O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional
JANETE APARECIDA BARTOSKI LAROCA DOS SANTOS
O FRACASSO ESCOLAR: E O PAPEL DO PEDAGOGO COMO INTERVENTOR DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.
PONTA GROSSA 2011
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional
JANETE APARECIDA BARTOSKI LAROCA DOS SANTOS
O FRACASSO ESCOLAR: E O PAPEL DO PEDAGOGO COMO INTERVENTOR DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.
Artigo apresentado à SEED/SEUD–PR. Como requisito para conclusão das atividades previstas dentro do Programa Educacional-PDE do Estado do Paraná. Orientadora: MS. Marjorie Bitencourt Emílio Mendes.
PONTA GROSSA 2011
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação
Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional
RESUMO
O fracasso escolar e o papel do pedagogo como interventor das práticas pedagógicas.
Este projeto de intervenção pedagógica abordou o fracasso escolar no Colégio Estadual José Elias da Rocha - Ensino Fundamental e Médio, tendo como principal preocupação a questão da evasão, da repetência e do mesmo estar inserido no Programa Superação. Buscando o objetivo de investigar as causas, os porquês do fracasso escolar, analisar a respeito da vivência dos alunos e das reais causas do seu desinteresse, em estudar, o trabalho foi realizado de maneira coletiva, envolvendo as instâncias colegiadas (APMF, Grêmio Estudantil, Conselho Escolar, Conselho de Classe), e a Associação de Bairro, trazendo todos à responsabilidade, ao engajamento na reversão do fracasso escolar. Foram aplicados questionários, entrevistas, vídeos, entre outras estratégias que possibilitaram a verificação do contexto escolar e a análise dos dados. Almejou-se com este trabalho de intervenção pedagógica contribuir para a diminuição dos índices de evasão e repetência, assim como melhorar a auto estima dos alunos, por meio de aprendizagens significativas. Neste contexto, destacou-se o pedagogo como interventor e mediador no processo educativo, visando a novos desafios, contribuindo com a democratização do ensino e de uma educação de qualidade, além de possibilitar o acesso e a permanência do aluno à escola. O trabalho teve como resultado a construção de novas formas do trabalho pedagógico e suas conexões com a organização social. Isso permitiu que professores, pedagogos, ou seja toda a comunidade escolar, se envolvesse e demonstrasse entusiasmo na busca da reversão do fracasso escolar, por meio da reflexão contínua a respeito de valores e respeito mútuo na condução da práxis pedagógica.
Palavras-chave: evasão, repetência, ensino, aprendizagem e avaliação.
PDE/SEED- [email protected]
Celular: (42) 9972-3500
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como finalidade apresentar os resultados do projeto de
Intervenção Pedagógica denominada O FRACASSO ESCOLAR: E O PAPEL DO
PEDAGOGO COMO INTERVENTOR DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, proposto
como uma das etapas para o cumprimento do PDE (Programa de Desenvolvimento
Educacional) proposto pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná.
Pretende-se com este Artigo mostrar como foi desenvolvido o projeto de
intervenção pedagógica e conseqüente implementação realizado no Colégio
Estadual José Elias da Rocha, com o objetivo de contemplar um resgate sobre as
questões que levam ao Fracasso Escolar, aliando aos propósitos do Projeto de
Intervenção Pedagógica os propósitos do Programa de Superação, que já estava
implantado na escola foco da intervenção e que foi desta forma novamente
alavancado.
O estudo em questão buscou auxiliar professores, pedagogos e alunos num
trabalho coletivo de forma a reverter o fracasso escolar no referido colégio, lançando
mão de diferentes estratégias metodológicas de envolvimento de todos os partícipes
e sensibilização sobre as questões em estudo e que, desta forma, remeteram à
consecução dos objetivos propostos.
Iniciando a Intervenção Pedagógica, num primeiro momento foi apresentado o
filme MÃOS TALENTOSAS, direção de Thomas Carter (2009). O filme trata da
história verídica de Benjamin Carson, jovem sem muita chance, que cresceu em um
lar desfeito e em meio à pobreza e ao preconceito. Suas notas eram baixas e seu
temperamento era inflamado, porém sua mãe que, apesar de ser analfabeta, sempre
acreditou em seu filho, o incentivou e insistiu para que ele seguisse as
oportunidades que ela nunca teve, ajudando-o a expandir sua imaginação, sua
inteligência e, acima de tudo, sua crença em si mesmo. Essa fé seria o seu dom – a
essência, que o levaria a perseguir seu sonho, que era ser um neurocirurgião,
tornando-se o maior neurocirurgião do mundo. Esse filme retrata, pois, a vida de um
menino que se considerava incapaz por tirar notas muito baixas e, na escola, todos
zombavam dele e foi com o apoio de sua mãe, que sempre o incentivava dando a
ele tanta força de vontade, que o fez chegar a ser o melhor aluno da sala. Esse
menino tinha o objetivo de ser um médico, cresceu e conseguiu atingir seu propósito
tornando-se o melhor neurocirurgião do mundo.
Posteriormente ao filme foram levantadas quatro questões para discussão:
Como a história desse filme pode contribuir para nossa prática educativa? Do que o
filme trata? Qual foi o objetivo de assistir esse filme? E qual a lição?
Foram feitos vários questionamentos sobre as questões apresentadas e em
seguida abriu-se para discussão entre os partícipes, com a intenção de despertar
interesse dos professores frente à temática do Projeto.
Após o momento inicial de discussão, os professores responderam os
questionamentos, e foi realizado um debate, com o posicionamento dos professores,
justapondo-se à realidade da escola.
Na seqüência, abordou-se o estudo do Caderno Pedagógico, contendo as
seguintes unidades: 1- FRACASSO ESCOLAR NO CONTEXTO HISTÓRICO, 2- O
FRACASSO ESCOLAR E SUAS IMPLICAÇÕES, 3- O FRACASSO ESCOLAR E
SUAS DIMENSÕES POLÍTICA E IDEOLÓGICA (Grêmios Estudantis, APMF,
Conselho Escolar e Conselho de Classe e a importância destes órgãos da instância
colegiada da escola como fator determinante para reverter o fracasso escolar e
alcançar o sucesso da aprendizagem dos alunos. Este estudo justificou-se tendo em
vista a problemática de aprendizagem e permanência dos alunos no Colégio José
Elias da Rocha). 4- A SUPERAÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR ATRAVÉS DO
REDIMENSIONAMENTO DAS PRÁTICAS AVALIATIVAS. As unidades do Caderno
Pedagógico foram estudadas e analisadas pelos professores que elaboraram as
sínteses que serão apresentadas no decorrer deste artigo, quando das falas dos
sujeitos participantes da pesquisa.
Espera-se que este estudo venha contribuir de forma a compreender e intervir
nas práticas educativas a respeito do fracasso escolar, que de posse dessas
informações, obtenha-se subsídios na tomada de decisões coletivas, mais seguras e
democráticas que permitam ações responsáveis por parte dos envolvidos no
processo educativo, evitando assim, práticas descontualizadas e descomprometidas
que não venham a contribuir com o ensino, vislumbrando uma educação numa
perspectiva crítica.
1- O FRACASSO ESCOLAR NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA
A educação brasileira está articulada à legislação, que determina a
responsabilidade da família e do Estado na obrigação de orientar a criança em seu
caminho sócio-educacional. Conforme a LDB (1997:2), em seu artigo Art.2. A
educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
Neste contexto, o Ensino Fundamental e Médio é direito obrigatório e tem
como objetivo diminuir as desigualdades sociais, assim como a discriminação das
classes sociais menos favorecidas, porém o que se vê na prática é que a educação
não está sendo plena e nem tem atingido a todos os cidadãos. As pesquisas
mostram um grande número de jovens que não concluem todos os níveis de
escolaridade.
