CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE TURISMO
FRANCION DOS SANTOS COSTA
THEATRO JOSÉ DE ALENCAR – O CASO DO EVENTO DIA 17 NO TEATRO
FORTALEZA
2013
FRANCION DOS SANTOS COSTA
THEATRO JOSÉ DE ALENCAR – O CASO DO EVENTO DIA 17 NO TEATRO
Monografia submetida à aprovação do
Curso de Turismo do Centro de Ensino
Superior do Ceará, como requisito para
obtenção do grau de Graduação.
FORTALEZA
2013
FRANCION DOS SANTOS COSTA
THEATRO JOSÉ DE ALENCAR – O CASO DO EVENTO DIA 17 NO TEATRO
Monografia como pré-requisito para
obtenção do título de Bacharelado em
Direito, outorgado pela Faculdade
Cearense – FaC, tendo sido aprovada
pela banca examinadora composta
pelos professores.
Data de aprovação: ____/ ____/____
Banca Examinadora
_________________________________________________ Professor Ms. .........................................
_________________________________________________ Professora Ms. .........................................
_________________________________________________ Professor Esp. .........................................
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus pelo dom da minha vida, pela saúde e inteligência que
Ele me deu.
A minha família, minhas irmãs Aparecida, Wladia e France Keule e minhas
Sobrinhas Larissa, Lorena e Lohane, por todo o apoio que me deram ao longo
do tempo em que passei na tentativa de tornar esse sonho realidade.
A minha Grande Amiga Aline Cruz, pela cordial ajuda nos conteúdos deste
trabalho.
Aos meus amigos de sala, Greice Kelly Lima, Nilo Medeiros, Amanda Sousa,
Raquel Parente, Roniela Lopes, José Biomar Neto, Hinayra Mayra, Vera
Martins, e Ângela Glória, por estarem comigo ao longo dessa caminhada.
A minha Orientadora Jacqueline Holanda, pelo apoio ao me orientar
perfeitamente na condução do meu trabalho.
Aos meus queridos Professores que sempre tiveram paciência em me ouvir e
me ajudar sempre que foi preciso: Maria Élia, Ivo Luis, Cristiana Martins,
Débora Garcia, Nívea Pinheiro, Mônica Machado, Elano Ferreira, Marcel
Moraes, Eugênio Ximenes, Ana Paula Medeiros, Ticianna Marques, Ariane
Queiroz e Rosaline Ferreira.
Ao Coordenador do Curso de Turismo Professor Mansueto Brilhante, que
sempre me ajudou e apoiou em tudo o que foi necessário.
Aos meus melhores amigos, que sempre me passaram confiança no decorrer
desse desafio tão árduo: Geilson Oliveira, João Alves Neto, Nathalie Bravo,
Nicomedes Alencar, Márcio Paiva, Edinardo Lima, Dayana Oliveira, Jéssica
Mariane, Álvaro Renê, Concita Moreno e Flávio Soares.
“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”
Charles Chaplin
RESUMO
O turismo ao longo dos anos passou por várias transformações devido à
segmentação de mercado. Atualmente o turismo cultural é, na atividade
turística, responsável por uma demanda significativa. Com ênfase neste
assunto é necessário que seja feita uma retrospectiva sobre o turismo, suas
origens, evolução e conceitos, bem como um estudo de caso. Esse estudo
permitirá a descoberta e origem do teatro no Brasil e no estado do Ceará,
assim com o seu atual momento diante da sociedade, público local e turistas. O
objetivo geral desse estudo compreende a necessidade de analisar se o evento
que ocorre no teatro esta sendo explorado de maneira satisfatória pelo turismo
cultural da cidade. A metodologia utilizada é bibliográfica e documentada.
Somente através desse estudo, foi possível confirmar que ainda existe a
necessidade de se evidenciar o evento ocorrido no Theatro José de Alencar.
Palavras-Chave: Turismo. Teatro. Cultura.
ABSTRACT
The Tourism over the years has undergone several transformations due to
market segmentation. Currently cultural tourism is the tourism industry, which
accounts for a significant demand. With emphasis on this issue is needed to be
done a retrospective on tourism, its origins, evolution and concepts, as well as a
case study. This study will enable the discovery and origin of the theater in
Brazil and in the state of Ceará, so with his current situation in society, public
and local tourists. The overall objective of this study understands the need to
examine whether the event occurs in the theater is being explored satisfactorily
by cultural tourism city. The methodology is bibliographic and documented. Only
through this study, it was possible to confirm that there is still a need to highlight
the event that occurs at the Theatro José de Alencar.
Key words: Tourism. Theater. Culture.
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10
2 TURISMO CULTURAL .................................................................................. 12
2.1 História e Definição ................................................................................. 12
2.2 Turismo Cultural e Turismo Interno ......................................................... 17
2.3 Turismo Cultural no Brasil e no Ceará .................................................... 22
3 O TEATRO NO BRASIL E NO CEARÁ ......................................................... 32
3.1 Theatro José de Alencar – O Caso do Evento Dia 17 no Teatro ............ 43
3.2 O Evento Dia 17 no Teatro ..................................................................... 49
4 VISITANDO O TEATRO ................................................................................ 52
4.1 Caminho Metodológico ........................................................................... 52
4.2 Análise da Entrevista .............................................................................. 53
4.3 Análise dos Dados .................................................................................. 56
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 61
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 63
APÊNDICE ....................................................................................................... 65
10
1 INTRODUÇÃO
Dentre as relevantes atividades relacionadas ao setor Turístico, existe o
Turismo Cultural e com ele seus patrimônios e monumentos que, se explorados
de maneira coerente, trarão méritos e referências para cidades, como é caso
dos teatros e seus eventos culturais.
O presente estudo justifica-se pelo fato do Turismo Cultural em Fortaleza
representar o segmento com possibilidades concretas para seu
desenvolvimento, além de apresentar ambientes específicos para a realização
de tais atividades.
No Brasil, as atividades teatrais que são mais evidenciadas pela
sociedade se restringem à região Sudeste, mais especificamente as capitais do
Rio de Janeiro e São Paulo. No Ceará, a história do Teatro é antiga, sendo
ainda pouco valorizada diante do seu pretenso público, que mais valoriza o que
vem de fora em comparação a companhias locais. Seria importante verificar
que, em Fortaleza, capital do Estado, existem inúmeros grupo e companhias
teatros e espaços como teatros centenários e outros recém-inaugurados,
esperando a receptividade do público cearense.
Assim sendo, para justificar a elaboração deste trabalho, o objetivo geral
se desenvolve em analisar como está sendo explorado hoje o potencial
turístico cultural do Theatro José de Alencar durante a realização do evento
“Dia 17 no Teatro” em suas dependências. Os objetivos específicos que serão
abordados são: observar como se encontra no momento, o reconhecimento e
apoio ao turismo cultural em Fortaleza, a partir de um de seus equipamentos
culturais urbanos mais importantes na cidade que é o TJA; apresentar a
história do teatro no Ceará, uma vez que esta é uma referência básica para a
própria edificação do Teatro José de Alencar e o evento pesquisado; e,
colaborar para o conhecimento relativo ao potencial do turismo cultural no
estado do Ceará.
Podemos dizer que o potencial turístico do Theatro José de Alencar está
sendo explorado hoje em dia, a partir do momento em que tomamos como
exemplo um de seus eventos mais atrativos que é o “Dia 17 no Teatro”?
11
A metodologia empregada para a realização desse trabalho foi um
estudo de caso. Realizado entre frequentadores assíduos e os esporádicos do
TJA e do Evento neste trabalho abordado, a fim de responder a pergunta da
questão feita, analisando seus dados. Foram utilizados como fonte de
pesquisas revistas, sites, publicações envolvendo o tema e livros de autores,
como Barreto, Andrade, Moletta e Costa, que referenciam a história do teatro
no Ceará.
Neste trabalho serão abordados quatro capítulos: no primeiro capítulo
será dada a introdução sobre o assunto tratado; no segundo, a história, a
definição, a evolução e a segmentação do Turismo e Turismo Cultural no Brasil
e no Ceará; no terceiro capítulo será abordada a história da inicialização do
teatro no Brasil e no Ceará bem como seus principais representantes e sua
situação atual; no quarto capítulo será explicada a metodologia designada para
a realização deste trabalho com a coleta de dados, o motivo da escolha do
local e descrição de todas as suas ações, a análise das entrevistas e dos
dados. Por fim, as Considerações Finais, as Referências e o Anexo.
12
2 TURISMO CULTURAL
2.1 História e Definição
A história do turismo vem de longe, mais especificamente do século
XVIII, quando milhares de pessoas se deslocavam de suas cidades natais para
visitarem outras localidades a fim de contemplar ruínas de antigas civilizações
(BARRETO, 2010).
Em 1991, a Organização Mundial do Turismo (OMT) lança uma nova
definição para o Turismo, introduzindo esclarecimentos de todos os aspectos
da atividade turística. Essa definição diz que
o Turismo inclui tanto o deslocamento e as atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens e estadas bem como as relações que surgem entre eles, em lugares distintos de seu ambiente habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano e mínimo de 24 horas (pernoite no destino), principalmente com fins de lazer, negócios e outros (OMT, 2010, p. 5).
.
Ao longo dos tempos a população se habituou a conviver com variadas
formas de se fazer Turismo, como, por exemplo, Turismo de Aventura,
Ecoturismo, Eventos e Negócios, Gastronômico, Religioso, Sol e Praia,
Turismo Cultural, dentre outros. Neste trabalho abordaremos sobre o Turismo
Cultural, cujo conceito é extremamente amplo.
Para o Ministério do Turismo (2010, p. 13):
compreende o Turismo Cultural ‘as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.’
Já segundo Andrade (1976), Turismo Cultural restringe-se a uma
modalidade de turismo cuja motivação do deslocamento se dá com o objetivo
de encontros artísticos, científicos, de formação e de informação.
13
Com base nisso, o mesmo autor segue dando uma das características,
que, para ele, é a de maior importância para classificar essa modalidade de
turismo:
o turismo cultural tem, como característica principal, a permanência prolongada e um contato mais íntimo da comunidade com a arte, o que possibilita uma experiência de aprendizado profundo com relação aquela cultura, ou seja, o público sai satisfeito com o que viu e presenciou (ANDRADE,1976, p.13).
Desse modo ele também fundamenta a prática do Turismo Cultural.
Nomeando como sendo as práticas de conhecer, pesquisar e analisar dados,
obras ou fatos, em suas variadas manifestações, os alicerces do turismo
cultural (Andrade 1976).
Existem muitas manifestações culturais que podem ser classificadas
como parte integrante dessa modalidade da atividade turística no nosso país.
Entre as diversas manifestações, o Ministério do Turismo do Brasil cita como
principais atrativos:
- sítios históricos – centros históricos, quilombos - edificações especiais – arquitetura, ruínas - obras de arte - espaços e instituições culturais – museus, casas de cultura - festas, festivais e celebrações locais - gastronomia típica - artesanato e produtos típicos - música, dança, teatro, cinema - feiras e mercados tradicionais - saberes e fazeres – causos, trabalhos manuais - realizações artísticas – exposições, ateliês - eventos programados – feiras e outras realizações artísticas, culturais, gastronômicas - outros que se enquadrem na temática cultural (BRASIL, Orientações Básicas MTur,2010,p.54).
O nascimento do Turismo Cultural coincide com o Grand Tour, que,
segundo Barreto (2006), é um fenômeno social típico da cultura européia e
denomina as viagens de pessoas de maior poder aquisitivo da época pelo
continente europeu, o que veio a substituir o tempo ocioso que essas pessoas
tinham e dividir o tempo de trabalho e o tempo de lazer no mundo moderno.
Somente as pessoas consideradas mais abastadas da sociedade é que faziam
essas viagens na época.
14
De acordo com Barbosa (2002, p. 33);
as viagens do Grand Tour duravam de seis meses a um ano e meio, podendo, em alguns casos, alcançar dois anos. Os jovens privilegiados se alojavam em castelos, fortalezas e mansões feudais nos países europeus, pronunciando uma troca de informações e conhecimentos. [...] O Grand Tour significava, então, a viagem de um jovem britânico, de sexo masculino, membro da aristocracia, realizada em companhia de um tutor durante a jornada.
O Grand Tour teria nesse caso a finalidade de propiciar educação aos
jovens britânicos com observações dos costumes e modo de ser de outras
culturas e dos países que eles visitavam.
Bermúdez (1997) diz que o Grand Tour começou no século XVI e atingiu
o auge no século XVIII. Era restrito aos filhos de famílias ricas, sobretudo aos
jovens recém-saídos de Oxford ou de Cambridge1. Com propósitos
educacionais, esses jovens deveriam percorrer o mundo, ver como ele era
governado e se preparar para ser um membro da classe dominante.
