Download - Desaposentação acórdão em agravo legal
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO
AGRAVO LEGAL EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 0008023-
34.2013.4.03.6183/SP
2013.61.83.008023-1/SP
RELATOR : Juiz Convocado VALDECI DOS SANTOS
APELANTE : ERNESTO ARTHUR WLASSOW
ADVOGADO : SP281673 FLÁVIA MOTTA VALENTE e outro
APELADO(A) : Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
PROCURADOR : SP266567 ANGÉLICA BRUM BASSANETTI SPINA e outro
ADVOGADO : SP000030 HERMES ARRAIS ALENCAR
AGRAVADA : DECISÃO DE FOLHAS
No. ORIG. : 00080233420134036183 8V Vr SAO PAULO/SP
RELATÓRIO
Trata-se de agravo legal interposto pelo INSS em face de decisão
monocrática terminativa (art. 557 do CPC) contrária a seus interesses e
que, no seu entender, deve ser reformada.
Sustenta a parte agravante, em síntese, que o relator, ao decidir
monocraticamente, não o fez com acerto. Discorre sobre: a) a
decadência do direito de revisão do benefício originário (artigo 103 da
Lei nº 8.213/91); b) a constitucionalidade e imperatividade da vedação
legal ao emprego das contribuições posteriores à aposentadoria, bem
como à compatibilidade do artigo 18,§2º, da Lei nº 8.213/91 com o
princípio constitucional da solidariedade (artigos 3º, inciso I, 40, 194 e
195 da Constituição Federal); c) o fato de o contribuinte em gozo de
aposentadoria pertencer a um grupo que apenas contribui para o custeio
do sistema, não para a obtenção de aposentadoria; d) a autorização
constitucional para seleção das prestações oferecidas aos segurados; e)
o fator previdenciário e f) a análise do impacto financeiro. Afirma que a
renúncia, tal como pretendida, implica ofensa aos princípios da
segurança jurídica e da legalidade estrita dos atos administrativos nos
moldes dos artigos 5º, inciso II e 37, "caput", ambos da Constituição
Federal.
Este o relatório.
VOTO
O julgamento monocrático se deu segundo as atribuições conferidas ao
Relator do recurso pela Lei nº 9.756/98, que deu nova redação ao artigo
557 do Código de Processo Civil, ampliando seus poderes para não só
indeferir o processamento de qualquer recurso (juízo de
admissibilidade-caput), como para dar provimento a recurso quando a
decisão se fizer em confronto com a jurisprudência dos Tribunais
Superiores (juízo de mérito-§ 1º-A).
A compatibilidade constitucional das novas atribuições conferidas ao
Relator decorre da impugnabilidade da decisão monocrática mediante
recurso para o órgão colegiado, nos termos do § 1º do art. 557 do CPC,
e da conformidade com os primados da economia e celeridade
processuais.
Assim, com a interposição do presente recurso, ocorre a submissão da
matéria ao órgão colegiado.
Observo que a decisão ora agravada encontra-se fundamentada nos
seguintes termos:
"A matéria discutida nos autos comporta julgamento nos termos do
artigo 557, do Código de Processo Civil, que, em face da reforma
ocorrida por meio da Lei n. 9.756, de 17 de dezembro de 1998, teve sua
redação alterada e passou a veicular a seguinte hipótese: se a decisão
recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com
jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de
Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso.
Pertinente, pois, a aplicação do mencionado dispositivo ao caso dos
autos.
Prosseguindo, por se tratar de matéria exclusivamente de direito, é
possível o julgamento de forma antecipada, nos termos do artigo 285-A
do Código de Processo Civil, não sendo o caso de se alegar violação
ao princípio da ampla defesa ou inconstitucionalidade do
procedimento adotado, tendo em vista que a decisão atendeu aos
requisitos estampados no dispositivo legal em comento.
Observo, também, que no caso, não se aplica o instituto da prescrição
quinquenal parcelar, uma vez que, se concedido o novo benefício, o
pagamento será feito a partir do ajuizamento da ação, não havendo
parcelas a serem quitadas antes da propositura da demanda.
Passando ao exame da matéria de fundo, cuida-se de caso em que a
parte autora é titular de benefício previdenciário e, em que pese a
concessão da aposentadoria, continuou a desempenhar atividades
laborais, entendendo fazer jus ao direito de renunciar à aposentadoria
atual e ter deferida outra mais vantajosa.
De fato, é de se reconhecer ao segurado o direito de renunciar à
aposentadoria que vem recebendo para pleitear outra que lhe seja mais
favorável aproveitando, para tanto, tempo de contribuição posterior,
por se tratar de direito patrimonial disponível, cabendo-lhe a
faculdade de fazê-lo às instâncias de seu interesse e conveniência,
inexistindo norma no ordenamento jurídico a objetar a pretensão.
A propósito da possibilidade de renúncia ao benefício previdenciário o
Egrégio Superior Tribunal de Justiça já pacificou a questão, como
atesta o seguinte julgado: AGRAVO REGIMENTAL.
