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Editorial Mino Carta
Dem osten es , M arcon i e P olicarp o A p artir d as.p ersonag ens d este cab elu do enred o, consld era,c :x 5esobre
°com portam ento da m fd ia natlva
CAS a DO SENADOR Demostenes Torres e representativo
de uma crise moral que, a bern da sacrossanta verdade,
transcende a politica, envolve tendencias, habitos, tra-
dicoes ate, da sociedade nativa. No quadro, cabe a mi-
dia um papel de extrema relevancia. Qual e no momen-
to seu transparente objetivo? Fazer com que 0 escandalo goiano fi-
que circunscrito a figura do senador, 0 qual, alias, prestimoso se
imola ao se despedir do DEM. DEM, e de pasmar, de democratas.
Ora, ora. POI'que a midia silencia a res-
peito de u rn ponto importante d as pas-
sagens conhecidas do relatorio da Policia
Federal? Aludo ao relacionamento entre 0
bicheiro Cachoeira e 0 chefe da sucursal
da revista Veja em Brasilia, Policarpo Ju-
nior. E por que com tanto atraso se refere
ao envolvimento do governador Marconi
Perillo? Epor que se fecha em copas dian-
te do sequestro sofrido por CartaCapitai
em Goiania no dia da chegada as bancas
da sua ultima edicao? Lembrei-me dos
tempos da ditadur; em que a Veja dirigida
por rnim era apreendida pela PM.
A omissao da midia nativa e um clas-
sico, precipitado pela peculiar conviccao
de que fato nao noticiado simplesmente
nao 5e dell. Nao ha somente algo de podre
nas redacoes, mas tarnbem de treslouca-
do. Este aspecto patologico da atuacao do
jornalismo patrio acentua-se na perspec-
tiva de novas e candentes revelacoes con-
tidas no relatorio da PF. Para nos escla-
recer, mais e mais, a respeito da influen-
cia de Cachoeirajunto ao governo tucano
de Goias e da parceria entre 0bicheiro e 0
jornalista P olic arp o. E em ger a l a dilatar 0
alcance da investigacao policiaL
Quanto a jornalistica, vale uma subi-
ta, desagradavel suspeita, Como se deu
que os trechos do documento relativos
a s conversas entre Cachoeira e Policar-
po ten ham chegado a redacao de Veja?
Sim, a revista os publica, quem sabe
Sequest rada . Em Goiania, domingo dia 1°
apenas em parte, para demonstrar que
o chefe da sucursal cumpria dignamen-
te sua tarefa profissional. AU seria mis-
sao? No entanto, a luz de urn principio
etico elemental', 0 credito conferido pelo
jornalista as inforrnacoes do criminoso
configura, pOI' s i, a traicao aos valores da
profissao. Quanto a suspeita forrnulada
no inicio deste paragrafo, ela se justifica
plenamente: e simples supor vazamento
originado nos proprios gabinetes da P
Evamos assim de traicao em traicao.
A receita nao a dispensa, a traicao, a
tes aexige nas mais diversas tonalidades
sabores. A ser misturada, para a perfeic
do guisado, com hipocrisia, prepotenci
desfacatez, dernagogia, arrogancia et
etc. E a contribuicao inestirnavel da m
dia, empenhada em liquidar rapidamente
o easo Dernostenes, para voltar, de mao
livres, a inesgota veltentativa de erial' pr
blemas para 0governo. as resultados s
decepcionantes, permito-me observar.
popularidade da presidenta Dilma acab
de crescer de 72% para 77%.
E aqui constato haver quem tenha
CartaCapital como praticante de urn ce
to, ou incerto, "jornalismo ideologico"
Confesso, contristado, minha ignoranc
quanto ao exato significado da expressao
Se ideol6gico significa fidelidade cani
a verdade factual, exercicio desabrido
espirito critico, fiscalizacao diuturna
poder onde quer que se manifeste, entao
definicao e correta. E e se significa que,
110SS0 entendimento, a liberdade e apan
gio de poucos, pouquissimos, se nao ho
vel' igualdade. A qual, como sabemos,Brasil por ora nao passa de miragem.
E e se a prova for buscada na noss
conviccao de que Adam Smith nao im
ginava, como fim ultimo do capitalismo
fabricantes de dinheiro em lugar de pr
dutores de bens e services. au buscad
em outra conviccao, ada irresponsabili-
dade secular da elite nativa, prodiga
desperdicio sistematico do patrimoni
Brasil e hoje admiravelmente represen
tada por uma minoria privilegiada ex
bicionista, pretensiosa, ignorante, i1
talada no derradeiro degrau do provi
cianismo, AU buscada no nOS50 aprec
por toda iniciativa governista propici
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a distribuicao da rend a e a realizacao de
uma politica exterior independente.
