UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS CAMPUS ITAJAÍ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ SETOR DE MONOGRAFIAS
CONDOMÍNIO HORIZONTAL OU EDILÍCIO: DESPESAS CONDOMINIAIS DAS ÁREAS COMUNS DE USO
EXCLUSIVO
LUIS CARLOS FERMINO JUNIOR
Itajaí/SC, 06/06/2011
DECLARAÇÃO
DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA PÚBLICA EXAMINADORA
ITAJAÍ, ____ DE ____________ DE 2011.
________________________________ Professor(a) Orientador(a)
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS CAMPUS ITAJAÍ CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA – NPJ SETOR DE MONOGRAFIAS
CONDOMÍNIO HORIZONTAL OU EDILÍCIO: DESPESAS CONDOMINIAIS DAS ÁREAS COMUNS DE USO
EXCLUSIVO
LUIS CARLOS FERMINO JUNIOR
Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel
em Direito. Orientador: Professor Msc. Jefferson Custódio Prósp ero
Itajaí/SC, 06/06/2011
AGRADECIMENTO
Agradeço, primeiramente, aos meus Pais, pois, devido a eles, esta etapa é cumprida. Agradeço ao
meu orientador por ter me auxiliado no desenvolvimento deste trabalho e a todos que, direta
ou indiretamente, me ajudaram e apoiaram nesta caminhada.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus Pais, que, por muitas vezes, se sacrificam com o fim de exercer o
verdadeiro significado das palavras “Pai” e “Mãe”. Também, aos meus caros e festejados amigos
conquistados durante o curso
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do
Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de
toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Itajaí/SC, 06/06/2011
Luis Carlos Fermino Junior Graduando
PÁGINA DE APROVAÇÃO
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do
Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Luis Carlos Fermino Junior, sob o título
Condomínio Horizontal ou Edilício: despesas condominiais das áreas comuns de uso
exclusivo, foi submetida em 06/06/2011 à banca examinadora composta pelos
seguintes professores: Professora Msc Fernanda Sell Couto Goulart, Professora Msc
Marisa Schmidt Siqueira Mendes e Professor Msc Jefferson Custódio Próspero, e
aprovada com a nota ___ (______).
Itajaí/SC, 06/06/2011
Professor Msc Jefferson Custódio Próspero Orientador e Presidente da Banca
_________________________________ Coordenação da Monografia
SUMÁRIO
RESUMO......................................................................................... VIII
INTRODUÇÃO ....................................................................................9
CAPÍTULO 1 ......................................... ............................................12
O CONDOMÍNIO...............................................................................12
1.1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA................... ........................................ 12
1.2 CONDOMÍNIO EM EDIFÍCIO OU PROPRIEDADE HORIZONTAL............... 15
1.2.1 SÍNTESE HISTÓRICA................................................................................. 15 1.2.1.1Histórico legislativo brasileiro ............ ...............................................................17
1.3 CONCEITO E DENOMINAÇÃO......................... ............................................ 19
1.4 NATUREZA JURÍDICA.............................. .................................................... 21
1.5 OBJETO DO CONDOMÍNIO........................... ............................................... 23 CAPÍTULO 2 ......................................... ............................................26
DO EXERCÍCIO EM CONDOMÍNIO..................................................26
2.1 DA INSTITUIÇÃO E CONSTITUIÇÃO DO CONDOMÍNIO.... ........................ 26
2.1.1 DA ESPECIFICAÇÃO DO CONDOMÍNIO............................................................... 27
2.2 DA CONVENÇÃO DO CONDOMÍNIO..................... ...................................... 29
2.3 DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS .............................................. 36
2.4 DAS PARTES PRIVATIVAS OU EXCLUSIVAS E DAS PARTE S COMUNS 42
2.5 DA EXTINÇÃO DO CONDOMÍNIO HORIZONTAL ........... ............................ 46 CAPÍTULO 3 ......................................... ............................................50
vii
DAS DESPESAS ....................................... .......................................50
3.1 DO CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA ................ .................................... 50
3.2 DA RESPONSABILIDADE PELAS DESPESAS............. .............................. 52
3.3 DAS DESPESAS ORDINÁRIAS........................ ............................................ 55
3.4 DAS DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS................... ..................................... 58
3.5 DAS DESPESAS RELATIVAS AS ÁREAS COMUNS DE USO E XCLUSIVO60 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................... ...............................67
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS...................... .....................70
RESUMO
A presente monografia tem por objeto a questão das despesas
das áreas comuns de uso exclusivo nos denominados c ondomínio edilício : um
estudo a partir da doutrina e legislação buscando definir a quem pertence a
obrigação condominial de suportar as despesas relativas as áreas comuns. Para
tanto, buscou-se na doutrina as naturezas jurídicas tanto do instituto do Condomínio
Edilício ou Horizontal, como de suas partes e despesas inerentes. Procura, também,
definir a forma de regulamentação para atribuição dos obrigados a arcar com tais
despesas, enfocando as diferenças existentes entre elas e a quem elas atingem. Por
fim, propõe o presente trabalho, esclarecer a quem recai a obrigação de suportar as
despesas desprendidas às áreas que, em tese, a todos aproveita, contudo, apenas
por alguns são utilizadas.
INTRODUÇÃO
A presente Monografia tem como objeto as despesas
condominiais das áreas comuns de uso exclusivo.
O seu objetivo é geral é investigar, analisar e determinar a
quem compete a responsabilidade sobre as despesas comuns de uso exclusivo nos
condomínios edilícios, sendo este trabalho um requisito parcial à obtenção do grau
de Bacharel em direito, submetido à Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI.
Importante esclarecer, neste momento, que as categorias
fundamentais para a monografia, bem como os seus conceitos operacionais serão
apresentados no decorrer da monografia.
Com efeito, pretende-se, com este trabalho, delimitar a
responsabilidade dos proprietários de unidades imobiliárias, dispostas em
condomínio edilício, sobre as despesas que estes devem suportar, determinando a
quantia que cabe a cada um, evitando enriquecimento de um em detrimento de
outro.
Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando de apresentar
as linhas gerais da propriedade horizontal ou edilícia, diferenciando-a do
Condomínio Geral. Apresenta também, uma breve sinopse histórica da sua
existência bem como seu reconhecimento legal.
Prosseguindo e encerrando o capítulo, se apresenta os
conceitos e as denominações, bem como a natureza jurídica e o objeto deste
instituto.
No Capítulo 2, tratar-se-á de apresentar a criação, o
nascimento do condomínio edilício no âmbito jurídico, bem como as relações de
vizinhança e sua regulamentação interna, trazendo os direitos e deveres que do
condomínio horizontal se aproveitam.
10
Encerra-se o capítulo apresentando as formas legais existentes
para extinção deste tipo de propriedade.
No Capítulo 3, tratar-se-á de apresentar propriamente as
despesas condominiais: seu conceito e natureza jurídica, bem como os tipos de
despesas existentes na propriedade horizontal
Por fim, se explana a responsabilidade dos condôminos para
suportar tais despesas, enfatizando-se aquelas destinadas as áreas de acesso livre
a todos, mas que apenas alguns aproveitam.
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados,
seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre o
Condomínio Edilício.
Para a presente monografia foram levantadas as seguintes
hipóteses:
1ª Hipótese: O condomínio edilício ou horizontal se compõe de
suas diversas unidades com proprietários diversos, sendo exercida uma comunhão
entre eles sobre o bem.
2ª Hipótese: Após a constituição do condomínio a Convenção e
o Regimento Interno regularão os direitos e deveres dos condôminos delimitando a
destinação de suas áreas, bem como a forma de utilização e sua manutenção.
3ª Hipótese: Os condôminos devem arcar com as despesas
que lhe sejam inerentes, ante individualização das despesas relativas ao seu
sustento e sua família não devendo arcar com as facilidades e luxos dos demais,
mesmo que na mesma estrutura física.
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de
Investigação1 foi utilizado o Método Indutivo2, na Fase de Tratamento de Dados o
1 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente
estabelecido [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed. Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium Editora, 2008. p. 83.
2 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção
11
Método Cartesiano3, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia
é composto na base lógica Indutiva.
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas
do Referente4, da Categoria5, do Conceito Operacional6 e da Pesquisa Bibliográfica7.
ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 86.
3 Sobre as quatro regras do Método Cartesiano (evidência, dividir, ordenar e avaliar) veja LEITE, Eduardo de oliveira. A monografia jurídica . 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 22-26.
4 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 54.
5 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 25.
6 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 37.
7 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 209.
CAPÍTULO 1
O CONDOMÍNIO
1.1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
Inicialmente insta explicar, genericamente, o instituto jurídico
denominado de condomínio, o qual, de certa forma, a priori, afronta premissa da
propriedade, pois esta é vinculada ao princípio da exclusividade sobre o bem ou
coisa, diferentemente do condomínio, pois este, como se verá adiante, caracteriza-
se pela singularidade do bem e pluralidade dos proprietários.
Nos dizeres de Arnaldo Rizzardo, expondo este entrave que
dificultou a explicação deste instituto: “(...)um dos principais atributos da propriedade
é a exclusividade, que confere ao proprietário o direito de opor-se a que uma pessoa
retire da coisa as utilidades que a mesma oferece”.8
Restava-se consolidado que um bem pertencia por inteiro a
seu dono e que ninguém poderia limitar o direito de propriedade. Ainda, restava-se
definido que “(...)o caráter da exclusividade é assim da essência do domínio, donde
vem que a coisa própria não pode ser ao mesmo tempo, alheia”.9
Contudo, com a evolução do direito, surgiu a noção de divisão
da propriedade, consagrando que “(...) a várias pessoas é permitido a propriedade
comum e exclusiva em seu favor frente a estranhos”.10
Nas palavras de Maria Helena Diniz
Determinado direito pode pertencer a vários indivíduos ao mesmo tempo, caso em que se configura a comunhão. Se recair tal
8 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas : Lei nº 10.406, de 10.01.2002. Rio de Janeiro: Forense,
2004. p. 575. 9 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . 2. ed. Rio
de Janeiro: Renovar, 2007. p. 7-8. 10 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . Rio de Janeiro: Forense,
2004. p. 575.
13
comunhão sobre um direito de propriedade tem-se, na concepção de Bonfante, o condomínio ou compropriedade, a que Clóvis considerou como um estado anormal da propriedade; uma vez que, tradicionalmente, a propriedade pressupõe assenhoreamente de um bem com exclusão de qualquer outro sujeito, a existência de uma co-titularidade importa uma anormalização de sua estrutura.11
Explica Arnaldo Rizzardo:
Concebe-se daí o condomínio quando uma coisa pertence a diversos proprietários e fica na indivisão, recaindo o direito de cada proprietário sobre o conjunto, e não sobre a porção determinada da coisa. A propriedade de um bem pertence pro indiviso a várias pessoas.
Por outras palavras, a propriedade de uma coisa corpórea pertence a uma pluralidade de pessoas por quotas-partes qualitativas iguais, [...]12
Nesse norte, afirma Orlando Gomes:
A mesma coisa pode ser objeto de direito real pertencente simultaneamente a várias pessoas. Nesse caso, a relação jurídica tem sujeito plural, caracterizando-se pela indivisão do objeto e divisão dos sujeitos. É o direito sobre a coisa que se reparte entre diversas pessoas.
Esse fenômeno de concorrência de direitos iguais ocorre mais clara e frequentemente na propriedade. Toma, então, o nome de condomínio ou compropriedade (...).13
Basicamente bifurcaram-se duas concepções teóricas
proporcionando a explicação do condomínio: a primeira, na qual concentra-se a
propriedade integral ou total, “(...) a unanimidade dos condôminos exerce a
propriedade sobre o bem. Cada um é proprietário do bem por inteiro, mas sem
afastar a propriedade dos demais consortes”14. Pois bem, todos são proprietários
universais sobre o bem, porém, sofrem limitações no seu direito pelo direito dos
demais consortes; a segunda teoria considera que cada condômino ou
comproprietário é dono de uma parte do bem: “Forma-se as propriedades plúrimas e
11 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro . ed. 7. São Paulo: Saraiva, 1991. v. 4. p.
148. 12 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 575. 13 GOMES, Orlando. Direitos Reais . ed. 10. Rio de Janeiro: Forense, 1993. p. 198. 14 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 576.
14
parciais, mas sobre a parte ideal na coisa comum. [...]. A soma das várias partes
ideais forma o condomínio”.15
Tem-se que nosso direito, positivado pelo Código Civil, se
inspirou na teoria integral ou total, ou seja, cada consorte é proprietário de todo o
bem, delimitado pelos iguais direitos dos demais condôminos, porquanto que cada
um destes pode reivindicar a coisa toda ante a terceiros e não apenas uma parte
ideal.
Desta forma, na concepção de Caio M. S. Pereira, tem-se
condomínio “(...) quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a
cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma de suas partes”16.
Mais a fundo esclarece Pedro Elias Avvad:
Dá-se, portanto, o condomínio quando uma mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma de suas partes. O poder jurídico é atribuído a cada condômino, não sobre uma parte determinada da coisa, porém sobre ela na sua integridade, assegurando-se a exclusividade jurídica ao conjunto de comproprietários, em relação a qualquer outra pessoa estranha e disciplinando-se os respectivos comportamentos bem como a participação de cada um em função da utilização do objeto.17
Essa noção é do tipo romanístico, pois que a quota de cada
comproprietário é levada em consideração no exercício de seu direito, trazendo mais
autonomia a estes, mesmo que limitados a sua fração, contrastando com o
condomínio germânico que formava uma coletividade, perdendo nela a
individualidade própria; assim sendo nenhum dos comunheiros poderá exigir a
divisão do bem, pois, a todos pertence. Nas palavras de Cáio M. S. Pereira:
Cada quota ou fração não significa que a cada um dos comproprietários se reconhece a plenitude dominial sobre um fragmento físico do bem, mas que todos os comunheiros têm direitos qualitativamente iguais sobre a totalidade dele, limitados, contudo, na
15 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 576. 16 PEREIRA, Cáio Mário da Silva. Instituições do direito civil . Rio de Janeiro: Forense, 1994. p.
130. 17 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . 2007. p. 8.
