Download - Curupira edicao 6
O escritor George
Orwel, já em 1949, escre-
via o livro “1984” anteci-
pando a realidade, onde a
sociedade é vigiada e con-
trolada pelo poder instituí-
do, cerceando a liberdade
das pessoas. Nosso micro-
cosmo, o ambiente de tra-
balho, parece confirmar as
palavras de Orwell. Muito
controle, mas ideias pouco
claras sobre para onde ir.
Interessante é que um pro-
cesso se liga intimamente
ao outro: a falta de rumo
inibe a participação criati-
va das pessoas e, com o
foco no controle, acredita-
se resolver o problema.
Mal se percebem os
idealizadores desses pro-
cessos que mais controle
só gera maiores dificulda-
des de expressão da capa-
cidade criativa. Resultado:
pessoas insatisfeitas. Nor-
mas para tudo, manuais de
conduta, regimentos em
profusão – fórmulas per-
feitas para aprofundar o
problema. Menos liberda-
de, menos criatividade,
onde se espera que isto
seja o mais fundamental –
o ambiente de pesquisa, o
laboratório das inovações
que podem mudar o mun-
do para melhor. Gerar co-
nhecimentos não é possí-
vel quando, ao conceber-
mos uma ideia, vamos
logo enquadrando-a e re-
duzindo sua potência às
regras estabelecidas, ao
ponto de matá-la ou res-
tringi-la ao insignificante.
Gestões capazes de enten-
der esta simples ideia têm
sido muito exitosas, mes-
mo dentro de seus estrei-
tos objetivos econômicos.
Qual a dificuldade
para colocar isso em práti-
ca, então? Não falta mais
informação, nem recursos
para gerar novas habilida-
des.
O que pode estar fal-
tando é um pouco de de-
sapego dos pequenos po-
deres incorporados nas
gestões, a capacidade de
dialogar e entender as ca-
pacidades, objetivos e mo-
tivações das pessoas. Falta
reunir isso tudo e estabele-
cer um programa de deba-
tes profundos sobre para o
“para onde ir”.
È tempo de pensar
qual o papel da pesquisa
para responder às necessi-
dades reais da sociedade.
Um debate reprimido, que
cria mais falta de foco e
menos oportunidade de
exercer nossa criatividade.
Qualidade nem sempre é
sofisticação científica, mas
relevância social do traba-
lho de pesquisa. Qualidade
se mede muito menos por
esquemas de certificação
do que por reflexão sobre
o papel transcendental do
nosso trabalho.
Como os problemas
reais são complexos, só a
criatividade pode resolvê-
los. Embora algum con-
trole seja desejável no sen-
tido de organizar o traba-
lho, o foco no controle dá
a ideia de falta de capaci-
dade de diálogo, pois as
relações tem que ser medi-
adas por regras institucio-
nais. Em um cenário de
“regras para tudo”, das
duas, uma: ou nos especia-
lizamos em criar mecanis-
mos de transgressão com-
portada às regras, buscan-
do pequenos espaços para
não sacrificar totalmente
nossos princípios e neces-
sidade criativas; ou nos
adequamos e reduzimos
nossa liberdade, atenua-
mos nossa capacidade de
criação e acabamos por
nem saber ao certo a que
vem nosso trabalho.
Mas resta uma terceira
opção, a construção de
espaços de liberdade e
diálogo, de significação e
respeito, de realização e
alegria. Talvez não seja
fácil. Mas ambientes cin-
zentos e de pouca troca de
saberes, esquemas de ava-
liação que promovem o
individualismo e o distan-
ciamento entre as pessoas,
hierarquias que se cons-
troem a “ação entre ami-
gos” com certeza, já ante-
cipam o caminho do co-
lapso. O fácil está feito.
Con t ro le excess ivo, qua l idade em ques tão
E d i ç ã o n º 6 - d e z e m b r o d e 2 0 1 4
Es te p lano es tá acabando
com a nossa saúde
P á g i n a 2
Antes do fechamento
do nosso Acordo Coletivo
de Trabalho 2014-2015 já
alertávamos para a situa-
ção do nosso Plano de
Saúde, inclusive para o
fato de que o aumento de
50% na nossa participa-
ção, que passou de 2%
para 3% sobre o valor do
salário-base, não seria sufi-
ciente para salvar a Ca-
sembrapa.
Naquela época já esta-
va claro que novas medi-
das seriam tomadas, como
as que agora estão sendo
largamente divulgadas, tais
como a coparticipação por
faixa etária e por número
de dependentes.
Quando fomos cha-
mados a Brasília para dis-
cutirmos com os demais
representantes das Seções
Sindicais de todo o Brasil,
falava-se em uma ampla
auditoria a ser realizada na
Casembrapa como forma
de apurar a real situação
da mesma e fazer a devida
correção no que fosse ne-
cessário, inclusive cortes
de despesas e apuração de
responsabilidades, se fosse
o caso.
Através de solicitação
da diretoria da Casembra-
pa às Chefias das Unida-
des foram constituídos os
comitês consultivos locais,
de acordo com o Estatuto
com representantes da
chefia da UD, da AEE e
do sindicato, com a finali-
dade de levantarem alter-
nativas à maneira amadora
e caótica com que o nosso
plano de saúde tem sido
gerido. Ainda indignados
com a verdadeira tunga
sofrida na ocasião do fe-
chamento do ACT não
nos furtamos em organi-
zar reuniões gerais com os
trabalhadores na esperan-
ça de que ainda pudésse-
mos contribuir de maneira
mais crítica.
Mesmo reconhecendo
as limitações impostas a
esses comitês procuramos
coletar dados para conta-
tar empresas do segmento
de gestão de saúde e le-
vantar custos que subsidi-
assem formas alternativas
de se gerir um plano de
saúde, e para isso conta-
mos com a colaboração de
diversas pessoas que não
integravam os comitês,
mas que se dispuseram a
dar a sua cota de participa-
ção.
Em determinado mo-
mento dos nossos traba-
lhos, como era de se espe-
rar diante de assunto de tal
complexidade, nos vimos
perante muitas dúvidas
que estavam além dos
nossos conhecimentos
técnicos; necessitávamos
de acesso a dados que ex-
trapolavam a competência
do Setor de Gestão de
Pessoas local e precisáva-
mos interagir com os co-
mitês das outras unidades
do país.
Foram infrutíferas
todas as solicitações que
fizemos à diretoria da Ca-
sembrapa, junto à sua pre-
sidente, Sonisley Macha-
do, para que tivéssemos
acesso aos endereços ele-
trônicos dos integrantes
dos outros comitês visan-
do a interação e a constru-
ção de uma proposta mais
abrangente, e que respei-
tasse as peculiaridades da
região na qual cada UD
está inserida.
Temos tentado fazer
nossa parte agindo local-
mente, mas sentimos falta
de uma ação coordenada
em nível nacional para
tratar do assunto, ação
essa que nem a DN toma
como bandeira e tampou-
co a Casembrapa tem a
competência ou interesse
para encampar, limitando
a sua participação em
“passar o chapéu” para
cobrir um rombo até ago-
ra não explicado pela su-
posta auditoria contratada.
Repetimos à exaustão
que alternativas existem e
que a Casembrapa quer
simplesmente que valide-
mos seu “modelo” de ges-
tão mas não podemos
deixar que isso aconteça.
Devemos exigir trans-
parência e um modelo de
plano de saúde que atenda
a todos indistintamente –
aposentados, pessoal da
ativa e dependentes - sem
comprometer ainda mais o
nosso corroído salário.
Devemos exigir transparência
e um modelo de plano de
saúde que atenda a todos
indistintamente.
“ “
Temos tentado fazer nossa par-
te agindo localmente, mas senti-
mos falta de uma ação coorde-
nada em nível nacional.
“ “
P á g i n a 3
“Há dentro de nós uma chama sagrada coberta pelas
cinzas do consumismo, da busca de bens materiais, de uma
vida distraída das coisas essenciais. É preciso remover tais
cinzas e despertar a chama sagrada. E então irradiaremos.
Seremos como um sol. Talvez seja este o significado maior
da festa que vamos celebrar:: a espiritualidade na carne
quente e mortal, assumida pelo Verbo da Vida. O espírito
do Natal, sua espiritualidade específica, é exatamente opos-
to do espírito dominante na cultura atual, que é um espírito
marcado pelo consumo, pelo mercado, pela concorrência,
pela compra, pelo negócio, pelo interesse. Um espírito que
transforma tudo em mercadoria, do sexo a Deus.
O Natal vive da gratuidade, da doação, da singeleza, da
convivialidade, do dom de se fazer presente ao outro.
Vive da alegria de ver uma vida nascendo, porque não pode
haver tristeza quando nasce a vida. E de saber que essa
criança que está aí, o divino Infante, somos nós, fundamen-
talmente. Porque há em nós uma dimensão de criança dou-
rada que nunca se perdeu e que permanece para além da
idade adulta, reclamando seu direito de entender a vida
também como algo lúdico, algo leve, algo que vale por si.
Pouco importam os interesses em que investimos na nossa
vida. Ela vale por si mesma, porque é um valor supremo.
O Natal quer ressuscitar essa dimensão espiritual no
ser humano, quer anunciar que é nessa atmosfera que Deus
também se acercou de nós. Não veio como um césar pode-
roso nem como um sumo-sacerdote, menos ainda como
empresário ou filósofo. (Lembremos a frase de Fernando
Pessoa: "Jesus não entendia nada de finanças nem consta
que tivesse biblioteca"). Ele se aproximou na forma de uma
criança pobre que nasce no subúrbio, no meio de animais.
Para que ninguém se sentisse distante Dele, para que todos
pudessem experimentar o sentimento de ternura que des-
perta uma criança que queremos carregar no colo e sobre a
qual nos vergamos, maravilhados.
Este é o caminho que Deus escolheu para acercar-se
de nós, para poder andar conosco por nossos estreitos ca-
minhos. Talvez seja um Deus que não nos explique a razão
do mal do mundo, mas que sofre junto conosco.
Talvez não nos explique por que tanto trabalho para tão
pouca felicidade, mas trabalha junto, e se faz carpinteiro.
Assume tudo o que é radicalmente humano.
Chora expressando a tristeza com a morte do amigo Láza-
ro. Enche-se de ira sagrada e toma do chicote quando vê o
espaço sagrado sendo transformado num mercado. Mas
também se enche de indizível ternura abraçando as crianças
e dizendo, resolutamente, que ninguém as afaste. Tudo isso
é Jesus, tudo isso é Deus na nossa carne quente e mortal.
Um Deus que encontramos dentro de nós e de nosso coti-
diano, sem precisar buscá-lo aqui e ali, mas buscá-lo na
nossa interioridade, onde Ele, um dia, penetrou e de onde
nunca mais saiu, nos fazendo filhos e filhas, semelhantes ao
seu Filho Jesus. E quando chegar a nossa hora de partir,
Ele vem, toma o que é Dele e leva para o Seu Reino, isto é,
nos leva cada um para Sua casa, porque nós, Seus familia-
res, pertencemos à casa Dele.
Este é para mim o significado maior da encarnação, do
mistério do Natal que celebramos, um dos pontos altos da
espiritualidade cristã. Em um mundo altamente conflituoso,
ameaçado de todas as partes, podemos fazer um parêntese
e dizer: Agora não. Agora vamos festejar, vamos comer,
vamos ser todos irmãos e irmãs, vamos acender a luz na
convicção de que a luz tem mais direito do que todas as
trevas. Fazemos isso tudo por causa Dele, Jesus, o Filho
bem-amado, porque somos irmãos e irmãs Dele, também
filhos e filhas bem-amados.
Se reservarmos em nossa vida um pouco de espaço
para essa espiritualidade, ela vai nos transformando, pois
este é o condão da espiritualidade: produzir uma transfor-
mação interior. Essa transformação acenderá nossa chama
interior que produz luz e calor e nos dá mil razões para
vivermos como humanos. Assim, caminharemos serenos
neste mundo, junto com outros e na mesma direção que
aponta para a Fonte de abundância permanente de vida e
de eternidade. E mergulharemos nessa Fonte de espirituali-
dade, que é Fonte de espírito, de vida, de amorização, de
realização e de paz.”
Mensa gem de Na ta l
Neste natal, nós, a diretoria do SINPAF, gostaríamos de desejar um natal abençoado a todos os
nossos filiados. Lembramos também que este Natal é celebrado, onde o filho de Deus nascido em ter-
ra dos atuais palestinos, em Belém. Desde o início Jesus em sua história, está do lado dos sem terra,
dos sem teto, dos sem lugar social, por isso deixamos a todos uma linda mensagem de Natal escrita
por Leonardo Boff:
Feliz Natal a todos!
Re g iona l Camp inas r ea l i za even to de
consc ien t i zação po l í t i ca e ap r esen ta d i r e t r i zes
P á g i n a 4
No último dia 05, a
diretoria do SINPAF - Re-
gional Campinas realizou,
na sede da Embrapa Moni-
toramento por Satélite, uma
dinâmica liderada pelo con-
sultor de gestão Helder
Molina, e contou com a
participação de cerca de 40
funcionários, entre sindica-
lizados e não sindicalizados.
O evento faz parte das
novas diretrizes estabeleci-
das pela diretoria atual, que
pretende priorizar a comu-
nicação com a base sindical.
Através de dinâmicas lúdi-
cas, Helder Molina estimu-
lou os funcionários a pen-
sarem sobre suas ações
individuais e sobre manei-
ras de como garantir seus
direitos trabalhistas e boas
condições no ambiente de
trabalho de forma coletiva.
“O primeiro passo é
recobrar a confiança da
categoria. Para isso, o sindi-
cato precisa investir nessa
comunicação direta com a
base, só assim terá condi-
ções de identificar quais as
reais necessidades dos tra-
balhadores. É preciso esti-
mular a formação dos senti-
dos, a sensibilidade, o afeto,
a solidariedade. Sem afeto,
sem sensibilidade, ninguém
faz política, ninguém traba-
lha ou luta pelos direitos do
outro”, afirmou Molina.
Para o presidente da
regional Campinas, Wilson
Paiva, mais novidades estão
a caminho para que estas
ações não fiquem apenas
no papel. “Desde o início
da nossa gestão estabelece-
mos como meta melhor a
comunicação entre o sindi-
cato e a base. Algumas
ações já foram implantadas,
mas a expectativa é que a
comunicação se faça de
maneira mais ágil e efetiva.
Porém, isso não se faz da
noite para o dia. É preciso
organização, planejamento
e, claro, uma boa equipe”.
A adesão neste primei-
ro evento foi acima da ex-
pectativa da diretoria e,
quem participou, aprovou a
iniciativa. “Acho que des-
pertou coisas que remetem
ao nosso dia a dia, como a
falta de união e a desvalori-
zação de ações coletivas. A
dinâmica foi muito boa.
Acho que sempre uma se-
mente é plantada, e isso é o
início para as mudanças”,
comentou o pesquisador
Ivan André Alvarez.
A assessora de impren-
sa, Eliana Lima, também
esteve presente e se surpre-
endeu com o resultado da
dinâmica. “Estou na Em-
brapa há 30 anos e nunca
havia participado de um
evento como este. Foi mui-
to importante. Antes os
funcionários eram pouco
ouvidos e hoje, além de
conhecer alguns colegas de
trabalho durante o período
da dinâmica, pudemos falar
também, o que foi muito
interessante”.
R e l a t o s d a
d i r e t o r i a
“O evento permite a nossa aproximação. O primeiro exemplo dessa aproximação é consigo mesmo, a disposição
de resgatar os ideais enquanto seres humanos nas nossas vidas em todas as dimensões. Há ainda a aproximação
entre os colegas. As pessoas que estão aqui saíram das suas rotinas, tiveram a disposição de encontrar algo novo,
de poder ver e rever o que é realmente essencial. Coisas que às vezes não conseguimos fazer no cotidiano. Acho
importante promover isso. É na expe-riência de uma manhã como essa que podemos compartilhar as nossas dúvi-
das e certezas, para firmar um renovado compromisso com a coletividade no ambiente de trabalho”.
Francisco Corrales – Diretor de Ciência e Tecnologia “ “
F o t o s d o e v e n t o
P á g i n a 5
P á g i n a 6
“Na nossa seção sindical, a maior parte dos diretores são da Embrapa Meio Ambiente, então nós temos uma certa dificul-dade de buscar a participação das pessoas, principalmente aqui na região de Campinas. Então uma das ações que nos esta-mos procurando, no sentido de buscar que as pessoas se mobilizem , que as pessoas participem mais de ações do Sindica-to. É essa aproximação, como hoje, um evento social e político, no sentido de motivar as pessoas para que elas vejam a importância da participação coletiva, dinâmicas como essas, que mexem com as emoções das pessoas, com uma profun-didade interessante, faz com elas vejam a importância da ação coletiva, que é essência do movimento sindical, um movi-mento de reivindicação e participação dos trabalhadores no sentido de melhorar suas condições de trabalho. Não só sala-rial, mas qualidade de trabalho e vida, lutar não só por uma determinada categoria mas por categorias que não tem muito acesso como categorias mais organizadas. O principio da categoria sindical é a solidariedade. O Sindicato não resolve pro-blemas individuais, mas sim questões individuais que afetam a coletividade”.
“A importância da união, esta relacionada a quando um ser humano esta fragilizado, ou vivendo uma injustiça, ou vivendo um assedio moral, ou esteja fragilizado na sua especificidade de formação, ou não esteja sendo valorizado e reconhecido, ou até mesmo doente. Ele deve saber que ele não esta sozinho. Que nós estamos todos unidos, e que tudo que nós temos hoje, não foi ganho, foi uma conquista e não podemos deixar que as antigas gerações que lutaram por esses direitos sejam perdidos. Do ponto de vista da sociedade nos temos que exercer a solidariedade, acabar com esse individualismo, com esse egoísmo,com essa maneira de me dar bem e só pensar no seu umbigo. Esta falta-do solidariedade entre as pessoas na Embrapa”.
Waldemore Moriconi – Diretor Administrativo e Financeiro
Myrian Ramos – Diretora de Comunicação
“Essa ação faz parte de um planejamento da última reunião que nós fizemos com o Helder Molina, e a intenção era aproximar cada vez mais, os filiados e os não filiados, provendo agora, um encontro como esse, de final de ano, que quer mostrar como nós devemos refletir sim! Enquanto sindicalizados e não sindicalizados. Mas, acima de tudo como membros de uma sociedade que tem problemas, e enfrentamos situações em que se necessita da participação de todos. A intenção é que essa ações continuem em 2015, pois é uma saída para nos formar sindi-calmente, formar socialmente, formar cidadãos que compreendam o que a gente precisa dentro da empresa, e entender a partir do que esta acontecendo lá fora também”.
Katy Anne Guimarães – Diretora de Políticas Sociais e Cidadania
“A medida que um pequeno grupo participa, atua e modifica as coisas, esse grupo tende a aumentar. A luta começa a ganhar força e esse é o propósito do sindicato: unir todos os trabalhadores no seu objetivo em comum. É um trabalho de formiguinha, que tem que ser feito com muita organização, planejamento e com carinho também, para que atividades, como a que foi realizada hoje, surtam efeito nos pessoas. A medida que a gente conseguir esse efeito positivo nas pessoas, a tendência é que essas oficinas, essas reuniões sejam coletivizadas ou pelo menos discutidas e compartilhadas. E isso faz com que se crie o interesse de outros participantes”.
Joel Leandro de Queiroga – Diretor de Formação Política e Sindical
“Esses eventos são importantes para que possa aproximar a diretoria da sessão com a base dos trabalhadores, para
que possa também sensibilizar os trabalhadores, envolver, aproximar e , com isso, a gente possa planejar melhor as
ações. O que pode ser feito já no próximo ano e, justamente, poder contar com ele, no sentido deles passarem para
a diretoria suas demandas, quais as questões, quais são os problemas. São cinco unidades que estamos dirigindo e
que têm características muito próprias, são diferentes. Então este é um primeiro momento, um momento de sensi-
bilização e isso é fundamental para o resto do trabalho”.
Kátia Sampaio Braga – Suplente da Secretaria Geral
José Renato Barbosa – Diretor de Saúde do Trabalhador
“Acredito somente na participação coletiva, passamos para os filiados que somente os diretores, sozinhos, não
vão conseguir nada, se eles não estiverem próximos e expondo o que eles pensam do Sindicato, o que eles bus-
cam no sindicato. Com esse engajamento fica mais fácil garantir o seus direitos”.
P á g i n a 7
Expediente: O CURUPIRA é uma publicação mensal da Seção Sindical Campinas-Jaguariúna do SINPAF. Presidente: João Carlos Canuto. Vice
-Presidente: Wilson Fernando Paiva. Secretário Geral: Mário Artemio Urchei. Suplente de Secretário Geral: Kátia Sampaio Malagoli Braga. Dir.
Administrativo e Financeiro: Waldemore Moriconi. Suplente de Dir. Administrativo e Financeiro: Antônio Alves de Souza. Dir. Divulgação e
Imprensa: Myrian Suely T. A. S. Ramos. Dir. Formação Sindical: Joel Leandro de Queiroga. Dir. Ciência e Tecnologia: Francisco Miguel Corrales.
Dir. Relações Institucionais: Ricardo Camargo. Dir. Políticas Públicas e Cidadania: Maria Katy Anne V. de O. Guimarãres. Dir. Saúde do Traba-
lhador e Meio Ambiente: José Renato Barbosa. Editor e diagramador: Lucas Mayer
Do mundo v i r t ua l ao esp i r i tua l
F r e i Be t to
P á g i n a 8
Ao viajar pelo Oriente,
mantive contatos com mon-
ges do Tibete, da Mongólia,
do Japão e da China. Eram
homens serenos, comedidos,
recolhidos e em paz nos
seus mantos cor de açafrão.
Outro dia, eu observava
o movimento do aeroporto
de São Paulo: a sala de espe-
ra cheia de executivos com
telefones celulares, preocu-
pados, ansiosos, geralmente
comendo mais do que devi-
am. Com certeza, já haviam
tomado café da manhã em
casa, mas como a compa-
nhia aérea oferecia um outro
café, todos comiam voraz-
mente. Aquilo me fez refle-
tir: “Qual dos dois modelos
produz felicidade”?
Encontrei Daniela, 10
anos, no elevador, às nove
da manhã, e perguntei: “Não
foi à aula?” Ela respondeu:
“Não, tenho aula à tarde”.
Comemorei: “Que bom,
então de manhã você pode
brincar, dormir até mais
tarde”. “Não”, retrucou ela,
“tenho tanta coisa de ma-
nhã...” “Que tanta coisa?”,
perguntei. “Aulas de inglês,
de balé, de pintura, piscina”,
e começou a elencar seu
programa de garota roboti-
zada. Fiquei pensando: “Que
pena, a Daniela não disse:
Tenho aula de meditação!”
Estamos construindo
super-homens e super mu-
lheres, totalmente equipa-
dos, mas emocionalmente
infantilizados.
Uma progressista cidade
do interior de São Paulo
tinha, em 1960, seis livrarias
e uma academia de ginástica;
hoje, tem sessenta academias
de ginástica e três livrarias!
Não tenho nada contra ma-
lhar o corpo, mas me preo-
cupo com a desproporção
em relação à malhação do
espírito. Acho ótimo, vamos
todos morrer esbeltos:
“Como estava o defunto?”.
“Olha, uma maravilha, não
tinha uma celulite!” Mas
como fica a questão da sub-
jetividade? Da espiritualida-
de? Da ociosidade amorosa?
Hoje, a palavra é virtua-
lidade. Tudo é virtual. Tran-
cado em seu quarto, em
Brasília, um homem pode
ter uma amiga íntima em
Tóquio, sem nenhuma preo-
cupação de conhecer o seu
vizinho de prédio ou de
quadra! Tudo é virtual. So-
mos místicos virtuais, religi-
osos virtuais, cidadãos virtu-
ais. E somos também etica-
mente virtuais.
A palavra hoje é
'entretenimento'; domingo,
então, é o dia nacional da
imbecilização coletiva. Im-
becil o apresentador, imbecil
quem vai lá e se apresenta
no palco, imbecil quem per-
de a tarde diante da tela.
Como a publicidade não
consegue vender felicidade,
passa a ilusão de que felici-
dade é o resultado da soma
de prazeres: “Se tomar este
refrigerante, vestir este tênis,
usar esta camisa, comprar
este carro, você chega lá!” O
problema é que, em geral,
não se chega! Quem cede
desenvolve de tal maneira o
desejo, que acaba precisando
de um analista. Ou de remé-
dios. Quem resiste, aumenta
a neurose. O grande desafio
é começar a ver o quanto é
bom ser livre de todo esse
condicionamento globali-
zante, neoliberal, consumis-
ta. Assim, pode-se viver
melhor. Aliás, para uma boa
saúde mental três requisitos
são indispensáveis: amiza-
des, autoestima, ausência de
estresse. Há uma lógica reli-
giosa no consumismo pós-
moderno.
Costumo advertir os
balconistas que me cercam à
porta das lojas: “Estou ape-
nas fazendo um passeio so-
crático.” Diante de seus
olhares espantados, explico:
“Sócrates, filósofo grego,
também gostava de descan-
sar a cabeça percorrendo o
centro comercial de Atenas.
Quando vendedores como
vocês o assediavam, ele res-
pondia: Estou apenas obser-
vando quanta coisa existe de
que não preciso para ser
feliz !"
Canção
aus t r a l
volto ao sul ao sul do sul ao vento flagelante do sul e ao movimento lento das geleiras num oblívio óbvio, quase alívio feito de colírio e esqueci-mento. se a canção revelasse o que murmuram as águas e o que se esconde sob as ondas... sandice, areia crendice, sereia ou simples sonhos insepultos. inquieta-me a ausência a que me entrego e o medo da distância intransponível entre o que fui e o que hoje sou; falta-me essência, sou o que de mim restou. Wilson Paiva