Sim, enxergamos no tucanato a ultima
flor do udenismo velho de guerra e em
Fernando Henrique Cardoso urn mes-
tre em hipocrisia. Quid demonstrandum
es t pela leitura do seu mais recente artigo
domingueiro na pagina 2 do Estadiio. 0
presidente da privataria tucana, compra-
dor dos votos parlamentares para conse-
guir a reeleicao e autor do maior engo-
do eleitoral da historia do Brasil, afirma,
com expressao de Catao, 0 censor, que se
nao houver reacao, a corrupcao ainda se-
ra "condicao de governabilidade",
Achamos demagogica e apressada a deci-
sao de realizar a Copa no Brasil e terne-
mos 0 fracasso da organizacao do even-
to, com efeitos negativos sobre 0 prestigio
conquistado pelo Pais mundo afora nos
ultimos dez anos. Ah, sim, estivessernos
de volta ao passado, a 2002, 2006 e 2010,
confirmariamos nOS80apoio a s candi-
daturas de Lula e Dilma Rousseff. Se is-
so nos torna ideol6gicos, tambem 0 sao
osjornais que nos Estados Unidos apoia-
ram e apoiarao 0bama, ou que na Italia se
colocaram contra SilvioBerlusconi. Ou 0
Estadiio, quando em 2006 deu seu voto a
Geraldo Alckmin e em 2010 a Jose Serra.
Nao acreditarnos, positivamente, que
de 1964 a 19850Brasil tenha sido entre-
gue a uma "ditabranda", muito pelo con-
trario, embora os ditadores, e seus ver-
dugos e torturadores, tenham se excedi-
do sem necessidade em violencia, por te-
rem de enfrentar uma resistencia pifia e
contarern com 0 apoio macico da mino-
ria privilegiada, ou seja, ados marcha-
dares da familia, com Deus e pela liber-
dade. Hoje estamos impavidamente de-
cepcionados com 0 comportamento de
muitos que se apresentavam como es-
querdistas e despencaram do lado opos-
to, enquanto gostariamos que a chama-
da Comissao da Verdade atingisse suas
ultimas consequencias."
Agora me pergunto como haveria de
ser definido 0 jornalismo dos demais or-
gaos da midia nativa, patroes, jaguncos,
sabujos e famulos, com algumas exce-
~6es, tanto mais notaveis porque raras.
Ideologias sao construidas pelas ideias.
De verdade, alimentamos ideias opostas.
-6s acreditamos que algum dia 0Brasil
sera justo e feliz. Eles querem que nada
illude, se possivel que regrida .•
o c rucif ixo nos tribunais POR ALFREDO B051
C edem os praz erosam ente este
especo a retiexso de um dos
ultimos, rarissimos e grandes
pen sadores b ra si le ir os
Are tirad a d os c ruc ifix os
nos t r ibuna is .
re ce nte m en te a pr ov ad a
no R io G rande do
Su i. v e rn c au sa nd o
po lem ica,o que e de espe rar em um a
n ac ;ao e m q ue a m aio ria s e d ec lara
crista. E m ate ria q ue p ed e re fle xao ,
o le ito r m ed ian am en te in strufd o
no trato dos E vange lhos sabe que
a condenacao a cruz so frid a p or
Jesus fo i decid ida em urn dup lo
trib un al. 0 ju Ig am en to in ic ial fo i o bra
do S inedrio , orgao suprem o dos
ch am ad os "d outore s d a le i", e ntao
se diado s e m J erusalem . N ao
d ispondo de poder po lftico , m as
ap en as re lig io so , a trib un al p re cis ou
d a san cao d o g ov ern ad or rom ano ,
P ilato s, q ue ac ab ou c ed en do a
p ressao sace rdo tal e a g rita d a turb a
alic iad a; lav ou as rn ao s, d iz en do
q ue n ao q ue ria se r re sp onsav el p elo
de rram am ento do sangue de urn
ju st o. P o de r re lig io so c oo ne st ad o
p elo po de r p olitico d o Im pe rio
R om an o: e is a alian ca q ue le vo u
C risto a m orte na cruz.
N ao n os d eve esp an tar q ue urn
h om em in oce nte , co nd en ad o a m orte
crue nta po r urn d up lo fo rum , ten ha
s ua im ag em b an id a d os t rib un als ,
o nd e d ou to re s d a le i c on tin uam
julgan do so beranam ente q ue m d e
s ar p un id o o u ab so lv id o. A fin al, d e
pendurado na parede de urn juiz a
fig ura in erm e d e urn re u s up lic iad o
e s em pre um a tris te p ro va d a in jus
e d a c rue ld ad e h um an a.
A q ue stao te m-se co lo cad o em
te nn as d e re lallao e ntre c re nc as
re lig io sas e E stad o laic o. N ad a a o
Todo cren te que nao tenha perd ido
m em oria dos m ales que adv ie ram
p od er te mp oral d a Ig re ja, d ev eria
f av or av el a uma s au da ve l s ep ar ac a
L ib era Ch ie sa i n l ib er o S ta to , Livre
I gr eja e m E st ad o liv re , p ro pun ham
o s p at rio ta s·it alia no s em lu ta c on tr
o E s ta do p o nt if fc io .