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. DIREITO DE RENÚNCIA.
CABIMENTO. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE CERTIDÃO
DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO PARA NOVA APOSENTADORIA.
1. Não compete ao relator determinar o sobrestamento de recurso
especial em virtude do reconhecimento de repercussão geral da
matéria pelo Supremo Tribunal Federal, tratando-se de providência a
ser avaliada quando do exame de eventual recurso extraordinário a ser
interposto, nos termos previstos no artigo 543-B do Código de
Processo Civil. 2. O entendimento desta Corte Superior de Justiça é no
sentido de se admitir a renúncia à aposentadoria objetivando o
aproveitamento do tempo de contribuição e posterior concessão de
novo benefício, independentemente do regime previdenciário que se
encontra o segurado. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(STJ, AgRg no Resp 1196222, Rel. Desembargador Convocado
Haroldo Rodrigues, Dje 11/10/10).
Por outro lado, a renúncia a uma aposentadoria com a finalidade de
obter outra mais vantajosa, independentemente de se tratar de
benefício a ser obtido no mesmo regime, ou em regime diverso, não
implica na obrigação do segurado de devolver valores recebidos, pois,
enquanto se encontrava aposentado fazia jus aos proventos percebidos,
conquanto deferida a aposentadoria após regular procedimento de
verificação da existência de todos os requisitos necessários para a sua
concessão.
Nesse norte, transcrevo julgados do Colendo Superior Tribunal de
Justiça: 1. "AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. DIREITO DE RENÚNCIA.
CABIMENTO. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE CERTIDÃO
DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO PARA NOVA APOSENTADORIA.
DEVOLUÇÃO DE VALORES RECEBIDOS NA VIGÊNCIA DO
BENEFÍCIO ANTERIOR. EFEITOS EX NUNC. DESNECESSIDADE.
1. O entendimento desta Corte Superior de Justiça é no sentido de se
admitir a renúncia à aposentadoria objetivando o aproveitamento do
tempo de contribuição e posterior concessão de novo benefício,
independentemente do regime previdenciário que se encontra o
segurado. 2. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que o ato de
renunciar ao benefício tem efeitos ex nunc e não envolve a obrigação
de devolução das parcelas recebidas, pois, enquanto aposentado, o
segurado fez jus aos proventos. 3. Agravo regimental a que se nega
provimento." (AgRg no RESP 1247651/SC, Rel. Min.Haroldo
Rodrigues - Desembargador Convocado do TJ/CE, DJ, 10.08.2011). 2.
RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC
E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO.
RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E
POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.
DESNECESSIDADE. 1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito,
por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a
aposentadoria e, por parte do segurado, de dispensa de devolução de
valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar. 2. A
pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria
concedida para computar período contributivo utilizado,
conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que
permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova
aposentação. 3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais
disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,
prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria
a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior
jubilamento. Precedentes do STJ. 4. Ressalva do entendimento pessoal
do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a
reaposentação, conforme votos vencidos proferidos no REsp
1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,
1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR,
1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg no AREsp
103.509/PE. 5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o
direito à desaposentação, mas condicionou posterior aposentadoria ao
ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por
que deve ser afastada a imposição de devolução. 6. Recurso Especial
do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido.
Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução
8/2008 do STJ. (REsp 1334488/SC, Relator Ministro HERMAN
BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, j. 08/05/2013, DJe 14/05/2013).
No âmbito desta Corte Regional, a Egrégia Décima Turma pacificou o
seu entendimento no mesmo sentido da jurisprudência dominante
emanada do Superior Tribunal de Justiça, como atestam os seguintes
julgados: 1. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA
AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO OBJETIVANDO A CONCESSÃO DE OUTRO MAIS
VANTAJOSO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DE VALORES.
DESNECESSIDADE. TERMO INICIAL DA NOVA JUBILAÇÃO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. TUTELA ANTECIPADA.
DESCABIMENTO. I - É pacífico o entendimento esposado por nossos
Tribunais no sentido de que o direito ao benefício de aposentadoria
possui nítida natureza patrimonial e, por conseguinte, pode ser objeto
de renúncia. II - Caracterizada a disponibilidade do direito, a
aceitação da outra pessoa envolvida na relação jurídica (no caso o
INSS) é despicienda e apenas a existência de vedação legal poderia
impedir aquele de exercer seu direito de gozar ou não do benefício. III
- Somente a lei pode criar, modificar ou restringir direitos, pois assim
estatui o inciso II do art. 5º da Constituição da República. O art. 181-B
do Dec. n. 3.048/99, acrescentado pelo Decreto n.º 3.265/99, que
previu a irrenunciabilidade e a irreversibilidade das aposentadorias
por idade, tempo de contribuição/serviço e especial, como norma
regulamentadora que é, acabou por extrapolar os limites a que está
sujeita. IV - Esta 10ª Turma consolidou entendimento no sentido de que
o ato de renunciar ao benefício não envolve a obrigação de devolução
de parcelas, pois, enquanto perdurou a aposentadoria, o segurado fez
jus aos proventos, sendo a verba alimentar indiscutivelmente devida. V
- A desaposentação não representa desequilíbrio atuarial ou financeiro
ao sistema protetivo. Com efeito, as contribuições posteriores à
aquisição do primeiro benefício são atuarialmente imprevistas e não
foram levadas em conta quando da verificação dos requisitos de
elegibilidade para a concessão da primeira aposentadoria.
