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A UTILIZAO DO SENSORIAMENTO REMOTO NA IDENTIFICAO DE STIOSCOM POTENCIAL AO DESENVOLVIMENTO DO ECOTURSMO
Alfredo Arantes Guimares1
Universidade Federal de Gois Campus Catalo - GO - Brasil
Joo Donizete Lima2
Universidade Federal de Gois Campus Catalo - GO - [email protected]
INTRODUO
O Brasil, pas de dimenses continentais, possui uma infinidade de ambientes
propcios ao aproveitamento econmico por meio das atividades tursticas, porm afalta de incentivo e investimento para a estruturao deste setor no interior do pas
faz com que regies com considervel potencial turstico a ser aproveitado deixem
de produzir divisas e gerar empregos atravs desta fatia do mercado. Mesmo em
outras regies do Brasil, como o litoral, que recebe grandes divisas para a promoo
do turismo, o investimento em tecnologia de apoio ao turista, muitas vezes ainda
insipiente e no consegue atender demanda do turista.
Atualmente notria a importncia do turismo como atividade econmicapara o desenvolvimento de uma determinada rea. Entretanto, para queesta atividade seja bem sucedida, uma srie de elementos deve ser levadaem considerao, como investimentos de infra-estrutura de transporte,hotelaria, restaurantes, eventos e a organizao da informao turstica.Esta ltima possui uma importncia primordial, podendo ser trabalhada emduas vertentes distintas: planejamento turstico, visando fornecer subsdiospara o desenvolvimento turstico de uma localidade e orientao de turistas,voltada diretamente para o turista em visita a um stio. Desta forma, oespao geogrfico de interesse turstico, sua estrutura, funcionalidade edinmica devem ser retratados atravs de documentos cartogrficos quevisem facilitar a tomada de decises por parte dos planejadores do turismoe do prprio turista. (FERNANDES, MENEZES e SILVA, 2008, p. 01).
O planejamento para o desenvolvimento das atividades tursticas em uma
regio requer a existncia de dados sobre as infra-estruturas de apoio, os recursos
naturais, os pontos tursticos, entre outras informaes, como a localizao, o
estado de visitao e as especificidades de cada um destes locais.
O Plano Nacional de Turismo, desenvolvido pelo Ministrio do Turismo do
Brasil, descreve que as atividades tursticas podem ser uma importante ferramenta
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Discente do curso de Mestrado da Universidade Federal de Gois Campus Catalo GO.2 Docente do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Gois Campus Catalo GO.
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para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio3, particularmente com
relao erradicao da extrema pobreza e da fome, garantia de sustentabilidade
ambiental e ao estabelecimento de uma parceria mundial de desenvolvimento
scio-econmico (MINISTRIO DO TURISMO, 2007, p. 15).
O Ministrio do Turismo (2007, p. 16), descreve a importncia do investimento
nos estudos do setor atravs da consolidao de um sistema de informaes
tursticas que possibilite monitorar os impactos sociais, econmicos e ambientais da
atividade, facilitando a tomada de decises no setor e promovendo a utilizao da
tecnologia da informao como indutora de competitividade. No Plano Nacional de
Turismo 2007 2010, destaca-se ainda o Programa Sistema de Informaes do
Turismo, o qual prope a
inventariao da oferta turstica que compreende levantamento,identificao e registro dos atrativos, dos servios e equipamentos e dainfra-estrutura de apoio ao turismo como instrumento base de informaespara fins de planejamento e gesto da atividade. Esse projeto embasa-seem uma metodologia oficial para inventariar a oferta turstica no Pas,constituindo um banco de dados de abrangncia nacional. Prope umsistema de organizao das informaes, bem como a avaliao ehierarquizao dos dados de interesse turstico (MINISTRIO DOTURISMO, 2007, p. 63).
Na tentativa de entender a expanso do setor rumo ao interior do pas
necessria a realizao dos estudos de diagnstico do potencial turstico e a partir
deste o planejamento das atividades do setor. Desta forma, para dar sustentao ao
desenvolvimento do setor turstico no municpio de Monte Alegre de Minas - Minas
Gerais - Brasil, ser confeccionado um mapa do potencial turstico natural deste
municpio, a partir da identificao das feies naturais do terreno que propiciem o
aproveitamento turstico, mapeamento este que resultar tambm na construo de
um banco de dados que servir de base para o planejamento do setor turstico no
municpio.