A m ensag em ce ntral do s
E vange lhos e a do am mcio de um a
n ov a d ir ne ns ao e tic a, t an to s ub je tiv
q uan ta so cial, que re me te as
e xpre ss6e s: "0 re in o d e D eus e sta
e m v os e e ntre v os", E ssa m ensag e
p od era, au n aa, co in cid ir co m o s
v alo re s p ro fe ss ad os p elo E st ad o,
A te ntar ;; ao de exe rce r 0 pode r t emp
e m que tan tas v ez es cafram as
ig re jas , te rn d e s er s up erad a p ar to
a qu eJ e q ue a cr ed it a n a c rft ic a r ad ic
"de ste " m un do , fe ito d e v iole ncia
a rb ft ri o, c om 0 q ual a c ris ta e d ev e
v iv er e m p erm an en te te n sao.
Banido. Na obra-prima
de Ci111abue (1240-1302),
qu e in sp iro u a se riedas Crucificacoes,
de Francis Ba~on
CARTACAPITAL 111DEABRIL DE201
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Seu P ais
P erillo e C ae oe iraEs cANDALO I 0governo de Goias contratou uma
empresa acusada de servir ao esquema do bicheiroPORlEANDROFORTES
OR VOLTA do meio-dia da
terca- feira 3,0 senador De-
mos t ene s Torres, quese au-
todefiniu como um cada-
ver politico, deu um passo
na tentativa de cair no es-
quecimento tumular: apos
se recusar na noite anterior a fornecer ex-
p l icacoes ao proprio partido sobre a nature-
za e a profundidade de suas r e lacoes com 0
bicheiro Carlinhos Cachoeira, apresentou
u m of ic io de desf i l iacao do DEM. Torres
reclamou da postura de seus companhe i -
ros de legenda. Afirrnou ter sido prejulga-
do e impedido de apresentar sua defesa, no
que foi prontarnente rebatido por Agripino
Maia, presidente do Democratas: "Ele teve
varias oportunidades e nao0
fez".Torres agiu calculadamente. Ao dei-
xar 0 DEM, 0 senador goiano espera
ver enterrada a avalanche de dentincias
de participacao ativa e crucial em uma
mafia que manipulava jogos ilegais, in-
terferia em orgaos publicos e produzia
grampos e dossies distribuidos a midia,
e em especial a revista Veja, contra de-
safetos politicos. Segundo a invesriga-
<;ao da PF revelada com exclusividade
por CartxiCapital, 0 senador receberia
30% do faturamento com 0 jogo ilegal.
o parlamentar nao eo unico que tor-
ce pelo esboroar de mais este escanda-
10 , embora a tendencia no momenta se-
ja que 0 assunto ganhe cada vez mars re-
Ievancia, Nos ultimos dias cresceram as
chances de instalacao da "cpr do Cacho-
eira" na Camara dos Deputados. Q DEM
passou a engrossar 0 cora dos adeptos da
cpr por urn bom motivo: nao quer nau-
fragar sozinho, pois a quadrilha envolve
representantes de outros partidos.
o governador tucano de GoiasMar-coni Perillo, e outro que permanece fir-
20 WWW.CARTACAPITALCOM.BR
A Rede Sol Fue lh av ia s ido re je itad aem 2010, m as
recuperou 0 contrato
de 1 8,5 m ilh oe sde re ais n e s te ana
No ca lc a n har . Torres (acima)
deixou 0DEM. Eliane Pinheiro
pediu demissiio do posto de chefe
de gabinete do governador
me na torcida pelo rapido desfecho
e pisod ic . Se m falar na propria Veja.
Quando CartaCapital chegou as ban
em Golas, no sabado 31,com uma repor
gem de capa sobre os elos entre a quadril
eo governo estadual, os fantasmas do au
ritarismo se levantaram do t umu lo (rep
tagem a pdg: 24). Anonimos incomodado
com 0 teor das reve lacoes compraram l
d a e d ic ao d is p o niv e is nas bancas d a cap
do estado, 0que obrigou varies leitores
rar cop ia s x e rog ra f ic a s das poucas revis
que sobraram, Em seguida, 0procurado
geral do estado, Ronald Bicca, valeu-se
urn expediente patetico, Anunciou a dis
si<;aode processar CartaCapital e afirm
a reportagem estigmatizava Goias tan
quanta0
famoso acidente radioativo co Cesio-137, cerca de 25 anos arras. Rac
cinio intoxicado, poderia se dizer.
