CLORITÓIDE – (Fe2+,Mg,Mn)2(Al,Fe3+)Al3O2(SiO4)2(OH)4 O cloritóide é um nesosilicato relativamente raro, característico de alguns tipos específicos de rochas metamórficas. Não possui importância econômica.
O mineral integra o Grupo do Cloritóide e forma uma série com a carboirita (FeAl2(GeO4)O(OH)2), um nesosilicato triclínico extremamente raro que ocorre em apenas uma localidade no mundo (França). O cloritóide é triclínico (pinacoidal) e, através de maclas, adquire a simetria monoclínica (prismática). Pode formar cristais pseudo-hexagonais.
“Sismondina” é um sinônimo para cloritóide. “Masonita” é uma variedade formada por um cloritóide impuro. “Ottrélita” é um nome atribuído originalmente a uma variedade de cloritóide rica em Mn, mas hoje designa um outro mineral do Grupo do Cloritóide, que também típico de rochas metamórficas de grau baixo a médio.
1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem
Ver acima Verde escuro a verde cinza, pode ser quase
preto.
Tabular fino a espesso, agregados maciços.
Raramente pseudohexagonal.
{001} perfeita {110} boa Tenacidade
Quebradiço
Maclas Fratura Dureza Mohs Partição
Comuns {001}, polisintéticas
Irregular 6,5 Em {010}
Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)
Branco, cinza, algo esverdeado
Vitreo, perláceo nas clivagens
Transparente 3,4 – 3,8
2. Geologia e depósitos:
Ocorre tipicamente em rochas metamórficas pelíticas de metamorfismo regional de grau baixo a médio, como filitos e xistos, da fácies xistos verdes até a zona da estaurolita inferior.
Pode ocorrer em veios de quartzo com carbonato.
Também em glaucofano xistos e como mineral essencial em metabauxitas (diasporitas).
3. Associações Minerais:
Associa-se a quartzo, albita, clorita, biotita, granada (almandina), rutilo e glaucofano.
Pode ocorrer com estaurolita, cianita, granada (almandina), yttrocrasita-(Y), pirofilita, turmalina (dravita), piemontita e paragonita.
Nunca ocorre junto a stilpnomelano.
4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:
Índices de refração: nα: 1,713 – 1,730 nβ: 1,719 – 1,734 nγ: 1,723 – 1,740
ND Cor / pleocroísmo: Raramente é incolor. Geralmente com pleocroísmo de moderado a forte entre
X = incolor, cinza esverdeado, verde oliva, verde azulado,
Y = azul-cinza, azul índigo, azul-verde e
Z = incolor a amarelo-esverdeado a marrom esverdeado.
Relevo: alto
Clivagem: {001} perfeita e {110} boa, normalmente não são visíveis em lâmina delgada.
Hábitos: tabular, agregados foliados, zonação em ampulheta pode ocorrer, muitas inclusões (de quartzo) são típicas. Euédrico, porfiroblástico, lamelar, radial, hábitos semelhantes às micas. Raramente cristais pseudohexagonais. Lembra muito a clorita, mas o relevo é muito mais alto. Pode estar zonado com núcleos mais escuros e bordas mais claras.
NC Birrefringência e cores de interferência:
birrefringência de até 0,010: cores de interferência de 1ª ordem até no máximo amarelo palha. Cores de interferência anômalas de 1ª ordem (cinzentas) são comuns. Zonação de cores é comum. Seções basais são aproximadamente isótropas.
Extinção: tende a oblíqua. Na forma triclínica, extinção oblíqua de 20º. Na forma monoclínica, extinção paralela segundo o eixo b.
Sinal de Elongação: SE(-)
Maclas: simples ou lamelares ou polisintéticas paralelas à clivagem, comuns segundo {001}. Maclas podem ser tríplices (“triplets” ou “trillings”) gerando uma simetria pseudohexagonal.
Zonação: frequentemente zonado com cores mais escuras no núcleo e cores mais claras nas bordas. Pode mostrar zonação em ampulheta (“hourglass”).
LC Caráter: normalmente B(+), pode ser B(-) Ângulo 2V: 36-70º, com alguns valores discrepantes.
Alterações: altera a clorita, sericita e óxidos e hidróxidos de ferro. Sob metamorfismo regional progressivo é substituído por estaurolita, almandina (granada) e hercynita (espinélio). Pode apresentar cloritização retrógrada e/ou alteração para limonita e/ou caulinita.
Pode ser confundida com: poucos outros minerais, já que o pleocroísmo em tons de verde ou em verde e azul forte é muito diagnóstico.
