CENIRA CARVALHO COSTA
PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
BUROCRACIA OU MEDIAÇÃO?
Monografia de Conclusão do Curso Psicopedagogia
Orientador Mestre cereja
Rio de Janeiro 2002
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu Pai , que apesar de não estar ao meu lado,
fisicamente, me auxiliou na caminhada da Pós graduação.
Com certeza, no lugar onde ele estiver, muito orgulhoso estará de me ver
concluindo o meu Curso .
Obrigada, meu Papai amado pelo seu carinho, afeto e dedicação prestados a
mim durante toda sua vida terrena.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente, quero agradecer a Deus por ter me dado o dom da vida, o
dom de amá-lo intensamente.
Agradeço ao meu querido marido , por ter-me apoiado durante toda a
construção deste trabalhado, sendo ele muito generoso, compreensível e amável.
Agradeço aos meus filhos por muitas vezes serem privados da minha
companhia.
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PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
BUROCRACIA OU MEDIAÇÃO?
Monografia de Conclusão do Curso Psicopedagogia .
Rio de Janeiro
2002
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III RESUMO
A presente pesquisa resultou da inquietação vivida no cotidiano escolar, frente
às exigências do administrador, para que os docentes elaborarem o planejamento
didático pedagógico de suas turmas. A inquietação surgiu da representação que os
professores da escola ainda constroem sobre o ato de planejar. Para alguns deles,
trata-se de mais uma exigência a ser cumprida, e que o destino será a gaveta do
professor e do diretor. Entendem que, para a escola, significa um documento
certificatório, fechando-se assim, o ciclo da burocracia escolar. Buscamos, então
encontrar respostas para o seguinte problema: até que ponto o planejamento didático
pedagógico se constitui em mediador da prática educativa do professor de educação
infantil na faixa de 3 a 6 anos de idade, portanto da pré-escola? Diante desta questão
traçamos o objetivo geral, visando compreender as funções do planejamento didático
pedagógico na pré-escola, bem como objetivos específicos, que nos delimitaram o
caminho, delineando a nossa investigação, sempre procurando articular o que os
teóricos apontam sobre a prática do planejamento pedagógico com a faixa etária,
foco desse estudo. Com base nesses objetivos específicos foi possível conceituar o
que é planejamento; caracterizar o seu processo de construção; apresentar as
características mais marcantes da faixa etária estudada (3 a 6 anos), articulando
prática e teoria e, ainda, apresentar uma proposta de planejamento didático-
pedagógico. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com respaldo nas idéias de
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Gandin (1991), Morin (2000), Luckesi(1990), Hernández(1998) entre os outros
teóricos. Os resultados obtidos dessas leituras, permitem-nos afirmar que o
planejamento didático-pedagógico é um instrumento de natureza relevante no
trabalho docente, visto que , tem uma função mediadora quando contém em seu
delineamento a proposta filosófica, epistemológica, cultural, pedagógica e sócio-
construtivista e quando se estrutura em uma base participativa, comunicacional de
propósitos de ação integrada.
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V SUMÁRIO RESUMO....................................................................................................................IV CAPÍTULO I – Introdução...........................................................................................7 1.1 – Apresentação do tema.......................................................................................7 1.2 - Formulação da situação –problema...................................................................7 1.3 - Objetivo do estudo.............................................................................................7 1.4 - Justificativa........................................................................................................7 1.5 - Referencial teórico.............................................................................................8 1.6 - Questões de estudo...........................................................................................8 1.7 -Procedimentos metodológicos............................................................................8 1.8 - Organização do estudo......................................................................................6 CAPÍTULO 2 - O planejamento didático-pedagógico e sua importância no projeto político do professor 2.1 – Um enfoque filosófico ........................................................................................10 2.2 – Conceituação do planejamento –didático..........................................................12 2.3 – Projeto político pedagógico do professor...........................................................15 CAPÍTULO 3 Construção do planejamento didático-pedagógico e a participação dos atores envolvidos 3.1 - O que é participar..............................................................................................23 3.2 - O processo de construção do planejamento didático-pedagógico do professor da educação infantil....................................................................................................25 CAPÍTULO 4 - Características da criança da pré-escola e a construção do planejamentodidático-pedagógicarticulação teórica/prática.......................................34 4.2 – Relevância do projeto pedagógico nos Referenciais Curriculares Nacionais....................................................................................................................39 CAPÍTULO 5 – Proposta de planejamento do ato pedagógico para turmas de educação infantil.........................................................................................................45 CAPÍTULO 6 -Considerações finais............................................................................48 7 - Referências...........................................................................................................50
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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
Passam-se gerações e o questionamento permanece: Por que planejar?
Para que e para quem planejar? Muitos professores já estão descrentes sobre
este ato, pois planejam e nenhuma mudança ocorre com esta atitude. É bem
provável que os profissionais, que tenham dúvidas sobre a construção desse
instrumento não saibam, claramente, quais são os seus objetivos e a importância
que ele assume no processo pedagógico.
Os professores resistem ao ato de planejar por que são exigidos deles
planejamentos sofisticados? Isto contraria toda questão teórico-prática. O
planejamento deve ser objetivo, simples e funcional, como nos ensina Gandin
(1991).
O planejamento didático-pedagógico do professor é um recurso de
trabalho para alunos e professores e deve atender aos objetivos do ato de educar.
Para darmos direção as nossas vidas, devemos nos organizar e planejar.
Assim, também, deve acontecer com todos aqueles que são responsáveis pela
educação infantil.
A escola tem a função de organizar e sistematizar ações que favoreçam
o desenvolvimento e aprendizagem de seus alunos.
É dever da escola, e dos professores, portanto planejar a ação
educativa.
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Neste estudo investigamos até que ponto o planejamento didático
pedagógico se constitui em mediador da pratica educativa do professor de Educação
Infantil na faixa de 3 a 6 anos, portanto da pré-escola.
Partimos então, da compreensão das funções do planejamento
didático-pedagógico do professor numa pré-escola, articulando-o com a visão
político-pedagógica do professor. Apresentamos a conceituação do que é o
planejamento didático-pedagógico e sua importância na prática do professor. Em
seguida, apontamos as características de um professor voltado para uma ação
político-pedagógica na Educação Infantil e identificamos a função que ele
desempenha no processo ensino-aprendizagem. Finalizamos com uma proposta de
construção de planejamento didático-participativo, fazendo convergências com o que
explicita a Lei 9394/96 e os Referencial Curricular para Educação Infantil, acerca das
características da faixa etária estudada. Os resultados nos levam a afirmar que o
planejamento didático-pedagógico não é mero ato burocrático, mas é de extrema
importância para o educador na mediação educando/conteúdo/aprendizagem e que
a ação educativa deve ser planejada de forma coerente e participativa.
O estudo tem como delineamento a pesquisa bibliográfica, sendo privilegiados
autores que se debruçaram sobre este tema, tais como Menegolla, Sant”Anna
(1996), Gandin (1991), Gómez e Hernández (1998), Libâneo (1990), Morin (2000 a e
b), Luckesi (1990) e Amorim (1990).
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Fizemos o uso de outros tantos autores que permitiram o desvelamento dos
benefícios do ato de planejar, suas vantagens e fases determinantes.
Além disso, buscamos na Lei de Diretrizes da Educação Nacional 9394/96 e
nos Referenciais Curriculares para Educação Infantil respaldo teórico, paradigmático
e legal que permitem sustentar uma prática educativa, voltada para a assenção de
todos na consecução do planejamento, e que influirá na construção de cabeças bem
feitas. (Morin,2000b).
