DEUSA ÍSIS – JÓIAS CULTURAIS
GODDESS ISIS - CULTURAL JEWELRY
Mariana Fernandes Mansano1
Daniela Aquino2
Resumo
No decorrer da história, as jóias sofreram várias modificações e inovações. Com base nisso, será desenvolvida uma coleção de jóias inspiradas na deusa egípcia Ísis, personagem importante na mitologia egípcia. A proposta deste projeto é mudar o conceito das jóias, é dar um estilo novo e único às peças, resgatando toda a história e os significados inseridos na temática. A partir da pesquisa do tema e do público alvo, os resultados serão avaliados e aplicados no desenvolvimento da coleção de jóias. O principal objetivo deste projeto é valorizar a produção artesanal das peças e resgatar as técnicas de ourivesaria utilizadas no antigo Egito. Palavras-chave: Egito; Jóias; Artesanal.
Abstract
Throughout history, jewelry has been suffering many changes and innovations. Based on this, a jewelry collection will be developed inspired by the Egyptian Goddess Isis, who was a very important character in the Egyptian mythology. This project’s purpose is to change the concept of jewelry and to give a new and unique style to the jewels, bringing back the whole history and the meanings that are inserted on the theme. From the research of the theme and based on the target public, the results will be evaluated and applied on the jewelery´s collection development. The main objective of this project is to value the handcraft of the pieces and to bring back old techniques used in ancient Egypt.
Keywords: Egypt; Jewelry; Craft Work.
1 Graduando em Design de Moda. Universidade do Vale do Itajaí. E-mail:
[email protected] 2 Graduada em Design Industrial, Professora do curso de Design de Moda da Universidade do Vale
do Itajaí. E-mail: [email protected]
1. INTRODUÇÃO
A arte da joalheria é uma das mais antigas artes decorativas existentes. Há
muito tempo os homens demonstram atração pelos metais e gemas preciosas. As
jóias não servem apenas como adorno, mas também como símbolo de status, além
de despertar os mais diversos sentimentos em quem as observa e as usa. Em
relação à arte da joalheria, a cultura e a moda misturam-se, fazendo das peças uma
verdadeira obra de arte.
É importante saber o valor histórico e cultural das peças da joalheria, pois se
tratando de uma arte antiga, é necessário saber sua origem e sua história. Por isso,
um dos objetivos deste projeto é resgatar as técnicas antigas da ourivesaria, como a
esmaltação, a filigrana e a granulação. A esmaltação é uma das técnicas mais
antigas de aplicação de cores em jóias, sendo muito utilizada em substituição às
pedras preciosas. O esmalte usado é um esmalte vitrificado, que é aplicado com um
pincel, e que depois de aquecido adere ao metal. A técnica da filigrana é uma
verdadeira obra de arte, onde pequenos fios de metal são torcidos, entrelaçados e
soldados entre si, formando desenhos de aparência rendilhada que dão delicadeza e
leveza às peças. A filigrana é inteiramente feita à mão e exige do ourives muita
habilidade, paciência e criatividade. Já a granulação é uma técnica que conta com
minúsculas esferas de metal, que são fixadas numa base metálica, seja por solda ou
fusão. Essa técnica também é minuciosa, e o design da jóia fica delicado e preciso.
Além disso, o conceito da coleção visa deixar as peças com aspecto
envelhecido, remetendo às jóias do antigo Egito e também resgatar os simbolismos
que envolvem o tema, a deusa egípcia Ísis.
O objetivo geral deste projeto é desenvolver uma coleção de jóias femininas,
inspirada na deusa egípcia Ísis, a fim de atingir o mercado nacional de jóias, e para
atingir este objetivo, existem alguns objetivos específicos, que deverão ser
cumpridos. Como objetivos específicos, serão pesquisados o tema, a deusa egípcia
Ísis, sua história, simbolismos e mitos, para inseri-los na coleção de jóias; serão
pesquisados o público-alvo, a partir de entrevistas, para melhor conhecimento do
seu comportamento e sua relação com as jóias; serão analisados os concorrentes e
serão feitas pesquisas de mercado, como estado do design e tendências; serão
resgatadas as técnicas da ourivesaria utilizadas no antigo Egito, como a esmaltação,
a filigrana e a granulação; e por fim, será desenvolvida uma coleção de jóias com
quinze peças, que apresentem coerência com o tema, conceito e o mercado a ser
atingido, sendo que três destas peças serão confeccionadas.