Para ele, o Grand Tour teria a função de realizar um estudo educacional
mais voltado para visitas a lugares históricos e culturais, observando como
esses países eram governados e como se portavam seus habitantes.
O Turismo Cultural se diferencia do turismo comum, pois, segundo
Moletta,
Turismo cultural é o acesso a esse patrimônio cultural, ou seja, à história, à cultura e ao modo de viver de uma comunidade. Sendo assim, o turismo cultural não busca somente lazer, repouso e boa vida. Caracteriza-se, também, pela motivação do turista em conhecer regiões onde o seu alicerce está baseado na história de um determinado povo, nas suas tradições e nas suas manifestações culturais, históricas e religiosas (MOLETTA, 1998, p.9).
Todo turista, quando sai de sua casa à procura de lazer e diversão,
mesmo que de forma discreta e pouco comprometedora, também se interessa
em saber mais sobre a história do local que está visitando.
1 A Universidade de Oxford e a Universidade de Cambridge são, as duas mais antigas e mais conhecidas escolas da
Inglaterra, são membros do Grupo Coimbra, uma rede das principais universidades europeias. Fonte: http://oglobo.globo.com/boa-viagem/cambridge-ou-oxford-eis-questao-dos-intercambistas-3741359 acesso em 10 de novembro de 2013.
15
Santos e Antonini (2003) declaram que
A ‘cultura como atrativo turístico é considerada uma atividade econômica de importância global, que abarca elementos econômicos, sociais, culturais e ambientais’. Para eles, ‘é um dos fenômenos mais importantes dos últimos tempos, pois propicia o contato entre diferentes culturas, a experiência de diferentes situações, e passa por diferentes ambientes, e a observação de diferentes paisagens. Isto
possibilita a globalização da cultura’. (SANTOS E
ANTONINO, 2003, p.101).
Uma das principais ferramentas de ligação do Turismo Cultural com o
turista é o profissional envolvido nessa atividade, que pode ser um
Turismólogo2 ou um Guia de Turismo3. Ambos precisam ter formação
comprovada e, no mínimo, apresentar algumas das características abaixo:
Ter tido farta leitura sobre os atrativos culturais explorados; estar em constante buscar de novas informações; conhecer tecnicamente a região, realizando interpretações sobre o bem estudado e sua relação com a história; ter boa comunicação, iniciativa e empatia com o visitante; Dominar a informação, transmitindo entusiasmo e motivação para o grupo; possuir noções de primeiros socorros e transparecer um profundo respeito à cultura (MOLETTA, 2001, p. 46 apud SANTOS, 2004,p.83).
Desta forma eles poderão também sugerir ou direcionar o seu público de
acordo com seus desejos de conhecimento e suas motivações de viagem, haja
vista que os turistas culturais possuem particularidades que os diferenciam dos
demais turistas.
Uma pesquisa realizada no México4 diz que existem dois tipos de
turistas culturais. Há aqueles com interesse específico na cultura, que desejam
viajar e aprofundar-se na compreensão das culturas visitadas, se deslocando
especialmente para esse fim, e há aqueles com interesse ocasional na cultura,
ou seja, os que fazem essa motivação se tornar secundária ou complementar,
2 Profissão reconhecida recentemente pelo Ministério do Trabalho, conforme reportagem na íntegra em anexo.
Fonte:http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/20111221-4.html 3 Guia de Turismo o profissional que devidamente cadastrado na EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo - nos
termos da Lei n.º 8623, de 28 de janeiro de 1993, exerça as atividades de acompanhamento, orientação e transmissão de informações a pessoas ou grupos, em visitas, excursões urbanas, municipais, estaduais, interestaduais, internacionais ou especializadas. Fonte: http://www.fenagtur.org.br/index.php/documentos-importantes/a-profissao-guia-de-turismo 4 MÉXICO SECTUR. El Turismo Cultural en México: resumen ejecutivo del estudio estratégico de viabilidad del turismo
cultural en México. México DF: SECTUR, sd.
16
possuindo outras motivações que o atraem ao destino, relacionando-se com a
cultura como uma opção de lazer. Esses turistas, muitas vezes, acabam
visitando algum atrativo cultural, embora não tenham se deslocado com esse
fim, e, apesar de não se configurarem como público principal do que
conceituamos de Turismo Cultural, são também importantes para o destino,
devendo ser considerados para fins de estruturação e promoção do produto
turístico.
Do mesmo modo, uma pesquisa5 dentro do nosso país foi realizada em
2008 pela EMBRATUR6 e pela UNESCO7 e traçou um perfil dos chamados
Turistas Culturais, que são aqueles que vem de outros países para apreciar a
nossa cultura, por isso se costuma dizer que, esse tipo de turista se diferencia
dos demais. Como disse Rabahy (2000, p.93):
a educação é primordial para o aprimoramento e a propensão dos viajantes a fazer turismo. O grau de escolaridade tem uma correlação positiva com altos níveis de renda. Isso significa a mesma correlação positiva com o turismo, ou seja, níveis de renda mais elevados revelam maiores propensões a viajar do que níveis de renda mais baixos. O mesmo se relaciona diretamente o turismo com o grau de escolaridade.
De acordo com a pesquisa realizada pelo mesmo órgão, esse turista tem
alto índice de escolaridade, se utiliza principalmente dos meios de hospedagem
convencional e viaja sempre acompanhados de amigos, familiares, ou são um
casal que decide viajar em lua de mel ou férias. Para essas pessoas, a cultura
é o fator de motivação da viagem e elas se reconhecem como turistas culturais,
com hábitos de consumo próprios do segmento.
Por essa razão Batista (2005, p.8) afirma que
O público específico da segmentação no setor do Turismo Cultural é motivado por características próprias peculiares, como: nível de escolaridade mais elevado. A grande maioria tem curso superior, fala
5 BRASIL, Embratur & UNESCO. Estudo do Comportamento do Turista Cultural Internacional. Brasília: Embratur, 2009.
6 Instituto Brasileiro de Turismo é uma autarquia do Ministério do Turismo do Brasil, responsável pela execução da
Política Nacional de Turismo do governo brasileiro. Fonte:http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/20111221-4.html. 7 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Seu principal objetivo é reduzir
o analfabetismo no mundo. Fonte: www.unesco.org.br.
17
ou compreende outra língua, etc. São indivíduos que ao satisfazerem suas necessidades mais elementares e vitais (alimentação, vestuário, habitação), buscam escalas superiores de satisfação (melhoria qualitativa dos elementos vitais e educação, lazer, viagens, etc).
O Turismo Cultural é uma atividade das mais promissoras no segmento,
sendo que, para que continue a se desenvolver de forma mais abrangente, é
necessária a participação tanto da comunidade local, do poder público e dos
interessados em fazer com que essa modalidade se torne cada vez mais
crescente e também dos turistas, que, com seus aprendizados e
conhecimentos do local, podem enfatizar o quão satisfatório e agradável é
participar desse movimento em suas rodas de amigos e famílias e fazer com
que esse negócio prospere cada vez mais nas regiões por onde passam.
A seguir, será apresentada a história do turismo cultural e do turismo
interno no Brasil e no Estado do Ceará.
2.2 Turismo Cultural e Turismo Interno
Toda atividade turística deve ter, antes de ser iniciada em qualquer local,
um foco ou um plano de ação, onde se vai atuar e também se especificar o
público a quem se quer atender.
Por isso, de acordo com Moletta (1998, p. 9),
Para que uma localidade possa se desenvolver com eficácia é necessário que existam variadas formas de comunicação, interna e externa, destacando-se principalmente os aspectos mais relevantes que ganharão proporção de acordo com o que for determinado por quem se propuser a fazê-lo. Em cada uma dessas localidades existentes, o turismo cultural deve receber uma atenção especial para que possam ser desenvolvidas atividades que o tornem viáveis a serem executadas e acessíveis a todos, desde participantes aos executores.
Com relação ao Turismo Interno, baseado nas palavras de Gastal
(2000), o turismo interno se caracteriza por:
18
para fins da sua ação, serão considerados turistas mesmo os moradores locais, quando esses ‘saiam de suas rotinas espaciais e temporais’. Ou seja, embora eles estejam dentro de seu próprio habitat natural, no dado momento em que saem de suas rotinas diárias e busquem ter outras experiências, como ir ao teatro, cinema, festivais de músicas ou dança e etc, eles estão praticando o turismo interno, e consequentemente, o turismo cultural (GASTAL, 2010, p.36).
Percebe-se que uma pessoa, mesmo moradora da própria cidade, ao
sair de seus afazeres cotidianos e se envolver em uma atividade da qual não
esteja habituada, por um certo período de tempo, também pode se denominar
como turista cultural.
Conforme Moletta (2010), de todo o modo, uma forma de turismo que
seja realizado dentro da própria cidade mereceria um mérito de se desenvolver
diante da população local com ênfase e notoriedade dignas daquela
comunidade, pois as pessoas que residem nas localidades onde a atividade se
instala merecem o respeito e todas as benfeitorias trazidas pelo setor.
Moletta (2010) diz ainda que o turismo interno nada mais é do que
pessoas, viajantes e visitantes residentes desse mesmo território que se
deslocam para compras, lazer, negócios dentro da mesma região. Uma vez
que todos necessitam sair de seus lugares de origem, para que tenham acesso
a serviços básicos e de lazer, é importante que elas também possam se
locomover dentro de seu território, para participar ou buscar estar inseridos no
meio cultural dentro de sua própria cidade.
Essa é uma maneira, até mais viável, que algumas pessoas encontram
para não deixar de participar de atividades que propiciem lazer e diversão, que,
em alguns casos, não estaria dentro da sua realidade e para que possam
acessar de maneira em muitos casos de forma gratuita ou com valores mais
acessíveis, visto que determinadas famílias não participam de atividades
culturais por não terem poder aquisitivo suficiente para se inserir nessas
atividades.
Segundo a legislação brasileira de 1988, com dados do MTur, órgão que
rege as atribuições do Turismo no Brasil, as atribuições legais do Turismo
Nacional são:
19
o MTur atue na preservação da identidade cultural das comunidades
e populações tradicionais eventualmente atingidas pela atividade
turística refletindo no ordenamento e desenvolvimento do segmento
de turismo cultural na medida em que dá um tratamento de
importância a preservação da cultura brasileira explícita no inciso IX
do artigo 5 da lei do turismo (Brasil, MTur,2010, p.45).
Conforme dito por Moletta (2010), fazer com que a atividade Turismo
Cultural seja acessível e vivenciada dentro de todas as suas possibilidades e
mobilidades, pelas futuras gerações, é um dever nosso, ou seja, um dever dos
que usam e fazem essa modalidade de turismo acontecer hoje, pois depende
de nossa maneira de preservar e difundir que as próximas gerações poderão
ter a possibilidade de também poder constatar que as tradições e as artes de
um povo estão em sua memória e seus patrimônios e assim serão
preservadas.
Segundo Meneses (2006, p.55),
cada manifestação cultural é rica o suficiente para possibilitar várias interpretações distintas e não uniformizadas e que são estimuladas por novos intérpretes e novas visões.
Não são todas as pessoas que têm acesso à cultura, esse fato ocorre
por diversos motivos. Talvez venha do berço a vontade ou a falta dela de se
inserir no meio cultural, pois, como diz Hughes (2004, p.19),
As pessoas que cresceram com pouca ou nenhuma experiência relacionadas às artes ou à ida a teatros são menos propensas a fazê-lo quando adultos. Isso quer dizer que algumas pessoas ficam “à vontade” indo ao teatro porque sabem o que esperar e como se comportar. Pessoas não familiarizadas com essas práticas na infância não terão essa sensação.
Em nosso país, poucos são os quem têm oportunidade de participar
ativamente ou mesmo esporadicamente de alguma atividade, e, como disse
Batista (2005), fazer turismo, principalmente o Turismo Cultural, leva aos
indivíduos a um ‘status’ social, porque nem sempre o turismo é acessível a
todos.
20
Geralmente o preço que se paga para usufruir do turismo, seja qual for a
modalidade, se torna caro demais para os padrões de grande parte da
população, mas alguns acabam participando dessa atividade gratuitamente em
eventos culturais que acontecem em diversas cidades do país e que ocorrem
geralmente em igrejas ou até em praças públicas.
Levando-se em consideração que a atividade turística somente pode
existir com a participação de pessoas que estejam interessadas em usar esses
serviços, o Turismo Cultural também depende de um direcionamento e de um
público que esteja querendo compartilhar os benefícios que este possa lhe
trazer, como satisfação e conhecimento.