Continuando a contribuir para a Previdência Social após a jubilação,
não subsiste vedação atuarial ou financeira à revisão do valor do
benefício. VI - O novo benefício é devido a partir da data da citação,
quando o INSS tomou ciência da pretensão da parte autora. VII - A
verba honorária fica arbitrada em 15% sobre o valor das diferenças
vencidas até a presente data, tendo em vista que o pedido foi julgado
improcedente pelo Juízo a quo. VIII - Indeferido o pedido de
antecipação dos efeitos da tutela, ante a ausência de fundado receio de
dano irreparável e de perigo da demora, haja vista que o autor está
recebendo mensalmente seu benefício. IX - Apelação da parte autora
parcialmente provida.(AC 0000265-04.2013.4.03.6183, Rel. Des.
Federal Sérgio Nascimento, e-DJF3 de 18.09.2013). 2. DIREITO
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO LEGAL.
DESAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
OBJETIVANDO A CONCESSÃO DE OUTRO MAIS VANTAJOSO.
POSSIBILIDADE. 1. Segundo entendimento pacificado em nossos
Tribunais, fundado na ausência de vedação no ordenamento jurídico
brasileiro, ao segurado é conferida a possibilidade de renunciar à
aposentadoria recebida, haja vista tratar-se de um direito patrimonial
de caráter disponível, não podendo a instituição previdenciária
oferecer resistência a tal ato para compeli-lo a continuar aposentado,
visto carecer de interesse. 2. A renúncia à aposentadoria, para fins de
concessão de novo benefício, seja no mesmo regime ou em regime
diverso, não implica em devolução dos valores percebidos, pois,
enquanto esteve aposentado, o segurado fez jus aos seus proventos. 3.
Os argumentos trazidos na irresignação da parte agravante foram
devidamente analisados pela r. decisão hostilizada, a qual se encontra
alicerçada na legislação vigente e na jurisprudência dominante do C.
Superior Tribunal de Justiça. 4. Matéria preliminar rejeitada. Recurso
desprovido. (AC 2009.61.83.009488-3, Rel. Des. Federal Walter do
Amaral, D.E. de 15.03.2012). 3. DIREITO PREVIDENCIÁRIO E
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVOS LEGAIS. POSSIBILIDADE.
DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.
TERMO INICIAL. CITAÇÃO. AGRAVOS DESPROVIDOS. 1. Não se
aplica ao caso o disposto no Art. 461, do CPC, por se tratar de título
judicial de natureza declaratória. 2. Alinhando sua jurisprudência à do
E. STJ, a C. 10ª Turma desta Corte reformulou seu entendimento
acerca da matéria, de acordo com o precedente Ag em AP
00067443120104036114, de relatoria do Desembargador Federal
Walter do Amaral, julgado em 06/03/12 e acórdão publicado em
07/03/12. 3. A 1ª Seção, do E. STJ, em julgamento de recurso repetitivo
(REsp 1334488), na sessão de 08/05/13, à unanimidade, decidiu que "o
aposentado tem direito de renunciar ao benefício para requerer nova
aposentadoria em condição mais vantajosa, e que para isso ele não
precisa devolver o dinheiro que recebeu da Previdência.". 4.
Reconhecimento do direito da parte autora à renúncia ao benefício de
aposentadoria de que é titular, ao recálculo e à percepção de nova
aposentadoria, sem solução de continuidade ao cancelamento da
anterior, desde a citação, aproveitando-se as respectivas contribuições
e as posteriormente acrescidas pelo exercício de atividade, dispensada
a devolução dos valores recebidos por força da aposentadoria
renunciada. 5. Não havendo prévio requerimento administrativo, a DIB
deve ser fixada na data de citação da autarquia. 6. O pedido
condenatório não deve ser acolhido, porque a certeza da vantagem do
benefício pleiteado em relação ao atual, ainda que afirmada em inicial,
depende de cálculos do INSS, e ao Judiciário é vedado proferir
decisões condicionais, razão pela qual o interessado deverá requerer a
desaposentação administrativamente, instruindo seu requerimento com
o presente título judicial, âmbito no qual serão concretizados os
direitos aqui reconhecidos, após cálculos pelo INSS. 7. Agravos
desprovidos. (AC 0011544-21.2012.4.03.6183, Rel. Des. Federal
Baptista Pereira, D.E. de 21.08.2013). 4. PREVIDENCIÁRIO.
DESAPOSENTAÇÃO (RENÚNCIA) À APOSENTADORIA.