Nao se sabe 0 que e pior neste enred
Sem mencionar a ditadura, recolher rev
tas nas bancas era urn dos expedientes p
feridos do fa lec ido coronel Antonio Car
Magalhaes, Mas ACM valia-se do meto
quando a internet nao existia e a difus
de informacoes era restrita. Detalhes
modernidade que os "sequestradores"
Goias ainda nao entenderam. No prop
sabado, quando 0 s umi co de CartaCapi
das bancas foi notado por leitores goian
o assunto ganhou a rede mundial de co
putadores. No domingo, ja era possivell
a reportagem escaneada em alguns blo
Na segunda 2, 0 site da revista publicou
conteudo completo do texto,
Eo furo n'agua continuou. Nos d
posteriores, outros meios de comunic
<;aoapontaram ligacoes do governo
rillo com 0 esquema. Sem alternativa,
governador viu-se obrigado a aceitar,
quarta 4, a dernissao de sua chefe de g
nete, Eliane Pinheiro. Novos detalhesenvolvimento de Pinheiro com a turm
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de Cachoeira foram relatados em primei-
ra mao pelo diario 0Popular, de Goiania,
ha duas semanas, A chefe de gabinete ha-
via sido flagrada pela Policia Federal, du-
rante a Operacao Apate, montada no ana
passado para investigar fraudes tributa-
rias, em contato intimo com a quadrilha.
A exernplo de outros integrantes do es-
quema, ela tambern fazia parte do "gru-
po do Nextel", uma seleta equipe de pes-
soas ligadas ao bicheiro que receberam
aparelhos de radio registrados em Mia-
mi. 0 objetivo era tentar evitar 0 moni-
toramento policial das conversas. Em urndos grampos autorizados pela Justica,
Pinheiro e avisada por Cachoeira de uma
investigacao em curso contra urn prefeito
aliado do esquema. Ela nega ter passado
o recado adiante, mas, ainda assim, pre-
feriu renunciar ao cargo no governo apos
o assunto ser estampado em publicacoes
de Sao Paulo e do Rio de .T aneiro.
Na reportagem da edicao confiscada
em Goias, Carta Capi ta l cita urn dialogo
entre Cachoeira e Lenine de Souza, seu
braco direito, 0 contraventorpede a Souzapara acionar Eliane Pinheiro e enviar um
recado a Perillo: ele queria ver garantida a
nomeacao do delegado civil Itamar Lou-
rens:o, vulgo C aolho. A ind a na conversa, 0
bicheiro da a entender que 0 governador
deveria estar desinformado a respeito da
demora na nomeacao. "Ah, quando 0 Pe-
rillo souber ...", afirma. Pinheiro ocupava a
chefia de gabinete do governo desde 0 ini-
cio do ano passado. Na campanha de 2010,
ela articulou a adesao de prefeitos do PP a
campanha do tucario,
E provavel que 0 rescaldo das denuncias
a atingir 0 governo goiano nao cesse par
ai, Na quarta 4, Perillo, em entrevista, de-
clarou ter se encontrado com Cachoeira
uma unica vez, quando cumprimentou 0
bicheiro por seu aniversario, Mas a Foli-
cia Federal come~ou a vasculhar os nego-
cios firrnados entre ernpresas suspeitas
de servir de lavagem de dinheiro para 0
bicheiro com 0governo estadual.
Entre elas aparece a Rede Sol Fuel
Distribuidora Ltda., que venceu uma li-
citacao para fornecer cart6es de credi-
to para abastecimento de viaturas poli-
ciais da Secretar-ia de Seguranca Publi-
ca. Foi justamente na area de seguranca
que a quadrilha de Cachoeira espalhou
seus tentaculos com mais intensidade. 0
esquema operava uma movimentada es-
trutura de pagamentos de propinas para
delegados e agentes da Policia Civil para
garantir as atividades ilegais.
No caso da Rede Sol Fuel, a homologa-
r;ao da licitacao havia sido cancelada em
2010 por causa da constatacao de uma
serie de irregularidades, entre elas 0 fa-
to de a empresa nao possuir cadastro co-
mo contribuinte do ICMS na Secretaria
da Fazenda estadual. Logo, incapaz de
conseguir autorizacao para a comerciali-
zacao de cornbustivel no estado.
Apesar do problema, 0contrato passou a
valer a partir de fevereiro deste ano, homo-
logado pelo atual secretario de SegurancaPublica do estado, Joao Furtado de Men-
donca Neto. Isso apesar de Mendonca Neto
ser supostamente urn profundo conhece-
dor da lei.Alem de procurador do Estado, 0
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S eu P ais Escanda lo
secretario e tambem advogado da area de
direito administrativo e tributario.