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CAPÍTULO 2 – O PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO EA VISÃO
POLÍTICO PEDAGÓGICA DO PROFESSOR
2.1. UM ENFOQUE FILOSÓFICO
O ato de filosofar se sustenta na perplexidade. O homem, quando se defronta
com a realidade e não consegue compreendê-la, questiona, hipotetiza, a partir de
suas reflexões para aprendê-la. A filosofia, portanto presta uma contribuição para o
educador no sentido de melhor compreender os fins da educação.
A educação é um fenômeno extremamente complexo e, para a melhor
compreensão das finalidades pedagógicas, a reflexão filosófica faz-se presente, para
entender de forma mais clara os eixos que articulam as visões de homem e de
mundo. Para que mundo estamos educando?
A atividade educativa deve ser um ato reflexivo e como tal se constitui no
substrato reflexivo e crítico da atividade educacional, na explicitação dos seus
fundamentos, no esclarecimento da tarefa e na avaliação do significado das soluções
escolhidas. A filosofia nos permite, portanto, refletir sobre o processo educativo tal
como é vivido, pois, só assim, nos é possível enfrentar as suas questões
fundamentais.
Podemos verificar que o pensamento tem como tarefa o questionamento.
Questionamos sobre algo que não sabemos, sobre algo desconhecido. Vamos em
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busca de um novo saber através do questionamento. Através do questionamento e
da reflexão, o ato de Filosofar encaminha-nos para a coerência da organização e
seleção dos conteúdos, para o porquê da escolha dos objetivos e meios a serem
utilizados pelo educador.
A filosofia substantiva a intenção pedagógica, assim como a ação pedagógica
apresenta um cunho filosófico. Desta forma, podemos utilizar de uma das
abordagens da Educação, a Filosofia da Educação.
Através do ato de filosofar sobre o existir do homem, da sociedade e do
mundo passamos a imprimir nossa ação orientada na prática pedagógica, para
tornar o aluno cidadão do mundo, cidadão da práxis e não um mero repetidor,
reprodutor, como tanto marcou o alerta de Bourdier e Passeron ( 1970).
A partir do refletir sobre sua existência é que o educador questiona-se sobre
sua função no processo de construção do conhecimento do aluno e,
conseqüentemente, sua contribuição na sociedade. Estas reflexões não podem estar
distanciadas do ato de planejar, de implementar e de avaliar a ação pedagógica
considerada como resultado das contribuições das diferentes áreas do
conhecimento, com a cultura e as necessidades dos alunos.
Segundo Severiano (1990) “A educação é fundamentalmente de natureza
prática, uma totalidade de ação, não se deixando reduzir e decompor como se fosse
um simples objeto” (p.23). Assim, a interdisciplinaridade perpassa a prática
pedagógica como um requisito fundamental, quando realiza a coerência qualitativa,
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articulatória e transgressora entre as várias disciplinas, constituindo-se numa práxis –
ação/reflexão/ação. Nessa perspectiva a reflexão filosófica está presente na
educação, porque “enquanto ação social, atravessada pela análise científica e pela
reflexão filosófica, a educação se torna uma práxis...” ( Severiano, 1990, p.23).
Não existe educador que não tenha em si uma orientação filosófica,
imprimindo a prática. Educação e Filosofia caminham juntas, com a intenção de
conduzir um processo de vida, de construir o conhecimento e reformular o
pensamento.
O educador ao utilizar-se da Filosofia, torna sua prática educativa um eterno
questionar.
“Assim sendo, a filosofia e o exercício do filosofar têm conseqüências diretas e imediatas para nossa prática educativa, na medida em que atuam buscando e produzindo fundamentos que dêem direção ao nosso agir. Aliás como em tudo o mais na vida humana, também a prática educativa não se age sem filosofar”. ( Luckesi, 1990, p.43)
À partir da reflexão filosófica o educador terá a oportunidade de escolher o
melhor caminho a ser traçado dentro do processo educativo, para a elaboração de
seu projeto pedagógico
2.2 CONCEITUAÇÃO DO PLANEJAMENTO DIDÁTICO “Entende-se por planejamento um processo de previsão de necessidades e racionalização do emprego dos meios
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materiais e dos recursos humanos disponíveis a fim de alcançar objetivos concretos, em prazos determinados e em etapas definidas, à partir do conhecimento e avaliação científica da situação original ”. ( Martinez e Oliveira, 1997 citados por Menegolla e SantÄnna 1996)
Toda atividade requer um planejamento, ainda que ao sujeito não assuma as
características de um planejamento formal. É o empirismo da vida que faz que ao
planejar o indivíduo evite desperdício de tempo, de energia e de trabalho.
Planejar o ensino, segundo Marcozzi, Dornelles e Rêgo, “é anteceder
os fins que se quer alcançar e os recursos a serem utilizados”. (1976,p.41)
O planejamento didático nos possibilita o atendimento às necessidades e
interesses dos alunos. Permite-nos ter unidade e continuidade no trabalho. Favorece
a não improvisação e o aumento da produtividade em sala de aula. Além disso,
permite realizar a previsão e conseqüente seleção de instrumentos de ensino,
oportunizando melhor dinamização da proposta de trabalho do professor. De acordo
com Marcozzi, Dornelles e Rêgo (1976): “o planejamento conduz o professor a um
ensino mais eficaz”(p.41)
Se a prática do professor for construída apoiada no seu planejamento, isto
favorecerá a aplicação de métodos, princípios e técnicas científicas, ligadas à
realidade de seus alunos, com a intenção de favorecer a avaliação da situação atual
do aluno/turma, servindo de diagnóstico, para prever as futuras mudanças e
interferindo no alcance de certos objetivos em prazos pré-determinados com pessoal
e materiais disponíveis.
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Enquanto Marcozzi, Dornelles e Rêgo (1976) nos dizem que “planejar é
prever os objetivos que se quer alcançar juntamente com os materiais a serem
utilizados” (p.41), Menegolla e Sant”Anna (1996) afirmam que “planejar é refletir
sobre o que existe, o que se quer atingir, através de que maneira se pretende agir e
como avaliar o que se quer alcançar”. (p.21) . Isto significa dizer que, quando
tratamos a questão de planejamento entendemos que ele é um instrumento de
trabalho, que reflete o que queremos atingir com os alunos, a forma a ser utilizada,
os materiais necessários e a avaliação que será feita. Prevê ainda os procedimentos
a serem adotados, para verificar se os objetivos foram atingidos e ainda, se houve
realmente aprendizagem.
Existem várias modalidades de planejamento, porém o foco deste estudo
encontra-se nas questões relacionadas ao ato de planejar o ensino , e as vantagens
que esta atividade poderá trazer para a dinâmica do processo ensino-aprendizagem.
O planejamento didático é um instrumento que dirige todo o processo
educacional, pois tem condições de indicar as maiores urgências, de delinear as
necessidades, de apontar os recursos e os meios para a execução das metas do
professor.
Ensinante e aprendente se beneficiam com o planejamento didático, por ser
um meio de encaminhar o processo do ensinar e aprender. Entendido assim, este
planejamento está sempre em processo, isto é, “em evolução e realimentação, pois é
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flexível, já que ensinante e aprendente são seres humanos, que estão sempre em
transformação (...) como uma construção contínua”. (Waschauer,1993,p.68)
O planejamento didático implica tomada de decisões. Estas são resultado da
influência da nossa forma de conceber o homem e sua interação com o mundo.