Com a realização deste projeto, tem-se a possibilidade de desenvolver uma
coleção de jóias femininas, voltadas para um público específico, resgatando os
aspectos históricos e simbólicos apresentados pelo tema, bem como as técnicas de
ourivesaria, visando a inserção no mercado nacional de jóias. O mercado voltado
para as jóias artesanais e que tenham algum significado histórico e cultural está
escasso e, além disso, a “jóia artesanal [...] é uma opção que agrada clientes que
apreciam o trabalho criativo do artesão. Mas enfrentamos no mercado a
concorrência com jóias industrializadas, peças lindíssimas que partiram de um
processo artesanal. Isso dificulta a venda de peças artesanais por um valor justo de
mão de obra.” (PEIXE, 2009).
A partir disso, a justificativa para a escolha do tema tem como base o conceito
da coleção, que é passar para as jóias a simbologia e a cultura inseridas no tema.
Para tal, serão pesquisadas a história, símbolos e a mitologia da deusa egípcia Ísis.
Além disso, para a inserção no mercado nacional de jóias, será apresentado um
novo conceito e o resgate das técnicas da ourivesaria utilizadas no antigo Egito,
para agregar valor e ser um diferencial nas jóias.
2. METODOLOGIA
A metodologia usada para o desenvolvimento deste projeto é uma adaptação
do MD3E – Método de Desdobramento em 3 Etapas, de Flávio Anthero dos Santos
(2000). De acordo com Santos (2000), a metodologia MD3E facilita o processo de
design, pois é uma forma aberta de trabalho e proporciona maior flexibilidade e
adaptabilidade ao projeto.
O MD3E se divide em três etapas básicas, que por sua vez se desdobram em
mais três, descritas a seguir:
Figura 01 – MD3E Fonte: Adaptado de SANTOS (2000)
De acordo com esta metodologia, na pré-concepção são definidas as
oportunidades que o projeto proporciona, bem como as etapas do projeto a serem
seguidas e também é realizada toda a pesquisa bibliográfica (temática, público alvo
e mercado).
Na concepção, com o apoio das ferramentas de projeto e das técnicas de
criatividade, é feita a geração de alternativas, depois a seleção das alternativas que
irão compor a coleção e por último é feita a justificativa das alternativas
selecionadas.
Na pós-concepção, é realizada a confecção dos modelos, a especificação das
etapas de produção, e também são realizadas as etapas de marketing e venda dos
produtos.
Para a realização do projeto em todas as suas etapas são usados, como
ferramentas de projeto, painéis semânticos especificando a temática, o público alvo
e o conceito da coleção. O uso dos painéis semânticos auxilia na compreensão
destes três aspectos do projeto, pois apresenta elementos visuais e características
de cada um deles.
Além dos painéis semânticos, outra ferramenta utilizada são os 4 P´s, que são
as quatro áreas básicas associadas ao marketing e que constituem um conjunto de
ferramentas usadas para atingir o mercado alvo. Os 4 P´s dividem-se em: produtos,
onde ocorre uma pesquisa dos aspectos dos produtos oferecidos pelos concorrentes
(qual o mix de produtos à venda; quais as tecnologias de produção); promoção, que
é a verificação dos elementos visuais característicos dos concorrentes e o que eles
prezam mais em suas promoções (design, preço); preço, onde realiza-se uma
pesquisa da política de preços dos concorrentes, bem como os custos de produção;
e a praça, onde ocorre a pesquisa da praça onde os concorrentes distribuem seus
produtos para venda e se existe possibilidade de distribuição dos produtos em novos
mercados.
Como técnica de criatividade, o MESCRAI é utilizado para auxiliar na geração
de alternativas. MESCRAI significa “Modifique, Elimine, Substitua, Combine,
Rearranje, Adapte, Inverta” e funciona como uma lista de verificação para estimular
modificações no produto. Segundo Baxter (1998, p. 80) “a lista de verificação é útil
para lembrar-se de outras alternativas possíveis, que podem solucionar o problema”.