Segundo os registros da Junta Comer-
cial de Goias, as dirigentes da Rede Sol
Fuel sao os ernpresarios Valdemar de Bor-
tali Junior e uma pessoa juridica, a JBV
Empreendimentos Imobiliarios Ltda.,
cuja sede fica em Ribeirao Preto, interior
de Sao Paulo. 0 capital social da empresae de 6,6 milh6es de reais , muito inferior ao
valor do contrato firmado com a Secreta-
ria de Seguranca, de cerca de 18,5 milh6es
de reais. Como 0 contrato tinha condicao
de ser renovado por cinco anos, 0 rnontan-
te poderia chegar a Ill,S milh6es de reais,
Na unica rnanifestacao oficial do par-
tido em re lacao a crise em Goias, 0pre-
sidente do PSDB, Sergio Guerra, tentou
amenizar a pressao sabre Perillo. Guerra
disse nao enxergar "muita coisa" nas de-
nuncias. De resto, insinuou que os vaza-
mentos das gravacoes feitas pela PF sao
parte de Lima conspiracao do governo
de Dilma Rousseff para comprorneter a
imagem da oposicao. "Nos estranhamos
que essas fitas sejam seletivas, sempre
voltadas para a oposicao." Segundo ele,
o PSDB reitera, "de maneira muiro tran-
quila", a confianca no governador,
Alem de Perillo, 0 outro tucano ell-
volvido no escandalo e 0 deputado fe-
deral Carlos Alberto Lereia, Mas ha ou-
tros parlamentares enfronhados na qua- if>
drilha: Sandes Junior CPP),Rubens Oto- ~ni (PT), Jovair Arantes (PTB), todos de ~
Goias, e Stepan Nercessian CPPS-RJ). A ~w
solucao para tratar dos casos de uma s o ::>
vez esta na instalacao da cp r do Cacho- ~
": s«
eira, iniciativa do deputado Prot6genes
Queiroz que passou a ganhar forca nas
vesperas do feriado da Semana Santa.
o p e did o d e cria~ao da CPI foi protoco-
lado no inlcio de abril, mas 0 presiden-
te da Camara, Marco Maia (PT-RS), 56
decidira sobre0
assunto depois do feria-do, quando devera receber da Procura-
doria-Ceral da Republica e do Supremo
Tribunal Federal dados sobre 0 envolvi-
mento de deputados e do senador Tor-
res com a quadrilha. "Minha impressao
e de que ha elementos para aprofundar
as investigacoes", afirmou Maia,
No Senado, a possibilidade de uma
Cl'I e mais reduzida. Nenhum dos 13 i n-
tegrantes do Conselho de Etica manifes-
tou interesse em assumir a presidencia
do colegiado, 0que e essencial para a con-
dut;ao do processo de cassacao de Tor-
res protocolado pelo PSOL. Os senado-
22 WWW.CARTACAP I TAL . COMBR
A ins tala< :aoda (P If ic ou m a is p ro vave l.T alv e z e la in v e s tig uea promiscu idadee n tre a quadrilh ae 0 jornal ismo
res Pedro Taques (PDT-MT), Ana Am
lia Lemos CPP-RS) e Randolfe Rodrigue
CPSOL-AP), que nao integram 0 con
lho, decidiram se oferecer para a funca
Desde a segunda-feira 2, os tres senad
res tern tentado, sem sucesso, urn conta
com 0presidente do Senado, Jose Sarn
(PMDB-AP), e com 0presidente em ex
cicio do conse lho , Jayme Campos (DEMMT), para tratar do assunto. Sarney m
cou, em principia, para a terca-feira 1
reuniao que vai decidir quem presidira
colegiado. Campos considerou-se imp
dido para comandar 0 processo contra
ex-cornpanheiro de partido.
Personas . Martins (acima,
a dir.) gravou Marinho (abaixo)
e entregou a Veja. Gurge] hesitou
Em b ora S arn e y tenha possibilitado
fo lego extra a Torres, 0 senador goia
tem outros fronts com os quais se pre
cupar, Apos muita pressao, 0 relutan
procurador-geral da Republica, Rober
Gurgel, anunciou nao haver qualquer
galidade nas apuracoes daPF que levara
a conexao entre Torres e Cachoeira. C
base na prerrogativa de foro privilegiad
o advogado do parlamentar, Antonio C
los de Almeida Castro, 0Kakay, alegou
a Justica Federal de Golas deveria ter
tido autorizacao do Supremo Tribunal
deral para investigar 0 senador. Ele ain
pretende entrar com uma reclamacso
STF para pedir a nulidade das provas.
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Para Gurgel, nao houve ilegalidade pe-
1 0 fato de Torres nao ser 0 alvo da investi-
gac;:ao.Ele garantiu ainda que em nenhum
momenta foram iniciadas apuracoes poli-
ciais a partir dos dialogos interceptados
do senador. Gurgel deve, porern, uma ex-
plicacao plausivel por ter retido desde
2009 a primeira investigacao sobre a par-
ticipacao do parlamentar na quadrilha-
levantada durante a Operacao Las Vegas.