Conforme Meneses (2006), cada região do país tem o seu tipo de
cultura, de artes individuas, de meios de se inserir na cultura particular e
peculiar a cada uma delas, e por isso devem ser respeitadas e mantidas em
constantes difusões para que sejam repassadas.
Por se tratar de uma atividade que passa de geração em geração, para
que ela se mantenha viva em constante ascensão, é extremamente necessário
que essa atividade seja respeitada para que se garanta sua difusão e sua
continuidade. Meneses (2006) diz ainda que não existe melhor forma de se
passar um conhecimento ou ensinar uma arte que não sejam as descrições de
uma pessoa para outra, através de relatos e falas e com o auxílio das novas
técnicas de comunicação que existem hoje em dia. A televisão, o rádio e até a
internet, que com sua velocidade pode em um segundo se espalhar por lugares
dos mais diferenciados, fizeram com que o Turismo Cultural alcançasse
lugares onde jamais se pensou existir essa atividade.
É muito importante que o poder público também se interesse por
preservar os centros históricos para que possa existir a demanda que se faz
necessária no Turismo Cultural.
Em algumas regiões do país, os responsáveis legais, que são prefeituras
e governos regionais, percebendo a importância que se faz de preservar e
resgatar sua história fazem questão de tentar manter e preservar esses locais,
com isso contribuem para o Turismo Cultural.
Conforme Trigo (1993, p. 112),
21
No Brasil, cidades como Ouro Preto, Salvador, Olinda e centros
históricos importantes de capitais como Rio de Janeiro, São Paulo e
Curitiba são parcialmente preservados. Em Curitiba o Largo da
Ordem manteve seu estilo do século XIX e ao mesmo tempo
transformou-se em uma área de lazer e entretenimento noturno de
boa qualidade.
Com costumes diferentes, os povos das regiões do nosso país se
diferenciam e ao mesmo tempo se tornam iguais, pois a cultura e a arte os
torna igualmente ligados pelo fato de, em seus modos e costumes, estarem
sempre querendo repassar a sua vivência e aprendizado para todos ou para o
maior número possível de pessoas ou lugares.
Segundo dados do Ministério da Cultura,
o Turismo Cultural possui inúmeras possibilidades de construção de produtos turístico-culturais sustentáveis por meio da valorização do patrimônio cultural nacional, atendendo, com isso, aos novos consumidores que estão cada vez mais interessados em ampliar os conhecimentos sobre a cultura de determinado local e que valorizam cada vez mais as experiências autênticas. (Brasil, 2010, p.31).
O Turismo Cultural se espalha pelos lugares e pelas regiões do nosso
país, movimentando o setor e os negócios nas cidades onde se insere, e isso
funcionam como um dos fatores mais relevantes para o bom funcionamento
dessa atividade.
Segundo Brasil (2010), no caso do Turismo Cultural, são considerados
atrativos os bens do patrimônio cultural e suas formas de expressão, criados
para sua preservação e interpretação. Mas o Turismo Cultural se diferencia de
outros segmentos do setor pelas características de seus atrativos, pelas
amplas possibilidades para o desenvolvimento de seus produtos, pela forma de
organização da atividade e pela capacidade de envolvimento da comunidade
local na cadeia produtiva, gerando com isso uma atividade participativa e
lucrativa para os envolvidos.
Todos os envolvidos no setor turístico fazem a diferença quando se trata
de torná-lo cada vez mais crescente em nosso país, por isso a importância da
participação e apoio de todos No capítulo a seguir, abordaremos a história do
Turismo Cultural no Brasil e no Estado do Ceará.
22
2.3 Turismo Cultural no Brasil e no Ceará
No Brasil, no ano de 2011, o Governo Federal, através do Ministério da
Cultura, lança uma cartilha intitulada METAS DO PLANO NACIONAL DE
CULTURA. Essa cartilha visa em longo prazo estabelecer metas a serem
cumpridas na próxima década com propostas de sustentabilidade e inclusão de
todos os cidadãos no meio cultural.
Segundo a Cartilha, o Plano Nacional de Cultura,
trata-se de texto escrito por milhares de mãos, por diversos sujeitos e grupos, por meio de diferentes instâncias e espaços de experimentação e participação. Um plano que reflete o esforço coletivo para assegurar o total exercício dos direitos culturais dos brasileiros e brasileiras de todas as situações econômicas, localizações, origens étnicas e faixas etárias. (BRASIL, 2011, p. 9)
Visto que, no país, o Turismo Cultural ainda se restringe em maior parte
às pessoas que têm o poder aquisitivo mais elevado e aos que residem em
áreas nobres, com a crescente potencialidade artístico-cultural do país espera-
se que a cultura passe a ser vista de maneira que permita o acesso da
população em geral aos bens culturais.
Para que exista a atividade do Turismo de forma organizacional, é
necessário haver um estudo de demanda para segmentar a sua atividade de
acordo com as preferências e propósitos dos visitantes a quem se atender.
Beni (2001, p. 153) diz que:
A melhor maneira de se estudar o mercado turístico é a partir de sua segmentação, o que possibilita decompor a população em grupos homogêneos, cada um com seus próprios canais de distribuição, sendo o motivo da viagem o definidor dessa segmentação.
Trabalhar o turismo é levar em consideração o gosto de quem se deseja
atrair, visto que hoje em dia o poder aquisitivo dos brasileiros está um pouco
mais elevado. Ainda de acordo com Beni (2001), isso significa dizer que mais
pessoas estão viajando, e, assim, incrementando a atividade turística e
principalmente o Turismo Cultural.
23
Dados do MinC, sobre o Turismo Cultural no Brasil, na cartilha de
Orientações Básicas de Turismo Cultural 3° Edição, para a melhoria nesse
serviço é proposta a seguinte orientação:
a segmentação como uma estratégia para estruturação e comercialização de destinos e roteiros turísticos brasileiros. Assim, para que a segmentação do turismo seja efetiva, é necessário conhecer profundamente as características do destino: a oferta (atrativos, infraestrutura, serviços e produtos turísticos) e a demanda (as especificidades dos grupos de turistas que já o visitam ou que virão a visitá-lo) (BRASIL, 2010, p.9).
Segmentar a atividade em que se quer investir requer estratégias para
se manter no mercado e fidelizar a clientela. Dessa forma, transformar a
atividade em algo lucrativo e de qualidade, pois a melhoria nos serviços é um
dos fatores que são levados em consideração por grande parte dos turistas.
Segundo Beni (2001), existe no incremento do Turismo Cultural algumas
vantagens que podem ser percebidas como o crescimento da economia das
empresas turísticas, bem como no aumento da concorrência no mercado, na
criação de políticas de preços e de propagandas especializadas e, ainda, na
promoção de pesquisas científicas sobre o assunto.
Alguns fatores que motivam o turista cultural a sair de sua casa a
procura dessa forma de entretenimento são a busca do conhecimento sobre
determinado local, seus atrativos históricos, uma boa propaganda sobre o local,
a hospitalidade e o preço de sua estádia, que deve estar de acordo com suas
condições financeiras.
Com o apoio e o investimento dos governantes, da comunidade local,
dos empresários e da sociedade em geral, valorizando os seus bens culturais e
transformando-os em atrativos merecedores de respeito e zelo, o turista se
motiva a visitar e ainda recomenda para seu ciclo familiar e de amizades, assim
trazendo respostas positivas para a atividade turística.
Outra estratégia que funciona de maneira a agregar confiança ao
Turismo Cultural e aos turistas que usam desses serviços, são os Roteiros
Turísticos e Culturais, que, segundo a cartilha do MTur tem, uma base já
estabelecida:
24
Roteiro turístico é um percurso geográfico determinado, integrado por várias atrações com características comuns ou que gira em torno de uma grande atração e associa outras atividades nos deslocamentos propostos, definido e estruturado para fins de planejamento, gestão, promoção e comercialização turística. (BRASIL, 2010, p.75)
Os roteiros turísticos têm a função de desenvolver uma região turística
porque pode-se descentralizar as visitas somente a um determinado local e,
assim, estimular a visita em vários outros pontos como bares, restaurantes e
pousadas, trazendo impactos positivos e geração de renda e o crescimento da
economia na determinada região.
Com o apoio da sociedade o turismo cultural e seus bens patrimoniais
devem ser respeitados e valorizados para que se tornem atrativos culturais e,
dessa forma, possam ajudar no desenvolvimento da localidade em que esteja
inserido, porque, para se conhecer a localidade, também é necessário se
conhecer sua história e de seus monumentos.
Roteirizando os locais, é possível se descobrir os destinos mais
procurados para o turismo Cultural no Brasil. O Governo Federal, no ano de
2007, através do MTur realizou uma pesquisa para descobrir quais são os
locais mais procurados para a realização do Turismo Cultural além do público
específico para esse tipo de modalidade e lançou uma Cartilha intitulada
ESTUDOS DA COMPETITIVIDADE DO TURISMO BRASILEIRO.
Com essa pesquisa, o MTur conseguiu encontrar a quantidade exata de
visitantes que cada tipo de turismo recebe. A pesquisa mostrou que
entre as razões apontadas para as viagens domésticas, o turismo cultural figura em terceiro lugar, com 12,5% de respostas (as duas outras respostas mais encontradas são ‘visitar amigos e parentes’ e ‘sol e praia’, com 53,1% e 40,8% respectivamente)10 (BRASIL, 2007, p.21).
Com relação às tendências verificadas, o Turismo Cultural aparece com
mais adeptos entre pesquisados com faixa de renda de valores mais elevados,
variando de 8,3% na faixa entre R$350 e R$1.400 a 19, 9% na faixa acima de
R$10.500 (BRASIL, 2007) isso somente vem a constatar que a classes mais
elevadas são as que ainda procuram o Turismo Cultural como motivos de suas
viagens.
25
Ainda em relação a mesma pesquisa, descobriu-se de onde se origina a
demanda doméstica da atividade turística:
o estado de São Paulo é tanto o principal emissor (40% das emissões) quanto o principal receptor (29,4% das recepções) do turismo doméstico. Isso aponta para a conclusão de que há um significativo mercado a explorar, no ramo de turismo cultural, para visitas inter-estaduais (BRASIL, 2007, p.22).
Sobre números da demanda internacional, a pesquisa constatou e os
seguintes dados:
os nossos principais visitantes são os argentinos, seguidos dos americanos (18,52% e 14,81% do total dos visitantes internacionais, respectivamente). Os principais destinos são as praias brasileiras (no caso dos primeiros, principalmente as do Sul, o que explica que esta região seja a mais visitada entre os entrevistados no quesito viagens
a lazer – 46,8%) (BRASIL, 2007, p.22)
Os turistas internacionais também têm suas preferências quando se trata
das cidades e dos estados brasileiros. As unidades da Federação mais
visitadas são Rio de Janeiro (34,7% dos entrevistados), Santa Catarina (25,1%)
e Paraná (20,1%) (BRASIL, 2007).
No Ceará o marco para que as atividades turísticas se desenvolvessem
e se tornassem o que se tornaram hoje em dia, ou seja, mundialmente
conhecidas, conceituadas e recomendadas por todos que visitam nosso Estado
só veio a se desenvolver com o total apoio e incentivo na época do Governo de
Tasso Jereissati8 e nos anos que se seguiram por Ciro Gomes9. Tudo isso na
década de 1980, com sua visão inovadora e determinada, fizeram com que a
atividade turística se tornasse a alternativa econômica dominante no campo de
investimentos públicos e privados para o Ceará.
8 Tasso Ribeiro Jereissati, líder empresarial foi governador do Estado do Ceará em três gestões: 1987/1990, 1995/1998
e 1999/2002. Eleito Senador da República pelo PSDB, em outubro de 2002. Fonte:
http://www.senado.gov.br/senadores/senadores_biografia.asp?codparl=3396
9 Ciro Ferreira Gomes. Em 1988 foi prefeito de Fortaleza. Em 1990, foi eleito governador do Ceará, Ficou no posto
entre 1991 e 1994,deixou o cargo para assumir o Ministério da Fazenda a convite do então presidente Itamar Franco.
Fonte: http://www.cirogomes.com.br/
26
Ainda temos muitas dificuldades no que diz respeito às artes e ao
Turismo Cultural em geral no Estado do Ceará, fato esse que vemos no nosso
cotidiano em diversos lugares do estado, estando presente inclusive na capital.
Ocorre que há falta de incentivo e investimento dos legisladores e estes
voltarem à atenção para a população local tornando-a participativa
culturalmente, reestabelecendo assim direitos igualitários para visitantes e
habitantes do local de apreciar equipamentos e paisagens bem estruturados e
em bom estado físico.