3. HISTÓRIA E AMBIENTAÇÃO TEMÁTICA
Depois de definidas todas as etapas do projeto, são realizadas as pesquisas
bibliográficas, sobre a história da joalheria e temática de inspiração, para serem
colocadas em prática no decorrer do projeto. As pesquisas realizadas através de
livros, artigos e material disponibilizado na internet estão dispostas a seguir.
3.1 Joalheria Egípcia
Segundo o artigo “A história da jóia é tão antiga quanto a vida humana”
disponível no site Portal das Jóias (www.portaldasjoias.com.br/historia_da_joia.htm),
o território do Egito Antigo se estendia às margens do Rio Nilo, onde as terras eram
férteis e onde vivia a maior parte da população. Além das terras férteis, o Egito
possuía um solo rico em minério, onde ouro, cobre e algumas gemas eram retiradas
do próprio solo.
Em relação à religião, os egípcios eram politeístas e adoravam inúmeros
deuses. Os egípcios também acreditavam que alguns símbolos poderiam trazer boa
sorte e proteção; os símbolos, por muitas vezes eram relacionados a certos deuses
e podiam invocar seus poderes. Estes símbolos eram representados em jóias para
adornar e proteger que as usasse.
Alguns dos símbolos egípcios mais conhecidos são o pilar (djed), que
representava a estabilidade e o renascimento após a morte, o olho (wedjat), que
representava o olho de Hórus e era usado para proteger as múmias e afastar o mal,
e o cinto de Ísis (tyet), que invocava o poder protetor da deusa.
Os símbolos como serpentes e escorpiões eram usados para afugentar os
espíritos malignos. O escaravelho era o símbolo mais conhecido e utilizado pelos
egípcios, e era inciso nas jóias com vários tipos de pedras; o escaravelho simboliza
a imortalidade.
Figura 02 – Símbolos Egípcios Fonte: www.portaldasjoias.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=323&Itemid=30
Ainda segundo esse artigo, os significados dos símbolos eram transmitidos
não apenas pelos aspectos formais, os aspectos cromáticos também eram muito
importantes. O azul escuro representava o céu da noite, o verde representava o
nascimento e o vermelho representava o sangue da vida. Às gemas também eram
atribuídos poderes curativos: a ágata, por exemplo, protegia contra picada de
aranha; o lápis-lazúli contra ataque de cobra.
Para o feitio de suas jóias, os egípcios conheciam muitas técnicas de trabalho
em metal, como a marchetaria, a incisão, a esmaltação e o relevo. Na elaboração
das jóias, eram usadas várias pedras, como a coralina, o lápis-lazúli e as turquesas.
Além das gemas, outra forma de colocar cor nas jóias foi a descoberta de um
esmalte vitrificado que chega aos tons próximos das gemas. O metal mais utilizado
pelos egípcios na fabricação das jóias era o ouro amarelo.
Na dinastia egípcia eram usados vários tipos de jóias: colares, diademas,
coroas, peitorais. Os peitorais eram os mais surpreendentes ornamentos egípcios,
que são bons exemplos do excelente trabalho artesanal da época. A coleção de
Tutankhamon é um exemplo da esplendida e quase completa coleção de símbolos
da mitologia egípcia.
Figura 03 – Jóias de Tutankhamon Fonte: www.starnews2001.com.br/egyptphotogallery.htm;
www.portaldasjoias.com.br/outubro_02/historia_joias/historia_da_joia_outubro.htm
A joalheria egípcia foi mais que decorativa, tinha um cunho religioso, uma
forma de pedir proteção aos deuses. A partir disso, para o desenvolvimento da
coleção de jóias culturais, foi escolhida a deusa Ísis, a deusa mais cultuada do Egito,
como temática de inspiração.