Muitas discussões, reflexões e debates realizados por educadores, pelo
Estado, pela sociedade civil, por organizações, movimentos ligados à educação,
relacionados à pesquisa científica, e políticas públicas para tentar identificar as
causas e soluções para o fracasso escolar. Os dados levantados são bastante
preocupantes, atinge o nível micro (a escola) até o nível macro (o Estado e o País).
Diante dessa constatação, inúmeras medidas governamentais têm sido aplicadas,
tais como subsídios para pesquisas sobre as causas do fracasso escolar, bolsa-
escola, programa Viva Escola, Mais Educação e a implantação do Plano de
Desenvolvimento Educacional (PDE), mas não se tem o resultado esperado que
seja garantir a permanência e a promoção da criança na escola.
Diante dessa situação é indispensável pensar na escola e na organização do
trabalho pedagógico, visando à melhoria do processo ensino aprendizagem e,
assim, reverter o fracasso escolar de seu interior, por meio de um mecanismo de
rejeição que opera duplamente, pois a dualidade do ensino propicia aos menos
favorecidos o ensino técnico profissionalizante, e às classes dominantes os cursos
superiores.
Na história clássica do fracasso escolar a discriminação, o preconceito vem
sendo repassado como algo imutável, porém deve-se resgatar o passado,
aproveitando-se das imensas forças libertadoras históricas, possibilitando escutar os
ecos e vozes que foram caladas e ou emudecidas, tal como aconteceram, e fazer de
forma diferente no presente e não cristalizá-las.
De acordo com PATTO (2008), a escola pública de 1º Grau falha na sua
tarefa básica de alfabetização das crianças das camadas populares, excluindo-as
precocemente de seu interior, através de um mecanismo de rejeição que opera
duplamente, pois a escola pública não aceita criança como ela é, e a criança não
aceita a escola tal como ela funciona (p. 11).
A história do fracasso escolar tem suas origens com o surgimento do
capitalismo, e com ele vem o desencanto e mesmo um declínio da experiência
humana coletiva, sua memória é destruída, podendo fazer das pessoas, bonecos,
zumbis, meras peças de linha de montagem, ceifando suas vidas, nesta era
tecnológica e industrial.
Repensar a educação é estar comprometido com a análise histórica e atual a
respeito do fracasso escolar, ter ciência de suas causas e conseqüências, para
assim, rever as práticas pedagógicas cristalizadas, com tomada de decisões
coletivas que propiciem as aprendizagens significativas que possibilitem reverter o
índice de evasão e repetência e consequentemente o fracasso escolar.
Nesta perspectiva destacam-se as idéias de Marchesi e Pérez (2004) que
afirmam que:
O termo “fracasso escolar” já é inicialmente discutível. Em primeiro lugar porque transmite a idéia que o aluno “fracassado não progrediu praticamente em nada durante os seus anos escolares, nem no âmbito de seus conhecimentos nem no seu desenvolvimento pessoal e social, o que não corresponde em absoluto à realidade. Em segundo lugar, porque oferece uma imagem negativa do aluno, o que afeta a sua auto estima e sua confiança para melhorar no futuro. O mesmo acontece se a etiqueta do fracasso escolar for aplicada à escola em seu conjunto por que não alcança os níveis que se espera dela. O conhecimento público desta avaliação pode incrementar suas dificuldades e distanciar dela alunos e famílias que poderiam contribuir para sua melhora. Em terceiro lugar, porque centra no aluno o problema do fracasso e parece esquecer a responsabilidade de outros agentes e instituições como as condições sociais, a família, o sistema educacional ou a própria escola. (p.17)
No enfoque dado pelos autores percebe-se que existe um grande equívoco
em relação ao atribuir culpados para o fracasso escolar. Ficando relegado o
segundo plano à responsabilidade do fracasso escolar a outros agentes e
instituições, condições sociais, a família, o sistema educacional e a escola.
Ainda sobre o fracasso escolar é pertinente acrescentar algumas idéias de
Marchesi e Gil (2004), ao afirmarem que este pode ampliar-se no futuro, devido às
exigências necessárias à sociedade global tanto no conhecimento como nas
habilidades.
Sendo assim, é necessário que todos os professores, equipe pedagógica,
direção e comunidade se envolvam continuamente nesse processo de luta contra o
fracasso escolar, visto ser este de responsabilidade de todos os profissionais
comprometidos com a qualidade da educação.
2- O FRACASSO ESCOLAR E SUA PROBLEMÁTICA NO CONTEXTO SOCIAL O fracasso escolar é um fenômeno complexo e global, que não se resolverá
com medidas simples e parciais. É preciso ir profundamente à raiz do problema,
tendo a certeza que o maior investimento deve ser no conhecimento destinado à
educação, com apoio às escolas, aos pais, aos alunos e aos professores.
O fracasso escolar tem sido uma preocupação constante de pesquisadores
na área educacional, pois este é um tema que gera muitos conflitos à sua volta.
Existe um estigma que determina que o fracasso escolar, é culpa do indivíduo, pois
este não progrediu nada durante os anos escolares; no que se refere ao
conhecimento e ao desenvolvimento pessoal e social.
Esta maneira negativa de ver e conceber o aluno está pautada numa forma
discriminatória, que consequentemente afeta sua auto-estima e sua confiança no
futuro. “O mesmo acontece se a etiqueta do fracasso for aplicada à escola em seu
conjunto, porque não alcança os níveis que se espera dela.” MARCHESI, PEREZ
(2004 p.17)
Neste enfoque ao atribuir a responsabilidade ao aluno, esquece-se a
responsabilidade de outros agentes e instituições tais como: condições sociais, a
família, o sistema educacional ou a própria escola. O fracasso não acontece sozinho. Quando ocorre é porque houve falhas na prática, na política, nos parâmetros econômicos, na omissão da família [...] As transformações educacionais requerem ação coordenada de várias instâncias. A luta contra o fracasso requer pelo menos incidir nos parâmetros econômicos, de certas camadas sociais; transformar as condições urbanísticas no meio em que vivem; implementar políticas familiares que facilitam a sobrevivência de núcleos de segurança, relação e ajuda, e otimizar a escola para que possa satisfazer as necessidades dos diferentes grupos e indivíduos que a freqüentam. MARCHESI; GIL (2004, p.84).
Sobre o fracasso escolar, sabe-se que este é um fenômeno social, conforme
exposto, que envolve muitas pessoas, principalmente as relacionadas com o
processo educacional e a maneira com que as pessoas percebem a realidade.
A representação social do fracasso escolar está ligada às circunstâncias em
que as pessoas convivem, determinando sua dependência social. Não sendo de
caráter universal, pois ela ocorre de forma específica, por cada grupo social.
As representações sociais são as impressões que as pessoas têm a respeito
de um fato social dos indivíduos.
Sobre elas afirma Jodelet (1986) apud MARCHESI E GIL (2004). (...) A noção de representação social corresponde, antes de mais nada, à maneira como nós, sujeitos sociais, aprendemos os acontecimentos da vida diária, as características de nosso ambiente, as informações que nela circulam, as pessoas de nosso meio próximo ou distante. Em outras palavras, o conhecimento espontâneo, ingênuo, que tanto interessa atualmente às ciências sociais, esse que habitualmente se denomina conhecimento do senso comum, ou pensamento natural por oposição ao conhecimento científico (p.48).