Assim, Menegolla e San”Anna (1996) e, também, Nicolau (1985), afirmam
que o planejamento deve ter objetivos, seguir determinados procedimentos, utilizar
instrumentos e apresentar critérios de avaliação. Nicolau, no entanto, acrescenta que
toda esta caracterização deve levar em consideração os valores morais, éticos,
estéticos etc., e o que nos propomos desenvolver enquanto educadores. “O
planejamento é um instrumento, nunca um fim em si mesmo”. (Nicolau,1985,p.49).
Trata-se então, de uma tarefa docente que contém, tanto as previsões das
propostas didáticas, em termos de organização e integração dos conteúdos, como de
apontamentos dos objetivos propostos, sua avaliação e reajustamento, durante o
processo de ensino.
Segundo Libâneo (1999) ´o planejamento é um meio para se programar as
ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão, intimamente
ligado à avaliação “. ( p.221 ) Ele tem como base a relação interpessoal, a
organização do coletivo e a construção do conhecimento.
O planejamento didático, portanto, é um meio de trabalho para o professor,
quando é estruturado para ações que visam promover melhorias no processo
educacional, através de técnicas, instrumentos e métodos de acordo com a realidade
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dos alunos. Ele não deve ser um mero instrumento formalizador da burocracia da
instituição, nem tão pouco um ditador de regras, mas algo altamente democrático,
em que todos os envolvidos devam ter participação ativa. Desta forma, torna-se um
planejamento didático participativo.
2.3. A VISÃO POLÍTICO- PEDAGÓGICO DO PROFESSOR
A sociedade em que vivemos atualmente, é conhecida como a Sociedade
Pós-Moderna, sendo o conhecimento o maior empreendimento. Essa idéia é
defendida por Morin (2000 a) quando afirma que, ensinar os jovens a enfrentar as
incertezas do mundo é um dos principais desafios do educador da atualidade.
A complexidade do viver do homem, está cada vez mais exigindo-lhe um
posicionamento criativo e as escolas devem se tornar locais “de produção do
conhecimento crítico e da ação sócio-política”( Mc Laren, 1998,p.29).
Cabe à escola preparar e prover os estudantes de habilidades que o permitam
participar de situações e práticas que propiciem condições de analisar, refletir e
enfrentar os desafios sobre seu cotidiano e das estruturas sócio-políticas-
econômicas existentes ( Tenório, 2000). Essa estrutura irá exigir dele uma
renovação contínua de seus conhecimentos. O conhecimento, contudo, não deve ser
algo único a uma pessoa. Ele deve ser compartilhado para se ampliar e transformar,
através de uma ação comunicativa, como assinala Herbermas quando nos diz que
na ação comunicativa , “os participantes buscam alcançar um entendimento sobre
uma situação; sobre seus planos de ação para coordená-los através de um acordo
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que é obtido através de definições das situações que admitem consenso” ( Aragão,
1992, p.52).
O professor, como mediador do conhecimento, isto é, alguém que irá
compartilhar e construir conhecimento com seus alunos, deve optar por trabalhar,
baseado em um projeto participativo, sendo não somente o iniciador, mas o
articulador do projeto, num agir comunicativo, onde a linguagem esteja voltada para
o entendimento, que favoreça aos atores participantes do projeto, definirem e
exporem suas idéias e planos, compartilhadamente num consenso, em busca de
uma ação, que transmita um ambiente de troca e liberdade.
O educador é o mediador da mudança. Cabe-lhe estar em sintonia com o
presente e o passado de seu aluno e de seu grupo/turma, suas expectativas e
história, para poder desencadear a mudança. Essa mudança não poderá ser
traumática e para processá-la terá que ter um olhar e uma escuta sobre a realidade
que trabalha.
No dizer de Gayotto (1996) “o homem é produzido no social, mas ao mesmo
tempo é o produtor do social”(p.65). Sendo assim , ao discutirem, convivendo em
grupo os alunos e o professor, irão internalizando formas de pensar e até de sentir
dos membros da turma, proporcionando a riqueza da tarefa e os modos de participar
no projeto da turma.
O que vem a ser um projeto político pedagógico?
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“Não se trata de um rol de intenções, planos e propostas. É algo mais. É um
projeto político; temos compromisso com a formação do cidadão para um tipo de
sociedade”. (Veiga,1995, p.11) É a superação da desigualdade no interior da sala de
aula.
De acordo com Saviani (1983), toda ação política, contém uma ação educativa
, portanto, em qualquer ação do professor há “um quê “de ação política.
Em vista dessa ação educativa-política, o professor necessita trabalhar com
os conhecimentos que os alunos trazem. Para que a ação-política se torne
democrática, sendo necessária a participação ativa dos alunos. Para que esta forma
de trabalho aconteça, o professor tem como apoio o projeto político pedagógico da
escola , e dele retira as diretrizes para a construção do planejamento didático-
pedagógico participativo. A participação em si só, já nos remete a algo democrático,
que envolve, automaticamente, a política , a qual está intimamente ligada à
educação.
Inicialmente, para trabalharmos com o planejamento didático-pedagógico
participativo, é necessário saber qual direção queremos dar ao processo educativo,
ou seja, qual a formação que queremos promover nos nossos alunos.
Ao utilizarmos um planejamento didático-pedagógico participativo, é preciso
que atuemos em uma escola democrática, escola esta, que oportuniza a todos os
indivíduos a construção do conhecimento e o desenvolvimento de suas
potencialidades intelectuais. Esta afirmação nos faz lembrar Morin (2000 b), quando
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se refere ao princípio da inclusão. Diz ele que este principio é fundamental, pois
“supõe, para os humanos a possibilidade de comunicação entre os sujeitos de uma
mesma espécie, de uma mesma cultura, de uma mesma sociedade”. (p.122) É o
movimento que a comunicação realiza de inscrever um ”nós” em nosso “eu”.
Desta forma, formaremos indivíduos com uma visão ampla de mundo, capaz
de compreenderem as diferentes realidades, com uma formação política que permita
o exercício ativo da cidadania e o discernimento para optar pelo melhor caminho de
transformação. É de Durkhein a célebre afirmação:
”O objetivo da educação não é o de transmitir conhecimentos sempre numerosos ao aluno, mas o de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas na infância, mas por toda a vida “. ( Morin,2000 a, p.47)
Na educação o nosso desejo é transformar conhecimento em saber, saber
que ajude ao ser orientar-se e definir-se na vida, um saber para enfrentar o desafio
da mudança. “O planejamento é para a mudança, para a transformação”.
(Gandin,1991,p.15) Para que um planejamento tenha como meta a transformação é
necessário que todas as pessoas envolvidas no processo de elaboração participem
de todos os momentos de sua formação, para desta forma, se tornar um
planejamento didático-pedagógico participativo.
Para construirmos um planejamento participativo é necessário que tenhamos
em mente o que queremos alcançar; a que distância estamos daquilo que queremos
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alcançar; o que faremos concretamente ( em tal prazo ) para diminuir esta distância.
Estas etapas que são denominadas por Gandin (1991) como sendo : a) Marco
Referencial ( Marco Situacional, Marco Doutrinal, Marco Operativo ) – se constituem
o ideal que queremos alcançar; b) Diagnóstico – configurando-se constitui como
sendo a comparação entre o que queremos alcançar e a realidade em que vivemos;
c) Programação – que se refere à proposta de ação, o que faremos concretamente
para alcançarmos o ideal.
Durante todas as etapas do planejamento é de fundamental importância que
todos os envolvidos no processo ( pais, alunos, comunidade, professores, pessoal de
apoio etc ) participem ativamente, para que se torne efetivamente um planejamento
participativo. “Um processo de planejamento exige, quando se pretende o bem de
todos, que a participação aconteça em cada momento, em cada ação”. ( 1991,p.98 ).
Para Gandin “no planejamento é fundamental a idéia de transformação da realidade”.