Em outra ponta do escandalo, oInsti-
tuto Nacional de Colonizacao e Reforma
Agraria (Incra) anunciou, na quarta-feira
4, 0 afastarnento de servidores colocados
em cargos de chefia na superintendencia
do Distrito Federal. A medida foi toma-
da ap6s a revelacao de que Cachoeira pa-
gava propinas a funcionarios do instituto
com 0 0bje tivo de regularizar uma fazen-
da. De acordo com 0 relat6rio da Opera-
yao Monte Carlo, "sao 'veementes os indi-
cios da corrupcao de servidores publicosem troca das liberacoes e assinaturas ne-
cessarias para a regularizacao da area".
A le rtado p ela P F, 0 Incra decidiu afastar
os servidores que participaram do proces-
so de certificacao da fazenda de Cachoei-
ra, de forma a garantir a isencao do institu-
to durante as inves t igacoes , Segundo a as
sessoria da autarquia, a denuncia cornecou
a ser apurada internamente em setembro
de 2011. 0 Incra solicitou 1 1Policia Federal
copia integral do inquerito para, alem dinvestigacao policial, poder conduir uma
sindicancia a respeito da atividade dos en
volv idos , Entre as investigados esta 0 su
perintendente do Incra no DF, Marco Au
relio Bezerra daRocha. 0 funcionario pu
blico nega ligacoes com 0bicheiro.
A proxima fronteira da Monte Carlo
nao esta em Goias, mas em Brasilia -
seus reflexos tendem a se espalhar por
todo 0 Pais e obrigar um debate sobre
forma como se pratica 0 jornalismo di
to "investigative". Consta que Cachoei-
ra e sua turrna de arapongas trocaram
mais de 200 telefonemas com Policar-
po Junior, diretor da sucursal da revis-
ta Veja.Ate 0 momenta pOllcos dialogos
entre (ou em referencia a) 0 jornalista
e a bandidagem vieram a tona. Urn de
les, que serviu de alibi para a publica-
<,;ao,foi divulgado no site da pr6pria re
vista da Editora Abril. Na conversa en
tre 0 bicheiro e Jairo Martins, respon-
savel pela filmagem em que 0 ex-fun-
cionario dos Correios Mauricio Mari-
nho aparece a embolsar uma propina d
3 mil reais, Policarpo J1'. e citado como
CARTACAPITAL III DE A BRIL DE 2012 2
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Seu Pa is Escandalo
destinatario de grampos e dossies mon-
tados pela quadrilha, materias-prirnas
de boa parte de suas "reportagens".
"Porque osgrandes furos doPolicarpo
fomos nos que demos, rapaz. Todos fo-
mos nos que demos", vangloria-se 0 con-
traventor. Mais adiante, insiste: "Con-
ta quantos foram. Limpando esse Brasil,
rapaz, fazendo um bem do c..., essa cor-rupcao ai, C.') E tudo via Policarpo".
Veja baseia sua defesa no fato de Ca-
choeira ter afirrnado, em um dos trechos
da conversa, que Policarpo Jr., apesar de
beneficiario da arapongagem do grupo,
nao seria "urn" deles. De qualquer manei-
ra, fica patente a promiscuidade da publi-
cacao com metodos ilegais de apuracao
de denuncias, que, pela propria nature-
za das formas deobtencao, e em principio
seletiva e parcial. Alem disso, nao e possi-
vel aferir a inocencia da revista enquantonao aparecerem as integras dos dialogos
com e sobre 0diretor da sucursal,
Possfvel, neste momento, e elencar a
incrfvel coincidencia entre os mais re-
centes escandalos da Republica divul-
gados nas paginas de Veja e a atuacao
da quadrilha. Martins, como ja se dis-
se, filmou 0 "petequeiro" Marinho e
entregou 0 conteudo a Policarpo Jr. acasu deu estopim ao que vida a ser 0 es-
candalo chamado de "mensalao".
Outre araponga de Brasilia, Idalber-
to Matias de Araujo, vulgo Dada, este-
ve no centro das denuncias do suposto
dossie anti-Serra em producao pelo co-
mite eJeitoral de Dilrna em 2010. Nova-
mente,o ass unto veio a baila por meio de
Veja. a dossie, esta provado, nada mais
era que 0 livro A Privataria Tucana, do
jornalista Amaury Ribeiro Jr., com pro-
vas da corrupcao que vicejou em t01'110
de Serra desde as privatizacoes. a livro
de Amaury, publicado no ano pass ado,
foi um sucesso e figurou na lista de mais
vendidos por semanas a fio.