15
proporção quantitativa em que concorre com os outros co-proprietários na titularidade sobre o conjunto.18
Consequentemente, na administração do bem comum, vigora a
unanimidade das decisões ante a indivisibilidade, já que o bem pertence a
coletividade. Ou seja, em síntese, ao condômino é assegurado um quota ou fração
ideal da coisa, e não uma parcela material desta.1920
1.2 CONDOMÍNIO EM EDIFÍCIO OU PROPRIEDADE HORIZONTAL
1.2.1 SÍNTESE HISTÓRICA
Embora alguns considerem que o condomínio em edifício não é
matéria antiga21, sabe-se que não é de hoje a criação destas construções por
andares. Destarte, ainda que nebulosa sua aparição, consoante é a sua causa em
tempos remotos ou modernos.
A crise habitacional oriunda do desenvolvimento dos grandes
centros urbanos e da superlotação populacional fez-se buscar o melhor
aproveitamento do solo e a suportabilidade dos encargos econômicos, com o que se
fez nas construções projetadas para o alto2223.
Ao tempo de Roma já se praticava a construção de prédios em
apartamentos, conforme se extrai dos estudos de Eduardo C. Silveira Marchi, que,
em sua obra, buscou a admissão da propriedade horizontal àquela época
Inúmeros testemunhos de fontes literárias e jurídicas, permitem-nos afirmar, sem sombra de dúvida, como reconhecem os estudiosos, que a típica moradia romana, ao contrário do que vulgarmente se pensa, era caracterizada, já a partir dos primeiros anos do Império,
18 PEREIRA, Cáio Mário da Silva. Instituições do direito civil . Rio de Janeiro: Forense, 1994. p.
130. 19 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 577. 20 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 1991. p. 148.. 21 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 618. 22 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações . ed. 7. Rio de Janeiro: Forense,
1993. p. 59. 23 MARCHI, Eduardo C. Silveira. A propriedade Horizontal no Direito Romano . São Paulo: Edusp,
1995. p. 11.
16
pelo crescimento em sentido vertical, ou seja, os edifícios – insulae – se compunham de vários pavimentos, formando verdadeiros prédios de apartamentos na acepção moderna.24
Insta explicar que a insulae é a denominação dada a um tipo
comum de moradia em Roma, por cima da casa térrea de outrem, ou seja, edifícios
construídos verticalmente, em pavimentos, ocupados por diversas famílias.25
Assim, considerava-se ou classificava-se tais construções entre
as servidões26. Isto, refere-se ao rígido princípio superfícies solo cedit ou aedificium
solo cedit et jus soli sequitur e assim “Com justeza pode-se, pois, dizer que o direito
romano desconhecia, no sentido de que se lhe opunha, a idéia da divisão dos
prédios por planos horizontais”27.
Contudo, divergentemente, concluiu Marchi em seu estudo
sentimo-nos autorizados a afirmar, contrariamente às teses até agora defendidas, que, já no período clássico, parte da jurisprudência, capitaneada por Labeão, entendia admissível, em caráter excepcional e dentro de certos limites, a propriedade horizontal.28
Ressalta-se que ao longo dos anos, fatos históricos de maior
repercussão trouxeram a tona a discussão em torno deste instituto, alcançando sua
máxima expressão, como relata Cáio M. S. Pereira
Às vezes um acontecimento precipita a formação de uma corrente de pensamento ou determina a adoção de um critério até então mantido em quadro de linhas indefinidas: foi o que ocorreu em Rennes, no ano de 1720, quando um grande incêndio destruiu parte da cidade, e compelidos os habitantes a construírem casa de mais categoria, submetidas à planificação preordenada, adotaram com espontaneidade a elevação de edifícios de três e quatro andares, usados com autonomia.29
João Batista Lopes cita ainda, além de Renne, as cidades de
Nantes, Saint Malo, Caen, Rouen e principalmente Grénoble como destaques na
24 MARCHI, Eduardo C. Silveira. A propriedade Horizontal no Direito Romano . 1995. p. 9. 25 MARCHI, Eduardo C. Silveira. A propriedade Horizontal no Direito Romano . 1995. p. 12 26 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 619. 27 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações . 1993. p. 61 28 MARCHI, Eduardo C. Silveira. A propriedade Horizontal no Direito Romano . 1995. p. 89. 29 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações . 1993. p. 62.
17
acepção desse sistema.30 Insta dizer, que em Grenoble , “(...) vítima de duas
grandes enchentes, faltaram espaços para moradia obrigando a construção de
diversos andares nos terrenos elevados;(...)”31.
Afirma-se também, que, mais a frente, o sistema dos
condomínios em edifícios se desenvolveu após a I Guerra Mundial nos países de
maior densidade populacional3233, acentuando-se o problema habitacional ainda
mais a partir da II Guerra Mundial, quando a urgência das construções de moradia
se inclinaram às edificações verticais.34
Arnaldo Rizzardo acrescenta ainda uma causa um pouco mais
remota encontrada nas consequências da Revolução Industrial
(...) com o acentuado crescimento das cidades, em face da industrialização que se expandiu. Induvidosamente, este fator histórico desencadeou novas formas de concentrar as populações urbanas, sem exigir a ocupação de grandes espaços territoriais.
Enfim, apesar de obscuro a aparição do sistema de condomínio
em edifícios ou por apartamento, como se queira denominar, e de seu
reconhecimento em tempos antigos, claro está a causa e o motivo de sua criação, a
qual seja, a necessidade social, com o aproveitamento do espaço e facilidade da
obtenção de moradia própria, bem como a conveniência econômica combatendo o
alto custo de vida.
1.2.1.1Histórico legislativo brasileiro
No Brasil, tem-se como marco inicial o tratamento deste
instituto já nas Ordenações Filipinas, Livro I, Título 68, §34, onde muito sucintamente
é tratada a relação à “casa de dois senhorios”:
E se hum casa for de duos senhorios, de maneira que hum delles seja sótão, o do outro o sobreado, não poderá aquelle, cujo for o
30 LOPES, João Batista. Condomínio rev., ampl. e atual. ed. 8. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2003. p. 21. 31 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . 2007. p.
13. 32 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 618. 33 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro . 1991. v. 4. p. 159. 34 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 618.
18
sobrado, fazer janella sobre o portal daquelle, cujo for o sótão, ou legea, nem outro edifício algum.3536
A Consolidação de Teixeira de Freitas retoma a referência das
Ordenações no art. 946 com a seguinte redação: “Se uma casa for de dois donos,
pertencendo a um as lojas e a outro o sobrado, não poderá o dono do sobrado fazer
janelas, na outra obra, sobre o portal das lojas”. No Esboço, não faz alusão à
matéria que reaparece na Nova Consolidação de Carlos de Carvalho, no art. 612
com a mesma redação37.
Entretanto, mesmo com a grande aceitação da propriedade
horizontal o Código Civil de 1916 silenciou sobre a matéria, regulando apenas a
propriedade vertical, chamada “casa de parede-meia”, nos ditames das normas
concernentes ao direito de vizinhança38. Mas não demorou muito para o surgimento
do Decreto nº 5.481, de 25.06.1928, que com grande avanço disciplinou os
condomínios em edifício de cinco ou mais andares, construído de cimento armado
ou material similar, podendo-se destacar a consignação da diferença das partes
comuns e exclusivas e a partição das despesas, além de inúmeros outros
assuntos39.
Mais tarde apareceu o Decreto nº 5.234, de 08.02.1943,
lastreando o alcance do Decreto nº 5.481 para os edifícios de três ou mais
pavimentos40 e, logo em seguida, a Lei 285, de 05.06.1948, reduzindo até dois, o
número de pavimentos necessários para habilitar a edificação composta por
unidades autônomas41.
Contudo, com a evolução deste instituto e ao rápido
crescimento da propriedade horizontal, necessário se fez a atualizar este regime
jurídico, sendo então promulgada a Lei 4.591, de 16.12.1964, baseada no
35 LOPES, João Batista. Condomínio. 2003. p. 21. 36 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 620. 37 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações . 1993. p. 64. 38 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro . 1991. v. 4. p. 159. 39 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 620. 40 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 620. 41 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . 2007. p.
13.
19
anteprojeto da autoria do Prof. Caio Mário da Silva Pereira, sendo denominada de
“Lei de Condomínio e Incorporações”. Nas palavras Arnaldo Rizzardo: “uma lei
bastante perfeita, não sofrendo críticas, e mantendo-se satisfatória até os tempos
presentes”42.
Posteriormente pequenas alterações foram realizadas com a
Lei 4.864, de 29.11.1965, entre as quais a que possibilita o desdobramento da
incorporação em várias incorporações. Merece lembrança também, as alterações
vindas com a Lei 6.709, de 31.10.1979, a qual trouxe profunda modificação quanto
ao princípio da vontade, prevendo, em certos casos, o interesse da maioria absoluta
dos condôminos; a Lei 7.182, de 27.03.1984, que dentre outras versou sobre a
quitação das obrigações condominiais para a transferência da unidade; e a Lei
9.267, de 25.03.1996, admitindo o voto dos locatários nas assembléias em que o
proprietário-locador não comparecer43.
Por fim, atualmente a matéria está disciplinada no chamado
“Novo” Código Civil de 2002, o qual atualizou a redação das normas e suprimiu
alguns vazios que ainda se sentiam, sendo subsidiária nos casos omissos a Lei
4.591/64.
1.3 CONCEITO E DENOMINAÇÃO
Como já visto anteriormente, diante da crise habitacional
agravada pelo êxodo do homem do campo para as grandes cidades aglomerando os
centros urbanos, surgiu a necessidade de criar formas de melhor aproveitamento do
solo, o que se fez com a projeção espacial do domínio para o alto, que, por sinal,
ganhou impulso pela oferta de mão-de-obra e barateamento das construções.
Assim, aliando a necessidade de moradias, oferta de mão-de-obra e aproveitamento
do solo, além de outros, as edificações ganharam impulso, surgindo novos e
maiores prédios residenciais, sendo atualmente a moradia mais requisitada nos
grandes centros urbanos.
42 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . 2004. p. 620. 43 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002. 2004. p. 620.
20
Cabe agora ressaltar a diferença que se assevera quando se
fala do condomínio horizontal ou edilício com o condomínio geral, uma vez que a
forma de propriedade em comunhão do primeiro se divide em partes privativas e
comuns, ou seja, determinadas áreas da construção são de propriedade exclusiva
de seus donos, em quanto outras são de propriedade conjunta com os demais
condôminos; enquanto no segundo há apenas a comunhão do bem.
Nas lições de Eduardo Espíndola fica clara a distinção:
No condomínio ordinário, ou propriedade plural simples, a coisa comum pertence aos dois ou mais condôminos, pro indiviso, competindo a cada um deles uma parte ideal que só se concretizará pela divisão.
Nos edifícios de apartamentos autônomos pertencentes a mais de um proprietário, cada um desses apartamentos pertence exclusivamente a um proprietário, ao passo que no mesmo edifício várias partes pertencem a todos os proprietários dos apartamentos em comum, de modo necessário, porque sem elas não poderia o apartamento ser usado.44
Outrora, na legislação, encontra-se o conceito exato de
condomínio na Lei 4.591, de 16 de dezembro de 1964, onde enquadra em seu artigo
1º toda a edificação ou conjunto de edificação, de um ou mais pavimentos,
construídos sob a forma de unidades isoladas entre si, com partes privativas e
comuns, independente da natureza residencial ou comercial. Nesta senda, tomam
realce duas essenciais características para a identificação de um condomínio em
edifício, quer para morada ou fins comerciais: a parte comum e a parte privativa.
Neste regime se vislumbra a combinação da propriedade
privativa ou individual de uma parte do edifício e da propriedade comum em outras
partes, sendo tal instituto denominado de diversas formas pelos doutrinadores,
adotando o Código Civil de 2002 a nomenclatura de Condomínio Edilício.
Vela ressaltar, porém, que no presente trabalho adotou-se as
nomenclaturas de condomínio horizontal e condomínio edilício, por ser, a primeira, a
44 ESPÍNDOLA, Eduardo. Posse, Propriedade, Compropriedade ou Condomínio, D ireitos
Autorais . Campinas: Bookseller, 2002. p. 426.
21
denominação mais conhecida pela doutrina e a segunda por ser a denominação
adotada pelo Código Civil em vigência.
Nas palavras de Arnaldo Rizzardo:
Daí denominar-se horizontal o condomínio quando se apresenta como uma propriedade exclusiva e autônoma das unidades que o compõem, conjugada com um condomínio do terreno e das partes comuns do prédio. É conhecido, também, como ‘condomínio edilício’, expressão adotada pelo Código Civil de 2002, por corresponder à forma de construção própria da cidade, cujas leis emanam dos edis, ou daqueles que legislam sobre a cidade.45
Eduardo Espíndola apresenta, ainda, outras expressões:
“(...)condomínio dos edifícios, condomínio por andares ou apartamentos, communio
pro diviso, condomínio relativo ou moderníssimo, condomínio sui generis (...)”46.
Contudo, tais denominações não são precisas, gerando dissonância doutrinária no
que tange a sua denominação.
Nem mesmo a expressão utilizada pelo Código Civil Brasileiro
foi satisfatória. De toda forma, a expressão mais aceita continua a ser condomínio
horizontal.
1.4 NATUREZA JURÍDICA
Diante da peculiaridade da propriedade horizontal, quanto à
divisão de suas áreas em partes comuns e exclusivas, a doutrina novamente
esbarrou quanto à definição da natureza jurídica deste instituto. Algumas das
principais teorias que buscam assimilar a natureza jurídica do condomínio horizontal
são: a do direito de superfície; a da servidão; a da sociedade e a da comunhão.47
Entretanto nenhuma delas foi completamente satisfatória, pois,
não foi possível a qualificação única que abranja os dois elementos de propriedade
que configura o condomínio horizontal, áreas privativas/exclusivas e comuns.
45 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 616 46 ESPÍNDOLA, Eduardo. Posse, Propriedade, Compropriedade ou Condomínio, D ireitos
Autorais . p. 427 47 GOMES, Orlando. Direitos Reais . p. 207
22
Nas palavras de Mazeaud et Mazeaud, citado por Pedro Elias
Avvad, encontra-se a tentativa de definição da natureza jurídica da propriedade
horizontal, apresentando-se a complexidade que norteia tal assunto:
(...) direito do condômino está então definido como sendo um direito real de propriedade, incidindo sobre o conjunto do lote composto de partes privativas e partes comuns; certamente, este direito se exerce em um plano coletivo e considerando uma destinação específica; o domínio que se permite exercer não é tão absoluto quanto o da propriedade ordinária.48
João Batista Lopes arrisca-se a dizer que a propriedade
horizontal é um instituto jurídico novo, e assim deve ser tratado, desamarrando-o
das teorias tradicionais:
A propriedade horizontal é, em verdade, um instituto jurídico novo. Sua explicação, à luz dos princípios tradicionais que informam o condomínio geral, sobre insatisfatória, constitui sério entrave à evolução do instituto.