( Gandin,1991, p.98 )
Uma instituição se modifica com a intenção de modificar a realidade global.
Assim, deve acontecer o planejamento didático-pedagógico, como sendo uma tarefa
política e de todos os envolvidos, para que a missão de educar seja compartilhada,
para “preparar as mentes para enfrentar as incertezas que não param de aumentar
(...), educar para a compreensão humana entre os próximos e os distantes”. ( Morin,
2000 a, p. 102). Somente com a ajuda das idéias de cada um, se tornará possível
esse desafio.
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O professor ao optar por trabalhar com um planejamento didático-pedagógico
participativo, deve ter em mente que estará se propondo a desenvolver uma
educação democrática. À partir disso, seu planejamento se aproxima da educação
democrática, por ter as mesmas idéias de grupo, de participação, de construção em
conjunto, de transformação da realidade. Trata-se de “um processo em constante
movimento que envolve as relações das pessoas no esforço de atingir objetivos
comuns de transformação (...)”. ( Gayotto,1996,p.61 )
O professor como mediador da educação deve oportunizar, dentro do seu
campo de atuação, que é a escola, a implementação de seu planejamento ao do
projeto político pedagógico da escola.
Na perspectiva de agente ativo , o papel do professor é o de provocar conflitos
cognitivos no aluno, impulsionando-o a criação de novos conhecimentos. Exige do
educador ter claros os fins da educação, que sustentam toda a prática educativa,
voltados para a aprendizagem do viver, da cultura cidadã, do nascimento de uma
democracia cognitiva, como nos alerta Morin ( 2000 b ).
A democracia cognitiva está comprometida com a busca de uma atitude
problematizadora da reforma do pensamento, visando “formar cidadãos capazes de
enfrentar os problemas de sua época (...). O desenvolvimento de uma democracia
cognitiva só é possível com a reorganização do saber” ( Morin, 2000 b, p.104).
O pensamento, empírico, fragmentário, deixa de existir no planejamento
didático-pedagógico e encontra pontos significativos, para ligar o que está isolado
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nas concepções da natureza, da realidade e dos homens no mundo, num todo que
se articula e se completa. Daí o planejamento ser interdisciplinar.
O projeto político pedagógico, estando em articulação com o planejamento do
professor, é construído e reconstruído na escola nesta ótica de ação-reflexão-ação;
de prática-teoria-prática; de síntese-análise-síntese,
em espaço que cultiva ambiente favorável à valorização da globalidade humana,
como razão, emoção,, afeto, envolvendo responsável e compartilhadamente os
sujeitos para interagir em parceria.
Enfim, um planejamento didático-pedagógico participativo, deve ser
formulado com base em um planejamento pedagógico participativo, sendo a
participação e a ação política-educativa as peças chaves. Desta forma, o professor,
mediado por este instrumento de trabalho, oportunizará seus alunos a se tornarem
seres humanos com consciência política para enfrentar os desafios do mundo, na era
planetária e a pensar criticamente, fazendo uso pleno de suas aptidões mentais nas
interações homem/mundo que estabelecem no seu viver.
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CAPÍTULO 3 – O PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO E A
PARTICIPAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS
3.1– O QUE É PARTICIPAR
Um indivíduo faz parte de uma organização quando tem o sentimento de
pertencer a ela . Ao fazer parte de uma organização, ele pode ter a oportunidade de
participar e interagir entre pares.
A participação apresenta duas bases que se complementam: a base afetiva e
a base técnica.
A base afetiva acontece pela satisfação em realizar as atividades com outras
pessoas; e a base técnica, porque, participando com as pessoas, os resultados
serão mais eficazes e eficientes do que quando realizadas de forma isolada.
A participação favorece à: a) resolução de problemas difíceis de serem
solucionados individualmente; b) oportuniza o comprometimento com as soluções a
serem utilizadas, visto que, todos optaram por elas; c) o processo de decisão se
fortalece e minimiza o poder centralizado; d) organizam-se as lideranças e e) gera
realização pessoal e profissional.
Para tomarmos uma decisão é necessário que haja uma concordância geral.
Mesmo que um dos envolvidos não julgue ser a melhor decisão, tem em mente que é
a melhor opção para o grupo.
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Fazendo uso da participação, a busca do consenso é o melhor caminho para
resolvermos os problemas. Nas trocas entre os elementos que compõem o grupo há
possibilidades de acionar as experiências de cada um e na multiciplidade de
saberes, todos participam, todos aprendem.
Segundo Bleger ( 1989 ) quando todos estão envolvidos na tarefa há a
comunicação, que é alimentada pelos objetivos a serem alcançados, há pertinência
,nas contribuições de cada um e portanto há aprendizagem que favorece a mudança.
É a autêntica “ensinagem”( Bleger, 1989, p.59 ), onde não somente os integrantes do
grupo transmitem informações como também “incorporam e manipulam os
instrumentos de indagação”. ( p.58 )
Utilizando-se do consenso dentro da participação o grupo cria novas
soluções; todos têm a oportunidade de expor suas idéias; as pessoas trocam
sugestões, ouvem o ponto-de-vista do outro, trabalham em parceria, além de
desenvolverem o espírito de equipe.
Para que o grupo apresente um bom desempenho é preciso que aproveitemos
as contribuições de cada um, pois, é um estímulo para o querer e o assumir
determinada ação. As pessoas valorizam mais quando elas contribuem para
construir.
Quando o grupo está envolvido, há um comprometimento com os resultados e
cumprimento efetivo das decisões.
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A participação é, portanto, a atuação ativa de cada participante de um grupo
de uma organização, na qual discutem sobre as decisões que devem ser tomadas e
conseguem chegar a um consenso, contemplando assim a vontade da maioria.
A idéia da participação, como alternativa para a construção do projeto
didático-pedagógico, surgiu do propósito de consultar os protagonistas envolvidos
no processo ensino-aprendizagem para que todos tivessem oportunidade de opinar e
assim, ser resultado do consenso coletivo.
Habermas, citado por Gutierrez e Catani, ( Ferreira, 1998 ) diz que: “participar
significa que todos podem contribuir com igualdade de oportunidades, nos processos
de formação discursiva de vontade “( p.62 ), ao que finalizaríamos dizendo que está
no ato comunicacional a possibilidade de construir coletivamente um plano de ação.
3.2– O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Vivemos em uma sociedade em que, para conseguirmos algo, é
necessário uma autorização, uma procuração, uma identificação etc. Um
verdadeiro “festival de papéis” para comprovarmos a veracidade de um fato. O
Brasil é o “país do papel“, ou podemos, também, denominá-lo como o “país da
burocracia”.
Ao nascermos necessitamos de um registro mas, para obtermos este
registro diversos outros documentos (papéis) são exigidos. Ao completarmos 18
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anos, precisamos ter uma carteira de identidade e durante toda a vida
necessitamos de mais e mais papéis.
A instituição escolar não foge a esta regra da burocracia. Ela está em
estreita “subordinação” aos atores burocráticos na hierarquia do sistema de
ensino que a ela submetem regulamentos, normas (e as fiscalizam), para que
suas propostas educacionais estejam em conformidade com as diretrizes da
educação nacional. Isto não significa dizer que “os normativos não tenham
significado enquanto quadros regulamentadores ou formas de racionalização “a
priori” da organização e ação das escolas. “(Barroso, p.17). Neste aspecto,
acreditamos que estas normas deverão vir em apoio à organização da
administração da escola no sentido de orientar, dando-lhe assessoria normativa
que permitam criar condições de exercer sua função social.