CABIMENTO. IMPLANTAÇÃO DO NOVO BENEFÍCIO. DECISÃO
DEFINITIVA. DESNECESSIDADE DE RESTITUIÇÃO DOS
PROVENTOS. IMPLANTAÇÃO DA NOVA APOSENTADORIA. 1.
Entendo que a falta de previsão legal para o desfazimento do ato de
aposentação impede que a Autarquia Previdenciária, subordinada ao
regime jurídico de direito público, desfaça referido ato. Reconheço,
todavia, que este posicionamento é minoritário, e que as duas Turmas
do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, com competência para
decidir questões previdenciárias - Quinta e Sexta Turmas - são
favoráveis à possibilidade de o aposentado que retorna à atividade
laborativa ter computadas as novas contribuições para efeito de
concessão de nova aposentadoria. 2. Observo não desconhecer que a
matéria encontra-se em debate junto ao Colendo Supremo Tribunal
Federal (Recurso Extraordinário nº 661256), com submissão à
repercussão geral, nos termos da Lei nº 11.418/2006. 3. Pendente de
decisão definitiva pelo Pretório Excelso, curvo-me, por prudência, ao
entendimento de meus pares na 10ª E. Turma deste Tribunal, com
vistas a prestigiar a respeitável orientação emanada do STJ, e adiro,
com a ressalva já formulada, ao seu posicionamento, diante da
hodierna homenagem rendida à força da jurisprudência na resolução
dos conflitos trazidos ao Poder Judiciário, aguardando o final
julgamento em nossa Suprema Corte de Justiça. 4. A compreensão
desta Décima Turma, em conformidade com a orientação firmada pela
PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do
REsp 1334488/SC, em 08/05/2013, publicado em 14/05/2013, de
Relatoria do Ministro HERMAN BENJAMIN, submetido ao regime do
art. 543-C do CPC e da Resolução nº 8/2008 do STJ, é no sentido de
que o desfazimento (renúncia) da aposentadoria, com o
aproveitamento de todo o tempo de contribuição, com vistas à
concessão de novo benefício, seja no mesmo regime ou em regime
diverso, não implica em devolução dos valores percebidos, pois
enquanto esteve aposentado o segurado fez jus aos seus proventos. 5.
Quanto à implantação, por sua complexidade, não se justifica seja feita
provisoriamente devendo aguardar decisão definitiva, além do que a
parte autora já vem recebendo benefício de aposentadoria por tempo
de contribuição. 6. Reexame necessário e apelação do INSS
desprovidos. Apelação da parte autora provida. (AC 0001659-
80.2012.4.03.6183, Rel. Des. Federal Lucia Ursaia, e-DJF3
26.06.2013).
Também no âmbito da Egrégia Sétima Turma, recente entendimento é
no sentido de que o ato de renunciar ao benefício não envolve a
obrigação de devolução de valores legitimamente recebidos, pois,
enquanto perdurou a aposentadoria, o segurado fez jus aos proventos,
sendo a verba alimentar indiscutivelmente devida. Aliás, o assunto já
está sendo julgado na Turma por meio de decisão monocrática,
conforme provado a seguir:
DECISÃO
Vistos.
Trata-se de apelação interposta por EDUARDO PERILLO, em face da
r. sentença proferida em ação previdenciária de desaposentação para
obtenção de benefício mais vantajoso.
A r. sentença julgou improcedente o pedido. Condenou a parte autora
no pagamento dos honorários advocatícios fixados em 10% sobre o
valor da causa, observada a gratuidade concedida. Custas indevidas.
Em razões recursais, sustenta a parte autora, em síntese, a
constitucionalidade do instituto da desaposentação , inexistindo
qualquer vedação legal à opção do segurado em renunciar ao
beneficio de origem, com intuito de obtenção de beneficio mais
vantajoso. Alega a desnecessidade de devolução de valores percebidos,
ante o caráter alimentar dos benefícios previdenciários. Requer o
provimento do apelo.
Com contrarrazões, subiram os autos a esta E. Corte.
É o relatório.
Decido.
Cabível na espécie o art. 557 do Código de Processo Civil.
Pretende a parte autora a renúncia à aposentadoria por tempo de
contribuição com DIB 12.05.1995 (fls. 18), e a concessão de posterior
benefício da mesma natureza, mediante cômputo das contribuições
realizadas após o primeiro jubilamento.
De início, não há que se falar em decadência no caso de
desaposentação, uma que vez que não se trata de revisão de ato de
concessão do benefício, ou mesmo de seu valor, sendo, pois, indevida a
extensão do disposto no art. 103 da Lei nº 8.213/91.
Nesse sentido, precedente da E. Terceira Seção desta Corte, in verbis:
"PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
"DESAPOSENTAÇÃO". DECADÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM
PÚBLICA ALEGADA EM SEDE DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
NÃO OCORRÊNCIA NA ESPÉCIE.