A matéria publicada no Jornal Diário do Nordeste10, do dia 19 de julho de
2010, afirma que o Turismo Cultural foi esquecido na capital cearense. Como
nossa cidade tem um vasto litoral e belas praias, isso torna outros tipos de
atrativos como a história riquíssima de nossa Fortaleza, Capital do Estado,
como locais secundários e às vezes nem lembrados, visitados ou conhecidos
pelos turistas, visto que os mesmos se interessam apenas pelo roteiro traçado
pelos guias de turismo, ficando refém dos locais que estes lhes apresentam.
Segundo o mesmo jornal, “os usuários tendem a se render aos apelos
das praias, poucos descobrem a possibilidade de relaxar diante das belezas
existentes dos patrimônios’.” (DIÁRIO DO NORDESTE, 2010), assim o Turismo
Cultural fica em segundo plano e não é valorizado da maneira que deveria.
Exemplo maior desse fato é o centro de Fortaleza, que ampara em suas
ruas e avenidas centenárias a própria história viva do nascimento da capital,
com seus prédios históricos, igrejas antigas e casarões de barões que fizeram
as primeiras moradias naquele local e que hoje estão praticamente esquecidos
tanto dos morados locais quanto dos turistas e visitantes.
Seria de muita importância para o setor que os turistas pudessem
descobrir pontos de visitação onde a história da cidade fosse contada, bem
como suas curiosidades acerca das mudanças e detalhes que, com o passar
dos tempos, foram quase esquecidos. Exemplo disso é o fato de a Estação
Ferroviária João Felipe ter sido construída em cima do Cemitério de São
Casimiro, de que a líder revolucionária cearense Bárbara de Alencar ter sido
presa no Forte Nossa Senhora da Assunção e de que outro revolucionário, o
10
Matéria completa do jornal vide Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia 816610, acesso em 05 de maio de
2013.
27
jangadeiro Chico da Matilde, ter dado nome ao Centro Dragão do Mar de Arte e
Cultura11, entre outras peculiaridades que a maioria dos próprios fortalezenses
desconhece.
Enfim, saber o que aconteceu e como chegamos aos dias atuais é
resgatar a história da cidade e também é um dos deveres do Turismo Cultural.
A matéria ainda diz que,
Com o turismo cultural, em pontos históricos, pode-se conhecer cada localidade. Na verdade, só se conhece de verdade um lugar ao se entrar em contato com os patrimônios históricos. Sem esse turismo,
não se sabe nem como se formou a cidade (DIÁRIO DO
NORDESTE, 2010).
Conhecer a história de um local não é somente saber como chegar as
suas praias e sim entender e informar-se sobre a história que conta a fundação
da cidade e seus patrimônios históricos.
Ainda segundo a matéria do jornal, há também a ausência de
infraestrutura e as mudanças pelas quais passaram a cidade que atraíram a
atenção para outras áreas. Por exemplo, a questão que já não é mais novidade
diz respeito a insegurança no Centro da cidade de Fortaleza, que acaba por
afastar a população do próprio bairro e que nesse mesmo sentido, afasta
também os pretensos visitantes (DIÁRIO DO NORDESTE, 2010).
Outro principal agravante para o esquecimento do centro histórico de
nossa capital conforme Diário do Nordeste (2010).
é o forte ‘investimento’ comercial e financeiro em outros bairros, como Aldeota e Montese. ‘As pessoas perderam o hábito de ir ao Centro’. Agora o bairro é frequentado pela população de baixa renda, pois na periferia não se oferecem os serviços buscados.
De acordo com a mesma matéria do jornal, existe uma solução para
esse problema cultural: 11
Dos equipamentos vinculados ao Instituto Dragão do Mar, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura é o maior, com
destaque em outras partes do Brasil e até em outros países. é um espaço destinado ao encontro das pessoas, ao
fomento e à difusão da arte e da cultura e oferece para fortalezenses, turistas e visitantes em geral a maior parte de
sua programação com acesso gratuito ou com preços simbólicos, com o objetivo de formar plateia nas diversas
linguagens artísticas. Equipamento mantido pelo Governo do Estado do Ceará. Fonte:
http://www.dragaodomar.org.br/index.php
28
Para os especialistas, um das maneiras de reverter o "descaso" com
os patrimônios históricos do Centro seria o investimento em políticas
públicas de incentivo ou, até mesmo, a criação de estruturas, como
estacionamentos e mais segurança para o local.
No momento em que as pessoas que residem na cidade não se sentem
seguras em visitar determinados locais, não se pode exigir ou garantir que os
turistas possam vir a fazer esse tipo de visitação. A Secretaria de Turismo de
Fortaleza (Setfor) reconhece, conforme a matéria, que o hábito dos
fortalezenses de optar pelo turismo cultural no Centro da cidade ainda não é o
desejado, mas que os turistas de outros estados praticam esse turismo e com
isso, para incrementá-lo, mudanças, parcerias e políticas públicas são previstas
para o futuro com o intuito de melhorar esse setor e essa parte da nossa
cidade que conta com seus prédios históricos como o Forte Nossa Senhora da
Assunção12o nascimento da capital do Estado (DIÁRIO DO NORDESTE,
2010).
Se os moradores da cidade passarem a dar o real valor para toda a sua
história cultural como acontece em outras cidades, a realidade do Turismo
Cultural no Ceará poderia ser diferente. Nesse sentido seria de muita valia que
os moradores deixassem de pensar o Turismo Cultural apenas para os turistas
e se inserissem nesse meio, pois, para os governantes, a população local não
tem hábito de participar de atividades culturais, então não se tem a
necessidade de tantos investimentos para tornar estes atrativos mais atraentes
e em condições de serem visitados por todos sejam moradores ou turistas.
A Secretária de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE) para o ano de
2014 deve investir cerca de 13 milhões com ações dos programas de Apoio a
Mostras e Festivais e com o Apoio a Circulação Nacional e Internacional de
Teatro e Dança e da Cultura em geral. Em Debates com a Classe Artística
realizados no auditório da Secretaria durante o mês de Outubro de 2013, o
12
A Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção localiza-se à margem esquerda da foz do riacho Pajeú sobre o monte
Marajaitiba, na cidade de Fortaleza, no litoral do estado do Ceará. Atualmente abriga a sede da 10ª Região
Militar do Exército Brasileiro. A primitiva estrutura no local da atual fortaleza remonta à época da segunda guerra e da
invasão dos holandeses no Brasil e foi erguida em 1649.O Forte de Schoonenborch foi rebatizado como Forte de
Nossa Senhora da Assunção, após a expulsão dos invasores pela coroa portuguesa.
29
Secretário da pasta, Paulo Mamede13 se comprometeu além dessa verba para
os programas, com lançamento dos editais de Cinema e Vídeo e Incentivo às
Artes, ambos com acréscimo de 7% e 14%, respectivamente, no volume de
recursos14.
Investir na Cultura e nos artistas que fomentam a cultura fazendo-a
acontecer é imprescindível para que as artes e a cultura sejam cada vez mais
valorizadas, podendo acontecer de maneira satisfatória e, com isso, possam
ser ensinadas e aprendidas por todos que tiverem a oportunidade de fazer
parte desse meio.
O Governo do Estado, através da Secult tem se preocupado com esse
assunto nos últimos anos, tendo investido constantemente no setor com o
interesse de incrementá-lo, resgatando o Patrimônio Cultural material e
também o imaterial do Ceará e de Fortaleza.
O Patrimônio material em conformidade com a Secult e o Governo
estadual significa:
Aos bens tangíveis ou Patrimônio Material definidos no Art. 1º da lei nº. 13 465 de 05/05/2004 que dispõe sobre a proteção do patrimônio estadual como obras, edifícios, monumentos, objetos, bibliotecas, arquivos e documentos de valor histórico e artístico, os monumentos naturais, as paisagens e os locais de particular beleza, bem como as jazidas arqueológicas, tem-se como medida de proteção legal a figura do TOMBAMENTO (SECULT, 2004).
Para que estes bens estejam assegurados e recebam o devido cuidado
passando a integrar uma lista contendo os bens protegidos pela lei, estes
precisam, para isso, passar pelo processo de Tombamento15, que fica a cargo
da Coordenadoria de Patrimônio Cultural da Secretaria da Cultura do Estado
do Ceará, a COPAHC.
13
Paulo de Tarso Bernardes Mamede, secretário de cultura do Ceará indicado é graduado em Comunicação Social
pela Universidade Federal do Ceará (UFC), tem especialização em Teoria da Comunicação e da Imagem pela mesma
instituição. Fonte: http://www.secult.ce.gov.br
14 Dados informados pelo site da Secult, Disponível em http://www.secult.ce.gov.br, acessado em 26 de novembro.
15 Reconhecimento de um bem material de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental ou simbólico para uma
comunidade, protegendo-o de descaracterização ou de destruição através da aplicação de legislação específica. O
bem é inscrito no Livro de Tombo, onde se registram os bens que foram distinguidos como de valor excepcional para o
Estado do Ceará, constando nele informações a respeito do bem, como um pequeno histórico, sua descrição e
propriedade. Fonte: http://www.secult.ce.gov.br
30
Isto significa dizer que os bens a que se refere esta lei somente
passarão a integrar a lista de patrimônio histórico e artístico do estado, para
seus efeitos, depois de inscritos nos Livros de Tombo da COPAHC.
Em Fortaleza a Lista de Bens Tombados até o ano de 2013 contém os
seguintes equipamentos16:
Antiga Alfândega
Conjunto Palácio da Abolição e Mausoléu Castelo Branco
Centro de Turismo
Estação Ferroviária Dr. João Felipe
Farol do Mucuripe
Hotel do Norte
Palacete Ceará
Palácio da Luz
Seminário da Prainha
Secretaria da Fazenda
Sobrado Dr. José Lourenço
Patrimônios esses, para serem modificados, reformados ou
descaracterizados de alguma forma, precisam passar pela autorização da
Secult, pois estes se encontram protegidos, assim todo o seu entorno, que é a
vizinhança próxima ao bem tombado, não podendo com suas reformas e
adequações impedir que novos elementos obstruam ou impeçam sua
visibilidade (SECULT, 2010).
Isso significa dizer que a vizinhança do bem tombado também pode ser
alugada ou vendida, sendo que, para isso, siga os mesmo critérios de não
descaracterizar a área.
A Secult, em acordo com a Constituição Federal, definiu o patrimônio
imaterial como sendo:
as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhe são
16
Fonte: http://www.secult.ce.gov.br
31
associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural (SECULT 2010).
Os mestres da Cultura17 são o exemplo vivo da ação da Secretaria de
Cultura e do Governo Federal quando se fala em bens imateriais no estado,
tendo esses mestres a obrigação de manter e preservar as artes e a cultura na
região, repassando de geração em geração esses conhecimentos, não os
deixando se perder com o tempo.
Os Mestres da Cultura são responsáveis por repassar seus saberes
populares para as futuras gerações. No capítulo a seguir, serão abordados
alguns detalhes sobre a História do Teatro no Brasil e no Ceará, o seu
surgimento, sua ascensão e derrocadas e suas tentativas de se firmar como
atrativo cultural. Além de abordar a história do Theatro José de Alencar, sua
estrutura e localização, e enfatizar o Evento Dia 17 no Theatro, que é o estudo
desse trabalho.
17
Com a Lei nº 13.351 de 27 de agosto de 2003, o Governo do Estado, através da Secretaria da Cultura (Secult),
garantiu o registro dos Mestres da Cultura Tradicional Popular, que visa apoiar e preservar a memória cultural do nosso
povo, transmitindo às gerações futuras o saber e a arte. Fonte: http://www.secult.ce.gov.br acessado em 10 de
novembro de 2013.
32
3 O TEATRO NO BRASIL E NO CEARÁ
A história do teatro no Brasil, segundo Magaldi (2004), surgiu com os
jesuítas que trouxeram as artes cênicas como forma de catequizar os índios.
Quando o jovem Padre Anchieta recebeu a incumbência de encenar um auto
com propósitos de estabelecer fé e a crença na Igreja Católica. Uma das
atividades da chamada Companhia de Jesus era catequizar e encenar com os
colonizados as histórias da Bíblia.
De acordo com Magaldi (2004), os colonizados, ou seja, os índios eram
sensíveis à música e à dança, e a mistura das várias artes atuava sobre o
espectador com vigoroso impacto. Os padres ficavam encantados com a
facilidade com que os índios aprendiam tudo o que lhes era imposto, embora
muitas vezes fossem forçados a ter que realizar aquelas atividades, visto que
por terem suas terras invadidas, eles tinham que obedecer tudo o que lhes era
ordenado pelos seus colonizadores.