Retomando a questão do fracasso escolar, este traz implícita, a questão da
evasão e da repetência escolar. Isso significa dizer que: na realidade, os conceitos
de exclusão e fracasso representam dois olhares sobre os mesmos fatos ou
situações que, no linguajar corrente, costumam ser denominados analfabetismo, não
acesso à escola, reprovação, repetência, defasagem nos estudos, evasão, etc.
MARCHESI, GIL (2004, p.48)
Sabe-se que a produção de analfabetos se faz pela exclusão que acontece no
próprio contexto escolar, devido a vários tipos de situações que contribuem para
esta. Aqueles que não chegam a ser admitidos no processo de alfabetização quando
em situações de escolaridade obrigatória. Outros são aqueles que ingressam e
posteriormente são excluídos do processo, denominados evadidos.
Existem aqueles que embora fazendo parte do sistema de ensino, são objetos
de exclusão do próprio ensino, que ocorre por meio da reprovação e repetência,
sendo levado posteriormente a ser excluído do processo.
Diante deste fato nos perguntamos. Como enfrentar o fracasso escolar nas
escolas?
Isto se torna um grande desafio para nós educadores comprometidos com
uma política social que contribua para que se reverta o fracasso escolar nas escolas
e para que se efetive o processo de cidadania.
3- A AVALIAÇÃO E O ERRO COMO FONTE DE APRENDIZAGEM
Pensar a respeito do fracasso escolar nos leva a refletir sobre o erro no
processo de ensino aprendizagem do aluno. A questão do fracasso escolar merece,
ou melhor, dizendo, exige de nós posturas e respostas urgentes. Precisamos estar
antenados ao fluxo ininterrupto de informações que parece ser o grande elemento
estruturador das relações sociais e humanas, portanto, da cidadania num mundo
globalizado. A escola é o único espaço capaz de assegurar a amplitude e a
possibilidade desta tarefa. DEMÓSTENES, filósofo grego da Antiguidade, via no erro não um caminho para o fracasso ou para o desespero, mas antes uma razão para a esperança “o que no passado foi causa de grandes males deve parecer nos princípios de prosperidade para o futuro. Pois, se houvésseis cumprido perfeitamente tudo o que se relaciona com o dever, e, mesmo assim, não houvesse melhorado a situação de vossos interesses, não restaria qualquer esperança de tal viesse a acontecer. AQUINO (1997, p.12)
Conforme o autor é necessário que o professor não esqueça que o erro faz
parte da aprendizagem, portanto, não considerá-lo é uma grande falha no ensino
aprendizagem. Isso significa dizer que o professor deve repensar sua metodologia
de trabalho em sala de aula, considerando a formação do aluno como um ser
histórico, político e social, que deve ser preparado para o exercício consciente de
cidadania.
Estes cuidados fazem com que se perceba que erro e fracasso não se
encontram de forma separada, embora se constituam momentos separados, no
entanto, não há como separá-los. Ainda nesse processo podemos sugerir outros
pares, por exemplo, a relação do erro com o conhecimento e do erro com o êxito.
Portanto, pensar o erro, analisar suas causas e a sua natureza é importante
para compreender o processo ensino aprendizagem. Esse é visto, muitas vezes,
como sinônimo na inadequação da instituição escolar, por ser considerada
reprodutiva, excludente e fabricação de fracasso.
Essa análise se dá devido, a escola não levar em conta o universo cultural do
aprendiz, e sua cultura ser ignorada. Assim sendo, devemos lembrar que o
conhecimento do aprendiz está relacionado à eficácia da ação do ensinante, que se
dá em vários planos: universal, cultural e pessoal.
Sobre esse processo afirma:
A aprendizagem é um processo vincular, ou seja, que se dá no vínculo entre ensinante e aprendente ocorre, portanto entre subjetividades. Para aprender, o ser humano coloca em jogo seu organismo herdado, seu corpo e sua inteligência construídos em interação e a dimensão inconsciente. A aprendizagem tem um caráter subjetivo, pois o aprender implica em desejo que deve ser reconhecido pelo aprendente. “O desejar é o terreno onde se nutre a aprendizagem.” (MEIRA, apud FERNANDEZ, 2001).
Esses processos mentais são próprios do grau de universalidade, sendo
qualificável e transitório em vários segmentos da humanidade, que estão ligados as
culturas e subculturas nacionais, regionais e de classe. Isto ocorre em momentos
históricos específicos “outros ainda caracterizam indivíduos completos. O
atendimento da singularidade pessoal é tão necessário, quanto da inserção
cultural”. AQUINO (1997, p. 72).
A questão do aprender e do ensinar está relacionada com a avaliação como
elemento mediador dos processos de desenvolvimento e da aprendizagem. Não se
pode deixar de lançar um olhar sobre a escola no que se referem as três maneiras
diferentes do avaliar: “Por desconhecimento das características gerais do
funcionamento mental humano nas várias fases do desenvolvimento; por
desconhecimento dos conteúdos e seguimento cultural que contextua os seus
aprendizes concretos; e por desconhecimento da história de vida, próprias a cada
um” AQUINO (1997, p.72).
É necessário neste processo, conhecer o universo e a cultura dos
aprendentes, e ter conhecimento das linhas gerais que envolvem o conhecimento,
assim como, terem a consciência de como funciona a mente do indivíduo, sua
biografia e marcas pessoais.
A avaliação pode ser um instrumento de transformação quando ultrapasse a
pedagogia do exame, e socialmente não sirva como instrumento usado para
descriminação tornando-a improdutiva pedagogicamente e injusta.
Neste sentido, devemos analisar a avaliação e a forma com que está e atem
sido compreendida na escola, muitas vezes se constitui um instrumento que legitima
o fracasso escolar. Este tipo de avaliação caracteriza-se por meio das condutas
educacionais e sociais, que tem contribuído de maneira acentuada para o processo
de exclusão social.
Pensar a avaliação em outra perspectiva é vê-la com outros olhos. É
necessário pensar criticamente sobre esse fenômeno, isto consiste num desafio
para a democratização da educação. Sendo assim, a escola de qualidade deve
pensar num projeto de escola que tenha o compromisso de todos quanto ao acesso,
permanência dos alunos, assim como o processo do seu desenvolvimento.
Neste processo é de extrema relevância, a organização de um trabalho
coletivo que dê condições de apropriação do conhecimento, preocupados com a
formação de um sujeito social, delegando a cada um, formas compartilhadas para
um trabalho cooperativo entre os profissionais da escola juntamente, com alunos e
comunidade. Estes aspectos devem constar no Projeto Político Pedagógico para as
intervenções e re-direções necessárias para concretização do fazer pedagógico.
AQUINO (1997), afirma que: Avaliar o contexto escolar ultrapassa a apreciação do desempenho dos alunos, que deve ser analisado de modo relacionado com o desempenho do professor e as condições da escola. Ou seja, é necessário construir-se uma prática sistemática de avaliação dos sujeitos e componentes da organização, como: a atuação do professor e de outros profissionais; os conteúdos e processos de ensino; as condições, dinâmicas e relações de trabalho; os recursos físicos e materiais disponíveis; a articulação da escola com a comunidade; e até a própria sistemática de avaliação (p.127).