I. Conheço dos embargos de declaração, vez que o Tribunal deve
apreciar matéria de ordem pública, como o caso de decadência, ainda
que tenha sido suscitada pela parte interessada somente em sede de
embargos declaratórios, consoante orientação firmada no E. STJ.
II. Na espécie, a parte autora pleiteia a "desaposentação " e o cômputo
do tempo de contribuição laborado após a jubilação. Cuida-se de
pedido de desfazimento de ato em razão de circunstâncias motivadoras
não preexistentes, uma vez que pretende a parte autora a renúncia da
aposentadoria que vem recebendo cumulada com o requerimento de
outra mais favorável.
III. Não se trata de revisão de ato de concessão do benefício, ou mesmo
de seu valor, sendo, pois, indevida a extensão do disposto no art. 103
da Lei nº 8.213/91.
IV. Não há que se falar em decadência no caso de "desaposentação ".
V. Embargos de declaração acolhidos para aclarar o v. acórdão
quanto à não ocorrência de decadência na espécie."
(EI 0011986-55.2010.4.03.6183, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL
BAPTISTA PEREIRA, Rel. p/ Acórdão JUIZ CONVOCADO
DOUGLAS GONZALES, TERCEIRA SEÇÃO, j. 09.05.2013, DJe
20.05.2013)
Com efeito, o C. Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp
1.334.488/SC, submetido ao regime do art. 543-C do CPC, firmou
entendimento de que os benefícios previdenciários são direitos
patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos
seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da
aposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de
novo e posterior jubilamento, consoante acórdão assim ementado:
"RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO
CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO.
RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E
POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.
DESNECESSIDADE.
1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de
declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoria e, por parte do
segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de
aposentadoria a que pretende abdicar.
2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria
concedida para computar período contributivo utilizado,
conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que
permaneceu trabalhando, para a concessão de posterior e nova
aposentação.
3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis
e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares,
prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria
a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior
jubilamento. Precedentes do STJ.
4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade
de devolução dos valores para a reaposentação, conforme votos
vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais
nos REsps 1.321.667/PR, 1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS,
1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg
no AREsp 103.509/PE.
5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à
desaposentação, mas condicionou posterior aposentadoria ao
ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por
que deve ser afastada a imposição de devolução.
6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do
segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC
e da Resolução 8/2008 do STJ".
(REsp 1334488/SC, Relator Ministro HERMAN BENJAMIN,
PRIMEIRA SEÇÃO, j. 08/05/2013, DJe 14/05/2013)
Seguindo a orientação adotada pela Corte Superior, precedentes deste
Tribunal Regional:
"DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO . RENÚNCIA
AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO OBJETIVANDO A CONCESSÃO DE OUTRO MAIS
VANTAJOSO. POSSIBILIDADE.
1. Remessa oficial conhecida, nos termos do § 2º do artigo 475 do
Código de Processo Civil.
2. Segundo entendimento pacificado em nossos Tribunais, fundado na
ausência de vedação no ordenamento jurídico brasileiro, ao segurado
é conferida a possibilidade de renunciar à aposentadoria recebida,
haja vista tratar-se de um direito patrimonial de caráter disponível,
não podendo a instituição previdenciária oferecer resistência a tal ato
para compeli-lo a continuar aposentado, visto carecer de interesse.
3. A renúncia à aposentadoria, para fins de concessão de novo
benefício, seja no mesmo regime ou em regime diverso, não implica em
devolução dos valores percebidos, pois, enquanto esteve aposentado, o
segurado fez jus aos seus proventos.
4. O termo inicial do novo benefício a ser implantado é a data da
citação, a teor do disposto no art. 219 do Código de Processo Civil.
5. A incidência de correção monetária e juros de mora sobre os valores
em atraso deve seguir o disposto no Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela
Resolução n. 134/2010, do Conselho da Justiça Federal, observada a
aplicação imediata da Lei n. 11.960/09, a partir da sua vigência,
independentemente da data do ajuizamento da ação (ERESP
1.207.197/RS; RESP 1.205.946/SP), sendo que os juros de mora são
devidos a partir da citação, de forma global para as parcelas
anteriores a tal ato processual e de forma decrescente para as parcelas
posteriores, e incidem até a data da conta de liquidação que der
origem ao precatório ou à requisição de pequeno valor - RPV (STF -
AI-AGR 492.779/DF).
6. Os honorários advocatícios devem ser mantidos em 10% (dez por
cento) do valor atualizado das prestações vencidas até a data em que
foi proferida a sentença objeto do recurso, nos termos da Súmula 111
do E. STJ.
7. O INSS é isento do pagamento de custas processuais, nos termos do
art. 4º, inc. I, da Lei Federal nº 9.289/96, devendo reembolsar, quando
vencido, as despesas judiciais feitas pela parte vencedora devidamente
comprovadas nos autos.
8. Remessa oficial parcialmente provida."
(AC 0011611-83.2009.4.03.6120, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL
WALTER DO AMARAL, 10ª T., j. 16.07.2013, DJe 24.07.2013)
"PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. JULGAMENTO EXTRA PETITA. NÃO
OCORRÊNCIA. DESAPOSENTAÇÃO . RENÚNCIA À
APOSENTADORIA. DEVOLUÇÃO DE VALORES.
DESNECESSIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
1. Não há julgamento extra petita quando o acórdão, aplicando o
direito à espécie, decide a matéria dentro dos limites propostos pelas
partes.
2. Entendo que a falta de previsão legal para o desfazimento do ato de
aposentação impede que a Autarquia Previdenciária, subordinada ao
regime jurídico de direito público, desfaça referido ato. Reconheço,
todavia, que este posicionamento é minoritário, e que as duas Turmas
do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, com competência para
decidir questões previdenciárias - Quinta e Sexta Turmas - são
favoráveis à possibilidade de o aposentado que retorna à atividade
laborativa ter computadas as novas contribuições para efeito de
concessão de nova aposentadoria.
3. Observo não desconhecer que a matéria encontra-se em debate junto
ao Colendo Supremo Tribunal Federal (Recurso Extraordinário nº
661256), com submissão à repercussão geral, nos termos da Lei nº
11.418/2006.
4. Pendente de decisão definitiva pelo Pretório Excelso, curvo-me, por
prudência, ao entendimento de meus pares na 10ª E. Turma deste
Tribunal, com vistas a prestigiar a respeitável orientação emanada do
STJ, e adiro, com a ressalva já formulada, ao seu posicionamento,
diante da hodierna homenagem rendida à força da jurisprudência na
resolução dos conflitos trazidos ao Poder Judiciário, aguardando o
final julgamento em nossa Suprema Corte de Justiça.
5. A compreensão desta Décima Turma, em conformidade com a
orientação firmada pela PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento do REsp 1334488/SC, em 08/05/2013,
publicado em 14/05/2013, de Relatoria do Ministro HERMAN
BENJAMIN, submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da
Resolução nº 8/2008 do STJ, é no sentido de que o desfazimento
(renúncia) da aposentadoria, com o aproveitamento de todo o tempo de
contribuição, com vistas à concessão de novo benefício, seja no mesmo
regime ou em regime diverso, não implica em devolução dos valores
percebidos, pois enquanto esteve aposentado o segurado fez jus aos
seus proventos.
6. Quanto à verba honorária fixada em 10% é certo que incide sobre o
valor atualizado da causa, desde a data do ajuizamento da ação,
conforme o Manual de Orientações e Procedimentos para os Cálculos
da Justiça Federal, aprovado pela Resolução nº 134, de 21/12/2010, do
Conselho da Justiça Federal.
7. Preliminar e embargos de declaração opostos pelo INSS rejeitados.
Embargos de declaração opostos pelo autor acolhidos."
(AC 0001699-14.2002.4.03.6183, Rel. DESEMBARGADORA
FEDERAL LUCIA URSAIA, 10ª T., j. 18.06.2013, DJe 26.06.2013)
"PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO . RENÚNCIA AO
BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO OBJETIVANDO A CONCESSÃO DE OUTRO MAIS
VANTAJOSO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DE VALORES.
DESNECESSIDADE. CUSTAS. ISENÇÃO.
I - É pacífico o entendimento esposado por nossos Tribunais no sentido
de que o direito ao benefício de aposentadoria possui nítida natureza
patrimonial e, por conseguinte, pode ser objeto de renúncia.
II - Caracterizada a disponibilidade do direito, a aceitação da outra
pessoa envolvida na relação jurídica (no caso o INSS) é despicienda e
apenas a existência de vedação legal poderia impedir aquele de
exercer seu direito de gozar ou não do benefício.
III - Somente a lei pode criar, modificar ou restringir direitos, pois
assim estatui o inciso II do art. 5º da Constituição da República. O art.
181-B do Dec. n. 3.048/99, acrescentado pelo Decreto n.º 3.265/99,
que previu a irrenunciabilidade e a irreversibilidade das
aposentadorias por idade, tempo de contribuição/serviço e especial,
como norma regulamentadora que é, acabou por extrapolar os limites
a que está sujeita.
IV - Esta 10ª Turma consolidou entendimento no sentido de que o ato
de renunciar ao benefício não envolve a obrigação de devolução de
parcelas, pois, enquanto perdurou a aposentadoria, o segurado fez jus
aos proventos, sendo a verba alimentar indiscutivelmente devida.
V - A desaposentação não representa desequilíbrio atuarial ou
financeiro ao sistema protetivo. Com efeito, as contribuições
posteriores à aquisição do primeiro benefício são atuarialmente
imprevistas e não foram levadas em conta quando da verificação dos
requisitos de elegibilidade para a concessão da primeira
aposentadoria. Continuando a contribuir para a Previdência Social
após a jubilação, não subsiste vedação atuarial ou financeira à revisão
do valor do benefício.
VI - A autarquia previdenciária está isenta de custas e emolumentos,
nos termos do art. 4º, I, da Lei 9.289/96, do art. 24-A da MP 2.180-
35/01, e do art. 8º, § 1º da Lei 8.620/92.