Assim, apesar de este quadro estar mudando a partir da implementação
da Lei 9393/96, que dá às escolas condições de construir autonomamente seu
Projeto Político Pedagógico, o exercício da autonomia ainda está longe de poder
gerir e mudar práticas de pessoas responsáveis pela administração central e
regional.
Essas práticas contaminam o fazer da escola, que passa a exigir do
professor um planejamento didático para fazer face às exigências e normas da
administração central. O planejamento didático pedagógico, passa então, a ser
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algo burocrático, e não resultado de uma ação concreta de pessoas
comprometidas com o Projeto Político Pedagógico da escola.
Essas questões se refletem nos professores, que passam a acreditar ser o
planejamento algo realmente burocrático, que só existe para cumprir o que a Lei
determina e/ou para comprovar que os conteúdos foram planejados para serem
cumpridos.
Segundo André (1990), “quando existe o planejamento, este em geral se
transforma em uma tarefa burocrática, repetitiva, de cumprimento de ordens
vindas de cima para baixo, apenas par satisfazer as aparências” (p.68).
Nesta linha de pensamento, o planejamento didático-pedagógico tem
apenas caráter de formalidade, de listagem dos conteúdos a serem trabalhados
em um determinado momento. Desta forma, este instrumento, tão valioso no
processo de construção do conhecimento, perde seu grande valor.
Para outros professores porém, o planejamento didático-pedagógico se
constitui em um instrumento de trabalho. Instrumento este, que favorece a
construção do saber e orienta o processo de ensino-aprendizgem. A partir desta
visão, o educador faz do planejamento didático-pedagógico, um mediador entre
ensinante-aprendente-conhecimento.
Um planejamento didático-pedagógico, entendido como um mediador do
processo ensino-aprendizagem, configura-se como instância de reflexão sobre a
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finalidade da educação, as necessidades dos alunos, o encaminhamento da
proposta educativa com a participação dos educadores, da família e dos alunos.
Ele, sob a ótica mediadora, apresenta um formato extremamente flexível,
visto que, a prioridade é a necessidade do aluno, e por isto, enquanto mediador,
não “se perde” pelo caminho, pois tem sempre como orientação os objetivos/fins
do processo educativo.
A etapa deste processo, especificamente voltado para a pré-escola, é uma
fase em que a ludicidade está muito presente, visto que todo o processo de
construção do conhecimento da criança se processa através de atividades
lúdicas, concretas, experimentais. Os alunos da Educação Infantil, têm a
oportunidade de aprender “brincando”, pois o aprendizado através do lúdico,
torna o aprender desafiador, nas trocas vividas no grupo, na ensinagem que o
grupo promove no prazer que advém do jogo.
Da mesma forma, o professor da Pré-Escola, tem a oportunidade de se
utilizar do Projeto Político Pedagógico da escola e integrar ao seu planejamento
didático-pedagógico, numa visão mediadora e de processo. Se a escola trabalha
na modalidade de um currículo integrado, como nos ensina Hernández (1998)
o professor poderá organizar suas atividades através de projetos de trabalhos,
sugeridos pelos alunos em decorrência da prática democrática que o Projeto
Político Pedagógico imprime e sustenta. Desta forma, o professor transforma o
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planejamento em um “alicerce” na construção do conhecimento, com a
participação ativa de seus alunos.
Um planejamento didático-pedagógico, com a perspectiva mediadora,
apresenta questões importantes. Inicialmente, a aprendizagem é vista como um
processo de transformação. O aluno é ser ativo que absorve, compreende e
processa informações, sendo o professor o mediador deste processo dialético.
Isso implica dizer que nesse cenário estão implicados o professor-pesquisador,
auto-reflexivo que privilegia situações concretas do processo produtivo e o aluno,
que tem necessidade e desejo de aprender.
A Educação Infantil é a fase onde os alunos estão construindo suas
características pessoais, portanto, o eixo de organização dos conteúdos,
incluídos no planejamento não mais se estabelece em áreas de conhecimento,
organizadas de forma fragmentada. Passamos a privilegiar a práxis sócio-cultural
de onde serão extraídos os enfoques inter e transdisciplinares que permitirão
articular o vivido, num pensar e fazer coletivo, favorecendo as habilidades
cognitivas, afetivas e sociais. É nesse interjogo que as diversas potencialidades
dos alunos se desenvolverão. Nesta dimensão, os conteúdos, constituídos de
seus estatutos epistemológicos e lógicos, oportunizarão a construção do
processo educativo, facilitador da transformação constante do pensamento, das
atitudes e das habilidades dos alunos da pré-escola.
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Entre as características que diferenciam o planejamento didático-
pedagógico dos demais planejamentos está a busca do educador em organizar
os conteúdos a serem trabalhados de forma tal que permita articular as suas
reflexões próprias deste conteúdo, internas, portanto, aos conhecimentos
externos, ou seja o que está entorno e que poderá permitir o ir e vir do
conhecimento, através de um olhar extra-disciplinar, que a complexidade dos
conteúdos permite, num movimento interdiscilpinar. Essa complexidade será alvo
de reflexão do professor, para que seus eixos de intervenção do conteúdo
tenham unidade, rompendo a fragmentação entre as disciplinas e estejam ao
alcance da compreensão da criança.
Assim, as atividades previstas no planejamento didático-pedagógico têm
função ímpar. É a partir da leitura da diversidade que ele é constituído. As
atividades devem possuir características fundamentais, tais como: serem
estimulantes, instigantes, lúdicas, claras, com objetivos definidos, mediadoras
para novas descobertas, flexíveis, interessantes, criativas e que favoreçam a
ação coletiva e participativa. As atividades do planejamento didático-pedagógico
devem assumir um papel em que a mediação entre ensinante-aprendente-
conhecimento esteja presente.
Nesse aspecto, a atuação do professor deve ser de forma que as
intervenções favoreçam o aluno a buscar suas próprias respostas frente ao novo.
Um ambiente de trocas dentro do grupo torna-se fundamental pois, como
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assinala Vygotsky ( Rego, 1995 ), é na interação com os conhecimentos do outro
que o ser humano se transforma, se socializa, adquirindo novos conhecimentos e
expandindo sua relação cognitiva com o mundo. Vygotsky ainda afirma que “o
bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento, ou seja, que se dirige
as funções psicológicas, que estão em vias de se complementarem.”
(Rego,1995,p.107)
Para tanto, o movimento de articulação teoria/prática do professor deverá
permitir que, constantemente, ele avalie, reflita, critique e reconstrua sua prática
docente.
Na perspectiva do planejamento didático-pedagógico mediador o aluno é
um ser ativo que recebe, decodifica e absorve as informações, fazendo do
conhecimento uma verdadeira elaboração subjetiva. Os processos de atenção,
decodificação, organização e modificação da informação, mobilizam as estruturas
do aluno e determinam como se dará o processo de aprendizagem.
É necessário construirmos um planejamento, no qual são previstas
atividades que oportunizem o trabalho em grupo, onde todos colaborem na
construção do próprio conhecimento.
Ao apresentarmos o planejamento didático-pedagógico como mediador ele
assume a característica de um exercício de participação em todos os sentidos,
marcado pala comunicação entre os protagonistas do processo ensino-
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aprendizagem, pelo diálogo intelectual com todas as pessoas, sempre atentas à
contribuição de cada um.
A forma de se construir esse planejamento didático-pedagógico não
comporta rigidez na estrutura, nem tão pouco a centralização nos conteúdos, ou
mesmo nas atividades. A proposta mediacional assume o compromisso “com o
estabelecimento de uma relação entre o aluno e o conhecimento que
verdadeiramente [integre] conteúdo e método, de modo a propiciar o domínio
intelectual das práticas sociais produtivas “ ( Kuenzer apud Ferreira,1998, p.35 ).
