, quando consigna: ...pois
eram duas senhoras, com mais de oitenta anos,....
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Ora, em nenhum momento foi constatada aincapacidade mental ou auditiva das vitimas.
Se estavam incapacitadas para assinarem uma
Escritura Pblica de Doao, como assinaram uma Escritura
Pblica de Compra e Venda do mesmo imvel?
Ambas foram elaboradas por Escrevente
Juramentado de Tabelionatos que, obedientes aos termos dalegislao que regula a atividade e dos inmeros
provimentos da Corregedoria Geral de Justia do Estado de
So Paulo, leram o inteiro teor das escrituras antes de
colher as respectivas assinaturas.
A Senhora Maria Rinaldi dos Santos
alfabetizada e assina sem a necessidade de um modelo; j a
Senhora Regina Rinaldi Estancati, para assinar precisacopiar de sua Carteira de Identidade, sendo que ambas tm
tima audio, tanto que, em nenhum momento, enquanto
prestavam as declaraes em juzo, alegaram no entender o
que a MM. Juza perguntava.
A Meritssima Juza de Primeira Instncia
relegou, totalmente, tanto na sentena, quanto nos embargos
de declarao, a autenticidade da Escritura Pblica deDoao das duas quintas partes do imvel sito na Rua Cruz,
n 8, imvel este que havia sido reservado ao usufruto
vitalcio de ambas as vtimas, e que terminou por ser
vendido pelas mesmas.
Qual o prejuzo que o Ru, ora Apelante,
causou s tias?
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NENHUM!
Considerando que a doao um ato jurdico
regulado pelo Direito Civil, temos que somente ser nula se
envolver todos os bens sem reserva de parte, ou renda
suficiente para a subsistncia do doador (art. 548, do
Cdigo Civil).
A Lei n 10.741/2003 ao incluir como crime oato de doar bens imveis pelos idosos, somente o tipifica
se houver coao.
Portanto, o cerne do tipo o verbo coagir
que, a Meritssima Juza o considerou como constranger
(constrangimento).
Desta forma, importante sabermos osignificado jurdico de coao (ou constrangimento):
Coao - Ato de constranger algum. Na linguagem
jurdica corresponde a um dos defeitos dos atos
jurdicos que podem viciar a manifestao da vontade.
Neste caso, a coao deve ser tal, que incuta ao
paciente fundado temor de dano sua pessoa, sua
famlia, ou a seus bens, iminente e igual, pelo
menos, ao recevel do ato extorquido. Em matria
penal tem-se a figura da coao irresistvel na
execuo do fato tpico em que apenas o autor da
coao punvel. Tambm est previsto o tipo penal
'coao no curso do processo' como sendo um crime
contra a administrao da justia. A coao ilegal na
liberdade de ir e vir das pessoas so motivos para a
impetrao de 'habeas corpus'. Veja Arts. 98 a 101 do
Cdigo Civil, Arts. 22 e 344 do Cdigo Penal e Arts.
647 e seguintes do Cdigo de Processo Penal.
(http://www.jusbrasil.com.br/topicos/288946/coao)
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Assim, temos que no houve crime, sendo queas alegaes das vtimas de no saber o que estavam
assinando, no pode prevalecer sobre as declaraes
prestadas pela Escrevente Juramentada do 28 Tabelionado de
Notas que detm f pblica.
Quanto f pblica, temos que um dos
princpios que rege a atividade notarial e registral a f
pblica. A f pblica atribuda constitucionalmente aonotrio e registrador, que atuam como representantes do
Estado na sua atividade profissional. Atribuda por lei, a
f pblica uma forma de declarar que um ato ou documento
est conforme os padres legais, permitindo que as partes
tenham segurana quanto sua validade, at prova em
contrrio.
Diz o artigo 3 da Lei n. 8.935/94 que oNotrio, ou Tabelio, o Oficial de Registro, ou
Registrador, so profissionais do direito dotados de f
pblica, a quem delegado o exerccio da atividade
notarial e de registro.
Para JOO TEODORO DA SILVA in Serventias
Judiciais e Extrajudiciais, Belo Horizonte, Serjus, 1999,
p. 17, a f pblica "afirma a certeza e a verdade dosassentamentos que o notrio e oficial de registro pratiquem
e das certides que expeam nessa condio, com as
qualidades referidas no art. 1 da Lei n. 8.935/94
(publicidade, autenticidade, segurana e eficcia dos atos
jurdicos).
O princpio da f pblica no s garante a
legalidade de uma relao jurdica como tambm d validade
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e segurana a esta relao prevenindo o conflito e alitigiosidade.