Biotita verde e stilpnomelano possuem birrefringência mais alta, uma clivagem perfeita sempre visível e extinção paralela (mosqueada na biotita e não-mosqueada no stilpnomelano).
Clorita possui relevo mais baixo, birrefringência mais baixa e extinção quase paralela.
Duas feições diagnósticas que o cloritóide pode apresentar: à esquerda, a ND, zonação em ampulheta. À direita, a NC, maclas lamelares, simples a polisintéticas (lembram as maclas dos plagioclásios).
Cristais idiomórficos (porfiroblásticos) de cloritóide em muscovita-quartzo-xisto. À esquerda, a ND, apresenta discreto pleocroísmo em verde, pode haver zonação em ampulheta. À direita, a NC, apresenta cores de interferência anômalas, algo mascaradas pela cor verde do mineral. Além disso, podem ocorrer maclas simples e polisintéticas bem definidas.
A NC, à esquerda, cloritóide com macla simples. À direita, também a NC, dois cristais intercrescidos mostrando maclas polisintéticas. A ND estas maclas não são visíveis.
Agregados fibrosos de cloritóide a ND (à esquerda) e a NC (à direita). A ND percebe-se um nítido pleocroísmo entre quase incolor e cinza azulado. A NC a cor de interferência é cinza, a extinção oblíqua e o SE(-). A Luz Convergente apresenta-se B(+).
Agregado grande de cloritóide a ND (esquerda) e a NC (direita). A ND a cor verde com discreto pleocroísmo é muito típica. A NC as cores de interferência fortes, ainda muito impactadas pela cor própria do mineral, são diagnósticas. Cores anômalas podem ocorrer.
A NC, agregado grande de cloritóide com cores de interferência anômalas, cinza azuladas a cinza claras.
A NC, maclas de corrugação em cloritóide.
Agregado de cloritóide a ND (esquerda) e a NC (direita). Diagnósticos são, a ND, as cores discretamente esverdeadas, o relevo médio a alto e o pleocroísmo fraco. A NC, cores esverdeadas e anômalas são características.
Agregado radial de cristais de cloritóide, maclados, a ND (esquerda) e a NC (direita). Pode desenvolver-se um agregados com alguns cristais paralelos ou um agregado em leque ou, como aqui, radial.
A ND, dois cristais de cloritóide no centro da imagem, mostrando duas cores de pleocroísmo que podem ocorrer: à esquerda com um tom cinza-esverdeado e à direita com um tom definido para azul
Cloritóide com desenvolvimento excepcional em rocha metamórfica, com sillimanita, cordierita, muscovita, magnetita e outros. Esquerda: a ND, apresenta forte pleocroísmo entre azul esverdeado e verde amarelado claro. Direita: a NC, apresenta cores entre cinza azulado claro e azul escuro profundo.
Dois grãos de cloritóide a ND com pleocroísmos em cores diferentes. Às vezes a cor continua quase a mesma, às vezes muda um pouco e às vezes muda bastante.
Os mesmos dois grãos de cloritóide das imagens acima, mas agora a NC. Alguns grãos mostram uma cor de interferência azul profunda intensa, outros apenas um cinza azulado.
5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:
A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a identificação do cloritóide. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a identificação dos minerais opacos que ocorrem associados ao cloritóide.
Preparação da amostra: o cloritóide adquire um bom polimento sem dificuldade.
ND Cor de reflexão: Cinza claro, aproximadamente a mesma cor de quartzo e feldspatos.
Pleocroísmo: Não
Refletividade: Baixa (<<10%) Birreflectância: Não
NC Isotropia / Anisotropia: Não se percebe anisotropia.
Reflexões internas: Generalizadas em tons verde escuros, diretamente proporcionais à espessura do grão no ponto considerado: quanto mais fino, mais claras. Grãos espessos tem reflexões tão escuras que parecem pretas. É necessária uma luminosidade intensa para perceber os tons verdes.
Pode ser confundida com: anfibólios e piroxênios espessos e de cores escuras com um tom de verde. A forma de porfiroblastos de cloritóide é diagnóstica, as maclas e a zonação em ampulheta também. Na ausência destas feições é muito difícil identificar o cloritóide.
Clivagem não é visível.
Maclas não são visíveis.
Zonação em ampulheta é fácil de reconhecer, quando ocorre.
Versão de março de 2020
Porfiroblasto de cloritóide um mica-xisto a ND (esquerda) a NC (direita). A ND salta à vista o excelente polimento do cloritóide em contraste com o polimento pobre da rocha, de granulação muito fina. A NC as tonalidades verdes são facilmente visíveis e a zonação em ampulheta também.