Assim, derrubamos a prática tradicional de organização rígida dos
conteúdos, trabalhados de forma repetidora anos após anos. Isto trazia para os
docentes, repetidor de “programas”, uma estagnação e perda do alcance da
pesquisa de novas forma de conceber o ensino. Da mesma forma se apresentava
o ato de construção do planejamento. Dentro desse rito de repetição, ele se
constituía em mero expediente burocrático, para atender às exigências da escola.
É de suma importância que o planejamento seja construído em parceria
para que possamos efetivar seu caráter participativo e mediador, como nos
ensina Menegolla e Sant”Anna “ (...) o plano é para os professores e seus
alunos.”(1996,p.46). O planejamento didático-pedagógico deve atender à
realidade dos alunos, portanto, deve ser construído em parceria com eles,
resgatando com isso a atividade do docente de pesquisar com os alunos . “
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Surge a necessidade de todos os alunos participarem do planejamento.”(
Menegolla e Sant”Anna, 1996,p.47).
É a partir desse diálogo dialógico que o processo de ensino-aprendizagem
será construído, “... o mais importante é o trabalho educativo efetivo desenvolvido
com a própria criança pré-escolar.”(Nicolau,1985,p.152).
Ao ouvirmos a opinião e a sugestão do aluno estamos valorizando o
conhecimento prévio que o aluno tem sobre determinado assunto. Desta
maneira, o aluno sente-se motivado em estar na escola porque, é um ser
participante, ativo e mediador do processo educativo.
Quando iniciamos este processo participativo na Educação Infantil
estamos proporcionando, já precocemente, momentos significativos do exercício
da prática democrática e participativa do ser humano.
Como isto será possível em uma pré-escola? Da mesma forma que é
possível em uma escola fundamental. A participação acontece dentro do âmbito
possível dos alunos, funcionando o planejamento do professor como um
instrumento pensado de transgressão da inércia e da ruptura para além do
burocrático.
É preciso ficar bem claro que o professor necessita conhecer bem a faixa
etária, na qual irá desenvolver o trabalho, para que o planejamento didático-
pedagógico não se perca em seus fins. Deve ele, portanto, atender às
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necessidades cognitivas, afetivas e sociais dos alunos e estar voltado para a
construção do ser reflexivo.
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4- CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA DA PRÉ-ESCOLA E A CONSTRUÇÃO DO PLANEJAMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO: ARTICULAÇÃO TEÓRICO/PRÁTICA
A cada ato que realizamos nos utilizamos do planejamento para
organizar os passos que iremos dar.
De forma similar o planejamento funciona como instrumento de trabalho ao
professor de Educação Infantil, utilizando-se de conteúdos, procedimentos e
recursos, buscando orientar as atividades que serão desenvolvidas entre
professores e alunos, no processo de ensino-aprendizagem.
A interdisciplinaridade deve estar presente no planejamento do professor,
pois assim, ele terá uma unidade, uma integração. Desta forma, os alunos
também formulam os seus conhecimentos de forma encadeada e lógica.
Isto significa adotarmos um eixo comum que permita a integração dos
conteúdos/disciplinas no momento de trabalharmos com as turmas de estudo. É
na discussão desses pontos de convergência epistemológica que permitiremos
que as propostas educativas atinjam os alunos de forma integrada,
restabelecendo a compreensão do mundo e de suas relações determinantes,
deixando de lado a apresentação da realidade como única e não mutável
(Hernádez, 1998).
O planejamento nos oportuniza sistematizar o ensino e assim construi-lo de
forma organizada. Com ele, projetamos situações que favoreçam a construção do
conhecimento.
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Para um aprendizado mais efetivo é de grande utilidade a aproximação entre a
teoria e a prática. Quando estamos planejando o ato pedagógico, devemos levar isto
em consideração. É com o planejamento que iremos articular, fazer a ponte entre a
teoria e a prática.
O planejamento na Educação Infantil se apresenta de forma estrutural, sendo
que seus objetivos estão relacionados às estruturas do pensamento da criança, as
ações que queremos que ela construa e a questão da diversidade.
Organizar o ensino é levarmos em conta diferentes ritmos e estilos de
aprendizagem. Este é um dos grandes desafios do educador.
Observando as diferentes faixas etárias e o processo de desenvolvimento das
crianças de pré-escola, podemos apresentar alguns critérios para essa organização.
De 3 a 4 anos, aproximadamente:
• O planejamento nesta fase, tem como função oportunizar atividades que se
desdobrem e se encandeiem sem perder a articulação. O planejamento
deve proporcionar momentos de representações, onde a linguagem possa
se desenvolver mais e mais. Este instrumento, nesta faixa etária, pode ser
desdobrado em diferentes atividades, resultando em experimentações e
transformações sistemáticas.
De 4 a 5 anos, aproximadamente:
• Nesta faixa etária, o planejamento tem como função entrelaçar as
experiências vividas pelos alunos com as propostas da escola de forma
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mais sistematizada. Já que a conversa entre as crianças é sobre estas
experiências. O planejamento deve encaminhar para a intensificação das
relações e dos diálogos. Também devem estar contidas nele atividades
que trabalhem com a identificação dos nomes dos alunos, para que
auxiliem no processo de construção da leitura e da escrita. Nesta fase, os
alunos já são capazes de trabalhar com a memória coletiva. O
planejamento do próprio dia, também é uma forma de trabalharmos esta
memória. O planejamento deve oportunizar atividades que as crianças
trabalhem com semelhanças e diferenças e com a mobilidade do
conhecimento.
De 5 a 6 anos, aproximadamente:
• O planejamento nesta faixa etária apresenta como função a sistematização
das atividades que foram vividas até o momento.
É a fase em que as crianças querem entrar no mundo letrado e o
planejamento deve oferecer atividades que aumentem e intensifiquem a
relação entre a fala, a escrita e a leitura. No planejamento o professor
deve organizar propostas que permitam aos alunos, estabelecer sua forma
de construção da escrita. “Sem saber ainda escrever, ela inventa uma
escrita própria.” ( Amorim, 1990, p.38)
O planejamento nesta fase deve oferecer uma gama de atividades que
possam trabalhar com as mais variadas relações entre a escrita e a leitura
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e também, com a construção das estruturas elementares (classificação,
ordenação, seriação etc) e utilizar as operações de adição e subtração.
De acordo com Piaget (citado por Amorim, 1990), a fase estudada na
presente pesquisa é denominada como Período Pré-Operacional.
Nesta fase, a criança está desenvolvendo a linguagem e se utiliza da
inteligência prática. Inicia a representação de uma coisa, por outra; é o início da
formação dos esquemas simbólicos.
O egocentrismo é bastante forte. A criança não consegue imaginar o mundo
sem que ela faça parte dele. “ Teremos (...) uma criança que a nível comportamental
atuará de modo lógico e coerente (...) e que a nível de entendimento da realidade
estará desequilibrada “. ( Rappoport, 1981, p.68).
Nesta fase, a criança está no egocentrismo intelectual, isto é, há ausência de
esquemas conceituais verdadeiros; o julgamento dependerá da percepção imediata.
Outra característica marcante, é o início do desligamento da família e uma
maior socialização entre as crianças. Apesar disto, não há integração efetiva.
Percebemos diversas crianças brincando juntas mas, cada uma com sua brincadeira.
Com relação à linguagem, há a presença da língua socializada (diálogo para a
comunicação) e linguagem egocêntrica (diálogo sem interlocutor). Quanto mais velha
a criança, maior a utilização da linguagem socializada, com a intenção de se
comunicar e interagir com as colegas.