(...)
A novidade do instituto está não só na combinação (fusão) desses dois direitos, como também na sujeição do novo direito criado a uma regulamentação especial de seu exercício.49
José de Oliveira Ascensão, citado por João Batista Lopes,
coaduna da mesma concepção quanto à natureza jurídica do condomínio horizontal,
eis que expõe:
A propriedade horizontal é efetivamente um novo direito real. Mas não é um direito real simples, pois não traduz uma nova maneira de afetar uma coisa em termos reais. É antes um direito real complexa, pois combina figuras preexistentes de direitos reais.50
E assim, consequência desta indefinição acima exposta, não
se poderia considerar o condomínio uma pessoa jurídica, eis que não é um ente
dotado de personalidade jurídica. Contudo, reconhece-se a sua capacidade jurídica
e processual, podendo suportar quaisquer demandas judiciais. Desta forma, por
48 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 13 49 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 52-53 50 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 52.
23
equiparação à pessoa jurídica tem-se a personalidade jurídica do condomínio na
esfera judicial.51
1.5 OBJETO DO CONDOMÍNIO
Inspira a instituição do condomínio o melhor aproveitamento do
solo urbano com o menor dispêndio de dinheiro, assim como quando da criação dos
condomínios. Hodiernamente, além destes motivadores, a busca por essa
modalidade de habitação ocorre pelo grau de segurança, localização nos grandes
centros urbanos, dado a diminuição de terrenos nestas cidades, comodidades, entre
outras vantagens. Em suma, busca-se melhor qualidade de vida.
Em vista disso, tem-se o objeto do condomínio horizontal nas
palavras de João Batista Lopes:
A propriedade horizontal tem por objeto a reunião de habitações, salas ou lojas, formando uma unidade estrutural (edifício) sujeita a um único regulamento jurídico, para atendimento das necessidades e fins comuns.52
Neste edifício, destacam-se duas espécies de áreas: as
comuns, destinadas ao serviço e aproveitamento de todos os co-proprietários, como
o solo, as escadas, as paredes mestras, os pátios, os elevadores, a portaria, o
saguão, a fachada, os equipamentos de utilização geral etc.; e as áreas de uso
exclusivo, constituídas pelas unidades autônomas.53
O atual Código Civil Brasileiro diferenciou as áreas exclusivas e
comuns elencando no § 1º do artigo 1.331 as partes exclusivas:
As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas, sobrelojas, ou abrigos para veículos, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se à propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários.
O § 2º do mesmo artigo elenca as partes comuns:
51 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 616 52 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 54 53 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 616
24
O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos.
Ressalta-se que as partes comuns estão impedidas de serem
alienadas ou negociadas isoladamente, eis que integram as unidades privativas na
qualidade de acessórios. De outro norte, são insuscetíveis de utilização exclusiva de
qualquer condômino.
João Batista Lopes sintetiza o direito de gozo dos condôminos
às partes comuns dizendo que tal “está sujeito ao princípio de igualdade e
reciprocidade, de modo que ao condômino não será lícito tolher o exercício do direito
dos demais co-proprietários”.54
Outra questão que os doutrinadores dão especial atenção diz
respeito às garagens. Isso porque, na legislação anterior, as garagens eram
concebidas como coisa de uso comum, passando a ser disciplinada como unidade
autônoma pela legislação vigente, salvo quando a ela não corresponder fração ideal
do terreno. Preleciona João Batista Lopes sobre a caracterização da garagem como
unidade autônoma
(...) requisitos devem ser observados, apontando-se, entre eles, os seguintes: a) que cada vaga corresponda a uma fração ideal de terreno; b) que haja demarcação do espaço correspondente à vaga para identifica-lo perfeitamente; c) que cada espeço seja assinalado por designação numérica com averbação no Registro de Imóveis; d) que os espaços correspondentes às vagas sejam precisamente descritos na especificação do condomínio (área, localização, confrontações etc.).”55
Nos casos em que as garagens não são constituídas como
unidades autônomas, a sua utilização será realizada na forma estipulada na
convenção do condomínio, e ainda, em caso de omissão desta, a assembléia
condominial decidirá.
54 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 55 55 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 58
25
Tal regulamentação será de cunho interno da comunidade
condominial, servindo a todos que da estrutura edificada fizerem proveito, conforme
se verá a seguir.
CAPÍTULO 2
DO EXERCÍCIO EM CONDOMÍNIO
2.1 DA INSTITUIÇÃO E CONSTITUIÇÃO DO CONDOMÍNIO
Passado o estudo da definição do instituto e suas
características que o distingue dos demais direitos reais, tratar-se-á quanto ao
exercício deste direito, realizado pelos condomínios, então proprietários da unidade
condominial, iniciando pelas formas de surgimento do Condomínio Edilício.
Estatui o art. 1.332 do Código Civil:
“Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial: I – a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas umas das outras e das partes comuns; II – a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns; III – o fim a que as unidades se destinam”.
Da disposição supra pode-se afirmar que não existe apenas
uma única causa geradora da propriedade horizontal, posto que pode originar-se da
sucessão causa mortis ou de ato entre vivos. Entretanto, como se vê, a propriedade
não é fato natural, dependendo sempre da vontade de seus instituidores e
atendendo aos requisitos e formalidades exigidas pela lei.56
João Nascimento Franco e Nisske Gondo, citados por Arnaldo
Rizzardo, desdobram as modalidades de instituição do condomínio, dando ênfase as
quatro formas:
Sucessão causa mortis; b) aquisição de conjunto de edificações englobadamente, sem prévia especificação das unidades isoladas, por parte de duas ou mais pessoas; c)aquisição, por duas ou mais pessoas, de edifício ainda não juridicamente organizado pelo sistema da propriedade horizontal; d) construção, por várias pessoas, proprietárias do solo, de um edifício ou de um conjunto de
56 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 62
27
residências cuja utilização depende de áreas de acesso e de coisas comuns, tais como reservatório de água potável, instalações elétricas e hidráulicas. Conhece-se, ainda, outras modalidades: por decisão judicial em ação de divisão; e por arrematação em hasta pública, doação ou compra de frações.57
Entretanto, tem-se como o modo mais comum de instituição do
condomínio a incorporação, definida pelo art. 28, parágrafo único, da Lei nº 4.591/64
como “(...) a atividade exercida com o intuito de promover e realizar a construção,
para alienação total ou parcial, de edificações, ou conjunto de edificações,
compostas de unidades autônomas”.
Quanto a função da instituição, doutrina Arnaldo Rizzardo:
A instituição do condomínio de apartamentos visa regular as relações jurídicas entre os diversos proprietários, considerando uns em relação aos outros, e todos em relação ao edifício, que é objeto de seu domínio. Esta a explicação de Narciso Orlandi Neto, citado por J. Nascimento Franco e Nisske Gondo.58
Ressalta-se, porém, que não basta a vontade de um ou mais
indivíduos para a constituição da propriedade horizontal, sendo imprescindível a
existência de um prédio, bem como o registro no Registro de Imóveis.
Nesse prisma, João Batista Lopes indica três elementos
indispensáveis à constituição, indicados por Antônio Chaves, sendo eles: um
elemento objetivo, representado pela existência de um prédio; um subjetivo, posto
ser imprescindível haver dois ou mais titulares de direitos das unidades autônomas;
e a instituição por ato entre vivos ou por testamento, com inscrição obrigatória no
Registro de Imóveis.59
2.1.1 Da especificação do Condomínio
Entendido o nascimento do Condomínio através da
constituição, convém salientar sobre a especificação, os quais não se confundem,
57 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 626 58 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 628 59 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 63
28
uma vez que este último corresponde “(...) à discriminação das unidades exclusivas,
das partes comuns e das frações ideais sobre o terreno”.60
Neste momento, cumpre a elaboração da convenção do
condomínio, a qual será analisada adiante, sendo esta a norma regulamentar do
condomínio.
A instituição, especificação e convenção do condomínio, no
caso de incorporação imobiliária, costuma-se realizar em um único instrumento,
antes mesmo da sua construção, ou depois, se um apenas é o proprietário. Tal
instrumento pode ser público ou particular levando-se ao Registro de Imóveis.
Isto ocorre após proceder a averbação da incorporação junto
ao mesmo Cartório, eis que neste realiza-se a discriminação e a numeração dos
apartamentos.
Entretanto, adverte João Batista Lopes:
As unidades autônomas só podem ser matriculadas depois de averbada a sua construção, mediante exibição do alvará de construção (“habite-se”) e de registro da instituição e da especificação, eis que, até então, ter-se-á a especialidade tão só na fração ideal do terreno. Com o registro da instituição e especificação do condomínio no Cartório de Registro de Imóveis aperfeiçoa-se a figura do condomínio em edifícios, nascendo o direito real de cada condômino, que não pode sofrer alterações futuras sem o seu consentimento.61
Prosseguindo o feito, após a averbação, leva-se a efeito o
registro da convenção, sendo necessário apresentar vários elementos, a saber: a
menção da forma pública ou particular do instrumento; o nome e a qualificação dos
instituintes, com o número de inscrição no CPF, ou com o número da carteira de
identidade; na falta dos dois documentos, coloca-se a filiação; tratando-se de pessoa
jurídica, informam-se o número do CGC-MF e a sede social; a caracterização do
imóvel, mencionando-se o nome da rua e o número do prédio. Descrevem-se o
60 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 628 61 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 64
29
terreno do edifício, as áreas e as coisa de uso comum e das unidades autônomas,
com a indicação dos andares ou pavimentos.62
Por fim, atribuem-se as unidades autônomas a seus
respectivos titulares. Com efeito, após o registro, “(....) quaisquer modificações na
especificação de condomínio dependem da concordância da unidade de
condôminos (...)”.63
2.2 DA CONVENÇÃO DO CONDOMÍNIO
Como já se viu, a propriedade horizontal não se confunde com
quaisquer dos institutos jurídicos tradicionais, sendo um novo instituto jurídico,
embora sua definição não esteja assentada, considera-se um novo direito real.
Entretanto, não basta o simples ato de sua criação.
Sendo a propriedade horizontal a combinação de direitos reais,
de propriedades autônomas e comuns, por certo também se submeta a um sistema
ou regimento jurídico diferenciado que atenda as suas exigências, tais como os
problemas decorrentes com o direito de vizinhança, a regulamentação do
comportamento das áreas privativas e comuns daqueles que se aproveitam do
condomínio, a guarda do patrimônio comum de modo que seja resguardados os
direitos de todos, além, ainda da reprimenda dos atos contra os princípios
patrimoniais, morais e éticos, praticados pelos indivíduos no âmbito da relação
condominial, enfim, estabelecer um regime harmônico de relações que elimine ou
reduza os atritos. Para tanto, criou-se a convenção do condomínio64.
Vale ressalvar, que a legislação pertinente traça linhas gerais
de regulamentação da vida condominial, liberando os interessados a iniciativa da
elaboração de padrões legais que se adequam a cada unidade condominial
específica, de acordo com suas características.
62 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 629 63 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 64 64 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 67
30
Desta conciliação, mínimo legal de normas disciplinares com a
liberdade de deliberar dos interessados é que surge a convenção do condomínio
para organizar e reger a vida interna, própria de cada edifício.
Entretanto, assim como o instituto em sua generalidade, a
natureza jurídica deste diploma também não está sedimentada, como se verá
adiante.
João Batista Lopes defende a existência de quatro formas de
definir a natureza jurídica da convenção condominial: Associativa; Contratual;
Concepções Mistas e Caráter normativo. Tratando da Associativa, expõe:
Em obra clássica, escrita no primeiro quartel do século passado, defende Bernard o caráter associativo da convenção de condomínio: “Cette convention, en ce qu’elle consacre I’accord des cointeréssés, en vue d’assurer em comum I’administration des parties indivises et de I’ensemble de I’mmeuble nous a paru constituer une association véritable”.65
Outros consideram tal diploma com de caráter contratual.
Sobre este entendimento, traz-se a baila a lição de Arnaldo Rizzardo que, além de
aderir a natureza contratual, compreende também, o caráter normativo da
convenção:
Considera-se a convenção um contrato, pois representa a manifestação da vontade da maioria, determinada por um padrão legal, com força da lei entre as partes e terceiros, em suas relações jurídicas com o condomínio. [...] Os ocupantes de unidades ficam obrigados a seguir suas disposições, independentemente de serem condôminos ou não, desde que vierem a contratar com o condomínio. De modo que o locatário de um apartamento submete-se às regras obrigacionais da mesma emanada.66
E segue quanto ao caráter normativo:
Além do caráter contratual, é a convenção um ato normativo, que se impõe a todos quantos ocupem o edifício. Tem força cogente, suprimindo as lacunas da lei e atingindo, inclusive, aqueles que penetram esporadicamente no prédio.67
65 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 68 66 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 630 67 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 630
31
Para João Nascimento Franco e Nisske Bongo, citado por
Arnaldo Rizzardo:
É a convenção uma autêntica lei interna da comunidade, destinada a regrar o comportamento não dos condôminos apenas, mas de todas as pessoas que ocupem o edifício, na qualidade de seus sucessores, prepostos, inquilinos, comodatários, etc. Ao traçar as normas de utilização do edifício, nas partes privativas e nas de uso comum, a convenção visa resguardar, em proveito de todos, o patrimônio condominial e a moralidade do ambiente num sistema de normas que, mais rigorosamente do que as decorrentes do direito de vizinhança, objetivam garantir a todos os ocupantes das unidades autônomas sossego, tranquilidade e segurança.68
Portanto, o caráter normativo é natureza mais aceita pela
doutrina. Coaduna do mesmo entendimento Cáio Mário da Silva Pereira, que,
explanando sobre a natureza normativa da convenção ensina:
O caráter normativo da convenção do condomínio é pacificamente reconhecido. Sua força cogente aos condôminos, seus sucessores e sub-rogados, e eventualmente às pessoas que penetram aquele círculo fechado, representado pelo edifício, é aceita sem relutâncias. [...] É inegável que a convenção é uma declaração de vontade, destinada a produzir efeitos jurídicos. [...] Seu fundamento contratualista, outrora admitido, hoje perdeu terreno, por que sua força coercitiva ultrapassa as pessoas que assinaram o instrumento de sua constituição, para abraçar qualquer indivíduo que, por ingressar no agrupamento ou penetrar na esfera jurídica de irradiação das normas particulares, recebe os seus efeitos em caráter permanente ou temporário.69
Ao que parece, a natureza jurídica da convenção condominial
abraça os dois institutos, contratual, pela regência e deliberação dos próprios
condôminos; e normativo, posto imperar de forma universal sobre a unidade
condominial, independentemente a quem, serve para todos que adentram as
dependências da estrutura em que rege o diploma.