Todo documento produzido com ou sob a
chancela do notrio e ou registrador detm a presuno
legal de veracidade e mesmo que no tendo sido
confeccionado para o fim de servir de prova processual, na
hiptese de ser assim utilizado ele servir como importante
instrumento no processo judicial, tanto assim, a legislao
civil e processual brasileira no se furtou em mencionar
sobre tal fato, j que a fora e a eficcia probante dos
documentos probatrios de atos jurdicos, estrito senso,
atos-fatos jurdicos e negcios jurdicos ou de atos
processuais matria de competncia do direito material ou
processual.
Nesse quadrante, dispe o artigo 215 do CCB
que, a escritura pblica, lavrada em notas de tabelio
documento no s dotado de f pblica como tambm faz prova
plena. Quer isto dizer, conforme lio de JOS COSTA LOURES
E TAIS MARIA LOURES DOLABELA GUIMARES in Novo Cdigo Civil
Comentado, Del Rey, Belo Horizonte, 2002, comentrios ao
art. 215 do CCB, p. 98, porque lavrada por oficial
pblico, em razo da f pblica de que goza a sua
atestao, a escritura pblica se tem por autntica e de
sua autenticidade resulta ser ela prova plena, no s do
negcio jurdico convencionado pelas partes, como
igualmente de todas as ocorrncias ou circunstncias
descritas e certificadas pelo tabelio.Assim, a escritura
pblica lavrada em notas de tabelio a prova moderna por
excelncia.
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De igual forma, pela regra do artigo 217 do
CCB c.c. o artigo 365, II do CPC, os traslados e certides
extrados por notrios e registradores, fazem igualmente,
da mesma forma que os originais, prova bastante e
suficiente do que nele se contm, sendo certo ainda,
conforme disposio nsita no artigo 369 do CPC reputa-se
autntico o documento, quando o tabelio reconhecer a firma
do signatrio, declarando que foi aposta em sua presena.
Se a prova documental tida por relevante, dado o seu graude convencimento e porque muitas vezes vai de encontro
realidade, maior destaque ela ter se tiver sido produzida
com o plus da f pblica.
Apesar de viger no processo civil o princpio do livre
convencimento motivado do juiz (CPC, art. 131), no
confronto entre as provas produzidas pelas partes em
litgio, o julgador no poder deixar de atribuir aos
documentos confeccionados pelos notrios e registradores afora probante que a lei lhes conferiu.
No tocante ao mrito da sentena proferida
pela Juza da 22 Vara Criminal da Comarca de So Paulo
Capital, temos que a mesma no decidiu de conformidade com
os termos da legislao que regula os contratos (entre eles
a escritura pblica de doao), pois a doao foi feitapelas vtimas ao Ru, ora Apelante, atenta a todas as
normas legais, e, principalmente, lavrada por Escrevente
Juramentada do Tabelio.
A propsito, independentemente de a presente
ao penal estar fundamentada em uma lei de cunho
estritamente civil Estatuto do Idoso pois em seu art.
1, est estatudo:
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Art. 1 institudo o Estatuto do Idoso, destinado a
regular os direitos assegurados s pessoas com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos.
No que toca a ser uma lei da seara cvel, e tendo
como objeto a Escritura Pblica de Doao com Reserva de
Usufruto Vitalcio, faz prova plena, conforme aresto:
Dados GeraisProcesso : REsp 6944 ES 1990/0013710-1
Relator : Ministro DIAS TRINDADE
Julgamento : 21/06/1991
rgo Julgador : T3 - TERCEIRA TURMA
Publicao : DJ 19.08.1991 p. 10991
Ementa
CIVIL. ESCRITURA PBLICA DE VENDA E QUITAO. PROVA PLENA.
A ESCRITURA PBLICA FAZ PROVA PLENA DO QUE NELA SE CONTEM,
DE SORTE A SOBREPOR-SE A MERA PRESUNO DA EXISTENCIA DEDEBITO POR ELA QUITADO, POR PERMANECEREM EM PODER DO
VENDEDOR TTULOS CAMBIAIS VINCULADOS AO CONTRATO DE
PROMESSA DE VENDA, ANTERIORMENTE FORMADO ENTRE AS PARTES.
INTERPRETAO DO ART. 134 PAR 1 DO CDIGO CIVIL (1.916).
Acordo
POR UNANIMIDADE, CONHECER DO RECURSO ESPECIAL, E, POR
MAIORIA, DAR-LHE PROVIMENTO, VENCIDO O SR. MINISTRO EDUARDO
RIBEIRO.