VII - Apelação da parte autora parcialmente provida."
(AC 0011332-61.2013.4.03.9999, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL
SERGIO NASCIMENTO, 10ª T., 18.06.2013, DJe 26.06.2013)
Assim, na esteira do quanto decidido no REsp 1.334.488/SC, é de ser
reconhecido o direito da parte autora à desaposentação, declarando-se
a desnecessidade de devolução dos valores da aposentadoria
renunciada, condenando a autarquia à concessão de nova
aposentadoria a contar do ajuizamento da ação, compensando-se o
benefício em manutenção, e ao pagamento das diferenças de juros de
mora a partir da citação.
A correção monetária e os juros de mora devem ser aplicados de
acordo com os critérios fixados no Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela
Resolução nº 134/2010, do Conselho da Justiça Federal, observada a
aplicação imediata da Lei nº 11.960/2009, a partir da sua vigência
(STJ, REsp nº 1.205.946/SP). Os juros de mora incidem até a data da
conta de liquidação que der origem ao precatório ou à requisição de
pequeno valor - RPV (STF - AI-AgR nº 713.551/PR; STJ - Resp
1.143.677/RS).
No que se refere à verba honorária, esta deve ser fixada em 10% (dez
por cento) sobre o valor das parcelas vencidas até a data da r.
sentença (Súmula nº 111 do Superior Tribunal de Justiça), posto que de
forma a remunerar adequadamente o profissional e em consonância
com o disposto no art. 20, §§ 3º e 4º, do Código de Processo Civil (v.g.
EDcl no REsp nº 984.287/SP, Rel. Min. Og Fernandes, 6ª T., j.
24.11.2009, DJe 14.12.2009).
Indevidas custas e despesas processuais, ante a isenção de que goza a
autarquia (art. 4º, inciso I, da Lei 9.289/96) e da justiça gratuita
deferida.
Indefiro o pedido de antecipação de tutela, ante a ausência de fundado
receio de dano irreparável e de perigo de demora, haja vista que a
parte autora está recebendo mensalmente seu benefício.
Ante o exposto, com fundamento no artigo 557, § 1º-A, do Código de
Processo Civil, dou provimento à apelação da parte autora, nos termos
acima consignados.
Decorrido o prazo legal, baixem os autos ao juízo de origem.
Intime-se.
São Paulo, 05 de agosto de 2013.
(AC 0008700-34.2009.4.03.6109/SP, rel. Des. Fed. Diva Malerbi, DJ
09.08.2013).
Nesse ponto, anoto não desconhecer que a matéria é objeto de debate
perante o Egrégio Supremo Tribunal Federal por meio do Recurso
Extraordinário nº 661.256, com submissão ao regime da repercussão
geral, nos termos da Lei nº 11.418/2006. Contudo, a Suprema Corte
brasileira ainda não proferiu decisão, tudo aconselhando a adesão à
jurisprudência majoritária dos tribunais até a palavra definitiva do
Pretório Excelso.
Por fim, alguns argumentam que o artigo 18, § 2º, da Lei n. 8.213, de
24.07.1991, com a redação conferida pela Lei n. 9.528, de 10.12.1997,
vedaria a desaposentação ao não permitir a concessão de prestação
previdenciária ao aposentado pelo Regime Geral da Previdência
Social que permanecer em atividade sujeita a este regime ou a ele
retornar.
No entanto, interpretação sistemática dos princípios constitucionais
relativos à matéria, bem como das normas previdenciárias inscritas na
legislação própria, não permite tal conclusão. Proibida é a concessão
de novo benefício previdenciário em acréscimo àquele já percebido
pelo segurado. A vedação existe quanto ao recebimento concomitante
de dois benefícios previdenciários, exceto o salário-família e a
reabilitação profissional, quando empregado. Todavia, no caso da
desaposentação não ocorre o recebimento simultâneo de duas
prestações de cunho pecuniário, mas de um único benefício
previdenciário que sucedeu a outro, mediante novo recálculo.
Assim, conforme orientação da jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, há que se reconhecer o direito da parte autora à renúncia do
atual benefício, devendo a autarquia conceder nova aposentadoria a
contar do ajuizamento da ação, compensando-se o benefício em
manutenção.
O pagamento das diferenças deve ser acrescido de juros de mora a
contar da citação (Súmula 204/STJ).
A correção monetária e os juros de mora devem ser aplicados de
acordo com os critérios fixados no Manual de Orientação de
Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela
Resolução n. 134/2010, do Conselho da Justiça Federal, observada a
aplicação imediata da Lei n. 11.960/2009, a partir da sua vigência.
No tocante aos honorários advocatícios, estes devem ser fixados no
importe de 10% (dez por cento) sobre o valor das parcelas vencidas até
a data da prolação da sentença de primeiro grau, em estrita e literal
observância à Súmula n. 111 do STJ (Os honorários advocatícios, nas
ações previdenciárias, não incidem sobre prestações vencidas após a
sentença).