3 O Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Brasil) estabeleceu os oito Objetivos de
Desenvolvimento do Milnio. At 2015, todos os 191 Estados-Membro das Naes Unidas, entre eles o Brasil,
assumiram o compromisso de:
1 Erradicar a extrema pobreza e a fome;
2 Atingir o ensino bsico universal;
3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;
4 Reduzir a mortalidade na infncia;
5 Melhorar a sade materna;
6 Combater o HIV/AIDs, a malria e outras doenas;7 Garantir a sustentabilidade ambiental;
8 Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento.
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O municpio de Monte Alegre de Minas MG, como demonstrado no mapa 1,
est localizado na macrorregio do Tringulo Mineiro no estado de Minas Gerais, em
uma regio de grande importncia logstica, no entanto a economia local est
baseada na agricultura e pecuria com a existncia de pequenas agroindstrias.
Mapa 1 - Localizao do municpio de Monte Alegre de Minas - MG.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), no ano
de 2010, o municpio possua 19.568 habitantes. Ainda segundo dados do IBGE, no
ano 2000 a populao era de 18.006 habitantes, sendo 70,4% residente em rea
urbana e 29,6% residente na zona rural do municpio, incluindo distritos e povoados.
O municpio est inserido na rea de duas bacias hidrogrficas, a saber: bacia do rio
Piedade e bacia do rio Tijuco, sendo uma rea de grande importncia ambiental,uma vez que grande parte das nascentes de ambas as bacias se encontram na rea
do municpio.
A escolha da rea de estudo se deu em funo do, empiricamente j
identificado, baixo aproveitamento turstico local, o que bastante contrastante
perante a existncia de belas paisagens, cachoeiras, lagos, entre outros locais de
potencial turstico desconhecido, que necessitam ser mensurados e mapeados,
visando o aumento da visitao turstica, o investimento do setor na regio, agerao de renda para a populao e o crescimento econmico do municpio.
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OBJETIVOS
O objetivo geral do trabalho o de utilizar o geoprocessamento como
ferramenta de diagnstico do potencial turstico natural, ou seja, identificar aqueles
locais cujas feies morfolgicas e condies ambientais propiciem o
aproveitamento turstico no municpio de Monte Alegre de Minas - MG.
Para a concretizao do objetivo geral, alguns objetivos especficos foram
traados:
Identificar os conceitos de turismo e as modalidades de atividades
tursticas existentes;
Analisar as polticas nacionais de fomento ao desenvolvimento das
atividades tursticas nos municpios brasileiros;
Demonstrar a utilidade do geoprocessamento como ferramenta de
planejamento, fomento e gesto do turismo;
Compreender de que maneira os dados histricos, polticos, scio-
econmicos, tursticos, culturais e ambientais, podem subsidiar uma
proposta de turismo para o municpio;
Mapear as atuais condies ambientais do municpio;
Levantar e caracterizar os stios com potencial aproveitamento s
atividades tursticas relacionadas s feies naturais do ambiente, na
regio de estudo;
Montar um de um banco de dados espaciais com todas as informaes
tursticas para a rea de estudo;
Confeccionar o mapa turstico pictrio para o municpio de Monte Alegre de
Minas - MG.
Na expectativa de que possam ser alcanados todos estes objetivos
especficos, a existncia de dados sobre a infra estrutura existente e as potenciais
atividades tursticas, relacionadas s feies naturais do ambiente, que podero ser
desenvolvidas, proporcionaro uma avaliao da realidade, demonstrando suas
potencialidades e suas deficincias estruturais no setor, permitindo o planejamento e
o investimento a mdio e longo prazo para suprir as necessidades prioritrias
visando o desenvolvimento do setor turstico no municpio em questo.
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METODOLOGIA
Para alcanar os objetivos deste estudo esto sendo utilizadas metodologias
que englobam prticas de reviso bibliogrfica, trabalhos em laboratrio para aconfeco dos mapas e sadas a campo. Em uma primeira etapa foi realizado um
levantamento bibliogrfico sobre os temas base deste estudo. Aps este momento,
deu-se inicio s atividades de mapeamento da rea. Nesta etapa esto sendo
organizados os mapas base para a elaborao do mapa do potencial turstico local.
O mapeamento preliminar j nos permite identificar algumas reas alvo da
pesquisa, onde a ocorrncia de paisagens de grande valor cnico, derivadas das
feies morfolgicas do terreno, podem ser identificadas. Esta identificao inicialdas reas alvo, foi realizada com a elaborao e anlise dos mapas bsicos de
geologia, de declividade e o mapa das unidades geomorfolgicas. Somado estes
mapas bsicos, ainda ser concludo o mapa de ocupao da terra e cobertura
vegetal, que permitir identificar os padres de uso e ocupao da terra.