No livro História Concisa do Teatro Brasileiro, Décio de Almeida Prado
(2003) nomeia o Padre José de Anchieta (1534-1597) como o primeiro autor de
peças de teatro no Brasil. Segundo Prado, mesmo não sabendo, Padre
Anchieta escrevia em versos e ritmo popular para compor o que podia ser
chamado de sermões dramatizados, pois ele:
Não demonstrava preocupação com a unidade artística da peça, nem se quer com as mais elementares, como a da língua. Utilizava, às vezes na mesma cena os três idiomas conhecidos pelo seu heterogênero público: os dois que lhe eram familiares, o espanhol (nascera nas Ilhas Canárias), o português que (estudara na Universidade de Coimbra) e mais o tupi, a língua geral dos índios da costa brasileira, de eu foi o primeiro gramático (PRADO, 2004, p. 20).
O intuito principal de Padre Anchieta, era fazer com que tanto os seus
espectadores como os “atores” em cena tivessem contato com as variadas
formas de se falar, pois julgava ser esta a maneira civilizada de se manifestar.
Todos os textos escritos por Anchieta, de acordo com Magaldi (2004),
eram de modo a fazer com que os silvícolas deixassem de ser pagãos, já que,
33
para eles, os povos que habitavam as terras do país antes que os
colonizadores chegassem nela eram consideradas criaturas incrédulas e com
costumes e hábitos condenáveis para a religião e para a Igreja Católica.
Segundo Magaldi (2004)
os princípios religiosos, encarnados muitas vezes em personagens alegóricas e simbólicas, acotovelam-se com seres reais no mundo à volta. Nesse ponto, como em outros, prevalece a familiaridade cristã como o sobrenatural e a abstração de certas figuras condena pecados bastante concretos para a audiência, e os costumes atuais dos indígenas desfilam ao lado de imperadores romanos, num anacronismo só aceitável pela visão unitária do universo religioso. A dicotomia fundamental na Idade Média persiste nos autos jesuíticos: defrontam- se, por fim, o bem e o mal, os santos, anjos e outros nomes protetores da igreja com as forças demoníacos, corte variada de diabos ostentando nomes de índios inimigos. A santidade, a pureza e a retidão acabam por triunfar das tentações de satanás, covarde e impotente em face dos emissários divinos. Implanta-se a religião com fé inexorável. (MAGALDI, 2004, p.18).
Com relação às peças encenadas, sempre tinham cunho religioso.
Prado (2003) diz que, as peças representadas pelos índios geralmente
contavam a história da igreja e de algum santo padroeiro do local onde se fazia
a apresentação dos espetáculos. Prado (2003) diz que
A representação completava-se com cantos e danças, nas quais os índios, sobretudo os meninos, tomavam parte, e, ao que parece, com graça e alegria. É possível que a dispersão desse heteróclito universo ficcional se justificasse, em parte, pelo caráter itinerante do espetáculo, desenvolvido muitas vezes em formato de procissão, com paradas em diferentes lugares, cada uma dando origem a um episódio relativamente autônomo, dentro do tema religioso geral (PRADO, 2003, p.19).
Acreditando que os indígenas mantinham algum tipo de pacto
sobrenatural, os catequizadores queriam por todas as formas inserir a religião
católica nesta população.
A história do Teatro no Ceará teve início em 1830, segundo conta o livro
Didascália, de Marcelo Farias Costa (2007), com a sua primeira casa de
espetáculos chamada de Teatro Concórdia, que se localizava na Rua
Guilherme Rocha esquina com General Sampaio.
34
Durante essa mesma década, a capital do Brasil, Rio de Janeiro, já
contava com algumas apresentações de produções e companhias vindas da
França, Itália e de Portugal, juntamente com a Corte para se apresentar na
cidade. A capital fortalezense nessa época assemelhava-se a uma vila, pois
apenas contava com iluminação feita à base de lampiões de azeite de peixe,
sem sobrados e considerada pobre. Portanto jamais se podia imaginar que
haveria aqui alguma atividade artística capaz de chamar mais atenção do que
na Capital Federal.
Segundo Costa (2007, p. 18), com o passar dos tempos,
a cidade cresceu: 16.000 habitantes em 1867: iluminação a gás carbono [...] Já tem 35.000 em 1880. O Instituto do Ceará, a Academia Cearense de Letras, são pouco depois fundados. Outras causas precisam ser apontadas para a falta de um teatro expressivo.
Os pequenos grupos de teatro existentes na cidade ainda não se faziam
reconhecer diante das transformações pelas quais a cidade passava. E uma
das dificuldades encontradas em trazer companhias de fora do estado para a
Fortaleza era a grande dificuldade de se desembarcar no porto, e isso só fazia
com que as companhias de teatro que iam se apresentar nas cidades de Belém
e Manaus fugissem de temporadas na capital cearense.
Outra dificuldade que contribuía para afugentar as companhias teatrais
era a falta de uma casa de espetáculos que fizesse jus às apresentações
dessas companhias. Nessa época já existia o Teatro São Luiz que, segundo
Costa (2007), para as grandes companhias teatrais não era suficiente.
O Teatro na Terra da Luz veio a florescer com a chegada do Século XX.
Na capital já residiam mais de 48.000 habitantes e essa manifestação artística
cresceu em importância com o movimento amador Recreio Dramático Familiar
no ano de 1903. Vale ressaltar que nessa época havia uma problemática
pertinente ao preconceito com relação às artes vindo da parte de moças e
rapazes que não queriam se vincular ao Teatro.
Segundo Costa (2007, p.19):
o certo seria um título de Bacharel em Direito, e no caso de algum talento, que se publique um livro de poesias. Teatro era coisa de
35
saltimbanco18
, coisa sem seriedade, e quem nele se aventurava era gente humilde. A maioria, gráficos, que tinham o teatro como atividade recreativa, onde se divertiam divertindo um público. Uma arte menor.
As pessoas sentiam receio de se envolver com as artes teatrais, a
grande maioria possuía uma visão preconceituosa para com os mesmos, pois
eles eram apontados como desocupados e o teatro ainda não trazia renda
financeira.
De acordo com Costa (2007), o Teatro foi dividido em quatro fases que
retratam a evolução, com histórias de vitórias e derrotas do teatro cearense a
partir de 1880. Na Primeira Fase o Ceará teve as seguintes casas de
espetáculos:
Teatro Concórdia - 1830
Teatro Taliense – 1842
Teatro da cidade de Icó – 1860
Teatro São José – 1876
Teatro de Variedades – 1877
Teatro São Luiz – 1880
Teatro São João – 1880 (na cidade de Sobral)
Theatro José de Alencar – 1910
Cada uma dessas casas de espetáculo representou uma parte
importante para a história do Teatro de Fortaleza. O Teatro São Luiz recebia o
status de ser o mais respeitável palco das artes no estado até aquele
momento. Porém, com a inauguração do Theatro José de Alencar que contava
com uma estrutura moderna e bastante eficaz, este título se transferiu para o
recém-inaugurado teatro da cidade.
Os grupos de teatro da cidade que se destacaram fazendo história
foram, segundo Costa (2007), Sociedade Particular Recreio Dramático,
Sociedade Grupo das Musas e o Clube Melpômene (de Sobral), todos de 1867,
18
1. Acrobata ou ginasta que faz os seus exercícios nas praças públicas. 2. [Figurado] Farsante, charlatão.
36
Clube das Diversões Artísticas de 1897, criados pelo dramaturgo Papi Júnior, e
Grêmio Taliense de Amadores de 1898.
Os principais nomes do Teatro no estado com suas atuações nessa
primeira fase ainda de acordo com Costa (2007) foram, Juvenal Galeno, que
escreveu o primeiro texto cearense, e Maria Castro, considerada umas das
maiores atrizes do teatro no país do começo do século. Na Segunda Fase o
Ceará contou com os seguintes Teatros:
Cine - Teatro Politeama – 1914
Teatro são José - 1915
Majestique Palace – 1917
Mesmo com toda precariedade em manter os prédios dos teatros já
existentes, os artistas, com suas pequenas companhias, conseguiram
influenciar para a construção de mais alguns teatros no Ceará.
Os cearenses também tinham seus ídolos teatrais e seus grupos que
realizavam grandes turnês19 pelo Estado a partir de 1914. Exemplo disso é a
Companhia Admiradores de Talma, grupo do qual o Carlos Câmara, que é
considerado o maior ator de todos os tempos no Ceará, fazia parte.
Anos depois, afastado de seu grupo de origem, Carlos Câmara, segundo
Costa (2007), fundou o Grêmio Dramático Familiar em 1918 e com isso o teatro
cearense teve seu período mais brilhante até aquele momento. Ele escreveu e
dirigiu nove peças para a sua própria companhia.
O maior dramaturgo, o mais facundo e o mais aplaudido teatrólogo cearense de todos os tempos, [...] foi jornalista e político, deputado estadual (1909-1912), diretor da Escola de Aprendizes de Artífices (atual Escola Técnica Federal), pertenceu à Academia Cearense de Letras e filiou-se a Sociedade Brasileira de Autores em 1921, sendo seu primeiro representante no Ceará (COSTA. 2007, p.7).
Nessa segunda fase da história do teatro em Fortaleza, destaca-se o
talento e a atuação da atriz cearense Maria Castro, que foi considerada,
segundo Joca e Ess (1999), uma das mais famosas do Brasil. Era tão talentosa
que conseguia lotar o teatro com suas apresentações sempre com seu público
fiel e curioso em conferir aquele talento em cena.
19
Viagem realizada com itinerário e visitas ou apresentações predeterminados, geralmente de um artista,
conferencista, companhia ou grupo de pessoas.
37
No ápice de sua carreira a Câmara Municipal de Fortaleza concedeu-lhe uma grande quantia em dinheiro e em sua homenagem foi afixada no theatro José de Alencar, na presença do governador Moreira Rocha. (JOCA e ESS, 1999, p. 59).
Em 1941, estreou na cidade a opereta A Valsa Proibida20, considerado o
maior sucesso do teatro do norte e nordeste brasileiro e cuja última versão, em
1965 levou mais de oitenta mil pessoas ao Theatro José de Alencar por quase
três meses, quando as temporadas eram de terça a domingo.
Conforme Costa (2007),
Ao que se sabe foi a única vez que um Presidente da República foi ao José de Alencar para ver teatro: o Marechal Castelo Branco foi aplaudir o espetáculo da Comédia Cearense ( COSTA, 2007, p.8).
Para a sociedade, foi um marco na história do teatro ver de perto o
presidente da república prestigiando uma apresentação teatral. Dai se diz que
realmente o teatro cearense ganhou repercussão nacional, tão almejada pela
classe artística.
Nessa etapa da história, o teatro cearense começa a prestigiar o talento
do fenômeno infantil chamado Edson Alcântara Filho, que ficou conhecido
como “O Pequeno Edson”. Era cantor, bailarino e ator, viajando por todo o
Ceará e pelo Nordeste, chegando a se apresentar no Rio de Janeiro e em São
Paulo e ganhando prêmios com seu brilhante talento (Costa, 2007).
Os principais nomes para o Teatro do Ceará nessa fase foram Paurilo
Barroso, fundador do Teatro Universitário, responsável pela modernização
dessa arte no estado; Nadir Papi Sabóia, criadora do Grupo Teatro-Escola do
Ceará; Marcos Miranda; B. de Paiva; Hugo Bianchi, que também se destacava
como bailarino; Haroldo Serra; Emiliano Queiroz; e Aderbal Júnior que mais
tarde adotaria o nome artístico de Aderbal Freire Filho, conforme Costa (2007).
As artes teatrais e os atores de Fortaleza ganharam destaque na sua
carreira e alguns nomes continuam atuando até os dias presentes, tanto no
teatro quanto na televisão, como é o caso de Emiliano Queiroz, contratado por
uma emissora nacional, atuando em diversas novelas e seriados e Haroldo
20
Após a publicação desse artigo houve outras versões, em 1984, 1990 e 2010.
38
Serra, fundador do Grupo Comédia Cearense no ano de 1957 que atua em
diversas montagens teatrais na cidade de Fortaleza.
De acordo com Joca e Ess (1999), a lua de mel do teatro cearense com
seu público termina com o fim dessa década com a chegada do cinema falado,
pois o teatro musicado já não tinha mais o mesmo apelo, perdendo, com isso, a
vantagem que tinha em relação ao cinema e, em virtude desse fato, o universo
teatral no Ceará decai mais uma vez.
Na Terceira Fase do Teatro cearense, passados algum tempo, na
década de 1960 o teatro cearense volta a viver seus anos de sucesso como no
seu início com a criação do Curso de Arte Dramática, conhecido como CAD,
por Martins Filho à época Reitor da Universidade Federal do Ceará – UFC.