A autarquia previdenciária está isenta de custas e emolumentos, nos
termos do art. 4º, I, da Lei 9.289/96, do art. 24-A da MP 2.180-35/01, e
do art. 8º, § 1º da Lei 8.620/92.
Em face do exposto, com fundamento no artigo 557, § 1º-A, do Código
de Processo Civil, REJEITO A MATÉRIA PRELIMINAR, E DOU
PROVIMENTO à apelação para reconhecer o direito da parte autora à
desaposentação, nos termos acima consignados, mediante a cessação
do benefício anterior e implantação de novo benefício, considerando-se
o tempo e as contribuições anteriores e posteriores à aposentadoria
ora renunciada, sendo desnecessária a devolução do que foi pago a
título do benefício anterior. Consectários legais na forma da
fundamentação acima."
Como se vê, a decisão agravada resolveu de maneira fundamentada as
questões discutidas na sede recursal, na esteira da orientação
jurisprudencial já consolidada no âmbito dos tribunais. O recurso ora
interposto não tem, em seu conteúdo, razões que impugnem com
suficiência a motivação exposta na decisão monocrática, que merece
ser sustentada.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO AO AGRAVO LEGAL.
É como voto.
VALDECI DOS SANTOS
Juiz Federal Convocado
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Data e Hora: 22/07/2014 18:55:55
AGRAVO LEGAL EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 0008023-
34.2013.4.03.6183/SP
2013.61.83.008023-1/SP
RELATOR : Juiz Convocado VALDECI DOS SANTOS
APELANTE : ERNESTO ARTHUR WLASSOW
ADVOGADO : SP281673 FLÁVIA MOTTA VALENTE e outro
APELADO(A) : Instituto Nacional do Seguro Social - INSS
PROCURADOR : SP266567 ANGÉLICA BRUM BASSANETTI SPINA e outro
ADVOGADO : SP000030 HERMES ARRAIS ALENCAR
AGRAVADA : DECISÃO DE FOLHAS
No. ORIG. : 00080233420134036183 8V Vr SAO PAULO/SP
EMENTA
AGRAVO LEGAL. JULGAMENTO POR DECISÃO
MONOCRÁTICA. ART. 557, CAPUT DO CPC. DECADÊNCIA.
INOCORRÊNCIA. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE.
IMPROVIMENTO.
1. A decisão monocrática ora vergastada foi proferida segundo as
atribuições conferidas Relator do recurso pela Lei nº 9.756/98, que deu
nova redação ao artigo 557 do Código de Processo Civil, ampliando
seus poderes para não só para indeferir o processamento de qualquer
recurso (juízo de admissibilidade - caput), como para dar provimento a
recurso quando a decisão se fizer em confronto com a jurisprudência
dos Tribunais Superiores (juízo de mérito - § 1º-A). Não é
inconstitucional o dispositivo.
2. O instituto da decadência não estava contemplado na redação
original da Lei n. 8.213/91, que previa, em seu art. 103, somente a
prescrição das prestações não pagas na época própria. Por sua vez, o
aludido art. 103 teve, por diversas vezes, a sua redação alterada, de
modo a estabelecer, a partir da MP n. 1.523/97, um prazo decadencial,
ora de 10 anos, ora de 05 anos, para a revisão do ato de concessão de
benefício. Depreende-se, portanto, que a decadência refere-se apenas e
tão-somente ao direito à revisão do ato de concessão de benefício, e não
ao ato de concessão em si, daí não ser aplicável ao caso em exame.
3. É de se reconhecer ao segurado o direito de renunciar à
aposentadoria que vem recebendo para pleitear outra que lhe seja mais
favorável aproveitando, para tanto, tempo de contribuição posterior, por
se tratar de direito patrimonial disponível, cabendo-lhe a faculdade de
fazê-lo às instâncias de seu interesse e conveniência, inexistindo norma
no ordenamento jurídico a objetar a pretensão.
4. A renúncia a uma aposentadoria com a finalidade de obter outra mais
vantajosa, independentemente de se tratar de benefício a ser obtido no
mesmo regime, ou em regime diverso, não implica na obrigação do
segurado de devolver valores recebidos, pois, enquanto se encontrava
aposentado fazia jus aos proventos percebidos, conquanto deferida a
aposentadoria após regular procedimento de verificação da existência
de todos os requisitos necessários para a sua concessão.
5. Como se vê, a decisão agravada resolveu de maneira fundamentada
as questões discutidas na sede recursal, na esteira da orientação
jurisprudencial já consolidada em nossas cortes superiores acerca da
matéria. O recurso ora interposto não tem, em seu conteúdo, razões que
impugnem com suficiência a motivação exposta na decisão
monocrática, que merece ser sustentada.
6. Agravo legal improvido.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
decide a Egrégia Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª
Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo legal, nos
termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do
presente julgado.
São Paulo, 21 de julho de 2014.
VALDECI DOS SANTOS
Juiz Federal Convocado
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