Hi quem atribua ao grupo de Cacho-
eira a obtencao das gravacoes do circui-
to interno do Hotel Naoum, em Brasilia,
usadas por (adivinhe!) Veja em uma re-
portagem sobre 0 ex-ministro Jose Dir-
ceu. No texto, a revista mostra a circula-
~iio de ministros e politicos pelo quarto
do ex-ministro, Seria a prova de sua in-
Iluencia nos bastidores do poder. a ca-
so rendeu a epoca um inquerito policial,
pois Dirceu acusou um reporter da pu-blicacao de tentar invadir seu quarto no
hotel. 0 inquerito acabou arquivado .•
24 WWWCARTACAPITAL.r:OM RR
C o r o n e l i s m o
fo ra de modaATAQUE A L lBERDADE ! A ultima edicao de
CartaCapital some das bancas de GoianiapaR GABRIEL BONIS
URVA MANHA de domin-
go em Goiania, capital de
Goias, 1,3milhao de ha-
bitantes. Uma chusma de
misteriosas figuras per-
corre as ruas na direcao
debancas espalhadas pela
cidade com 0 proposito de adquirir todo
o reparte da edicao 691de CartaCapital,
que publica uma reportagem sobre as
facanhas do bicheiro Carlinhos Cacho-eira e suas relacoes comprometedoras
com 0governador Marconi Perillo.
a vendedor da revistaria Alman
que do Shopping Flamboyant respo
de a mais urn cliente pelo telefone: "N
tem, a CartaCapital esta esgotada
dias". Uma cena que se tornou comu
11acidade com a chegada, e 0 repentin
sumico, da revista no domingo l~.D
de entao, CartaCapital recebe inurner
mensagens em seu website e via red
sociais a denunciar a compra de lotes
teiros da edicao por apenas urn clienA intencao evidente foi impedir 0 ac
so dos leitores a reportagem de capa.
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o boaro da operacao conduzida pe-
los misteriosos compradores gerou au-
tomaticamente urn grande interesse
pela revista e houve massiva afluen-cia as bancas, "Urn senhor nos aCl1SOU
de ter vendido as exernplares para uma
mesma pessoa, Precisarnos ate chamar
a seguranca para controlar a situacao
ca6tica", conta Marcelo Pereira da Sil-
va, de 28 anos, gerente da Almanaque,
enquanto mostra 0 comprovante de
venda de uma unidade par cliente,
N o p erc urs o p elas bancas, na terca-
feira 3, nao encontramos a edicao 691-
Em metade houve registro de vendaau tentativa de compra do lote inteiro
da revista por apenas urn cliente. Em
todos os casos, a acao ocorreu poucos
minutos apos as lojas abrirem, por vol-
ta das 8 da manha de domingo.
Vendedores relataram liga<;oes
de interessados, que nao se identifi-
caram, em reservar um grande nu-
mero de exemplares para cornpras
individuals. Foi 0 caso da loja cornan-
dada por Marcelo, que afirma ter reee-
bido duas ligacces de uma mulher in-teressada na eompra de 200 unidades
da revista, "Ela nos contatou na sexta-
feira 30 e no sabado 31 (antes da edi-
~ao chegar a s bancas em Goidnia), mas
recusamos devido ao compromisso
com nossos clientes."No Flamboyant, outra revistaria
tambern foi contatada por uma mu-
Iher com pedido identico, Marco An-
t6nio Chamellet, de 44 anos, proprie-
tario da Revistamania, declara que sua
loja reeebeu tres ligacoes de uma mes-
rna pessoa entre quinta-feira 29 e saba-
do. "Percebe-se que a pessoa nao que-
ria que a revista fosse vendida, Ela me
pediu para nao vender 0estoque e disse
que me deixaria seu telefone para pegar
o lote", conta Chamellet, que, no entan-to, nao tern 0numero da "cliente".
o comereiante diz 1110 ter aceitado
reservar a edicao, esgotada em poueos
minutos no domingo. "Antes de abrir a
loja ja tinha gente olhando par debai-
xo da porta e brigando para conseguir
cornprar a revista", lembra Anderson
Mattos, funcionarro da loja.
Enquanto relata 0 grande interesse
dos clientes pela edicao, Chamellet se-
gura um bloco de fotoc6pias da revis-
ta sobre0
balcao, Com todos os exern-plares vendidos, 0 estabelecimento re-
correu a fotocopia da reportagem de •
Boato d e operacaopa ra re co lh e r
a re v is ta te rm in ouem con fus io em umshop p in g da c id ad e
per ip lo . Chamellet (dir.) fez
c6pias da reportagem. Silva relata
ter recebido pedidos de reserva
CARTACAPITAL III DE ABRIL DE 2012
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Seu P ais A taq u e a Uberdade
• capa para "viabilizar a materia a s pes-
soas", justifica 0 comerciante, que diz
ter cobrado 5 reais cada uma das cerca
de cern copias feitas desde domingo. "A
procura esta grande."
Em outra parte da cidade, na Praca
Tamandare, 'Wolber Felix, de 36 anos,
dono da banca Capital Revista, comen-
ta, sem tirar os olhos dos lances de umapartida do futebol europeu transmiti-
da em uma pequena televisao, tambern
ter sido procurado por telefone para
reservar 200 c6pias da revista. Desta
vez, urn homern ligou na movimentada
manha de domingo no estabelecimen-
to e fez 0 pedido, "Disse que ja estava
esgotada e nao tinha como conseguir
mais exemplares."