Logo em seguida o Governador Parsifal Barroso inaugura a televisão no
Estado com a TV Ceará Canal 2, que divulgava e promovia os artistas da terra
em novelas e programas transmitidos ao vivo de acordo com Costa (2007).
Com o CAD e com o Teatro Universitário atuando surge também uma
nova geração de atores para as artes cênicas no estado, nomes como
Gracinha Soares, João Falcão, Teresa Bittencourt, Hiramisa Serra, Antonieta
Noronha, Walden Luiz e Marcelo Costa, autor do livro consultado para essa
pesquisa. Alguns desses nomes continuam atuantes firmemente no teatro do
Estado e pelo Brasil com peças de destaque e seus grupos teatrais.
Como uma das principais Companhias de Teatro do Ceará, o Grupo
Comédia Cearense merece destaque por remontar sempre com muito êxito de
critica e de público o maior sucesso da história do teatro cearense, A Valsa
Proibida, nos anos de 1984 e 1990. Como disse Costa (2007, p.11):
Nunca antes o imponente casarão da Praça José de Alencar vibrara tanto, nunca antes tantas luzes emanaram de seu vestuto palco, inundando a plateia, subindo para as galerias e esvaindo-se pelas janelas e portas (...) Parecia inacreditável, porém foi um espetáculo cearense, escrito por cearenses, montado por um elenco cearense, que conseguiram transformar o Theatro José de Alencar naquele fabuloso palácio de contos fadas, durante mais de três meses, a partir de 21 de abril de 1965. A Valsa Proibida ficou nos anais da história das artes cearenses como uma de suas páginas mais brilhantes, o troféu eu o nosso povo deu ao insigne musicista Paurillo Barroso, uma das glórias do mundo artístico de nossa querida província (...) em suma A Valsa Proibida foi uma apoteose de luzes e cores, sons e movimento.
39
Ainda se destacaram nesse período os seguintes grupos de teatro:
Teatro Novo, pertencente a Marcus Miranda; Grupo Cactos, pertencente a
Leão Júnior e a Associação de Cultura e Atividades Sociais e Artísticas,
também o grupo Teatro Cearense de Cultura e o Grupo Artístico de Teatro
Amador.
Todos esses grupos contaram em suas épocas um pouco da história das
artes dramáticas e do teatro cearense em suas montagens. Mas a falta de
memória de povo faz com que os novos atores e espectadores pensem que o
teatro se inicia a partir de sua inserção nesse meio.
Salientado por Costa (2007, p.11)
O fato do teatro ser uma arte efêmera, de estar sempre morrendo e renascendo, faz com que esteja sempre sendo refundado. A falta de memória, o desrespeito com a tradição e o culto por uma pseudo-vanguarda fazem com que os novos encarem o teatro como tendo nascendo com eles e para eles. Além do mais o teatro cearense sempre esteve preso a líderes, nomes que originaram quase tudo que o teatro cearense produziu.
Passados alguns anos desse momento célebre para o teatro cearense,
novamente as artes sofreram com a decadência devido ao ego de alguns
atores e diretores que queriam impor suas vontades e regras, prejudicando
suas próprias companhias. As mesmas eram criadas e desfeitas com a mesma
facilidade, sendo assim, a cada nova década que se iniciava, considerava-se
um novo renascimento das artes no Ceará.
Com o inicio da Quarta Fase que se destaca a partir de meados de 1970
até o ano de 1995 no Ceará, segundo Costa (2007), já existe A Federação de
Teatro e importantes grupos como Grita e Grupo Balaio e a inauguração de
outros teatros:
Teatro do IBEU–Centro - no Centro de Fortaleza
Teatro Carlos Câmara – localizado na Encetur - centro de Fortaleza
Arena Aldeota – Colégio Christus
Teatro Rachel de Queiroz – na cidade do Crato
Teatro Boca Rica – bairro Praia de Iracema
40
Teatro da Praia – bairro Praia de Iracema
Teatro Paschoal Carlos Magno – pertencente à UFC, no bairro Benfica
Teatro do SESI
Teatro IBEU-Aldeota
Todos esses equipamentos se juntaram aos já existentes e percebia-se
o novo rumo que o Teatro na Terra da Luz tomava e se pensava que, dessa
vez, iria funcionar a contento, visto que sempre tiveram atribulações que
fizeram com o que as artes cênicas não decolassem no estado.
Alguns grupos que fazem parte de mais essa fase do renascimento do
teatro no Ceará, segundo Costa (2007,) são: Grupo Pesquisa com direção de
Ricardo Guilherme; Grupo Experimental de Cultura com direção artística de
João Falcão; o grupo de alunos do CAD; e o Grupo Mirante da Unifor.
O Teatro passou então a ocupar espaço nas escolas com o surgimento
de pequenos grupos, com a sua popularização e mais uma vez se esperava
uma retomada com ênfase na boa fase em que se encontrava para o
reconhecimento de que no Ceará também se faz artes dramática de boa
qualidade e com bons profissionais.
Conforme Costa (2007) o Teatro encontra-se hoje em dia na sua fase
Atual, que teve início a partir do ano de 95 até os dias de hoje. Já existem em
nosso Estado o Festival de Teatro de Guaramiranga, o Centro Cultural Dragão
do Mar Cultural de Arte com seus cursos e montagens, a fundação do
Sindicato dos Artistas, a casa de artes da Escola Técnica Federal do Ceará, o
curso Princípios Básicos de Teatro do TJA, além de inúmeros grupos
amadores e semi profissionais por todos os cantos de estado.
Esperando mais uma oportunidade de se estabelecer como arte
considerável que se transformou o fazer teatral da capital e suas cidades
vizinhas, outra vez a classe artística e a população anseiam que as artes
renasçam quantas vezes forem necessárias e se tornem uma referência como
é o humor, pois não se pode deixar de citar que o Ceará se tornou a terra do
humor e dessa forma deseja-se um futuro promissor para o fazer teatral
cearense.
Costa (2007, p. 14) reporta a seguinte afirmação:
41
O teatro é o espelho da sociedade, o chavão é verdadeiro. Temos o teatro que é possível ter. Ou o que nos deixaram ter. Um teatro de adolescentes-estudanstes-classe média, alguns física e moralmente falsos. Não há mercado de trabalho. Não há lugar para estrelismos. Carregamos preconceitos e estigmas. [...] A conquista do público deveria ser o grande objetivo. Parece que teatro é feito para ele. Temos mesmo pouca tradição.
Percebe-se que, mesmo com todo esse tempo de atuação e de
importantes conquistas, o teatro no estado ainda passa por desconfianças e
por desafios que o tornam sempre amador e sem credibilidade perante as artes
em outros lugares.
Uma pergunta que se faz até hoje por todos os que fazem acontecer o
Teatro no Ceará é por que Fortaleza não tem um público de teatro? Ninguém
até essa data conseguiu responder a esse questionamento de maneira
convincente. Em sua Apostila desenvolvida para estudantes de teatro do IFCE-
CE, o autor Marcelo Costa (2007, p.21) tenta justificar o motivo de tanta falta de
confiança no teatro cearense:
A falta de casas de (embora mal localizadas) não pode ser mais alegada. Há quem coloque a culpa nos grupos (nível de espetáculos) ou no próprio público, alegando a falta de cultura, falta de senso crítico (só usam o método de autoridade), provincianismo, falta de hábito, e até mesmo falta de dinheiro. O público, por sua vez, duvida da qualidade dos espetáculos, adora ídolos globais e pornochanchada.
Apesar disso, nunca se deixou de fazer teatro no Ceará, mesmo com
todos os fatos ao redor dizendo para que se faça o contrário, haja vista que um
estado marcado pela seca e pela falta de investimentos na visão dos mais
radicais não teria condições de possuir um movimento teatral importante.
Nessa fase chamada como atual, segundo Costa (2007, p.22) o que
mais prejudica o teatro cearense são as companhias vindas do Rio- São Paulo,
que, para ele são caça-níqueis, o autor afirma que,
A burguesia vai ao teatro não para ver o trabalho do ator, mas para ver ao vivo a celebridade que aparece na televisão. Isto quando ela vai [...] Geralmente ela não gosta e raciocina que não gosta de teatro. Não diria que não gosta de cinema se não gostasse de um único filme. Ou pior, diria: se a peça dos profissionais não presta, imagina a dos amadores daqui.
42
Com isso nota-se que realmente o público de teatro no estado
lamentavelmente tem prestigio e reconhecimento apenas para com os artistas
de fora da sua terra duvidando da capacidade dos artistas cearenses de serem
tão bons ou melhor que alguns espetáculos que contam com estrelas da tv no
elenco e que em inúmeras vezes somente está naquela carreira ou ocupando
aquele teatro por influencia da mídia.
Na fase atual do teatro, novas e modernas casas foram inauguradas no
estado e principalmente na capital. Alguns exemplos dessas casas segundo
Costa ( 2007), são:
Teatro Morro do Ouro – anexo do TJA
Teatro SESC Emiliano Queiroz – Av. Duque de Caxias
Teatro do Centro Dragão do Mar – bairro Praia de Iracema
Teatro Chico Anysio – Av. da Universidade, bairro Benfica
Teatro da Faculdade Marista – bairro Centro da cidade
Teatro do Centro Cultural Banco do Nordeste no centro de Fortaleza
Teatro do Centro Cultural Bom Jardim – no bairro de mesmo nome
Teatro Celina Queiroz – na Universidade de Fortaleza - UNIFOR
O fomento das artes cênicas ganha cada vez mais arenas para sua
continuidade com a inauguração desses novos prédios sempre em busca do
prestígio e reconhecimento tão almejados pela classe. Novos grupos também
surgem como é caso da Cia. Cearense de Molecagem e o Grupo Abre Alas,
mostrando que mesmo com dificuldades os artistas da terra não desistem de
seu talento.
Ainda assim, com todos os percalços, seus altos e baixos momentos, a
história do Teatro no Ceará está sendo contada e repassada para todos os que
desejam participar dessa atividade. Na sequência, será contada a história do
Theatro José de Alencar que é considerado o maior palco das artes do nosso
Estado, desde a sua construção até os dias atuais.
43
3.1 Theatro José de Alencar – O Caso do Evento Dia 17
A cidade de Fortaleza precisava de um teatro para receber as grandes
companhias, como já foi explanado, por isso a ideia da construção de um teatro
que atendesse a essas expectativas.
A inauguração do Theatro José de Alencar aconteceu em 17 de junho de
1910, e neste dia ocorreu uma homenagem ao Presidente Antônio Pinto
Nogueira Accioly21 com apresentação da Banda Sinfônica do Batalhão de
Segurança, regida pelo maestro Luigi Maria Smido. De acordo com Costa
(2007), a primeira representação teatral a realizar-se no palco da mais nova
casa de espetáculos da cidade foi da Companhia Lucília Perez com O Dote, de
Arthur Azevedo no dia 23 de setembro do mesmo ano.
O Theatro José de Alencar (FIGURA 1 e 2) está localizado no Centro da
capital cearense, na Rua Liberato Barroso, número 275, na Praça José de
Alencar e apresenta arquitetura eclética.
Figura 01: Vista da fachada do principal do Theatro José de Alencar. Fonte: Arquivo pessoal do autor da monografia.
21
Bacharel em direito e em letras pela Academia de Letras de Pernambuco , foi promotor público de Icó e Saboeiro,
juiz municipal de Baturité e Fortaleza. Foi o Primeiro vice presidente do Estado, senador do Estado por duas vezes e
presidente do Estado substituindo o coronel José Freire Bezerril Fontenelle e em seguida Dr, Pedro Borges. Fonte:
http://www.al.ce.gov.br acesso em 12 de novembro de 2013.
44
Figura 02: Vista da fachada interna do Theatro José de Alencar. Fonte: Arquivo pessoal do autor da monografia.
Sua sala principal de espetáculos tem estilo art nouveau e conta com
750 assentos. Segundo dados da Secult-ce, o equipamento conta ainda com
um auditório de 120 lugares conhecido como foyer (FIGURA 3), espaço cênico
a céu aberto e o prédio anexo, com dois mil metros quadrados, que sedia o
Centro de Artes Cênicas – CENA; o Teatro Morro do Ouro, com capacidade
para 90 pessoas; a praça Mestre Pedro Boca Rica (FIGURA 4), com palco ao
ar livre e capacidade para 600 pessoas; a Biblioteca Carlos Câmara; a Galeria
Ramos Cotôco; um teatro-jardim a céu aberto projetado pelo paisagista Burle
Marx22, quatro salas de estudos e ensaios; oficinas de cenotécnica, de figurino
e de iluminação; o Colégio de Dança do Ceará e o Colégio de Direção Teatral,
do Instituto Dragão do Mar; a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho; e o
Curso Princípios Básicos de Teatro.