Para a elaborao dos mapas bsicos, foram utilizadas bases cartogrficas
disponibilizadas pela Empresa de Pesquisa Energtica (EPE) e as imagens do
satlite TERRA, especificamente do sensor ASTER (Advanced Spaceborne Thermal
Emission and Reflection Radiometer).
Aps esta etapa de mapeamento inicial, com a identificao das reas alvo de
pesquisa, ser realizado o cruzamento de todos estes mapas bsicos, com o
objetivo de identificar as reas onde ocorrem paisagens de alto valor cnico, como
vales encaixados, chapades, quedas dgua, dentre outras formas de relevo, cujo
potencial para implementao de atividades tursticas seja identificado. A partir da
identificao destas reas, em uma terceira etapa, sero realizados os
levantamentos de campo utilizando aparelho GPS e mquina fotogrfica, para aferir
os mapeamentos realizados e coletar novas informaes de relevncia ao estudo.
Aps os levantamentos de campo, os dados coletados passaro por
tratamento para a construo de um banco de dados com diversas informaes
georreferenciadas sobre as caractersticas naturais, os pontos tursticos existentes e
em potencial, as estruturas de apoio, as vias de acesso, dentre outras informaes
que permitiro a finalizao da elaborao dos mapas base e a construo do mapa
turstico (pictrico) do municpio de Monte Alegre de Minas - Minas Gerais - Brasil.
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RESULTADOS
Os primeiros resultados foram obtidos a partir do levantamento bibliogrfico
sobre os temas base de estudo, em especfico a discusso sobre a categoria de
anlise geogrfica paisagem. Como resultado preliminar da pesquisa, somado
esta discusso, para cada mapa bsico elaborado foram identificadas as reas
centrais com potencial para o aproveitamento turstico. Posteriormente, a partir do
cruzamento destes, ser realizada a identificao pormenorizada dos stios,
avaliando a fragilidade ambiental e a potencialidade de cada local, resultando em um
mapa turstico final do municpio.
Como dito anteriormente, o foco deste trabalho realizar, atravs do
geoprocessamento, o diagnstico do potencial turstico natural, ou seja, identificar e
caracterizar os locais cujas feies ambientais propiciem o aproveitamento turstico,
o que faz da categoria geogrfica paisagem o foco de anlise desta pesquisa.
O dicionrio Aurlio (FERREIRA, 1993, p.1247) descreve o significado da
palavra paisagem da seguinte maneira: "paisagem. [Do fr. paysage] S. f. 1. Espao
de terreno que se abrange num lance de vista. 2. Pintura, gravura ou desenho que
representa uma paisagem natural ou urbana:As paisagens de Ruysdal descortinam
vastos horizontes."
Segundo Gomes (1996, p.231) "no caso da geografia, o evidente e o imediato
esto na paisagem; [...] A paisagem concebida por Sauer como uma associao
de formas, fsicas e culturais, o resultado de um longo processo de constituio e
diferenciao de um espao."
A origem do conceito cientfico de paisagem est relacionada com as
expedies europias realizadas na Amrica e em outros continentes nossculos XVIII e XIX. Pode-se atribuir o primeiro uso geogrfico desteconceito ao cientista e viajante Alexander von Humboldt, cuja viagem Amrica Latina, realizada entre 1799 e 1804 constitui, ela mesma, umaespcie de ato fundador da Geografia moderna. O interessante aqui notarque o conceito de paisagem acompanha a Geografia desde o princpio,constituindo-se numa preocupao bsica dos primeiros tempos destacincia. (POZZO e VIDAL, 2010, p.111).
A utilizao do termo paisagem pelos naturalistas do sc. XVIII em suas
viagens pelo mundo, "d ensejo formulao de estudos comparativos que so a
base da Geografia moderna, como demonstra o trabalho pioneiro de Humboldt sobre
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a Geografia das plantas, baseado em observaes efetuadas em distintas latitudes e
altitudes." (POZZO e VIDAL, 2010, p.114).
Apesar do rigor cientfico, ainda notvel entre estes viajantes a influnciado romantismo, equivale dizer, de uma paisagem exterior em ntima relaocom a vida interior do indivduo, causadora de determinadas emoes. Aesttica (do grego stesis: sensao, sentimento) da paisagem toimportante quanto a descrio de suas formas, refletindo a busca de umaunio entre cincia e arte, esferas que o mundo moderno, entretanto,colocava em crescente oposio [...]. (POZZO e VIDAL, 2010, p.114).