Referncias Legislativas
LEG:FED LEI:003071 ANO:1916 ART :00134 PAR: 00001
LEG:FED CFD:** ANO:1988 ART :00105 INC:00003 LET:A LET:C
LEG:FED LEI:005869 ANO:1973 ART :00131
LEG:FED LEI:057663 ANO:1966 ART :00076
LEG:FED LEI:006899 ANO:1981
Citam essa deciso
Recurso Especial Eleitoral Respe 6944 PI (TSE) Recurso Especial REsp 108264 DF 1996/0059030-3 (STJ)
Recurso Especial REsp 108264 DF 1996/0059030-3 (STJ)
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8/22/2019 Carlos Eduardo - apelao criminal
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Ru a J o s da Ro ch a Vi t a , n 1 1 0 C h ca r a Ma f a l da C E P 0 3 3 7 3 -0 1 5 S o P a u l o SP .T e l e f o ne s : ( 1 1 ) 2 7 1 7 . 0 3 3 1 ( 1 1 ) 9 5 8 0 . 2 1 5 3 E -ma i l : a b pe r e i r @ a a s p. o r g . b r
No mesmo diapaso, tornando-se necessria ainsero, temos o disposto no art. 364, do Cdigo de
Processo Civil:
O documento pblico faz prova no s da sua formao, mas
tambm dos fatos que o escrivo, o tabelio, ou o
funcionrio declarar que ocorreram em sua presena.
Assim, a negligncia s declaraes da Escrevente
Juramentada do 28 Tabelionato de So Paulo, declaraes
estas que derrubam, por completo, as declaraes das
vtimas, principalmente porque ocorreram depois de 1 ano, 6
meses e 6 dias da data em que doaram as quintas partes que
possuam ao Ru, ora Apelante.
Note-se que as declaraes da Escrevente SilviaMaria Barbi Cassiano so coerentes, seguras, firmes, desde
o procedimento investigatrio at a instruo processual,
sem nos olvidarmos, repetimos, que foi arrolada como
testemunha de acusao, sendo que, em verdade suas
declaraes beneficiam o Ru, ora Apelante,
descaracterizando qualquer conduta tpica, antijurdica -
ou ilcita - e culpvel, praticada por este.
Se a escrevente afirma que leu a escritura e
explicou pausadamente seu contedo, no h porque duvidar
de sua palavra que, est protegida pela disposio do
artigo 364, do Cdigo de Processo Civil.
Apenas para ilustrar, informa o Apelante que
a ao cvel cuja sentena cancelou a referida escritura, o
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que ocorreu pela revelia do Apelante, est para serrescindida perante o Tribunal de Justia do Estado de So
Paulo atravs de uma de suas Cmaras de Direito Privado.
Interessante, a esta altura, muito embora
relativamente estranho a este trabalho, a insero do
princpio da verdade real, principalmente pela relevncia
que os doutrinadores o realam e o explicam, destacando-seo entendimento de Guilherme de Souza Nucci:
... falar em VERDADE REAL implica provocar no
esprito do JUIZ um sentimento de busca, de
inconformismo com o que lhe apresentado pelas
partes, enfim, um impulso contrrio passividade.
Afinal, estando em jogo direitos fundamentais do
homem, tais como liberdade, vida, integridade fsica
e psicolgica e at mesmo honra, que podem ser
afetados seriamente com uma condenao criminal, deve
o JUIZ sair em busca da VERDADE material, aquela que
mais se aproxima do que realmente aconteceu. (Nucci,
Guilherme de Souza in Manual de Processo Penal e
Execuo Penal, 2 Ed., revista, atualizada e
ampliada, So Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p.
95).
Em face do exposto, aguarda o Apelante que
este Tribunal, competente para o segundo julgamento,
reforme a sentena de primeira instncia, para que, por
insuficincia de provas, e, por inexistncia de conduta
tpica, antijurdica - ou ilcita - e culpvel do Ru, ora
Apelante, conhea do presente recurso, porquanto prprio,
tempestivo e presente o legtimo interesse recursal, dando-
se provimento ao mesmo, aplicando-se o princpio in dubio
pro reo, absolvendo o Apelante Carlos Eduardo de Paula da
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imputao que lhe foi aplicada pela Juza de Primeira
Instncia como medida da mais ldima
J U S T I A!
So Paulo, 18 de abril de 2012.
...............................Antonio Benedito Pereira
OAB/SP 96.620