João Batista Lopes acrescenta fazendo referência às
concepções mistas:
Alguns autores, sem negar o caráter institucional da convenção, sustentam cuidar-se de instituição original ou sui generis, por apresentar, a um tempo, traços contratuais e institucionais. Assim,
68 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 629 69 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações . p. 129-130/131
32
por exemplo, Givord e Giverdon põem em relevo o aspecto contratual, mas enfatizam, também, o institucional ou normativo. Esse dualismo de que se reveste a convenção permitiria compará-la aos estatutos da sociedade anônima ou à convenção coletiva de trabalho.70
Em que pese à inclinação ao caráter normativo da convenção,
a sua elaboração é ato de interesse de todos os condôminos, não podendo apenas
ser representado pela vontade de um. Neste norte prescreveu a Lei 4.591/95 em seu
art. 9º:
Os proprietários, promitentes compradores, cessionários ou promitentes cessionários dos direitos pertinentes à aquisição de unidades autônomas, em edificações a serem construídas, em construção ou já construídas, elaborarão, por escrito, a Convenção de Condomínio, e deverão, também, por contrato ou deliberação, em assembleia, aprovar o Regimento Interno da edificação ou conjunto de edificações.
Desta forma, entretanto, a reunião de todos os condôminos
poderia ser um tanto quanto difícil e, pensando assim, o legislador manteve a
disposição da Lei 4.591/95, art. 9º, §2º no atual Código Civil, expressando no art.
1.333 a possibilidade de subscrever a convenção pelos titulares de, no mínimo, dois
terços das frações ideais, estendendo sua obrigatoriedade a todos os que do
condomínio se beneficiam.
Note-se que não se fala em obrigatoriedade aos titulares de
direito sobre a propriedade horizontal. E não poderia ser diferente, uma vez que as
disposições da convenção elaborada não atingem apenas os titulares de direitos da
fração ideal, e sim todos aqueles que do condomínio se utilizarem. Aplica-se, com
força obrigatória, a todos que venham posteriormente integrar a comunidade
condominial, como os adquirentes ou sub-rogatários71.
Mais ainda, a convenção obriga todos os ocupantes, até
mesmo os de caráter eventual. Assim é que a norma privada, no âmbito
condominial, pode ser invocada para preservar a comunidade, contra qualquer
70 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 68/69 71 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 69/70
33
pessoa, ainda que transitoriamente, ocupe qualquer parte da estrutura, não podendo
sequer o visitante se esquivar das normas instituídas.
Pertinente a forma do instrumento, este deve ser escrito,
contudo, quanto a sua validade e eficácia, o Código Civil, ao contrário da Lei
4.591/64, é mais permissivo, dispondo no art. 1.334, § 1º que “(...) a convenção
poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular”. E não podia ser
diferente, eis que a prática e a experiência já haviam resolvido que qualquer uma
delas seria válida.
Nos comentários de Maria Helena Diniz ao Código Civil:
Convenção de condomínio. É o ato-regra gerador de direito aplicável a todos que se encontrarem no condomínio em condição permanente ou ocasional de ocupantes. Pela súmula 260 do STJ: “A convenção de condomínio aprovada, ainda que sem registro, é eficaz para regular as relações entre os condôminos”.72
Outrora, é valido ressaltar, que para a convenção ser oponível
à terceiros, indispensável é sua inscrição e registro no Registro de Imóveis.
Por fim, de toda forma que se vislumbre a convenção, nela
serão inseridas as normas que regulamentarão a vida condominial, consagrando
dessa forma, a vontade de seus membros.
No tocante às disposições inseridas neste diploma, por cautela,
a lei fixou parâmetros ou assuntos indispensáveis que devem estar dispostos.
Tais conteúdos haviam sido estabelecidos pela Lei 4.591/64,
art. 9º, §3º, assim prescritos:
a) a discriminação das partes de propriedade exclusiva, e as de condomínio, com especificações das diferentes áreas; b) o destino das diferentes partes; c) o modo de usar as coisas e serviços comuns; d) encargos, forma e proporção das contribuições dos condôminos para as despesas de custeio e para as extraordinárias; e) o modo de escolher o síndico e o Conselho Consultivo; f) as atribuições do síndico, além das legais; g) a definição da natureza gratuita ou remunerada de suas funções; h) o modo e o prazo de convocação das assembléias gerais dos condôminos; i) o quorum para os diversos tipos de votações; j) a forma de contribuição para
72 DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado . 8 ed. at. São Paulo: Saraiva, 2002.p.823
34
constituição de fundo de reserva; l) a forma e o quorum para as alterações de convenção; m) a forma e o quorum para a aprovarão do Regimento Interno quando não incluídos na própria Convenção.
O atual Código Civil resumiu as exigências, dando liberdades
aos condôminos, dispondo em seu art. 1.334, apenas: a) As cláusulas referidas no
art. 1.332, concernentes à instituição do condomínio, considerados como elementos
previamente necessários e que deverão constar de cláusulas pertinentes da
convenção, os quais são: I - a discriminação e individualização das unidades de
propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e das partes comuns, II - a
determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e
partes comuns, III - o fim a que as unidades se destinam; b) a quota proporcional e
o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às despesas
ordinárias e extraordinárias do condomínio; c) sua forma de administração; d) a
competência das assembleias, forma de sua convocação e quorum exigido para as
deliberações; e) as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores; f)
o regimento interno. Além, é claro, daquelas que podem livremente serem dispostas
pelos condôminos e que interessem no âmbito privado às peculiaridades e
especificações de cada condomínio.
Contudo, adverte João Batista Lopes:
A leitura isolada de tais disposições pode levar a equívocos, como o de supor que os condôminos possam livremente dispor sobre seus direitos e deveres. A convenção de condomínio, a despeito de seu caráter normativo, não pode, à evidência, sobrepor-se à lei, pena de nulidade. Funciona ela, na verdade, como simples subsistema vinculado ao sistema da lei condominial, com o qual não pode conflitar.73
O Regimento Interno referido acima é o instrumento subsidiário
a convenção, regulando as regras não dispostas na convenção no âmbito interno da
administração, contendo também, os direitos e deveres dos condôminos, além de
normas de administração do edifício.
Dos ensinamentos de Pedro Elias Avvad, se extrai:
73 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 71
35
A ausência de orientação legal quanto às normas que sejam pertinentes à convenção, que regulam as relações entre condôminos e entre estes e o condomínio, com os que sejam relativas ao “regimento interno” que são regras de utilização e de comportamento interno, acaba gerando alguma confusão e disso nem o próprio legislador havia escapado (...).74
Vale também colacionar as palavras de Waldemar Leandro
citado por Arnaldo Rizzardo:
O regulamente interno vem logo abaixo da convenção, não podendo, como é evidente, contrariá-la. Visa, como a própria expressão o indica, a esclarecer detalhes dos estatutos, desenvolvendo a matéria secundária ou concernente às peculiaridades de cada prédio, individualmente considerado, ou de um conjunto condominial, composto de duas ou mais unidades-bloco, apenas fisicamente separados entre si, mas intimamente ligados pelo elo da comunhão por pátios, parques e jardins comuns.75
Estando, enfim, formalizado tal instrumento de convenção,
outra questão paira no ar: Sua interpretação. Para tanto, necessário se fez explanar
sobre a natureza jurídica deste diploma, o qual, firmado, traz consequências
específicas.
Assim, como já visto, restou mais predominante entre os
doutrinadores a natureza normativa da convenção, e como tal deve ser interpretada.
João Batista Lopes afirma:
(...) deve a convenção ser interpretada, de preferência, segundo critérios científicos que regem a interpretação das leis, notadamente o método teleológico, conquanto, subsidiariamente, possam ser aproveitados elementos extraídos da teoria da interpretação do negócio jurídico. Na interpretação das leis aponta a doutrina, em geral, os seguintes métodos: gramatical, lógico, sistemático, teleológico e histórico-evolutivo.76
Note-se que o doutrinador ressalvou à interpretação inerente
aos negócios jurídicos posto o caráter contratual ou institucional do instrumento,
também aceito pela doutrina. Assim, o temperamento do rigor normativo deve ser
aplicado ao instrumento, visando a função social do mesmo.
74 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 81/82 75 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 632 76 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 77
36
Importante também salientar, é a alteração da convenção que,
em linhas gerais, segue a mesma formalidade para a sua criação e aprovação.
Contudo, o quórum exigido para algumas alterações são mais rigorosas, por
expressa previsão legal.
O art. 1.351 do Código Civil prescreve:
(...) depende da aprovação de dois terços dos votos dos condôminos a alteração da convenção e do regimento interno; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, depende de aprovação pela unanimidade dos condôminos.
Considerável explicação é a de João Batista Lopes:
A exigência do quórum qualificado é justificável para evitar alterações frequentes ditadas muitas vezes por capricho ou interesses egoísticos. Importa ressaltar que alteração pelo quórum de 2/3 só é admitida se não implicar prejuízo a direitos subjetivos, como ocorreria, por exemplo, com alteração das frações ideias, das áreas de uso comum, etc. Qualquer mudança que importe prejuízo a direito adquirido só será possível com a aprovação unânime dos condôminos.77
De outro norte, o legislador ressalvou às partes estipularem a
fixação do quórum para diversas votações, evitando impor limites mínimos, que em
muitos condomínios, principalmente os grandes edifícios ou conjuntos condominiais,
se tornam inalcançáveis: “É livre às partes estipular o que melhor lhes pareça.”78.
Mas somente nos casos em que a lei autoriza.
2.3 DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS
Como vimos os condôminos estão sujeitos a regramento por
eles mesmos impostos, regulamentado na convenção do condomínio ou regimento
interno para o exercício de seu direito, tudo isto em razão das necessidades
impostas pela convivência.
Nas palavras de Clovis Errador:
77 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 73 78 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações . p. 136
37
O proprietário de uma unidade autônoma em edifício é possuidor de inerentes poderes ao domínio, tendo como objeto o seu apartamento, mas, resultando no princípio da conveniência, há interferência uma desses direitos todos, no direito de cada um, pelo fato do prédio ser um todo formado por diversas propriedades idênticas, de molde a impor-lhe uma qualificação particular. O proprietário de apartamento não tendo tão amplos direitos como o dono de uma casa, esta que reproduz objeto do direito dominial, secular e milenarmente, com apuração tríade romana, do utifrui et abutere79
Em regra geral, os direitos dos condôminos são aqueles
reservados ao titular do domínio da propriedade comum, tendo como principais
direitos o de usar, gozar e dispor do imóvel autônomo. Assim dispõe o art. 1.335 do
atual Código Civil:
São direitos do condômino: I – usar, fruir e livremente dispor da suas unidades; II – usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos demais possuidores; III – votar nas deliberações da assembleia e delas participar, estando quite.
Nesse aspecto, evidencia-se que os direitos amplos e irrestritos
da propriedade são destinados exclusivamente às unidades autônomas. Entretanto,
nas partes comuns, tais direitos são assegurados desde que observada sua
destinação e contanto que não obste a utilização dos demais comproprietários,
distinguindo assim as partes comuns aproveitáveis ao condômino da propriedade
individual.
João Batista Lopes acrescenta:
O condômino não é, assim, titular de um direito diverso do proprietário comum, porquanto este também está sujeito às normas de boa vizinhança. Entretanto, no que tange ao uso das partes comuns, sem que se possa falar propriamente de restrições, o condômino fica sujeito a uma regulamentação, de modo que seja assegurado aos demais condôminos igual direito.80
Desta forma, cabe ao condômino o direito de alienar ou gravar
sua unidade autônoma, independentemente da vontade dos demais. E, ainda,
poderá repelir o uso inadequado das partes do edifício. No tocante as áreas comuns
79 ERRADOR, Clóvis. O condomínio edilício em confronto com o loteamento fechado . São Paulo,
2009. Dissertação, FADISP. p. 87 80 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 90
38
qualquer dos condôminos poderá repelir agressão praticada por terceiros quando
omisso ou impedido o síndico ou o representante legal do condomínio, eis que “a
turbação ou esbulho cometido contra a parte comum atinge o poder de uso de todos,
e, pois, de cada um também”81.
Por último, explana-se sobre o direito de votar nas assembléias
e delas participar. Note-se que o legislador preocupado com a importância quanto a
pontualidade no pagamento das despesas condominiais, restringiu ao inadimplente
seu voto nas assembléias, ou mais, sua participação.
Entretanto Pedro Elias Avvad critica a disposição do Código
Civil atual que restringe a participação nas assembléias, e justifica:
Mas, evidentemente, que a vedação ao direito de participar da assembleia é um exagero que vem sendo recusado pelos nossos tribunais porquanto implicaria, em tese no cerceamento do direito de defesa. Se a assembleia geral colocar em votação quais as providências a serem tomadas contra o condômino em atraso é justo que este participe da discussão e ofereça a defesa que tiver ou alguma alternativa aceitável pelos demais para a solucionar a dívida. Impedir a participação do condômino, em assembleia, pelo simples fato de não se achar quite é oferecer meios a que um grupo mais forte venha a frustrar e até mesmo violentar os direitos de algum condômino acometido de doença grave, acidente ou que se veja privado, temporariamente, de recursos como podem estar viúvas, órfãos, inválidos, pensionistas etc. A nosso ver, a condição imposta, pelo menos no que concerne ao direito de participar da assembleia, é inteiramente inválida.82
Em âmbito geral, estes são os direitos dos condôminos
impostos pelo legislador, resguardando aos mesmos demais imposições na
convenção do condomínio ou regimento interno.