3.2 Temática de Inspiração
A história de Ísis começa com a concepção dela e de seus irmãos no ventre
de Nut, a grande deusa celeste. Nut era a aurora e o anoitecer, o corpo do céu, e
junto com seu irmão e amante Geb, teve um par de filhos. Um ela chamou de Rá, a
criança dourada, e o outro chamou de Toth, o orbe prateado da lua. Pouco tempo
depois, Nut ficou grávida novamente, e Rá, com ciúmes da mãe, planejou para que
seus pais se separassem e para que seus irmãos não nascessem, pois ele era o
primogênito e herdeiro absoluto. Rá, então, decretou que nenhuma criança nasceria
no ano dele: “Eu inventei a noite e o dia... Eu determinei a duração dos anos e dos
meses; decreto que nenhuma criança nascerá em qualquer dia do meu ano [...]”
(HOUSTON, 1997, p. 46).
Os irmãos e irmãs de Rá eram ao todo quatro: Osíris, Ísis, Néftis e Set.
Houston (1997, p. 47) descreve os irmãos e irmãs de Rá exaltando que
lá estava Osíris, irmão, filho, pai, marido, vigilante na escuridão. Lá estava Ísis, mulher, esposa, viúva, dançarina, a deusa do desejo, mãe de um deus [...] Lá estava Néftis, a senhora da casa, soberana das sombras, Lá estava Set, guerreiro e rebelde.
Passaram-se as eras e irmão casou com irmã: Set e Néftis; Osíris, um
homem bonito de pele escura e Ísis, sua passional irmã de cabelos negros e olhos
azuis. Da união de Ísis e Osíris nasceu Hórus, que foi concebido ainda dentro do
ventre de Nut, e que nasceu como o primeiro deus-homem, e por isso recebeu da
Grande-Mãe os olhos mais lindos (simbologia do Olho de Hórus).
Por ciúmes, Osíris foi assassinado por Set, por sua traição com Néftis, a
quem engravidou e nasceu Anúbis. Depois de matar o irmão, Set colocou o corpo
num caixão e o jogou no Rio Nilo. Sabendo do ocorrido, Ísis começou a caminhar
por todo o Egito à procura do seu amado. Ísis conseguiu encontrar o caixão de
Osíris numa praia na região de Biblos, na antiga Fenícia, e depois disso levou o
corpo do marido de volta ao Egito. Set, por sua vez, ainda com a ganância de
destruir o irmão, roubou o cadáver, o cortou em diversos pedaços e os jogou no Rio
Nilo, onde as partes se disseminaram e foram parar em lugares diferentes.
Ísis, agora com a ajuda da irmã Néftis e de Anúbis, percorreu novamente todo
o Egito à procura das partes do corpo de Osíris, sendo que encontrou quase todas
as partes. Sobre a peregrinação de Ísis em busca das partes de Osíris, Bakos (1994,
p. 42) descreve
Ísis, através de uma penosa peregrinação durante a qual teve que vencer muitos percalços, conseguiu reunir os pedaços do corpo de Osíris, juntá-los e embalsamá-los, realizando, juntamente com os deuses Anúbis, Toth e Néftis, a primeira mumificação da história egípcia [...]
Por todo o seu amor e dedicação ao seu marido e irmão, além de sua
adoração pela maternidade, é que a deusa Ísis é uma das mais adoradas deusas do
Egito. Ela é considerada a Rainha do Céu e da Terra, deusa da agricultura e
também a deusa-vaca, que encarnava a maternidade. O Egito é muito devoto de sua
Ísis, e sua adoração não é só como mulher, alegria, felicidade e bondade, mas tudo
o que era bom se resumia em Ísis. A deusa Ísis mostra-se dedicada e compassiva,
protetora das crianças e esposa fiel, mesmo depois da morte do marido. O Rio Nilo,
a desejada água e as terras férteis são igualmente atribuídas a ela.
Segundo a mitologia, depois da morte de Osíris, Ísis vai morar na Lua, daí
vindo a crença de que as chuvas, que caem por influência lunar, são na verdade o
pranto de Ísis por seu irmão e amante. Michelet (1798-1894, p. 87) descreve Ísis
como
rainha da alma, o gênio bom da África, sem mistério, imperava como mulher, ingenuamente adornada com seus belos seios, com todos os atributos da fecundação. No seu cetro brilhava o lótus, o pistilo da flor do amor. Na sua cabeça, à guisa da diadema, ostentava a ave ávida, o abutre [...] O abutre, símbolo da morte, medianeira que impõe o amor, a maternal renovação.