22
Paisagista premiado internacionalmente por desenvolver seu talento como desenhista, pintor, ceramista, etc. Fonte:
site da empresa do paisagista. Disponível em: http://www.burlemarx.com.br/historico.htm. Acessado em: 10 de
novembro de 2013.
45
Figura 03: Vista da Praça Mestre Pedro Boca Rica, localizado no CENA, anexo TJA. Fonte: Arquivo pessoal do autor da monografia.
Figura 04: Foyer, localizado na parte superior do prédio na entrada do TJA. Fonte: Arquivo pessoal do autor da monografia
Dentro do Theatro José de Alencar o visitante-turista pode contar ainda
com a Vista Guiada, que possui o valor simbólico de R$ 4 reais a inteira e R$ 2
46
a meia para estudantes e idosos acima de 65 anos de idade. Esta é uma
maneira de se conhecer as dependências do Teatro por meio de um guia
específico do local que leva o visitante por todas as partes no interior do prédio.
Além, claro, de apresentações teatrais que ocorrem sempre no palco principal
do TJA com companhias vindas de todo o Brasil e até de fora do país.
O horário de funcionamento do TJA e do CENA, de acordo com a Secult,
acontece sempre de terça a sexta, a partir das 9 horas da manhã e aos
sábados, domingos e feriados a partir das 14 horas.
Este imponente monumento passou por diversas restaurações e
reformas ao longo dos anos que, por sua vez, deixaram quase inalterado o seu
patrimônio arquitetônico (figuras 5 e 6). A primeira reforma ocorreu em 1918, a
segunda em 1937, e as demais reformas aconteceram em 1957, 1960 e 1973
todas com a intenção de fazer reparos na estrutura física desse Patrimônio
cultural do Estado.
47
Figuras 05 e 06: Pintura homenageando o governador de Fortaleza na época da inauguração do TJA, localizado no prédio da entrada do Theatro. Lustre, localizado no prédio da entrada do TJA datado de 1910. Fonte: Arquivo pessoal do autor da monografia.
Em 1991, no governo de Tasso Jereissati, por iniciativa da então
secretária de cultura Violeta Arraes, o TJA, passou pela mais significativa
48
reforma, transformando-o em uma estrutura moderna com a construção de um
anexo. De acordo com Costa (2007),
O Theatro José de Alencar – disse Raimundo Girão – “tem sido o formoso ponto de convergência das mais engalanadas reuniões da nossa cultura, o faustoso salão da nossa inteligência”. Por sua ribalta passaram os maiores nomes do teatro brasileiro, do passado e do presente (COSTA 2007, p.6).
O TJA, segundo consta, é a maior casa de espetáculos do estado e
também um ponto de visitação turística, o que o torna apenas mais um
equipamento em meio a tantos outros, buscando se tornar tão atrativo para os
moradores locais e turistas quanto as belas praias da cidade. O mesmo foi
tombado como Monumento Nacional de belas artes em agosto de 1964.
Atualmente com 103 anos de construção e funcionamento, o TJA
passará nesse ano de 2013 por mais uma reforma com a finalidade de serem
feitos a recuperação e pintura geral da edificação, compreendendo as partes
de alvenaria, estruturas de ferro, revestimentos, pisos, portas e janelas, além
da revisão elétrica e hidrossanitária, da requalificação dos jardins e do sistema
de prevenção de incêndio.
Conforme matéria publicada no Jornal O POVO (2013) que diz:
Vamos terminar essa obra e fazer com que cada centavo do povo retorne a todos na beleza dessa casa e dos artistas que por ela passam”, declarou Paulo Mamede, titular da Secretaria da Cultura do Estado (Secult).
De acordo com a matéria, os visitantes podem ver vigas de ferro que
ficam à mostra no teto das passarelas suspensas, devido à corrosão do
reboco. Para resolver o problema, resultante de infiltração da água da chuva,
as calhas serão desentupidas e terão sua capacidade testada, por meio do
despejo programado de água. Isso se torna quase um perigo para os que
costumam ter o hábito de frequentar o local.
Apesar da pausa nas apresentações de palco, devido à reforma que o
local passa a receber a partir do mês de novembro de 2013, a Coordenadora
de Assessoria e Apoio do TJA, Silêda Franklin, avisa que a programação
cultural continuará sendo ofertada ao público.
49
O Theatro nunca parou. Estaremos no jardim, na calçada, mas estaremos funcionando”, afirma. Para garantir a programação alternativa, o projeto “Escola de Espectadores: Theatro José de Alencar, um Canteiro de Obras de Arte” está em fase de aprovação de recursos (O POVO, 2013).
O público espera que esse espaço de entretenimento e cultura tão
significativo para as artes e para o Turismo tenha seu devido valor sempre
renovado, reconhecido e mantido, para que todos possam participar cada vez
mais de suas atividades e se orgulhem desse importante equipamento cultural
que conta a história das artes de nosso Estado.
3.2 O Evento Dia 17 no TJA
Para comemorar a data de Inauguração do TJA, desde 1999 existe no
local um Evento Intitulado DIA 17 NO TEATRO, pois, na celebração dos 89
anos do Teatro, o evento contou com uma demanda superior a expectativa
esperada, e assim, o mesmo foi incluído na grade de programação fixa do TJA.
Este evento acontece mensalmente no decorrer de todo o ano e vem sendo
desenvolvido desde as gestões passadas. O “Todo dia 17” em 2013
comemorou 14 anos de existência. O objetivo desse evento é comemorar o
desaniversário do TJA.
Nesses dias 17, o teatro é mostrado em sua multiplicidade: de espaços, de atividades, de ações, de potencial e de público. A cada dia 17, a programação começa as 7h. “Há várias pessoas que nos perguntam por que tão cedo.” Há várias cidades e modos de vida abrigados em Fortaleza. As 7h, o centro tem um fluxo intenso. São pessoas que chegam às 7h no teatro e podem usufruir da programação até o seu horário de trabalho. “Daí a diversidade de programação ao longo do dia.” Segundo Fernando Piancó
23, diretor
geral do TJA na ocasião.
23
Matéria publicada no Jornal Diário do Nordeste em 11 de dezembro de 2001. Fonte:
http://diariodonordeste.globo.com/2001/12/11/0500586.htm. Acesso em 15 de novembro de 2013.
50
Essa é uma das alternativas criadas pelos diretores do TJA e da Secult
na tentativa de atrair visitantes, turistas nacionais e internacionais a este
equipamento de cultura e lazer, contando, além disso, com sua arquitetura e
edificação secular e suas obras que dão a oportunidade ao público de
conhecer de perto as criações literárias desenhadas em seu teto e nas paredes
que ladeiam o palco principal, retratando o escritor José de Alencar sendo
coroado por alguns de seus personagens mais significativos como Iracema e O
Guarani.
Nos dias 17, são utilizados vários espaços do TJA, como, por exemplo,
os espaços cênicos da calçada voltada para a Praça José de Alencar; o
saguão e o pátio interno, localizado entre o primeiro e o segundo blocos; o
porão sob o chamado palco principal; o espaço expositivo da Galeria Ramos
Cotôco; o palco da sala de espetáculos, ou seja, o palco principal do teatro; a
área dos jardins e as demais salas de ensaio: Sala de Canto Paulo Abel, Sala
de Dança Hugo Bianchi e Sala de Música Jacques Klein; as oficinas de
Iluminotécnica Álvaro Brasil, de Cenotécnica Helder Ramos e de Figurino
Flávio Phebo. Todas essas informações foram disponibilizadas por Silêda
Franklin, Coordenadora de Assessoria e Apoio do TJA, atribuídas na visita ao
teatro, realizada em 19 de novembro de 2013 pelo autor deste trabalho.
Outra particularidade referente ao evento diz respeito ao bailarino Hugo
Bianchi que guia um percurso pelas dependências internas e externas do TJA.
No trajeto são destacados os jardins (FIGURA 5) e o Cena - Centro de Artes
Cênicas, que são retratados através da memória do pioneiro do balé clássico
no Ceará, que vive o Teatro há mais de 50 anos. Segundo Franklin, as visitas
que acontecem a cada duas horas durante todo o dia 17, diferente dos demais
dias, acontecem de forma gratuita.
51
Figura 07: Jardim de Burle Marx, localizado ao lado do palco principal do TJA, ao fundo um palco ao ar livre para apresentações. Fonte: Arquivo pessoal do autor da monografia.
Seria bastante interessante que todas as pessoas que visitam o TJA não
só no dia 17 participassem ativamente de mais esse importante momento
cultural, pois as visitas guiadas acontecem independentes de datas
comemorativas, ou seja, elas ocorrem todos os dias com os guias contratados
do Teatro.
Com essas informações encerra-se o capítulo que conta a história do
Theatro José de Alencar e sua tão importante representatividade para os
cearenses. No capítulo a seguir, será abordada a metodologia de criação deste
trabalho e a análise dos dados.
52
4 VISITANDO O TEATRO
4.1 Caminho Metodógico
Consta neste capítulo a metodologia utilizada para a realização desta
monografia que foi o estudo de caso.
A escolha dessa metodologia de estudo de caso deu-se por ser a mais
utilizada e simples em se tratando de coleta de dados tal como, empregando-
se como melhor alternativa para o enriquecimento no desenvolvimento deste
trabalho.
Segundo Yin (2005), o estudo de caso trata-se de uma forma de se fazer
pesquisa investigativa de fenômenos atuais dentro de seu contexto real em
situações em que as fronteiras entre esse fenômeno e o contexto não estão
claramente estabelecidos. Essa técnica metodológica possui uma proporção
abrangente por ter uma relativa aproximação com os fatos reais. A mesma
dispõe de poucas alternativas de envolvimento como também não possui um
controle diante do fato estudado.
A coleta de dados foi realizada por meios de livros consultados nas
bibliotecas da Faculdade Cearense, no Instituto Federal do Ceará (IFCE) e
ainda na biblioteca do TJA. Também foram consultados Manuais e Cartilhas do
Governo Federal e alguns Sites. Além disso, um dos instrumentos utilizados no
acréscimo de informações deste trabalho foi um questionário aplicado aos
visitantes que se faziam presentes no dia do evento.
De acordo com Schulter (2003), o questionário e a entrevista são
conhecidos como técnicas de pesquisa de opinião, já que o questionário é uma
lista de perguntas organizadas logicamente e é utilizado para juntar
informações sobre um tema particular.
Também ocorreram visitas para observação do funcionamento do
Evento e uma entrevista com a Diretora do TJA. Outra forma de complementar
as informações e dar embasamento nas palavras são as fotografias realizadas
no local com as próprias observações do autor deste trabalho
53
Conforme dito por Schulter (2003), a entrevista pode ser definida por
uma conversa entre duas pessoas e ser utilizada como instrumento único de
coleta de dados para complementar outras técnicas.
Visto que as respostas obtidas darão embasamento para os resultados
numéricos da pesquisa, todas as informações obtidas foram analisadas e serão
apresentadas nesse trabalho.
4.2 Análise da entrevista
No dia 19 de novembro houve a primeira tentativa de entrevista com a
Senhora Izabel Gurgel, atual diretora do teatro para serem respondidas
questões de ordem sobre a realização e o funcionamento do evento. A mesma
sugeriu que fosse enviado um e-mail no qual seriam respondidas as perguntas,
fato que não ocorreu, pois a mesma não retornou ao e-mail. Outra visita se fez
necessário, portanto, em 03 de dezembro, com a finalidade de colher as
informações. Desta feita o elaborador do trabalho foi recebido pela Sra. Silêda
Franklin, Coordenadora de Assessoria e Apoio do TJA, e teve seus
questionamentos respondidos com precisão.
Segundo a mesma, o evento foi criado em 1999 pela então assessora de
comunicação do TJA, a jornalista Izabel Gurgel, atual diretora do teatro para
comemorar a festa de desaniversário do Teatro.
A importância deste evento para o TJA, segundo Franklin, se dá, pois,
Os dias 17 se revestem de grande relevância para o teatro, para a cidade e para as artes, pois nessas datas, toda a programação da casa é gratuita, o que oportuniza o livre acesso do público em geral, o dia todo ao TJA. A programação é diversificada, constando de apresentações de teatro, dança, música, circo e visita guiada.
Conforme informações cedidas, o evento não tem um público alvo, pois,
como se trata de uma programação gratuita, o acesso é livre para todos. O
público é diversificado e existe uma presença maior nos dias 17 de junho de
cada ano, pois esta é à data de comemoração do aniversário do TJA e como
54
ocorreu no ano de 2000 e no centenário em 2010 esses dias contam com
bastante público. Nessas duas ocasiões o público estimado presente no teatro
foi em média de 5.000 pessoas, conforme palavras de Franklin.