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Enquanto brinca a criança fala e realiza a ação. Este movimento é entendido
por Piaget como “um treino dos esquemas verbais recém adquiridos e como uma
passagem gradual do pensamento explícito(motor) para o pensamento interiorizado.”
(Rappoport, 1981, p.71)
Através da presente pesquisa, podemos afirmar, que o planejamento na
Educação Infantil tem como principal função encaminhar a construção do processo
educativo à partir de atividades com objetivos definidos e que articulem a teoria e a
prática.
É com o planejamento que o professor deve “mapear” a aprendizagem de
forma clara, coerente, lógica e objetiva.
Com ele o educador irá nortear o processo de ensino-aprendizagem.
“A Educação Infantil na LDB, Lei 9394/96, se apresenta como sendo a 1ª fase
da Educação Básica. Tendo por objetivo o desenvolvimento infantil nos seus
diversos aspectos social, emocional, cognitivo e psicológico.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional sancionada em Dezembro
de 1996 estabelece
Art.29 - A educação infantil primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e
da comunidade.
Art.30 - A educação infantil será oferecida em
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I - creches e entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
II – pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade”.
(Grossi,1998,p.31)
4.1 – RELEVÂNCIA DO PROJETO PEDAGÓGICO NOS REFERÊNCIAIS CURRICULARES NACIONAIS
Os Referenciais Curriculares propõem uma relação, através dos projetos
curriculares e programas, entre as instituições de educação infantil. Esta relação está
ancorada em duas dimensões complementares : condições internas e condições
externas.
Condições Externas
Cada instituição apresenta suas particularidades e especificidades. Estas
devem estar presentes na proposta curricular de cada unidade escolar, sendo
fundamental que a cultura de cada região seja valorizada e incorporada dentro do
currículo.
Condições Internas
Variados são os tipos de creches e pré-escolas existentes no Brasil. Com
relação ao horário de funcionamento, algumas atendem, 8 a 12 horas por dia; outras
24 horas; outras 4 a 6 horas etc. As crianças que permanecem em horário integral
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necessitam de maior responsabilidade com o desenvolvimento e aprendizagem
infantis.
“ A elaboração da proposta curricular de cada instituição se constitui em um
dos elementos do projeto educativo e deve ser fruto de um trabalho coletivo que
reuna professores, demais profissionais e técnicos “. (RCN,1998, p.66) É relevante
que os envolvidos com o processo educativo participem da construção do Projeto
Educativo.
Outros itens devem ser considerados para o bom desenvolvimento do projeto
pedagógico, tais como: o ambiente institucional, a formação do coletivo institucional,
o espaço para a formação continuada, o espaço físico e recursos naturais, entre
outros.
Ambiente Institucional
O ambiente de ajuda, parceria e respeito entre os profissionais e destes com
as famílias, proporciona o bom andamento do projeto educativo.
É importante que criemos um ambiente acolhedor para que as crianças
sintam-se acolhidas, seguras, queridas no local que estejam.
Formação do Coletivo Institucional
A Direção da instituição deve criar um clima democrático, onde todos os
participantes sintam-se como parte do processo.
Compartilhar a construção do processo torna todos os envolvidos
responsáveis pelo desenvolvimento do projeto pedagógico.
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Espaço Para Formação Continuada
É importante que os profissionais, tenham uma formação continuada. Que o
estudo não aconteça de forma esporádica, mas sim, com datas e horários definidos,
para que os professores possam trocar idéias e refletir sobre a prática pedagógica.
Espaço Físico e Recursos Materiais
Espaço físico, materiais, instrumentos, móveis, brinquedos, estes são
materiais ” ativos ”, dentro do processo educacional. “Os professores preparam o
ambiente para que a criança possa aprender de forma ativa na interação com outras
crianças e com os adultos.”(RCN, 1998, p. 68)
Versatilidade do Espaço
O espaço físico da instituição, deve propiciar que as crianças possam utilizá-lo
da melhor e das mais variadas formas.
É importante se ter ambientes amplos e mais livres para que as crianças
possam explorá-los trabalhando, desta forma, com os movimentos amplos.
Os Recursos Materiais
Os recursos materiais aqui entendidos como cola, papel, tesoura, massa de
modelar etc, são os instrumentos que auxiliam as ações das crianças.
Os brinquedos e jogos são também materiais que ajudam no processo de
construção do saber.
Segurança do Espaço e dos Materiais
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A segurança do espaço e dos materiais é um outro aspecto que deve ser
levado em consideração, pois é importante que as crianças tenham liberdade para
utilizar o espaço e os materiais sem correrem riscos.
Critérios para Formação de Grupos de Crianças
As diferenças que caracterizam cada fase do desenvolvimento são muitas, o
que faz com que as instituições agrupem as crianças por faixa etária,
Outro fator que deve ser considerado, além da organização por faixa etária é a
proporção criança por adulto.
Até 12 meses ------------------------------------- até 6 crianças/adulto
1 – 2 anos ----------------------------------------- até 8 crianças/adulto
2 – 3 anos (sem fralda) ------------------------ até 12 a 15 crianças/adulto
3 – 6 anos ----------------------------------------- até 25 crianças/adulto
Organização do Tempo
O número de horas que a criança permanece na escola deve ser organizado
para que ela tenha uma rotina com atividades diversificadas. Atividades mais
movimentadas, atividades que envolvam mais concentração, alimentação, higiene
etc.
É importante que a escola utilize uma rotina clara e compreensível para
facilitar o andamento do processo.
Ambiente de Cuidados
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É necessário criar um ambiente de cuidado para as crianças, atendendo às
necessidades das diferentes faixas etárias, das famílias e às condições de
atendimento da instituição. (RCN,1998)
Como ciclo natural da vida as crianças se desenvolvem, sendo necessária
uma adequação da instituição.
Parceria com as Famílias
É preciso que se respeite os variados tipos de estruturas familiares. Diversas
são as composições das famílias no momento atual e a forma de educar os filhos.
A escola tem o dever de aceitar e respeitar cada estrutura familiar.
O mesmo acontece com os diversos valores, crenças, culturas. A grande
variedade cultural, possibilita uma troca de experiências, muito significativa e que
com certeza, irá contribuir para o processo de ensino-aprendizagem.
É importante que a escola estabeleça com as famílias, canais de comunicação
para que, estas tenham acesso ao trabalho que está sendo desenvolvido na
instituição. Desta forma, as famílias têm a oportunidade de participar do trabalho
educativo.
O acolhimento das famílias e das crianças na unidade escolar é um outro item
que deve ser levado em consideração. A entrada da criança na escola pode criar
ansiedade tanto para ela, quanto para os pais e professores. Cada criança apresenta
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um comportamento diferente e a instituição também deve agir de forma diferente
para cada uma.
Nos primeiros dias, que podemos chamá-los de adaptação, o olhar do
professor deve estar voltado para a criança. As atividades devem ser muito bem
planejadas para que a criança seja bem acolhida. O tempo de permanência da
criança na escola deve ser gradualmente aumentado, até que se complete o tempo
que irá permanecer no ambiente escolar.
Os grupos de alunos vão se remanejando, quando há necessidade. Esta
mudança, deve ser paulatina, para que, as crianças não sintam-se tão
afetadas/mexidas.
A substituição de professores é um outro fator que deve ser muito bem
pensado e organizado, visto que. Os alunos estabelecem um vínculo afetivo muito
forte com os mesmos, nesta faixa etária.
A passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental é um momento
de grande mudança para as famílias e as crianças.