Por muitas vezes, a deusa Ísis é representada na forma de um falcão, cujo
vôo restitui o sopro da vida, oferecendo a ressurreição àqueles que morrem. É
também representada na forma de uma vaca, devido às suas qualidades maternais.
O auge do culto à deusa Ísis deu-se no período de 664 a 332 a.C, onde seu
culto proliferou por todo o Mediterrâneo e foi quando sua imagem se fundiu com
Háthor (deusa do amor).
A imagem de Ísis é onipresente em todo o Egito, porém existem três locais
onde sua magia é mais reverenciada:
- Behbeit El-Hagar, no Delta, onde um grande templo foi erguido em sua
homenagem;
- Dendera, no alto Egito, que é reconhecido como o local de seu nascimento;
- Templo de Philae, na Ilha Agilika, é constituído de várias capelas e
santuários e em um dos mais bem preservados relevos no interior do templo, há
uma cena em que Ísis amamenta seu filho Hórus, sentado em seu colo, uma cena
muito semelhante às pinturas da Virgem Maria alimentando o menino Jesus.
Figura 04 – Painel Semântico – Tema
Fonte: www.aurumsolis.net; www.olhosdebastet.com.br; www.br.geocities.com/edu7san/isis.html
Concluída a pesquisa, o que é resgatado para coleção de jóias, são os
simbolismos inseridos no tema, bem como a história da deusa Ísis, através de
formas, cores e gemas. Após essa pesquisa, são apresentadas as pesquisas sobre
estado do design, tendências em jóias e concorrentes.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS PESQUISAS
Neste capítulo, são apresentadas duas pesquisas distintas: pesquisa de
mercado, que através do estado do design, tendências e concorrentes, ajuda a
verificar o que já existe no mercado de jóias para, posteriormente, inovar no
desenvolvimento da coleção; e pesquisa de campo, onde são aplicadas entrevistas
para conhecer melhor os gostos do público alvo.
4.1 Pesquisa de Mercado
Como pesquisa de mercado, são verificados o estado do design relacionado
às jóias, as tendências para jóias Primavera Verão 2009/2010 e também os
possíveis concorrentes em relação à coleção a ser desenvolvida.
4.1.1 Estado do Design
Os produtos encontrados no mercado de jóias mostram um mercado muito
diversificado e abrangente. Muitas empresas apostam em inspirações étnicas, como
China, Arábia, África, Egito e Índia. O simples está em choque com o exagero; o
delicado combina com o poder da mulher ousada e moderna. Os materiais
predominantes são o ouro amarelo e o ouro branco, e as gemas aparecem em cores
mais sóbrias, como o quartzo fumê e quartzo preto. As jóias aparecem em sua
maioria em formas orgânicas e em grandes tamanhos, aderindo à tendência das
maxi jóias. Algumas empresas apostam em jóias com símbolos e relacionadas à
religião, onde o sagrado e o mundano se encontram. Monogramas e simbolismos
dialogam com os santos protetores.
A partir disso, a coleção de jóias desenvolvida, tem como característica peças
inspiradas numa personagem da mitologia egípcia, o que mostra inspiração étnica, e
terá como diferencial peças grandes, mas delicadas, e também o uso de gemas
coloridas, bem como a aplicação de técnicas da ourivesaria, como o filigrana, a
granulação e a esmaltação.
Figura 05 – Estado do Design Fonte: www.bruner.com.br; www.francescaromanadiana.com; www.cartier.com; www.vivara.com.br;
www.akelo.it/italiano
A partir da pesquisa do estado do design, onde verifica-se os produtos já
existentes no mercado, seus estilos e suas formas, são pesquisadas as tendências
em jóias Primavera Verão 2009/2010, a fim de inseri-las na coleção de jóias.
4.1.2 Tendências
As tendências em jóias para a Primavera Verão 2009/2010 passam pelo estilo
selvagem, e vão do majestoso até o excêntrico. Os formatos geométricos são as
grandes apostas, bem como os motivos exóticos e étnicos, e as cores vivas e ricas
nas pedrarias. Os acessórios estão cada vez mais ousados, contando com colares,
brincos e braceletes enormes; quanto maior, melhor.