Além dos direitos, não menos importantes são os deveres dos
condôminos, os quais analisa-se adiante, nos termos do atual Código Civil que
expõe:
Art. 1.336. São deveres do condômino: I – Contribuir para as despesas do condomínio, na proporção de suas frações ideais, salvo
81 SILVA PEREIRA, Cáio Mário da. Condomínio e incorporações . 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1973. p. 169 82 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 89-90
39
disposição em contrário da convenção; II – não realizar obras que comprometam a segurança da edificação; III – não alterar a forma e a cor da fachada, das parte e esquadrias externas; IV – dar às suas partes e a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou as bons costumes. §1º O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, os de 1% (um por cento) ao mês e multa de até 2% (dois por cento) sobre o débito. §2º O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará a multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a 5 (cinco) vezes o valor de suas contribuições mensais, independentemente das perdas e danos que se apurarem; não havendo disposição expressa, caberá à assembleia geral, por 2/3 (dois terços) no mínimo dos condôminos restantes, deliberar sobre a cobrança da multa.
Um dos deveres principais é o pagamento das despesas
condominiais, recolhendo a quota-parte de cada condômino no prazo assinalado na
convenção do condomínio, contribuindo para a manutenção do condomínio.
Tecendo importantes considerações sobre o tema, Maria
Helena Diniz:
(...) o condômino é obrigado a concorrer, na proporção de sua parte, para as despesas de conservação ou divisão da coisa e suportar na mesma razão o ônus a que estiver sujeita (...). Isto é assim, porque as despesas com conservação (demarcações, restaurações, reparações, remuneração de vigilante, impostos e taxas) e com a divisão do bem (custas judiciais, honorários advocatícios, operações de agrimensura etc.) aproveitam a todos, e todos, por esta razão, devem suportá-las na proporção das respectivas quotas.83
O não pagamento das devidas contribuições incidirá na
hipótese do § 1º, do art. 1.336, do Código Civil, ou seja, juros moratórios
convencionados, ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até
dois por cento sobre o débito, podendo ainda agravar nos casos de inadimplir
reiteradamente.
Ainda quanto às sanções, adverte Arnaldo Rizzardo sobre a
venda do imóvel, visto na legislação anterior acarretar em restrição a venda do
imóvel:
83 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro . p. 152.
40
Quanto a impedir a venda da unidade se devedor o proprietário, é, realmente, incompreensível a restrição, porquanto o adquirente sub-roga-se na obrigação, o que está escrito no art. 1.345 do Código Civil de 2002: “O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios”.84
Outra observação importante é explanada por João Batista
Lopes quanto ao pagamento das despesas nas relações locatícias, asseverando:
(...) inquilino ficará obrigado a pagar as despesas ordinárias (i.e., as necessárias à administração do edifício), cabendo ao locador as despesas extraordinárias (relativas a estrutura e aparência do prédio), (...)85
Continuando com a apresentação dos demais deveres gerais,
passa-se a analisar o dever do condômino de abster-se de realizar obras que
comprometam a segurança. Por óbvio não poderia ser diferente, posto que nocivo a
propriedade. Entretanto, restou necessário sua disposição na legislação ante as
frequentes realizações que afetam a edificação, conforme assevera Pedro Elias
Avvad:
A cautela não é infundada. Não foram raras as vezes me que condômino, sem recurso à assistência técnica competente, decide realizar obras pondo em risco a segurança de toda a edificação. (...) A proibição é correta e deve ser fiscalizada por todos os condôminos que não necessitam aguardar a decisão do síndico ou da assembleia para agir.86
Quanto a alteração da forma e da cor da fachada e parte
externa do prédio, o mesmo doutrinador prossegue interpretando o alcance da lei
em vigor:
Portanto, não é apenas a forma e a cor da fachada que são abrangidos pela proibição. Como partes externas deve entender tudo mais que integra a composição e a arquitetura exterior, como vidros, persianas, cerâmica, louça, alvenaria, telhas, madeiramento e o que mais se constituir “parte” externa e, também “as esquadrias”.87
84 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 632 85 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 85 86 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 96 87 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 97
41
Consectário lógico que o legislador procurou assegurar as
qualificações físicas e arquitetônicas da edificação, conservando a estética da
construção com suas qualidades e, mais que isso, buscou resguardar os direitos
reais pertencentes a todos os condôminos sobre tais áreas. Contudo, com cautela
se observa tal infração uma vez que determinadas obras ou instalações que
aparecem externamente não devem ser tipificadas como infração aos deveres, como
é o exemplo a instalação de grades nas sacadas das unidades autônomas, visto se
tratar da segurança dos moradores da unidade. 88
No mesmo enfoque vislumbra-se o dever de respeitar a
destinação da edificação, lembrando que a destinação do prédio e de suas partes
são dispostas quando da constituição e instituição do condomínio, não podendo
cada um dos proprietários usufruir de forma diversa daquela prevista, tanto áreas
comuns como exclusiva. De modo contrário, estaria utilizando das partes de maneira
prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons
costumes.
No entanto, observa-se grande subjetividade na caracterização
do uso nocivo da propriedade conforme disposto no parágrafo anterior, eis que não
existe uma definição que se aplique indistintamente a todas as regiões, devendo
nestes casos, conforme coaduna do entendimento Pedro Elias Avvad, deve
prevalecer o bom senso nas relações em geral, em especial, no direito da
vizinhança, observando as características e minúcias de cada caso.
Com o bom senso é que se resolvem as questões de vizinhança e nelas se incluem, com maior razão, os problemas relacionados com os bons costumes que variam, conforme o local, a educação e o nível das pessoas e, também, de acordo com a época em que as situações ocorrem.89
Desnecessário enfatizar a necessidade, pelos condôminos, do
atendimento às regras que tratam dos direitos da vizinhança, caso contrário, restaria
insuportável a vida em comum. Nesse aspecto, o legislador buscou resolver tal
situação prescrevendo sanções para os infratores de tais normas. Contudo nem
sempre é eficaz. 88 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 642 89 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 99
42
No doutrinar de Arnaldo Rizzardo:
O condômino inconveniente não pode ser afastado de sua moradia. Nossas leis não consignam regramentos colimados a expulsão do condômino indisciplinado, que provoca seguidos atritos e se torna, por sua conduta, nocivo à comunidade. Nem cabe a interdição do apartamento. A solução mais conformável com a lei é o processamento nas penas de uma das desatualizadas contravenções penais.90
Continua o mesmo doutrinador:
Embora a impossibilidade de afastar o condômino que prejudica, por sua conduta, os demais, a solução é a cominação de penalidade no caso de infringência, e inclusive com a condenação em dano moral, diante dos incômodos a que é submetido o vizinho.91
Por fim a convenção poderá estabelecer as multas
cominatórias àqueles que agem de forma contrária aos deveres da boa vizinhança,
podendo prescrever multa ao condômino, por seu reiterado comportamento
antissocial, que poderá corresponder ao décuplo do valor atribuído a contribuição
condominial, sem prejuízo das perdas e danos que sua conduta der causa, nos
termos da legislação em vigor. Ressalta-se que o condômino que se sentir injustiça
com a sanção imposta, poderá recorrer a assembleia geral que deliberará sobre sua
subsistência.
2.4 DAS PARTES PRIVATIVAS OU EXCLUSIVAS E DAS PARTE S COMUNS
Tendo em vista o objetivo do presente trabalho, entendeu-se
por bem, criar um tópico para analisar as partes comuns e privativas do Condomínio
horizontal, o que se passa a expor sucintamente.
Como já visto anteriormente, a principal distinção da
propriedade horizontal com o instituto do condomínio em geral, é sua combinação de
direitos reais, os quais seja o direito de propriedade puro de apenas uma pessoa e a
comunhão exercida por duas ou mais pessoas. Tal característica assegura a
90 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 638 91 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 638
43
configuração do condomínio edilício, e, por este motivo, a doutrina enfoca tal
característica.
Salienta a importância do regramento para utilização das
partes comuns e privativas, João Nascimento Franco:
Ao traçar as normas de utilização do edifício, nas suas partes privativas e nas de uso comum, a Convenção visa resguardar, em proveito de todos, o patrimônio condominial e a moralidade ambiente, num sistema de normas que, mais rigorosamente do que as decorrentes do direito de vizinhança, objetivam garantir a todos os ocupantes das unidades autônomas sossego, tranquilidade e segurança.92
As partes comuns e exclusivas têm características
diferenciadas no direito de propriedade. A primeira, são as áreas de natureza da
comunhão, sendo sua propriedade fracionada entre todos os condôminos do
edifício, bem como sua disposição é inadmissível, porquanto afeta ao direito dos
demais consortes. Chamam-se tais partes de propriedade pro indiviso, exatamente
por não ser possível sua disposição. Assim, como sua utilização é restringida de
acordo com a vontade dos condôminos, cabe a convenção dispor sobre a sua
destinação e as regras de condutas nestas determinadas áreas. Quanto às partes
privativas, chamadas de pro diviso, são aquelas denominadas de autônomas como,
por exemplo, os apartamentos, lojas, etc. Tais partes são suscetíveis de disposição
à vontade de seu proprietário, não necessitando do consentimento dos demais
condôminos. Entretanto, sua fruição e gozo são restringidos as normas da boa
vizinhança e da segurança93.
Vale dizer, que a parte correspondente às áreas comuns
pertencentes a cada condômino são vinculados às unidades autônomas na forma de
fração da totalidade. Isso quer dizer, que nenhum dos condôminos é proprietário de
uma específica área comum, mas sim de um percentual sobre a totalidade. Ao
alienar um apartamento, além da fração ideal da unidade autônoma,
automaticamente estará alienando a sua quota parte da área comum.
92 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. p. 129/130 93 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . p. 129/130
44
Contudo, merece realce quanto à disposição das unidades
destinadas a guarda de veículos, uma vez que tais áreas, atualmente, são
constituídas de forma autônoma, diferentemente dos prédios mais antigos, as quais
pertenciam às áreas comuns, como se pode observar nos dizeres de Maria Helena
Diniz:
Inseparabilidade dos direitos às partes comuns da unidade autônoma. Os direitos de cada condômino às partes comuns não podem ser separados de sua fração ideal, correspondente à unidade imobiliária autônoma. E os que tiver sobre esta alcançam as suas partes acessórias. Logo, diante desse princípio o condômino não pode alienar, nem gravar, bens em separado.
Alienação de parte acessória da unidade imobiliária. O condômino só poderá alienar parte acessória de sua unidade imobiliária a outro condômino, só podendo faze-lo a terceiro se isso for permitido pela convenção e se a ela não se opuser a assembleia geral dos condôminos.94
Portanto, quando a vaga de garagem for exclusiva de seu
proprietário (unidade autônoma), estará suscetível de disposição
independentemente da unidade habitacional.
João Nascimento acrescenta sobre as partes privativas e
comuns:
Talvez, para evitar demasiado casuísmo, a Lei 4.591 dispôs sucintamente sobre a utilização privativa dos apartamentos e a coletiva das partes comuns do edifício, consignando: a) que são insuscetíveis de utilização exclusiva por qualquer condôminos o terreno em que se levanta a edificação e suas instalações, bem como as coisas e áreas destinadas a uso comum e tudo mais que sirva indiscriminadamente aos moradores do edifício (art. 3º); b) que é defeso a qualquer condômino alterar a forma externa da fachada, decorar as partes e esquadrias externas com tonalidade ou cores diversas da empregada no conjunto de edificação; destina a unidade a utilização diversa da finalidade do prédio, ou usá-la de forma nociva ou perigosa ao sossego, à salubridade e à segurança dos demais condôminos e embaraçar o uso das partes comuns (art. 10).95
Orlando Gomes apresenta suas considerações a respeito:
94 DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado . 8 ed. at. São Paulo: Saraiva, 2002.p.823 95 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. p. 131
45
Seu direito exclusivo está subordinado à interdependência de várias partes do edifício e à necessidade de coexistir com direitos iguais dos outros donos, sofrendo limitações especiais que lhe emprestam inconfundíveis traços fisionômicos. (...) Como proprietário privativo, pode independentemente do consentimento dos outros condôminos, vender o apartamento, doá-lo, locá-lo, dividi-lo, repará-lo, enfim, praticar todos os atos que se contêm na faculdade de disposição de todo proprietário. (...) No exercício do poder de disposição, envolve, necessariamente, nos atos que pratica, seu direito sobre as partes comuns, acessórias do apartamento. Se o aliena, entende-se que cedeu igualmente sobre as partes indivisas.96
Sobre as partes comuns o ilustre doutrinador continua:
A medida do direito ao uso das partes comuns do edifício é invariável, não aumentando nem diminuindo conforme o valor ou as dimensões da cada apartamento. A utilização das partes e coisa comuns condiciona-se a igual direito dos outros condôminos. Não é permitido, por exemplo, embaraçar o uso de corredores. Em suma, não pode agir de modo a causar dano ou incômodo aos outros condôminos ou moradores. Tais limitações influem obviamente no direito sobre o apartamento.97
Finalizando, frisa-se o disposto no atual Código Civil,
diferenciando e especificando de forma geral as partes existentes na propriedade
horizontal. O §1º do Art. 1.331 do diploma dispõe:
“As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas, sobrelojas, ou abrigos para veículos, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas ou gravadas livremente por seus proprietários”.
Tratando-se das áreas comuns, dispõe o §2º do mesmo artigo
e diploma:
“O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos”.
96 GOMES, Orlando. Direitos Reais . p. 214 97 GOMES, Orlando. Direitos Reais . p. 214
46
2.5 DA EXTINÇÃO DO CONDOMÍNIO HORIZONTAL
Ainda que o condomínio horizontal tenha caráter de longa
duração temporal, devido até pela sua expressiva estrutura física, sua criação pode
ter um fim, ou seja, “(...) como toda a relação jurídica, a propriedade horizontal tem
seu começo, sua vida de atividade e tem seu fim”98. Conduto, diferente do
condomínio tradicional, a propriedade horizontal é caracterizada por uma
indivisibilidade essencial.