As instituições devem acolher as famílias com necessidades especiais como
problemas de alcoolismo, violência familiar, problemas de saúde etc.
Estes são os pontos de Projeto Pedagógico abordados no Plano Nacional
Curricular de Educação Infantil.
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CAPÍTULO 5 – PROPOSTA DE PLANEJAMENTO DO ATO PEDAGÓGICO EM TURMAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Para construirmos um planejamento didático-pedagógico, nós professores
devemos saber que este instrumento deve ser claro, objetivo, flexível, criativo,
instigante e desafiador.
Inicialmente, devemos traçar os objetivos deste planejamento, fundamentados
na visão filosófica de homem e de mundo o fim que definirmos o que alcançar.
Determinados os objetivos, discriminamos as diversas atividades a serem
realizadas para atingir estes objetivos.
É importante que as atividades sejam compatíveis com a faixa etária; que elas
tenham um caráter instigador, desafiador; que o aluno, possa através das atividades,
adquirir novos conhecimentos, conhecimentos estes, que irão auxiliá-lo em sua
formação.
As atividades, previstas dentro do planejamento, constituem o “corpo “deste
instrumento. É à partir delas que o planejamento será constituído. Sendo, portanto,
de extrema importância que estas atividades sejam pensadas e discutidas, para
depois comporem as propostas de ação.
Após pensadas as atividades, estabelecemos os locais de sua realização. É
preciso pensar que cada atividade requer um espaço apropriado e seguro. Como,
por exemplo, uma pintura não deve ser realizada em um ambiente onde as crianças
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não tenham acesso à água para a limpeza das mãos. É interessante registrarmos no
planejamento o local de realização de cada atividade.
Um outro item bastante considerável é o que diz respeito aos
materiais/recursos didáticos. Devemos oferecer a maior diversidade possível de
materiais para a realização das atividades. Quanto mais variados os materiais, maior
será o interesse da criança em realizar a atividade, visto que é apresentado para ela
um diferencial.
A adequação dos materiais é outro aspecto importante, adequação no sentido
à faixa etária e à atividade proposta.
Outro importante ponto é com relação à segurança dos materiais usados. Não
devemos oferecer objetos pontiagudos e com possibilidades de causar acidentes.
Quando estamos propondo uma atividade na Educação Infantil, devemos
estar atentas a tudo e a todos, pois, são nos menores movimentos que podem
ocorrer grandes acidentes.
No que tange à participação, onde entraria na construção do planejamento?
Ao traçarmos os objetivos determinamos o que queremos alcançar com o
planejamento.
Devemos ter claro em mente que sabemos o que queremos fazer, conforme
confirma Cury (1986), “o saber fazer não é senão o domínio competente do saber
que fundamente os processos de transmissão.”(p. 2)
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É necessário, portanto, determinarmos o conteúdo (saber) e o método (saber
fazer) para que, não caiamos no vazio de só realizarmos o que o aluno quer.
Tendo os objetivos e conteúdos bem definidos, apresentamos estes aos
alunos e podemos definir juntos o como fazer, a maneira como conseguiremos atingir
os objetivos, as atividades que podemos realizar enfim, o método a utilizar. Desta
forma, estaríamos nos utilizando dos alunos dentro do planejamento didático-
pedagógico.
É importante ressaltar que esta prática da participação não é algo fácil. É um
exercício que deve ser feito paulatinamente, sempre com a nossa interferência e com
direcionamento, para que o aluno perceba que estamos construindo juntos o
processo de construção do conhecimento.
Resalvamos que estamos apresentando uma proposta de planejamento
didático-pedagógico e que não devemos pensá-la de uma forma fechada .
É preciso que ela venha para “dar asas à imaginação” em cada educador.
Além disso, é preciso adequá-la à realidade de cada escola, cada turma, cada
professor.
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CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para todas nossas ações fazemos algum plano, mesmo que, mentalmente.
No ambiente educacional necessitamos organizar nossas atividades, escolher
os métodos para realizá-las, selecionar os materiais e determinarmos os objetivos
que queremos alcançar. À este conjunto de ações denominamos o planejamento
didático-pedagógico.
O professor utiliza-se do planejamento didático-pedagógico com sendo o seu
grande instrumento de trabalho dentro do processo educativo
Ao construirmos um planejamento devemos refletir sobre a educação e sobre
a finalidade dela na vida do ser humano.
O planejamento didático-pedagógico deve estar de acordo com o projeto
político do professor, o qual, apresenta como primícia a formação global do ser
humano. Ao ter como meta a formação humana, nada mais justo do que tê-lo como
parceiro em sua construção. Desta forma, podemos apresentar mais uma importante
característica do planejamento que é a participação. É de considerável importância,
que os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem participem da construção do
planejamento didático-pedagógico, pois desta forma, se sentirão responsáveis pelo
mesmo. Além disto, o planejamento deve ser construído de acordo com o projeto
político-pedagógico da instituição, o qual será desenvolvido para desta forma,
assumir a função mediadora dentro do processo educativo. .
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O presente trabalho apresenta o planejamento dentro do âmbito da educação
infantil. Diversas peculiaridades, portanto, devem ser levadas em consideração tais
como: a especificidade de cada faixa etária, os objetivos de cada fase da educação
infantil, a articulação entre a teoria e a prática, o desenvolvimento do trabalho de com
materiais concretos etc.
Ao desenvolver o planejamento o professor deve estar atento à relevância do
projeto pedagógico dentro dos Referenciais Curriculares Nacionais e procurar
articular suas idéias de acordo com estas diretrizes.
Neste pesquisa apresentamos uma proposta de confecção de um
planejamento didático-pedagógico que é através de atividades. Atividades estas que
contém suas especificidades e que devem ser adequadas: à faixa etária, à
instituição e à sua metodologia, ao professor, e à realidade sócio-cultural na qual
serão realizadas.
Com bases no estudo podemos registrar como considerações finais que o
professor ao montar seu planejamento deve ter em mente qual o objetivo a ser
alcançado, saber que este instrumento tem a função de mediador no processo
educativo, portanto, deve valorizar a participação dos envolvidos no processo,
considerar a realidade e a faixa etária, na qual está atuando e ainda ter como
características ser claro, objetivo, instigante, desafiador e prazeroso de ser realizado.
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7. REFERÊNCIAS AMORIM,Fonseca. Atirei o pau no gato – A pré-escola em serviço. 4.ed São Paulo: Brasiliense,1990 ANDRÉ, Marly E. D. A. A avaliação da escola e avaliação na escola. Caderno de pesquisa. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, n.74, ago.1990. ARAGÃO, Lúcia Maria de Carvalho. Razão comunicativa e teoria social crítica de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1992. BLEGER, José. Temas de psicologia: entrevista e grupo. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. Série Psicologia e Pedagogia. BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean Claude. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Tradução de Reynaldo Barão. Rio de Janeiro:Francisco Alves, 1970 BRASIL Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil – Introdução – Volume1- Brasília: Secretaria de Ensino Fundamental, 1998. DEMO, Pedro. desafios modernos da educação. Petrópolis, RJ:Vozes,1993. ------------------- Pesquisa – princípio científico e educativo. 5.ed. São Paulo: Cortez, 1997. FONSECA, Rosangela Rezende Pedrosa. Aliando a aprendizagem à prática. Dois Pontos. Belo Horizonte. Fundação Pitágoras, n.45, set./out.1999. FERREIRA, Naura S. Carapeto (Org.).Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez,1998. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido.26.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.1987. GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. 6.ed. São Paulo: Loyola, 1991. GAYOTTO, Maria de Lourdes C. ( Coord.) Líder de mudança e grupo operativo. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
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