Ha registros tambem de lotes com-
prados inteiros por um unico cliente di-
retamente nas lojas. Em um desses 10 -cais, uma fonte, que pediu para nao ser
identificada, relata que ao abrir sua ban-
ca no domingo um homem the pergun-
tou quantos exernplares de CartaCapital
haviam chegado, "Ainda nao tinha aber-
to as entregas e nao sabia." 0 hornem,
lembra a fonte, comecou enrao a rasgar
os pacotes itprocura da publicacao e afir-
mou querer comprar todo 0 estoque da
revista. "Disse que cinco clientes tinham
reservado a edicao no sabado, mas ele le-
vou 0 restante. Depois me perguntou seaquele era mesmo 0{mica lote da banca."
Antes de deixar 0 local, 0 diente ainda
fez uma piada. "Ele disse que a revista ia
valer ouro e que se eu quisesse vender no
mercado negro poderia ganhar dinheiro,
mas fingi que nao entendi."
Um a sltuacao semelhante ocorreu em
outro shopping da cidade. Uma pessoa
cornprou todo 0 estoque da revista no
domingo. Uma fonte, que tambern pe-
diu anonimato, disse ter escutado umaparte da ligacao recebida pelo cliente
dentro da loja, "Ele dizia que 0avo dele
era amigo do Demostenes (Torres), por
isso precisava comprar a revista."
A tatica, no entanto, nao teve suces-
so na Banca Leia, localizada no interior
de um supermercado no Jardim Goias,
A vendedora Nara Rubia Amorim con-
ta que impediu um cliente de levar to-
das as revistas da loja. "Ele entrou e
ja pegou todas as revistas da pratelei-
ra e colocou no caixa, mas disse que 56vendemos uma por cliente. Ele devol-
veu 0 restante." Os exemplares, relata,
forarn vendidos rapidamente.
26 WWW.CARTACAP I TA L .COM.BR
No d om in g o,foi c omum c lie n te sque le va ram todoo lo te d ispon iv e l.o f ilh o de J os eLuiz D a te n a, don ode um a radio
em Goian ia, p e dium i l e x emp la re s
Arca ico . 'Y', a~aomostra lim
clima politico antidemocratico",
diz a sociologo Silvio Costa
' . _ .
Houve uma tentativa de eompra de
um lote ainda maior diretamente na
distribuidorn. A Radio 730, de pro-
priedade de Joel Luiz Datena, filho de
Jose Luiz Datena, apresentador de um
program a de televisao policialesco naRede Bandeirantes, premiado por um
salario milionario, A radio pretendia
adquirir mil exemplares.
o veiculo confirma que, apesar de
sondagem ter sido realizada pela con
de e-mail corporativo de Carlos Buen
Moraes, diretor-presidente da radi
o interesse na edicao seria exclusiva
mente do funcionario,
Moraes diz ter entrado em contat
com a distribuidora ap6s receber i
formacao de que a revista eorria0
rico de ser comprada antes de chegar
bancas. "Minh a intencao foi descobr
de que forma isso poderia acontecer
mas nao quis realizar a compra."
Em m e io it tatlca de compra de lot
inteiros denunciada por leitores
Carta Capital nas redes sociais, Silv
Costa, cientista social e professor
PUC de Goiania, defende que esse
po de medida, embora sem a compro
vacao de ser conjunta e organizada,um "fenomeno absurdo",
"Isso aconteeeu em outros esta
dos?", questiona. E completa: "Oco
reu em Goias, e isso e demonstrativo
do clima politico antidemocratico q
se tenta implementar nesta regiao,
o uso do poder econ6mico para imp
dir 0 aces so a inforrnacao, um direi
constitucional do cidadao".
Pedro Celio Alves Borges, douto
em Soeiologia e professor da Unive
sidade Federal de Goias, defende queatitude e "completamente in6cua". S
gundo 0 analista, ha uma predilecao
popular pelo "proibido" e, neste cas
a capa da revista ja era conhecida p
meio do site da publicacao, "A corn
nicacao dos textos e tarnbem das im
gens nao se da mais principalmente
pelos exemplares nas bane as, mas p
la internet. E um terr itorio livre co
diferentes redes, listas e circuitos
comunicacao informal. Isso tem mu
to mais efetividade."Costa tambem destaca a forca da
ternet como meio de manifestacao p
pular e fonte de denuncias, mas ale
ta: "Esses instrumentos nao agem s
zinhos, e preciso individuos a fim
prop agar as inforrnacoes".
"0 meio tecno16gico da informa
yaO e cada vez mais predominante
hegem6nico, e as novas democracia
se abastecem tambern nos ambiente
virtuais", aponta Borges.
Consta que, em ocasi6es nao tdistantes, lotes de CartaCapital tam
bern desapareceram misteriosamente
em outras cidades do Brasil. _