Quando questionada se o potencial turístico do equipamento e do evento
Dia 17 no Teatro está sendo satisfatório e se considera este evento como mais
um atrativo cultural da cidade de Fortaleza, a mesma respondeu que sim, o
evento responde bem as tentativas de atrair o público para dentro do Teatro
com a finalidade de conhecer as suas instalações e até mesmo de saber um
pouco mais da história desse centenário monumento turístico da cidade.
Complementou dizendo que nos dias do evento acontece um momento que
encanta todos os espectadores,
há por exemplo, a “hora do Ângelus” que acontece nos dias 17, às 18h em ponto, quando um tenor canta na porta principal do teatro uma versão da Ave Maria e os funcionário do TJA jogam pétalas de rosas ao público. Este é um momento muito especial da festa e atrai turistas e o público da cidade.
O meio de comunicação utilizado para a divulgação desse evento é
satisfatório, de acordo com as palavras de Franklin, constando de programação
impressa com cerca de 30.000 folders, além do site oficial do governo, rádios,
jornais e redes sociais, considerados todos com um bom alcance de público.
Ainda com relação ao evento, foi perguntado se a Direção do TJA tem tido
resultados em números de visitantes locais e turistas de fora, que satisfaçam
as necessidades em manter um evento funcionando, já que a grande maioria
dos cidadãos da cidade não tem informações do funcionamento, do mesmo, e
foi respondido que o TJA tem seus frequentadores cativos e que, embora o
alcance do evento não atinja a maioria dos fortalezenses, o público que
prestigia o evento sempre volta levando consigo algum familiar ou amigo. Com
relação ao momento de maior importância do evento Dia 17 no Teatro, para
ela, esse momento aconteceu no dia da festa dos 90 anos do TJA no ano de
2000 e o segundo momento foi à data do Centenário do Teatro no ano de
2010.
Questionada sobre os grupos que se apresentam no evento, Silêda
Franklin disse que, para participar das apresentações no dia 17, os grupos são
55
inscritos na coordenação de produção, setor esse dirigido por ela mesma, com
cerca de dois meses de antecedência e que, a partir dai, é montada a
programação do mês e impressos os folders com essa programação. Quando
há disponibilidade de recursos provindos do Governo do Estado e algumas
empresas particulares, existe um pagamento de cachês aos artistas e grupos,
sendo que este não é o intuito principal do evento, pois a maioria dos grupos e
companhias que se apresenta faz questão e se sente privilegiados de pisar no
palco do mais importante Teatro do Ceará.
Respondendo a pergunta sobre as informações dadas aos visitantes e
turistas que prestigiam o evento, a mesma ressaltou que nos dias 17 de cada
mês acontecem visitas guiadas de graça a cada duas horas com o guiamento
feito pelo renomado bailarino Hugo Bianch, como já foi dito neste trabalho.
Assim as perguntas, dúvidas e curiosidades dos frequentadores são
respondidas. Com isso também se considera respondido mais um dos objetivos
específicos que era saber se a História do Teatro está sendo apresentada aos
turistas de maneira clara ao ponto de atender as expectativas dos visitantes.
Como o evento passou por inúmeras alterações ao longo dos anos, uma delas
é o seu horário de funcionamento que antes acontecia de 09 as 19 e hoje
ocorre somente a partir das 14 se estendendo as 19. A Senhora Silêda afirmou
que essas transformações em momento algum trouxeram prejuízo em termos
de público ou de apresentações ao evento. Segunda ela,
Ao longo dos anos, o evento foi se adaptando-adequando aos muitos modos de uso do TJA. Passou a ocupar os diversos espaços cênicos e com o passar dos anos também as áreas externas como calçadas e o jardim. A programação foi sendo modificada e hoje conta com a participação de muitos grupos locais cuja a intenção é utilizar o espaço para a divulgação de seus trabalhos.
Para finalizar a entrevista, quando indagada se o Evento Dia 17 no
Teatro colabora de alguma forma introduzindo algum conhecimento sobre o
Turismo Cultural para o Estado, respondeu prontamente que sim, o evento
colabora muito com a promoção, a valorização e a divulgação da Cultura do
estado com suas apresentações artísticas de qualidade, de forma gratuita para
56
todos os que têm o privilégio de se inserir no meio dele, visto que algumas
pessoas apenas tem a oportunidade de estar em um teatro nesse dia, e com
essa resposta considera-se mais um dos objetivos respondidos.
A mesma não achou necessário evidenciar algum outro fato, achando
essas informações suficientes para o complemento dessa pesquisa e se pondo
a disposição para qualquer outra colaboração.
4.3 Análise dos Dados
Serão apresentados nesse capítulo, gráficos com os resultados obtidos
com a pesquisa de campo feita com os frequentadores do TJA que se
encontravam presentes na aplicação do questionário no Evento Dia 17 no
Teatro.
O questionário foi aplicado aos visitantes presentes no “Dia 17 no
Teatro” na data da visitação do elaborador deste trabalho: dias 17 de outubro e
17 de novembro de 2013, quinta-feira e sábado, respectivamente, para
abordagem aos visitantes e preenchimento da pesquisa.
De acordo com os gráficos abaixo, serão identificados os perfis dos
entrevistados. Os dois primeiros gráficos mostram o local de origem dos
visitantes turistas e a divisão quantitativa entre homens e mulheres.
A maioria do público que se encontrava no evento era composta por
moradores da cidade Fortaleza. 95% dos Frequentadores residem em
Fortaleza e Região Metropolitana em cidades como Maracanaú e Caucaia, e
5% residem em outros Estados como Rio de Janeiro e São Paulo, como mostra
o GRÁFICO 1.
57
Gráfico 01
55% dos frequentadores são do sexo feminino e 45% do sexo
masculino, como ilustra o gráfico abaixo .
Gráfico 02
Quanto ao grau de escolaridade dos frequentadores, o próximo gráfico
mostra que a maioria do público possui o ensino superior incompleto. 60% dos
frequentadores possuem o ensino superior incompleto, 15% possuem o ensino
médio, 10% possuem o ensino fundamental, 10% outros (não sabem ler e nem
escrever) e 5% possuem o ensino superior completo.
58
Gráfico 03
O gráfico a seguir se refere quanto à ocupação dos entrevistados.
Constatou-se que a maioria deles são estudantes. 70% dos entrevistados são
estudantes, 15% são funcionários públicos, 10% não tem profissão definida e
5% são funcionários de empresas particulares.
Gráfico 04
Os gráficos a seguir mostram quanto à satisfação sobre o Evento Dia 17
no TJA. A grande maioria dos entrevistados respondeu que estão satisfeitos
com o que foi visto e que o mesmo correspondeu as suas expectativas. 80%
disseram que as apresentações do Evento corresponderam suas expectativas,
59
15% disseram que as apresentações superaram suas expectativas e 5%
disseram que a apresentação vista no dia do evento ficou abaixo das suas
expectativas.
Gráfico 05
85% disseram que recomendariam esse evento para seus familiares e
amigos e 15% disseram que não recomendariam.
Gráfico 06
Quando perguntados se consideram o TJA e o Evento Dia 17 no Teatro
como atrativo turístico Cultural da cidade, a maioria dos entrevistados
respondeu que sim. 95% consideram o TJA e o Evento Dia 17 no TJA como
atrativo Turístico, como mostra o gráfico abaixo.
60
Gráfico 07
Com todas essas informações, foi constatado que, embora o Teatro não
seja valorizado como deve, pelo menos para os seus frequentadores, ele ainda
é considerado como um atrativo de lazer e cultura, que todos os que lá têm a
oportunidade de estar, consideram o mesmo como um local de lazer, cultura e
entretenimento, que, diante disso, sempre que podem se fazem presentes aos
eventos nele apresentados e que repassam boas informações para seus
conhecidos, o que faz crer que as artes cênicas e o evento Dia 17 no Teatro
ainda terá vida longa pelo menos se depender de seu público.
Ainda de acordo com a pesquisa realizada, na opinião dos
frequentadores quando questionados sobre os equipamentos, serviços e infra-
estrutura do TJA como acesso/localização, banheiros/elevadores, informações
aos frequentadores e dias e horários das apresentações teatrais, todos
disseram que acham ótimo ou bom.
Analisando os dados da pesquisa e a entrevista feita com a
Coordenadora de Assessoria e Apoio do TJA, os objetivos desse trabalho
foram prontamente respondidos e estão de acordo com o intuito inicial que era
de observar se o Evento se está sendo explorado de maneira que possa
satisfazer o potencial turístico do Theatro José de Alencar e mesmo do próprio
Evento Dia 17 no Teatro para o Turismo Cultural.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Turismo Cultural depende de vários fatores para que possa ser
realizado, correspondendo às expectativas de seus idealizadores,
colaboradores e usuários, pois diferente dos outros segmentos do Turismo, a
exemplo do turismo de sol e praia, que ainda é o mais procurado, necessita
que existam lugares apropriados, bem como patrimônios e um acervo de
informações, imagens e objetos para que se torne uma realidade.
O Turismo Cultural ainda é considerado como uma atividade de minorias
no Estado do Ceará, pois as pessoas que o procuram deseja entrar em contato
com a história, tradições e hábitos locais.
No estudo deste trabalho constatou-se que a arte do Teatro originou-se
com os colonizadores do Brasil. No Ceará, esta atividade enfrentou
adversidades com o passar dos anos na tentativa de se firmar e obter
reconhecimento nacional como o teatro do Rio de Janeiro e São Paulo.
A edificação centenária do Theatro José de Alencar, que oferece ao
público o Evento “Dia 17 no TJA”, representa para a cidade de Fortaleza e para
o Estado do Ceará, um marco da história e da cultura ao longo dos seus atuais
103 anos, completados em 2013, que enriquece, enche de orgulho as artes
cênicas e seus principais fomentadores e usuários.
Esse Evento possui como uma das características principais a
comemoração de desaniversário do Theatro José de Alencar. Ocorre nas
dependências do mesmo, é considerado de fundamental importância como
atrativo turístico para os Fortalezenses e turistas em geral.
O objetivo principal desenvolvido nesse trabalho que buscou analisar
como está sendo explorado hoje o potencial turístico cultural do Theatro José
de Alencar durante a realização do evento “Dia 17 no Teatro” em suas
dependências, foi alcançado, pois, o mesmo se encontra em plena atividade e
funcionamento. Já os demais objetivos abordados que eram: observar como se
encontra no momento, o reconhecimento e apoio ao turismo cultural em
Fortaleza, a partir de um de seus equipamentos culturais urbanos mais
importantes na cidade que é o TJA, foi, alcançado com êxito, já que todos os
entrevistados se disseram satisfeitos com a divulgação do evento e sua forma
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de condução; outro dos objetivos esclarecidos que era descobrir se a história
do Teatro no Ceará está sendo apresentada como referência básica para a
própria edificação do Theatro José de Alencar e no evento pesquisado,
também foi atendido de forma satisfatória; e, o último dos objetivos que era
constatar se a colaboração para o conhecimento relativo ao potencial do
turismo cultural no estado do Ceará estava de acordo com o proposto também
foi correspondida.
Desta forma, certificou-se a importância do Evento “Dia 17 no TJA” para
a sociedade fortalezense, turistas em geral e todos os demais interessados em
qualidade artística cultural e turística desta tipologia de evento, não importando
se são oferecidos de forma paga ou gratuita a todos que procuram programas
que correspondam as suas expectativas quanto à apreciação das artes.
63
REFERÊNCIAS
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64
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APÊNDICE
Questionário (visitantes)
1.Sua origem ?
Cidade ____________ Estado_____________
2.Sexo
( ) Feminino ( ) Masculino
3.Escolaridade
( ) Ensino fundamental
( ) Ensino médio
( ) Superior completo
( ) Superior incompleto
( ) Outros_______________
4.Qual a sua ocupação?
( ). Estudante
( ) Funcionário público(a)
( ) Funcionário empresa privado
( ) Outros____________________
5. Sobre a sua satisfação com o que viu no Theatro José de Alencar e o
Evento?
( ) Atendeu as suas expectativas
( ) Superou as suas expectativas
( ) Ficou abaixo das suas expectativas
6. Você recomendaria essa programação para familiares ou amigos?
( ) Sim ( ) Não
7.Você considera TJA e o Evento Dia 17 no Teatro como um atrativo
turístico?
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( ) Sim ( ) Não
8. Opinião sobre equipamentos, serviços e infraestrutura do no Theatro
José de Alencar: Acesso/ localização.
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
Banheiros/ Elevadores
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
Informações aos frequentadores
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
Dias e Horários das apresentações Teatrais
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim