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Construção do campo comunicação/educação
Prof. Dr. Richard Romancini
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O autor e contexto
Jorge Huergo (1953-) Profesor, investigador e Director del Centro de Comunicación y Educación de la Universidad Nacional de La Plata en Buenos Aires, Argentina. Publicou, entre outros livros, "Hacia una genealogía de Comunicación/Educación. Rastreo de algunos anclajes político-culturales“ (2005).
http://www.youtube.com/watch?v=8xG6qY-9clM
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Dois pontos de vista distintos?Com respeito ao desenvolvimento do campo, encontram-se esboçadas neste livro ao menos duas visões: Jorge Huergo, por exemplo, considera o espaço de interseção entre a comunicação e a educação como uma confluência entre diversas perspectivas teóricas e de práticas sociais e profissionais com interesses distintos... Outro ponto de vista considera que a inter-relação comunicação/ educação é um novo campo de conhecimento, inaugurando um novo paradigma. Com efeito, Ismar de Oliveira Soares sustenta a hipótese de que efetivamente o novo campo tem autonomia e se encontra em processo de consolidação, vendo-o como um campo, por natureza, relacional, estruturado como processo mediático, transdiciplinar e interdiscursivo que se materializa em quatro áreas de intervenção social [...](Valderrama, Introducción, 2010)
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Síntese da posição de Huergo
Comunicação e Educação encontram-se em diferentes tempos e espaços, com projetos com viés teórico-prático diferentes. O autor tenta mapear o que considera as tradições fundantes e que operam ainda no campo
Comunicação/Educação
Comunicação/Educação
Comunicação/Educação
Comunicação/Educação
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Campo Comunicação/Educação• Espaço de disputa onde são atualizadas e entram
em disputa as diferentes tradições práticas, teóricas - informadas por concepções filosóficas sobre a educação - sobre o fenômeno de imbricação entre a comunicação e a educação
• Espaço poroso, complexo, pois:• Forte papel dos meios e tecnologias na sociedade como
artefatos culturais que têm redefinido a cultura e as identidades,• Proliferação da comunicação nos espaços educativos, de modo
que o discurso midiático interpela o discurso escolar,• Interesses econômicos e políticos em restringir o espaço de discussão da
comunicação/educação aos aparatos tecnológicos (lógica econômica e eficienta sobre a educação), elidindo dimensões culturais e políticas
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Tradições constitutivas do campo
1. A tradição da pedagogia popular de Freinet
2. A mecanização em Skinner – tecnologia educativa
3. Comunicação para a libertação: Freire4. Tradição da UNESCO5. Pensamento de Saúl Taborda
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A tradição da pedagogia popular de Freinet (1896-1966)
• Pedagogia da comunicação autênticaFavorece expressão pessoal do aluno e da capacidade de ouvir o outro
• Técnica do “Jornal escolar” não era apenas um instrumento didático, mas eixo e motor do processo educativo
• Preocupação com o estudo do entorno é ressignificada e potencializada pelo uso de técnicas de comunicação, pois se tornam centrais para a aquisição dos conhecimentos
• Texto livre (“livro da vida”), autonomia do educando vs cartilha, manual tradicional
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A tradição da pedagogia popular de Freinet (1896-1966)
• Pedagogia do trabalho e da cooperação Nº 8: Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como m áquina, sujeitando-se a rotinas das quais não participa. (Invariantes pedagógicas, 1964)
• Pedagogia voltado ao comunitário e ao popular, com a valorização das experiências da pessoas comuns
• Proposta antiautoritária, por excelência: Nº 4: A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.Nº 5: A criança e o adulto não gostam de disciplina rígida, quando isso significa obedecer passivamente uma ordem externa. Nº 27: A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas. (Invariantes pedagógicas, 1964)
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Fontes filosóficas da pedagogia Freinet• Se coloca, sem dúvida, dentre as correntes voltadas
a produção de teorias da aprendizagem, colocando o aluno fortemente no centro do processo educativo
• Avaliação e com frequência avaliação em grupo, do trabalho realizado pelo(s) aluno(s)
• Centro da pedagogia no trabalho (tarefas significativas – fazer algo com objetivo) busca articular teoria e prática (http://youtu.be/ZKzL4J3DpNg?t=36m12s)
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Fontes filosóficas da pedagogia Freinet• As fontes filosóficas de Freinet são múltiplas: Rousseau, o
vitalismo, o materialismo dialético, o diálogo com as vertentes do pensamento pedagógico renovador. No entanto, ele foi mais um pensador intuitivo e disposto a aprender com a prática experimental do que um sistematizador formal de uma filosofia
• Sua concepção irá criticar constantemente a “escolástica” (escola tradicional), abrindo caminhos novos para uma escola democrática pensada como espaço de conhecimento do aluno sobre o mundo e sobre si mesmo, ressaltando-se a questão da comunicação nesse movimento
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A tradição da pedagogia popular de Freinet
http://www.youtube.com/watch?v=ZKzL4J3DpNg
L’école buissonnière (“A escola campestre”), de 1949, com roteiro de Élise Freinet.http://www.youtube.com/watch?v=W-y9MNzS6BE
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A mecanização em Skinner – tecnologia educativa
• Ao contrário da proposta de Freinet, as pedagogias de Skinner (104-1990) e derivadas dele, constituem “teorias do ensino”, focalizando o emissor das mensagens educativas (professor ou material didático)
• Concepção da aprendizagem remete à modelagem dos comportamentos por meio de técnicas de reforço àqueles que se quer ensinar (http://www.youtube.com/watch?v=iPZdg1S1nL8&feature=youtu.be)
• Há uma ancoragem filosófica clara, na adaptação do positivismo para o estudo do comportamento e do indivíduo – psicologia behaviorista (ênfase no ambiente – exterior que molda o interior)
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A mecanização em Skinner – tecnologia educativa
• Ênfase na eficiência na aprendizagem, no caráter automotivacional, individual e mecânico do ensino (instrução programada)
• Proposta de “máquina de ensinar”, ensino individualizado com auxílio de tecnologias (importância do materialdidático) - http://www.youtube.com/watch?v=l4o0flMAIZw
• Segue uma teoria linear quanto ao processo educativo, que vai do emissor ao receptor
http://www.youtube.com/watch?v=vmRmBgKQq20
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A mecanização em Skinner – tecnologia educativa
• Segue uma teoria linear quanto ao processo educativo, que vai do emissor ao receptor
• Influência tanto na educação tradicional quanto na transposição desta para o ensino a distância
• É a matriz da concepção tecnicista da educação, com forte influência no Brasil, desde o regime militar, encontra expressão na comunicação nomenclaturas como tecnologia educativa, tecnologia educacional
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A mecanização em Skinner – tecnologia educativa - críticas
• Pedagogia “bancária”
• “forma radical como Skinner aplicou os princípios de condicionamento operante na instrução programada e nas máquinas de ensinar contribuiu para que as concepções da aprendizagem significativa não tenham espaços nos procedimentos didático-pedagógicos até os dias atuais” (Alves, 2010, p. 34-35)
• Obra tem certo pendor totalitário, negando o livre-arbítrio, o simbólico e o espaço social como totalidade
http://www.youtube.com/watch?v=-czwlcPU8I4
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Comunicação para a libertação: Freire (1921-1997)
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/paulofreire/paulo_freire_extensao_ou_comunicacao.pdf
• Distinção entre “extensão” (transmissão) e “comunicação” (diálogo), no processo educativo – daí crítica aos meios no processo educativo
• Politização do ato educativo, que é ao mesmo tempo politico – “Tomada de consciência é o ponto de partida do processo educativo” (Pedagogia do Oprimido); “Leitura do mundo precede a leitura da palavra” (A impo
• Elementos filosóficos da Fenomenologia, do Cristianismo e também do Marxismo conformam a obra
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Comunicação para a libertação: Freire – fontes filosóficas
http://www.youtube.com/watch?v=c0qEP5cIp_o&feature=youtu.be
Vídeo 2: http://www.youtube.com/watch?v=qxnNKNPeWFM
http://www.youtube.com/watch?v=EzPvIGEKkLA
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Comunicação para a libertação: Freire• Comunicação – retomando o sentido mais próprio
semanticamente do termo – é vista como relação, algo tornado comum, partilhado, que envolve a co-participação dos indivíduos no ato de pensar
• Nesse sentido, comunicação educativa não é transmissão (“educação bancária”), mas sim situação social em que as pessoas criam conhecimentos juntas, mediadas pelo mundo
• Comunicar é também transformar a realidade, daí a dimensão política do pensamento de Freire, exigindo engajamento dos participantes
• Comunicação dialógica é humanizadora, interativa e horizontal, diferentemente de grande parte do que se dá nos meios de comunicação
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Comunicação para a libertação: Freire – videografias
http://www.youtube.com/watch?v=6hcABrx70ag
http://www.youtube.com/watch?v=d2fwljJ_6b0
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Tradição da UNESCO
• Sistematização da comunicação educativo ao redor dos “meios de/no ensino”, estabelecendo tipologias dos tipos de ensino com meios
• Uso instrumental dos meios para melhor o ensino, “modernização escolar”
• Ênfase na formação e/ou capacitação de professores para o uso eficaz dos meios – contexto de proliferação e difusão de tecnologias
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Tradição da UNESCO
• Informática educativa é uma expressões que decorrem dessa pedagogia da comunicação
• Diálogo com tradição eficientista (tecnicista) (educação com a comunicação), mas sempre teve preocupações com “educação para a comunicação” renova-se em reflexões críticas voltadas à promoção da democracia e de conhecimento críticos sobre os meios (“alfabetização midiática”), em diálogo com os chamados estudos culturais
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Pensamento de Saúl Taborda: cultura e educação
http://www.youtube.com/watch?v=t73kIbd2xzA
• Renovador do pensamento pedagógico na América-Latina – mais influente na Argentina, na tradição “facúndica”
• Contextualização do ato educativo• Valorização dos saberes populares• Huergo retoma esse pensamento
sobretudo para enfatizar a ideia de uma “estudo cultural” da educação, do qual Taborda seria um pioneiro
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Modos de relacionar Comunicação e Educação
EscolaMeios Negação: vertente
moralista – meios como fontes de degradação moral e cultural
Negação com ressalvas: vertente progressista, influência Freire (“invasão cultural”, “dependência”, etc.) e da Escola de Frankfurt
Meios e escola: conflito-Escola paralela (UNESCO)-Cultura midiática versus cultura escolar
Meios na escola: ênfase em uso e interesses-Perspectivas funcionalistas (próximas da tradição UNESCO)-Perspectivas críticas (articuladores da construção curricular
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Modos de relacionar Comunicação e Educação
EscolaMeios Análise semiótica: ênfase na
produção de significados (“gramática da produção”) incorporada nos discursos (“sentido preferencial”)
Pedagogia da recepção: vertente latino-americano com enfoque no receptor/processo da comunicação-“Recepção ativa”-“Leitura crítica” (preocupação dialética)
Alfabetizações pós-moderna: ênfase em mediações culturais-Alfabetizações múltiplas a partir dos meios-“Comunidades de resistência”
Educação em NTICs: ênfases e correntes diversas:-Perspectivas tecnófobas e tecnófilas-Meio de ensino (perspectiva mais crítica que a tradicional)-Tecnologia educativa do ponto de vista cognitivo-Projetos neoconservadores
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Desafio/proposta de Huergo
• Ultrapassar “educação para a comunicação” (escolarização da educação) e “comunicação para a educação” (tecnificação da educação), em prol de um caminho, em prol de uma caminho de aprofunde sentidos de autonomia dos sujeitos (influência Freire e outros), procurando construir espaços para “estudos culturais da educação” que confrontem lógicas neoliberais
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Próximos capítulos• ADORNO, SEMIFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO –
Wolfgang Leo Maarhttp://www.scielo.br/pdf/es/v24n83/a08v2483.pdf
• SOBRE A ATUALIDADE DO CONCEITO DE INDÚSTRIA CULTURAL – Antônio Álvaro Soares Zuinhttp://www.scielo.br/pdf/ccedes/v21n54/5265.pdf
Leitura opcional:
• A RECEPÇÃO DA TEORIA CRÍTICA NOS ESTUDOS DE MÍDIA BRASILEIROS - Francisco Rüdigerhttp://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_panoramadacomunicacao2012_2013_vol04.pdf