O Condomínio horizontal é criado para perpetuar no tempo,
tendo em vista as finalidades que lhe é imposta. Nas palavras de Caio Mário da
Silva Pereira:
Não ocorre, porém, com ela o mesmo que se dá com o condomínio tradicional, que se pode extinguir pela action communi dividundo, tão antiga no direito quanto na língua, como dá notícia a desinência verbal dividundo, de notório arcaísmo. É com efeito, uma faculdade reconhecida a qualquer condômino, esta de requerer a todo tempo a divisão da coisa comum (Código Civil, art. 629). E mesmo quando hajam acordado os co-proprietários a conservação do estado de indivisão ou este seja imposto como condição pelo doador ou testador, é temporário, limitado a lapso não maior de cinco anos (arts. 629, parag. Único, e 630 do Código Civil). Na propriedade horizontal o mesmo não ocorre. Ligada a existência jurídica da propriedade coletiva sobre o solo e partes comuns do prédio à subsistência da propriedade particular e individual sobre os apartamentos, constitui um condomínio indivisível. Não é uma propriedade distinta, tendo como titular uma entidade abstrata, porém uma propriedade exercida em comum pelos proprietários dos apartamentos, insuscetível de alienação destacada da unidade autônoma a que adere, e insuscetível ainda de divisão.99
E por tais considerações a explica Arnaldo Rizzardo a
dificuldade de extinção deste instituto:
É propriamente impossível extinguir o condomínio formado em edifícios, no qual se atribuem porções ideais aos proprietários sobre uma área de uso individual e sobre áreas de uso comum. A extinção no sentido comum, é possível se todas as unidades e os espaços se concentrarem em uma única pessoa. Ainda, e em termos, na
98 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações . p. 211 99 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Condomínio e incorporações . P. 211
47
hipótese de destruição do edifício. O condomínio persiste sobre o terrenos e os escombros ou as sobras.100
A par disso, o atual Código Civil instituiu as formas de extinção
do condomínio horizontal ou edilício, elencando em seu art. 1.357, caput, as suas
causas, dispondo: “Se a edificação for total ou consideravelmente destruída, ou
ameace ruína, os condôminos deliberarão em assembleia sobre a reconstrução, ou
venda, por votos que representem metade mais uma das frações idéias”. Ainda, o
Art. 1.358 prevê a hipótese de desapropriação: “Se ocorrer desapropriação, a
indenização será repartida na proporção a que se refere o §2º do artigo
antecedente”.
Passa-se a analisar as causas de extinção do condomínio e
suas consequências, bem como, o procedimento que deverá ser adotado por cada
caso, iniciando pela destruição parcial ou total da edificação, assim como a ameaça
de ruína.
Nesse aspecto extrai-se da lição Pedro Elias Avvad:
A destruição total, é sabido, ocorre quando nada pode ser aproveitado; a ameaça de ruína é ditada pelo poder público que determina a interdição da edificação impossibilitando que seja utilizada naquelas condições apresentadas. Nesse caso há, realmente, a extinção do condomínio já que, se houver reconstrução, dará origem a uma nova edificação e a um novo condomínio que será formado, talvez com os mesmos condôminos, mas, certamente, em outra edificação.101
Nesse prisma, necessário novamente recorrer ao entendimento
subjetivo dos condôminos quanto à destruição considerável, uma vez que tal não
pode ser delineada ou limitada, devendo aqueles recorrerem ao bom senso. Por
este motivo, a assembleia é o instrumento cabível para decidir se a destruição é
considerável ou não, lembrando sempre do quorum necessário assinalado pela lei:
metade mais uma das frações ideais. De toda forma, caso não seja acordado,
recorre-se para a via judicial na busca de uma decisão definitiva.
100 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 665 101 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 220
48
De tal ocorrência, aos condôminos restam duas soluções: a
reconstrução do condomínio ou da parte destruída de acordo com o caso, bem como
quando da declaração de ameaça de ruína; ou a venda em qualquer dessas
hipóteses.
Todavia, quando acordado sobre a reconstrução do todo ou
das partes atingidas, nem sempre poderá ocorrer a unanimidade. Pensando nisso, o
legislador previu opção aos dissidentes no §1º do art. 1.357, o qual comentou Pedro
Elias Avvad:
(...)à eventual discordância de algum dos condôminos quanto a adoção, pela assembleia, da primeira das possíveis alternativas que se lhes oferece para a ocorrência de sinistros que destruam, em parte ou no todo, a edificação, ou ante a ameaça de ruína. Evidente que, se todos aceitarem a reconstrução, nessa hipótese não haverá problema e restaura-se o condomínio na mesma edificação ou em outra. Mas a lei abre uma possibilidade aos dissidentes, melhor dizendo, às minorias que não concordem em participar da reconstrução. “Deliberada a reconstrução, diz a lei, poderá o condômino..., que não quiser ou não puder arcar com as despesas da reconstrução – está subentendido – “...eximir-se do pagamento das despesas respectivas, alienando os seus direitos a outros condôminos...” – tanto da fração do terreno como nas benfeitorias – “... mediante avaliação judicial”.102
Neste caso, a preferência de aquisição da propriedade posta a
disposição é dos condôminos. Quando não houver interessados, abre-se
oportunidade para estranhos à comunidade condominial adquirirem-na, posto que
não se “encontra razão que impeça a venda, tanto que é pleno o direito de venda da
fração ideal”103.
Optando-se pela venda, o resultado distribui-se,
proporcionalmente ao valor das unidades, nos termos do §2º do art. 1.357. Vale
ressaltar, a preferência dada aos condôminos, abrindo a terceiros estranhos quando
da não existência de interessados.
Ainda, pertinente à venda, uma dúvida paira. Por consectário
lógico, os valores mercantis, de venda, das unidades individuais diferem de acordo
com o tamanho, andar e/ou localização no âmbito da construção. Por exemplo, uma 102 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 221 103 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 665
49
sala frontal, sem sombra de dúvida, tem um valor muito mais elevado quando
comparado a uma sala de fundo. Outrora, a legislação prevê apenas a distribuição
proporcionalmente, mas discrepa quanto a proporção, seja pela fração ideal da
unidade ou pela valoração da unidade no mercado imobiliário104.
Afora isso, pode a desapropriação da edificação ser causa de
extinção do condomínio, nos termos do art. 1.358 do Código Civil. Sem maiores
digressões, realizada a desapropriação a indenização será rateado aos consortes de
forma proporcional ao valor da unidade na forma utilizada para a venda supra
explicitada.
Todavia, neste caso, importante consideração feita por Pedro
Elias Avvad quanto o rateio do valor da indenização, conforme o problema
mencionado retro:
Também, para a hipótese de desapropriação, se aplicará no rateio o valor proporcional da unidade e, por isso, será toda a conveniência que este valor esteja previamente estabelecido. É mister, entretanto, se destacar que na desapropriação costuma-se avaliar individualmente cada unidade e, nesse caso, não haverá propriamente rateio, recebendo, cada condômino, o valor correspondente à sua unidade.105
Como visto, a simples vontade dos condôminos em extinguir a
modalidade nem sempre é possível, sendo necessário uma causa superveniente,
que a torne possível.
104 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 225 105 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 225
CAPÍTULO 3
DAS DESPESAS
3.1 DO CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
Como visto anteriormente, entre os principais deveres dos
condôminos figura o de concorrer para as despesas oriundas do universo
condominial.
Tais despesas são devidas para a manutenção, conservação e
administração do condomínio e obras ou inovações aprovadas pelos condôminos,
contribuindo para preservação de suas estruturas e dependências, bem como das
relações de convivência dos condôminos. Incluem-se nas despesas, os títulos
provindos de responsabilidade por indenizações, tributos, seguros, etc.
De acordo com o art. 1.336, I, do Código Civil, é dever do
condômino, entre outros: “(...) contribuir para as despesas do condomínio, na
proporção de suas frações ideais”.
Não poderia ser diferente, a concorrência para as despesas
condominiais são obrigatórias na proporção estipulada pela convenção do
condomínio que cabe a cada parte. Veja-se na lição de João Batista Lopes:
Como se vê, cabe à convenção de condomínio definir os critérios para a determinação da quota-parte de cada condômino e o momento em que as despesas devem ser pagas, com previsão de sanções para a hipótese de inadimplemento. E a obrigação de pagar os encargos condominiais decorre do só fato de o condômino integrar o universo condominial, sendo irrelevante a circunstância de não haver assinado a convenção de condomínio.106
Entretanto, a responsabilidade dos encargos merece especial
atenção, a qual será dada adiante. Antecipa-se apenas a diferença da contribuição
condominial e do aluguel. Outrora, e em regra, o proprietário da unidade autônoma é
106 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 91
51
legítimo responsável pelas despesas, e com este se configura a relação jurídica do
dever. Nos caso dos aluguéis, a relação se dá entre o proprietário/locador e o
inquilino, sendo entre eles convencionado a responsabilidade do pagamento das
despesas. Ressalta-se que ainda que convencionado entre as partes, nem todas as
despesas devem ser arcadas pelo locatário, tendo em vista a Lei do Inquilinato
dispor sobre tal responsabilidade e, sendo ela de ordem pública, sua norma é
cogente, como se verá adiante.
Neste momento, é de maior relevância buscar a natureza das
despesas de condomínio, já que por sua característica pode-se assimilar tanto como
direito pessoal quanto direito real.
João Batista Lopes assinala as diferenças apontadas pela
doutrina:
A doutrina, de um modo geral, aponta as seguintes diferenças entre as obrigações e os direitos reais: a) as obrigações têm caráter pessoal, no sentido de que vinculam apenas as pessoas (sujeitos) da relação jurídica, enquanto os direitos reais têm caráter absoluto porque valem erga omnes; b) os direitos reais estão sujeitos ao princípio da tipicidade (numerus clausus), enquanto as obrigações ao da liberdade de constituição (numerus apertus); c) o direito de sequela é exclusivo dos direitos reais.107
Salienta-se que a obrigação não produz, em regra, efeitos em
relação a terceiros. Prossegue o nobre doutrinador:
Entretanto, como adverte o primeiro dos autores citados, “a lei pode efetivamente, para satisfazer determinados interesses relevantes, impor ou permitir a oponibilidade a terceiros de relações que são, na usa estrutura, de caráter obrigacional, por assentarem fundamentalmente num dever de prestar e no correlativo direito à prestação”. É exatamente o que ocorre com as despesas de condomínio, que, constituindo embora obrigação, no sentido técnico-jurídico, revestem-se de peculiaridades, porque têm eficácia em relação a terceiros. São, de acordo com a doutrina, obrigações propter rem.108
107 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 92 108 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 93
52
Destaca-se o princípio da ambulatoriedade, segundo o qual
todos os ônus da coisa a acompanham,109 que recai sobre as obrigações “(...)
propter rem, isto é, oriunda da própria coisa (...)”110, o que acarreta-se em dizer que
o adquirente da coisa não pode eximir-se do pagamento das despesas relativas ao
bem, tanto as futuras como as do período anterior a transferência da propriedade.
3.2 DA RESPONSABILIDADE PELAS DESPESAS
A legislação atinente obriga os condôminos a concorrem com
as despesas de condomínio. Inicialmente, ressalta-se o que se entende por
condômino, nas palavras de Jorge Tacha e Luiz Antonio Scavone Junior: “(...) por
“condômino” entendemos o titular da unidade, seja proprietário, promissário
comprador ou cessionário dos direitos e obrigações sobre o imóvel”111.
Nesta senda, não se restringe a intitulação de condômino
apenas ao legítimo e atual proprietário, sendo aquele que consta as margens da
matrícula imobiliária da unidade. Sobre isso não discrepa João Nascimento Franco:
O vocábulo “condômino” abrange também o usufrutuário, o nu-proprietário, o fiduciário, o compromissário comprador, o promitente cessionário de direito à compra, ou qualquer outro titular de direito à aquisição das unidades autônomas do edifício, conforme se infere do §4º. do art. 12 da Lei 4.591.112
Neste norte, todos que tomam a posse direta estão incumbidos
de arcar com as despesas relativas ao condomínio, obrigando-se pela respectiva
cota das despesas de administração e conservação do edifício. Segundo a lei 4.591
de 16 de dezembro de 1964, que sistematizou as incorporações imobiliárias e os
edifícios em condomínio, indiferentemente se o edifício está construído ou em
construção, responde pelas despesas todo aquele que se vincula a uma unidade
autônoma. Por tal, verifica-se a flexibilidade da expressão condômino.
109 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 93 110 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo código civil come ntado . p. 150 111 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de
condomínio : manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. São Paulo: Juarez de Oliveira, 1999. p. 7
112 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . p. 216
53
O art. 12, § 4º, define como responsáveis pelas despesas os
proprietários, ou titulares de direito à aquisição das unidades. Expressão que
aparece em diversas passagens pela lei. Como visto, a vinculação do domínio da
propriedade é essencial para tal configuração. Mesmo o compromissário comprador
com título contratual de promessa de compra e venda não registrado no registro
imobiliário pode ser considerado condômino para todos os efeitos. João Nascimento
Franco afirma:
(...) predomina o entendimento de que a promessa de venda e compra, mesmo não registrada, investe o compromissário comprador na condição de “quase proprietário e na posse do imóvel, o que lhe permite defende-la por embargos de terceiro, pleitear indenização em caso de desapropriação e praticar atos análogos.113
Continuando na seara da compra e venda da unidade, outro
assunto que merece realce são as despesas não pagas pelo alienante da unidade
condominial.
Como visto retro, as despesas tem natureza propter rem, que
se caracterizam pela ambulatoriedade, ou seja, as obrigações seguem com a coisa
alienada. Neste enfoque o Código Civil dispôs no art. 1.345: “O adquirente de
unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive
multas e juros moratórios”.
Em que pese a observação de João Batista Lopes de que “sob
o aspecto moral, tal entendimento não encontra justificativa”114, o mesmo coaduna
com o objetivo visado pelo legislador ao estatuir a norma. Nas palavras deste
doutrinador: “A rattio da norma é, portanto, proteger o condomínio evitando
problemas na cobrança das despesas, do que poderia decorrer desequilíbrio
orçamentário em prejuízo da vida condominial”115.
No mesmo diapasão o entendimento de João Nascimento
Franco:
113 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . p. 217 114 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 98 115 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 98
54
Para garantir o equilíbrio econômico e financeiro do condomínio, a lei considera dívida propter rem a cota-parte atribuível a cada apartamento nas despesas ordinárias e extraordinárias. Esse critério vem desde o texto originário do parágrafo único do art. 4º da Lei 4.592, que carreava ao adquirente de uma unidade a responsabilidade pelos débitos do alienante para com o condomínio, inclusive multas.116
Outro aspecto que merece atenção recai sobre as relações
locatícias e a responsabilidade no pagamento das contribuições condominiais como
se verá nas lições dos nobres doutrinadores.
Jorge Tarcha e Luiz Antonio Scavone Junior entendem que os
locatários são ilegítimos em face do condômino posto que não há relação entre
estes:
No âmbito da locação, o locatário não pode ser considerado condômino para efeito de legitimidade em face do condomínio. Em verdade, o locatário deve as despesas condominiais ao locador por força do contrato de locação e do art. 23, inciso XII, da Lei n. 8.245 de 18 de outubro de 1991. Não possui, assim, legitimidade em face do condomínio. (...) O locatário por sua vez, responde pelas despesas ordinárias em face do locador em virtude do art. 23, inciso XII, da Lei n. 8.245/91117
Do contrário é o pensamento João Nascimento Franco:
(...) tal como ocorre com o locatário que assume, no contrato de locação, a obrigação de pagá-las diretamente ao síndico ou ao administrador do edifício. Nesse caso, o locatário torna-se terceiro interessado e, (...), ganha legitimidade para, em caso de dúvida ou recusa, consignar o pagamento em nome do condomínio118.
Contudo, maior apreço recebe a classificação das despesas
que nas palavras de João Batista Lopes:
Para um exame sistemático da questão, partiremos da classificação adotada por Gabas, que contempla as seguintes espécies de despesas: a) despesas com administração: são as que se destinam a cobrir gastos com a conservação e funcionamento do edifício, inclusive reparações nas partes comuns para manter-lhe as
116 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . p. 220 117 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de
condomínio: manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. p. 7
118 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . p. 215
55
condições normais de segurança, conforto etc.; b)despesas com inovações: as que objetivam melhorar as condições de uso e gozo do prédio; c) fundo de reserva: destinado a cobrir despesas extraordinárias ou imprevistas, que refogem ao conceito normal de administração; d) despesas decorrentes de atos dos condôminos, na omissão do síndico, em casos especiais, como reparações urgentes no prédio.119
De modo geral, as despesas condominiais são classificadas
pelo legislador como ordinárias e extraordinárias. As primeiras são relativas às
despesas necessárias à administração respectiva; as segundas se entendem por
aquelas que não se refiram aos gastos rotineiros de manutenção (e administração)
do edifício, nos temos da Lei nº 8.245/91. Tais distinções serão adiante melhor
explanadas.
No que é pertinente às locações, os locadores respondem
pelas despesas chamadas extraordinárias. Os inquilinos por sua vez, devem pagar
as despesas ordinárias. De toda forma, em caso de inadimplência por parte do
inquilino, o locador/proprietário poderá ser acionado judicialmente para quitar a
dívida não paga perante o condomínio respondendo pela totalidade, com direito de
regresso perante o locatário nas partes por este devida.
Despiciendo salientar que devido à variedade e complexidade
das situações geradas pela vida condominial, são frequentes as polêmicas entre
condôminos e condomínio, bem como locadores e locatários acerca da definição das
espécies das despesas e a responsabilidade de quem deve pagar.
3.3 DAS DESPESAS ORDINÁRIAS
Tratar-se-á neste momento, de modo sucinto, sobre as
definições dadas as espécies de despesas existentes na relação condominial. Como
visto, as despesas de condomínio se classificam de modo geral em ordinárias e
extraordinárias de acordo com sua destinação e utilização em benefício ao edifício e
a comunidade condominial.
No tocante as despesas tidas como ordinárias aquelas
destinadas à manutenção e necessárias à administração para ao bom 119 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 94
56
funcionamento do condomínio. Tais despesas chamadas também de “despesa de
custeio”, que se referem aos serviços rotineiros de conservação e administração que
abrangem, entre outras:
Salários e demais encargos dos empregados; consumo de água, coleta de esgoto (...); luz e água das áreas comuns; limpeza, conservação e pintura das áreas internas de uso comum; manutenção de equipamentos, máquinas e utensílios de qualquer natureza, tais como elevadores; pequenos reparos nas instalações elétricas e hidráulicas de uso comum; fundo de reserva, se previsto na convenção; seguro do edifício (art. 13 da Lei n. 4.591/64 e 23 do Decreto n. 61.867/67); materiais de limpeza; honorários do administrador e isenção do síndico.120
Salienta-se importante consideração que tais despesas supra
elencadas não são exaurientes. A interpretação das despesas não deve ser restritiva
cabendo ao intérprete levá-las como base para outras despesas que sobrevierem
durante a vida condominial, tais como “gastos com cópias reprográficas,
manutenção de conta bancária, correios para envio de balancetes etc.”121
Pode-se notar que a matéria não atingiu uma definição
específica, visto as variedades e as peculiaridades de cada condomínio e edifício,
cada qual, terá sua particularidade quanto às despesas ordinárias, entretanto, como
guia leva-se em conta que estas “são despesas que não acrescem em nada à
aparência do prédio ou sua estrutura”.122
Todavia para que se queira a exigibilidade das despesas de
condomínio em face dos condôminos é necessário que os requisitos formais para
sua validade estejam verificados, principalmente quanto a sua aprovação:
Tais despesas devem ser orçadas e aprovadas em Assembleia anual (art. 24 da Lei 4.591), a ser realizada em qualquer dia e mês, e não necessariamente em janeiro, pois o ano condominial pode coincidir
120 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de
condomínio: manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. p. 13
121 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de condomínio: manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. p. 13
122 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de condomínio: manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. p. 14
57
com o ano civil, que é o período contado do dia do início ao dia e mês correspondente ao seguinte.123
Novamente se toca à relação locatícia dos imóveis, porquanto
as despesas aqui definidas são de responsabilidade do locatário, ressalvado as
arrecadações destinadas à constituição do fundo de reserva que, apesar de ser
classificado como despesa ordinária, deverá ser arcada pelo locador por força de lei
– art. 22, X, p.ú., g, lei nº 8.245/91. Justificando o motivo cita-se a definição João
Nascimento Franco:
O fundo de reserva constitui patrimônio comum vinculado à sua destinação, que é atender a despesas imprevisíveis e inadiáveis. Consequentemente, não pode ser distribuído aos condôminos, nem restituído proporcionalmente ao que alienar sua unidade autônoma, deixando de participar do condomínio.124
Entretanto, nesse aspecto divergem Jorge Tarcha e Luiz
Antonio Scavone Junior do acima exposto, eis que consideram que “(...) o rateio dos
pagamentos destinados a sua formação deve ser considerado despesa
extraordinária”125. De outro norte os mesmos doutrinadores explanam:
Se o fundo foi utilizado para as despesas de manutenção do edifício, para aquelas que normalmente seriam consideradas despesas ordinárias, a sua reposição terá a mesma classificação. Mas, se o fundo foi utilizado, total ou parcialmente, para despesas extraordinárias (como, por exemplo, reforma substancial dos elevadores), assim também será considerado o rateio para a reposição.126
Veja-se que o mais acertado será sempre quando da análise
da destinação dos valores. Outra consideração a respeito dos locatários se extrai do
ensinamento dos mesmos doutrinadores:
Importante ressaltar que, nos termos do §4º do art. 24 da Lei 4.591/64, o locatário somente poderá votar na Assembleia que
123 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . p. 189-190 124 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . p. 195 125 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de
condomínio: manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. p. 25
126 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de condomínio: manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. p. 25
58
envolva a aprovação do orçamento para as despesas ordinárias se o condômino-locador a ela não comparecer. Razão assiste ao legislador, vez que o responsável pelo pagamento das despesas de condomínio é o locador – titular da unidade – e não o locatário, que as deve ao locador em face do contrato de locação.127
Neste prisma, é direito do condômino locatário estar presente
na assembleia para deliberar somente sobre as despesas a ele pertencentes, salvo
se em posse de procuração lhe dando amplos poderes para deliberar sobre os
demais assuntos.
3.4 DAS DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS
Resta explanar sobre as despesas de responsabilidade do
locador nas relações locatícias, as despesas extraordinárias que na concepção de J.
Nascimento Franco:
São despesas destinadas a acudir a situações imprevistas, assim como para o custeio de inovações e reparações necessárias, úteis ou voluptuárias. Cada categoria de despesas merece um tratamento jurídico próprio e, na medida do possível, deve ser regulada na Convenção. De qualquer forma, porém, sua exigibilidade depende, como toda e qualquer contribuição cobrada aos condôminos, de regular aprovação na Assembleia Geral: previamente quando possível, ou posteriormente quando o fato que as ocasionou era imprevisível.128
De todo modo são aquelas que não se referem a gastos
corriqueiros do condomínio, nem são necessárias a administração do condomínio,
mas “(...) interessam à estrutura do edifício, ou de alguma forma, aumentam seu
valor”129. Nesta característica é que se funda o embasamento dos lecionadores
Jorge Tarcha e Luiz Antonio Scavone Junior, não exatamente na valoração do
imóvel financeiramente mas nos efeitos que tais obras ou melhorias refletem ao
condomínio.
127 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de
condomínio: manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. p. 15
128 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . p. 201 129 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de
condomínio: manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. p. 9
59
Assim, mesmo que o proprietário não obtenha uma valorização pecuniária propriamente dita, ou seja, mesmo que tais despesas não façam subir o valor do imóvel, elas proporcionam melhor impressão a um pretendente, seja à locação, seja à aquisição.130
Na mesma esteira das ordinárias, a exemplos de tais despesas
cita-se reformas substancias que se caracterizam despesas extraordinárias como
inovações estruturais do edifício, para modernizá-lo ou para atender a
determinações do poder público, transformação do terraço em lavanderia, ampliação
dos halls ou vestíbulos, compra de mobília para decoração do hall de entrada, a
construção de uma churrasqueira ou piscina, a aquisição de geladeira para o salão
de festas ou a compra de equipamentos de ginástica, enfim, inovações que
atualizem, melhorem ou embelezem o edifício.
Note-se ainda que as despesas extraordinárias se dividem em
três categorias: as necessárias, as úteis e as voluptuárias. Contudo, deve-se
analisar cada condomínio para a definição sobre a sua categoria. Ora, consectário
lógico, para alguns condomínios, por exemplo, os de luxo, a troca de mobília poderá
ser qualificada com útil, em quanto em outros condomínios de nível inferior, poderá
ser qualificada como voluptuária.
A grande distinção entre estas categorias está prevista no art.
1.341 do Código Civil:
Art. 1.341. A realização de obras no condomínio depende: I – se voluptuárias, de voto de dois terços; II – se úteis, de voto da maioria dos condôminos. §1.º As obras ou reparações necessárias podem ser realizadas, independentemente de autorização, pelo síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer condômino(...).
Veja-se que a autorização para a realização das obras
depende, em regra, da sua urgência e de seu excessivo valor, casos em que será
necessário a aprovação prévia da assembleia. Nesta senda Arnaldo Rizzardo define
urgência e valor excessivo:
130 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de
condomínio: manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. p. 9
60
A urgência decorre da previsibilidade difícil mas não impossível de acontecer, como rompimento de encanação, pane em máquinas e elevadores, queda de paredes, destelhamento, inundações, arrombamentos, vazamentos da caixa de água, interrupção da rede elétrica. Para ter-se como excessivo o aumento das despesas, deve o valor ultrapassar, no mínimo, a um terço das comumente exigidas.131
Lembra-se que da mesma forma, as peculiaridades de cada
condomínio são essenciais para a definição. Portanto, adverte J. Nascimento
Franco:
As inovações que acarretam gastos extras geralmente encontram fortes opositores. Por isso todas as cautelas devem ser tomadas para que inexistam irregularidades na sua aprovação, bem como nas despesas respectivas.132
A assembleia dos condôminos é competente para a aprovação
de tais despesas, des que não sejam estas emergenciais e, ainda que necessárias,
mas de alto custo, sua deliberação na reunião é imprescindível para sua validade,
evitando assim futuros litígios em relação a elas e, frisa-se, cada edifício deve ser
analisado nas suas peculiaridades e minúcias para verificar a qualificação das
despesas.
3.5 DAS DESPESAS RELATIVAS AS ÁREAS COMUNS DE USO E XCLUSIVO
Chega-se ao que propôs o presente trabalho. Analisado toda a
criação, função, destinação, atribuições, sua natureza, enfim, os assuntos que
norteiam a propriedade condominial horizontal, a fim de restar claro os ônus que
recai sobre os interessados desse tipo de propriedade, privativa e ao mesmo tempo
comum, tudo em apenas um edifício.
Frisa-se a principal importância que distingue o condomínio
horizontal ou edilício das outras instituições que se inserem no direito real, à mescla
da propriedade privativa com a propriedade em comunhão. Os condôminos são
proprietários de uma unidade autônoma, independente, livre e desembaraçada para
a sua disposição, restringindo-se apenas ao gozo, o qual deve ser respeitado os
131 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 644 132 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . p. 199
61
direitos de vizinhança também dispostos nas normas internas da comunidade
condominial, exteriorizada pela convenção do condomínio e regimento interno. São
também proprietários das áreas comuns, compreendidas aquelas que a todos
aproveita, como por exemplo, o solo, as escadarias, a administração, a limpeza, etc.
Após, passada as análises dos direitos e deveres dos
comproprietários, faz-se necessário analisar um dos principais deveres que
interessam fundamentalmente a todos do condomínio: As despesas condominiais.
Sendo tais, rateadas na proporção da fração ideal correspondente a cada unidade
imobiliária. Vale dizer, neste momento, que a fração ideal se compõe da área
privativa proporcional a toda a edificação construída, somada à cota parte das áreas
de uso comum133.
Nessa esteira, nasce mais um dos impasses que exsurge de
sua vivência: As despesas relativas às áreas comuns de uso exclusivo.
O que se pretende é compreender o alcance da
responsabilidade que cabe a cada condômino no pagamento das despesas oriundas
das partes que não são aproveitadas por todos, como se encontra na doutrina, como
exemplo, as despesas geradas pela manutenção e conservação do elevador e as
despesas provindas do terraço do edifício.
Afirma-se que “Em linha máxima, é natural que a exigência do
pagamento de qualquer importância corresponda a um serviço efetivamente
utilizado”134. Essa observação de João Batista Lopes é premissa para o pagamento
de despesas, ou seja, “(...) a lei, transfere para o direito positivo o brocardo que
impõe os ônus a quem tem bônus”135.