Figura 06 – Tendências Primavera Verão 2009/2010 Fonte:www.portaisdamoda.com.br/noticiaInt~id~17805~n~tendencias:+joias+primavera+verao+2009+
2010.htm
Segundo o prewiew de tendências da Eclat de Mode, disponível no site
Portais da Moda (www.portaisdamoda.com.br), existem algumas predominâncias
para a Primavera/Verão 2009/2010. A mulher aparece elegante e sensual, como
uma deusa; ela é metade doçura, metade veneno, é forte e chic. O uso de metais,
nas suas mais variadas formas e cores é uma tendência muito forte. As gemas vêm
multicoloridas, predominando os tons de verde e azul.
Na coleção desenvolvida, o que são aproveitados das tendências Primavera
Verão 2009/2010, são os motivos étnicos, as gemas com cores vivas, com
predominância do verde e do azul, e os colares e brincos em tamanhos maiores.
4.1.3 Concorrentes
Com a escassez de jóias que valorizem a produção artesanal e os
significados históricos e culturais, há poucos concorrentes diretos para este projeto.
As grandes e tradicionais empresas de jóias não se encaixam como concorrentes,
pois além de ter outro público alvo, suas jóias são contemporâneas e
industrializadas, o que foge do foco desta coleção. A partir disto, foram pesquisados
designers de jóias, ourives e artesãos, mas só foi encontrada uma designer que se
encaixa como concorrente, a designer Márcia Mór.
Márcia Mór cria coleções para joalheria desde 1983, todas elas realizadas
através de pesquisas histórico-culturais que retratam vários momentos estéticos no
desenvolvimento da humanidade. A conceituação de cada coleção é fator
determinante na escolha de temas que irão inspirar a criação das mais variadas
jóias. Márcia Mór é brasileira, e como tal, é acostumada com a multiplicidade de
estilos e pluralidade cultural. Assim, em cada criação, ela busca destacar esse
convívio harmonioso entre estéticas tão diversas. Através de pesquisas sobre
tendências, as jóias de Márcia Mór exercem uma dupla função de estarem, ao
mesmo tempo, expressando seu tempo e contando histórias de outros tempos.
O trabalho da designer resgata a história do Brasil e do mundo. Suas jóias
não são simples adornos, são objetos impregnados de simbolismos e passam
diversas mensagens, por isso são designados como jóias que contam histórias.
Suas jóias misturam os elementos nobres da joalheria a materiais exóticos, como
penugem de pássaros e sementes raras. Márcia Mór abusa de pedrarias, brilhantes,
topázios, turmalinas, pérolas, esmeraldas, rubis e safiras, e os materiais mais
usados para a confecção de suas jóias são o ouro e a prata. A técnica mais utilizada
na confecção de suas peças é a filigrana, o que confere um alto grau de perfeição às
jóias. Suas jóias são encontradas em grandes joalherias e também no site da artista,
onde são expostas algumas de suas peças, bem como a história de cada coleção.
Como pontos fortes da concorrente, encontram-se o design, que é
diferenciado e exclusivo, e a simbologia e a história que ela passa em suas jóias. Os
pontos fracos identificados são a falta de informação dos produtos no site (preço,
locais de venda) e a falta de divulgação em meios de comunicação de maior
circulação. A partir disso, a coleção desenvolvida visa superar os pontos fortes da
concorrente e se sobressair em relação à publicidade e informação dos produtos.
Figura 07 – Jóias Márcia Mór Fonte: www.marciamor.com.br
Depois de realizadas as pesquisas sobre o mercado (estado do design,
tendências e concorrentes), é realizada a pesquisa descritiva, que visa a descrição
do público que se quer atingir, bem como seus gostos, preferências e costumes.
Essas informações são levantadas através de entrevistas (levantamento de dados).