O valor esttico de uma paisagem, alm do carter cientfico ou mesmo da
arte, tem o carter ou potencial de proporcionar o aproveitamento turstico de
determinado local, pois como colocado por Tuan (1980, p.106) "os meios pelos quais
os seres humanos respondem ao meio ambiente [...] podem variar desde a
apreciao visual e esttica at o contato corporal".
Ainda segundo Tuan (1980, p.107), a resposta do ser humano dada ao meio
ambiente "pode ser basicamente esttica: em seguida, pode variar do efmero
prazer que se tem de uma vista, at a sensao de beleza, igualmente fugaz, mas
muito mais intensa, que subitamente revelada. A resposta pode ser ttil: o deleite
ao sentir o ar, gua, terra." So estas as sensaes que os pontos tursticos
identificados durante o processo de pesquisa devem despertar no observador.
Segundo Santos (1988, p.21) "tudo aquilo que ns vemos, o que nossa viso
alcana, a paisagem. Esta pode ser definida como o domnio do visvel, aquilo que
a vista abarca. No formada apenas de volumes, mas tambm de cores,
movimentos, odores, sons etc."
A dimenso da paisagem a dimenso da percepo, o que chega aossentidos. Por isso, o aparelho cognitivo tem importncia crucial nessaapreenso, pelo fato de que toda nossa educao, formal ou informal, feita de forma seletiva, pessoas diferentes apresentam diversas verses do
mesmo fato. [...]. A percepo sempre um processo seletivo deapreenso. Se a realidade apenas uma, cada pessoa a v de formadiferenciada; dessa forma, a viso pelo homem das coisas materiais sempre deformada. (SANTOS, 1988, p.22).
"A paisagem artificial a paisagem transformada pelo homem, enquanto
grosseiramente podemos dizer que a paisagem natural aquela ainda no mudada
pelo esforo humano." (SANTOS, 1988, p.23).
Embora conhecida como entidade intrinsecamente subjetiva, a paisagemganha ateno para seu estudo, na dcada de 60 do sculo XX, com
Bertrand, quando a situa dentro da proposta de uma geografia fsica global,
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deixando de lado a abordagem separativa tradicional, ensejando umageografia comprometida com a busca do todo concreto.Assim, a paisagem assume um carter cientfico, deixando de ser apenas oque se v, uma simples adio de elementos geogrficos dispares(MARTINELLI E PEDROTTI, 2001, p.41).
Baseado em todas estas concepes do termo paisagem, nota-se que apaisagem um recorte espacial, delimitado pelo campo de viso humana, que
possui formas naturais e artificiais e que esto sujeitas aos agentes de modificao,
sejam eles naturais (endgenos e exgenos) ou antrpicos, os quais conferem
paisagem uma evoluo constante.
A parte inicial de identificao das reas centrais, onde posteriormente ser
realizada uma anlise pormenorizada de cada local, foi realizada atravs do
cruzamento de bases cartogrficas j existentes como as unidades geomorfolgicas,a geologia e a declividade em toda a rea do municpio de Monte Alegre de Minas.
A partir de uma caracterizao geolgica, podemos delimitar reas
importantes do ponto de vista turstico, principalmente nos contatos entre as
formaes geolgicas, sendo comum a mudana do padro de relevo nestes locais.
Em uma escala geral, a rea de estudo faz parte de um conjunto global de
relevo denominado por Ab' Saber (1971) como "Domnio dos Chapades Tropicais
do Brasil Central" e pelo projeto RADAM (1983) como "Planalto e Chapadas da
Bacia Sedimentar do Paran", inserida na sub-unidade "Planalto Setentrional da
Bacia Sedimentar do Paran". (BACCARO, 1991).
Neste contexto geral, a regio do Tringulo Mineiro como um todo teria
sofrido em tempos passados, uma srie de eventos tectnicos, dando origem s
litologias Pr-Cambrianas (Arqueano e Proterozico) do Grupo Arax, do Grupo
Canastra e Bambu, s manifestaes magmticas pelo extravasamento das lavas e
intruses gneas da Formao Serra Geral (Grupo So Bento) e posteriormente, ao
processo de sedimentao do Grupo Bauru. (BACCARO, 1991).