Nesta senda, passa-se a analisar a quem recai a
responsabilidade das despesas inerentes as áreas comuns, compreendendo, por
exemplo, se as salas com entrada e saída diretamente para rua, tem o dever de
arcar com as despesas de elevador; ou se as despesas com o terraço cabe apenas
à cobertura. 133 FRANCO, João Nascimento. Condomínio . p. 203 134 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 128 135 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 121
62
Nas lições de Arnaldo Rizzardo:
As despesas de cobertura restringem-se ao respectivo proprietário, pois a ele apenas restringe-se o proveito – obrigação esta contemplada no art. 1.334 do Código atual: “Ao proprietário do terraço de cobertura incumbem as despesas da sua conservação de modo que não haja danos às unidades imobiliárias inferiores”. Igualmente os custos ou gastos das partes comuns que ficam no uso exclusivo de um ou vários condôminos, conforme o art. 1.340 do mesmo diploma: “As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo de um condômino, ou de alguns deles, incumbem a quem delas se serve.” As despesas do elevador, relativamente a condômino que não o utiliza, por se encontrar sua unidade no andar térreo, são suportáveis igualmente por ele, o que também é admitido na doutrina estrangeira, ressaltando Mariano Fernandez Martin-Granizo a finalidade do elevador, destinado ao serviço de todos, não sendo o uso ou a não-utilização motivo de exclusão.136
Desse modo, em princípio, todos os condôminos ficam
obrigados ao pagamento das despesas com sua utilização e conservação.
Outrossim, o que se extrai do ensinamento, é que o raciocínio que se deve levar em
consideração é de que não se considera a mera utilização da área ou equipamento
para configurar a necessidade de contribuir para a manutenção. O pensamento
correto é de que tais áreas ou equipamentos são aproveitáveis diretamente ou
indiretamente para o condômino. Exemplificando o mesmo doutrinador:
É que o elevador se instala para o serviço de todos os condôminos, considerando-se que os trabalhos dos serviçais e outros empregados, e inclusive do zelador e do administrador, proporcionam o bem do condomínio em geral. Daí interessar a conservação do aparelhamento.137
Consoante entendimento, Jorge Tarcha e Luiz Antonio
Scavone Junior:
É até lógico, uma vez que, indiretamente, utilizam os elevadores e áreas comuns, mesmo de forma mínima. Por exemplo, as caixas d’água quase sempre se encontram no último pavimento, sendo que a sua manutenção demanda a utilização de elevadores e demais áreas do prédio. Interpretação diversa levaria ao absurdo de ratear-se despesas de elevador proporcionalmente ao andar que se encontra a unidade, uma vez que aquela localizada no primeiro andar utiliza menos que aquela que se encontra no último. Seguindo o mesmo raciocínio, unidades desabitadas poderiam se furtar do
136 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 637 137 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 637
63
pagamento de condomínio por não estarem utilizando os serviços oferecidos a todos os condôminos.138
O entendimento de Haroldo Guilherme Vieira Fazano:
Previsto ou não na convenção ou na instituição do condomínio comercial o pagamento de despesas com elevadores por parte daqueles que estão no térreo, elas serão de responsabilidade de todos os condôminos, inclusive daqueles que estão no térreo, por quanto tais equipamentos fazem parte indissociável da propriedade condominial especial.139
Neste prisma, os encargos serão suportados por todos os
condôminos, não se eximindo do pagamento aqueles situados no piso térreo, que
não necessitam do elevador e de outras conveniências aproveitas pelos outros
condôminos. Contudo os doutrinadores abrem exceção para o caso da convenção
de condomínio dispor de forma diversa. Cita-se João Batista Lopes:
De um modo geral, os autores se inclinam pela afirmativa, com a ressalva de que a convenção de condomínio – cujo caráter normativo já foi ressaltado anteriormente – poderá dispor de modo diverso, caso em que será incontornável o dever de suportar a quota-parte das despesas, a despeito do não uso do elevador.(...). Em resumo, o condômino só pode ser desonerado das despesas com uso e conservação dos elevadores se a convenção assim o dispuser. Na omissão da convenção, a obrigação resultará incontornável.(...) Conquanto não mencionado expressamente no art. 1.331, §2º, do novo Código Civil, dúvida não pode subsistir de que ele se encarta entre as instalações do edifício, constituindo, pois, condomínio de todos. Donde se conclui que a conservação desse equipamento interessa a todos os condôminos, até mesmo por motivos de segurança do edifício. Além disso, seu mau estado de conservação deprecia o prédio.140
Portanto, neste prisma, a todos os condôminos que se
aproveitam das áreas comuns, mesmo que indiretamente e de forma mínima, recai a
138 TARCHA, Jorge; SCAVONE JUNIOR, Luiz Antonio. Despesas ordinárias e extraordinárias de
condomínio: manual de orientação para condôminos, síndicos, locadores, locatários e profissionais de direito. p. 100-101
139 FAZANO, Haroldo Guilherme Vieira. Da propriedade : horizontal e vertical. Campinas: CS Ed, 2003. p. 99
140 LOPES, João Batista. Condomínio . p. 129-131
64
responsabilidade no pagamento das despesas condominiais, “(...) excetuada a
hipótese da convenção condominial contemplar isenção, (...)”141.
Entretanto, se posiciona contrariamente Pedro Elias Avvad ao
analisar as disposições do Código Civil atinentes ao tema, veja-se:
A norma, agora editada, é salutar porque de um lado elimina injustiças como a cobrança das despesas com empregados, manutenção e até seguro das áreas comuns, daqueles que não fruem o respectivo uso, como seja dos condôminos que não tem direito a vaga de garagem, ou dos que não utilizam os serviços correspondentes, como são os donos de lojas externas com relação aos elevadores. De outro lado, estimula alguns condôminos relutantes que, mesmo não dispondo de condições para usufruir dos benefícios de determinada área, resistem em fazer qualquer concessão, mínima que seja, em favor do vizinho.142
Maria Helena não discrepa:
Despesas em relação ao uso das partes comuns: O condômino que vier a se servir, com exclusividade, de uma parte comum deverá pagar todas as despesas decorrentes de sua utilização.143
Quanto às áreas comuns de uso exclusivo, de um modo geral,
Pedro Elias Avvad acrescenta que sua exclusividade será apenas plena quando a
convenção ou decisão assemblear a conceder, passando este condômino a ser
encarregado das despesas e das responsabilidades de determinada área:
Deverá, quando possível, a convenção ou a deliberação assemblear que conceder o uso exclusivo, relacionar, além das despesas normais da parte comum, quais os demais encargos a serem suportados ou, então, dispor sobre as despesas das quais haveria isenção. Não havendo especificação de eventual não incidência, presume-se que o beneficiário tenha assumido, também, a responsabilidade pelo seguro e, ainda, por danos causados a terceiros ou a própria comunhão.144
Importante destaque merece as palavras do mesmo
doutrinador no tocante aos condôminos que renunciam a sua quota parte da coisa
comum. Pela premissa de que os condôminos só devem arcar com as despesas
141 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei nº 10.406, de 10.01.2002 . p. 637 142 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 122 143 DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado . 8 ed. at. São Paulo: Saraiva, 2002.p.827 144 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 123
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relativas a sua unidade imobiliária, ou àquelas de que usufruem, muitos cometem o
equívoco de renunciar a utilização da área comum acreditando que, com isso,
estarão desonerados do pagamento das partes a elas atinentes145.
Ora, por consectário lógico, expressa Pedro Elias Avvad
explana quando da concessão do benefício dado a um condômino ou a um grupo
para que estes tenham exclusividade de fruição de determinada área, o que onera a
todos que se beneficiam sendo irrelevante qualquer forma de renúncia, vale citar:
Significa que se o direito de usar e fruir determinadas coisas de uso comum se achar dentro da esfera jurídica de algum condômino, a renúncia ao direito de usar daquele bem ou serviço, não o exonera das respectivas responsabilidades, nem agrava aqueles que continuam desfrutando do direito que é comum de todos.146
No que toca ao terraço da cobertura, Pedro Elias Avvad não
discrepa, utilizando a mesma linha de raciocínio adotada para as partes comuns de
modo geral:
Em princípio, assevera a lei, o terraço de cobertura “é parte comum”, podendo, entretanto, a convenção dispor em contrário (art. 1.331 §5º). Se o terraço for parte comum e de uso comum, questão encerrada: as despesas são comuns. Ao contrário, se a convenção atribuir a propriedade do terraço a algum condômino, então aplica-se a regra ora examinada, o mesmo ocorrendo, ainda, se o condômino, não sendo o dono, tiver, entretanto, obtido o uso perpétuo e exclusivo do terraço, direito esse que para os efeitos aqui tratados equivale ao da propriedade.
Nesse prisma, aponta novamente a convenção como ponto
determinante para findar sobre a responsabilidade no pagamento das despesas das
áreas do terraço, bem como das áreas comuns em geral, ao dispor sobre o uso
exclusivo de determinadas áreas.
O pensamento de Maria Helena Diniz:
Despesas com terraço de cobertura. O proprietário do terraço de cobertura, indicado na constituição do condomínio (CC, art. 1.331, §
145 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 123 146 AVVAD, Pedro Elias. Condomínio em edificações no novo Código Civil come ntado . p. 123
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5º), é quem arcará com todas as despesas de sua conservação, sem que se danifiquem as unidades imobiliárias inferiores.147
Por fim, em que pese o pensamento de Pedro Elias Avvad, no
tocante a despesa com o elevador, a doutrina é sedimentada e dominante a respeito
da responsabilidade das despesas condominiais, incumbindo o ônus das áreas
comuns ao condômino ou ao grupo de condôminos que delas exclusivamente se
aproveita, descabido neste caso a renúncia, devendo, a margem de erro, estar
regulamentado na convenção condominial, eis que sua natureza contratual e
normativa permite e produz efeito.
Nesse aspecto, atinge-se o objetivo do trabalho em identificar o
entendimento doutrinário a respeito das despesas condominiais das áreas comuns
destinados ao uso exclusivo de determinados condôminos.
147 DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado . 8 ed. at. São Paulo: Saraiva, 2002.p. 829
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo investigar, à luz da
legislação e da doutrina a responsabilidade pelo pagamento das despesas
condominiais relativas às áreas comuns não utilizados por todos os proprietários de
unidades.
O interesse pelo tema abordado deu-se em razão de sua
discussão no âmbito interno das reuniões condominiais e que, sem uma resposta
sedimentada, geram discussões a respeito do tema.
Houve certa dificuldade na elaboração do trabalho, em razão
das poucas obras encontradas no acervo da biblioteca da UNIVALI, desatualizadas
quanto ao tema abordado, pois as obras encontradas são antigas em suas edições.
Prosseguindo, para alcançar o objetivo proposto, o trabalho foi
dividido em três capítulos:
No Capítulo 1º, buscou-se as linhas gerais do condomínio
edilício, demonstrando claramente sua distinção em relação ao condomínio geral,
bem como sua característica peculiar em relação aos direitos reais, que devido a
sua singularidade, não encontra classificação exata, sendo a mais aceita pela
doutrina como um direito real misto, uma vez que sobre um mesmo bem encontram-
se a propriedade comum e privativa.
Pretendeu buscar as origens da criação do instituto que, como
se asseverou, seu deu em virtude da várias ocorrências, dentre elas, o êxodo rural,
a aglomeração em grandes centros urbanos, e mais hodiernamente, questões como
a segurança, qualidade de vida, economicidade.
Por fim, delimitou o objeto do condomínio edilício, o qual seja
as unidades habitacionais – apartamentos e garagens – e as unidades comerciais –
salas –, o que se determina conforme a vontade dos constituintes.
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No segundo capítulo, abordou- se sobre o exercício em
condomínio, determinado sua forma de criação legal: instituição, incorporação,
especificação, bem como a forma com que as relações entre condôminos se dão, a
qual seja, a convenção de condomínio que, como se viu, tem caráter normativo,
devido a sua imposição, e contratual, tendo em vista que suas disposições são
realizadas em conjunto como os proprietários da edificação.
Tratou-se das partes que compõe o condomínio e, mais que
isso, o distingue dos direitos reais, as partes comuns e privativas. As comuns são
destinadas a toda a comunidade condominial, podendo-a ser aproveitada por todos,
desde que não obste a utilização por outrem. As áreas privativas são as unidades
exclusiva de seus proprietários, podendo dispô-las à sua vontade.
Também, tratou-se da extinção do condomínio, posto este,
apesar de perpetuar no tempo, não é eterno. Lembrando que as formas podem se
dar com a destruição do condomínio ou pela vontade de seus proprietários.
No terceiro capítulo explanou-se limitadamente ao objetivo
deste trabalho, trazendo a baila o conceito e natureza jurídica das despesas, sendo
elas indispensáveis ao manutenção e conservação do condomínio. Diferenciou-se
as despesas, como por exemplo às de custeio e as voluptuárias, entre outras.
Tais despesas devem ser suportadas por alguém, sendo este
alguém os próprios condôminos, proprietários das unidades, não podendo se eximir
de tal obrigação posto ser um dever legal. Ora, uma vez que o indivíduo adquire um
bem, cabe a este a sua conservação e manutenção. No caso dos condôminos, tal
manutenção é rateada entre todos os co-obrigados.
Ao final, encontra-se o ponto chave do estudo: A quem cabe as
despesas relativas as áreas comuns mas que são utilizadas por apenas um
condômino, ou um grupo de condôminos. Trazendo a baila o pensamento dos
doutrinadores a respeito, bem como da legislação em vigor.
Por fim, retomam-se as hipóteses da pesquisa:
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1ª Hipótese: O condomínio edilício ou horizontal se compõe de
suas diversas unidades com proprietários diversos, sendo exercida uma comunhão
entre eles sobre o bem.
A hipótese restou CONFIRMADA.
2ª Hipótese: Após a constituição do condomínio a Convenção e
o Regimento Interno regularão os direitos e deveres dos condôminos delimitando a
destinação de suas áreas, bem como a forma de utilização e sua manutenção.
A hipótese restou CONFIRMADA.
3ª Hipótese: Os condôminos devem arcar com as despesas
que lhe sejam inerentes, ante individualização das despesas relativas ao seu
sustento e sua família não devendo arcar com as facilidades e luxos dos demais,
mesmo que na mesma estrutura física.
A hipótese restou CONFIRMADA.
Assim, quanto a responsabilidade no pagamento das despesas
condominiais relativas às áreas comuns utilizadas por um condômino ou por um
grupo deles, cabe a cada condômino o dever de arcar com as partes das quais
usufrui, não se beneficiando às custas dos condôminos que pela condição física da
sua unidade não podem usufruir de determinada área. Contudo reforça-se, de
acordo com a condição física da unidade, não podendo o condômino renunciar à
determinada área com o intuito de se desonerarem das despesas a ela inerentes.
Informa-se que o presente trabalho não procurou esgotar o
tema, mas, buscou-se, tão-somente, enfocar o dever que cabe aos proprietários de
unidade imobiliária em condomínio edilício.
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS
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