4.2 Pesquisa de Campo
O público alvo é composto de mulheres elegantes, com personalidade, que
consomem jóias e gostam de peças exclusivas. Para a concretização da pesquisa
de campo, foram aplicadas, no mês de maio de 2009, entrevistas padronizadas e
estruturadas compostas de 5 questões, onde foram entrevistadas 17 mulheres de 25
a 60 anos, na cidade de Balneário Camboriú, sendo profissionais ligadas à arte,
cultura, história e moda. A maioria das mulheres entrevistadas respondeu que
quando compram jóias, os brincos são os preferidos, seguidos de anéis. Em relação
aos aspectos culturais e históricos das jóias, há muito interesse por parte das
entrevistadas em saber sobre esses aspectos quando compram uma jóia.
Metade das entrevistadas preza pelas peças feitas de forma artesanal, e na
hora da compra usam este fator como diferencial no mercado. A usabilidade e a
ergonomia das peças são muito importantes para essas mulheres, sendo que o item
mais citado é o peso das peças. As entrevistadas costumam usar jóias mais simples
e discretas no dia a dia e jóias mais elaboradas e mais caras em ocasiões especiais.
Figura 08 – Painel Semântico – Público Alvo Fonte: www.gettyimages.com; www.fotosearch.com.br
Após as entrevistas com o público alvo, onde foram conhecidos seus
costumes, preferências e relação com as jóias, é possível definir o conceito da
coleção, que também deve se adequar ao tema e ao mercado.
4.3 Conceituação
A partir das pesquisas de tema, mercado e público, é possível fazer a
conceituação da coleção de jóias, e para tal, é aplicado um conjunto de requisitos
para chegar ao conceito da coleção a partir de quatro elementos básicos, conforme
figura abaixo.
Figura 09 – Requisitos Para Conceituação Fonte: Adaptado de SLACK et. al. (1997, p. 152)
A partir deste princípio, definem-se os quatro elementos para a conceituação
da coleção. A forma define as características físicas do produto, que neste caso
representarão um pouco da história do Egito, através das técnicas da ourivesaria
que serão utilizadas em todas as peças. Com relação a isso, as peças terão um
aspecto antigo, através do envelhecimento dos materiais, o ouro amarelo e o ouro
branco, para remeter às jóias antigas do Egito. Além disso, as jóias serão exclusivas
e elegantes. Todas as gemas usadas na coleção apresentam um simbolismo, uma
forma de proteção para quem as usa, remetendo diretamente às jóias do antigo
Egito e também à temática. Os aspectos cromáticos utilizadas na coleção também
são ligados às jóias do antigo Egito, pois as cores também tinham significados. As
formas utilizadas na coleção são na sua maioria orgânicas, para dar leveza e fluidez
às peças, para ficar agradável a quem vê e usa. Além disso, a maioria das peças
são simétricas, o que também agrada quem as observa.
Depois da forma, define-se o propósito da coleção, que aqui apresenta-se
como a oportunidade de desenvolver uma coleção de jóias com um diferencial no
mercado, que são as técnicas da ourivesaria utilizadas nas peças (filigrana,
granulação e esmaltação). Além disso, ainda em relação com estas técnicas, é
possível resgatar a produção artesanal, o que também agrega valor às jóias
desenvolvidas. Com isso, as consumidoras terão como benefício um design
exclusivo, peças artesanais feitas com materiais nobres (ouro amarelo e ouro
branco) e terão toda uma história por trás das jóias.
Por último, as peças têm como função física a função de adorno, mas tem
também a suprafuncionalidade, que é o desejo de se ter a peça, o desejo de
consumo, que ultrapassa qualquer função que a peça possa ter, apenas pela
necessidade de possuir a jóia.
Figura 10 – Painel Semântico – Conceito Fonte: www.gettyimages.com
Concluída esta etapa de pesquisas bibliográficas, parte-se para a geração de
alternativas, que tem base em todas as pesquisas realizadas e em todas as
referências visuais relacionadas com o tema, o conceito, o estado do design e as
tendências.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta parte do projeto, foram feitas todas as pesquisas para a iniciação do
projeto. Foi pesquisado o tema, a deusa egípcia Ísis, através de material
disponibilizado na internet, e também em livros e artigos, a fim de identificar seus
pontos a serem inseridos na coleção de jóias.