Segundo Tomazzoli (1990), a era Mesozica foi caracterizada, no Brasil
central, por ocorrncia de vulcanismo basltico-toletico generalizado e, aps este,
por vulcanismo alcalino localizado. Estes derrames, que abrangeram reas
continentais, so representados, na Bacia do Paran, pelos basaltos da Formao
Serra Geral, muito comuns na rea de estudo. Cessado a ocorrncia de vulcanismo,
formaram-se, no final do perodo Cretceo, as bacias sedimentares de propores
continentais, entre elas a Bacia Bauru, onde se depositaram, por vastas reas,
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arenitos associados ao vulcanismo.Na era Cenozica a ocorrncia de epirognese
positiva resultou em pelo menos duas superfcies de aplainamento, muito marcantes
no relevo dos chapades e tabuleiros do Brasil central.
Feltran Filho (1997, apud Soares, 2002) diz que, entre o Devoniano e o
Jurssico a bacia do Paran sofreu grandes transformaes, proporcionadas por
intenso derrame basltico. Aps o vulcanismo, a plataforma sul-americana passa por
arqueamentos no Brasil. O SAP - Soerguimento do Alto Paranaba - e o Arco Bom
Jardim de Gois proporcionaram a formao de um embaciamento onde se
depositaram, no Cretceo, os sedimentos do Grupo Bauru. O SAP e o conseqente
basculamento da regio do Tringulo Mineiro e Alto Paranaba teriam orientado a
organizao da rede de drenagem atual, rumo ao vale do Paranaba.
A geologia na rea de estudo, como demonstrado no mapa 2, representada
pelos arenitos da Bacia Bauru, em especfico as formaes do Vale do Peixe, Marlia
e uma pequena faixa de Cobertura Detrito-Laterticas, alm dos derramamentos
baslticos da Formao Serra Geral.
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Mapa 2 - Mapa Geolgico do municpio de Monte Alegre de Minas - MG.
De forma geral, os contatos existentes entre as unidades geolgicas so as
reas alvo para uma posterior anlise pormenorizada, pois so nestas reas onde
se tm uma mudana na morfologia das paisagens. Alm destas reas cabedestaque a toda a rea onde o cursos hdricos correm sobre o basalto da formao
Serra Geral, pois so nestas reas onde os rios se desenvolvem em corredeiras e
com a possibilidade de presena de cachoeiras, formando belas paisagens.
As reas de contato geolgico, na grande maioria das vezes no so visveis,
uma vez que raramente ocorrem sob a superfcie, porm estes locais so facilmente
localizados por reas contnuas de mudana na morfologia do terreno, como
ilustrado no mapa 3, nas reas de maior declividade.
Mapa 3 - Mapa de Declividade do municpio de Monte Alegre de Minas - MG.
A partir deste mapa de declividade, tambm possvel localizar stios com
alto potencial de aproveitamento turstico, representados no mapa pelas reas com
declividade acentuada e que no terreno podem ocorrer sob a forma de vales
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encaixados, com a possibilidade de presena de cachoeiras e sob a forma de
escarpas nas reas limite dos chapades com os vales fluviais, o que tambm pode
ser evidenciado no mapa 4, que representa as unidades geomorfolgicas,
presentes na rea de estudo.
Mapa 4 - Mapa Geomorfolgico do municpio de Monte Alegre de Minas - MG.
No mapa Geomorfolgico possvel demonstrar com clareza, parte das reas
alvo a serem posteriormente caracterizadas em detalhes pormenorizados. Estasreas esto representadas no mapa dois pelas unidades geomorfolgicas de Vales
e de Morros, serras e montanhas, locais estes onde se encontram grande parte das
belas paisagens da regio, sob a forma de vales encaixados, cachoeiras,
corredeiras, alguns lagos de usinas hidreltricas, alm da vegetao arbrea semi-
decidual ainda preservada nas reas mais ngremes do relevo.
Baseando-se nestes mapas bsicos iniciais, possvel inferir algumas reas
alvo para um mapeamento em maior escala de detalhe dos stios tursticos
existentes, o que ser realizado aps a finalizao do mapa de cobertura da terra e
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o cruzamento entre todos estes mapas bsicos, para localizao dos pontos a
serem visitados e caracterizados em campo.
CONCLUSO
A identificao das reas alvo e posteriormente o cruzamento dos mapas
bsicos, com a elaborao do mapa turstico, permitir a identificao das paisagens
de elevado valor cnico e com grande potencial turstico a ser explorado pela
populao atravs da contemplao, contato e percepo destes locais.