Em síntese, devemos ver a avaliação da aprendizagem como função
diagnóstica que possibilite identificar os sucessos e fracassos de natureza
pedagógica, no sentido de avançar no conhecimento. Sendo meio de re-orientação
da aprendizagem, cumprindo com seu dever com a educação. Neste sentido
precisamos não dissociar ensino e avaliação. Portanto devemos ver os acertos e
erros, de forma indissociada da aprendizagem, pois as dificuldades e dúvidas
apresentadas pelo aluno demonstram evidências significativas de como ele está
interagindo com o conhecimento.
No contexto da escola pública enfatiza-se o papel do pedagogo como
elemento articulador, que busca intervir constantemente no processo pedagógico
visando mudança.
Neste enfoque a presença do pedagogo é de suma importância, visto que ele
pode fazer a diferença, tendo postura ética e política pedagógica que leve a ações
coletivas de forma a garantir a reflexão-ação-reflexão, sobre a teoria e a prática. E
sobre a avaliação do processo educativo, que garanta a (re-tomada de decisões,
que possibilite contribuir com o conhecimento e com o processo ensino
aprendizagem. Segundo SAVIANI (1985), O pedagogo é aquele que domina sistemática e intencionalmente as formas de organização do processo de formação cultural que se dá no interior das escolas. [...] Daí a necessidade de um espaço organizado de forma sistemática com o objetivo de possibilitar o acesso à cultura erudita (p.28).
Neste projeto procurou-se enfocar as variantes que interferem no fracasso
escolar, buscando saída para este tema tão conflituoso e complexo, porém
necessário de debates na busca de soluções.
Deixa-se aqui ressaltado que não se tem a pretensão de solucionar o
fracasso escolar, mas contribuir e estar atento às possibilidades concretas para
superação deste problema.
No decorrer desse estudo percebeu-se que um dos grandes problemas do
fracasso escolar são a questão da avaliação e a forma como esta é abordada no
contexto escolar. Neste sentido, acredita-se que o professor deve tomar posturas
diferenciadas no ato de avaliar, vendo este como elemento de diagnóstico no
processo ensino aprendizagem.
O erro neste processo deve ser considerado como meio de perceber as
dificuldades apresentadas pelos alunos frente ao ato do aprender. Sendo assim, a
avaliação deve propiciar a retomada do processo ensino aprendizagem;
considerando a escola democrática, de qualidade e comprometida com a
socialização do conhecimento e com a forma de reverter o fracasso escolar, tão
presente no cotidiano das escolas.
Diante ao exposto cabe a todos os profissionais estarem envolvidos num
processo educativo que contribua coletivamente na organização da prática
pedagógica que contribua para reverter o preconceito, a discriminação das classes
menos favorecidas, lutando para reverte as desigualdades sociais e preocupadas
com a formação do cidadão crítico, que contribua com a transformação da
sociedade.
4- O MITO E O FRACASSO ESCOLAR NO COTIDIANO E AS INSTÂNCIAS COLEGIADAS
O fracasso escolar está intensamente ligado à questão do mito, na qual se tem a
crença de que o fracasso escolar é culpa da criança, isto é, o indivíduo mal sucedido
é que tem a responsabilidade pelo seu fracasso, uma vez que é dada a ele
oportunidades iguais, situação própria de uma visão neo-liberalista de educação,
pensamento que se apóia nos ideais da Revolução Francesa e constituiu-se em
ideologia, entendida aqui no seu sentido pejorativo.
A ideologia tem como função camuflar a realidade ocultando as contradições do real. Marilena Chauí (1980), citada em muitos trabalhos que discute as crenças a respeito do fracasso escolar, mostra-nos que a ideologia interpreta falsamente a realidade social, fazendo com que os acontecimentos pareçam naturais. AQUINO (1997, p.74).
Segundo PATTO (1990), as diferenças e desigualdades sociais existentes em
nosso sistema são explicadas pelas ciências humanas, que se oficializaram no
século XIX, com teorias que vêm mostrar o abismo social existente em nossa
sociedade. Entre elas as teorias racistas, pregando a necessidade de uma
hierarquia social, que defendia a seleção daqueles alunos mais aptos amparados
nos princípios evolucionistas de Darwin, teoria que predominou por um grande
tempo em nosso país. Esta teoria foi muito criticada por “aqueles que defendiam
maior mobilidade social da nova ordem” (1997, p.74). Criticavam-na, porque uma
grande parcela da população não tinha acesso ao mundo da classe média, devido à
distribuição desigual dos dons e talentos.
Estes problemas, que afetam o homem no decorrer da história, têm sua
origem na modernidade, onde o homem é golpeado em vários níveis: na economia,
pela produção em série; na política, pelos golpes de Estado e seus autoritarismos;
na vida cotidiana, pelos desafios, choques e perdas, que recebe e devolve, andando
nesse aglomerado de gente como autômato, ciente dos riscos, perigos e doenças.
Sobre o fracasso escolar, é comum atribuir a responsabilidade por ele aos
mitos, à escola, aos professores, às famílias e, principalmente, aos alunos.
Sobre os alunos, é comum afirmarem que a criança carente não aprende,
atribuindo a ela total responsabilidade pelo seu fracasso escolar.
Em relação aos professores, dizem serem eles mal preparados e
desmotivados para a profissão que exercem, considerando os vários conflitos
existentes dentro da escola. Já às famílias, atribui-se a falta de responsabilidade em
relação ao acompanhamento escolar do aluno.
A criação de mitos está respaldada pelas ideologias existentes sobre o
fracasso escolar, no sentido de isentar a escola da sua responsabilidade quanto a
esse insucesso, ao negar o conhecimento cientificamente elaborado, uma vez que
estes conhecimentos poderão contribuir para o desenvolvimento de sujeitos críticos
e comprometidos com a transformação da sociedade que integram.
Ainda sobre o fracasso escolar percebe-se que as práticas pedagógicas
também interferem de maneira negativa na sua produção. Sendo assim é necessário
repensar essas práticas excludentes. Para isso rever metodologias, currículo,
avaliação e planejamento e de extrema relevância, para resgatar o verdadeiro
sentido da escola, que é o ensinar e preparar o aluno para uma cidadania
consciente.
Nesta perspectiva, devemos pensar numa educação voltada para o diálogo,
proporcionando reflexão e oportunidades concretas aos oprimidos, não lhes
negando acesso ao saber, pois sem ele não terão a mínima condição de libertação e
emancipação em relação às classes dominantes.
Diante ao exposto, Marochi (2006) nos aponta que:
Apesar da esperança de mudanças – nunca perdida pelo povo brasileiro – o bloco histórico de opressão, controle e exclusão permanecem muito vivo, ativo e presente entre nós e como não poderia ser diferente, move-se pesada e lentamente, deixando pouco espaço para as transformações que de fato importa e são necessárias para gerar melhor qualidade de vida para todos e, de modo muito especial para as camadas da população mais empobrecidas, excluídas, expropriadas e oprimidas (p.44).
O fracasso escolar é um tema muito conflituoso, que esbarra em muitos
condicionantes históricos, políticos, sociais e culturais, que interferem no cotidiano
escolar e, consequentemente, no processo de ensino e de aprendizagem. Tentar
resolvê-lo é muito difícil, porém devemos ter um compromisso ético e moral com a
educação, no sentido de darmos a nossa contribuição como educadores, no sentido
de colaborar com a práxis educativa. Espera-se que nós, enquanto educadores
comprometidos com a formação do individuo, possamos contribuir para sua melhoria
de qualidade de vida.
5 - O COMPROMISSO POLÍTICO E AS INSTÂNCIAS COLEGIADAS
“A Educação é a única forma de realmente termos um Brasil melhor.” (Luís
Fabiano, futebolista, apud Superinteressante 280, Abril, p 40).
Para haver uma escola pública democrática é necessário compartilhar
decisões, envolver pais, alunos, professores, funcionários, direção e outras pessoas
da comunidade no processo administrativo escolar.
As decisões coletivas assumem um poder qualitativo enormes, bem maior que
os individuais, pois representam os anseios da comunidade. Como resultado, obtém-
se grande esforço da comunidade, no sentido de acompanhamento e concretização
das ações e dos resultados.
A concretização da gestão democrática passa pela participação coletiva de
todos os envolvidos, seja dos órgãos colegiados, das associações e agremiações
discentes, de docentes, pais, comunidade, diretores e funcionários.
Para o exercício de uma gestão democrática são realizadas escolhas de
diretores, de forma direta e indireta, com a participação da comunidade,
demonstrando a relevância da atuação dos gestores escolares.
A importância das práticas colegiadas vem sendo bastante debatida e
efetivada dentro de muitas escolas. Quando são colocadas em prática, possibilitam
tomadas de decisões democráticas, responsáveis, que são formas de administração
coletiva, onde todos têm possibilidades de participar, acompanhar os processos de
decisão, execução e avaliação das atividades escolares, no que se refere aos
setores pedagógico, administrativo e financeiro da escola.
Essa prática de administração escolar iniciou-se a partir da década de oitenta,
com a inclusão do art. 206, inciso IV da Constituição Federal de 1988, que instituiu a
“gestão democrática do Ensino Público”.
Segundo VIEIRA (2005), “A Gestão Democrática é uma forma de gerir uma
instituição de maneira que possibilite a participação, a transparência e a
democracia.”
Esse modelo de gestão democrática representa um importante desafio na
operacionalização das políticas de educação e no cotidiano da escola.
A gestão democrática pode apresentar-se de várias maneiras. Na esfera
escolar, as principais ocorrem na eleição de diretores, na constituição e atuação do
Conselho Escolar, na organização e elaboração do Projeto Político Pedagógico,
inserido no Estatuto da APMF de maneira participativa e coletiva; na definição e
fiscalização das verbas da escola, feitas pela comunidade escolar; na avaliação
institucional da escola, na divulgação e clareza da prestação de contas do dinheiro
público.
A Lei 9.394/96 contempla a gestão democrática em seu Título II – Dos
Princípios e Fins da Educação Nacional – no seu art.3°, inciso VIII, que diz: “gestão
democrática do ensino público, na forma da Lei e da Legislação dos sistemas de
ensino;”
A gestão democrática é reforçada também no Art. 14- Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola; II participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15 - Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. Site: http://www.infoescola.com/educacao/gestao-democratica
Com a participação coletiva e com a vigência da Lei, os sistemas de ensino e
as próprias escolas passaram a desenvolver um trabalho educativo mais
responsável, seguro e de qualidade.
A dimensão política faz-nos refletir a respeito do posicionamento ético, político
e em relação aos aspectos da educação e da aprendizagem, assim como ao
compromisso dos professores frente à problemática do fracasso escolar. PARO
(1996) conclui que:
Conclui que o pensamento educacional sobre o fracasso escolar apresenta-se em movimento de crescente expansão qualitativa e quantitativa e variada, embora recorrente em alguns temas, além de ser fortemente relacionado às condições econômicas e políticas que é produzido. Estes e outros fatores lhe impõem como em característica mais remotas a concepção positivista de ciências sociais e como característica mais recente, a busca da especificidade da educação simultaneamente ao estudo das relações mantidas com a sociedade fazendo oscilar sua ênfase sobre um ou outro procedimento. (v.77, nº 186).
Neste sentido, o trabalho coletivo contribui para a tomada de consciência da
organização do trabalho pedagógico, visando a construir estratégias que possibilitem
reverter o malogro escolar, em articulação com Projeto Político Pedagógico da
escola.
Portanto, a consciência política só acontece na medida em que haja exercício
da participação e divergências de opiniões, levando os membros das instâncias a
objetivos, a uma direção comum. Esse movimento, dentro do grupo, faz com que
cresça o respeito pela individualidade, como nos afirma DaMatta, 1991, p.72: "[...] já
que ser cidadão, e ser indivíduo, é algo que se aprende, e é algo demarcado por
expectativas.”
Na perspectiva da ação política, destaca-se o papel das instâncias colegiadas
como elemento de suporte às práticas educativas democráticas. Sendo assim, é
extremamente importante sua participação, devido ao seu caráter democrático, que
permite que suas reivindicações tenham força perante o Estado. Assim, a
comunidade escolar passa a ter maior credibilidade e clareza nas ações
implementadas pela escola.
Algumas decisões tomadas também demonstraram mudanças na postura tradicional de gestão da escola. As audiências solicitadas à Secretaria de Educação passaram a ser feitas pelos colegiados e, em algumas ocasiões, em conjunto com a Associação de Pais e Mestres (APM). Constata-se, também fortalecimento da ação colegiada à proporção que certas irregularidades ocorridas na escola passaram a ser encaradas com maior seriedade, havendo formalização de denúncias e instalação de sindicâncias para averiguações e possíveis correções. Desta forma, o poder compartilhado tem inibido a prática de ações irresponsáveis. (PAIXÃO, 1994, p. 114).
As instâncias colegiadas são órgãos representativos da escola de que fazem
parte, sendo integradas por professores, pais e alunos, na busca de saídas para a
questão do fracasso escolar. Este é um espaço de conquistas para a comunidade
escolar, ganhando força no sentido de transformar a realidade e visando a
mudanças, que ocorrem por meio das relações e interações sociais. As instâncias
colegiadas contribuem para a efetivação da democracia de fato e de direito, tão
almejada por todos. Neste enfoque, o trabalho coletivo é muito importante, visto que
o conhecimento é socializado para todos.
Nas instâncias colegiadas ainda existe uma carência muito grande na
formação política dos “aprendentes”. Eles até se inserem nos colegiados, participam
de suas atividades, contribuem com várias ações, porém não sabem a definição
destas práticas, levando-se em consideração que só se valoriza o que se conhece.
O conhecimento dessas instâncias colegiadas e suas atribuições para o
processo da gestão democrática ajudam no fortalecimento dos órgãos colegiados
que, com um trabalho sério e permanente de conscientização de todos os
envolvidos no processo educativo, pode dar-lhes espaço, voz e vez, encurtando as
distâncias entre a teoria e o PPP, o regimento, o estatuto e a prática do dia a dia da
escola.
Apesar dos avanços, ainda falta muito para ser feito, pois a existência dos
órgãos colegiados não garante certeza do processo participativo. O problema pode
estar na formação, conscientização e incentivo da comunidade.
Integram as instâncias colegiadas o CONSELHO ESCOLAR, o GREMIO
ESTUDANTIL, o CONSELHO DE CLASSE, a APMF, além de outros órgãos
representativos de segmentos da sociedade, que possam contribuir com a prática
educativa da escola.
São funções desses órgãos representativos na escola:
a) O CONSELHO ESCOLAR O Conselho Escolar é o órgão máximo da escola. Representa a comunidade
escolar e local, apóia a direção na definição dos rumos e das prioridades. É
responsável pelo processo coletivo de acompanhamento e avaliação do ensino e da
aprendizagem. É o órgão colegiado representativo de natureza deliberativa,
consultiva, avaliativa, fiscalizadora e é o meio permanente da prática democrática.
Tem importância decisória na escola e participa de forma significativa das
decisões pedagógicas. Seu objetivo é a melhoria do processo do ensino e da
aprendizagem, e da avaliação.
Apresenta pareceres a respeito do trabalho e de sua organização e
realização na escola. Também atende a parte administrativa da instituição escolar,
de acordo com as políticas e diretrizes educacionais da SEED, levando em conta a
Constituição, a LDB, o ECA, o Projeto Político Pedagógico, o Regimento Escolar,
tendo como função social o objetivo de socializar o conhecimento.
Com a vigência da constituição de 1988, houve o fortalecimento destes
órgãos através da redemocratização.
Este órgão colegiado deverá se reunir extraordinariamente quando convocado
pela direção da escola, e ordinariamente uma vez por bimestre. O mandato de cada
membro do Conselho Escolar tem dois anos de duração.
O Conselho Escolar é constituído pelo Diretor da Escola, sendo este um
membro nato, ou por seu substituto legal, com indicação de cinco pais de alunos,
quatro alunos, sete professores e dois funcionários, e seus respectivos suplentes,
eleitos por seus pares.
É função do Conselho Escolar:
• Elaborar o regimento; • Elaborar o plano administrativo, conjuntamente com a direção da escola, sobre a programação e aplicação dos recursos para a manutenção e conservação da Escola; • Criar e garantir mecanismos de participação efetiva e democrática da comunidade escolar na definição do projeto político-pedagógico da comunidade escolar; • Divulgar periódica e sistematicamente informações referentes ao uso dos recursos financeiros, resultados obtidos e à qualidade dos serviços prestados; • Convocar assembléias gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos; • Definir o calendário escolar, no que competir à unidade, observando a legislação vigente; • Fiscalizar a gestão administrativo-pedagógica e financeira da comunidade escolar; • Emitir parecer conclusivo na prestação de contas que demonstra a aplicação dos recursos financeiros transferidos por Órgãos Federais, Estaduais e Municipais, à Escola e/ou ao Círculo de Pais e Mestres.
O Conselho Escolar deverá reunir-se ordinariamente uma vez por mês e,
extraordinariamente, quando necessário. Ele deve funcionar com, pelo menos,
metade de seus membros mais um. Os suplentes eleitos poderão assistir às suas
reuniões, com direito a voz. Em caso de falta do titular, o suplente terá direito a voz e
também ao voto. Qualquer pessoa da comunidade escolar pode assistir às reuniões
do conselho escolar, com direito a voz, mas não ao voto.
Conforme vimos, o conselho escolar é um órgão extremamente importante
enquanto instância colegiada pertencente à instituição escolar, podendo interferir em
vários segmentos das atividades da escola, assim como no processo educativo,
tomando decisões coletivas sobre a vida escolar dos alunos. Portanto, faz-se
necessário que esteja sempre ativo frente aos conflitos que se apresentem no
cotidiano da escola, para resolvê-los.
b) GRÊMIO ESTUDANTIL
O Grêmio Estudantil é uma instância colegiada, apoiada pela Lei Federal nº
7.398, de 04.11.1985, em seu Art. 1º, que garante aos estudantes do 1º e 2º graus,
hoje denominados ensino fundamental e médio, organizar entidades autônomas que
levem em conta os interesses dos estudantes. “Essa garantia foi ratificada pela Lei
Estadual nº 11.057, de 17.01.1995.” Assim, os grêmios passam a ter livre
organização, ainda com reforço do art. 4º, que proíbe, sob penalidade de abuso de
poder, interferência estatal ou particular, que venha prejudicar suas atividades,
impedir ou dificultar o seu funcionamento. Essa determinação tem por base a
democratização da educação, garantindo-lhes ampliação na “participação direta da
comunidade na gestão escolar”.
Tem por objetivo representar o corpo discente da escola, levando em conta a
vontade coletiva dos estudantes. Também visa a promover amplamente a
democracia e contribuir no sentido de desenvolver a consciência crítica no aluno.
Outro aspecto importante do grêmio estudantil é promover a comunicação dos
alunos uns com os outros e com a comunidade escolar, realizando atividades
educacionais e culturais que contribuam para aumentar o espírito crítico do aluno,
desenvolvendo no mesmo a questão da ética e da cidadania na prática social.
Grêmio é a organização que representa os interesses dos estudantes na escola. Ele permite que os alunos discutam, criem e fortaleçam inúmeras possibilidades de ação tanto no próprio ambiente escolar como na comunidade. O Grêmio é também um importante espaço de aprendizagem, cidadania, convivência, responsabilidade e de luta por direitos. Site: http://www.soudapaz.org/
Portanto, o grêmio estudantil como instância colegiada, além das várias
atribuições já citadas, é um órgão importantíssimo que representa os estudantes no
estabelecimento de ensino, que tem por finalidade proteger os interesses individuais
e coletivos dos educandos. Contribui, ainda, incentivando os alunos a participarem
da cultura, da parte artística e desportiva da comunidade escolar. O grêmio favorece
o relacionamento e a convivência entre os jovens, partindo da vontade dos próprios
alunos e exercendo papel fundamental na vida deles, devendo ter dimensão social,
cultural e política.
c) CONSELHO DE CLASSE O Conselho de Classe é um órgão colegiado que representa a comunidade
escolar. Através dele é possível acompanhar todo o processo de ensino-
aprendizagem, o sistema de avaliação da escola, a organização do trabalho
pedagógico. Está amparado na legislação básica que rege esse conselho: os
decretos n°10.623/77, n°11.625/78, parecer nº 67/98, (Normas Regimentais Básicas)
e Regimento Escolar.
O Conselho de Classe é direcionado pelo pedagogo da escola e conta com a
participação do diretor, dos professores das disciplinas das turmas, além de
funcionários da secretaria das escolas, que registram as atas.
Atualmente, a escola sofre pressões para rever suas práticas pedagógicas,
uma vez que pouco tem contribuído para combater os grandes índices de evasão e
repetência, o que constitui um atraso no processo de escolarização da população.
Diante deste fato, devemos repensar os conselhos de classe numa
perspectiva crítica de educação, para que ele não aja apenas no sentido de
verificação de queixa dos alunos pelos professores, mas como espaço democrático
que permita rever o processo de ensino-aprendizagem. Essa visão de conselho de
classe tem que levar em conta o currículo, o trabalho do professor e o
comprometimento da escola em relação aos problemas e conflitos existentes no seu
cotidiano, tais como gravidez na adolescência, estupros, violência e drogas, pois
estes fatores afetam diretamente ou indiretamente a questão da aprendizagem do
aluno, e contribuem para a evasão, a repetência e o fracasso escolar.
Para a efetivação de um conselho de classe visando a mudanças, é preciso
levar em conta os três momentos de um conselho de classe: pré-conselho, conselho
de classe e pós-conselho.
No pré-conselho, é realizado o levantamento dos alunos por série e turmas,
para verificar aspectos relativos às faltas, indisciplina, rendimento escolar. Esta fase
é realizada pelo professor coordenador e com o aluno representante de turma, e
depois levado para ser discutido com todos os professores das turmas, que avaliam
o aluno em seus diversos aspectos.
O pós-conselho é realizado pelo pedagogo junto com os alunos e os pais,
visto que esse é o momento em que se apresenta o resultado obtido no Conselho de
Classe, para pais e alunos verificarem seu aproveitamento em relação ao processo
ensino-aprendizagem, e tem por objetivo a retomada do processo educativo,
levando em conta aprendizagens significativas.
Um conselho de classe participativo abre uma oportunidade para a escola ter
uma visão de conjunto e assim poder apontar as necessidades de mudanças, cujo
enfoque principal deve ser o processo educativo.
O problema do fracasso escolar era visto e justificado por fatores externos à
escola, sendo atribuído aos jovens e suas famílias o peso desse fracasso, o que
constitui um reducionismo no pensamento das pessoas. Isto, no entanto, representa
apenas o fracasso de alguns, mas é preciso que toda a sociedade assuma a
responsabilidade no processo discriminatório e produtor das desigualdades sociais.
Assim sendo, é necessário que a escola, enquanto instituição social reveja
seus valores, princípios, conteúdos e formas, em vista da tomada de ações
significativas, com competência e compromisso com a melhoria da vida das pessoas
e do processo ensino-aprendizagem.
Nesta perspectiva, é importante discutir as relações sociais na escola. Para
tanto, o Conselho de Classe como instância colegiada é um espaço que permite
rever nossas práticas pedagógicas, ante as mudanças de postura frente ao sujeito e
à avaliação do processo educativo.
O Conselho de classe, presente na organização da escola, deve propiciar
discussões coletivas sobre o processo de ensino-aprendizagem, reunindo
periodicamente os vários professores das diversas disciplinas, juntamente com os
pedagogos, que discutem coletivamente a respeito do desempenho pedagógico dos
alunos. É um espaço que favorece a integração e sequência dos conteúdos
curriculares de cada série, constituindo-se, assim, em poderoso momento coletivo
de reflexão-ação acerca dos alunos das diversas turmas, séries ou ciclos.
A preocupação do Conselho de Classe é dinamizar e avaliar a gestão
pedagógica da escola. Ele tem algumas características que o diferem dos demais
órgãos colegiados que são: participação direta dos profissionais, a organização
interdisciplinar e a centralidade da avaliação escolar como foco de trabalho na
instância colegiada.
A participação direta dos profissionais promove uma rede de relações
envolvendo diversos profissionais da escola, de forma efetiva e conjunta, em função
da análise direta de questões vividas no dia a dia pelos diferentes profissionais na
sala de aula e na escola.
Propicia o desenvolvimento do processo educativo de reflexão e discussão
coletiva sobre o fazer da escola como um todo. A participação de alunos e pais é
opcional. Mas os alunos estarão sempre presentes nas reuniões através de seus
resultados e desenvolvimento em classe.
A organização interdisciplinar é uma das características fundamentais do
Conselho de Classe. Nesse sentido é ele um órgão deliberativo sobre objetivos a
serem alcançados; uso de metodologias e estratégias de ensino; critérios de seleção
de conteúdos curriculares; projetos coletivos de ensino e atividades; formas e
critérios de avaliação; formas de avaliação de desempenho do aluno ao final de
cada ciclo; propostas para sanar dificuldades dos alunos; promoção da inter-relação
com a família; adaptações curriculares para alunos com necessidades especiais.
O Conselho de Classe/Série é presidido pelo diretor da escola e integrado
pelos professores; deverão participar alunos representantes de cada série da escola.
No conselho de classe, faz-se necessária a mediação do pedagogo ante as
situações apresentadas pelo grupo na busca de soluções. O pedagogo deve estar
atento para que nesse espaço, as discussões não abordem apenas questões sobre
comportamento, falta ou indisciplina, mas que estejam voltadas para a busca de
soluções, que promovam as mais significativas.
Sendo assim, cada aluno deve ser visto em sua peculiaridade, e cada caso
discutido. Portanto, não existe critério para excluir ou aprovar alunos. O que deve
ser levado em conta é o todo das aprendizagens. O conselho de classe tem, ainda,
por finalidade detectar problemas em relação aos conteúdos trabalhados na escola.
Assim, o conselho de classe deve servir não apenas como diagnóstico, mas
como uma retomada da aprendizagem.
d) APMF (ASSOCIAÇÃO DE PAIS, MESTRES E FUNCIONÁRIOS)
A APMF é um órgão de pessoa jurídica, de direito privado, que envolve pais,
mestres e funcionários do estabelecimento de ensino. Ela não tem caráter político-
partidário, religioso, racial e nem fins lucrativos. Seus dirigentes e conselheiros não
podem ser remunerados. É um órgão que trabalha numa participação coletiva para
tomada de decisões a respeito do processo de ensino-aprendizagem.
Tem como objetivo trazer a comunidade para a escola, visando à aproximação
e participação no Projeto Político Pedagógico, dando suporte aos programas
culturais, esportivos e de pesquisa, para que colaborarem com a função social da
escola e com a socialização do conhecimento.
Outro compromisso da APMF é o de acompanhar o aspecto financeiro e a
Proposta Pedagógica da escola, sugerindo alterações necessárias, visando à
melhoria da aprendizagem. Esse elo de ligação constante entre pais, professores e funcionários com a Comunidade, prima também pela busca de soluções equilibradas para os problemas coletivos do cotidiano escolar, dando suporte a Direção e Equipe, visando o bem estar e formação integral dos alunos. Todos os envolvidos no processo são igualmente responsáveis pelo sucesso da educação gratuita e com qualidade nas Escolas Públicas Estaduais do Paraná. http://www.diaadia.pr.gov.br
5- A TENTATIVA DA SUPERAÇÃO DO FRACASSO ESCOLAR E O PAPEL DO PEDAGOGO COMO MEDIADOR DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS Refletindo a respeito das questões trabalhadas no projeto de implantação do
PDE no Colégio Estadual José Elias da Rocha apresentamos as percepções das
professoras, funcionários e pedagogos sobre o tema Fracasso Escolar e suas
implicações no cotidiano da escola. Foram organizados grupos de estudos para
desenvolver do Projeto com apoio do caderno pedagógico, no qual foram abordados
os diversos assuntos, tais como: avaliação e o erro, instâncias colegiadas, o mito e
as implicações do fracasso escolar. Dos quais se obteve os seguintes
posicionamentos.
Sobre o papel do Grêmio Estudantil na escola, os professores e alunos responderam:
O Grêmio Estudantil é uma instância colegiada, apoiada pela Lei Federal nº 7.398 de 04.11.1985, que garante aos estudantes do 1º e 2º graus (hoje denominados ensino Fundamental e Médio), organizarem entidades autônomas que levam em conta os interesses dos estudantes. conta os interesses dos estudantes. Os Grêmios têm livre organização, com reforço do Artigo 4º, que proíbe, sob penalidade de abuso de poder, interferência estatal ou particular que venha prejudicar suas atividades, impedir ou dificultar o seu funcionamento. Essa determinação tem por base a democratização da educação, garantindo-lhes ampliação na participação direta da comunidade na Gestão Escolar. Tem por objetivo representar o corpo discente da escola, levando em conta a vontade coletiva dos estudantes. Promover a democracia, desenvolvendo a consciência crítica nos alunos.
Entidades autônomas que levam a participação dos sujeitos envolvidos. Que o Grêmio serve para dar uma animada na escola, para não ficar aquela coisa monótona de só estudar.
O Grêmio é a voz dos estudantes, é o Grêmio que intercede pelos alunos. (...) se constitui como promotor de atividades, que a comunidade tem interesse, como eventos culturais, atividades que façam os alunos se motivarem. O papel do Grêmio é envolver a comunidade, que vive em torno da escola, a se envolver mais na escola e na vida de seus filhos que estudam no colégio.
Representar os alunos e conscientizar os alunos dos seus direitos e deveres. Os Grêmios podem constituir espaços de cidadania quando desenvolvem ações para criar uma consciência crítica dos discentes.
Diante da explanação dos sujeitos da pesquisa, percebe-se a compreensão a
respeito do papel do Grêmio Estudantil perante o colégio e a comunidade escolar.
Atribuindo a estes as diversas tarefas como se envolver com a parte artística,
cultural e desportiva, que auxiliam para o bom relacionamento e a convivência entre
os jovens. Estas trocas de experiências contribuem de forma significativa para a
formação da cidadania, uma vez que dá voz aos sujeitos que dele participam,
garantindo assim os seus direitos, quando das ações realizadas através de seus
representantes.
Em se tratando do Conselho Escolar os professores e alunos posicionaram-se
da seguinte forma:
É o órgão máximo da escola.
Representa a comunidade escolar e loca.
É responsável pelo processo coletivo de acompanhamento e avaliação do ensino e da aprendizagem.
É um órgão representativo de natureza deliberativa, consultiva, avaliativa e fiscalizadora.
Tem importância decisória na escola
Participa de forma significativa das decisões pedagógicas.
Seu objetivo é a melhoria do processo do Ensino e da Aprendizagem e da Avaliação.
Apresenta pareceres a respeito do trabalho e de sua organização e realização na escola.
Seu objetivo é socializar o conhecimento, de acordo com as Políticas e Diretrizes Educacionais da SEED, levando em conta a LDB, o ECA, o Projeto Político Pedagógico (PPP) e o Regimento Escolar.
O Conselho pode interferir em vários segmentos das atividades da escola, assim como no processo educativo, tomando decisões coletivas sobre a vida escolar dos alunos.
O presidente do Conselho Escolar é o diretor.
O Conselho Escolar é constituído pelo diretor da Escola ou por seu substituto legal, cinco pais de alunos, quatro alunos, sete professores e dois funcionários e seus respectivos suplentes.
As opiniões apresentadas apontam que o Conselho Escolar é um órgão
consultivo de natureza deliberativa, avaliativa e fiscalizadora das ações da escola.
É uma das instâncias colegiadas de maior poder decisório das atividades
realizadas no interior da escola, tomando decisões necessárias no aspecto
legislativo e de aprendizagem. Tendo como finalidade a melhoria do processo
ensino aprendizagem e da avaliação.
A respeito dos Conselhos de Classe presente na organização da escola, os
professores apresentaram as seguintes percepções sobre o mesmo na prática
pedagógica: Devem reunir-se periodicamente todos os professores das diversas disciplinas, juntamente com os pedagogos para propiciar discussões coletivas a respeito do desempenho pedagógico e sobre o processo de Ensino Aprendizagem. Constitui-se um poderoso momento coletivo de reflexão ação das diversas turmas, series ou ciclos. Conselho de Classe participativo abre uma oportunidade para a escola ter uma visão de conjunto e assim poder apontar as necessidades de mudança, cujo enfoque principal deve ser o processo educativo. Todos os professores participam, pensando e sugerindo atividades que contribuam no processo ensino aprendizagem. Alguns professores não estão abertos a discussões, considerando apenas aspectos comportamentais dos alunos. Outros não fazem o que foi sugerido ou decidido em Conselho de Classe. No Conselho de Classe, faz-se necessária a mediação do pedagogo ante as situações apresentadas pelo grupo na busca de soluções. O pedagogo deve estar atento para que nesse espaço, as discussões não abordem apenas questões sobre comportamento, falta ou indisciplina, mas que estejam voltadas para a busca de soluções, que promovam aprendizagens mais significativas. Participação de todos ou comprometimento, para que sejam solucionados os problemas levantados no dia a dia da escola, ou seja, para que sejam colocadas em prática, as decisões tomadas no conselho de Classe. APM A importância da APMF é empregar os recursos (verbas) Estaduais e Federais na Escola, sendo que, estas verbas são reguladas. O destino destas verbas é para melhorias materiais no Colégio. A importância da APMF perante o Projeto Político Pedagógico é sempre unir e participar todos os profissionais do ensino tudo o que chega à APMF.
Percebe-se que os sujeitos da pesquisa demonstraram acreditar no trabalho
da APMF como instância colegiada que pode interferir positivamente no trabalho
pedagógico da Escola, além de reconhecer que esta Associação ajuda com recursos
e participações, que contribui para um ensino de qualidade e para reversão do
fracasso escolar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intervenção pedagógica realizada no Colégio Estadual José Elias da Rocha,
denominado o Fracasso Escolar teve como objetivo contribuir com práticas que
venham ao encontro de minimizar a evasão e a repetência no referido colégio,
considerando o mesmo estar inserido no Programa Superação.
Para tanto, foi realizado o estudo com o Caderno Pedagógico, abordando os
diversos temas sobre o fracasso escolar, sendo que os mesmos deram subsídios
teórico-metodológicos que serviram de base para o estudo. O propósito desse
projeto foi intervir na prática escolar, visando mudanças de atitudes e a retomada da
prática pedagógica. Igualmente, conscientizar a todos sobre a responsabilidade e o
engajamento de todos na reversão do fracasso escolar.
O trabalho contou com vários momentos de estudos com os professores,
direção, equipe pedagógica, APMF, Grêmio Estudantil entre outros seguimentos da
sociedade.
Diante deste estudo pudemos perceber as várias percepções dos envolvidos
na pesquisa, em relação ao fracasso escolar, tais como: alguns pensam que
realmente o aluno é o culpado, poucos acreditam que seja a mínima ou nenhuma
participação dos pais, a falta de estrutura material, pessoal da escola, assim como a
presença de uma gestão diferenciada, competente e presente.
Outro ponto destacado pelo professores é que as instâncias colegiadas
servem de suporte ao processo de aprendizagem e do conhecimento, quando
vinculadas ao Projeto Político Pedagógico da escola.
Em relação aos professores e alunos nota-se que a motivação tem papel
fundamental para reverter o fracasso escolar, pois quando os levam a envolverem-
se em projetos os mesmos sentem-se comprometidos com a escola e
conseqüentemente com a aprendizagem e com as ações. Acreditar no professor e
no aluno é de extrema importância, pois permite um elo de confiança entre o coletivo
da escola e com seus pares
Na prática escolar pudemos perceber que o trabalho realizado com uma
turma de 3º série que estava desacreditada e com notas muito baixas e com grande
possibilidade de reprovação, houve uma melhora significativa com trabalho
individualizado alunos e pais, quando do diálogo , análise do boletim incentivando-os
para o estudo e possibilidades de êxito.
Frente ao exposto devemos pensar sobre o papel dos professores e
pedagogos frente a essa problemática tão angustiante que cerca os profissionais da
educação. Sendo assim é importante que busquemos despertar no aluno o interesse
pela aprendizagem para que se sintam vinculados à escola e dela participem
ativamente, sendo que esta pode ser uma estratégia positiva para reverter o
fracasso escolar. O que será possível através do envolvimento de todos os
segmentos da sociedade. “Equipe de professores, administrações educacionais,
pais e instituições econômicas e sociais- assumam suas responsabilidades e tomem
decisões eficazes, coordenadas e duradouras”. Esse trabalho propiciou refletirmos sobre a prática escolar no sentido de
traçar metas e ações que permitam a reversão do fracasso escolar. Neste enfoque o
projeto de intervenção contribuiu de forma significativa para desmistificar conceitos
enraizados sobre o processo do ensinar e o processo de aprender. Espera-se,
portanto que este trabalho desperte mudanças de postura política pedagógica frente
à educação que almejamos para os nossos alunos.
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