Além disso, foram feitas entrevistas com mulheres que se encaixam no
público alvo, para saber sobre suas preferências em relação às jóias. Também
foram analisados os concorrentes e o mercado, através de pesquisas, para
conhecer os produtos já existentes e, a partir disso, fazer uma coleção de jóias com
um diferencial para conquistar o mercado.
Depois de realizadas as pesquisas, foi feito um resgate das técnicas da
ourivesaria utilizadas no antigo Egito, como a filigrana, a granulação e a esmaltação,
para serem usadas na coleção como diferencial de mercado e para resgatar também
a produção artesanal das jóias. A partir disso, foi desenvolvida uma coleção de jóias
com quinze peças, que apresenta coerência com o tema, o conceito e o público que
se quer atingir, sendo que três peças foram confeccionadas.
Após a realização de todas estas etapas, concluiu-se o objetivo geral deste
projeto, que é desenvolver uma coleção de jóias femininas, inspirada na deusa
egípcia Ísis, a fim de atingir o mercado nacional de jóias.
REFERÊNCIAS
BAKOS, Margaret Marchiori. Fatos e Mitos do Antigo Egito. Porto Alegre: Edipucrs, 1994.
BAXTER, Mike. Projeto de Produto: guia prático para o desenvolvimento de novos
produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 1998.
FILHO, Antônio Nunes Barbosa. Projeto e Desenvolvimento de Produtos. São Paulo: Atlas,
2009.
HOUSTON, Jean. A Paixão de Ísis e Osíris: a união de duas almas. Tradutor: Mauro Silva.
São Paulo: Mandarim, 1997.
MICHELET, Jules. A Bíblia da Humanidade: mitologias da Índia, Pérsia, Grécia e Egito.
Tradutor: Romualdo J. Sister. Rio de Janeiro: Ediouro, [18-?].
SANTOS, Flávio Anthero dos. O Design como Diferencial Competitivo. Itajaí: Univali,
2000.
SLACK, Nigel. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1997.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. Pró-Reitoria de Ensino. Elaboração de trabalhos
acadêmicos-científicos. Itajaí: Universidade do Vale do Itajaí, 2006.
CORDEIRO, Manuela Casari. Brincos Grandes: tendência forte para o verão 2010.
Disponível em:
<www.portaisdamoda.com.br/noticiaInt~id~17952~n~brincos+grandes%3A+tendencia+forte
+para+o+verao+2010.htm>. Acesso em: 18 de março de 2009.
CORDEIRO, Manuela Casari. Jóias e bijuterias primavera/verão 2009/2010. Disponível
em:
<www.portaisdamoda.com.br/noticiaInt~id~18171~n~joias+e+bijuterias+primavera+verao+2
009+2010.htm>. Acesso em: 18 de março de 2009.
DORNELLES, Celso. A história da jóia é tão antiga quanto a vida humana. Disponível
em: < www.portaldasjoias.com.br/historia_da_joia.htm>. Acesso em: 24 de março de 2009.
FREITAS, Verônica. Ísis. Disponível em:
<www.maconaria.net/portal/index.php?view=article&catid=2%3Amitologia-
egipcia&id=150%3Aisis&option=com_content&Itemid=3>. Acesso em: 10 de março de
2009.
GIRAFAMANIA. Mitologia Egípcia. Disponível em:
<www.girafamania.com.br/africano/materia_agitomitologia.html>. Acesso em: 10 de março
de 2009.
MOTTA, Biane. História da Joalheria. Disponível em:
<www.portaldasjoias.com.br/index.php?option=com_conten&task=view&id=323<emid=30
>. Acesso em: 24 de março de 2009.
OBNISKI, Luciana. Tudo velho de novo. Disponível em:
<www.folha.uol.com.br/folha/especial/2005/moda16/mo1612200505.shtml>. Acesso em: 12
de abril de 2009.
PEDROSO, Ana Paula. Sorte: projeto de mobiliário para sala de jantar baseado em
conceitos de design sustentável utilizando a fibra de côco. Disponível em:
<www.ensus.com.br/2poster/sorte.pdf>. Acesso em: 09 de abril de 2009.
PEIXE, Patrícia. Ouro e prata em jóias artesanais. Disponível em: <www.joiabr.com.br>.
Acesso em 12 de abril de 2009.