Segundo Magro (2002, p.144) a percepo da paisagem " relacionada com
uma vista panormica onde a imagem da vegetao, rios, lagos, montanhas,
animais e pessoas, numa combinao com condies climticas especiais formam
um todo" variando de acordo com o campo de percepo, "conforme a posio do
observador e a configurao morfoescultural do terreno e respectivo arranjo de seus
volumes, proporcionando grande diversidade s suas imagens." (MARTINELLI E
PEDROTTI, 2001, p.40).
A tendncia espontnea de qualquer observador galgar uma posioelevada para obter maior amplitude na sua abrangncia visual. Deixando o
nvel do cho, o olho ganha mais campo, porm perde a riqueza das visespossveis ao levar em conta o ponto de vista, a profundidade do campo como arranjo dos planos verticais dos volumes. Ao atingir a viso quase vertical,area, at zenital, a paisagem torna-se praticamente a imagem fornecidapor uma fotografia area. Apesar de perder particularidades, essa visoganha em termos de conjunto na percepo sintica. (MARTINELLI EPEDROTTI, 2001, p.40)
A paisagem, enquanto campo de percepo espacial da viso humana,
"determinada por atributos naturais da geomorfologia, clima, uso da terra e tambm
pela prpria percepo do que vemos. Historicamente, a paisagem tm sido [...]
modificada pela ao do homem fazendo com que os elementos naturais seja cada
vez mais raros." (MAGRO, 2002, p.144).
Na vida moderna, o contato fsico com o prprio meio ambiente natural cada vez mais indireto e limitado a ocasies especiais. Fora da decrescentepopulao rural, o envolvimento do homem tecnolgico com a natureza mais recreacional do que vocacional. O circuito turstico, atrs das janelasde vidro raiban, separa o homem da natureza. De outro lado, em certosesportes como esqui aqutico e alpinismo, o homem entra em contatoviolento com a natureza. O que falta s pessoas nas sociedades avanadas(e os grupos hipies parecem procurar) o envolvimento suave, inconsciente
com o mundo fsico, que prevaleceu no passado, quando o ritmo da vida eramais lento e do qual as crianas ainda desfrutam. (TUAN, 1980, p.110).
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De acordo com Cristvo (2002, p.83) o "valor simblico dos campos e da
natureza tem crescido medida do desenfreado ritmo de crescimento urbano que
marcou o sculo XX e segundo Tuan (1980, p.118), a medida que "uma sociedade
alcana um certo nvel de desenvolvimento e complexidade, as pessoas comeam a
observar e apreciar a relativa simplicidade da natureza."
As grandes metrpoles, tornaram-se espaos onde o contato com a natureza
mnimo, a relao social entre as pessoas quase no existe e a violncia cada
vez maior, criando-se paisagens cada vez mais insalubres e no sociveis,
diferentemente das reas rurais, onde "o contato com a natureza e as culturas
tradicionais, traduzem-se numa revalorizao social do rural e do local e induzem
uma busca do singular, do especfico, do autntico. O espao rural ganha, por este
meio, um crescente valor simblico [...]." (CRISTVO, 2002, p.85).
A influncia que os recursos naturais, na sua forma mais primitiva, exercemsobre as pessoas relevante e determina a seleo do que se quer ou nopara si. A opo pode ser de aproximao ou ao contrrio de rejeio,dependendo do perfil e das experincias anteriores experimentadas. Emgeral as pessoas querem e buscam experincias no meio rural onde tenhamum maior contato com o ambiente natural e de preferncia possam testar asi prprias e superar limites. (MAGRO, 2002, p.142).
"A satisfao nasce da expectativa, da procura do prazer, que se situa na
imaginao. Os turistas no consomem lugares ou olhares [...], mas atravs dos
lugares e dos olhares buscam a realizao de um desejo que os transcende e povoa
sua imaginao." (STEIL, 2002, p.65).
A satisfao que o turista busca na convivncia com o ambiente natural o
que motiva esta pesquisa e atravs da identificao dos stios com elevado potencial
turstico natural e divulgao perante os gestores municipais, a populao tem novas
opes de lazer e convvio com o ambiente natural, muitas vezes distante no dia a
dia dos ambientes urbanos.
REFERNCIAS
BACCARO, C. D. Unidades Geomorfolgicas do Triangulo Mineiro EstudoPreliminar. In: Revista Sociedade & Natureza, Uberlndia, n 5 e 6: 3742,dezembro de 1991.
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8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes
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